Você está na página 1de 59

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ESTUDO DE TIJOLOS DE SOLO CIMENTO COM


ADIÇÃO DE RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Lucas Mazzoleni Pinto

Santa Maria, RS, Brasil


2015
ESTUDO DE TIJOLOS DE SOLO CIMENTO COM ADIÇÃO
DE RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Lucas Mazzoleni Pinto

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Engenharia


Civil, Área de Construção Civil da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM,RS), como requisito parcial para obtenção do grau de
Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Alberto Oss Vaghetti

Santa Maria, RS, Brasil


2015
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Tecnologia
Curso de Engenharia Civil

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,


aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

MOLDAGEM DE TIJOLOS DE SOLO CIMENTO COM ADIÇÃO DE


RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

elaborado por
Lucas Mazzoleni Pinto

Como requisito parcial para a obtenção do grau de


Engenheiro Civil

Comissão Examinadora

________________________________
Prof. Dr. Marcos Alberto Oss Vaghetti
(Presidente/Orientador)

________________________________
Prof. Dr. José Mario Doleys Soares
(UFSM)

________________________________
Prof. Dr. Rogerio Cattelan Antocheves de Lima
(UFSM)

Santa Maria, 07 de Julho de 2015.


AGRADECIMENTOS

Agradeço a família que têm me apoiado.


Ao Prof. Dr. Marcos Alberto Oss Vaghetti, orientador deste trabalho, pelas
orientações e incentivo.

Ao professor, José Mario Doleys Soares, pela atenção e orientação.

Ao Grupo de Estudo e Pesquisa em Tecnologias Sustentáveis – GEPETECS, em


especial aos alunos: Marciano Friedrich e Jaqueline Ramos de Oliveira, pela
assistência no desenvolvimento prático deste trabalho.

Ao diretor do Laboratório de Materiais de Construção Civil – LMCC, M. Eng°.Mauro


L. Just pela permissão de acesso e do uso das instalações e equipamentos
necessários para a realização dos ensaios.

Aos técnicos do Laboratório de Materiais de Construção Civil – LMCC em especial


aos técnicos: Vilson Machado Tombezi, João Francisco Nunes Maciel e, pelo auxílio
durante a realização dos ensaios.

E aos amigos e colegas presentes durante o curso, em especial ao Ian Sulzbacher


Peroni, pelo auxílio na parte prática deste trabalho.

A todos, muito obrigado.


RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso


Curso de Graduação em Engenharia Civil
Universidade Federal de Santa Maria

MOLDAGEM DE TIJOLOS DE SOLO CIMENTO COM ADIÇÃO DE


RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

AUTOR: Lucas Mazzoleni Pinto


ORIENTADOR: Marcos Alberto Oss Vaghetti
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 07 de Julho de 2015.
A demanda por recursos naturais vem crescendo rapidamente, principalmente na
última década. Isso vem resultando em uma acelerada diminuição da oferta de
matérias-primas. Enquanto isso são produzidas grandes quantidades de resíduos,
tendo a construção civil como uma grande geradora desses resíduos, produzindo
milhões de toneladas por ano. Nesta realidade, o desenvolvimento de tecnologias
amigáveis a natureza, a utilização de matérias-primas naturais, e o reaproveitamento
de materiais, são importantes dentro da construção civil. Pode-se destacar o uso do
solo-cimento pela indústria da construção civil, utilizado para a fabricação de
materiais, como tijolos e blocos para alvenaria. Este trabalho tem como objetivo
confeccionar tijolos vazados de solo-cimento com substituição parcial do solo por
resíduos de construção civil (RCC), e analisar as principais características físicas e
mecânicas desses tijolos. Os materiais utilizados foram: solo; água; RCC, e cimento
Portland. Os ensaios dos materiais e dos tijolos foram realizados no LMCC da
Universidade Federal de Santa Maria. A primeira etapa foi a caracterização física
das misturas solo:RCC. Na segunda etapa foram confeccionados os tijolos com uso
de uma prensa manual. Na última etapa foram feitos ensaios de resistência à
compressão e absorção de água nos tijolos. Os resultados demonstraram que a
fabricação dos tijolos de solo-cimento com a adição do RCC, neste experimento, não
foram satisfatórios, pois grande parte das combinações solo:RCC não chegaram aos
valores de resistência à compressão e de absorção de água para atender a NBR
10834 (1994). Assim, apesar dos resultados serem insuficientes, possivelmente
fazendo o beneficiamento do RCC e por consequência diminuindo a porosidade do
material, os resultados fiquem adequados às prescrições de norma.

Palavras-chave: Solo-cimento. Tijolos vazados. RCC. Construções Sustentáveis.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 –Á esquerda a taipa de pilão tradicional e a direita o taipal metálico .......... 16


Figura 2 – Tijolos de adobe ....................................................................................... 17
Figura 3 – Alvenaria de solo-cimento ........................................................................ 18
Figura 4 - Composição do tijolo e bloco de solo-cimento .......................................... 19
Figura 5 – Exemplo de Blocos de Solo-Cimento ....................................................... 22
Figura 6 - Bloco de Solo-Cimento com Adição de RCC ............................................ 23
Figura 7 - Prensa Manual .......................................................................................... 24
Figura 8 - Prensa Hidráulica ...................................................................................... 25
Figura 9 – Limites de Atterberg do Solos .................................................................. 26
Figura 10 - Solo Pronto Para as Moldagens.............................................................. 30
Figura 11 - Jazida do Minuano .................................................................................. 30
Figura 12 - RCC Pronto Para as Moldagens ............................................................. 31
Figura 13 - Obra do Prédio 74-b do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH)
.................................................................................................................................. 32
Figura 14 - Separador de Amostras Figura15 - Aparelho de Casagrande Figura 16
–Tijolos na Estufa ...................................................................................................... 33
Figura 17 - Balança Analítica Figura 18 – Peneiras Figura 19 -
Picnômetro ................................................................................................................ 34
Figura 20 - Máquina para Fabricação de Tijolos Figura 21 - Máquina
Universal ................................................................................................................... 34
Figura 22 - Mistura dos Materiais Para Fabricação dos Tijolos de Solo-Cimento ..... 38
Figura 23 - Teste de Consistência da Massa ............................................................ 38
Figura 24 - Blocos Recém Moldados, Prontos para Receber a Cura ........................ 39
Figura 25 - Serragem dos Tijolos ao Meio ................................................................ 40
Figura 26 - Tijolos Cortados ao Meio ........................................................................ 41
Figura 27 - Capeamento das Faces dos Corpos de Prova ....................................... 41
Figura 28 - Corpos de Prova Após a Junção das Partes .......................................... 42
Figura 29 - Corpos de Prova em Imersão ................................................................. 42
Figura 30 - Corpo de Prova Submetido ao Ensaio de Compressão Simples ............ 43
Figura 31- Amostras em Imersão para Ensaio de Absorção de Água ....................... 44
Figura 32 - Limite de Liquidez M1 ............................................................................. 47
Figura 33 - Limite de Liquidez M2 ............................................................................. 47
Figura 34 Limite de Liquidez M3 ............................................................................... 48
Figura 35 - Curvas Granulométricas Jazida do Minuano .......................................... 48
Figura 36 - Curva Granulométrica M1 ....................................................................... 49
Figura 37 - Curva Granulométrica M2 ....................................................................... 49
Figura 38 - Curva Granulométrica M3 ....................................................................... 50
Figura 39 - Gráfico demonstrativo das resistências obtidas nos ensaio. ................... 52
Figura 40 - Absorção média de água dos tijolos ....................................................... 54
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidade de cimento recomendada (% volume) para obter determinada


resistência à compressão do bloco de solo-cimento, a partir do Índice de
Plasticidade do solo .................................................................................................. 27
Tabela 2 - Tabela demonstrativa especificando as composições das moldagens
utilizadas para a confecção dos tijolos vazados de solo-cimento e as respectivas
quantidades de cada material ................................................................................... 32
Tabela 3 - Dosagens e Porcentagens dos Materiais nas Composições ................... 37
Tabela 4 - Caracterização física da mistura M1 utilizada na confecção dos tijolos. .. 45
Tabela 5 - Caracterização física da mistura M2 utilizada na confecção dos tijolos. .. 46
Tabela 6 - Caracterização física da mistura M2 utilizada na confecção dos tijolos. .. 46
Tabela 7 - Resistência média à compressão simples dos tijolos ensaiados ............. 51
Tabela 8 - Resistência à compressão simples obtida nos ensaios aos 7 e 28 dias
para todas as composições ....................................................................................... 51
Tabela 9 - Comparativo do aumento da resistência à compressão entre 7 e 28 dias.
.................................................................................................................................. 52
Tabela 10 - Absorção média de água aos 28 dias .................................................... 54
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................ 10

1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 12


1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 13
1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................. 13
1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................... 14

2.1 HISTÓRICO DO USO DO SOLO .............................................................................. 14


2.1.1 A utilização do solo como material de construção .......................................... 15
2.1.1.1 Taipa de Pilão .................................................................................... 16
2.1.1.2 Adobe ................................................................................................. 17
2.1.1.3 Alvenaria ............................................................................................ 17
2.2 O SOLO-CIMENTO COMO MATERIAL CONSTRUTIVO................................................ 18
2.2.1 O solo-cimento ................................................................................................ 18
2.2.2 O histórico da utilização do solo-cimento........................................................ 19
2.2.3 A relação solo/cimento.................................................................................... 20
2.2.3.1 Dosagem de solo-cimento .................................................................. 21
2.3 TIJOLOS E BLOCOS DE SOLO-CIMENTO ................................................................ 22
2.3.1.1 Processos de fabricação dos tijolos e blocos ..................................... 24
2.3.2 Características Físicas.................................................................................... 25
2.3.2.1 Massa específica ................................................................................ 25
2.3.2.2 Limites de Atterberg ........................................................................... 26
2.3.3 Características Mecânicas .............................................................................. 27
2.3.3.1 Resistência à compressão ................................................................. 27
2.3.3.2 Absorção de Água .............................................................................. 28
3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................. 29

3.1 MATERIAIS ....................................................................................................... 29


3.1.1 Solo................................................................................................................. 29
3.1.2 Cimento .......................................................................................................... 30
3.1.3 Água ............................................................................................................... 31
3.1.4 Resíduos de Construção Civil - RCC .............................................................. 31
3.1.5 Equipamentos de Laboratório ......................................................................... 32
3.2 MÉTODOS ......................................................................................................... 35
3.2.1 Etapa 1 – Preparo e Caracterização dos Materiais ........................................ 35
3.2.1.1 Solo .................................................................................................... 35
3.2.1.2 Resíduos de Construção Civil - RCC ................................................. 35
3.2.2 Etapa 2 – Definição das Dosagens e Composições de Solo-cimento:RCC ... 36
3.2.2.1 Escolha das dosagens ....................................................................... 36
3.2.2.2 A mistura dos componentes ............................................................... 38
3.2.3 Etapa 3 – A moldagem e a caracterização Físico-mecânica dos tijolos ......... 39
3.2.3.1 Confecção dos tijolos de solo-cimento:RCC ...................................... 39
3.2.3.2 Ensaio de compressão simples realizado com os tijolos .................... 40
3.2.3.3 Ensaio de absorção de água realizada com os tijolos ........................ 43
3.2.4 Etapa 4 – Análise dos resultados ................................................................... 44
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................... 45

4.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS MATERIAIS UTILIZADOS ...................... 45


4.2 ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES APLICADO AOS TIJOLOS ........... 50
4.3 ENSAIO DE ABSORÇÃO DE ÁGUA......................................................................... 54
5 CONCLUSÃO ................................................................................. 55
6 RECOMENDAÇÕES ...................................................................... 56
REFERÊNCIAS .................................................................................... 57
10

1 INTRODUÇÃO

O atual contexto socioeconômico apresenta, aliado a uma rápida


industrialização, uma desigualdade de renda que chama a atenção, o que faz com
que grande parte da população mundial, em especial a brasileira, país em que essa
desigualdade se mostra muito presente, seja privada de condições básicas de vida,
como o acesso a uma habitação de qualidade.
Quando trata-se do contexto ambiental atual, pode-se perceber uma ênfase
na preocupação em relação aos recursos naturais, que vem aumentando
rapidamente. Mesmo assim os impactos ambientais, de forma geral, também vêm
aumentando, assim como o consumo de matérias-primas, muitas não renováveis.
Grande parte desses impactos ambientais é causada pelo descaso em
relação ao descarte correto dos resíduos industriais. Dentre esses resíduos, se
destaca o resíduo produzido pela indústria da construção civil, que representa
milhares de toneladas anualmente, em que grande parte não é descartada de forma
adequada, representando um grave problema ambiental.
O resíduo de construção civil (RCC) é composto por qualquer tipo de material
descartado em obra, portanto, é uma mistura bastante variável, dependendo muito
da fase em que a obra se encontra, também das técnicas construtivas e materiais
aplicados na obra. O RCC pode ser composto, por exemplo, de cimento, argamassa,
madeira, tijolos, blocos, cerâmica, solo, concreto, telhas, aço, alumínio, gesso, etc.
Grande parte dos materiais que compõem o RCC possui grande potencial de
reciclagem, normalmente dentro da própria indústria da construção civil.
Apesar de grande parte do resíduo ser descartada de forma inapropriada,
existe uma parcela das industrias que se dedicam a reciclagem do RCC, para serem
usados, por exemplo, em bases e sub-bases de rodovias, ou na confecção de
blocos e tijolos.
Portanto, utilizando tecnologias que dão prioridade ao reaproveitamento de
materiais, podemos aliar o desenvolvimento econômico à preservação do meio
ambiente. Uma forma muito convidativa de fazer essa relação entre economia e
meio ambiente é o investimento em edificações de baixo custo com utilização de
materiais de descarte, e que causem menor impacto ambiental, e que, além disso,
pode proporcionar acesso a moradia para populações de baixa renda.
11

Uma matéria-prima natural, que causa pouco impacto ambiental e que pode
ser amplamente empregada na construção de moradias populares é o solo. Por ser
um material de baixo custo, e de fácil obtenção na maioria das localidades o solo
sempre teve papel importante na arquitetura ao longo da história.
Então, o resgate do solo como parte do processo construtivo vem sendo mais
abordado nos últimos anos, por ser de fácil obtenção e baixo custo em relação aos
materiais convencionais, e apresentar resultado final com bom desempenho térmico
e acústico. Técnicas para utilização do solo como material de construção tem sido
desenvolvidas e aperfeiçoadas ao longo do tempo.
Dentre as principais técnicas construtivas que utilizam o solo cru como
matéria-prima, tem-se: o adobe, que consiste na confecção de blocos com terra
crua, normalmente em formas de madeira, e que secam ao sol; os blocos
prensados, onde se utiliza uma prensa que pode ser manual ou mecânica, para
compactar a massa de solo dentro de um molde com o formato e tamanho desejado;
a taipa de pilão, onde as paredes da edificação são confeccionadas por meio de
blocos de solo feitos em moldes que podem ser de madeira, bambu ou taquara, e
que são compactados manualmente.
Porém esse tipo de técnica perdeu espaço para os materiais hoje
considerados convencionais, como é o caso dos tijolos de cerâmica produzidos com
queima em olarias, que resultam em materiais mais resistentes, mas que causam
maior impacto ambiental.
A substituição do solo cru pela cerâmica ao longo do tempo se deve muito ao
fato de que o solo, quando utilizado sem nenhuma adição, tende a ter um
desempenho insatisfatório, ao contrário dos produtos em que o solo passa pela
queima. Por isso, para que os artefatos produzidos com o solo cru se tornem
competitivos nesse sentido, é necessária que se faça a estabilização da massa de
solo, normalmente com adição de cimento e/ou cal.
Assim, o processo de estabilização do solo através da adição de cimento vem
desempenhando o papel de trazer o solo como matéria-prima construtiva de volta ao
mercado. A fabricação de tijolos e blocos de solo-cimento já é praticada
efetivamente no Brasil, e pode ser amplamente utilizada na construção de
habitações populares, principalmente por meio do sistema de mutirão,
impulsionando o desenvolvimento socioeconômico e ambiental da população de
baixa renda.
12

Uma grande vantagem que os blocos de solo-cimento apresentam em relação


aos artefatos de cerâmica é a possibilidade de adição de outros componentes na
mistura que dará origem ao bloco, como é o caso dos RCC. Essas adições, além de
poderem melhorar a qualidade dos blocos, são uma boa alternativa para o destino
final dos RCC, fazendo a sua inertização, de forma efetiva e reintroduzindo uma
matéria-prima antes descartável no processo construtivo.
Neste trabalho será analisada a viabilidade da confecção de tijolos vazados
de solo-cimento com substituição parcial da massa de solo-cimento por resíduos de
construção civil (RCC) em diferentes proporções.

1.1 Justificativa

No contexto atual a diminuição dos impactos ambientais gerados pela


humanidade aliado a uma maior consciência ambiental por parte da população vem
se tornando um assunto cada vez mais importante e discutido. Outro ponto
importante é o que diz respeito ao desenvolvimento socioeconômico da população.
Portanto, é de fundamental importância que essas duas necessidades se
desenvolvam lado a lado.
Para que isso aconteça precisa-se de acesso a materiais que causem baixo
impacto ambiental e que tenham baixo custo, como é o caso do solo, que foi
substituído pelos chamados materiais convencionais no campo da construção civil,
como é o caso dos blocos, tijolos e telhas de cerâmica produzidos em olarias. Assim,
o desenvolvimento de materiais que usam como matéria-prima o solo se torna uma
alternativa viável para a diminuição dos impactos ambientais gerados pela indústria
da construção civil. Aliado a isso tem-se a reciclagem de materiais dessa mesma
indústria, que também vem tomando para si cada vez mais importância dentro desse
contexto.
O tema do trabalho foi escolhido de forma a aliar o uso do solo, que é uma
matéria-prima natural, ao uso do RCC, que provém da reciclagem de material de
descarte de obras. Essa escolha é justificada tendo em vista a carência de materiais
ecologicamente corretos no mercado, assim como de materiais de baixo custo
visando a aplicação em moradias populares.
13

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

O estudo foi desenvolvido buscando avaliar a viabilidade da confecção de


tijolo vazados de solo-cimento com substituição parcial do solo, em diferentes
proporções, por resíduos de construção civil (RCC), verificando suas principais
características físicas e mecânicas.

1.2.2 Objetivos específicos

 Realizar a caracterização das misturas solo+RCC, que serão utilizadas


na confecção dos tijolos vazados;
 Realizar a moldagem dos tijolos vazados seguindo as composições
previamente estabelecidas;
 Efetuar ensaio de resistência a compressão simples e absorção de
águas com os tijolos produzidos;
 Realizar a análise dos resultados, procurando estabelecer uma relação
entre a composição dos blocos e suas características físicas e mecânicas.
14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Histórico do uso do solo

O solo como solução arquitetônica aparece com frequência ao longo da


história humana, principalmente devido à facilidade de obtenção na maioria das
regiões do planeta, também devido ao seu fácil manuseio, tendo sido usado como a
primeira alternativa do homem primitivo em locais onde a utilização de pedras e
madeira se mostrava difícil (MAZZEO GRANDE, 2003).
Ainda, segundo Mazzeo Grande (2003) o domínio da técnica de construir com
terra foi uma grande mudança de vida, que até então era fixada nas proximidades de
cavernas. Existem registros de uso de tijolos de terra secos ao sol antes do ano
4000 a.C. Em lugares como o Egito antigo, a Babilônia e a Assíria, se tem o relato
de uso da técnica de adobe, de forma a melhorar o uso do solo como técnica
construtiva.
Outro exemplo que chama a atenção do uso dessa técnica na antiguidade, e
comprova a eficiência e durabilidade da mesma, é a Grande muralha da China, que
data do ano 3000 a.C. Também tem-se registro dessa técnica na era moderna,
como o convento de São Francisco, em Santa Fé, Argentina, construído em 1695, e
no Irã, Iraque e Iêmen existem edificações de 10 andares com mais 400 anos de
idade em bom estado de conservação (TAVEIRA, 1987).
No momento atual, em alguns países da América do Sul, tal qual o Peru, e em
vários locais da África, o uso do adobe se faz presente devido ao baixo custo que
ele representa. Já em países mais desenvolvidos, o uso dessa técnica vem
ganhando força devido ao seu apelo ambiental. No Brasil foram os portugueses que
pela primeira vez utilizaram técnicas com terra na construção, com destaque para o
adobe, utilizado em casa igrejas e prédios públicos (BARBOSA; GHAVAMI, 2010).
Além da técnica de adobe, podemos destacar a técnica de torrões, em que se
usam blocos das camadas superiores do solo, armados pelas raízes das plantas, e
também a taipa de pilão, em que são usadas fôrmas onde terra crua é compactada.
Vale também destacar que essas técnicas, mais usadas na zona rural, têm como
grande dominadores os trabalhadores rurais, sendo sempre de grande ajuda em
períodos de escassez (TAVEIRA, 1987).
15

2.1.1 A utilização do solo como material de construção

De acordo com Barbosa; Ghavami (2010), o histórico do costume de construir


surgiu a partir do desenvolvimento da agricultura, devido a necessidade de estocar a
colheita e do sedentarismo resultante. Assim, os materiais utilizados eram aqueles
que podiam ser encontrados na natureza, como, madeiras, pedras e terra.
As paredes construídas com tijolos de solo-cimento prensados tem
comportamento térmico e durabilidades compatíveis com paredes confeccionadas
com tijolos cerâmicos, e podem ser utilizados tanto em alvenaria de vedação como
alvenaria estrutural, desde que atendam as resistências compatíveis as exigidas dos
materiais convencionais, assim como devem seguir as mesmas indicações de
cuidados e manutenção (BARBOSA; GHAVAMI, 2010).
Ainda, segundo Barbosa; Ghavami (2010), os tijolos de solo-cimento tem a
vantagem de poder incorporar outros materiais em sua composição, como
agregados reciclados e rejeitos industriais, além de representar uma economia de
energia significativa, por dispensar a queima, e ter sua viabilidade comprovada em
diversos programas habitacionais, por sistema de mutirão.
Atualmente a terra crua tem sido reintroduzida na arquitetura, não só por
representar um baixo custo e uma alternativa viável para populações de baixa renda,
mas também por grupos engajados com questões ambientais.
Praticamente todas as civilizações desenvolveram técnicas de construção
utilizando a terra, técnicas essas que foram transmitidas entre povos através de
invasões e colonizações, de forma que técnicas nativas de um lugar foram unidas a
técnicas trazidas por povos estrangeiros, fazendo com que várias combinações
surgissem, tornando as técnicas cada vez mais eficientes. (NEVES, 2004).
As técnicas são relativamente semelhantes de uma região para outra, ainda
de acordo com Neves (2004), apesar de receberam denominações diferentes.
Existem muitas propostas de classificação das técnicas em construção com terra,
uma delas é a adotada pela Rede Temática HABITERRA, que as classifica de
acordo com o modo de execução. Algumas de suas categorias são, alvenaria de
terra, paredes monolíticas e técnica de entrearmados. A alvenaria de terra é dividida
16

entre adobe, bloco compactado e bloco prensado. As paredes monolíticas se


dividem em taipa-de-pilão, taipa-de-pilão reforçada e sistemas alternativos. E os
entrearmados se dividem em taipa e taipa pré-fabricada.
Seguindo Barbosa; Ghavami, podem-se dividir as técnicas de acordo com as
diferentes formas de se levantar as paredes. Vamos nos ater as técnicas mais
utilizadas no Brasil, que são alvenaria, a monolítica e a mista. As principais maneiras
de se manusear o solo antes de sua aplicação são as seguintes:
a) massa plástica ou argamassa de solo: fabricação de adobes e material de
enchimento de taipas;
b) solo compactado: fabricação de tijolos por compactação, construção de
fundações, paredes e muros monolíticos;
c) solo prensado: fabricação de tijolos, blocos e telhas.

2.1.1.1 Taipa de Pilão

A taipa de pilão (Figura 1) é utilizada para execução de paredes e fundações.


O solo deve ser devidamente preparado e compactado, com a eventual adição de
algum aglomerante para na massa de solo para melhorar suas propriedades
estruturais. A técnica consiste em, depois de ter o solo devidamente preparado,
adicionar água até que se atinja a umidade ótima, colocar a massa de solo dentro de
formas, e compactar até que se atinja a massa específica máxima, usando meios
manuais ou mecânicos. (NEVES, 2011)

Figura 1 –Á esquerda a taipa de pilão tradicional e a direita o taipal metálico


Fonte: http://www.taipal.com.br/wp-content/uploads/2015/03/tecnicas.pdf
17

2.1.1.2 Adobe

O adobe (Figura 2) é uma mistura de solo selecionada com fibras e água.


Para fazer a união dos blocos de adobe utiliza-se uma argamassa de terra, com ou
sem fibras, dependendo dos costumes locais. Ele é moldado sem a necessidade de
compressão, com auxílio de moldes, normalmente retangulares. Pode ser produzido
em escala industrial, com grelhas que produzem até 70 unidades, ou
artesanalmente, variando conforme os costumes da região. (NEVES, 2011)

Figura 2 – Tijolos de adobe


Fonte: http://psicodalia.mus.br/atracao/oficina-de-tijolos-de-adobe/

2.1.1.3 Alvenaria

De acordo com Buriol (2002), o tijolo de solo-cimento pode ser utilizado como
solução na alvenaria (Figura 3), e depois de um pequeno tempo de cura atinge a
resistência necessária, resistência essa que aumenta conforme se adiciona ao teor
de cimento na mistura. Esses blocos são feitos com prensas manuais ou hidráulicas,
e não necessitam de mão de obra especializada.
18

Figura 3 – Alvenaria de solo-cimento


Fonte: LIMA, 2006

2.2 O solo-cimento como material construtivo

2.2.1 O solo-cimento

De acordo com Uchimura (2006), o solo-cimento resulta da mistura


homogênea de solo, cimento Portland e água, em proporções adequadas. O
material resultante possui boa resistência a compressão, baixa impermeabilidade
boa durabilidade. O cimento adicionado deve ser somente o suficiente para
estabilizar o solo e lhe conferir as propriedades necessárias.
Segundo Mazzeo Grande (2003) o solo-cimento pode ser descrito como uma
mistura entre solo, cimento Portland e água, que se compactado na umidade ótima,
resulta em um material resistente e durável, por meio da hidratação do cimento.
Também pode ser descrito como um processo de estabilização físico-químico,
que consiste em uma estruturação resultante da reorientação das partículas sólidas
do solo com a deposição de partículas cimentantes nos contatos intergranulares,
alterando a quantidade relativa de sólidos, líquidos e gases que constituem o solo.
19

Figura 4 - Composição do tijolo e bloco de solo-cimento


Fonte: MIELI, 2009

2.2.2 O histórico da utilização do solo-cimento

Segundo Pitta (1995) a primeira tentativa de utilização do solo-cimento como


material de construção civil aconteceu na cidade de Sarasota, Flórida (EUA), na
pavimentação de uma rua, em 1915. O material utilizado foi uma mistura de areia de
praia, conchas e cimento Portland. O resultado não se mostrou satisfatório.
Mesmo com a estabilização com cimento Portland, essa tentativa não obteve
sucesso, e uma das razões para isso foi o uso de solos de baixa qualidade.
(FERREIRA, 2003).
De acordo com Pinto (2000) o ensaio de compactação é creditado ao
engenheiro norte-americano Proctor, tento a sua primeira tentativa no ano de 1933,
e este ensaio mostra que existe uma relação entre a energia de compactação
aplicada ao solo e a sua umidade, com a massa específica atingida. Portanto, a
compactação representa uma melhoria nas propriedades do solo.
Outros fatores que influenciam a qualidade do solo-cimento são: o tipo de
solo, o teor de cimento, o teor de umidade, assim como o tempo de cura e a idade
da mistura (SEGANTINI; ALCÂNTARA, 2010).
Ainda, segundo Segantini; Alcântara (2010) a utilização do solo-cimento no
Brasil se deu a partir de 1936, tendo início após a Associação Brasileira de Cimento
Portland (ABCP) regulamentar o seu uso. Alguns exemplo de suas primeiras
aplicações são os seguintes: Pavimentação de um aeroporto em Petrolina, 1941;
Uma casa de bombas de 42m², em 1945, que foi a primeira edificação a usar este
20

material no Brasil; Casas utilizando a técnica das paredes monolíticas, no Vale


Florido, em Petrópolis, em 1950.
Segundo Lima (2006) um fato que foi muito importante para a maior aceitação
do solo-cimento como material de construção foi a construção do Hospital Adriano
Jorge, do Serviço Nacional d Tuberculose, em Manaus, que conta com 10800m² de
área, e ainda apresenta bom estado de conservação e está em uso.
Depois que o Banco Nacional de Habitação (BNH) aprovou o uso da técnica
para uso em moradias populares, por volta de 1978, salientando seu desempenho
termoacústico e seu baixo custo, ele passou a ser amplamente aplicado. Além
dessas vantagens técnicas e econômicas, o solo-cimento ganha em praticidade
quando se leva em consideração que se pode fazer o uso do solo do próprio local da
obra (LIMA, 2006).

2.2.3 A relação solo/cimento

Para Buriol (2002) existem três tipos de categorias de estabilização do solo


com cimento: solo-cimento plástico, solo modificado e solo-cimento. Para ser
definido como solo modificado são avaliadas as propriedades mecânicas, e para o
solo-cimento plástico a argamassa tem sua consistência ideal atingida por meio do
teor de umidade.
Ainda de acordo com Buriol (2002) os mecanismos de estabilização do solo
dependem de muitas variáveis. Por exemplo, em um solo sem a presença de argila,
a ação cimentante se dá através da hidratação do cimento. Cimentação essa que
vária conforme a granulometria do solo, e a uniformidade da mesma, por exemplo,
um solo com granulometria uniforme requer maior quantidade de cimento para ser
estabilizado. Já em solos com características argilosas, a estabilização se dá,
principalmente, por meio das reações secundárias.
Portanto, para um solo estabilizado de maior qualidade, é necessário que se
faça uma escolha de solo com características adequadas, utilizando a cor, textura e
plasticidade como indicativos de um solo de qualidade ou não. Além de outros
fatores que influenciam nessa qualidade, como uma cura adequada, uma densidade
21

adequada, a mistura do solo com o cimento deve ser feita de forma correta, o tempo
de compactação influencia na resistência do solo estabilizado. (BURIOL, 2002)
Conforme a ABCP (1986) os solos mais aptos para a estabilização com
cimento são os seguintes:
 Os que possuem 100% dos grãos passando na peneira n°4 (ABNT 4,8
mm);
 Os que apresentam de 10 a 50% dos grãos passando na peneira
ABNT 0,075 mm (n°20);
 Os que apresentam limite de liquidez igual ou inferior a 45%;
 Os que apresentam índice de plasticidade igual ou inferior a 18%.

2.2.3.1 Dosagem de solo-cimento

Segundo Buriol (2002) as primeiras tentativas de misturas com solo-cimento


ocorreram em 1935, nos departamentos de estaduais de estradas nos Estados
Unidos. Em 1939 foram realizados estudos na Inglaterra baseados nas tentativas
anteriores feitas nos Estados Unidos. Em 1940 houve a adaptação desses métodos
para a realidade do Brasil, porém todos estes métodos foram desenvolvidos apenas
para a parte rodoviária.
Existem alguns cuidados especiais que devem ser obedecidos no momento
da dosagem para que se garanta um produto resistente e durável. A maior parte
desses cuidados podem ser aplicados para qualquer caso, mas existem três que
dependem diretamente das propriedades do solo utilizado, são eles: a quantidade de
cimento; a quantidade de água; a massa específica aparente seca após a
compactação (BURIOL, 2002).
A dosagem é feita por meio experimental, ou seja, os ensaios são feitos com
amostras de diferentes teores de cimento, e o mais econômico a atingir as
propriedades desejadas é considerado o melhor (BURIOL, 2002).
22

2.3 Tijolos e blocos de solo-cimento

Para com Buriol (2002), o solo-cimento é um material endurecido que resulta


da mistura entre solo, cimento e água, em suas devidas proporções. Portanto os
tijolos e blocos de solo-cimento (Figura 5) são blocos fabricados com esta mistura. O
produto resultante é de baixo custo e pode ser produzido por mão de obra não
qualificada.
Segundo Segantini; Alcântara (2010) a produção desses blocos é favorável
ao desenvolvimento sustentável, já que gasta pouca energia por dispensar a
queima, e pelo material poder ser obtido no local da obra, economizando com
transporte. Também há a vantagem de os blocos serem produzidos no local da obra.

Figura 5 – Exemplo de Blocos de Solo-Cimento


Fonte: http://www.taipal.com.br/wp-content/uploads/2015/03/tecnicas.pdf

Uma grande vantagem dos tijolos de solo-cimento é a possibilidade de adição


de outros materiais a sua mistura (Figura 6), em especial material de descarte, que
também é um fator importante para o desenvolvimento sustentável. Um exemplo são
os blocos desenvolvidos por Santos (2009) que contam com a adição de resíduos de
madeira provenientes da construção civil em sua composição.
No Brasil, segundo Silva et al. (2014) o reaproveitamento de resíduos sólidos
ainda se mostra recente. Mesmo assim a reciclagem de resíduos provenientes de
demolição já está em pauta em alguns setores.
23

Para Santos (2009) o estudo sobre a reutilização dos resíduos provenientes


dos diversos meios de produção é uma das condições essenciais para o
desenvolvimento das nações. Tendo em vista que no Brasil em torno de 50% dos
resíduos gerados tem sua origem na construção civil a tendência do uso desses
materiais ganha força.
Outro exemplo de substituição da massa de solo por materiais de descarta é
o estudo desenvolvido por Segantini; Wada (2011) no qual foi utilizada a adição de
Resíduos de Construção e Demolição (RCD). Houve a substituição parcial e até total
da massa de solo por RCD, sempre com resultados satisfatórios.

Figura 6 - Bloco de Solo-Cimento com Adição de RCC


Fonte: Arquivos do autor

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com o intuito de


estabelecer uma padronização na produção de blocos e tijolos de solo-cimento
publicou as seguintes normas técnicas:
NBR 8491 (1984) — Tijolo maciço de solo-cimento. Especificação.
NBR 8492 (1984) — Tijolo maciço de solo-cimento — Determinação da
resistência à compressão e da absorção de água. Método de ensaio.
NBR 10832 (1989) — Fabricação de tijolo maciço de solo-cimento com a
utilização de prensa manual. Procedimento.
NBR 10833 (1989) — Fabricação de tijolo maciço e bloco vazado de solo-
cimento com a utilização de prensa hidráulica. Procedimento.
24

NBR 10834 (1994) — Bloco vazado de solo-cimento sem função estrutural.


Especificação.

2.3.1.1 Processos de fabricação dos tijolos e blocos

Segundo Mazzeo; Grande (2003) depois das pesquisas do IPT na década de


70 no Brasil vários fabricantes desenvolveram prensas manuais e hidráulicas
voltadas para a confecção de blocos de solo-cimento.
De acordo com Uchimura (2006) uma prensa manual (Figura 7) pode chegar
a produzir por volta de 1500 tijolos por dia, e as prensas hidráulicas existentes no
mercado tem uma capacidade de produção grande em relação as prensas manuais.
As prensas manuais tem como vantagem o baixo custo, tanto para aquisição
quanto para manutenção, a facilidade de transporte, e a não necessidade de
energia, já que se utiliza de força manual. Porém a utilização da força manual
acarreta uma baixa taxa de compactação, exigindo maiores cuidados na escolha do
solo (NEVES et al., 2001).
A fabricação dos tijolos de solo cimento requer que a mistura do solo-cimento
seja colocada dentro dos moldes, para então ser prensada. Depois de retirada dos
moldes, deve ser mantidos em local coberto, e nos primeiros sete dias deve receber
a cura adequada, por meio de sucessivas molhagens (BURIOL, 2002).

Figura 7 - Prensa Manual


Fonte: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-650175891-projeto-prensa-triturador-tijolo-ecologico-
solo-cimento-_JM
25

Ainda, segundo Buriol (2002), o tijolo ou bloco de solo-cimento, depois de


receber a cura, tem alta resistência a compressão simples, e baixa absorção de
água.
De acordo com Segantini; Alcântara (2011) produtos de solo-cimento, como
canaletas, placas de revestimento, elementos decorativos e tijolos modulares tem se
mostrado atrativos para projetos com padrão mais elevado.
Conforme Neves et al.(2001), a produção dos blocos pode ser potencializada
com a utilização de prensas hidráulicas (Figura 8).

Figura 8 - Prensa Hidráulica


Fonte: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-653336288-prensa-hidraulica-para-tijolos-ecologico-
_JM

2.3.2 Características Físicas

2.3.2.1 Massa específica

De acordo com Pinto (2000) as massas específicas são relações entre a


quantidade de massa e o volume, e são expressas normalmente nas seguintes
unidades: ton/m³, kg/dm³ e g/cm³. Ainda segundo ele, na prática da engenharia é
mais conveniente se trabalhar com o peso específico, que relaciona os pesos com
os volumes, e normalmente é expresso em kN/m³.
26

A determinação da massa específica, ou peso específico se torna muito


importante quando o solo será usado como material de construção, pois essas
propriedades influenciam outras propriedades importantes do produto final.

2.3.2.2 Limites de Atterberg

Os índices de Atterberg, propostos pelo engenheiro químico Atterberg, e


padronizados pelo professor de Mecânica dos solos Arthur Casagrande, são os
chamados limites de plasticidade (LP) e limite de liquidez (LL). Eles se baseiam na
constatação de que um solo argiloso apresenta aspectos bem distintos conforme o
seu teor de umidade. Quando muito úmido se compara a líquidos, quando perde
parte de sua água se torna plástico, e quando seco se torna quebradiço (PINTO,
2000).
A diferença entre o valor do LL e do LP é chamada de índice de plasticidade
(IP), e indica a faixa em que o solo se apresenta plástico, conforme a Figura 9. O LL
é definido como o teor de umidade do solo no qual uma ranhura feita nele requer 25
golpes para se fechar, no aparelho de Casagrande (PINTO, 2000).
Já o LP é definido como o menor teor de umidade no qual é possível se
moldar um cilindro com 3mm de diâmetro, quando se rola o solo na palma da mão
(PINTO, 2000).

Figura 9 – Limites de Atterberg do Solos


Fonte : Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 Aulas.

Neves (2011) recomenda que para fabricação de blocos de solo-cimento o


solo utilizado tenha LL menor ou igual a 45% e o IP menor ou igual a 18%, pois
solos nessa faixa se mostram mais fáceis de se estabilizar.
27

O IP também se relaciona com a quantidade de cimento necessária para que


os blocos tenha uma resistência a compressão adequada, conforme a Tabela1.

Tabela 1 - Quantidade de cimento recomendada (% volume) para obter


determinada resistência à compressão do bloco de solo-cimento, a partir do Índice
de Plasticidade do solo

Índice de plasticidade Quantidade de cimento reomendada (% em volume) para obter


do solo a resistência à compressão do bloco de solo-cimento (saturado)
1 MPa 2 MPa 3 MPa
< 15 5% 7% 10%
15 - 20 5% 10% Inadequado
20 - 25 6,5% Inadequado
25 - 30 8,5%
30 - 35 10%
>35 Inadequado

Fonte: Walker 1995 apud Milani, 2005.

2.3.3 Características Mecânicas

Uma das principais características mecânicas dos blocos e tijolos de solo-


cimento é a sua resistência à compressão ( ) . De acordo com a NBR 10836, para
blocos vazados de solo-cimento, sem função estrutural, devemos considerar a área
real dos blocos, ou seja, descontando a área dos furos. Já para blocos de Alvenaria
estrutural cerâmicos esse desconto não acontece.
A resistência a compressão é uma das principais propriedades da resistência
de uma parede, e essa resistência depende dos materiais constituintes dos blocos.
(PARSEKIAN; SOARES 2010).

2.3.3.1 Resistência à compressão

A NBR 10836 (1994) descreve os procedimentos que devem ser seguidos


para a determinação da resistência a compressão dos blocos de solo-cimento
28

vazados, e a NBR 8492 descreve o mesmo procedimento para tijolos maciços de


solo-cimento.
Segundo Segantini; Wada (2011) a adição de resíduos na massa utilizada
para a confecção de blocos de solo-cimento tem a capacidade de aumentar a sua
resistência a compressão. Pode também ter características superiores aos tijolos
feitos com cerâmica que passam por queima.
Tanto na NBR 10836 (1994), quanto na NBR 8492 (1984), as resistências à
compressão médias exigidas são de no mínimo 2,0 Mpa, com nenhum valor
individual abaixo de 1,7 Mpa, com idade mínima de 7 dias.
Em estudo feito por Segantini; Wada (2011), foi constatado que diversos
traços de solo-cimento com adição de resíduos e mesmo com um teor de cimento de
apenas 4%, apresentam resistências superiores a 2,0Mpa.
Ainda de acordo com Segantini; Wada (2011), uma adição de resíduos ao
solo o torna mais arenoso, o que melhora as suas propriedades em um solo com
excesso de argila, inclusive a sua resistência a compressão.

2.3.3.2 Absorção de Água

A absorção de água é uma das características dos tijolos de solo-cimento que


são descritas na NBR 13555 (1996), não podendo ultrapassar o valor de 20%.
A absorção de água mostra, em porcentagem, a relação entre o peso seco da
amostra, e o peso saturado da mesma, de modo a apontar a quantidade de água
que a amostra absorve em sua pior condição
A determinação dos valores individuais de absorção de água, em
porcentagem, é feita por meio da Equação 1, onde se refere a massa úmida e
se refere a massa seca. A absorção média foi obtida pela média aritmética das duas
determinações.


(1)
29

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo serão apresentados os materiais utilizados para a confecção


dos tijolos de solo-cimento com adição de resíduo de construção civil, além da
metodologia utilizada para a confecção dos mesmos e para a análise dos resultados
obtidos.
Todos os ensaios e moldagens dos tijolos foram realizados no Laboratório de
Materiais de Construção Civil (LMCC) localizado no Centro de Tecnologia (CT) no
campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Foi também realizada a
etapa de caracterização dos materiais, que consistiu dos seguintes ensaios: análise
granulométrica, determinação dos limites de consistência e da massa específica das
misturas propostas. Para a verificação das características físicas e mecânicas dos
tijolos foram realizados ensaios de avaliação das resistências à compressão simples
e absorção de água. Os experimentos são necessários para a constatação da
viabilidade dos materiais para o fim proposto.

3.1 Materiais

3.1.1 Solo

O solo utilizado (Figura 10) foi coletado na chamada Jazida do Minuano


(Figura11), localizada próxima a BR 392, que liga Santa Maria a São Sepé.
De acordo com Buriol (2002) essa jazida apresenta um horizonte Acinza, um
horizonte B com solo argiloso e um horizonte C que apresenta uma camada de areia
média a fina, e uma camada de solo siltoso mosqueado.
30

Figura 10 - Solo Pronto Para as Moldagens


Fonte: Arquivos do Autor

Figura 11 - Jazida do Minuano


Fonte: Buriol (2002)

3.1.2 Cimento

O cimento utilizado foi o cimento Portland CP V-ARI, recomendado para a


produção de artefatos pré-fabricados, como é o caso de artefatos de concreto,
blocos de concreto e blocos para pavimentação, pois ele tem como principal
característica sua alta resistência inicial.
31

3.1.3 Água

A água utilizada foi a do sistema de abastecimento da UFSM.

3.1.4 Resíduos de Construção Civil - RCC

O RCC utilizado (Figura 12) foi coletado na obra do prédio 74-b do Centro de
Ciências Sociais e Humanas (CCSH) (Figura 13) no campus da UFSM. Ele é
constituído em sua grande maioria da argamassa usada no chapisco, emboço e
reboco das paredes de alvenaria, portanto não contém cerâmica. Este resíduo tem
sua origem na limpeza das lajes para a execução do contrapiso, por isso apenas
contém resíduos da fase do reboco da obra, fase essa anterior à fase do contrapiso.
A relação dos materiais, bem como das misturas e respectivas quantidades
utilizadas no estudo são descritos na Tabela 2.

Figura 12 - RCC Pronto Para as Moldagens


Fonte: Arquivos do Autor
32

Figura 13 - Obra do Prédio 74-b do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH)


Fonte: Arquivos do Autor

Tabela 2 - Tabela demonstrativa especificando as composições das moldagens


utilizadas para a confecção dos tijolos vazados de solo-cimento e as respectivas
quantidades de cada material

Tabela resumo dos materiais utilizados

Equivalente da mistura em massa


Traços SC Composição da mistura (Kg)
(%)
M (1,2,3) (a,b) Solo RCC Cimento Total Solo RCC Cimento Total
M3a 26,15 52,38 9,81 88,34 29,60 59,29 11,10 100
M2a 39,27 39,27 9,81 88,35 44,45 44,45 11,10 100
M1a 52,38 26,15 9,81 88,34 59,29 29,60 11,10 100
M3b 26,15 52,38 7,85 86,38 30,27 60,64 9,09 100
M2b 39,27 39,27 7,85 86,39 45,46 45,46 9,09 100
M1b 52,38 26,15 7,85 86,38 60,64 30,27 9,09 100

Nota: SC = solo-cimento; (a,b) = teor de cimento nas composições sendo “a” 1:8 e “b” 1:10 traços, em volume; M
= mistura de solo e RCC em que (1,2,3) correspondem a: (1) 66,7 % solo e 33,3 % RCC, (2) 50 % de ambos e (3)
33,3 % solo e 66,7 % RCC.

3.1.5 Equipamentos de Laboratório


33

A seguir a descrição dos equipamentos utilizados para a realização das


moldagens e ensaios:
 Separador de amostras para ensaio de granulometria (Figura 14);

 Aparelho de Casagrande para determinação dos limites de Atterberg (Figura


15);

 Estufa com temperatura regulável (Figura 16) utilizada para a secagem dos
tijolos e posterior pesagem dos mesmos, parte do procedimento para
determinação da absorção de água;

Figura 14 - Separador de Amostras Figura15 - Aparelho de Casagrande Figura 16 –Tijolos na Estufa


Fonte: Arquivos do Autor Fonte: Arquivos do Autor Fonte: Arquivos do Autor

 Balança analítica (Figura 17), com capacidade de resolução de 0,01 g


utilizada nos ensaios de granulometria e limites de Atterberg;

 Peneiras de 4, 8; 2,0; 0,84; 0,42; 0,25; 0,15 e 0,075 mm de abertura das


malhas (Figura 18), para peneiramento do solo para as moldagens, e para
ensaios de granulometria e limites de Atterberg;

 Picnômetro (Figura 19) utilizado no ensaio da massa específica;


34

Figura 17 - Balança Analítica Figura 18 – Peneiras Figura 19 - Picnômetro


Fonte: Arquivos do Autor Fonte: Arquivos do Autor Fonte: Arquivos do Autor

 Máquina para fabricação de tijolos (Figura 20), com capacidade de fabricação


de um tijolo por prensagem;

 Máquina universal para a realização dos ensaios de compressão simples dos


tijolos vazados (Figura 21), com dispositivo de controle de velocidade de
carregamento e capacidade;

Figura 20 - Máquina para Fabricação de Tijolos Figura 21 - Máquina Universal


Fonte: Arquivos do Autor Fonte: Arquivos do Autor

 Outros: colher de pedreiro, enxada, pá de corte, serra circular, chapa


metálica, tanque de água, carrinho de mão, vassoura, etc.
35

3.2 Métodos

Este trabalho consiste em quatro etapas experimentais, que estão descritas a


seguir:

3.2.1 Etapa 1 – Preparo e Caracterização dos Materiais

3.2.1.1 Solo

Para a confecção dos tijolos se utilizou solo com granulometria inferior a 4,76
mm, ou seja, solo passante na peneira #4. Para fazer a seleção do solo ele foi
exposto ao ar para sua secagem, e posteriormente, sem passar por processo de
trituração ou destorroamento, de modo a simplificar o processo de produção, ele foi
peneirado na peneira 4,76 mm. Depois de peneiradas as amostras foram
acondicionadas em sacos plásticos. Para os ensaios de caracterização das misturas
solo+RCC foram seguidas as recomendações NBR 6457 (1986) (Amostras de solo –
preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização). Os ensaios
efetuados com o solo foram:
 Análise granulométrica, através de processo de peneiramento, feito de acordo
com os procedimentos recomendados pela NBR 7181 (1984);
 Determinação do limite de liquidez, NBR 6459 (1984) (Solo- Determinação do
limite de liquidez);
 Determinação da plasticidade do solo, conforme especificações da NBR 7180
(1984) (Solo - Determinação do limite de plasticidade);
 Determinação da massa específica dos sólidos do solo, de acordo com a
norma NBR 6508 (ABNT,1984b);

3.2.1.2 Resíduos de Construção Civil - RCC

Os resíduos de construção civil foram coletados em obra por meio de um


caminhão, e depositados em uma área externa nas proximidades do LMCC.
36

Posteriormente eles foram transportados para uma área fechada para serem
secados ao ar. Não foi utilizado o processo de peneiramento ou de destorroamento
do material, de modo a simplificar o processo de produção. Em seguida os resíduos
foram peneirados com o uso de uma peneira 4,76mm e acondicionados em sacos
plásticos. Portanto, todo o RCC utilizado na moldagem dos tijolos tem sua
granulometria inferior a 4,76mm. Para os ensaios de caracterização das misturas
solo+RCC foram seguidas as recomendações NBR 6457 (1986) (Amostras de solo –
preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização). Os ensaios
efetuados com o solo foram:
 Análise granulométrica, através de processo de peneiramento, feito de acordo
com os procedimentos recomendados pela NBR 7181 (1984);
 Determinação do limite de liquidez, NBR 6459 (1984) (Solo- Determinação do
limite de liquidez);
 Determinação da plasticidade do solo, conforme especificações da NBR 7180
(1984) (Solo - Determinação do limite de plasticidade);
 Determinação da massa específica dos sólidos do solo, de acordo com a
norma NBR 6508 (ABNT,1984b);

3.2.2 Etapa 2 – Definição das Dosagens e Composições de Solo-cimento:RCC

3.2.2.1 Escolha das dosagens

Os traços de cimento e das misturas foram definidos levando-se em


consideração estudos semelhantes feitos anteriormente, e o conhecimento adquirido
por professores e acadêmicos durante esses estudos. Para minimizar o consumo do
cimento Portland CP V-ARI, e também diminuir a quantidade de solo natural utilizada
na composição dos tijolos, e buscando-se entender o potencial do RCC, várias
composições foram adotadas. As quantidades de RCC na massa de solo-cimento,
expressas em porcentagem em relação ao total da massa e os traços de cimento
foram aprontados conforme a tabela a seguir:
37

Tabela 3 - Dosagens e Porcentagens dos Materiais nas Composições

1/8 - Traço de 66,7 % de solo + 33,3 % de RCC M1a


cimento, em
volume na
50 % de solo + 50 % de RCC M2a
composição 33,3 % de solo + 66,7 % de RCC M3a
Solo-Cimento
+
RCC
1/10 - Traço de 66,7 % de solo + 33,3 % de RCC M1b
cimento, em
volume na
50 % de solo + 50 % de RCC M2b
composição 33,3 % de solo + 66,7 % de RCC M3b

Assim, as composições com seus respectivos traços de cimento (em volume)


e as misturas correspondentes de solo-cimento:RCC (solo e RCC em %), obtidas
foram as seguintes:
M1a – ―a‖ correspondente ao traço de cimento da mistura: 1:8 e ―1‖
correspondente a mistura com 66,7% de solo e 33,3% de RCC;
M2a – ―a‖ correspondente ao traço de cimento da mistura: 1:8 e ―2‖
correspondente a mistura com 50% de solo e 50% de RCC;
M3a – ―a‖ correspondente ao traço de cimento da mistura: 1:8 e ―3‖
correspondente a mistura com 33,3% de solo e 66,7% de RCC;
M1b – ―b‖ correspondente ao traço de cimento da mistura: 1:10 e ―1‖
correspondente a mistura com 66,7% de solo e 33,3% de RCC;
M2b – ―b‖ correspondente ao traço de cimento da mistura: 1:10 e ―2‖
correspondente a mistura com 50% de solo e 50% de RCC;
M3b – ―b‖ correspondente ao traço de cimento da mistura: 1:10 e ―3‖
correspondente a mistura com 33,3% de solo e 66,7% de RCC;
A literatura usualmente indica que teores de 4% a 10% de cimento são
suficientes para a estabilização do solo-cimento para bons resultados de resistência
na confecção de blocos. Mas optou-se por usar teores de 9,1% e 11,1%, pois além
desses teores já terem sidos usados com sucesso em outros trabalhos, a
determinação de teores da forma 1:10 e 1:8 se torna mais fácil de ser assimilada por
mão de obra não qualificada, que é um dos principais alvos da fabricação de tijolos
de solo-cimento.
38

3.2.2.2 A mistura dos componentes

As quantidades corretas de cada material, solo, RCC e cimento, foram


preparadas e pesadas previamente, de acordo com os valores estipulados para
cada mistura. Primeiramente foram homogeneizados o solo e o RCC, de forma
manual, com o uso de uma enxada, para depois se repetir o processo de
homogeneização, com a adição do cimento. Depois, foi adicionada a água, aos
poucos, até que a argamassa atingisse uma consistência adequada para a
moldagem (Figura 22).

Figura 22 - Mistura dos Materiais Para Fabricação dos Tijolos de Solo-Cimento


Fonte: Arquivos do autor

A quantidade de água utilizada em cada moldagem foi determinada pela


verificação da consistência da massa por meio de um teste visual e manual (Figura
23). A água foi adicionada até que a argamassa atingisse uma consistência
suficiente para que quando se apertasse uma parte da mistura com uma mão ela
ficasse com as marcas dos dedos, porém, ao ser largada no chão de uma altura de
cerca de um metro, se esfacelasse ao atingir a superfície.

Figura 23 - Teste de Consistência da Massa


Fonte: Arquivos do autor
39

3.2.3 Etapa 3 – A moldagem e a caracterização Físico-mecânica dos tijolos

3.2.3.1 Confecção dos tijolos de solo-cimento:RCC

Nesta etapa foram realizadas as moldagens dos tijolos vazados, com a


utilização de uma prensa manual. Essas moldagens seguiram as especificações pré-
estabelecidas das quantidades de cada material, respeitando a dosagem definida na
etapa 2. A mistura dos materiais foi feita manualmente, conforme a etapa 2, assim
como o teor de umidade utilizado. As especificações da NBR 8491 (1984) foram
seguidas para as moldagens.
Após a mistura dos materiais e depois de atingir a umidade adequada, a
massa de solo-cimento:RCC foi colocada no dosador da prensa, para
posteriormente ser colocada no molde, e ser realizada a prensagem manual, que
apresenta baixa pressão, pois é feita por apenas uma pessoa. Posteriormente à
prensagem os tijolos foram tirados com muito cuidado da prensa, pois logo após
essa parte do processo eles apresentam baixíssima resistência, e depois foram
todos colocados sobre um suporte fixo, para que recebessem a cura úmida por um
período de 7 dias, por meio de molhagens sucessivas.

Figura 24 - Blocos Recém Moldados, Prontos para Receber a Cura


Fonte: Arquivos do Autor
40

Para cada uma das composições foram confeccionados 10 tijolos, sendo 4


para o ensaio de compressão simples aos 7 dias, 4 para o ensaio de compressão
simples aos 28 dias, e 2 para o ensaio de absorção de água. Devido a dificuldade da
retirada dos blocos recém moldados da prensa, como já frisado anteriormente, a
moldagem M3b, que corresponde a 33,3% de solo, 66,7% de RCC e teor de cimento
de 1:8, se mostrou inviável. Após várias tentativas de desmolde desses tijolos,
mesmo com a prática gerada pela confecção de todas as outras misturas, pois esta
foi a última a ser moldada, não foi possível retirar os blocos da prensa sem que os
mesmo se fragmentassem imediatamente. Portanto, essa mistura se mostrou
impraticável para o uso.

3.2.3.2 Ensaio de compressão simples realizado com os tijolos

Os ensaios de resistência à compressão simples foram realizados nos tijolos


aos 7 e 28 dias de idades, seguindo as recomendações da NBR 10836 (1994). A
preparação dos tijolos para ensaio começou com a serragem dos mesmos ao meio
(Figura 26), com o auxílio de uma serra circular (Figura 25).

Figura 25 - Serragem dos Tijolos ao Meio


Fonte: Arquivos do Autor
41

Figura 26 - Tijolos Cortados ao Meio


Fonte: Arquivos do Autor

Posteriormente foi feito o capeamento das faces inferior e superior (Figura


27), utilizando-se argamassa composta de cimento Portland CP V-ARI e argamassa
pronta, na proporção de 1:1, em bancadas com chapas de metal, para garantir o
correto nivelamento dos corpos de prova, com o auxilio de uma colher de pedreiro e
uma faca de corte.

Figura 27 - Capeamento das Faces dos Corpos de Prova


Fonte: Arquivos do Autor

A etapa seguinte foi à junção das duas partes do corpo de prova (Figura 28),
utilizando-se a mesma argamassa descrita anteriormente, com o auxilio de uma
colher de pedreiro.
42

Figura 28 - Corpos de Prova Após a Junção das Partes


Fonte: Arquivos do Autor

Após o endurecimento da massa do capeamento, os corpos de prova foram


colocados em imersão em água por um período de 24 horas antes de serem
submetidos ao ensaio de compressão simples (Figura 29).

Figura 29 - Corpos de Prova em Imersão


Fonte: Arquivos do Autor

A resistência à compressão simples do corpo de prova foi obtida pela divisão


da carga de ruptura pela sua área da seção transversal (Figura 30). A média
aritmética dos valores individuais obtidos para cada corpo de prova foi determinada
a resistência média de cada composição. Nos casos em que houve um valor
43

destoando muito dos demais, ele foi descartado, e a resistência média foi calculada
pela média dos valores restantes.

Figura 30 - Corpo de Prova Submetido ao Ensaio de Compressão Simples


Fonte: Arquivos do Autor

3.2.3.3 Ensaio de absorção de água realizada com os tijolos

Para realização do ensaio de absorção de água os procedimentos descritos


na NBR 13555 (1996) foram seguidos. Assim, os tijolos foram colocados em uma
estufa com temperatura constante dentro da faixa entre 105ºC e 110ºC, para que
perdessem toda sua umidade, por um período de 24 horas. Assim, se obteve a
massa seca da amostra.
Posteriormente, as amostras foram colocadas em imersão em um tanque com
água por 24 horas. Assim, após a retirada das amostras do tanque e uma secagem
superficial, foi obtida a massa saturada da amostra.
A determinação dos valores individuais de absorção de água, em
porcentagem, foi feita por meio da Equação 1, onde se refere a massa saturada e
se refere a massa seca. A absorção média foi obtida pela média aritmética das
duas determinações.
44

Figura 31- Amostras em Imersão para Ensaio de Absorção de Água


Fonte: Arquivos do Autor

3.2.4 Etapa 4 – Análise dos resultados

A análise dos resultados levou em consideração as tabelas e gráficos


elaborados com base nos resultados obtidos nos ensaios. O objetivo da análise foi
determinar quais composições atingiram as exigências ditadas pelas normas, e
quais não obtiveram êxito. Também foi feito um comparativo com os valores de
absorção de água com os valores obtidos de peso específico. Os resultados obtidos
nos ensaios de caracterização foram analisados para se verificar como cada variável
influencia nas propriedades físico-mecânicas do produto final.
45

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS MATERIAIS UTILIZADOS

As tabelas 4 a 6 apresentam os resultados obtidos nos ensaios de


caracterização das misturas entre solo e RCC utilizadas para a confecção dos
tijolos, mostrando que todas as misturas têm características arenosas. As Figuras de
32 a 34 mostram os gráficos dos limites de liquidez das misturas. A Figura 35 mostra
a curva granulométrica dos solos encontrados na Jazida do Minuano, e as figuras de
36 a 38 mostram as curvas granulométricas das misturas utilizadas na confecção
dos tijolos.

Tabela 4 - Caracterização física da mistura M1 utilizada na confecção dos tijolos.

Composição
Parâmetros M1
66,67 % Solo - 33,33% RCC
% %
% Retida Acumulada
Retida Passante

Peneira nº4 0,00% 0,00% 100,00%

Peneira nº8 12,10% 12,10% 87,90%


Peneira nº16 15,15% 27,25% 72,75%
Granulometria:
Peneira nº30 18,41% 45,66% 54,34%
Peneira nº50 22,99% 68,65% 31,35%
Peneira nº100 14,40% 83,05% 16,95%
Fundo 16,95% 0,00% 100,00%
Módulo de Finura: 2,36
Massa específica dos grãos 2,539 g/cm³
Limite de Liquidez 30%
Índices Físicos
Limite de Plasticidade 19%
Índice de Plasticidade 11%
46

Tabela 5 - Caracterização física da mistura M2 utilizada na confecção dos tijolos.

Composição
Parâmetros M2
66,67 % Solo - 33,33% RCC
% %
% Retida Acumulada
Retida Passante

Peneira nº4 0,00% 0,00% 100,00%

Peneira nº8 12,16% 12,16% 87,84%


Peneira nº16 15,30% 27,46% 72,54%
Granulometria:
Peneira nº30 19,52% 46,98% 53,02%
Peneira nº50 24,40% 71,38% 28,62%
Peneira nº100 13,93% 85,31% 14,69%
Fundo 14,69% 0,00% 100,00%
Módulo de Finura: 2,43
Massa específica dos grãos 2,564 g/cm³
Limite de Liquidez 27%
Índices Físicos
Limite de Plasticidade 18%
Índice de Plasticidade 9%

Tabela 6 - Caracterização física da mistura M2 utilizada na confecção dos tijolos.

Composição
Parâmetros M3
66,67 % Solo - 33,33% RCC
% Retida % Retida Acumulada % Passante

Peneira nº4 0,00% 0,00% 100,00%

Peneira nº8 13,05% 13,05% 86,95%


Peneira nº16 15,72% 28,77% 71,23%
Granulometria:
Peneira nº30 19,42% 48,20% 51,80%
Peneira nº50 24,07% 72,27% 27,73%
Peneira nº100 13,43% 85,70% 14,30%
Fundo 14,30% 0,00% 100,00%
Módulo de Finura: 2,47
Massa específica dos grãos 2,533 g/cm³
Limite de Liquidez 23%
Índices Físicos
Limite de Plasticidade 18%
Índice de Plasticidade 5%
47

Gráfico Limite de Liquidez


100
Número de Golpes

25

10
25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

Umidade (%)

Figura 32 - Limite de Liquidez M1

Gráfico Limite de Liquidez


100
Número de Golpes

25

10
22 23 24 25 26 27 28 29 30

Umidade (%)

Figura 33 - Limite de Liquidez M2


48

Gráfico Limite de Liquidez


100
Número de Golpes

25

10
19 20 21 22 23 24 25 26 27

Umidade (%)

Figura 34 Limite de Liquidez M3

Figura 35 - Curvas Granulométricas Jazida do Minuano


Fonte: Buriol (2002)
49

Granulometria M1

100,0

90,0
Amostra
80,0

70,0
% Passante

60,0

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0

0,0
4 8 16 30 50 100 Fundo

Peneiras

Figura 36 - Curva Granulométrica M1

Granulometria M2

100,0

90,0
Amostra
80,0

70,0
% Passante

60,0

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0

0,0
4 8 16 30 50 100 Fundo

Peneiras

Figura 37 - Curva Granulométrica M2


50

Granulometria M3

100,0

90,0
Amostra
80,0

70,0
% Passante

60,0

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0

0,0
4 8 16 30 50 100 Fundo

Peneiras

Figura 38 - Curva Granulométrica M3

De acordo com autores como Segantini; Alcântara (2010) e Neves (2011),


solos com altos LL e IP são difíceis de se estabilizar com cimento. A recomendação
dos autores é de que o solo apresente LL ≤ 45% e IP ≤ 18%, ambos requisitos que
são compridos por qualquer uma das misturas utilizadas nas moldagens.
Outra recomendação apresentada por Neves (2011) é a quantidade de 50% a
95% de areia desuniforme.

4.2 Ensaio de resistência à compressão simples aplicado aos tijolos

São apresentados os resultados individuais de resistência à


compressão simples (RCS) obtidos nos ensaios realizados. De acordo com a NBR
10834 (1994) nenhum resultado individual apresentado pode ser menor do que 1,7
Mpa, e a média de todos os resultados individuais não devem ser menores do que
2,0 Mpa, Estes são os valores limites apresentados pela norma aos 28 dias.
Observou-se que poucos dos resultados obtidos para RCS foram satisfatórios em
51

relação a norma citada, já que grande parte dos tijolos apresentou resistências
inferiores às requeridas.

Tabela 7 - Resistência média à compressão simples dos tijolos ensaiados

Resistência Coeficiente Resistência Desvio Coeficiente


Traço Desvio Padrão
aos 7 dias de Variação aos 28 dias Padrão de Variação

M1a 1,03 0,109 0,105 1,09 0,357 0,329


M1b 0,96 0,095 0,099 1,48 0,057 0,038
M2a 1,72 0,198 0,115 2,06 0,015 0,007
M2b 2,01 0,071 0,035 1,44 0,007 0,005
M3a 1,47 0,040 0,027 2,29 0,173 0,075

Os resultados dos ensaios de RCS mostram que dentre todas as


composições estudadas, apenas a M2b, aos 7 dias, e a M1b e M3a aos 28 dias
tiverem valores de resistência à compressão simples superiores aos exigidos pela
norma, conforme a Figura 39. Todas as demais composições demostraram valores
abaixo do especificado.
Observou-se também que dentre todas as composições a que teve melhores
resultados de resistência à compressão foi a que apresenta 33,3% de solo e 66,67%
de RCC, apesar de ser a que se mostrou mais difícil de ser moldada.

Tabela 8 - Resistência à compressão simples obtida nos ensaios aos 7 e 28 dias


para todas as composições

Resistência à Compressão (Mpa)


Misturas
Idade CP M1a M1b M2a M2b M3a
1 1,18 0,93 1,49 2,02 2,16
2 0,92 0,89 1,68 1,24 1,51
7 dias
3 1,00 0,92 1,73 1,93 1,48
4 1,03 1,10 1,97 2,07 1,43
5 1,49 1,97 2,08 2,04 2,04

28 dias 6 0,81 1,44 2,05 1,44 2,36


7 0,96 1,52 2,06 1,06 2,34
8 - 1,06 1,65 1,43 2,43
CP= corpo de prova; M1 corresponde a mistura solo:RCC 66,67%:33,33%; M2 corresponde a mistura
solo:RCC 50%:50%; M3 corresponde a mistura solo:RCC 33,33%:66,67%; a corresponde ao teor de
52

cimento (traços, em volume, em relação à massa total dos componentes) 1:8; b corresponde ao teor
de cimento (traços, em volume, em relação à massa total dos componentes) 1:10.

2,50

2,00
Resistência à Compressão (Mpa)

1,50

7 dias
1,00 28 dias

0,50

0,00
M1a M1b M2a M2b M3a
Composições solo-cimento + RCC

Figura 39 - Gráfico demonstrativo das resistências obtidas nos ensaio.

Tabela 9 - Comparativo do aumento da resistência à compressão entre 7 e 28 dias.

Resistência à compressão simples (Mpa) Ganho de


Mistura
Resistência (%)
7 dias 28 dias
M1a 1,03 1,09 5,25
M1b 0,96 1,48 54,17
M2a 1,72 2,06 20,14
M2b 2,01 1,44 -
M3a 1,47 2,29 55,60

Como pode ser notado na Tabela 9, a única mistura que apresentou


comportamento fora do esperado, ou seja, com valores de resistência menores anos
28 dias foi a M2b. Esses valores podem ser justificados por problemas de
53

moldagens, visto que a equipe não tinha grande experiência na confecção de tijolos
de solo cimento.
Mesmo assim pode-se considerar a mistura M2b uma mistura de sucesso
quanto a resistência à compressão simples, pois já aos 7 dias ela apresentou
resistência média acima de 2 Mpa.
Os principais motivos que causaram essa resistência inadequada,
principalmente aos 7 dias, são a granulometria e a baixa pressão de prensagem,
que por ser manual, não consegue quebrar os grumos de argamassa provenientes
do RCC.
O fato de o resíduo ser proveniente basicamente de rejeito de argamassa, faz
com que o material fique em forma de grumos, o que afeta muito a resistência,
fazendo com que ela se torne baixa. Para a correção desse defeito, o RCC pode ser
triturado antes de ser peneirado.
Outra intervenção que poderia melhorar a qualidade do produto final seria a
adição de resíduos de cerâmica vermelha. Ela além de melhorar a granulometria,
tem efeito pozolânico, como mostrado por Tanski (2013), o que melhora as
propriedades do produto final, além de poder diminuir a quantidade de cimento
necessária. Sabendo que o resíduo de cerâmica vermelha é comum dentro das
obras, seria viável a sua incorporação na mistura, o que melhoraria as propriedades
do produto final.
54

4.3 Ensaio de absorção de água

Com relação ao ensaio de absorção de água, a NBR 10834 (1994) especifica


que a absorção de água deve ser ≤ 20%. A única combinação que atendeu ao
requisito da norma foi a M2b, que apresentou a absorção média entre duas
amostras exatamente em 20% (Figura 40).

Tabela 10 - Absorção média de água aos 28 dias

Absorção de água aos 28 dias


Composição: M1a M1b M2a M2b M3a
Absorção de água 25,73% 25,61% 21,46% 20,00% 22,11%

30,00%

25,00%

20,00%
Absorção de Água

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%
M1a M1b M2a M2b M3a
Composições

Figura 40 - Absorção média de água dos tijolos

Um fato que contribui muito para essa elevada absorção de água é que o
RCC está organizado em forma de grumos, o que torna os tijolos mais porosos, e,
portanto mais propensos a absorver quantidades maiores de água.
55

5 CONCLUSÃO

Pelos resultados analisados pode-se concluir que a resistência à compressão


aos 7 dias e a absorção de água apresentaram valores insatisfatórios quando
comparados com a norma. Possivelmente um fator que contribuiu para isso foi a
granulometria utilizada na composição do RCC, que passou apenas pelo processo
de peneiramento, dispensando um beneficiamento por trituração do material, o qual
acarretaria numa redução de grumos frágeis e um melhor desempenho quando
adicionado na mistura.
Este beneficiamento não foi empregado neste trabalho, visando a economia
de energia e de mão de obra, buscando uma análise da viabilidade da utilização de
RCC sem triturar, que no caso, se mostrou inadequado.
Também se pode constatar que a mistura entre resíduo de construção civil e
solo utilizado neste trabalho resultou em um produto de difícil moldagem, e que esta
dificuldade aumentava a medida que a quantidade de RCC na mistura também
aumentava.
Outro fator que pode ser destacado quanto à composição do RCC utilizado, é
que o mesmo não apresenta cerâmica vermelha em sua composição, o que poderia
conferir melhores propriedades ao produto final, pois tem propriedades pozôlanicas
e seus grãos apresentam maior resistência do que os grãos provenientes de resíduo
de argamassa.
Portanto, pode-se dizer que a fabricação de tijolos de solo-cimento com
adição de quantidades de RCC é viável, o que já foi comprovado por vários
trabalhos anteriores a este, mas que, com a utilização de um RCC pouco preparado,
a confecção desse produto não se torna atrativa.
56

6 RECOMENDAÇÕES

Para futuros trabalhos relacionados a fabricação de tijolos de solo-cimento


seguem algumas recomendações:
 Obtenção de diferentes tipos de solos para confecção dos tijolos;
 Utilizar RCC com outra composição;
 Utilização de misturador mecânico para aumentar a produtividade de tijolos e
a qualidade das misturas;
 Utilizar diferentes moldes para os tijolos;
 Maior eficiência na cura dos tijolos;
 Realizar ensaios de retração;
 Realização de ensaios para determinação da porosidade;
 Triturar o material utilizado antes de peneirar.
57

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT, Rio de Janeiro.


NBR 5733 - Cimento Portland de alta resistência inicial. Rio de Janeiro, 1991EB-2.
5p

_______. NBR 6457: Amostras de solo – Preparação para ensaios de compactação


e ensaios de caracterização. Rio de Janeiro, 1986a. 9p.

_______. NBR 6459: Solo – Determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro,


1984c. 6p.

_______. NBR 7180: Solo – Determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro,


1984d. 3p.

_______. NBR 7181: Solo – Análise granulométrica. Rio de Janeiro, 1984a. 13p.

_______. NBR 7182: Solo – Ensaio de compactação. Rio de Janeiro, 1986. 10p.

_______. NBR 8491: Tijolo maciço de solo-cimento. Rio de Janeiro, 1984e. 4p.

_______. NBR 8492: Tijolo maciço de solo-cimento. Determinação da resistência à


compressão e absorção de água. Rio de Janeiro, 1984f. 5p.

_______. NBR 13555: Solo-cimento – Determinação da absorção d´água. Rio de


Janeiro, 1996. 1p.

_______. NBR 10832 - Fabricação de tijolo maciço de solo-cimento com a utilização


de prensa manual. Procedimento. Rio de Janeiro, 1989. 3p.

_______. NBR 10833 - Fabricação de tijolo maciço e bloco vazado de solo-cimento


com a utilização de prensa hidráulica. Procedimento. Rio de Janeiro, 1989. 3p.

_______. NBR 10834 - Bloco vazado de solo-cimento sem função estrutural.


Especificação. Rio de Janeiro, 1994. 3p.
58

_______. NBR 10835 - Bloco vazado de solo-cimento sem função estrutural, forma
e dimensões. Padronização. Rio de Janeiro, 1994. 2p.

_______. NBR 10836 - Bloco vazado de solo-cimento sem função estrutural –


Determinação da resistência à compressão e da absorção de água. Método de
ensaio. Rio de Janeiro, 1994. 2p.

BARBOSA, N. P. S; GHAVAMI. K. Terra Crua para Edificações. In: Materiais de


Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. São Paulo:
IBRACON, 2010, 2ª. Ed. v.2. Cap.25.p.1565 – 1598.

BURIOL, Telmo Luiz. Caracterização de jazidas para construção de habitações


populares, com solo-cimento, em Santa Maria. 2002. 139 f. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2002.

Blocos de abode. Disponível em http://psicodalia.mus.br/atracao/oficina-de-tijolos-


de-adobe/. Acesso 14 jun 2015.

Exemplo de Blocos de Solo-Cimento. Disponível em http://www.taipal.com.br/wp-


content/uploads/2015/03/tecnicas.pdf Acesso em 12 Jun 2015

FERREIRA, Regis de Castro. Desempenho físico-mecânico e propriedades


termofísicas de tijolos e mini-painéis de terra crua tratada com aditivos químicos/
Regis de Castro Ferreira. – Campinas, SP: 2003. Tese (Doutorado) – Universidade
Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Agrícola.

LIMA, Thiago Vicente. Estudo da produção de blocos de solo-cimento com matérias-


primas do núcleo urbano da cidade de Campo dos Goytacazes, 2006. 107 f.

MAZZEO GRANDE, Fernando Mazzeo. Fabricação de tijolos modulares de solo-


cimento por prensagem manual com e sem a adição de sílica ativa. Dissertação
de Mestrado em Arquitetura. EESC – Escola de Engenharia de São Carlos, São
Carlos, 2003.

MIELI, Priscilla Henriques. Avaliação do Tijolo Modular de Solo-Cimento como


Material na Construção Civil. Projeto de Conclusão de Curso – Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Departamento de Engenharia de Materiais,
Curso de Engenharia de Materiais (DEMM/POLI/UFRJ, Engenharia de Materiais,
2009). 48p.

NEVES, C. M. M. RESGATE E ATUALIZAÇAO DO CONSTRUIR COM TERRA: O


PROJETO PROTERRA. In.: I CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE
CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL X ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO
AMBIENTE CONSTRUÍDO 18-21 julho 2004, São Paulo. ISBN 85-89478-08-4.

NEVES, C. M. M.; CARNEIRO, A. P.; COSTA, D. B. Uso do Agregado Reciclado em


Tijolos de Solo Estabilizados com Cimento. In. Reciclagem de entulho para a
Prensa Hidráulica. Disponível http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-653336288-
prensa-hidraulica-para-tijolos-ecologico-_JM Acesso em 12 Jun 2015
59

Prensa Manual. Disponível em http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-650175891-


projeto-prensa-triturador-tijolo-ecologico-solo-cimento-_JM Acesso em 12 Jun 2015

Produção de Materiais de Construção. – Salvador: EDUFBA; Caixa Econômica


Federal, 2001. Cap.VII. p.228 – 260.

NEVES, Célia, Técnicas de Construção com Terra. Faculdade de Engenharia de


Bauru – Universidade Estadual Paulista, 2011.

Parede de Taipa de Pilão. Disponível em http://www.taipal.com.br/wp-


content/uploads/2015/03/tecnicas.pdf . Acesso em 12 Jun 2015

PARSEKIAN, A.G.; SOARES, M. M. Alvenaria estrutural em blocos cerâmicos:


projeto, execução e controle/Guilherme Aris Parsekian Márcia Melo Soares. São
Paulo: O Nome da Rosa, 2010.

PINTO, C. S. Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 aulas. São Paulo, 2000.
247p.

PITTA, M. R. (1995) Estabilização com solo-cimento. Revista Techne, Editora Pini,


São Paulo-SP, Nº 17, Julho/Agosto.

SANTOS, Maximiliano Perdigão dos. Fabricação de Solo-Cimento com Adição de


Resíduos de Madeira Provenientes da Construção Civil. Dissertação de
Mestrado – Universidade Federal de Minas Gerais, Programa de Pós Graduação em
Construção Civil , Belo Horizonte, 2009.

SEGANTINI, A. A. S; ALCÂNTARA M. A. M. Solo-cimento e Solo – Cal. In: Materiais


de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. São
Paulo: IBRACON, 2010, 2ª. Ed. v.2. Cap.27.p.864 – 891.

SEGANTINI, A. A.; WADA, H. P. Estudo de dosagem de tijolos de solo-cimento com


adição de resíduos de construção e demolição. Acta Scientarium Technology.
Maringá, v. 33, n.2, p. 179-183, 2011.

SILVA, Vamberto Monteiro da et al. Incorporation of ceramic waste into binary


and ternary soil-cement formulations for the production of solid bricks. Mat.
Res. [online]. 2014, vol.17, n.2, pp. 326-331. Epub Feb 18, 2014. ISSN 1516-1439.

TANSKI, Mateus Camargo. Análise da Substituição Parcial de Cimento por Pó de


Cerâmica Vermelha em Solo Cimento Composto com Resíduo de Construção Civil –
Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Tecnologia, Departamento de
Estruturas e Construção Civil, Curso de Engenharia de Civil, 2013.

TAVEIRA, Eduardo Salmar Nogueira e. et al. CONSTRUIR MORAR E HABITAR:


o solo-cimento no campo e na cidade. São Paulo: Ícone Editora, 1987. 120 p.

UCHIMURA, M.S., Dossiê Técnico - Solo-cimento. Instituto de Tecnologia do


Paraná, 2006. 21p.

Você também pode gostar