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O nome Miguel significa: “Quem é semelhante a Deus?”.

É um desafio a satanás que, desde o


princípio, quis ser igual ao Criador (Isaías 14:12-14). Sempre que Miguel é mencionado na
Bíblia, se refere à pessoa de Jesus como Comandante dos exércitos celestiais em direta disputa
com Satanás. Para nossa felicidade eterna, Miguel sempre sai vitorioso. Leia: Judas 9; Daniel
10:13, 21;12:1; Apocalipse 12:7.

Detalhe: quando nós Adventistas afirmamos que Miguel significa “semelhante a Deus”, no
original e para a cultura hebraica, entendemos que “semelhante” significa “igual” (ver João
5:18; 19:7).

Miguel, portanto, é um dos nomes de honra de Jesus e em nada interfere na Divindade dEle.
Por isso, é injusta a comparação que alguns “apologistas” modernos fazem entre os
Adventistas e as Testemunhas de Jeová, que usam o argumento de que Cristo é “Miguel” para
“provar” que Ele é uma “criatura”.

Sendo Jesus chamado de o “arcanjo” (e até de anjo algumas vezes, como veremos a seguir) nas
Escrituras, isto não O torna “anjo” no sentido de criatura, assim como o fato de Ele ser
chamado de cordeiro (João 1:29) e leão (Apocalipse 5:5) não o torna animal. Da mesma forma
que estes nomes simbólicos se referem a determinadas funções de Jesus, os termos “arcanjo”
e “anjo”, também. Anjo significa “mensageiro” e Jesus é o “mensageiro de Deus Pai” à
humanidade, o Mensageiro que comunica as boas notícias de Salvação!

Portanto, para os Adventistas do Sétimo Dia e demais cristãos ortodoxos, Jesus é Deus no mais
pleno sentido da palavra. A Bíblia não deixa dúvidas: “No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram
feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez”. João 1:1-3. “E o Verbo se
fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como
do unigênito do Pai”. João 1:14. “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado
por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste”. Colossenses 1:15-
17. “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele,
subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si
mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e,
reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e
morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está
acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e
debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”.
Filipenses 2:5-11.

E o texto de Judas 9? Se o aplicarmos a Jesus não estaríamos rebaixando a Sua autoridade


perante Satanás?

“Contudo, o Arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo
de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O
Senhor te repreenda!” Judas 1:9.

Este texto não rebaixa a autoridade de Jesus, mas contém uma preciosa lição para nós cristãos.
Cristo, mesmo sendo Deus, não respondeu a diabo da mesma forma: não se rebaixou a ponto
de proferir palavras de difamação ao diabo, mesmo (Cristo) falando com autoridade. A
natureza perfeita de Jesus não permite que Ele faça uso do mesmo comportamento do inimigo
(proferir palavras malignas, juízo infamatório, como diz o texto – compare-o com Filipenses
2:5-8 e veja o contraste entre caráter de satanás e o caráter humilde de Cristo).

Em certa ocasião, Deus Pai, mesmo sendo poderoso, não optou por expulsar de vez Satanás de
Sua presença. (Ler Jó 1:6-12). Do mesmo modo que o Pai não perdeu Sua autoridade Divina
por ter permitido que Satanás dialogasse, Jesus não perde a autoridade dEle pelo fato de
deixar o diabo falar e por não querer (Jesus) fazer parte daquele tipo de palavreado maldoso.
Jesus é um Deus de classe.

Leia Zacarias 3:1-8, especialmente o verso dois. Poderá confirmar que o “Anjo do Senhor”
(termo usado em referência ao próprio Cristo) é Miguel em Judas 9.

E Daniel 10:13? A expressão “um dos primeiros príncipes” não estaria sugerindo que há outros
no mesmo pé de igualdade que Miguel, ou seja, que este ser é um anjo mesmo?

Conquanto Miguel seja chamado de “um dos primeiros príncipes” isso não O coloca no mesmo
pé de igualdade que os demais anjos. No Céu há uma hierarquia de anjos (há querubins,
serafins…), cada um com um papel a desempenhar na adoração a Deus e no plano da salvação
(Hebreus 1:14). Se Jesus escolheu alguns anjos para serem príncipes com Ele no governo dos
demais anjos (sendo Ele o Príncipe Supremo), que problema haveria em Ele ser chamado de
“um dos primeiros príncipes”? Não há dificuldades em Jesus ser o Príncipe Principal (por ser
Deus) e estabelecer outros seres abaixo dele, com o mesmo nível de governo, para dirigir os
anjos. Isto em nada afeta a autoridade Divina do nosso Salvador.

O pastor americano Mark Finley em seu livro Revelando os Mistérios de Daniel, pág. 125, traz
uma informação importante: há traduções (em inglês) que traduzem Daniel 10:13 da seguinte
forma: “o primeiro dos príncipes”.

Interessante é que não são apenas os Adventistas do Sétimo Dia que identificam Miguel com
Jesus Cristo. Comentaristas como João Calvino, Matthew Henry, entre outros, tiveram a
mesma opinião! (Disponibilizarei no blog várias citações deles que constam no livro “Questões
Sobre Doutrina” – Casa Publicadora Brasileira).

Também é importante salientar que a mesma Bíblia que chama a Miguel de “um dos primeiros
príncipes” diz ser Ele “o vosso príncipe” (Daniel 10:21) e “o grande príncipe” (Daniel 12:1).
Comparando estes textos com Isaías 9:6 e Atos 5:31 (preste atenção no termo “príncipe”), não
podemos ter dúvidas de que o Ser mencionado em Daniel 10:13 mencionado é Cristo.

1ª Tessalonicenses 4:16 relaciona a “voz do arcanjo” com a ressurreição dos santos por ocasião
da volta do Senhor Jesus. Cristo mesmo declarou que os mortos sairiam do túmulo ao ouvirem
SUA VOZ (João 5:28, 29). Esta é outra evidência de que Miguel tem de ser um dos nomes de
honra do Salvador.

“A literatura judaica descreve a Miguel como o mais elevado dos anjos, o verdadeiro
representante de Deus, e o identifica como “anjo de Yahweh”, o qual se menciona com
frequência no Antigo Testamento como um ser divino” (Dicionário Bíblico Adventista do 7º Dia
[CD ROM, espanhol]).

Daniel é a maior evidência de que Miguel é um dos nomes de honra do Divino Jesus

O livro de Daniel, a meu ver, apresenta a maior das evidências de que o nome “Miguel” deve
obrigatoriamente ser aplicado a Cristo. Temos neste livro quatro grandes blocos proféticos que
dão ênfase a Jesus e ao Seu reino. Estes blocos proféticos nos ajudam a entender o livro, seu
propósito e também a descobrir quem é o personagem principal das profecias da Bíblia. Veja:

CAPÍTULO 2: Jesus aparece como sendo a Pedra que destrói a estátua;

CAPÍTULO 7: Jesus aparece como sendo o Filho do Homem que se dirige ao Ancião de Dias
(Deus Pai);

CAPÍTULO 8: Jesus aparece em cena como sendo o Príncipe dos Príncipes;

CAPÍTULOS 10-12: Jesus aparece como Miguel, o libertador.

Veja que interessante: se Miguel não fosse Jesus, o sincronismo do livro de Daniel
(apresentado em seus blocos proféticos) seria quebrado! É muito estranho imaginarmos que
nos três primeiros blocos proféticos o centro é Jesus enquanto que no último o personagem
principal é um “ser criado”.

Todos os blocos proféticos terminam com a manifestação de Cristo e do Seu reino. Por isso,
para que o sincronismo do livro de Daniel seja mantido, Miguel tem que ser um dos nomes de
Jesus. Além disso, deve-se destacar que o conflito entre o bem e o mal se dá entre Cristo
(Deus) e lúcifer (criatura) e não entre dois seres criados (ver Apocalipse 12:7-9).

Se Jesus é Deus, como pode ser chamado de Arcanjo?

Ao compreendermos o sentido etimológico da palavra “arcanjo”, este aparente problema é


resolvido. No grego, “arcanjo” significa “chefe dos Anjos”. Este título não precisa
necessariamente referir-se apenas a um ser criado, assim como ocorre com o termo “anjo” –
mensageiro (vimos isso anteriormente). É aceito entre os comentaristas (inclusive não-
adventistas) que Jesus Cristo é o “Anjo do Senhor” mencionado no Antigo Testamento (ver
Gênesis 16:7; 18:1, 2, 13 e 19; Êxodo 3:2-5; 23:20-33; 32:34; Juízes 6:11-24; 13:21-22. Eis uma
nota explicativa da Bíblia de Estudo Almeida sobre Êxodo 3:2 [Sociedade Bíblica do Brasil]: “O
Anjo do Senhor (mensageiro ou enviado) não é aqui um ser distinto do próprio Deus (conferir
verso 4), mas Deus mesmo, enquanto se faz presente para comunicar uma mensagem”.

Do mesmo modo que Cristo não se torna uma criatura ao ser chamado de “Anjo do Senhor”
(na verdade Ele é o “mensageiro”, de Deus Pai à humanidade), o mesmo ocorre quando é
designado de arcanjo. Sendo que Ele é o Criador, automaticamente é o “Chefe Supremo” -
Arcanjo – de todos os anjos.

A expressão “arcanjo” aparece apenas em passagens apocalípticas, onde Cristo está em direto
confronto com satanás. Não há base bíblica para crermos que este termo se aplique a um anjo,
um ser criado. É difícil provar pela Bíblia a ideia de que arcanjo seria uma “classe de anjo”,
mesmo que um dos significados da palavra possa ser “anjo chefe”. Como sabemos, não
devemos basear um ensino apenas no significado das palavras: um conjunto de textos bíblicos
que esclareçam um ponto também deve ser considerado.

Com isto, podemos ver que a posição Adventista a respeito do “Arcanjo Miguel”, levando em
conta não apenas o sentido do termo, mas também outros textos paralelos, em nada afeta a
suprema e absoluta Divindade do Senhor Jesus Cristo. (1 João 5:20; Hebreus 1:1-3, etc.).

Um abraço,

Leandro Quadros
Quem é o “Arcanjo Miguel” mencionado em Judas 9?

Alberto R. Timm

Muita especulação surgiu através dos tempos, nas tradições judaica e cristã, sobre a natureza
e obra dos anjos, bem como sobre a identificação do Arcanjo Miguel. Na literatura
pseudoepígrafa, por exemplo, Miguel é apresentado como um dos sete arcanjos celestiais (I
Enoque 20:1-7; 81:5; 90:21-22; Tobias 12:15), e um dos quatro que se encontram mais
próximos do trono de Deus (I Enoque 9:1; 40:1-10; 54:6; 71:8, 9 e 13). Essas tradições
extrabíblicas têm sido usadas por muitos comentaristas contemporâneos para alegar que
Miguel é apenas um anjo, criado por Deus, que exerce a função de principal líder das hostes
angélicas.

Nas Escrituras, Miguel, cujo nome significa “Quem é como Deus?”, é descrito como “arcanjo”
(Jd 9), o líder das hostes angélicas no conflito com Satanás e os anjos maus (Ap 12:7), “um dos
primeiros príncipes” (Dn 10:13), “vosso príncipe” (Dn 10:21) e “o grande príncipe, o defensor
dos filhos do teu povo” (Dn 12:1). Uma análise detida dessas expressões dentro do contexto
bíblico deixa claro que Miguel é apresentado no texto sagrado como um Ser divino, cujas
características refletem a glória messiânica do Antigo Testamento.

Miguel é apresentado em Judas 9 como o “arcanjo” que, na disputa “a respeito do corpo de


Moisés” (Dt 34:5 e 6), enfrentou o diabo com as palavras: “O Senhor te repreenda!” Essa
alusão identifica Miguel como o “Anjo do Senhor” que, na contenda sobre o “sumo sacerdote
Josué”, disse igualmente ao diabo: “O Senhor te repreenda, ó Satanás” (Zc 3:1 e 2). É
interessante notarmos que, tanto em Zacarias 3 como em Gênesis 22:11-18; Juízes 6:11-24;
13:2-22 e Atos 7:30-33 e 38, o Anjo do Senhor é identificado como sendo o próprio Senhor!

Em Apocalipse 12:7, Miguel e Satanás são apresentados em direto antagonismo, num conflito
cósmico que se originou no Céu, e que se estende ao longo da história humana (Ap 12:1-17;
20:1-10). O Novo Testamento esclarece que esse conflito se polariza entre Cristo e Seus
seguidores e Satanás e seus adeptos (ver Mt 4:111; Jo 12:31 e 32; 14:30; Ef 6:10-20; Cl 1:13 e
14; etc.).

Já em Daniel 10:13 e 21; 12:1, Miguel é chamado de “príncipe” e “o grande príncipe”. Em todo
o restante das Escrituras, quando não aplicado a seres humanos, o título “príncipe” é usado
exclusivamente para Cristo (Js 5:14 e 15; Is 9:6; Dn 8:11 e 25; 9:25; At 5:31) ou para Satanás (Jo
12:31; 14:30; 16:11; Ef 2:12), mas nunca para qualquer outro ser angelical. Em Josué 5:14 e 15,
o Senhor Se apresentou a Josué como o “príncipe do exército do Senhor”, aceitando adoração,
o que seria uma blasfêmia se esse príncipe fosse apenas um anjo (ver Mt 4:10; Ap 22:8 e 9), e
ordenando que Josué tirasse as suas sandálias porque o lugar se tornara santo (ver Êx 3:4-6; At
7:30-33). No próprio livro de Daniel, Cristo é chamado também de “príncipe do exército” (Dn
8:11) e “Príncipe dos Príncipes” (Dn 8:25).

Uma das características básicas do conteúdo profético do livro de Daniel é a “repetição para
ampliação”. Cada uma das quatro grandes seções proféticas do livro emprega símbolos
diferentes para descrever a mesma sequência profética, culminando sempre com a
manifestação gloriosa de Cristo para a implantação do Seu reino eterno. Essa manifestação de
Cristo é simbolizada em Daniel 2, pela pedra cortada sem auxílio de mãos (versos 34 e 35; 44 e
45; comparar com At 4:11; Ef 2:20; I Pe 2:4-8); em Daniel 7, pelo aparecimento do Filho do
Homem (verso 13; comparar com Mt 16:27; 24-27 e 30; 25:31 e 32; etc.); em Daniel 8, pelo
surgimento do Príncipe dos Príncipes (verso 25; comparar com Ap 19:11-21); e, finalmente, em
Daniel 10-12, pela vinda de “Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo”
(capítulo 12:1; comparar com Sl 91). Alegar que Miguel seja um simples anjo significa quebrar
o paralelismo estrutural do livro.

Fundamentados nas semelhanças que a Bíblia apresenta entre as características da missão do


Arcanjo Miguel com as de Cristo, podemos concordar com outros comentaristas, como João
Calvino e Matthew Henry, que identificam Miguel como Cristo.

Fonte: Sinais dos Tempos, agosto de 1998, p. 29 (usado com permissão)

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