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O texto apresentado para análise discorre sobre a história da água engarrafada, seus aspectos
sociais e ambientais desde a sua extração, envase, distribuição, consumo e impactos em toda a
cadeia. Fala também, sobre a ação coletiva movida contra a empresa Fiji Water Company
acusada de se beneficiar do método de créditos de carbono que eram comprados antes das
efetivas ações a que se destinavam ou que houvessem sido realizadas o que não garantia a
efetivação dos créditos. Essa política, aliada ao maketing utilizado possibilitou associar a marca
a personalidades ricas e famosas deu bastante visibilidade proporciando uma valorização da
empresa, ao meu ver a marca se vangloriou utilizando-se apenas de status, se considerarmos o
decorrer dos acontecimentos no referido artigo.
Em 1988 o governo de Fiji, descobriu uma reserva aquífera com volume de água de
aproximadamente 3,34 km3, com mais de três trilhões de litros de água acumulados sob a
floresta e um vulcão, do Arquipélago das ilhas Fiji, a leste da Austrália. E com ajuda do governo
o canadense David Gilmor fundou nesse mesmo ano a empresa A Fiji Water para investir em
água engarrafada, e uma das vantagens desse empresário foi um acordo firmado com o
governo, que por 99 (noventa e nove) anos poderia explorar comercialmente o aquífero. Além
desse grande benefício, o governo da Ilha concedeu à empresa um período de isenção fiscal
até 2008. Mostrando o quão vantajosa foi a criação dessa empresa, pois não houve custos de
descoberta do aquífero e ainda uma isenção fiscal que qualquer empresário gostaria de
receber.
A indústria de água engarrafada teve início nos Estados Unidos a cerca de 200 anos, na mesma
época em que outras empresas surgiram pelo mundo, principalmente na Europa e, a origem
da água engarrafada eram as mais diversificadas, desde geleiras até ilhas desertas isoladas no
meio do oceano como no caso em questão. O mercado consumidor de água engarrafada era o
mais promissor na indústria de alimentos e bebidas. Várias eram as razões de as pessoas
comprarem água em garrafas, desde conveniência por ser fácil de carregar e não necessitar
nenhum tipo de tratamento ou filtragem, sabor, e até status social, um mercado de $100
bilhões de dólares.
Em 2008 a empresa assumiu a redução do teor de plástico de suas garrafas em 20% o que
resultou que em 2010 na utilização em 100% de embalagens recicladas para o armazenamento
e envio de suas garrafas e anunciava em suas campanhas publicitárias que sua água era 120
por cento carbono negativo, informando aos seus consumidores que ao adquirirem seus
produtos estariam contribuindo com o meio ambiente. Neste mesmo ano, a empresa anunciou
que a fábrica separava e reciclava 95% do resíduo gerado. Também na mesma época foi
realizada a da contratação de hidrogeólogos para garantir que a extração da água do aquífero
estava absolutamente dentro de uma faixa sustentável, ou seja, garantindo a recuperação do
aquífero.
Outra ação foi a mudança do sistema de distribuição de seu produto através de carretas mais
eficientes para o transporte até o porto e reduzindo em 50% o combustível de suas carretas
na troca para o biodiesel e a utilização de fontes renováveis de energia (eólica), que eram
meios de transportes mais eficientes. A Fiji Water também anunciou que passaria a adquirir
créditos de carbono em um esquema de geração futura, como forma de assumir
responsabilidade imediata pelas emissões, embora fosse a pretensão da empresa negativar
suas emissões.
Apesar de os críticos e experts classificarem a Fiji Water como uma das melhores águas
engarrafas por suas propriedades físico-químicas e pela conservação de seu aquífero por mais
de 2.000 anos, em termos de compensação de carbono não se pode considerar a Fiji Water
como 120% Carbono Negativo já que seus certificados de compensação ainda não foram
contabilizados seriam compensados nos próximos dez anos, ou seja, comprou com “cheque
pré datado” e utilizava esse pseudo crédito como efetivo, tratando-se, portanto, de
propaganda enganosa. Com isso, em dezembro de 2010 a FIJI Water, foi indiciada em um
processo nos Estados Unidos por “declaração fraudulenta e enganosa”. Em realidade a Fiji
Water nunca foi “Carbono Negativo”, foi uma grande jogada de marketing que concedeu à
empresa avassaladora vantagem competitiva sobre seus concorrentes e a oportunidade de
lucrar mais com o falso aumento do valor agregado de seu produto.
Em 2010 a ação nos Estados Unidos conclui pela culpa da empresa por propaganda enganosa,
uma vez que a mesma induzia o consumidor a acreditar que retirava mais carbono da
atmosfera do que o que seu processo produtivo lançava, quando na verdade essa conta levava
em consideração somente os créditos de compensação futura adquirido pela empresa que,
poderia ou não vir a se concretizar. Como se não bastasse a ação judicial, a Fiji Water entrou
em conflito com o governo da ilha de Fiji, no final de 2010, devido ao anuncio do mesmo em
aumentar em 5.000% a tributação sobre o litro de água extraído, passando de F$ 0,003 para F$
0,15 por litro, considerando tudo isso a empresa encontrava-se em um grande dilema, se a
mesma tentava se defender ou se mudaria sua abordagem, e analisando bem a situação o
melhor era a empresa reconhecer as falhas e inciar algo novo para que pudesse ganhar
novamente a confiança dos consumidores, mas de uma forma mais transparente e ética.