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Língua

Portuguesa
Produção de Texto
7

PHILIP LANGE/SHUTTERSTOCK
unidade 1 Personagem nas narrativas de aventura
e de mitologia
unidade 2 Notícia e crônica: semelhanças
e diferenças

1 • 2 • 3 • 4

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BARCROFT USA/GETTY IMAGES
Personagem e
tempo no texto
narrativo
Em uma narrativa, personagens e tempo
são elementos fundamentais: os personagens
enfrentam uma sequência de obstáculos
que compõem o enredo da história. Essa
sequência é organizada em uma progressão
temporal (um fato sucede o outro). O tempo
é o elemento que determina o momento em
que ocorre uma história, sua duração e o
instante em que se dá a sequência dos fatos.

Professor: As páginas de abertura promovem a verificação e a explora-


ção dos conhecimentos prévios dos alunos. São um convite à discussão
e à leitura de imagens. As questões elencadas permitem avaliar o grau
de conhecimento da classe e podem orientar a condução mais adequa-
da dos assuntos que serão abordados. Deixe que os alunos respondam
às perguntas livremente.
O elefante Rajan e seu treina-
dor na praia de Radha Nagar,
na Índia, 2010.
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JO

Observe as imagens. Em seguida, responda oralmente.

1 Qual é a diferença entre a imagem principal, acima, e a


imagem menor, à esquerda?
2 O que o treinador está fazendo?
3 Onde se passa a cena?
Professor: O encaminhamento de todas as respostas e discussões desta abertura
está no Plano de Aulas.

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Reúna-se com alguns colegas, conversem sobre o exercício anterior e
respondam às seguintes questões no caderno.

1 Em sua opinião, o que levou essa imagem a se tornar notícia?


2 Se você tivesse de escrever uma notícia ou uma narrativa de aventura a respeito
dessa imagem, que aspecto destacaria?
3 Em que tempo se passaria o fato: no passado, no presente ou no futuro?
4 Que título você daria a seu texto?

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1 Personagem
UNIDADE

nas narrativas
de aventura e de mitologia
Leitura de imagem
Leia esta imagem.

COLEÇÃO PARTICULAR

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Moby Dick nada rapidamente em torno da embarcação naufragada. Ilustração de Isaac Walton Taber.

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Estudo da imagem
1 A imagem retrata uma cena importante da narrativa Moby Dick. Que ações ocorrem nessa cena?
Os movimentos da baleia (Moby Dick) põem em risco a sobrevivência dos personagens do barco. Um deles,

em pé, tenta atingir a baleia com o arpão.

2 Que personagem da imagem poderia ser considerado herói nessa cena? Justifique sua resposta.
Há duas possibilidades: o homem de arpão em punho, em pé, pronto para defender os tripulantes, ou a

baleia, que luta corajosamente contra os quatro homens.

3 Uma característica física do homem atribui ainda mais valentia à sua atitude. Que característica é
essa?
Ele tem uma deficiência física, e isso fica evidenciado pela perna de pau. Mas o que poderia ser um fator

limitador não o impede de enfrentar a baleia.

4 Que características psicológicas podem ser atribuídas ao homem?


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Respostas possíveis: coragem, ousadia, persistência, valentia, determinação.

5 Que elementos da cena sugerem perigo e ameaça para os tripulantes? E para a baleia?
Para os tripulantes: o mar em fúria, a própria baleia, as ondas.

Para a baleia: o arpão.

6 Cite alguns sentimentos que você imagina que estejam dominando os personagens representa-
dos nessa cena?
Respostas possíveis: medo, ansiedade, desespero, aflição, coragem.

7 Observe bem a cena de Moby Dick e tente descrevê-la em um texto. Em poucos parágrafos, expli-
que as ações dos personagens e os sentimentos que eles expressam, como o medo, o desespero
e a coragem. Não se esqueça de descrever o cenário em que os fatos ocorrem.
Resposta pessoal.

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Leitura de texto
Leia este fragmento do romance de aventura O conde de Monte Cristo, escrito pelo autor
francês Alexandre Dumas. Na história, o protagonista é Edmond Dantès, um marinheiro
condenado injustamente à prisão perpétua depois de se tornar vítima de uma armação dos
seus inimigos. O trecho que você vai ler mostra o momento em que Edmond Dantès está
Professor: As acepções dos
preso no terrível Castelo de If, onde cumpre sua pena.
termos do glossário foram,
sempre que possível, pesqui-
sadas no Dicionário eletrônico O conde de Monte Cristo
Houaiss da língua portuguesa.
Para fins didáticos, foram fei-
tas as adaptações necessárias. (...)
Na cama, deitado ao comprido e tenuamente iluminado por um dia de neblina que penetra-
va pela claraboia, via-se um saco de lona grosseira, sob cujas dobras desenhava-se confusamen-
te uma forma longa e rígida: era a última mortalha de Faria, aquela mortalha que, nas palavras
Andrajo. Roupa velha, dos atendentes, era tão barata. Dessa forma, tudo terminara. Uma separação material já existia
farrapo. entre Dantès e seu velho amigo; ele não podia mais ver os olhos que haviam permanecido aber-
Archote. Pedaço de tos como se para enxergar depois da morte, não podia mais apertar aquela mão industriosa
pau em cuja ponta se
que erguera para ele o véu sobre as coisas ocultas. Faria, o útil, o bom companheiro com quem
prende um material
próprio para pôr fogo se dera tão bem, não existia senão em sua lembrança. Ele então sentou-se na cabeceira daquela
e servir de iluminação. cama terrível e mergulhou numa sombria e amarga melancolia.
Aturdido. Atordoado, Sozinho! Voltara a ser sozinho! Voltara a cair no silêncio, a estar diante do nada!
perturbado, meio

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tonto. Sozinho! Sequer a visão, sequer a voz do único ser humano que ainda o prendia à terra!
Augúrio. Previsão,
Não era preferível, como Faria, partir para esclarecer junto a Deus o enigma da vida, mes-
presságio, anúncio mo arriscando-se a atravessar a porta lúgubre dos sofrimentos?
de que algo vai (...)
acontecer.
Porém, como é comum nas horas de grande sofrimento, assim como nas grandes tem-
Claraboia. Abertura
no teto ou no alto pestades, o abismo se situar entre a crista de duas ondas, Dantès recuou à ideia daquela
da parede por onde morte infamante e passou bruscamente desse desespero para uma sede ardente de vida e
entra luz.
liberdade.
Cortejo. Procissão,
– (...) Não, quero viver, quero lutar até o fim; quero reconquistar a felicidade que me
comitiva.
roubaram! Antes de morrer, não posso esquecer que tenho meus carrascos para castigar e,
Crista. Parte mais alta
da onda. talvez, quem sabe, alguns amigos para recompensar. Mas agora irão me esquecer aqui, e só
Fronte. Testa.
sairei da minha masmorra como Faria.
Hediondo. Horrível, Ao dizer isso, contudo, Edmond ficou imóvel, os olhos esbugalhados, como um homem
muito feio. golpeado por uma ideia súbita, mas a quem essa ideia apavora; levantou-se de repente,
Industrioso. Esperto, levou a mão à testa como se fosse vítima de uma vertigem, deu duas ou três voltas ao redor
astuto. da cela e voltou a parar diante da cama...
Infamante. – Oh, oh! – murmurou. – Quem me envia esse pensamento? Sereis vós, meu Deus? Já
Vergonhoso.
que apenas os mortos saem livremente daqui, ocupemos o lugar dos mortos.
E sem se dar tempo de voltar atrás nessa decisão, como que para não dar chance ao
pensamento de destruir aquela resolução desesperada, debruçou-se em direção ao saco
hediondo, abriu-o com a faca que Faria fabricara, retirou o cadáver do saco, levou-o para
sua cela, deitou-o em sua cama, vestiu-o com o farrapo de pano que ele próprio tinha o
costume de usar, cobriu-o com sua coberta, beijou uma última vez aquela fronte gelada,
tentou fechar aqueles olhos rebeldes, que insistiam em permanecer abertos, aterradores
pela ausência de pensamento, girou a cabeça para a parede, de modo a que o carcereiro,
ao trazer a refeição da noite, julgasse que ele estava deitado, como era seu hábito, voltou
a entrar no túnel, puxou a cama para a muralha, entrou na outra cela, pegou no armário a
agulha, a linha, tirou seus andrajos para que sentissem claramente a carne nua sob a lona,
enfiou-se no saco rasgado, assumiu a postura do cadáver e fechou a costura por dentro.

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Se porventura alguém entrasse naquele momento, poderia ouvir seu coração batendo.
(...)
O principal perigo que Dantès corria era de o carcereiro, ao levar sua sopa das sete
horas, perceber a substituição promovida; felizmente, vinte vezes, fosse por misantropia,
fosse por cansaço, Dantès recebera o carcereiro deitado; e, nesse caso, o homem geralmen-
te depositava seu pão e sua sopa na mesa e se retirava sem lhe falar.
(...)
Quando chegou perto das sete horas da noite, as angústias de Dantès começaram de fato.
(...) De vez em quando calafrios percorriam-lhe o corpo inteiro e lhe apertavam o coração (...).
Achava então que iria morrer. As horas passaram sem que se ouvisse um movimento no castelo (...);
era um bom augúrio. Finalmente, na hora estipulada pelo governador, passos se fizeram ouvir na
escada. Edmond compreendeu que chegara o momento; invocou toda a sua coragem, prendeu a
respiração; quem dera pudesse prender também as pulsações precipitadas de suas artérias.
(...)
A porta se abriu, uma luz velada atingiu os olhos de Dantès. Através da lona que o
Lúgubre. Triste.
cobria, viu duas sombras se aproximarem da cama. Uma terceira, junto à porta, segurava
Masmorra. Prisão
um archote. Cada um dos homens que se haviam aproximado da cama agarrou o saco por subterrânea.
uma ponta. Misantropia. Aversão,
(...) ódio à convivência
com as pessoas.
O suposto morto foi carregado da cama para a padiola. Edmond enrijecia-se para me-
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Mistral. Vento frio e


lhor representar seu papel de defunto. Foi colocado na padiola; e o cortejo, iluminado forte que ocorre na
pelo homem com o archote, que caminhava à frente, subiu a escada. França (local onde
se passa a história)
De repente o ar frio e áspero da noite o inundou. Dantès reconheceu o mistral. Foi durante o outono.
uma sensação súbita, cheia de delícias e angústias ao mesmo tempo.
Mortalha. Vestimenta
(...) que envolve pessoa
que será sepultada.
Deram mais quatro ou cinco passos, continuando a subir, então Dantès sentiu que o
Padiola. Cama usada
agarravam pela cabeça, pelos pés, e que o balançavam. para transportar
(...) doentes ou feridos;
maca.
Imediatamente Dantès viu-se lançado, sem exagero, num enorme vazio, atravessando
os ares como um pássaro ferido, caindo, caindo sem parar, com um terror que lhe gelava
o coração. Embora puxado para baixo por alguma coisa pesada que acelerava seu voo,
pareceu-lhe que aquela queda já durava um século. Enfim, com um barulho indescritível,
entrou como uma flecha numa água gelada que o fez soltar um grito, calado no mesmo
instante pela imersão.
Dantès fora atirado ao mar, para cujo fundo o arrastava uma bola de ferro de dezessete
quilos presa nos pés.
(...)
Dantès, aturdido, quase sufocado, ainda assim teve presença de espírito para prender a
respiração e, como sua mão direita, preparado que estava, como dissemos, para qualquer
eventualidade, segurava sua faca, rasgou rapidamente o saco, pôs o braço para fora, depois
a cabeça; entretanto, apesar das tentativas de se desvencilhar da bola de ferro, continuou
a se sentir puxado para baixo; então se curvou, procurando a corda que amarrava suas
pernas e, num esforço supremo, cortou-a quando estava prestes a ficar sem ar; em segui-
da, dando um vigoroso pontapé, subiu livre à superfície do mar, enquanto a bola de ferro
arrastava para profundezas desconhecidas o pano grosseiro que por pouco não se tornara
sua mortalha.
(...)
DUMAS, Alexandre. O conde de Monte Cristo. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. p. 267-274.

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Estudo do texto Professor: Para questões adicionais sobre o gênero textual, consulte
o Banco de Questões na Plataforma UNO.

Compreensão do texto
1 A narrativa inicia-se com o personagem Dantès diante de um problema: a morte de um compa-
nheiro. Onde Dantès se encontra e o que ele está fazendo?
Ele está na prisão, onde cumpre pena, olhando para a mortalha que oculta o cadáver de seu amigo Faria,

falecido recentemente.

2 Que tipo de sentimento esse fato provoca inicialmente no personagem?


Desespero. Outra resposta possível: Dantès se sente só porque acaba de perder seu único amigo.

3 Qual é a solução inicial encontrada por Dantès para resolver esse problema? Justifique sua respos-
ta transcrevendo um trecho do texto.
A princípio, Dantès não vê outra solução para seu caso senão a morte. “Não era preferível, como Faria,

partir para esclarecer junto a Deus o enigma da vida, mesmo arriscando-se a atravessar a porta lúgubre dos

sofrimentos?”

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
4 Dantès desiste da primeira ideia e pensa em outra solução, aparentemente tão absurda que ele
mesmo se assusta com ela.

a) Em que consiste essa ideia? Trocar de lugar com o morto.

b) Transcreva a justificativa do prisioneiro para tomar essa atitude.


“Já que apenas os mortos saem livremente daqui, ocupemos o lugar dos mortos.”

5 Discuta com os colegas: A solução encontrada pelo personagem foi antiética? Manifeste sua opi-
nião, justifique o seu ponto de vista e ouça atentamente as opiniões dos demais. Professor: Conduza
o debate, lembrando
Ações praticadas para sair sempre aos alunos o fato de que o
da masmorra: debruçou-se 6 Observe os verbos destacados no trecho transcrito a seguir. encarceramento de Dantès foi injusto.
sobre o saco onde estava Fa-
ria; abriu-o com a faca; retirou
o cadáver do saco; levou-o Sozinho! Voltara a ser sozinho! Voltara a cair no silêncio, a estar diante do nada!
para sua cela; deitou-o em
sua cama; vestiu-o com os
próprios trajes; cobriu-o com Que informações esses verbos dão sobre a vida de Dantès antes de ele ter a companhia de Faria?
sua coberta; beijou a fronte
do morto; voltou a entrar no
túnel; puxou a cama para a Esses verbos informam que, antes de ele conhecer Faria, era solitário, vivia no silêncio, diante do nada.
muralha; entrou na outra cela;
pegou no armário a agulha, a
linha; tirou a roupa; enfiou-se
no saco rasgado; assumiu a 7 A decisão de Edmond repercute em uma sequência de ações que pode ser dividida em dois
postura do cadáver; fechou a
costura por dentro; prendeu a momentos: aquelas praticadas para sair da masmorra e aquelas destinadas a sobreviver ao afo-
respiração; enrijeceu o corpo. gamento. Relacione, em seu caderno, as ações correspondentes a cada momento. Organize as
Ações praticadas para sobre- informações conforme sugere o quadro abaixo.
viver ao afogamento: pren-
deu a respiração; rasgou com
uma faca rapidamente o saco;
pôs o braço para fora, depois Ações praticadas para sair da masmorra Ações praticadas para sobreviver ao afogamento
a cabeça; curvou-se, procu-
rando a corda que amarrava
suas pernas; cortou-a; deu um
vigoroso pontapé na mortalha
que o prendia; subiu livre.

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8 Para compreender como muitas narrativas de aventura chegaram até nós, leia as informações
abaixo.

A narrativa de aventura e a imprensa do século XIX


A expansão da imprensa periódica no século XIX está relacionada ao surgimento das
narrativas de aventura. Para atrair leitores de todas as camadas sociais e, com isso, ven-
der mais jornais, a imprensa diária passa, na época, a valorizar conteúdos que causam
impacto – relatos de viagens a terras exóticas e ainda inexploradas; situações dramáticas
em que é preciso lutar, com coragem e inteligência, pela sobrevivência em espaços inós-
pitos – ou matérias sensacionalistas: traições, atos de crueldade, fatos extraordinários
etc. É nesse ambiente que surgem os folhetins.
Com a técnica “continua amanhã” (muito semelhante às técnicas das novelas televisi-
vas e minisséries atuais) e enredos tensos e cheios de emoção, essas narrativas logo con-
quistam leitores e passam a ter nos jornais uma seção especial, o pé da página. Assim,
leitores ávidos pelo capítulo seguinte impulsionam a venda de jornais e a publicação
de anúncios.
Além de vender jornais, os folhetins contribuíram principalmente para formar um
público leitor de obras literárias, antes restritas às elites intelectuais, e divulgar obras de
muitos escritores que mais tarde se tornaram clássicos. Alexandre Dumas, Walter Scott,
Jack London, entre outros, tiveram vários de seus romances publicados primeiramente
em folhetins e só depois passaram para os livros.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

BARBOSA, Jacqueline Peixoto; ROVAI, Célia Fagundes. Gêneros do discurso na escola: rediscutindo princípios e
práticas. São Paulo: FTD, 2012.

O conde de Monte Cristo foi publicado na França, originalmente como folhetim, entre agosto de
1844 e janeiro de 1846. No Brasil, já em 1845, era sucesso no Jornal do Commercio.
Com base no texto que você acabou de ler e em conversas com o professor e com os colegas,
responda:
a) Que aspectos dessa obra estão relacionados aos temas preferidos da imprensa do século XIX? Professor: Discuta o assunto
com a turma e mostre que
Dantès se arrisca enormemen-
Resposta pessoal. te para fugir da prisão. Seu ato
é ousado, espetacular. Além
disso, ele revela que pretende
reencontrar seus carrascos,
o que prenuncia uma trama
de vingança e repleta de mo-
mentos emocionantes. Mostre
aos alunos que todos esses
ingredientes ajudam a criar o
enredo tenso e dramático tão
apreciado pelos leitores do sé-
b) Imagine-se um leitor de folhetins do século XIX. Após a leitura desse fragmento de O conde de culo XIX.
Monte Cristo, você se interessaria por saber o que vai ocorrer com Edmond Dantès? Como ele
se defrontará com seus inimigos?
Resposta pessoal.

c) Qual é a intenção comunicativa de uma narrativa de aventura?


( ) Levar o leitor a se posicionar sobre determinado assunto.
( ) Orientar o leitor quanto a um comportamento.
( ) Informar o leitor sobre determinado assunto.
( X ) Entreter, envolver o leitor em uma trama.
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Análise dos personagens
Professor: Alguns alunos po- 1 Quantos personagens participam do trecho de O conde de Monte Cristo que você leu? Quais
dem apontar o governador são eles?
como personagem. Porém,
nesse trecho analisado da
obra, ele não executa nenhu- Dantès, Faria e os três guardas encarregados de jogar ao mar o corpo que está embrulhado na mortalha.
ma ação que influencie os
rumos da história, logo não
pode ser considerado um per-
sonagem.

Personagem é um ser fictício, ou seja, ele é fruto da imaginação do autor. É a partir das
ações dos personagens que o enredo se desenvolve.

2 Embora Faria não atue no fragmento de história apresentado, pois já se encontra morto, ele é um
personagem. Explique por quê.
Resposta pessoal.
Professor: É importante que os alunos percebam que é justamente a morte de Faria que possibilita a fuga que mudará a vida
de Edmond Dantès. Ou seja: ele, indiretamente, influencia todo o futuro desenrolar da trama.

Os personagens não têm o mesmo grau de importância em uma história. Há os


personagens principais (protagonista ou antagonista), que desempenham os papéis

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mais importantes na narrativa, e os personagens secundários, que desempenham um
papel menor ou menos frequente no enredo, como auxiliares do protagonista ou do
antagonista.

3 Com as informações do boxe anterior, e sabendo que o personagem principal está preso injusta-
mente, responda: Que papel exercem, nessa narrativa, os dois homens que carregam Dantès para
fora da prisão, e o terceiro, que carrega o archote?
Os três homens são personagens secundários, pois são auxiliares do(s) antagonista(s) nesse trecho da

história, ou seja, são carcereiros a serviço do(s) responsável(eis) pela prisão de Dantès.

Os antagonistas são os personagens cujas ações se opõem ao desejo dos protagonistas,


que são os personagens principais, isto é, os “heróis” da história. Nas narrativas de aventu-
ra, o antagonista é chamado vilão.
O herói na narrativa de aventura é um personagem que possui altas doses de carac-
terísticas muito valorizadas e positivas, tais como: audácia, coragem, paciência, presença
de espírito, inteligência e sagacidade. Muitas vezes, ele também é forte e tem habilidades
físicas. Todas essas características contribuem para que supere obstáculos aparentemente
intransponíveis e consiga sobreviver a situações temerárias.

4 Observando com atenção as características de Edmond Dantès, podemos dizer que ele é o herói
da narrativa?
Professor: Ao optar por continuar vivo e lutar para reconquistar a felicidade, Dantès rompe com sua situação de vítima, assume
riscos e muda a orientação do enredo. Por essas razões, esse personagem não é apenas protagonista, mas herói da narrativa.

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Atividades de linguagem
1 Releia o trecho abaixo e identifique duas palavras que expressam sentidos opostos.

De repente, o ar frio e áspero da noite o inundou. Dantès reconheceu o mistral. Foi


uma sensação súbita, cheia de delícias e angústias ao mesmo tempo.

Delícias e angústias.

2 Ainda com base nesse trecho, explique por que o personagem tem sensações tão contraditórias. Professor: Vale discutir o as-
sunto com os alunos, ajudan-
Resposta pessoal. do-os a perceber como o per-
sonagem se sente. É importan-
te eles perceberem que, como
Dantès está preso há muitos
anos, sentir o ar frio da noite
é prazeroso para ele. Ao mes-
mo tempo, a sensação o aflige
3 Substitua as expressões destacadas neste trecho por outras que mantenham o mesmo sentido. porque ele desconhece os pe-
rigos que ainda o esperam.


Imediatamente, Dantès viu-se lançado, sem exagero, num enorme vazio, atraves-
sando os ares como um pássaro ferido, caindo, caindo sem parar, com um terror que
lhe gelava o coração.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Respostas possíveis: literalmente, exatamente; petrificava, paralisava.

4 Se substituirmos, no trecho acima, os verbos atravessando e caindo por atravessou e caiu, respec-
tivamente, o efeito de sentido permanecerá o mesmo no texto? Justifique sua afirmação.
O sentido muda. As formas verbais atravessando e caindo estão no gerúndio e dão a impressão ao leitor de

que a ação está em processo. O leitor consegue imaginar a descrição da travessia e da queda do corpo em

um momento contínuo, enquanto atravessou e caiu, no pretérito perfeito, revelam ações concluídas, e não

permitem a ideia de duração da ação.

5 Releia o trecho.


(...) debruçou-se em direção ao saco hediondo, abriu-o com a faca que Faria fabrica-
ra, retirou o cadáver do saco (...)

Embora todos os verbos estejam relacionados a ações que ocorreram no passado, um deles refe-
re-se a uma ação que ocorreu antes das demais. Identifique-o.
Fabricara.

6 O que os pontos de exclamação, no trecho abaixo, revelam a respeito do estado emocional do


personagem?

Sozinho! Voltara a ser sozinho! Voltara a cair no silêncio, a estar diante do nada!
Sozinho! Sequer a visão, sequer a voz do único ser humano (...)

( ) expectativa ( X ) angústia ( X ) frustração

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Produção de texto
Professor: Na Plataforma UNO,
há uma proposta adicional de Leitura de narrativa mitológica
produção de texto, a qual con-
templa o gênero narrativa de De 1100 a.C. a 146 a.C., a região que hoje corresponde à Grécia era um conjunto de
aventura, também estudado cidades-Estado independentes, com uma cultura tão rica que, ao longo dos séculos, vem in-
nesta unidade.
fluenciando a arte e a literatura em muitas partes do mundo.
A seguir, você vai conhecer um trecho de um romance inspirado em um grande herói da
mitologia grega: Perseu. Antes de iniciar a leitura, conheça um pouco as circunstâncias que
levaram Perseu a enfrentar criaturas perigosas, como as górgonas.

Filho de Zeus, o deus dos deuses, e de Dânae (uma mortal), Perseu era corajoso, in-
teligente e muito ambicioso. O rei Polidectes, que governava Esparta, tinha medo de que
Perseu viesse a roubar seu trono e elaborou um plano para se livrar do jovem: propôs um
torneio em que o herói que lhe trouxesse a cabeça de Medusa se tornaria o novo rei de Es-
parta. Como Medusa era tida como invencível, Polidectes apostava que Perseu seria morto.
Mas, em vez disso, o jovem derrotou Medusa e conquistou o direito de assumir o trono.

A cabeça da Medusa
Atena. Deusa da

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
justiça e da sabedoria Nada impressionava tanto quanto as vastas cabeleiras compostas de um verdadeiro
na mitologia grega. emaranhado de serpentes. Apesar de as górgonas se manterem adormecidas, os répteis se
Crisaor. Poderoso e agitavam incansáveis. Perseu não conseguia tirar os olhos daquele horripilante espetáculo.
belo gigante, filho de
Medusa e Posêidon.
Adivinhando a apreensão que tomava conta do pupilo, Hermes invocou a presença
de Atena, que, instantaneamente, materializou-se entre eles, envolta por uma refulgente
Elmo. Tipo de
capacete. Perseu auréola de ouro.
recebeu o seu das – Você se acha diante do seu grande momento, Perseu. Nós o ajudamos de todas as ma-
ninfas. Esse elmo
o tornava invisível neiras que nos foram permitidas por Zeus. Agora depende apenas de você tornar-se o herói
diante dos inimigos. que sonhou ou transformar-se numa estátua de pedra que o musgo do tempo recobrirá.
Escudo. Peça de As palavras da deusa soaram terríveis, mas Perseu ouviu sem reações visíveis. Sentia o
armadura antiga que
corpo pesado, os músculos doloridos, aparentemente incapazes de qualquer ação. Seria
protegia o guerreiro
dos golpes de lanças. aquilo o medo?
Proteção. (...)
Hermes. Deus grego
dotado de grande
As górgonas nem sempre foram esses monstros horríveis. No passado, foram moças
inteligência e rapidez. formosas, cercadas de admiração e pretendentes. Num desvario louco, elas se puseram a
Na mitologia, ele é vangloriar-se de sua beleza, pretendendo-se mais belas que as deusas do Olimpo...
mostrado como o
intermediário entre os Perseu conhecia a história, ouvia-a desde criança. Ao tomar conhecimento de tamanha
deuses e os homens. presunção, as divindades lançaram suas fúrias sobre as três irmãs. Trocaram seus cabelos
Górgonas. Mulheres cacheados por cachos de serpentes, substituíram seus dentes alvos por grosseiras presas de
monstruosas, com javalis e, ao final, transformaram braços e pernas em pesadas e disformes garras de bronze.
dentes enormes e
cabelos de serpente, – Mais severo foi o castigo imposto à Medusa... – recordou Hermes. Não satisfeita em
que transformavam desafiar os deuses, a Medusa cometera o mais hediondo dos crimes: entregara-se a Posêi-
em estátuas de
pedra todos os que don, no templo da própria Atena. Por essa ousadia (...) Medusa tornou-se mortal.
olhassem para elas. (...)
– Estou pronto! Eu trarei a cabeça da Medusa!
– É melhor que o faça já, enquanto ela dorme! Não pense em enfrentar as outras górgo-
nas, porque elas são imortais!
Em vista da disposição do jovem, Hermes aconselhou:

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– Daqui por diante, use o escudo de Atena, pois elas poderão despertar a qualquer
instante!
Perseu encarou os monstros adormecidos com um misto de ansiedade e angústia. Atena
encorajou-o:
– Agora você está sozinho, mas dispõe de tudo de que precisa para sair vitorioso! Vá e
não se distraia por nada!
O herói virou-se de costas para os monstros e pôs-se a caminho, vigiando através do
reluzente escudo. No íntimo, pedia que a Medusa não despertasse; porém, não tinha a
menor dúvida de que iria até o fim, acontecesse o que acontecesse.
À medida que se aproximava, caminhando sempre de costas, ele via a imagem refleti-
da dos monstros crescer na superfície do escudo. Ao atingir a última estátua, parou um Ninfa. Espírito da
instante, usando-a como anteparo, e sentiu o suor escorrer pela testa, prejudicando-lhe a natureza na mitologia
visão. Através dos olhos turvos, viu os deuses, que aguardavam impassíveis. grega. Habita lagos,
florestas, montanhas
(...) Distinguiu a Medusa, entre as três, e retomou a dolorosa caminhada. (...) Sentia e bosques.
que não pararia senão quando tivesse a cabeça do monstro ao seu alcance. Pégaso. Cavalo alado,
isto é, dotado de asas.
– Só mais um pouco... Os deuses permitam que ela não desperte!
É filho de Medusa e
Aproximou-se, passo a passo, até o ponto em que a cabeça da Medusa preencheu a Posêidon.
superfície polida do escudo. Através do improvisado espelho, podia ver as serpentes esti- Posêidon. Deus dos
cando-se para alcançar-lhe a perna. (...) mares.
Pupilo. Protegido.
Mais um passo, todo o cuidado para não se desequilibrar. Podia ouvir a respiração dos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

monstros, que soava como roncos serenos. O hálito fétido das horrendas criaturas esquen- Refulgente. Brilhante.

tava-lhe as costas, fazendo-o suar mais do que o devido. No instante decisivo, uma súbita
tentação invadiu-o; por pouco, não se voltou, olhando as monstruosidades de frente.
O gesto teria sido fatal, pois, da posição em que se achava, inevitavelmente teria visto
o rosto da górgona. Decidido a não prolongar a aflição, colocou-se ao lado da Medusa,
procurando a posição ideal para o golpe certeiro.
(...) O monstro remexeu-se, mostrando a face indescritível, no momento exato em que
a lâmina da espada desceu implacável sobre o seu pescoço.
(...)
O golpe fatal desceu fulminante como um raio, não permitin-
do ao monstro um único gemido. O corpo descomunal arriou
da coluna onde se apoiava, esparramando-se no chão. As
serpentes estremeceram e do sangue que jorrava nasce-
ram duas criaturas: Pégaso e Crisaor.
Perseu recolheu o precioso troféu e enfiou-o na
bolsa de prata que recebera das ninfas. Mal havia
guardado a cabeça da Medusa, o Pégaso bateu

GALERIA DE UFFIZI, FLORENÇA/BRIDGEMAN


IMAGES/KEYSTONE BRASIL
asas, elevando-se no ar e despertando as duas gór-
gonas restantes.
(...) O herói colocou o elmo mágico na cabe-
ça e desapareceu, deixando-as entregues à própria
fúria.
GALDINO, Luiz. O destino de Perseu. São Paulo: FTD, 2004.
p. 52-55. (Coleção Aventuras Mitológicas.)

Medusa, c. 1596-1598, de
Caravaggio. Óleo sobre tela,
6 cm de diâmetro.

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Características da narrativa mitológica

Mitos são narrativas, originalmente orais, que expressam a visão de mundo de um


povo. O conjunto dessas histórias recebe o nome de mitologia. Há três tipos de narrativas
mitológicas: as que explicam a origem do mundo e dos deuses; as que narram a convivên-
cia entre deuses, semideuses e humanos; e as que contam histórias de mortais. Nas narra-
tivas mitológicas, como nas de aventura, são os personagens que impulsionam o enredo.

1 Com base nas informações que você acabou de ler, responda:


a) Qual é o protagonista da narrativa “A cabeça da Medusa”? Perseu.

b) Enumere as características marcantes desse personagem.


Valente, corajoso, destemido, astuto e ambicioso.

2 Que personagens são antagonistas de Perseu?


O primeiro antagonista que o leitor conhece é o rei Polidectes; o segundo são as górgonas, especialmente a

Medusa.

3 Os deuses Hermes e Atena são personagens secundários, auxiliares do herói.


a) Como Hermes ajuda Perseu?

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Orientando-o sobre os cuidados que ele deveria ter ao enfrentar as górgonas. Perseu é pupilo de

Hermes.

b) E Atena? Além de encorajar Perseu a cumprir sua missão, que contribuição ela dá ao herói para
que ele tenha sucesso?
Atena dá o seu escudo a Perseu.

c) Que uso ele faz desse objeto ao se aproximar dos monstros? Confirme sua resposta com uma
passagem do texto.
Ele o usa como um espelho retrovisor: “Através do improvisado espelho, podia ver as serpentes

esticando-se para alcançar-lhe a perna”.

4 A que se refere a expressão destacada no trecho abaixo?

O gesto teria sido fatal, pois, da posição em que se achava, inevitavelmente teria
visto o rosto da górgona.

Refere-se a “voltar-se olhando as monstruosidades de frente”.

Professor: Para responder ao a) Que outros comportamentos de Perseu mostram que ele está evitando olhar de frente para as
item b, os alunos devem re- górgonas?
lacionar a atitude de Perseu
descrita no trecho “O gesto te- Caminha de costas em direção a elas e usa o escudo como espelho para observar sua movimentação e
ria sido fatal, pois, da posição
em que se achava, inevitavel-
mente teria visto o rosto da calcular a que distância se encontra delas.
górgona” ao aviso que Atena
lhe dá quando é invocada por
Hermes: “Agora depende ape-
nas de você tornar-se o herói b) Na leitura do texto, conseguimos perceber alguns indícios (“dicas”) do motivo pelo qual o herói
que sonhou ou transformar-se
numa estátua de pedra que o evita ficar frente a frente com as górgonas. Você consegue identificar, no texto, o trecho que
musgo do tempo recobrirá”. traz uma dessas dicas? Sublinhe-o.
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5 Muitos dos trechos descritivos dessa narrativa demonstram o estado emocional de Perseu diante
do perigo iminente. Transcreva do texto passagens em que se destaquem:
a) sensações (auditivas, olfativas, táteis ou visuais) que o antagonista provoca no herói.
Algumas respostas possíveis: Auditiva: “(...) soava como roncos serenos”; olfativa: “O hálito fétido das

horrendas criaturas (...)”; tátil: “(...) sentiu o calor exalado do corpo do monstro”; visual: “O monstro

remexeu-se, mostrando a face indescritível (...)”.

b) reações emocionais do próprio herói.


Algumas respostas possíveis: “(...) sentiu o suor escorrer pela testa (...)”; “(...) uma súbita tentação

invadiu-o (...)”; “(...) fazendo-o suar mais que o devido”; “Decidido a não prolongar a aflição (...)”.

6 Explique por que as expressões “Só mais um pouco”, “passo a passo” e “Mais um passo” são respon-
sáveis também por criar tensão na narrativa.
Essas expressões reforçam o clima de tensão na narrativa porque revelam todo o cuidado que o herói tem

para se aproximar das górgonas sem despertá-las.

7 Acesse a Enciclopédia UNO Digital e clique em “Religiões e Culturas”. No campo “Selecione o as-
sunto”, escolha “As religiões antigas”. Vá ao sumário e busque a página 28. Leia o primeiro parágrafo
do texto “As características dos deuses”. Considerando o que esse texto afirma, como se explica-
riam as atitudes dos deuses Atena e Hermes? Por que você acha que eles ajudam Perseu?
Resposta pessoal.

8 Edmond Dantès é um herói da narrativa de aventura e Perseu é um herói mitológico. Identifique


com C as características comuns aos dois tipos de herói e com M aquelas que só pertencem aos
heróis mitológicos.
( C ) É dotado de coragem superior aos demais.
( C ) Possui habilidades intelectuais e físicas.
( C ) Enfrenta um obstáculo excepcional, extraordinário.
( M ) Recebe auxílio de seres divinos e/ou objetos mágicos.
( M ) O antagonista pode não pertencer ao mundo real.
( C ) Consegue controlar suas emoções.

9 Em sua opinião, é possível identificar, no mito “A cabeça da Medusa”, o momento histórico a que
os fatos narrados se referem? Por quê?
Professor: Espera-se que os alunos percebam que não é possível, pois os personagens e ações referem-se a

uma época indefinida.

Como a função do mito é explicar a origem de alguns fenômenos naturais ou provocar


a reflexão sobre as experiências humanas, essas narrativas são atemporais, isto é, o tempo
nelas é indefinido.

10 O mito que você leu conta que as górgonas, antes de se tornarem monstros horrendos, eram
Professor: Espera-se que os
moças formosas que um dia ousaram proclamar-se mais belas que as deusas. Com base nessa alunos percebam que as di-
história, é possível concluir que, quando desafiados ou contrariados, os deuses são: vindades castigaram as gór-
gonas porque elas ousaram
( ) compreensivos. ( X ) implacáveis. ( ) tolerantes. desafiá-las.

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Professor: Mesmo dando pre-
ferência à mitologia greco-
Produção de narrativa mitológica
-romana para a produção, in-
centive os alunos a pesquisar Acompanhe as orientações a seguir para recontar o mito que você vai pesquisar em livros de mitolo-
outras mitologias: mitologia gia greco-romana ou em sites da internet.
nórdica, mitologia indiana,
mitologias africanas, mitolo-
gias indígenas etc. Se algum Aquecimento
aluno se interessar por algum
desses outros temas, ajude-o 1. Leia este trecho e observe como o autor caracteriza a personagem.
na pesquisa e no levantamen-
to de informações para esse
trabalho.
Os dentes do dragão
(...)
A verdade é que a beleza da moça deslumbrava a todos os mortais. Sua pele era tão
suave quanto uma pétala de rosa. Seus olhos eram mais brilhantes que um raio de
sol. Seus cabelos eram dourados como o próprio ouro. Mas o que mais encantava era
sua generosidade, e mesmo Zeus, o rei dos deuses, a notara. (...)
QUESNEL, Alain; TORTON, Jean. A Grécia: mitos e lendas.
São Paulo: Ática, 1998. p. 12. (Adaptado.)

Professor: Reescrever signifi-


ca, nesse caso, fazer uma ver-
Agora, reescreva o trecho acima, substituindo as palavras e expressões destacadas.
são da história, acrescentando
elementos de estilo pessoal.
Uma resposta possível: A verdade é que a beleza da moça deslumbrava a todos os mortais. Sua pele
Veja outras orientações e su-
gestões no Plano de Aulas. era tão macia quanto a seda. Seus olhos eram mais azuis que o céu. Seus cabelos eram negros como a noite.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Aceite outras reescritas, des-
de que não comprometam o Mas o que mais encantava era sua generosidade, e mesmo Zeus, o rei dos deuses, a notara.
sentido.

Professor: Como as caracterís- 2. Releia o trecho que você reescreveu. Qual é a importância da caracterização da personagem?
ticas físicas dessa personagem
são exageradas em algumas A caracterização particulariza a personagem e informa seus aspectos físicos e psicológicos.
frases, como “olhos mais bri-
lhantes que um raio de sol”
e “cabelos dourados como o
ouro”, o leitor logo imagina
que se trata de um mortal di- Planejamento
ferente dos demais. E, além de
toda a beleza, uma caracte-
rística psicológica (sua gene- 1. Conheça alguns personagens da mitologia grega. Essas informações poderão ajudar na pesquisa
rosidade) engrandece ainda que você fará a seguir. Os nomes entre parênteses são os correspondentes romanos das divinda-
mais a jovem, o que confirma
a hipótese daquele que lê o des gregas.
fragmento.
Apolo (Febo). Deus da luz. Além de grandes dons artísticos, tinha o dom da predição.
Atena (Minerva). Deusa da guerra e da razão. Nasceu da cabeça de seu pai, Zeus (Júpiter). Por ensinar o
homem a extrair o óleo das azeitonas, seu nome foi dado à cidade de Atenas.
Centauros. Seres com busto de homem e corpo de cavalo. Alguns eram brutos e maus; outros, como Quíron,
bons e sábios.
Cérbero. Cão de três cabeças e mordida venenosa, guardião do mundo inferior.
Ciclopes. Gigantes terríveis, com um olho só no meio da testa.
Hades (Plutão). Irmão de Zeus a quem coube o domínio do mundo inferior, o Tártaro.
Harpias. Seres alados com cabeça e peito de mulher, corpo e garras de aves predadoras; eram agentes da
vingança divina.
Hefesto (Vulcano). Deus do fogo, residia no interior dos vulcões. Manco, feio, mas muito habilidoso, criava
flechas e escudos para os deuses.
Hermes (Mercúrio). Deus dos pastores. Esperto, habilidoso, era o mensageiro dos deuses.
Posêidon (Netuno). Irmão de Zeus, coube-lhe o domínio dos mares. Com um simples movimento de seu
tridente, podia criar tempestades marítimas e ondas monstruosas.

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2. Com a ajuda do professor, pesquise um mito em livros, enciclopédias ou sites.
3. Anote as informações que você considerar mais importantes sobre o mito escolhido.
4. Revise as suas anotações, escolha uma pessoa (pode ser um amigo, um colega de sala, um
parente etc.) e conte oralmente o mito escolhido. Certifique-se de que não esqueceu de
contar alguma informação importante para o desenvolvimento do mito.
5. No momento de escrever, leve em conta o público leitor de seu texto.

Escrita

1. Com base em suas anotações, reconte o mito que pesquisou. Essa reescrita não deve ser a cópia
do texto pesquisado. Você deve contar o mito usando suas próprias palavras.
2. Descreva as características físicas e psicológicas do personagem protagonista. Se ele tiver carac-
terísticas de herói, como Perseu, destaque isso.
3. Descreva o espaço em que vivem os personagens e indique os locais (ou ambientes) onde se
desenrolam as ações.
4. Narre o(s) acontecimento(s) que provoca(m) o conflito. Organize a narrativa em parágrafos. Utili-
ze marcadores temporais para indicar que as ações se sucedem: depois, em seguida, passado um
tempo etc.
5. Caracterize o(s) antagonista(s) e os personagens secundários que auxiliam o protagonista.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

6. Narre, em terceira pessoa, os sentimentos, as ações e as falas dos personagens como se tivesse
presenciado os fatos ocorridos. Se houver diálogos, fique atento à pontuação: use dois-pontos e
travessão para indicar as falas.
7. Narre as reflexões dos personagens.
8. No momento de maior tensão (o clímax), descreva as emoções dos personagens em confronto
(caso haja atos heroicos na narrativa).
9. Elabore o desfecho da história.
10. Normalmente, as narrativas mitológicas são escritas em uma linguagem mais formal. Mas pro-
cure fazer um texto que será facilmente compreendido pelo seu público-alvo, ou seja, pelas
pessoas que você pretende que o leiam. E lembre-se de colocar um título.

Avaliação

1. Releia o texto que escreveu, observando se foram seguidas todas as orientações.

2. Verifique se a linguagem está adequada às finalidades do gênero e ao público a que se destina.


Observe se o texto foi escrito com clareza, de forma que o leitor o entenda.

3. Mostre seu texto a um colega e peça a ele que dê sugestões para melhorá-lo. Faça o mesmo
com o texto que ele produziu.

Reescrita
Passe o texto a limpo, corrigindo-o de acordo com a revisão que você fez e com as observações do
professor. Se achar necessário, faça também as alterações sugeridas pelo colega.

Organização da antologia
Você e seus colegas devem reunir todos os textos produzidos pela classe e organizar uma antologia,
física ou virtual. Se optarem pela antologia virtual, vocês e o professor poderão organizar um blog da Antologia. Coleção
classe, onde todos os textos serão postados. de trabalhos
agrupados de acordo
Quando o blog estiver alimentado com os textos, façam cartazes, divulgando o endereço do site. Caso com critérios de tema,
a opção seja a antologia em papel, façam uma capa para ela. O professor escreverá a apresentação. autoria ou período.
Depois, ofereçam um exemplar à biblioteca da escola, ou façam cópias para distribuir.
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2 Notícia e crônica:
UNIDADE

semelhanças e diferenças
Leitura de imagem
Leia estas imagens.

Edifício Altino Arantes. Situado

PAULO FRIDMAN/SAMBAPHOTO
1
no centro de São Paulo, o
prédio foi projetado por Plínio
Botelho do Amaral.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Prédio projetado por Frank Gehry, arqui-
teto canadense que tem obras espalhadas
pelo mundo todo, conquistou diversos
prêmios ao longo da carreira e é famoso
por suas obras originais e polêmicas.

2
PRISMA BILDAGENTUR AG/ALAMY/GLOW IMAGES

18

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Estudo das imagens
1 Observe as duas imagens.
a) Que impressões a imagem 2 desperta em você?
Professor: Espera-se que os alunos notem que a imagem 2 mostra uma construção arquitetônica
Resposta pessoal. com linhas bem pouco convencionais.

b) O que há em comum entre elas?


Ambas retratam edifícios.

c) O que diferencia os edifícios?


Os projetos arquitetônicos.

d) Qual dos dois tipos de construção você vê com mais frequência?


Dada a semelhança do edifício da imagem 1 com construções clássicas, de arquitetura menos arrojada,

o aluno deve se identificar com a construção dessa imagem (Edifício Altino Arantes).

2 A construção retratada na imagem 2 foi planejada pelo arquiteto Frank Gehry. Leia sobre ele no
texto informativo que se segue.


Frank O. Gehry nasceu em Toronto, mas desde 1947 vive em Los Angeles. Estudou
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

arquitetura na Faculdade do Sul da Califórnia e posteriormente se especializou em


design na Universidade de Harvard. Na década de 1970, rompeu com a arquitetura tra-
dicional e começou a projetar obras totalmente inovadoras, baseadas na emoção.
Vários projetos seus figuram entre os principais marcos da arquitetura contempo-
rânea. Exemplos: o Museu Aeroespacial da Califórnia, o Walt Disney Concert Hall,
que fica em Los Angeles, o Fishdance Restaurant, no Japão, e o Vitra Design Museum,
na Alemanha.
Gehry ganhou muitos prêmios, incluindo o Pritzker Prize em 1989. Seu edifício
mais conhecido é o Museu Guggenheim, em Bilbao, na Espanha, recoberto de titânio.
Adaptado de: <http://educacao.uol.com.br/biografias/frank-gehry.jhtm>. Acesso em: ago. 2014.

Que informação, na biografia do arquiteto, explica a construção que você vê na imagem 2?


O arquiteto, na década de 1970, rompeu com a arquitetura tradicional e começou a projetar obras

totalmente inovadoras, com base na emoção.

3 Após a leitura dos dados biográficos do arquiteto, analise novamente as imagens dos dois edifícios
e responda: o que existe de diferente entre eles?
O primeiro edifício é um exemplo de arquitetura tradicional, privilegia linhas retas, simetria e cores

chapadas. O segundo é um exemplo de arquitetura não tradicional, privilegia as curvas, a assimetria e o

brilho e o reflexo da luz.

Neste capítulo, estudaremos como o escritor transforma, recria os dados da realidade e


provoca emoção no leitor.

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Leitura de texto Professor: Para questões adicionais sobre o gênero textual, consulte
o Banco de Questões na Plataforma UNO.

Texto 1
Leia a notícia a seguir, publicada no jornal Folha de S.Paulo.

Professor: Verifique se os alu-


nos sabem o que é um currí- Suspeito esquece currículo em van assaltada e é preso
culo.
Por culpa de um currículo em que se outros dois rapazes confessaram o crime e
descreve como “educado, de fácil trato” e foram reconhecidos pelas vítimas.
afirma ter “facilidade de trabalhar em equi- Com os dados do jovem, a polícia o pren-
pe, muita vontade de crescer profissio- deu quando chegava em casa. Ele informou
nalmente e disponibilidade de horários”, a localização de Denison dos Santos, 19, e
Everton Cleiton, 21, foi preso ontem pela Alexandre Dantas, 26, que também foram
manhã após ser acusado de assaltar, com presos.
outros dois homens, 12 passageiros em uma
A Folha não conseguiu falar com os
van em Campo Grande, zona oeste do Rio.
jovens.
Na fuga, o rapaz esqueceu a mochi- Suspeito esquece currículo em van assaltada e é preso.
la com a carteira e o currículo no veículo Folha de S.Paulo, São Paulo, Cotidiano, 20 jun. 2009.
Disponível em: <www.folha.com.br>.
assaltado. Segundo a polícia, Cleiton e os Acesso em: jul. 2013.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Estudo do texto
Compreensão do texto
1 Qual é o objetivo de uma notícia?
( X ) Relatar um fato real e relevante.
( ) Expor uma opinião a respeito de um fato policial.
( ) Denunciar questões sociais.
Questão 2.
Professor: Espera-se que 2 O fato relatado na notícia acima é considerado relevante? Por quê? Troque ideias com os colegas.
os alunos percebam que
o fato é relevante porque 3 O título de uma notícia tem como objetivo anunciar a informação mais importante do texto. Nessa
é incomum, inusitado
e até mesmo absurdo: notícia, o título cumpre esse papel? Troque ideias com os colegas.
um rapaz assalta um veículo
e esquece dentro dele uma
mochila com a carteira e um O primeiro parágrafo das notícias, em que o autor resume as principais informações,
currículo. A polícia o encontra é chamado lide. O lide responde às seguintes perguntas: O quê? Quem? Quando? Onde?
facilmente e o prende, pois o
currículo trazia seu endereço. Como? e Por quê?
Questão 3.
Professor: Espera-se que os Professor: A palavra lide é derivada do inglês lead, que significa liderar.
alunos respondam que sim, 4 Releia o lide da notícia e responda às perguntas.
porque o título resume para
o leitor os fatos principais: o a) Quem? Everton Cleiton.
suspeito é identificado por ter
esquecido o currículo (“suspei-
to esquece currículo”) no veí- b) O quê? Foi preso.
culo em que praticou o crime
(“em van assaltada”) e acaba c) Quando? Em 19 de junho de 2009, pela manhã.
sendo encontrado e detido (“é
preso”).
d) Onde? Em Campo Grande, zona oeste do Rio.

e) Como? O rapaz esqueceu dentro da van uma mochila com sua carteira e currículo, o que permitiu
à polícia localizá-lo e prendê-lo.

f ) Por quê? Porque foi acusado de assaltar, com outros dois homens, 12 passageiros em uma van.

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Características da notícia
O redator de uma notícia deve se preocupar com a descrição fiel dos fatos e com a
precisão das informações: nome completo e idade dos envolvidos, localidade, circunstân-
cias em que os fatos ocorreram etc.

1 O jornalista responsável pela notícia não conseguiu depoimento dos jovens acusados, mas para garan-
tir a credibilidade do fato ele cita o depoimento de uma testemunha. Quem dá esse depoimento?
A polícia.

2 Como o jornalista fez para indicar ao leitor que o comentário pertence a outra pessoa?
Ele empregou a expressão “Segundo a polícia” para introduzir o comentário.

A citação de declarações de envolvidos, além de dar credibilidade à notícia, mantém a


imparcialidade do jornalista, mostrando que o que está escrito não é a sua opinião particular.

3 As declarações de pessoas envolvidas no fato também podem ser escritas no discurso direto,
marcadas por aspas.
a) Esse recurso foi usado na notícia? Não. Professor: Espera-se que os
alunos percebam que os tre-
chos marcados por aspas nes-
b) Qual a função das aspas nessa notícia? Indicar trechos transcritos do currículo do rapaz. sa notícia não reproduzem a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

fala de pessoas.
Professor: Auxilie os alunos a
perceber como se organiza a
4 Numere a sequência dos fatos relatados na notícia. sequência dos fatos na notí-
cia com base na estrutura do
( 2 ) Apresenta o fato principal. lide. O “o quê” é o fato princi-
( 3 ) Detalha os fatos. pal, mas no título ele aparece
como a segunda informação,
( 1 ) Apresenta um fato anterior ao fato principal. pois o mais importante nessa
notícia é o “como”.

A notícia é o relato objetivo de um fato real e de interesse público, escrito por um jor-
nalista. Sua finalidade é informar o leitor.
Os fatos na notícia não são relatados em ordem cronológica, ou seja, na ordem em que
ocorreram, mas na ordem de importância.
As notícias costumam ser publicadas em revistas, jornais, sites e blogs.

Leitura de texto
Professor: Comente com os
Texto 2 alunos que essa crônica é um
texto ficcional que expressa
Leia a crônica a seguir, também publicada na Folha de S.Paulo. a visão particular do autor
sobre o fato. Após a leitura,
discuta com eles sobre a res-
A história de um currículo ponsabilidade de cada um por
seus atos, ressaltando que as
Assaltante esquece currículo em van de transporte após assalto e é preso no Rio. Rapaz circunstâncias não isentam
se descreve no documento como “educado, de fácil trato”, e diz ter “facilidade de trabalhar as pessoas de responder por
suas ações.
em equipe”. (Cotidiano, 20 de junho de 2009)
Aos 21 anos, idade simbólica, ele sentiu que tinha chegado a um momento decisivo em
sua vida. Rapaz pobre, de origem humilde, escassa escolaridade, estava diante de duas pos- Cogitação. Reflexão,
sibilidades: ou enveredava pela senda do crime, como tantos de seus amigos da periferia, pensamento,
ou arranjava um emprego decente. Decidiu por essa última, mesmo porque considerava-se imaginação; plano.
pessoa honesta e também porque acumulara certa experiência como ajudante de pintor, ser- Enveredar. Tomar um
caminho.
ralheiro, estoquista. Posições humildes, mas ele sabia de gente que tinha começado por baixo
e que subira na vida. Um posto de gerente de empresa não estava fora de suas cogitações. Senda. Caminho
estreito, vereda.

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O problema era arranjar emprego. Nu­ma época de crise, isto era muito difícil. Ele bem
Enfadado. Aborrecido, que tentou: lia os anúncios de jornais, ficava horas em filas. Num dos lugares que procu-
entediado.
rou, a moça que entrevistava os candidatos perguntou por seu currículo.
Currículo? Ele não tinha currículo algum. Sem currículo ninguém contratará você,
disse ela, enfadada. Trate de preparar o seu. Preparar como? Não sabia como começar.
Mas tinha a quem recorrer: seu antigo professor, um homem generoso que muitas vezes
o ajudara. Foi procurá-lo, e, como de costume, o mestre o auxiliou.
No dia seguinte o currículo estava pronto. O professor explicou que, como o rapaz
não tinha muita coisa a dizer a respeito de seus próprios méritos, colocara coisas gerais,
definindo-o como alguém “educado, de fácil trato”, com “facilidade de trabalhar em equi-
pe, muita vontade de crescer profissionalmente e disponibilidade de horários”, afirmativas
que o rapaz deveria confirmar na entrevista.
O fato de ter um currículo deixou-o muito contente e animado. Aquele papel seria
a chave mágica que lhe abriria a porta das oportunidades. Gastou as poucas economias
mandando fazer dezenas de cópias, que deixou em vários lugares, inclusive no bar perto
de sua casa.
Poucos dias depois foi procurado por dois rapazes do bairro. Quando os viu, estreme-
ceu: os dois eram conhecidos ladrões. E estavam ali para convidá-lo – para convidá-lo,
não, para intimá-lo – a participar de um assalto a uma van de transportes, coisa que pode-
ria render boa grana.
Um dos assaltantes tinha na mão um papel: o currículo. E disse, irônico: “Você diz

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que tem facilidade de trabalhar em equipe e vontade de crescer profissionalmente. É
por isso que você nos serve. Agora, se você recusar...”. A ameaça era clara e não havia
alternativa. Participou no assalto, que aparentemente teve sucesso. Só aparentemente:
ele esquecera na van uma mochila com o currículo no qual constava o seu endereço. A
polícia não teve a menor dificuldade em achá-lo.
Os outros dois assaltantes estão furiosos com ele. Consideram-no um traidor,
acham que esqueceu a mochila de propósito. Num certo sentido talvez estejam certos.
No fundo, ele queria que lessem o seu currículo, que lhe dessem uma oportunidade.
Pela qual ele pode esperar. Na prisão, e como diz o currículo, ele terá muita disponi-
bilidade de horários.
SCLIAR, Moacyr. A história de um currículo. Folha de S.Paulo, São Paulo, Cotidiano, 22 jun. 2009. Disponível em:
<www.folha.uol.com.br/fsp>. Acesso em: jul. 2013.

Estudo do texto
Compreensão do texto
Qual é a função do trecho abaixo na crônica?

Assaltante esquece currículo em van de transporte após assalto e é preso no Rio. Rapaz
se descreve no documento como “educado, de fácil trato”, e diz ter “facilidade de trabalhar
em equipe”. (Cotidiano, 20 de junho de 2009)

O trecho identifica a notícia que inspirou Moacyr Scliar a escrever a crônica.

22

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Características da crônica
1 Releia a notícia e a crônica e marque: Verossímil. Que
parece verdadeiro.
A para características do texto 1.
B para características do texto 2.
( A ) Relato objetivo de fatos verídicos envolvendo pessoas.
( B ) Narrativa subjetiva, verossímil, possível ou não de acontecer, envolvendo personagens.
( B ) Recriação da realidade.
( B ) Intenção de provocar emoção.
( A ) Ênfase na informação, no conteúdo.
( B ) Apresentação de elementos da narrativa literária: enredo, tempo/espaço, personagens, sus-
pense etc.
( A ) Indicação precisa do espaço e do tempo em que os fatos relatados aconteceram.
( B ) Ausência de preocupação em situar com precisão os fatos relatados no tempo e no espaço.

2 Releia este trecho.

Mas tinha a quem recorrer: seu antigo professor, um homem generoso que muitas
vezes o ajudara. Foi procurá-lo, e, como de costume, o mestre o auxiliou.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A quem se referem os pronomes destacados no trecho acima?


Em o ajudara refere-se ao jovem; em procurá-lo refere-se ao professor; em o auxiliou refere-se ao jovem.

3 Numere as frases de acordo com a sequência dos acontecimentos narrados na crônica.


( 5 ) O personagem participa de um assalto malsucedido.
( 4 ) O personagem sofre intimidação e ameaça.
( 2 ) O personagem toma decisões de acordo com seus princípios.
( 1 ) Descrição física do personagem e apresentação de seu conflito.
( 3 ) O personagem tenta manter sua decisão, tomando várias providências.

a) Os fatos foram narrados na mesma ordem em que se apresentaram na notícia?


Não.

b) Em que ordem eles foram narrados na crônica?


Na ordem em que aconteceram, ou seja, em ordem cronológica.

c) Qual a principal diferença na ordem de apresentação dos fatos na notícia e na crônica?


Professor: Espera-se que os alunos percebam que na crônica o esquecimento da mochila e a prisão do rapaz só são
narrados no final, enquanto na notícia essas informações são as primeiras a aparecer.

A crônica é a recriação de um dado da realidade a partir do olhar particular do escritor.


A finalidade desse texto é emocionar, entreter o leitor.
Enquanto na notícia os fatos organizam-se de acordo com sua importância, na crô-
nica eles podem se apresentar em ordem cronológica (como na crônica de Moacyr Scliar)
ou não cronológica, dependendo do efeito que o autor pretende causar no leitor.
Assim como as notícias, as crônicas costumam ser publicadas em revistas, jornais, sites e blogs.

23

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Produção de texto
Professor: Na Plataforma UNO,
há uma proposta adicional de Leitura de notícia
produção de texto, a qual con-
templa o gênero crônica, tam- A notícia a seguir pode parecer inacreditável, mas o fato aconteceu de verdade, no Parque
bém estudado nesta unidade.
Nacional de Everglades, nos Estados Unidos. À semelhança do Pantanal mato-grossense, no
Brasil, esse parque permanece inundado pelas chuvas durante metade do ano e acolhe uma
fauna rica em peixes, aves, mamíferos e, principalmente, répteis.

Título Pais tiram filho da boca de crocodilo


Família de brasileiros passeava em parque quando o filho de 7 anos caiu no pântano e foi
Tîtulo auxiliar ou linha fina
atacado pelo animal
Redator da notícia PATRICIA DECIA
de Nova York

Professor: Chame a atenção 1 O garoto Alexandre Teixeira, 7, foi res- impedindo que ele mergulhasse com o me-
dos alunos para o título da
notícia, que destaca o heroís- gatado de dentro da boca de um crocodi- nino. Eu pulei logo em seguida. Não sabia
mo dos pais, tirando o foco do lo por seus pais, sábado [13/7/1996], no o que fazer e acabei enfiando a mão na boca
“ataque do animal”.
Parque Nacional de Everglades, em Miami do crocodilo. Então, ele soltou meu filho”,
Professor: O trecho sublinha-
do refere-se à atividade 2 da (EUA). A família passea­va de bicicleta em conta Maria Odete Teixeira, 35.
página 26. uma trilha do parque, quando Alexandre 4 O animal chegou a morder a mão de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
caiu da sua e foi parar dentro do canal. Maria Odete, provocando ferimentos. “A
2 O animal, de três metros de comprimen- sorte é que ele não tem dentes afiados. O
to, abocanhou o tórax do garoto, de ombro a principal problema é a pressão (das mandí-
ombro, quebrando duas costelas e provocan- bulas), mas não tive nenhuma fratura.”
do um início de hemorragia. Alexandre está se 5 De férias nos Estados Unidos desde 4
recuperando num hospital infantil de Miami. de julho, a família Teixeira já havia en-
3 “Meu marido se jogou no canal e con- frentado o furacão Bertha, na ilha de Saint
seguiu manter a boca do crocodilo aberta, Thomas.

MIGHTY SEQUOIA STUDIO/SHUTTERSTOCK

Crocodilo do Parque Nacional de Everglades, local do acidente com o menino Alexandre. Miami, Flórida, Estados Unidos.

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Intertítulos
Luta com o crocodilo 11 O Everglades fica numa região de pânta-
6 Hélio Teixeira, 46, professor de econo- no, infestada por crocodilos. (...)
mia na USP, sua mulher, Maria Odete, e os Estado de saúde
filhos Otávio, 3, Alexandre, 7, e Clodine,
12 A médica responsável pelo tratamento
13, resolveram visitar o parque de Ever-
de Alexandre Teixeira, Cathy Burnweit, do
glades baseados em sugestão de roteiros
Miami Children’s Hospital, disse por telefone
turísticos. “Nós entramos no parque a pé.
que ele deve ter alta amanhã. Sua situação é
Havia um tour de ônibus às 15h, mas ainda
estável e ele passa bem. “Hoje (ontem) pela
eram 14h10. Resolvemos alugar bicicletas
manhã ele brincou com video games, comeu
ali mesmo. De repente, após dez metros de
e se comportou bem”, disse ela.
trilha, tudo aconteceu. Não sabíamos que já
havia crocodilos tão perto da entrada”, afir- 13 Segundo Burnweit, o garoto sofreu le-
mou Maria Odete. sões no pulmão, mas elas não devem causar
7 Segundo ela, Clodine foi a primeira a
danos permanentes. “Não sabemos se o pul-
mão foi atingido pelos dentes do crocodilo
avistar o animal, gritando para o irmão sair
ou machucado pela pressão das costelas.”
do canal. Alexandre teria escorregado pela
Ela disse ainda que Alexandre está com um
segunda vez e foi atacado pelo crocodilo.
dreno no lado direito do peito, para ajudar
8 Hélio, que tem 1,90 m e pesa mais de
a expelir ar e impurezas.
100 quilos, segundo sua mulher, pulou no
Colaborou Noelly Russo,
canal imediatamente e se atracou com o da Reportagem Local.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

animal.
9 “A água batia na minha cintura, e não DECIA, Patricia. Pais tiram filho da boca
de crocodilo. Folha de S.Paulo, São Paulo,
havia cerca de proteção. Não tenho a menor Cotidiano, 16 jul. 1996. Disponível em:
ideia se havia outros crocodilos por perto. <www.folha.uol.com.br/fsp>.
Acesso em: jul. 2010.
Na hora, você não pensa nem vê nada, só
em seu filho”, contou a mãe.
10 Alexandre recebeu os primeiros socor-
ros dentro do parque. Cerca de 15 minutos
depois, um helicóptero o transportou para
o hospital.
PHILIP LANGE/SHUTTERSTOCK

Parque Nacional de Everglades, em Miami, Flórida, Estados Unidos.

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Análise da notícia
1 Qual é a sequência temporal dos fatos apresentados na notícia? Relacione as colunas.
( a ) Apresentação do fato principal ( c ) Parágrafos 5 a 9
( b ) Pormenorização cronológica ( a ) Parágrafo 1
dos fatos
( c ) Volta ao passado para relatar ( b ) Parágrafos 2 a 4
fatos anteriores

2 Sublinhe o trecho da notícia que corresponde ao lide.

3 Responda a estas perguntas com base nas informações do lide.


a) Quem? Alexandre Teixeira.

b) O quê? Foi resgatado da boca de um crocodilo por seus pais.

c) Quando? Em 13/7/1996, um sábado.

d) Onde? No Parque Nacional de Everglades, Miami, Estados Unidos.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e) Como? Caiu da bicicleta e foi parar dentro do canal onde estavam os crocodilos.

Manchete é o título principal da primeira página do jornal (impresso ou on-line).


Ela destaca o assunto mais relevante do dia, segundo a opinião do jornal. As notícias
vêm antecedidas por um título que já antecipa o fato que será relatado. Para criar um
título de notícia, deve-se:
• anunciar a informação principal do fato;
• selecionar apenas as palavras indispensáveis para a compreensão e para chamar a
atenção do leitor.

4 Releia o título da notícia.

Pais tiram filho da boca de crocodilo

Em sua opinião, esse título provoca a curiosidade do leitor? Explique.


Resposta pessoal.
Professor: Os alunos devem perceber que o título apresenta um fato inesperado, que chama a atenção do leitor.

5 Crie outro título para essa mesma notícia.


Algumas respostas possíveis: “Menino cai da bicicleta e é abocanhado por crocodilo”; “Na boca do

crocodilo”; “Pego por um crocodilo”.

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6 Observe os créditos da notícia.
Em que data ela foi publicada e quando ocorreu o acidente?
Foi publicada em uma terça-feira, 16 de julho de 1996. O acidente ocorreu em um sábado, 13 de julho de 1996.

Professor: Se necessário, lem-


bre aos alunos o sentido das
palavras itálico e negrito, em
artes gráficas. Itálico: tipo de
Título auxiliar é uma frase sem ponto final que aparece abaixo do título, com o obje- letra com realce inclinado para
tivo de complementá-lo. Também é chamado linha fina. a direita. Negrito: tipo de letra
com traçado mais grosso, usa-
Intertítulo é um pequeno título que divide os blocos de informação de uma notícia ou re- do para destacar manchetes,
portagem mais longa, com a finalidade de facilitar a leitura. títulos, intertítulos, verbetes
de dicionário etc.
Eles podem aparecer destacados em itálico ou em negrito.

7 Transcreva o título auxiliar da notícia.


Família de brasileiros passeava em parque quando o filho de 7 anos caiu no pântano e foi atacado pelo

animal

8 Releia estes trechos da notícia.

“(...) De repente, após dez metros de trilha, tudo aconteceu. Não sabíamos que já
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

havia crocodilos tão perto da entrada”, afirmou Maria Odete.

Segundo ela, Clodine foi a primeira a avistar o animal, gritando para o irmão sair
do canal. Alexandre teria escorregado pela segunda vez e foi atacado pelo crocodilo.

a) Por que foram utilizadas aspas no primeiro trecho? Professor: Lembre aos alunos
que a citação de declarações
Para indicar a fala da mãe do menino. de envolvidos (tanto em dis-
curso direto quanto indireto)
b) No segundo trecho, a quem se refere o pronome ela? serve para dar credibilidade
à notícia e manter uma certa
À mãe do menino, Maria Odete. imparcialidade do jornalista.

Produção de notícia
Suponha que você é o repórter do jornal do seu bairro e recebeu a tarefa de escrever uma notícia
sobre um fato ocorrido em sua cidade. Os leitores serão os moradores do bairro, que recebem o jornal
gratuitamente. Para orientar a sua produção, faça a atividade a seguir.

Aquecimento

1. Selecione, entre os fatos relacionados abaixo, os que podem se tornar notícia.


( X ) Um deslizamento de terra em área habitada
( ) Mudança do quadro de funcionários de uma empresa
( X ) Descoberta de sítio arqueológico
( ) Viagem de férias
( X ) Baleia encalhada na praia
( X ) Espionagem internacional de documentos
( X ) Briga entre torcidas em um campeonato
( ) Passeio de bicicleta no fim de semana
( ) Um dia normal de trabalho
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2. Reúna-se com um colega e relacionem mais três fatos que podem se tornar notícia. Em seguida,
compartilhem com a classe os fatos selecionados.
É importante, nesse momento, que todos participem, opinando se o fato apresentado é relevante
a ponto de provocar interesse no leitor.

Planejamento

1. Com seus colegas, pesquisem em jornais ou revistas (impressos ou virtuais) algumas notícias.
Leiam atentamente cada uma delas. Observem especialmente os títulos e lides.

Professor: Vale a pena infor- 2. Ainda em grupo, observem as fotos abaixo: elas são imagens jornalísticas.
mar aos alunos que, em 2010,
estas fotos foram premiadas
pelo World Press Photo, um

MIKE HUTCHINGS/REUTERS/LATINSTOCK
dos principais concursos de
fotojornalismo do mundo.

Professor: Nesta imagem, o fato é a ocorrência de um cho-


que violento entre jogadores de times opostos na dispu-
ta pela bola. Em 6 de julho de 2010, o holandês Demy de
Zeeuw foi atingido no rosto pelo uruguaio Martin Cáceres
durante o jogo da semifinal da Copa do Mundo, na Cidade
do Cabo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FEISAL OMAR/REUTERS/LATINSTOCK

Professor: Nesta imagem, a notícia é a captura


do tubarão pelo homem. Uma simples pescaria
não seria notícia, mas ver alguém carregando
um tubarão pelas ruas não é usual. Comente
com os alunos que ninguém sabe ao certo
como o tubarão foi parar ali, nem o que foi fei-
to dele. Houve apenas o registro de imagem,
feita na Somália, mas este foi um trabalho do
fotógrafo. Nenhum repórter realizou a investiga-
ção necessária para contar a história completa e
compreender os fatos plenamente.

a) Todas essas fotos retratam fatos que viraram notícia. Discuta com seus colegas que fatos rele-
vantes seriam esses.
Professor: O importante é
que as legendas não descre-
vam as imagens, mas que
b) Escreva uma legenda para cada foto, levando em consideração a informação a seguir.
acrescentem informações ao
leitor. Sugestões: 1a foto: Fra-
tura de maxilar exclui jogador Legendas de notícias são textos curtos que proporcionam ao leitor informações comple-
da Copa do Mundo de 2010;
2a foto: Homem carrega tuba- mentares sobre o que ele está vendo na foto e sobre o fato ocorrido.
rão pelas ruas da Somália.

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3. Com um colega, relembrem fatos relevantes que ocorreram este ano e que poderiam ter se
tornado uma notícia. Escreva uma frase que identifique o fato.
Resposta pessoal.

4. Identifiquem os envolvidos no fato e, se possível, colham depoimentos deles para dar credibili-
dade à notícia. As declarações podem ser anotadas ou gravadas.
Resposta pessoal.

Escrita
Escreva a notícia de acordo com as orientações a seguir.

Orientações para a redação da notícia

1. No primeiro parágrafo, ou lide, apresente o resumo dos acontecimentos. Não se esqueça de dar
as informações básicas, como:
• f ato que será relatado na notícia;
• local em que se passa o fato;
• quando ocorreu;
• c omo se deu o problema (ou solução);
• p essoas envolvidas no acontecimento.

2. Nos outros parágrafos, acrescente as informações complementares, as declarações das pessoas


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

envolvidas nos fatos etc. Lembre-se de apresentar os fatos de acordo com o grau de importância
de cada um.

3. Redija frases curtas. Os parágrafos devem organizar a notícia em blocos de informações.


4. Use linguagem impessoal, clara, objetiva. Deve ser utilizada a variedade padrão de prestígio social.
5. Evite o uso de adjetivos que possam revelar seus próprios posicionamentos e avaliações.
6. Indique idade, data, horário e outros dados numéricos relacionados com os fatos.
7. Empregue os recursos adequados para introduzir as falas dos envolvidos: verbos, expressões Professor: Os verbos de dizer
têm como principal função
(como “segundo”, “de acordo com” etc.) e aspas. Nunca se esqueça de utilizar as aspas para marcar indicar o interlocutor que está
os depoimentos reproduzidos diretamente. com a palavra. Exemplos: con-
cluir, acrescentar, esclarecer,
8. Releia a notícia e crie um título atraente. afirmar, repetir, perguntar, ex-
plicar, exemplificar, responder,
argumentar, continuar, comen-
9. Crie um título auxiliar e, se necessário, crie intertítulos para facilitar a leitura. tar, demarcar, justificar, reco-
nhecer, supor, compreender,
10. Verifique se há necessidade de complementar a notícia com gráficos ou desenhos. demonstrar, lembrar, verificar.

Avaliação
1. Avalie a notícia, observando se foram seguidas todas as orientações.
2. Mostre a notícia que você escreveu a um colega da classe e peça a ele que dê sugestões para
melhorar o texto. Faça o mesmo com o texto que ele redigiu.

Reescrita
Passe a notícia a limpo, corrigindo-a de acordo com a revisão que você fez e as observações do
professor. Lembre-se de tornar o texto claro, legível, compreensível e atraente para o leitor. Se achar
necessário, faça também as alterações sugeridas pelo colega.

Apresentação
De acordo com as orientações do professor, escolham as melhores notícias produzidas e
publiquem-nas no site da escola ou as enviem ao jornal da comunidade em que vocês vivem.

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PROGRAMA Trabalhando habilidades
Nestas páginas, você vai trabalhar o Descritor 3 da Matriz de Referência da Prova Brasil de Língua Portu-
guesa. Para saber mais sobre ela, consulte a Matriz Geral de Habilidades na Plataforma UNO.

D3 1 O poeta e escritor português Fernando Pessoa (1888-1935), além de usar o próprio nome, assina-
va seus poemas com outros nomes, os chamados heterônimos. Os mais conhecidos são Álvaro
de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis, para os quais Pessoa chegou a criar estilos e biografias
diferentes, como se eles realmente existissem. Leia um poema do heterônimo Ricardo Reis.
Professor: Este texto será
utilizado também no cader- Para ser grande, sê inteiro: nada
no 3 de Gramática, como
base para a questão 3, cuja Teu exagera ou exclui.
habilidade trabalhada será
estabelecer relações entre Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
partes de um texto, identi-
ficando repetições ou subs- No mínimo que fazes.
tituições que contribuem Assim em cada lago a lua toda
para a continuidade de um
texto. Brilha, porque alta vive.
PESSOA, Fernando. Odes de Ricardo Reis. Em: Obra
poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1999. p. 289.

Assinale a alternativa que explica de forma mais adequada o sentido dos adjetivos destacados.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a) Alto e completo.
b) Nobre e íntegro.
c) Intenso e ileso.
d) Longilíneo e absoluto.

D3 2 (Saeb) Leia este texto.

O pavão
E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo
imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na
Esplender. Luzir, pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a
brilhar intensamente.
luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Prisma. Objeto que
tem a propriedade Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com
de decompor a luz o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a
branca.
simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita
e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de
teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
BRAGA, Rubem. O pavão. Em: Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 120.

No segundo parágrafo do texto, a expressão “atingir o máximo de matizes” significa o artista:


a) fazer refletir, nas penas do pavão, as cores do arco-íris.
b) conseguir o maior número de tonalidades.
c) fazer com que o pavão ostente suas cores.
d) fragmentar a luz nas bolhas d’água.

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D3 3 Leia este texto.

Está bem, mãe. Vou fazer a sua vontade. Vou escrever a história do que aconteceu aqui
desde a chegada do tio Baltazar. (...) Eu tinha onze anos quando o tio Baltazar chegou da
primeira vez. Estava casado de novo, mas veio sozinho e com fama de muito rico. Relem-
brando aqueles tempos, meu pai me disse que depois de alguns dias aqui tio Baltazar pen-
sou em desistir da Companhia e voltar. Agora eu pergunto de novo: se ele tivesse voltado
naquela ocasião, será que ainda estaria vivo? E se ele não tivesse fundado a Companhia,
será que teríamos passado por tudo o que passamos? Mas perguntar essas coisas agora é o
mesmo que dizer que se o bezerro da vizinha não tivesse morrido ainda estaria vivo. (...)
VEIGA, José J. A chegada. Em: Sombras de reis barbudos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. 1-2.

Assinale a alternativa que melhor define e justifica o possível sentimento do narrador ao declarar,
no início do texto: “Está bem, mãe. Vou fazer a sua vontade”.
a) Alegria, pois o narrador se satisfaz ao cumprir o que sua mãe lhe pedira.
b) Conformismo, pois o narrador dá a entender que não lhe era prazeroso escrever o que a mãe
lhe pedira.
c) Orgulho, pois, ao escrever, o narrador pode exercitar suas habilidades de contador de histórias
e, ainda, obedecer à vontade da mãe.
d) Satisfação, pois o narrador pode esclarecer toda a verdade sobre o tio Baltazar e, assim, passar
a limpo um episódio da história de sua família.

Autoavaliação
Reúnam-se em grupos e façam as atividades a seguir.

1 Busquem na Matriz Geral de Habilidades o texto do Descritor trabalhado nas questões.


2 Vocês consideram importante trabalhar essa habilidade? Por quê?
Resposta pessoal.
Professor: Os alunos devem perceber que o raciocínio da inferência permite o estabelecimento de novos significados de
determinados termos nos textos, dependendo das intenções do enunciador e dos usos sociais da linguagem. Inferir tais
significados implica sair do lugar-comum e compreender de maneira mais profunda e madura os contextos sociais envol-
vidos na produção de textos.

3 Compartilhem as estratégias de resolução das questões e como cada um resolveu a(s)


dificuldade(s) que encontrou.
Resposta pessoal.
Professor: Enfatize a importância de ler os textos-base, tanto oral quanto silenciosamente, em sala de aula. Muitas vezes
a inferência depende do descortinar de várias camadas interpretativas do texto, de modo que sua compreensão deve ser
lenta, gradual e diferente para cada aluno. Portanto, oriente os alunos quanto à compreensão das palavras segundo a
adequação e as necessidades exigidas por seus suportes e pelas intenções do enunciador.

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Para saber mais
Para ler

REPRODUÇÃO
• Vida e morte da onça-gente, de Joel Rufino dos Santos. São Paulo: Mo-
derna, 2006. (Coleção Veredas.) (Livro digital.)
Essa história é dos tempos do começo do mundo, tempos em que
ainda não havia noite. É também a história da onça-gente, onça aven-
tureira que teve coragem de sair por aí sozinha e ganhar o mundo.
(Também disponível em versão impressa.)

• A ascensão dos Vésper, de Rick Riordan et al. São Paulo: Ática, 2012.
As quatro histórias que compõem A ascensão dos Vésper desvendam a rivali-
dade de cinco séculos entre os irmãos Cahill e os Vésper. Os contos abordam
diferentes períodos da história, do século XVI até a Segunda Guerra Mundial,
servindo de fundo histórico para as peripécias dos aventureiros Cahill, que
REPRODUÇÃO

buscam proteger seus segredos dos adversários que os espreitam.

Para assistir
• A história sem fim, de Wolfgang Petersen. Alemanha/Inglaterra, 1984,
92 min.
Ao começar a ler um misterioso livro, o jovem Bastian é levado a um
mundo de fantasia onde encontra um caracol de corrida, um morcego
planador, um dragão da sorte, elfos, a Imperatriz Menina, o valente guer-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
reiro Atreyu e a pedra ambulante chamada Come-Pedra.
REPRODUÇÃO

• O jardim secreto, de Agnieszka Holland. EUA, 1993, 101 min.


Em uma casa de campo, três crianças estão sob o cuidado de uma se-
vera governanta. Mary é uma menina órfã e rebelde. Seu primo Colin é
um garoto mimado e cheio de manias, e Dickon é um menino gentil e
atencioso. Juntos eles desafiam as regras da casa e descobrem um jardim
abandonado, que se transforma em um esconderijo particular. Por meio
do carinho desses três amigos, o velho jardim transforma-se em um lugar
mágico, cheio de flores, surpresas e alegria.

• Percy Jackson e o ladrão de raios, de Chris Columbus. EUA, 2010, 118 min.
REPRODUÇÃO

Com nuvens de tempestade sinistras encobrindo o planeta e com sua


vida ameaçada, Percy viaja até um campo de treinamento onde aperfei-
çoa seus recém-descobertos poderes para evitar uma guerra devastadora
entre os deuses. O destino da humanidade depende do resultado dessa
jornada, bem como a vida da mãe de Percy, Sally, que ele terá de resgatar
das profundezas do inferno.

978-85-8247-615-4
49018474

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