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Empirísmo

Introdução
O empirismo é uma doutrina filosófica do século XVII que trata do
conhecimento advindo das experiências sensoriais humanas.

O empirismo se contrapõe diretamente ao inatismo. Essa vertente afirma que


a existência de todo conhecimento está no ser humano desde seu nascimento,
sendo necessário somente a introspecção para alcançá-lo.

Além do inatismo, o empirismo também se contrapõe ao Racionalismo. Este


confere a descoberta da Verdade somente através do raciocínio lógico,
revelando profunda aversão ao método experimental.

O filósofo empírico, contrário a estes conceitos, afirma que a origem de


todas as ideias necessariamente vem da relação do homem com a
ambiente externo. Ou seja, através nossos sentidos biológicos. 

De Aristóteles a John Locke


Apesar de ser concretizado teoricamente somente no século XVII com John
Locke, o empirismo é retratado muito antes com Aristóteles, em seus estudos
sobre a busca de uma Verdade absoluta.

Em seus estudos, Aristóteles indicava que um meio de se chegar à Verdade


era através das experiências sensoriais e pelo método lógico indutivo.

A indução é, como a razão aos racionalistas, parte fundamental do empirismo.


A indução mostra que são poucas as ideias que podem ser totalmente
concluídas e validadas quando não se detém fontes de conhecimento que
advém da experiência. 

Um exemplo clássico de como o método indutivo funciona é a questão: “se


uma árvore cai na floresta e ninguém está perto para ouvi-la, sua queda
produzirá som?” Como não há ninguém perto para que possa experimentar o
ocorrido, não é possível então dizer ao certo se produzirá ou não o som.

Entre os filósofos que se destacam no tema estão Francis Bacon, Thomas


Hobbes, John Stuart Mill, David Hume e John Locke. Este último sendo
considerado o pai do Empirismo (ou Empirismo Britânico).

Locke começou seus estudos sobre o empirismo em seu livro “Ensaio acerca
do Entendimento Humano” (1690), em que estipula o ser humano ao nascer
como uma “tabula rasa”. Para ele, o indivíduo é um quadro em branco, onde se
adicionam informações e conhecimentos conforme ganha experiência,
passando, assim, a um ser capaz de gerar ideias e novas opiniões.
Ao considerar que todos os homens nascem sem conhecimento algum,
Locke define os homens como iguais em seu nascimento, argumento que
futuramente viria a contestar o absolutismo e seu “direito divino”.

Exemplificando os conceitos do empirismo, este nega - e, portanto, não


consegue explicar - todos os conhecimentos que não possuem método de
validação experimental, tomando por exemplo o instinto animal ou a migração
de aves para locais que nunca foram. 

Francis Bacon
Francis Bacon (1561 - 1626) foi um dos principais filósofos e o primeiro a
produzir um esboço da técnica científica moderna.

Ao considerar a filosofia aristotélica ultrapassada, ele começou a produzir um


tratado que propunha organizar a filosofia sobre a busca do conhecimento.

Escreveu, assim, o “Novo Método” (1620), em que explicava o porquê de o


homem necessita dominar a natureza e entender seu funcionamento, para que,
entendendo suas engrenagens, pudesse transformar e trazer a si os benefícios
produzidos por ela. Neste contexto, Bacon afirma que “saber é poder”.

Bacon, em seu tratado, ainda divide a ciência em áreas:

 poesia ou ciência da imaginação;


 história ou ciência da memória;
 filosofia ou ciência da razão. 

Empirismo Atual - Neopositivismo


O empirismo atual - empirismo lógico - é conhecido como neopositivismo e
é origem de três vertentes de pensamento: a integral, a moderada e a
científica. 

Empirismo integral

O empirismo integral reduz a fonte todo o conhecimento às experiências


sensíveis, inclusive na área da matemática.

John Stuart Mill em “Sistema da Lógica” (1843), coloca de maneira


sistemática que os conhecimentos humanos são resultados do método
indutivo, exceto a matemática, que seria uma generalização das experiências
realizadas.

Entretanto, ele ainda afirma que os próprios axiomas da matemática são


capazes de ser atingidos pelo método indutivo.
Empirismo moderado

Em segundo, o empirismo moderado - ou genético-psicológico - afirma


que as experiências são fonte, mas não as únicas a serem capazes de
validar os conhecimentos do mundo.

As ideias matemáticas são exemplo dessa vertente. Para os moderados, a


matemática é processo do unicamente do pensamento, não sendo possível ser
provado, medido, validado por simples experiências científicas.

Empirismo científico

Por fim, o empirismo científico valida somente como verdade aquelas ideias


capazes de serem medidas e experimentadas, refutando até mesmo
processos como a indução.

O método científico utilizado atualmente, iniciado com René Descartes através


do “Discurso do Método” (1637), foi de grande influência ao empirismo
científico.

A cada nova teoria que surge, faz-se necessário a experimentação,


comprovação de dados e medições. Sistematicamente, tudo deve ser
validado. Somente assim algo poderá ser considerado de valor para o meio
científico.

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