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RESUMO
INTRODUÇÃO
2 CONTEXTUALIZANDO O DESENHO
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Gobbi (2010) afirma que o desenho deve ser algo espontâneo e criativo,
pois no momento em que a criança desenha ela libera seus sentimentos e emoções;
quando a criança desenha, mesmo que não tenha companhia ela cria, conta
histórias, diverte-se com os seus traçados.
A criança desenha, entre outras tantas coisas, para divertir-se. Um jogo que
não exige companheiros, onde a criança é dona de suas próprias regras.
Nesse jogo solitário, ela vai aprender a estar só, „aprender a só ser‟. O
desenho é o palco de suas encenações, a construção de seu universo
particular (DERDYK, 1989, p. 50).
Em qualquer lugar que esteja a criança cria maneiras para desenhar, seja
por meio de folhas já usadas cujo verso ela aproveita, seja no chão para desenhar,
por exemplo, uma amarelinha, com um carvão ou até mesmo com pedras
encontradas; conforme afirma Santos e Silveira (2016, p. 167) “É brincando e
fantasiando, que nessa forma a criança deixa seu rastro por onde anda, sua
expressão, sua marca, e assim vai gradativamente construindo sua história”, a
criança está constantemente desenhando e se expressando, pois sente a
necessidade de mostrar para todos quem ela é, assim como constrói a sua história.
Na perspectiva de Iavelberg (2006, p. 37), "o desenho é um jogo ao qual a
criança se entrega, jogo tranquilo, que pode-se exercer sozinha, manter ou
abandonar"; é um jogo que não precisa de companhia, é ela quem determina as
regras, que pode parar e continuar quando tiver interesse.
[...] nas brechas deixadas entre uma e outra proposta didática ou no tempo
livre, que poderia ser destinado tão somente á espera da próxima atividade,
até que todos os demais colegas da turma terminem o que estavam
fazendo, até que chegue a hora do lanche etc. (AUGUSTO, 2014, p.37).
apenas desenha porque não tem nada para fazer, tomando para si que o desenho
só pode ser utilizado após terminar as atividades ou que o/a professor/a não
considera os seus traçados, ou seja, tanto faz se ela deseja desenhar ou não, afinal
não tem significado nenhum fazer aquilo.
Conforme Iavelberg (2013), tentar compreender o que foi desenhado é o
maior erro, porque a criança imagina enquanto desenha, brinca com os traços e
pode mudar os personagens quando quiser afinal ela é a dona do seu desenho.
Essa atividade deve fazer parte do planejamento, para que não seja somente mais
uma atividade sem significado algum.
O olhar compreensivo apontado por Augusto (2014, p.24) não diz respeito
a recolher o desenho do aluno e dizer "nossa que bonito que ficou seu desenho",
mas, de fato, observar aquele desenho e ver o quanto a criança desenvolveu em
suas produções, fazer uma análise dos anteriores com o atual e instigar a criança a
criar mais nas suas produções com novos desafios.
Os desenhos que as crianças produzem são apenas um ponto de partida
para o próximo que será feito; o/a professor/a pode observar o quanto o aluno
evoluiu, fazendo uma comparação com o desenho anterior, não no sentido de
diminuir o desenho, mas de mostrar ao aluno que ele pode fazer cada vez melhor.
Augusto (2014) afirma que criança espera um feedback por parte do/a
professor/a, ou seja, a criança espera um interesse, não somente uma resposta de
que o seu desenho ficou bonito. Outra questão a ser observada é que a expressão
do/a educador/a, ao recolher um desenho, precisa ser sincera e, para isso, é
necessário que ele/a tenha uma relação honesta e interessada para acompanhar
todo o processo, observando as características das crianças, auxiliando-as nas suas
dificuldades em desenhar, incentivando-as cada vez mais.
5 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS
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Nomenclatura utilizada pela Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande-MS, para referir-se ao grupo
das crianças que possuem idade de 3 a 4 anos.
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Nomenclatura utilizada pela Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande-MS, para referir-se ao
grupo das crianças que possuem a idade de 4 a 5 anos.
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para que as crianças recontem a história por meio do desenho. Nesse sentido,
Iavelberg (2013, p. 76) considera que “não é necessário, sempre que realizarmos
atividades de leitura de imagens, propor aulas práticas”, ou seja, visando a que as
crianças fixem, por exemplo, a história de uma forma melhor; o desenho não tem
essa função, mas sim deve ser algo livre e expressivo.
A professora B relata que leva as crianças para outro ambiente. Ainda
que seja o ambiente externo do próprio CEINF, ambientes diversificados, fora da
sala de aula, podem ampliar o repertório das crianças, fazendo com que sejam mais
observadores em relação ao que está ao seu redor.
Segundo Lowenfeld (apud SANS, 2009, p. 38), “tudo que pudermos fazer
para estimular a criança no uso sensível dos seus olhos, ouvidos, dedos e do corpo
inteiro servirá para enriquecer sua reserva de experiências e ajudará em sua
expressão artística”. Dessa forma, cabe ao/à professor/a promover novas
experiências sensoriais, visuais, novos ambientes que vão, sem dúvida, ampliar o
repertório, a sensibilidade, a criatividade das crianças.
A terceira pergunta feita foi em relação aos materiais que são utilizados
para que as crianças possam desenhar, para a qual obtiveram-se as seguintes
respostas:
transmitir alguma mensagem”. Desse modo, a criança ao desenhar nem sempre terá
a intenção de transmitir algo, desenha para se divertir e não para que o seu desenho
seja avaliado.
Para finalizar, perguntou-se como o desenho é avaliado pelas professoras
que responderam:
É importante considerar que cada criança tem o seu tempo; por mais que
pertença à mesma turma e tenha a mesma idade que os outros alunos, cada uma
tem a sua especificidade, que deve ser trabalhada pouco a pouco. Iavelberg (2016,
p. 73) afirma que “o aluno precisa ser incentivado a desenhar reconhecendo que,
muitas vezes, não é fácil, que desenhar requer dedicação, constância, informações
e orientação do professor”. Cabe ao/à professor/a ter um olhar atento e proporcionar
novas experiências para o desenvolvimento da criança, em lugar de rotulá-la como
desinteressada ou como bom/boa aluno/a, mas considerar as suas especificidades e
capacidades.
Durante a observação, a professora A seguiu uma rotina que foi pré-
estabelecida no início do ano letivo, em que organizava atividades de desenho todos
os dias, em horários variados. Havia uma aula específica, um planejamento a ser
seguido, com começo, meio e fim. Iniciava com a contação de história, logo em
seguida a produção do desenho, a representação da Boneca de Lata na imaginação
de cada criança e, por fim, a confecção da boneca de lata pelos próprios alunos.
Contudo, o que se observou, foi o uso do desenho para representação de
uma história contada pela professora e que, durante o momento em que as crianças
desenhavam, a professora não estava acompanhando o processo, mas recortava
materiais para a próxima atividade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Após a análise dos dados, assim como a revisão literária, acredita-se que
os objetivos foram alcançados, tendo em vista que foi possível compreender a
concepção do desenho como linguagem expressiva; conseguiu-se, também, no
curto período em que se esteve em sala de aula, verificar o uso desse recurso e
como se deu o processo de intervenção pelas professoras durante a produção das
crianças. Contudo, pelo pouco tempo que se esteve na sala de aula, não se
conseguiu, de forma efetiva, observar como as crianças se expressam por meio do
desenho, apenas que, ao desenhar, elas conversam entre si, brincam com seus
próprios desenhos e que, ao olharem o desenho do colega, ficam mais críticas,
dando palpites no desenho dos parceiros.
Verificou-se que as professoras faziam um planejamento para que o
desenho fosse realizado em sala de aula, contudo, de modo que a criatividade não
era estimulada, já que havia uma preocupação muito grande com o pouco tempo
que as professoras tinham para desenvolver as atividades.
Na creche II, por se tratar de uma turma cuja faixa etária é menor, o
desenho, por mais que faça parte do cotidiano, como a professora A relata, foi pouco
explorado; não havia materiais diversificados, não houve envolvimento entre a
professora e as crianças, por isso, ousa-se afirmar que a professora deveria
aproveitar esse momento em que as crianças estão desenhando para promover
novas possibilidades, o que não se verificou, também, em relação à professora B,
que também estava preocupada em recortar os materiais para a próxima atividade.
Constatou-se, por meio dos estudos teóricos, que o desenho é uma
linguagem expressiva, mas que os professores em sala de aula visam, muitas vezes,
o seu uso para auxiliar na coordenação motora, por mais que levem para outros
ambientes, como a professora B, que leva as crianças para a parte externa do Ceinf,
o processo expressivo das crianças vem sendo deixado de lado, dando uma
“liberdade” para as crianças desenharem em que as próprias professoras
determinam o que deve ser desenhado, principalmente quando o uso do desenho é
após a leitura de algum livro para as crianças fixarem “de uma forma melhor” a
leitura realizada.
Sendo assim, o desenho é uma forma de expressão que as crianças
utilizam para se expressar, assim como os gestos e a fala e que ao professor/a não
cabe tentar decifrar o que foi desenhado, mas sim promover meios para que as
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REFERÊNCIAS
AUGUSTO. Silvana de Oliveira. Ver depois de olhar: a formação do olhar dos
professores para os desenhos de crianças. São Paulo: Cortez, 2014. (Coleção
docência em formação/ coordenação Selma Garrido Pimenta. Série Educação
Infantil).