O movimento estudantil teve um papel marcante durante a história
recente de nosso país, promovendo várias em manifestações, protestos e
reivindicações contra a Ditadura Militar instaurada desde 1964, atuando principalmente na luta pela redemocratização.
Com o advento do regime democrático, a formação de coletivos
estudantis nas escolas e universidades continua a ser uma importante manifestação do poder de auto-organização e mobilização dos jovens na busca de exercer seu protagonismo na construção de uma sociedade mais justa e democrática.
Esses coletivos tem um valor inestimável para a sociedade em geral,
assim como para as comunidade e instituições de ensino, os quais estão inseridos. Pois atuam nesses espaços promovendo valores democráticos de igualdade e respeito a direitos sociais historicamente conquistados pelas minorias. Assim como demandam debates e discussões acerca de temas que muitas vezes são silenciados nos espaços escolares, como desigualdade social, preconceito, racismo, diversidade de gênero e feminismo.
É nesse contexto, que se inserem a Escola Estadual de Educação
Profissional Professor José Augusto Torres, em Senador Pompeu, Ceará. E a Escola Estadual Sebastião Pereira Machado, em Piranguinho, Minas Gerais. Os quais, através da articulação e mobilização de seus coletivos estudantis conseguem de forma exemplar ultrapassar os muros da escola e promover a difusão e fortalecimento de valores democráticos em suas práticas educativas.
Nesse sentido, o presente texto pretende analisar as ações voltadas em
desenvolver a educação para a democracia realizadas nessas escolas através do modelo dos 3C’s, compromisso, capacidades e conexão, teorizado por Joseph Kahne e Joel Westheimer.
Na escola cearense José Augusto Torres, a partir da percepção de que
existia discriminação as características afrodescendentes principalmente aos cabelos crespos e uma desvalorização da mulher negra na sociedade, depois de um Semana Escolar sobre a Consciência Negra, surge de forma espontânea um coletivo de alunas, chamado Crespinianas. O qual, objetiva combater o preconceito, aumentar da representatividade e o empoderamento das mulheres. Para ampliar seus conhecimentos e habilidades as mesmas contaram com a ajuda de um professor, realizaram pesquisas sobre o tema e realizaram entrevistas visando comprovar suas hipóteses. As educandas atuam de forma coletiva, realizando atividades durante a hora do almoço na escola, realizam rodas de diálogos sobre estética, beleza e preconceito racial. Além de realizarem palestras presencias, as Crespinianas usam grupos no WhatsApp, página do Facebook e canal do Youtube para passar divulgar suas ideias. Como também, divulgam suas pesquisas em feiras cientificas.
No caso da escola mineira Sebastião Pereira Machado, os coletivos
surgiram após uma ação da escola que provocou e convidou os estudantes a se comprometerem através de cartazes os quais perguntavam o que os fariam se mobilizar. Atendendo a esse chamado os educandos passaram a se organizar a partir de temas selecionados por eles próprios, que os instigavam a articular ações coletivas em prol de intervir na realidade. Esses jovens passaram a trabalhar em grupo, desenvolveram a capacidade de pensar, argumentar e expressar suas opiniões. Além de mobilizar esforços coletivamente na promoção de ações como protestos e campanhas que ganharam as ruas do município.
Logo, podemos concluir que essas escolas conseguiram oportunizar
através das ações promovidas por esses coletivos, o desenvolvimento do compromisso, das capacidades e das conexões entre os estudantes e a comunidade escolar na efetivação da educação para a democracia. Assim como atuando na difusão dos valores democráticos.