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grupo II

Leucemia mieloide crónica


A leucemia mieloide crónica é uma doença oncológica que afeta pessoas de qualquer idade e sexo, mas é
rara em crianças menores de 10 anos. Caracteriza-se por modificações na produção de granulócitos (um tipo
de leucócitos), só se observando formas imaturas na medula óssea. É um cancro muito agressivo e com
elevada taxa de mortalidade.
Os granulócitos leucémicos tendem a eliminar as células normais da medula óssea, formando muitas vezes
grandes quantidades de tecido fibroso. Nas fases iniciais, a leucemia mieloide crónica pode ser
assintomática. Contudo, algumas pessoas ficam fatigadas e enfraquecidas, perdem o apetite, perdem peso,
sofrem de febre ou suores noturnos.
O diagnóstico da leucemia mieloide crónica é efetuado com uma análise sanguínea. Esta pode revelar uma
quantidade anormalmente elevada de glóbulos brancos, entre 50 000 e 1 000 000 por microlitro (a
quantidade normal é menos de 11 000). Nas amostras de sangue examinadas ao microscópio, os glóbulos
brancos imaturos observam-se em vários estádios de maturação, quando não deveriam existir, uma vez que
normalmente só estão presentes na medula óssea.
Em 95% dos casos, a leucemia mieloide crónica resulta de uma translocação entre os cromossomas 9 e 22
(fig. 3) aquando da divisão das células precursoras dos leucócitos. A confirmação da mutação pode passar
por uma análise dos cromossomas para detetar os novos rearranjos. Deste processo resulta a fusão do gene
BCR do cromossoma 22 com o gene ABL do cromossoma 9. O gene BCR-ABL codifica uma tirosina cinase,
enzima que está sempre ativa e que estimula a divisão celular descontrolada.

Fig. 3

Existem diversos fármacos que inibem a atividade da tirosina cinase e que podem ser usados no tratamento
da leucemia mieloide crónica, tais como o inibidor imatinib. Contudo, a existência de mutações pontuais no
gene BCR-ABL pode afetar a eficácia do tratamento, tal como foi demonstrado por Roche-Lestienne e a sua
equipa, em 2002.
Usando a enzima de restrição Dde I, os investigadores detetaram a presença de mutações pontuais e
relacionaram-nas com a resistência ao inibidor imatinib. A substituição da treonina pela ilenina na posição
315 origina a perda de um local de restrição da enzima Dde I.
A análise foi efetuada num fragmento de cDNA do gene BCR-ABL previamente amplificado por PCR e os
resultados estão expressos na figura 4. As setas indicam o local de restrição da enzima Dde I e o asterisco o
local de restrição ausente na forma mutada.
As letras identificam os três pacientes (A, B e C), com amostras recolhidas na fase de diagnóstico da leucemia
(A1, B1 e C1) e na fase avançada da doença, em que ocorre resistência ao inibidor imatinib (A2, B2 e C2). O
sinal (-) corresponde ao fragmento de cDNA amplificado por PCR ao qual não se adicionou a enzima Dde I e o
sinal (+) indica as amostras que foram tratadas com a enzima Dde I.

Fig. 4 – Mapa de restrição do cDNA e padrão observado num gel de agarose para a
mutação estudada por Roche-Lestienne e a sua equipa.

http://www.manuaismsd.pt/?id=183&cn=1446 (consultado em 28.12.2016, texto adaptado)

Roche-Lestienne, C. et al. (2002). Several types of mutations of the Abl gene can be found in chronic myeloid
leukemia patients resistant to STI571, and they can pre-exist to the onset of treatment. Blood 2002
100:1014-1018.

1. A leucemia resulta de mutação ____, da qual resulta um cromossoma ____ mais longo.
(A) cromossómica (…) 9
(B) cromossómica (…) 22
(C) pontual (…) 9
(D) pontual (…) 22
2. Para um indivíduo com leucemia mieloide crónica é possível afirmar que…
(A) … os genes BCR e ABL são segregados independentemente para as células-filhas formadas na medula
óssea.
(B) … não ocorre segregação independente dos genes BCR e ABL aquando da formação dos gâmetas.
(C) … a doença deve-se a uma mutação somática.
(D) … a doença origina-se devido a uma translocação reciproca.

3. Mencione o objetivo do estudo experimental mencionado no texto.


Estabelecer a relação entre uma mutação pontual no gene BCR-ABL e a resistência ao inibidor imatinib.
4. Com base nos dados da experiência de Roche-Lestienne, estabeleça a correspondência entre as
afirmações e a chave.

Afirmações
A. A enzima Dde I não reconheceu nenhum local de restrição no fragmento de cDNA analisado.
B. A enzima Dde I tem atividade máxima a 37 oC.
C. Nos indivíduos doentes que são resistentes ao inibidor, a mutação do cDNA introduziu um novo local
de restrição da Dde I.
D. Os dados permitem obter conclusões válidas.
E. O gel de agarose permitiu separar os diferentes fragmentos gerados pela restrição.
F. O fragmento de cDNA amplificado por PCR ao qual não se adicionou a enzima Dde I corresponde a
um dos controlos experimentais.
G. A experiência não inclui variáveis independentes (experimentais).
H. O protocolo usado por Roche-Lestienne e a sua equipa permitiu detetar a mutação na fase inicial da
doença em cada um dos indivíduos analisados.

Chave
I. Afirmação apoiada pelos dados.
II. Afirmação contrariada pelos dados.
III. Afirmação sem relação com os dados.

5. As expressões seguintes referem-se a etapas do protoloco experimental descrito. Coloque- -as pela
ordem correta de acontecimento.
A. Amplificação por PCR de uma sequência codificante do gene BCR-ABL, usando iniciadores
específicos.
B. Uso da transcriptase reversa.
C. Extração do mRNA a partir de células cancerígenas.
D. Observação do resultado da restrição num gel de agarose.
E. Reação com a enzima de restrição.
C–B–A–E–D

6. Os filamentos de DNA associados a histonas constituem a ____ quando se encontra difusa. O


ordenamento de todos os cromossomas de acordo com o seu tamanho corresponde
ao ____.
(A) eucromatina (…) cariótipo
(B) eucromatina (…) genoma
(C) heterocromatina (…) cariótipo
(D) heterocromatina (…) genoma

7. Mencione a importância para as bactérias de muitos genes estarem organizados em operões.


Os operões são conjuntos de genes funcionalmente relacionados, contíguos e controlados
coordenadamente, sendo todos expressos no mesmo mRNA, o que vai aumentar a eficiência na produção de
determinadas proteínas bacterianas que pertençam à mesma via metabólica e que assim são produzidas em
conjunto.

8. Na figura 4 está representado um gel de agarose no qual as moléculas de DNA foram separadas em
diversos fragmentos, tendo em conta que…
(A) … o DNA migrou da extremidade positiva para a extremidade negativa.
(B) … quanto maiores os fragmentos mais longa a sua deslocação no gel.
(C) … as cargas positivas do DNA fizeram com que se deslocasse para a extremidade negativa.
(D) … as cargas negativas do DNA fizeram com que se deslocasse para a extremidade positiva.

9. O PCR é uma reação em que…


(A) … ocorre amplificação de todo o DNA da amostra.
(B) … ocorre uma polimerização de cadeias de DNA, usando como molde uma cadeia simples na qual se
liga um iniciador que indica a região a amplificar.
(C) … as cadeias duplas de DNA abrem e são copiadas, voltando a fechar.
(D) … os iniciadores se ligam às cadeias de DNA duplas, indicando a região a ser amplificada.

10. A fusão génica BCR-ABL codifica uma enzima que está sempre ativa e estimula a divisão celular. O inibidor
imatinib bloqueia esta enzima, reduzindo a divisão celular e podendo mesmo induzir a apoptose (morte
celular programada).
Explique em que medida o inibidor imatinib funciona como terapia direcionada, não afetando outras
células para além das cancerígenas.
A enzima tirosina cinase resultante da expressão da fusão génica BCR-ABL existe apenas em
leucócitos cancerígenos, uma vez que a mutação que origina rearranjos nos cromossomas ocorre apenas
nas células precursoras dos glóbulos brancos, estando ausente nas células saudáveis. Assim, o inibidor
imatinib, que é específico para a tirosina cinase, atuará somente nas células cancerosas, destruindo-as.
Desta forma, este inibidor funciona como terapia direcionada.

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