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Albinismo
O albinismo é uma doença genética rara. Os albinos apresentam problemas na produção de
melanina, um pigmento que confere cor à pele, olhos e pelos do corpo e protege das radiações
ultravioletas. A despigmentação pode ser total ou parcial. A transmissão do albinismo está
representada na figura 1.
Fig. 1
O albinismo pode ser resultante de alterações em diversos genes, nomeadamente no TYR. Este
gene tem a localização 11q14.3 (braço longo do cromossoma 11, na posição 14.3) e codifica a
tirosinase, uma que converte a tirosina em dopaquinona (fig. 2), que depois é transformada em
melanina por outras enzimas.
São conhecidas cerca de 100 mutações no gene TYR que originam albinismo, desde a
substituição de um nucleótido a inserções ou remoções de outros. Algumas mutações afetam
de forma total a atividade da tirosinase, enquanto outras reduzem a sua atividade, originando
diversos tipos de albinismo.
Na atualidade, a deteção das diferentes mutações é realizada por sequenciação do DNA dos
codões.
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1. Classifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) cada uma das afirmações, tendo por base a
árvore genealógica da transmissão do albinismo (fig. 1).
A. O albinismo não está associado ao sexo.
B. O albinismo tem uma transmissão dominante.
C. As mulheres não são afetadas por albinismo.
D. A mulher da geração IV não produz melanina.
E. A transmissão do albinismo não obedece às leis de Mendel.
F. A probabilidade de o indivíduo II-4 ter herdado o albinismo foi de 50%.
G. Os descendentes de pais portadores do alelo para o albinismo possuem 25% de
hipóteses de serem albinos, 50% de serem portadores e 25% de não serem albinos
nem portadores da mutação.
H. A probabilidade de dois albinos terem um descendente normal e portador é de 25%.
8. O genótipo de um organismo não afetado por uma doença recessiva pode ser determinado
com um retrocruzamento. Explique a impossibilidade de ser efetuado em seres humanos.
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9. A deteção das diferentes mutações do gene TYR é realizada a partir da sequenciação do
DNA dos codões. Relacione este dado com o processamento do mRNA nos humanos.
Grupo II
Leucemia mieloide crónica
A leucemia mieloide crónica é uma doença oncológica que afeta pessoas de qualquer idade e
sexo, mas é rara em crianças menores de 10 anos. Caracteriza-se por modificações na produção
de granulócitos (um tipo de leucócitos), só se observando formas imaturas na medula óssea. É
um cancro muito agressivo e com elevada taxa de mortalidade.
Os granulócitos leucémicos tendem a eliminar as células normais da medula óssea, formando
muitas vezes grandes quantidades de tecido fibroso. Nas fases iniciais, a leucemia mieloide
crónica pode ser assintomática. Contudo, algumas pessoas ficam fatigadas e enfraquecidas,
perdem o apetite, perdem peso, sofrem de febre ou suores noturnos.
O diagnóstico da leucemia mieloide crónica é efetuado com uma análise sanguínea. Esta pode
revelar uma quantidade anormalmente elevada de glóbulos brancos, entre 50 000 e 1 000 000
por microlitro (a quantidade normal é menos de 11 000). Nas amostras de sangue examinadas
ao microscópio, os glóbulos brancos imaturos observam-se em vários estádios de maturação,
quando não deveriam existir, uma vez que normalmente só estão presentes na medula óssea.
Em 95% dos casos, a leucemia mieloide crónica resulta de uma translocação entre os
cromossomas 9 e 22 (fig. 3) aquando da divisão das células precursoras dos leucócitos. A
confirmação da mutação pode passar por uma análise dos cromossomas para detetar os novos
rearranjos. Deste processo resulta a fusão do gene BCR do cromossoma 22 com o gene ABL do
cromossoma 9. O gene BCR-ABL codifica uma tirosina cinase, enzima que está sempre ativa e
que estimula a divisão celular descontrolada.
Fig. 3
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Existem diversos fármacos que inibem a atividade da tirosina cinase e que podem ser usados
no tratamento da leucemia mieloide crónica, tais como o inibidor imatinib. Contudo, a
existência de mutações pontuais no gene BCR-ABL pode afetar a eficácia do tratamento, tal
como foi demonstrado por Roche-Lestienne e a sua equipa, em 2002.
Usando a enzima de restrição Dde I, os investigadores detetaram a presença de mutações
pontuais e relacionaram-nas com a resistência ao inibidor imatinib. A substituição da treonina
pela ilenina na posição 315 origina a perda de um local de restrição da enzima Dde I.
A análise foi efetuada num fragmento de cDNA do gene BCR-ABL previamente amplificado por
PCR e os resultados estão expressos na figura 4. As setas indicam o local de restrição da enzima
Dde I e o asterisco o local de restrição ausente na forma mutada.
As letras identificam os três pacientes (A, B e C), com amostras recolhidas na fase de
diagnóstico da leucemia (A1, B1 e C1) e na fase avançada da doença, em que ocorre resistência
ao inibidor imatinib (A2, B2 e C2). O sinal (-) corresponde ao fragmento de cDNA amplificado
por PCR ao qual não se adicionou a enzima Dde I e o sinal (+) indica as amostras que foram
tratadas com a enzima Dde I.
Roche-Lestienne, C. et al. (2002). Several types of mutations of the Abl gene can be found in
chronic myeloid leukemia patients resistant to STI571, and they can pre-exist to the onset of
treatment. Blood 2002 100:1014-1018.
1. A leucemia resulta de mutação ____, da qual resulta um cromossoma ____ mais longo.
(A) cromossómica (…) 9
(B) cromossómica (…) 22
(C) pontual (…) 9
(D) pontual (…) 22
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2. Para um indivíduo com leucemia mieloide crónica é possível afirmar que…
(A) … os genes BCR e ABL são segregados independentemente para as células-filhas
formadas na medula óssea.
(B) … não ocorre segregação independente dos genes BCR e ABL aquando da formação
dos gâmetas.
(C) … a doença deve-se a uma mutação somática.
(D) … a doença origina-se devido a uma translocação reciproca.
Afirmações
A. A enzima Dde I não reconheceu nenhum local de restrição no fragmento de cDNA
analisado.
B. A enzima Dde I tem atividade máxima a 37 oC.
C. Nos indivíduos doentes que são resistentes ao inibidor, a mutação do cDNA introduziu
um novo local de restrição da Dde I.
D. Os dados permitem obter conclusões válidas.
E. O gel de agarose permitiu separar os diferentes fragmentos gerados pela restrição.
F. O fragmento de cDNA amplificado por PCR ao qual não se adicionou a enzima Dde I
corresponde a um dos controlos experimentais.
G. A experiência não inclui variáveis independentes (experimentais).
H. O protocolo usado por Roche-Lestienne e a sua equipa permitiu detetar a mutação na
fase inicial da doença em cada um dos indivíduos analisados.
Chave
I. Afirmação apoiada pelos dados.
II. Afirmação contrariada pelos dados.
III. Afirmação sem relação com os dados.
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8. Na figura 4 está representado um gel de agarose no qual as moléculas de DNA foram
separadas em diversos fragmentos, tendo em conta que…
(A) … o DNA migrou da extremidade positiva para a extremidade negativa.
(B) … quanto maiores os fragmentos mais longa a sua deslocação no gel.
(C) … as cargas positivas do DNA fizeram com que se deslocasse para a extremidade
negativa.
(D) … as cargas negativas do DNA fizeram com que se deslocasse para a extremidade
positiva.
10. A fusão génica BCR-ABL codifica uma enzima que está sempre ativa e estimula a divisão
celular. O inibidor imatinib bloqueia esta enzima, reduzindo a divisão celular e podendo
mesmo induzir a apoptose (morte celular programada).
Explique em que medida o inibidor imatinib funciona como terapia direcionada, não
afetando outras células para além das cancerígenas.
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Grupo III
Processo inflamatório
Fig. 5
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4. Os ____ são os primeiros leucócitos a atuar na resposta imunitária, que é finalizada pelos
____.
(A) neutrófilos (…) linfócitos B e T
(B) neutrófilos (…) monócitos
(C) linfócitos B e T (…) neutrófilos
(D) linfócitos B e T (…) monócitos
FIM
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Proposta de resolução
GRUPO I
1. Verdadeiras: A, D, F e G; Falsas: B, C, E e H
2. Opção (D)
3. Opção (C)
4. Opção (A)
5. Opção (D)
6. Opção (A)
7. Opção (C)
8. O retrocruzamento consiste em cruzar um indivíduo de fenótipo dominante com outro de
fenótipo recessivo, de forma a determinar se o primeiro é homozigótico ou heterozigótico.
Contudo, estes cruzamentos não são usados na espécie humana, por motivos éticos, morais
e legais.
9. Nos humanos ocorre processamento do pré-mRNA, sendo removidos os intrões e ficando
apenas os exões a constituir o mRNA que migra para o citoplasma. Assim, as mutações no
DNA só passam para as proteínas se estiverem localizadas nos exões. Deste modo, a
sequenciação do DNA para detetar mutações no gene TYR associado ao albinismo apenas se
concentra nos exões.
10. A – dominância incompleta; B – alelismo múltiplo; C – poligenia; D – codominância.
GRUPO II
1. Opção (A)
2. Opção (D)
3. Determinar a relação entre uma mutação pontual no gene BCR-ABL e a resistência ao
inibidor imatinib.
4. A – II; B – III; C – II; D – I; E – I; F – I; G – I; H – III
5. C – B – A – E – D
6. Opção (A)
7. Os operões são conjuntos de genes funcionalmente relacionados, contíguos e controlados
coordenadamente, sendo todos expressos no mesmo mRNA, o que vai aumentar a
eficiência na produção de determinadas proteínas bacterianas que pertençam à mesma via
metabólica e que assim são produzidas em conjunto.
8. Opção (D)
9. Opção (B)
10. A enzima tirosina cinase resultante da expressão da fusão génica BCR-ABL existe apenas em
leucócitos cancerígenos, uma vez que a mutação que origina rearranjos nos cromossomas
ocorre apenas nas células precursoras dos glóbulos brancos, estando ausente nas células
saudáveis. Assim, o inibidor imatinib, que é específico para a tirosina cinase, atuará
somente nas células cancerosas, destruindo-as. Desta forma, este inibidor funciona como
terapia direcionada.
GRUPO III
1. A – 6; B – 2; C – 1; D – 3; E – 4; F – 5
2. Opção (C)
3. Opção (C)
4. Opção (A)
5. Opção (D)
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6. Verdadeiras: E, F e G; Falsas: A, B, C, D e H
7. Os linfócitos T citotóxicos reconhecem as células tumorais e as infetadas por vírus e
produzem compostos tóxicos que promovem a sua lise.
8. A – proteína complemento; B – linfócito B; C – linfócito T; D – anticorpo.
9. As pessoas com grupo sanguíneo O caracterizam-se pela ausência de antigénios na
superfície dos glóbulos vermelhos, o que lhes permite serem dadores universais, pois os
anticorpos anti-A ou anti-B dos recetores não reconhecerão as hemácias do dador O.
No caso dos indivíduos do grupo AB, possuem antigénios A e B, mas não possuem
anticorpos anti-A nem anti-B. Assim, podem receber hemácias com antigénios A e/ou
antigénios B, pois não serão reconhecidas por anticorpos.
10. Como os plasmócitos têm um tempo de vida reduzido, são hibridizados com células de
mieloma que lhes conferem imortalidade em cultura. Desta fusão resulta um híbrido,
potencialmente imortal, designado por hibridoma, que produz grande quantidade de
anticorpos monoclonais.
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