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(ISRI)
____________________________________________________________________
TEMA
O Candidato: O Supervisor:
TEMA
O Candidato O Supervisor
__________________________ ____________________________
DECLARAÇÃO DE AUTORIA.........................................................................................................i
AGRADECIMENTOS.....................................................................................................................iii
DEDICATÓRIAS............................................................................................................................iv
SUMÁRIO EXECUTIVO...............................................................................................................vii
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................1
Contextualização..........................................................................................................................1
Justificativa..................................................................................................................................2
Problematização...........................................................................................................................2
Objectivos....................................................................................................................................4
Hipóteses:.....................................................................................................................................4
Metodologia.................................................................................................................................4
Estrutura do trabalho....................................................................................................................6
1.1.2.Precursores......................................................................................................................8
1.1.3.Pressupostos:...................................................................................................................8
1.2.Debate Conceptual...............................................................................................................10
1.2.1.AGOA...........................................................................................................................10
1.2.2.Exportação.....................................................................................................................11
1.2.3.Desenvolvimento económico........................................................................................12
2.2.Objectivos do AGOA...........................................................................................................18
2.2.1. Fortalecimento das trocas Comerciais entre os EUA e os Países da África Subsaariana
................................................................................................................................................19
Referências....................................................................................................................................45
DECLARAÇÃO DE AUTORIA
Eu, Amisse António Muroto, declaro pela minha honra, que o presente trabalho é inteiramente
da minha autoria e que nunca foi anteriormente apresentado para efeitos de avaliação em
nenhuma instituição de Ensino Superior, nacional e de outro país e que é resultado de pesquisa
individual.
O candidato
_______________________________________
0
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema “Reflexões sobre o AGOA: Desafios e Oportunidade Para
África Subsaariana – Caso do Lesotho”. Com Recursos a espaços adjacentes, o trabalho abrange
o espaço geográfico que envolve toda África Subsaariana, em geral e Lesotho, em particular. A
escolha desse território justifica-se pelo facto de a abertura comercial norte-americana, através
do African Growth and Oportunity Act (AGOA1), beneficiar as economias da África subsaariana
na qual Lesotho é parte. Quanto ao tempo, a reflexão é feita no período compreendido entre 2000
à 2015. A opção do intervalo justifica-se pelo facto de 2000 ser o ano da criação do AGAO, que
marca uma nova roupagem nas relações Comerciais entre os EUA e África Subsaariana. E 2015,
por ser o ano que marca o fim da segunda fase de extensão do AGOA e ano da realização do
Décimo quarto (14°) Fórum AGOA, em Washington, e que culminou com a sua extensão para
2025.
Contextualização
O trabalho enquadra-se num contexto internacional, no qual Lesotho é parte, caracterizado por
mudanças frequentes e significativas na configuração e natureza dos acordos de comércio.
Segundo IPEA (2013:272), entre os princípios de 1990 a 2000, a comunidade internacional
testemunhou a terceira onda de regionalismo caracterizado pela proliferação de acordos
preferenciais de comércio e a criação de regras e mecanismos de integração que vão além do
alcance do regime multilateral de comércio da Organização Mundial de Comércio (OMC).
1
(Etchenique,2013:04). É nesse contexto que o ex-presidente norte-americano, Bill Clinton,
introduziu uma mudança fundamental na política externa dos Estados Unidos de América (EUA)
para a África Subsaariana através do AGOA.
Justificativa
O presente trabalho torna-se relevante na medida em que procura fazer uma reflexão em torno
dos desafios e das oportunidades que o AGOA oferece aos países da África Subsaariana e do
Lesotho em particular. Sabido da escassez de pesquisas científicas, do desconhecimento do
AGOA e da necessidade de indagar-se sobre o mesmo, procura-se explora-lo para, de certa
forma, contribuir para o seu conhecimento e suscitar debates entorno do mesmo.
Problematização
O AGOA é controverso e divide opiniões entre os autores, havendo autores que defendem que,
os países da região não estão em condições de explorar eficazmente as oportunidades que o
AGOA oferece para a posterior materialização em desenvolvimento económico. De acordo
Stirling (2014:8-9), o AGOA esta longe de alcançar os objectivos de sua criação. Este facto
deve-se aos constrangimentos que impede na eficaz utilização do AGOA, uma vez que muitos
países beneficiários não têm capacidade para produzir e exportar aos EUA nas qualidades e
quantidades exigidas pelo mercado. Muitas empresas africanas têm infra-estruturas de produção
pobres, com recursos a tecnologias obsoletas e operando em pequenas escalas o que torna muito
difícil fazerem uso eficaz das oportunidades que o AGOA oferece e serem efectivamente
competitivas no mercado aberto norte-americano.
2
Em objecção ao supracitado, há autores que defendem que o AGOA constitui uma ferramenta
para a expansão da boa governação, a liberalização das economias nacionais e a subsequente
participação dos países africanos no comércio internacional. Segundo Scheideman e Lewis
(2012:13), a legislação do AGOA impõe o estabelecimento ou progressos em direcção ao
estabelecimento de uma economia de mercado, a eliminação das barreiras ao Comércio, políticas
económicas para a redução da pobreza e sistema de combate a corrupção como um dos requisitos
de elegibilidade. Ainda sobre as oportunidades, Jones e Williams (2012:26), afirmam que no
âmbito do AGOA, o Governo norte-americano canaliza, através das suas agências – como a
USAID, assistência técnica e capacitação comercial destinada a ajudar os governos dos países
beneficiários a fazerem uso eficaz do AGOA, na liberalização do comércio, a participarem nas
negociações da OMC e discutir questões de interesse e subsequente aumento da sua participação
no comercio internacional.
Esta ordem de ideias e fortalecida pela OMC, segundo a qual, quanto maior quantidade de
comércio um país fizer, ou seja, quanto maior participação no comercio um país tiver, mais
desenvolvido ele será (20023). Mas, tal afirmação não é tomada como verdade absoluta uma vez
que, o aumento do volume de comércio pode também atrapalhar o crescimento económico, se
não tomar-se em conta, algumas medidas de protecção dos sectores mais frágeis e sensíveis da
economia nacional. Diante dessas constatações urge questionar: Até que ponto o AGOA impõe
desafios e oferece oportunidades de desenvolvimento económico aos países da África
subsaariana?
Objectivos do Estudo
Objectivo Geral
Específicos:
3
Disponível em: http://www2.videolivraria.com.br/pdfs/10088.pdf. Consultado no dia 28 de Dezembro de 2017
3
Descrever o AGOA e as relações comerciais entre os EUA e os países da África
Subsaariana beneficiários do AGOA;
Questões:
Hipóteses:
Metodologia
Métodos
4
comerciais entre os EUA e os países da África Subsaariana beneficiários do AGOA e de
Moçambique, particularmente;
Técnicas
Bibliográfica: esta técnica abrange toda bibliografia tornada pública em relação ao tema
de estudo, designadas fontes secundarias, desde publicações avulsas, boletins, jornais,
revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico, etc; fontes orais
como a rádio, gravações em fita magnética, e áudio visuais como filmes e televisão
(Marconi e Laktos,2003:174). Esta técnica permitiu a colecta de dados através de fontes
cujo conteúdo mostrou-se, de alguma forma, relevante ao tema em reflexão.
Documental: Trata-se de fontes primárias que são usadas como suporte para a pesquisa
em combinação com os métodos de pesquisa escolhidos (Baptista Lundin, 2016:147).
Esta técnica auxiliou na leitura e análise crítica e interpretativa da documentação, com
5
vista a garantir a credibilidade e autenticidade da informação. Este método auxiliou na
recolha, leitura e análise crítica e interpretativa da documentação, com vista a garantir a
credibilidade e autenticidade da informação à volta do tema;
o [E]ntrevista é um encontro entre duas ou mais pessoas, a fim de que uma delas
obtenha informações a respeito de um determinado assunto, mediante uma
conversa de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação
social orientada para a colecta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no
tratamento de um problema social (Marconi e Lakatos, 2003:195).
Estrutura do trabalho
O trabalho está dividido em quatro (4) capítulos, antecedidos por uma introdução que expões
uma visão geral e conduz a leitura do trabalho. O primeiro capítulo incide sobre o debate teórico
e conceptual. Nele, é apresentada a teoria com a qual é lido o tema – Teoria da interdependência,
e definidos conceitos ligados tema e importantes para melhor compreensão do trabalho. No
segundo capítulo, faz-se uma breve descrição do processo de criação do AGOA, dos objectivos
que as partes pretende alcançar no âmbito do AGOA e aos Requisitos de elegibilidade que os
países da África subsaariana devem reunir para se qualificarem ao AGOA. Outrossim, neste
capítulo faz-se descrição das trocas comercias entre os EUA e os países Beneficiários do AGOA.
6
CAPITULO 1: ENQUADRAMENTO TEÓRICO E DEBATE CONCEPTUAL
A teoria da interdependência é de tipo ideal e que, assim como o realismo, não reflecte fielmente
as Relações internacionais, pois ambas são modelos que buscam tornar a realidade inteligível
(Keohane e Nye,1989 citados por Bedin et al,2011:2184). Portanto, nas relações internacionais,
toda teoria usada carece de capacidade de explanação completa dos fenómenos práticos daí que
no presente trabalho usou-se a teoria da interdependência como a base de explicação do tema.
Para complementar, usou-se a teoria das Vantagens Comparativa de David Ricardo5.
A teoria da interdependência surge nos anos 1960 como reacção e critica aos principais
pressupostos da teoria realista, segundo os quais: o Estado é o principal actor das relações
internacionais; sistema internacional é anárquico, pois não há uma entidade superior ao Estado; e
Uso recorrente e sistemático da força na resolução de controversas (Bedin et al,2004:208).
A mesma surge como um instrumento para encontrar respostas mais convincentes sobre as
relações internacionais num cenário de rápidas transformações e de múltiplas combinações entre
diferentes actores estatais e não estatais que dependem um do outro para a prossecução dos seus
interesses uma vez que o desenvolvimento e a globalização tornaram as relações entre os
diferentes actores no Sistema Internacional (SI) incapazes de gerir o seu próprio destino e são
4
Keohane, Robert e Nye, Joseph, (1989), Power and Interdependence, Harper Collins: New York.
5
A teoria das Vantagens Comparativas resulta do modelo das vantagens comparativas desenvolvida por David
Ricardo (1772-1823) publicado em 1817. Este, apregoa que as trocas comerciais ocorrem por causa das vantagens
comparativas entre as nações e a liberalização do comércio leva a especialização onde cada país vai se especializar
na produção do bem em que é mais eficiente (Namburete, 2012:12; Krugman e Obstfeld,2005:12 e
Carbaugh,2004:33).
7
estas que vêm ainda protagonizar uma luta constante com o fim de adquirir maior influência e
poder, (Ibidi 207).
1.1.2.Precursores
Bedin (Ibid. 218), faz bastante referência Joseph Nye e Robert Keohane. Estes publicaram
inúmeros trabalhos sobre a teoria da interdependência, nomeadamente the Transnational
Relations and International Organizations (19746), After Hegemon (19847), e Power and
Interdependence (19898). Para Nye e Keohane, a interdependência é definida como a
dependência mútua resultante dos tipos de transacções internacionais catalogados pelas
transnacionais ou multinacionais. Interdependência existe quando há efeitos recíprocos entre dois
Estados ou entre actores de diferentes Estados (Viotti e Kauppi: 1993: 131).
1.1.3.Pressupostos:
A teoria da interdependência apoia-se, de acordo com Bedin et all (2003: 256) nos seguintes
pressupostos básicos:
Os Estado não são os únicos actores proeminentes nas relações internacionais uma vez
que a crescente aproximação entre as fronteiras nacionais cria “canais múltiplos” de
contacto entre diferentes sociedades não necessariamente sob o controle estatal levando
6
Keohane, Robert e Nye, Joseph, (1974), Transnational Relations and International Organizations, Vol. 27, World
Politics
7
Keohane, Robert e Nye, Joseph (1984), After Hegemon-Cooperation and Discord in the World Economy: Prince
University Press, Princeton.
8
Keohane, Robert e Nye, Joseph, (1989), Power and Interdependence, Harper Collins: New York
8
ao surgimento de actores não-estatais que contrabalançam a importância do Estado nas
relações internacionais9;
A análise do tema é suportada pela teoria da interdependência que se adequa pelo facto de, seus
pressupostos permitirem a análise dos interesses dos actores em causa (EUA e Países da África
Subsaariana) que embora tenham dissemelhanças em termos culturais, históricos e económicos
vejam a atractividade de tecerem relações comerciais expandindo os seus mercados
consumidores e fornecedores. Este facto é reforçado pela ideia da interdependência, segundo o
qual, o aumento da interdependência económica e de outras formas de interdependência
transnacional possibilitara a cooperação entre os Estados (Sousa,2005:186).
9
Refere-se aqui tanto a organizações da sociedade civil, Organizações Internacionais Governamentais e não-
governamentais que são tão importantes quanto os Estados nas Relações Internacionais.
9
Portanto, a Teoria da interdependência possibilita a análise do AGOA enquanto uma rede de
interesses que se interpenetram e, de alguma forma, se complementam. Ela sugere que existe
espaço para Estado de diferentes estágios de desenvolvimento económico, políticos e culturas
cooperarem e obtiverem ganhos mútuos, embora assimétricos.
1.2.Debate Conceptual
1.2.1.AGOA
A tentativa de definir o AGOA pelos analistas e estudiosos pode ser dividida em duas ordens:
por um lado, a tentativa de estabelecer a uma terminologia capaz de clarificar o que o AGOA
significa é, de outro lado, a tentativa de entender de que forma o AGOA influência as trocas
comerciais entre as partes envolvidas. Contudo, o AGOA não é provido de uma definição capaz
de lograr consenso.
De acordo com Chairman et al (2014:16), o African Growth and Opportunity Act é uma
iniciativa unilateral de facilitação de comércio promulgada por lei a 18 de Maio de 2000 pelo
então presidente dos EUA, Bill Clinton, como parte da Lei do Comércio de desenvolvimento
(Trade and Development Act) de 2000 e de extensão das preferências do Generalized System of
Preferences (GSP10).
10
desenvolvidos (PMDs) e países em vias desenvolvimento (PVDs) da África Subsaariana. No
AGOA, não estão claros e transparecidos os mecanismos legais de resolução de disputas como
tipicamente consta na estrutura dos acordos comercias negociados (Prinsloo, 201612).
Neste trabalho, a AGOA é visto como um programa de iniciativa unilateral norte-americana que
oferece o livre acesso do mercado norte-americano aos países em desenvolvimento e menos
desenvolvidos, através de tratamento preferencial isento de direitos aduaneiros às expor
importações de mercadorias específicas vindas dos países da África Subsaariana elegíveis para o
incentivo do fortalecimento das trocas comerciais entre ambas partes e contribuir na inserção dos
países da África subsaariana num mercado globalizado e estimular o seu desenvolvimento
económico. O conceito aglutina elementos que invocam a necessidade de fortes laços comerciais
entre as partes, a interdependência económica e a integração dos mercados resultante das
vantagens comparativas e da incapacidade dos estados sobrevirem isolados de um mundo cada
vez mais globalizados.
1.2.2.Exportação
Prisloo, Cyril (2016), Africa: AGOA and the Future of Us - Africa Trade Relations. Disponível em:
12
11
Ao contrário, a importações representam a compra ou entrada de bens, mercadorias e serviços
que as economias nacionais não produzem, necessitam e adquirem do exterior. As importações
são registadas com sinal negativo na Balança de Pagamentos, isto é, representam a saída de
divisas por parte do país que importa.
Para o presente trabalho, exportação refere-se aos bens e mercadorias produzidas pelos países
beneficiários do AGOA e expostos, por iniciativa dos países africanos, no mercado norte-
americano, mas também as exportações resultantes das necessidades e iniciativa dos EUA em
importar bens produzidos nos países da África. Essa ultima vertente, transcende a abrangência do
AGOA, uma vez que os EUA podem importar ou exportar, bens não abrangidos pela legislação,
ou seja, respeitando as quotas e direitos aduaneiros de cada pais, são exemplos disso, o petróleo
bruto e gás natural que os EUA importam dos países da África subsaariana.
1.2.3.Desenvolvimento económico
13
Sandroni, Paulo (1999), Novíssimo Dicionário de Economia, BestSeller, São Paulo
12
Segundo Denis (2006:38) desenvolvimento económico é um processo complexo que engloba
aspectos não só económicos, mas também sociológicos, políticos e culturais da vida da
sociedade.
13
CAPITULO 2: RELAÇÕES COMERCIAIS ENTRE OS EUA E A ÁFRICA
SUBSAARIANA NO ÂMBITO DO AGOA
O presente capítulo faz a descrição do AGOA e do comércio entre os EUA e os países da África
Subsaariana beneficiários do AGOA. Para tal, faz-se alusão a origem ou processo de criação do
AGOA, os objectivos da sua criação consubstanciada aos interesses dos EUA na região. Ainda,
destaca-se os critérios de elegibilidade. E por último, faz-se uma breve descrição das trocas
comerciais entre os EUA e os países da África subsaariana no âmbito do AGOA.
Nas décadas anteriores a criação do AGOA, as relações comerciais entre os EUA e África nunca
tinham atingido níveis significativos comparativamente as relações entre África e outras
potências, como as europeias, ou as relações entre os EUA e os países da América-latina. Este
facto deve-se, entre outras razões, a doutrina Monroe14, a conferência de Berlim que confirmou o
domínio da Europa em África15, a Guerra Fria16, a instabilidade política que se seguiu em muitos
países africanos no período pós-independência (Rehak, 2014:18; Ikiara et al,1995:259-60 e
Miller et al,1997:05-10). Portanto, o baixo volume do Comércio entre os EUA e África esteve
associado a factores históricos. Contudo, a criação do AGOA em 2000 representa o início de
uma nova era nas relações económicas entre os EUA e África Subsaariana especialmente.
AGOA surge em 2000 como resultado dos esforços do governo norte-americano em fortalecer as
relações económicas e comercias com os países africanos desde a ascensão de Bill Clinton ao
poder em 1993. O novo capítulo da política dos EUA para África é justificado pelo fim da
14
Conjunto de princípios enunciados pelo presidente norte-americano, James Monroe em 1823. De certa forma,
contribui para a construção de uma América para americanos livre das excursões extracontinentais e deu aos EUA a
garantia e disponibilidade de um mercado consumidor e fornecedor de matérias-primas acomodando os interesses
vitais dos EUA daí a sua indiferença vis-à-vis a corrida para África (Rehak,2014:18).
15
A Conferência de Berlim (1884-5), confirmou o domínio Europeu em África e as colónias Comercializavam
predominantemente com sua metrópole. Com o fim do colonialismo, as antigas potências colonizadoras passaram a
usar acordos com os países africanos para aceder as matérias-primas. Por exemplo, a convenção de Lomé I assinada
a 28/02/1975, oferecia tratamento preferencial e não reciproco nos produtos agrícolas dos países africanos (Wache,
2012:100-101).
16
Durante a guerra fria, as superpotências (EUA e URSS) estavam preocupadas com a expansão de sua influência
em áreas geoestratégicas, e na contenção da contraparte. E como tal, o envolvimento dos EUA em África estava
voltado a exigências da Guerra Fria e foi caracterizado pela ajuda económica e militar aos seus aliados no sentido
assegurar que se tornassem muralhas estáveis contra a expansão soviética (Schneidman e Lewis,2012:01e
Lawson,2007:03).
14
Guerra Fria e do apartheid na África do Sul 17, democratização de alguns Estados africanos 18 e a
oitava (8ª) rodada de Uruguai de 1994.
Em 1993 Bill Clinton é eleito o presidente dos EUA e uma das suas grandes preocupações era de
reestruturar as relações entre os EUA e o resto do mundo, em geral, e África em particular, com
maior enfâse nas relações económicas. Segundo Ololo (2015:63), a administração de Clinton
estabeleceu que o objectivo principal da política económica dos EUA para África era apoiar no
seu desenvolvimento económico acelerando os passos para tal e fortalecer as relações comerciais
e de investimentos.
Para além de incluir a regulação de novos assuntos como o sector agrícola e o comércio de
têxteis, as rodadas de negociações de Uruguai iniciadas em 1986, alteraram algumas excepções
oferecidas aos PVDs e PMDs. Segundo Martin e Winters (1992, citado por Presser, 1996:223 20),
nos princípios fundamentais do GATT 1947, a cláusula de nação mais favorecida (NMF), a
reciprocidade, a transparência, o tratamento nacional, a não-discriminação e a previsibilidade não
estavam sendo aplicados pelos PVDs, que gozavam de um regime especial e diferenciado. Com a
rodada de Uruguai, a aplicação dos princípios mencionados passaram a ser obrigatórios e sem
tratamento diferenciado aos PVDs, ou seja, exige-se a liberalização comercial nos PVDs da
mesma forma que se exige aos países desenvolvidos.
17
O colapso da URSS fez desaparecer a possibilidade do Apartheid motivar o bloco capitalista a apoiar a Estratégia
Total, utilizando como argumento “ a existência de ameaça comunista na região porque a ameaça já ao estava lá. Em
associação, o fim do Apartheid trouxe uma nova realidade da qual os EUA não podiam ficar indiferentes. Por
conseguinte, deviam definir uma política externa abrangente para a nova realidade.
18
A terceira onde de democratização que teve início nos meados de 1970 na Europa meridional expandiu-se para
África nos princípios dos anos 80. Em 1979 a Nigéria teve o seu primeiro governo eleito e o povo moçambicano
testemunhou, pela primeira vez, a realização de eleições gerais em 1994 que foram ganhas pela Frelimo (Da Costa,
2002:14).
19
Lei que aprova e implementa os Acordos de Comercio concluídos na Rodada de Uruguai sobre as Negociações
Multilaterais de Comercio.
20
Martin, Will e Winters, L. Alan (1995). The Uruguay Round and the developing economies, World Bank
Discussusion Papers, 307.
15
Segundo a USTR (2016: 01), é em virtude da nova era do multilateralismo e da necessidade de
procura de novos mercados que o Congresso orienta o Presidente Clinton a desenvolver e
implementar uma Política de comércio e desenvolvimento para África. O novo multilateralismo
comprometia o desenvolvimento dos PVDs e PMDs porque passou a expor as economias
nacionais ao um mercado fortemente competitivo.
A visão altruísta da aproximação dos EUA à África tem a sua razão de ser no sentido de que, a
rodada de Uruguai que institui a OMC passou a obrigar a liberalização das economias nacionais,
a eliminação das medidas proteccionistas, tanto as tarifarias e não-tarifarias, dissolveu o
tratamento preferencial concedido aos PVDs e PMDs, pôs fim ao Acordo Multifibras (AMF)
que, até em 2005, abolia as quotas da OMC sobre a quantidade de têxteis e vestuário que os
PVDs poderiam exportar para as nações industriais, eliminou o tratamento diferenciado de NMF
e a Cláusula de Habilitação. Portanto, essas reformas no Comércio Internacional tornava as
firmas dos PVDs mais vulneráveis a concorrência o que incidiria negativamente no seu
desenvolvimento. Contudo, a aproximação dos EUA não elimina os riscos da exposição das
economias nacionais africanas.
21
MCcormick, R. (2006), The African Growth and Opportunity Acts: The Peril of Pursuing African Development
Through US Trade Law. In Texas International Law Journal. Vol. 41.
16
estava associada a crescente presença da China em África e a consolidação da sua economia
constituindo uma ameaça à hegemonia económica dos EUA.
Os esforços dos EUA em se aproximar da África e a subsequente criação do AGOA também são
justificados pela grande transformação que as negociações da rodada de Uruguai impuseram ao
Sistema Multilateral de Comércio (SMC) e ao boom da terceira onda de regionalismo que com
isso resultou. A OMC eliminou a tendência de os Estados se submeterem somente aos acordos
do seu interesse e trouxesse regras concretas em relação a resolução de controversas passando a
constituir um tribunal ligado a resolução de controversas, com isso acrescem-se o número de
estados membros, 159 membros, e a confiança no novo organismo internacional na regulação do
comércio (Fleck,2011:17). Portanto, o elevado número de membros da OMC e a dificuldade de,
com isso, se chegar a um consenso fez com que os Estados optassem por mecanismos mais
eficazes para a liberalização do comércio, acesso aos mercados ou como um instrumento da
política externa.
A revisão da legislação Comercial EUA – África foi em virtude do facto de que a versão anterior
ser baseada numa declaração não vinculativa do congresso 22, a posterior revisão passou a ser
vinculativa e orientava o presidente a eliminar as quotas existentes sobre as exportações de têxteis
e vestuários aos EUA desde que as Maurícias e o Quénia adoptassem o sistema de vistos para a
protecção contra transbordo ilegal de tais mercadorias e documentos contra o efeito.
22
Segundo a declaração do congresso, indo em concordância com o acordo da OMC sobre têxteis e vestuário, os
Estados Unidos deveriam eliminar as quotas de exportação de têxteis e vestuário provenientes do Quénia e das
Maurícias.
17
Portanto, a versão revisada da legislação, do AGOA: The end of Dependency, veio a dar mais
poderes a administração do Estado e uma das suas cláusulas constituem uma das condições
centrais para os países da África subsaariana serem beneficiários e exportarem aos EUA algumas
mercadorias têxteis e de vestuários sem o pagamento de taxas. No quadro da lei revisada, o
presidente Clinton anunciou a 17 de Junho de 1997 a Parceria para o Desenvolvimento e
Oportunidade em África que estava cometida a construir fortes relações comerciais entre os EUA
e África para acelerar o desenvolvimento através de reformas económicas como chave para
geração de desenvolvimento e oportunidades no continente (USTR,1997:04, e Gerstenfeld e
Njoroge,2003:07).
No quadro da notável determinação em avançar a expansão dos interesses económicos dos EUA
em África, o presidente Clinton fez uma viagem presidencial à África por doze (12) dias em
1998. Na sua visita, Clinton passou por Botswana, Gana, Ruanda, África do Sul e Uganda,
constituindo o primeiro presidente na história dos EUA a fazer uma visita e conduzir uma missão
diplomática em África, com intenção de melhorar os laços entre as partes e promover o
Comércio e Investimento dos EUA no continente africano (Gerstenfeld e Njoroge,Ibidi).
Em Dezembro de 1999, a Administração apresentou o último dos cinco (5) relatórios anuais
sobre a política de comércio para África, exigidos pela Lei do acordo da Rodada de Uruguai. O
relatório reafirmou o apoio da administração à Iniciativa de “Parceria com África” e à Lei de
Crescimento e Oportunidade em África, que estavam em estudo no Congresso (Sek, 2001, citado
por Gerstenfeld e Njoroge,Ibidi23).
A grande convergência de opinião e interesse entre as duas alas 24 do congresso que formaram o
grupo bipartidário e o seu suporte ao presidente levou a que, através de uma votação por maioria
simples, o congresso aprovasse a proposta de lei do AGOA em 2000. Em 18 de Maio do mesmo
ano, o presidente promulgou o AGOA como lei através da lei de comércio e desenvolvimento de
2000 (Morrison e Coole,2006:113). Portanto, a partir de 18 de Maio 2000, o AGOA passou a ser
o principal elemento da diplomacia económica25 dos EUA para África Subsaariana.
23
Sek . Lenore (2001) Congress Research Service The Library of Congress, Order Code RS 20063 updated June 20.
24
Democratas e Republicanos.
25
A diplomacia econômica é um instrumento da Politica Externa através do qual os Estados empregam recursos
económicos, como recompensas ou sanções, na prossecução de um objectivo particular da Política Externa
(Berridge e James, 2009:81).
18
2.2.Objectivos do AGOA
O AGOA é um programa que faz parte da estratégia de inserção da política externa dos EUA dai
que os seus objectivos devem ir ao encontro dos objectivos da política externa e interesses
nacional dos EUA na África Subsaariana. Assim, há ligação entre os instrumentos, mecanismos e
estratégias que os Estados adoptam e implementam para a realização dos seus interesses. De
acordo com Gilpin (1981, citado por Dougherty e Pfaltzgraff,2003:103 26), os Estados envolvem-
se em cálculos de custos e benefícios diante das escolhas alternativas que têm à sua disposição.
Portanto, a racionalidade faz com que os Estados optem por efectuar trocas comerciais com o
Estado “A” em detrimento das trocas com o Estado “B”, cabendo a cada Estado adoptar
mecanismos e estratégias para oferecer melhores propostas em relação a concorrência27.
26
Gilpin, Robert (1981), War and Challenges in World Politics, Cambridge University, New York, pp. 9-11
27
Esta assertiva esta associada a eminente competição que sempre acompanhou a dinâmica das Relações
Internacionais.
28
Esta ideia esta associada a Segurança Energética, entendida como, a garantia de distribuição continua das
quantidades de energia necessária às exigências vitais de um Estado, de forma sustentável, até em tempos de crise
internacional ou conflito (Williams, 2008:484-485).
29
A ascensão da China na primeira década do século XXI trouxeram, mais uma vez, centralidade à África como
fornecedora estratégica de matéria-prima para os países desenvolvidos e em desenvolvimento acelerado, e a
competição pelo controle dos recursos naturais tornou-se o foco das políticas nacionais para a África e das próprias
políticas africanas (Machado,2012:16).
30
Política Externa é o conjunto de valores, objectivos, decisões e acções levadas a cabo pelos Estados, e os governos
nacionais actuando ao seu favor no contexto das relações exteriores das sociedades nacionais (Webber e
Smith,2002:1-2).
19
Por exemplo, as crescentes descobertas de petróleo reinserem o continente africano na dinâmica
do comércio mundial facto que chama atenção do governo dos EUA. A produção de petróleo nos
países do Golfo da Guiné (Nigéria, Congo, Gabão, Camarões e Guiné Equatorial) ultrapassa os
4,5 milhões de barris diários e supera a produção do Irã, Arábia Saudita ou Venezuela.
Actualmente, os Estados Unidos importam perto de 15% de seu petróleo da região e as previsões
apontam que essa cifra aumentará até chegar a 25% do total, em 202531.
2.2.1. Fortalecimento das trocas Comerciais entre EUA e os Países da África Subsaariana
Importante referir que o AGOA enquanto programa resultante da iniciativa unilateral dos EUA,
seus objectivos estão mais voltados ao interesse comercial dos EUA em África, ou pelo menos a
aquilo que constitui prioridade para os EUA. Segundo o Trade and Development Act de 2000 na
secção 103 relativa a Declaração da Política está disposto que constituem objectivos do AGOA:
O fortalecimento de trocas Comerciais e de investimentos entre as partes; expansão da
assistência técnica aos países da África subsaariana nos seus esforços para a integração regional;
Negociação de acordos de comércio recíprocos e mutuamente benéficos, incluindo a
possibilidade de estabelecimento de área de comércio livre que sirva os interesses das partes.
31
Disponível em: http://auafricaunite.blogspot.com/2009/10/petroleo-unico-interesse-dos-eua-na.html. Consultado
no dia 10 de Fevereiro de 2017.
20
De acordo com Gune32, uma análise profunda permite-nos ver que o principal objectivo da
criação do AGOA é o incentivo e fortalecimento das trocas comerciais entre os EUA e os países
da África subsaariana, não refutando-se os outros, mas parece que são mais meios ou estratégias
para o alcance do objectivo central e não um fim por si só. O fortalecimento das trocas entre as
partes exige a liberalização do comércio e o aumento da produção, elementos pouco visíveis nos
países da África subsaariana. Daí que os EUA, que estão num nível muito avançado em matérias
de liberalização comercial, invistam na assistência técnica e capacitação em comércio.
21
técnica aos países da África Subsaariana, a Millenuum Challenges Corporation (MCC), a U.S.
Agency for International Development (USAID), Office of the U.S. Trade Representative
(OUSTR), U.S. Department of Commerce (USDC), U.S. Department of Agriculture (USDA),
U.S. Trade and Development Agency (USTDA) e, African Development Foundation (ADF). Das
instituições mencionadas destaque para MCC e USAID por se tratar das agências que financia
grande parte dos esforços para a assistência técnica e capacitação comercial relacionadas ao
AGOA.
MCC
Embora tenha sido criada muito antes da criação do AGOA, a MCC contribui na efectivação dos
objectivos do AGOA. A maior parte dos acordos e princípios da MCC estão relacionados ao
comércio, principalmente ajuda para programas de comércio. Dos $4.4 bilhões em contratos
concluídos com os países elegíveis e beneficiários do AGOA em Maio de 2011, mais de 61% ou
2.7 biliões foram para iniciativas de comércio (MCC,2011: s/pp).
De acordo com Schneidman (2012:18), em Benim, por exemplo, MCC investiu 171 milhões para
a expansão e modernização do porto de Cotonou nos esforços para a redução dos atrasos no
processo de embarque e desembarque de mercadorias e aumentar o volume de mercadorias
importadas e exportadas. A MCC investiu mais de $181 milhões no Aeroporto de Bamako-
Senou, Mali, nos esforços para aumentar a sua capacidade de manuseamento de carga e trafego
de passageiros. Na Tanzânia, a MCC investiu mais de $ 369 milhões para a melhoria das
rodovias nacionais. Estes investimentos em infra-estruturas visam melhorar a capacidade de
exportação dos países africanos e a flexibilização das trocas comerciais entre as partes.
22
USAID
Segundo Williams (2015:8), antecedida pela MCC, a USAID é o segundo maior mecanismo de
canalização de assistência técnica aos países da África que desde 2001 tem financiado esforços
relacionados com a capacitação comercial aos países beneficiários do AGOA. Por exemplo, em
2001 a USAID desembolsou 1,6 bilhões no financiamento dos esforços de construção de
capacidade comercial relacionados ao AGOA. Segundo a GAO (2015:08) De 2001 a 2013, os
fundos da USAID foram aplicados, principalmente, em três categorias de actividades: infra-
estruturas relacionadas com o Comercio; Agricultura e Facilitação do Comércio. Como mostra a
figura a seguir.
Figura Nr.1: Distribuição por categorias da aplicação dos fundos da USAID (2001-2013)
Facili
tacao Outr
Infra- de os
estru Com 21%
turas ercio
relaci 11%
onad
as Infra-
com estru
a turas
Agric relac
ultur iona
a das
15%
ao
Com
ercio
53%
Fonte: GAO Estudos Sobre a USAI, 2015, adaptado pelo autor.
Em 2002, a USAID criou a Trade for african Development and Enterprise (TRADE), desenhada
para promover a integração regional e fortalecer a capacidade dos empreendedores africanos
desenvolverem o seu sector de exportação (Schneidman,2012:16). No apoio implementação do
programa, foram criados três centros regionais de comércio – em Nairobi, Quénia, para África
Centra e Oriental; em Acra, Gana, para África Ocidental; e em Gaberone, Botswana para África
Austral. Cada centro é auxiliado por uma equipe de peritos em comércio focados em responder
as necessidades regionais específicas e servir de porta única de suporte às agências
governamentais, organizações da sociedade civil e companhias no acesso ao mercado norte-
americano e outros (Ibidi).
23
Como continuação do programa, a USAID anunciou a African Competitiveness and Trade
Expansion Iniciative (ACTE) no fórum AGOA de 2011 realizado em Lusaka e o compromisso
de desembolso de mais de 30 milhões de dólares anualmente, por 4 anos, para a capacitação
comercial. A ACTE também se dedica ao fortalecimento a capacidade dos centros regionais na
facilitação do comércio agrícola e assiste firmas Africanas no cumprimento das normas sanitárias
e fitossanitárias nas suas exportações (Schneidman,2012:16).
Os centros regionais de comércio foram criadas para contribuir no aumento das exportações no
âmbito do AGOA. Por exemplo, em 2007, o centro regional Central e Oriental da África treinou
mais de 200 indivíduos e ofereceu assistência técnica a companhias da região nos sectores de
vestuários e flores cortadas. E ainda, organizou 5 missões de comércio aos EUA e patrocinou 30
companhias da região na exposição de seus produtos no mercado norte-americano resultando na
comercialização de mercadorias estimadas em mais de $7 milhões (USTR,2008:47).
Segundo a USTR (Ibidi:77), a secção 105 do AGOA institucionaliza o mais alto nível de diálogo
entre o governo dos EUA e os governos dos países beneficiários do AGOA.O propósito do
Fórum anual de Cooperação Comercial e Económica EUA- África Subsaariana (Fórum AGOA),
realizado em anos alternados nos Estados Unidos e África é discutir a expansão das relações
comerciais e de investimento entre os Estados Unidos e a África Subsaariana e a implementação
da AGOA, incluindo encorajar joint-ventures entre pequenas e medias empresas dos EUA e dos
países beneficiários do AGOA (Williams,2015:6).
Para USTR (Ibidi), O Fórum AGOA é uma das principais plataformas para a articulação e
promoção das políticas comerciais dos EUA para África, para discutir a implementação do
AGOA e estreitar as relações entre os EUA e a região. O fórum é tradicionalmente assegurado
pelo secretário do Estado dos EUA, pelo tesouro, pelo departamento da USTR e pela contraparte
representada por quadros e peritos dos governos dos países beneficiários do AGOA prosseguida
por várias secções plenárias em paralelo com sessões focadas em representantes da sociedade
civil, da comunidade empresarial e workshops.
24
O Fórum AGOA assevera o pressuposto da interdependência segundo o qual, a crescente
interdependência entre as fronteiras nacionais tem forjado múltiplos canais de contacto entre
diferentes sociedades não necessariamente sob o controlo do Estado (Baptista Lundin et
al,2014:52). O Fórum AGOA criado por iniciativa estatal privilegiou os canais tradicionais de
conexão entre os Estados, cuja interdependência que com isso resultou e os objectivos dentro
nesse quadro alcançados, como o incentivo ao joint-venture entre empreendedores dos EUA e
dos países da África subsaariana, não só mas como também, o incentivo ao envolvimento da
sociedade civil, levou a que os fóruns do AGOA fossem acompanhados pela realização, em
paralelo, do fórum da sociedade civil36, não necessariamente sob controlo do Estado.
Segundo Mustafa37, o fórum AGOA é antecedido por uma Reunião Ministerial do Grupo
Consultivo Africano – aqui é eleito o Bureau, são feitas a recomendações chaves em relação a
iniciativa AGOA e por último são traçadas estratégias para negociação com a contraparte
americana; sessões plenárias – onde o fórum e as negociações ocorrem; sessões paralelas – são
apesentados Workshops, recomendações do executivo norte-americano aos países africanos para
ultrapassar aos constrangimentos ao uso proveitoso do AGOA, de maneira particular, e ao
alcance de níveis desejados de desenvolvimento, de modo geral; e por ultimo a sessão de
encerramento.
O Fórum AGOA foi criado a 16 de Maio de 2001 e sua primeira reunião foi realizada entre os
dias 29 a 30 de Outubro do mesmo ano em Washington, DC (Jones e Williams, 2012:27). No
entanto, o segundo fórum AGOA, primeiro em África, foi realizado no Porto Luis, Maurícias
entre os 13 a 17 de Junho de 2003, aqui foi anunciada a probabilidade de extensão do AGOA
cujo dedline estava previsto para 2008 (Langton,2008:16).
De acordo com Williams (2015:6), o Décimo terceiro (13º) Fórum da AGOA realizou-se em
Washington DC, de 4 a 6 de agosto de 2014, como parte da Cúpula dos Líderes dos Estados
Unidos e África, e se concentrou fortemente na potencial reautorização da AGOA. Em seu
discurso no Fórum de 2014, o Secretário de Estado John Kerry anunciou que o Fórum AGOA
2015 será realizado no Gabão, Libreville, o primeiro na África Central. Foi neste ultimo fórum
36
O último fórum da sociedade civil foi realizado em Washington, DC, entre os dias 22 a 23 de Setembro de 2016 e
o lema foi “ The Role of Civi Society in Maximizing AGOA Benefits Now While Preparing for the Future Beyonde
AGOA”.
37
Mustafa, Ema Soraya – Licenciada em Economia pela Universidade Pedagógica (UP). Entrevistada no dia 17 de
Janeiro de 2017, MIC/DNCE/DCB.
25
que se deu fim a segunda extensão do AGOA, 2008 – 2015, e culminou com a sua terceira
reautorização que finda em 2025.
Ainda, é do interesse dos EUA a integração continental através da zona Tripartida de Comercio
Livre (TFTA)40 e a subsequente criação de uma área de comércio livre entre os EUA e a zona
tripartida. O estabelecimento de um mercado único e integração continental vai estender a
geografia política e económica da região, uma vez que os 26 Estados partes têm uma população
estimada em mais de 625 milhões de habitantes que pode contribuir para um PIB 41 estimado em
mais de 1,3 triliões de dólares norte-americanos que corresponde a 62 % do Produto Interno
Bruto (PIB) de todo continente. Esse facto tornaria a região num mercado consumidor mais
abrangente e atractivo as exportações e investimentos dos EUA.
Segundo secção 104 da lei de Comércio e desenvolvimento de 2000, alínea “a”, o Presidente está
autorizado de designar como beneficiários, anualmente, todos países da África subsaariana
elegíveis para receber tratamento isento de direitos aduaneiros para certos artigos exportados aos
38
Em 2003, Agosto – Johannesburg; outubro-Washington, DC; em 2004, fevereiro – Walvis Bay, Namibia; Maio –
Maseru, Lesotho e Junho – Atlanta, Georgia.
39
Trade and investment Framework Agreement
40
África Austral (SADC), África Oriental (EAC) e Mercado Comum para África Austral e Oriental (COMESA).
41
Produto Interno Bruto.
26
EUA como os produtos agrícolas, produtos ou bens manufacturados. Portanto, o primeiro critério
de elegibilidade é a localização geográfica, na África subsaariana, ou seja, o AGOA destina-se
aos países da África subsaariana que através dele os elegíveis e beneficiários podem expor seus
produtos agrícolas e manufacturados sem pagar direitos aduaneiros.
Até um certo ponto, esses requisitos atestam aos pressupostos da teoria da interdependência
segundo o qual, a interdependência diversifica as principais questões em Relações Internacionais
com questões económicas sendo tão importantes quanto as questões de segurança ou defesa; e
uso da força tende a perder peso nas relações internacionais. Assim, os EUA usam a influência,
que se parece muito com o “jogo da vara e da cenoura”, que com a qual oferecem tratamento
preferencial aos países do AGOA na condição de não empreenderem acções que não atentem a
segurança nacional e não impeçam a entrada de mercadorias norte-americanas nos seus mercados
nacionais. Por exemplo, a RSA perdeu a elegibilidade e foi retirada a lista de beneficiários em
2015 por elevar as taxas de importação do frango norte-americano e o Madagáscar em 2011
devido ao golpe de estado que teve lugar no mesmo ano.
42
Ministério da Indústria e Comercio (2013), Mecanismos de Preferenciais – EUA, AGOA – Lei do Crescimento e
Oportunidade pra África, MIC: Maputo.
43
Assembleia da republica de Moçambique (2012), Visita de Cortesia de Sua Excelência Douglas M. Griffiths,
Embaixador dos Estados Unidos de América, Maputo.
27
A elegibilidade permite aos países beneficiários exportar, aos EUA, produtos agrícolas,
cultivados, produzidos ou fabricadas nos territórios nacionais dos países beneficiários ao AGOA.
A produção, cultivo e ou fabrico nos países beneficiários da AGOA não é per si a condição
suficiente para serem elegíveis a entrada livre de direitos no mercado norte-americano. Estes
produtos devem respeitar as regaras de origem que estão classificadas em dois grupos:
Importa referir que os benefícios de isenção de pagamento de direitos aduaneiros dos vestuários
são aplicados ao sector mais protegido dos EUA. Por tratar-se do sector sensível as importações,
as taxas medias de direitos aduaneiros nos EUA são mais elevados que as para os outros
produtos. Segundo Williams (Ibidi), A tarifa média aplicada pelos EUA ao vestuário é de 11,4%,
em comparação com uma média de 3,5% para todos os produtos. Assim, a tarifa de 11,4% faz
com que os países beneficiários do AGOA tenham uma margem de preferência e ganhem um
certo grau de competitividade no mercado norte-americano em relação, por exemplo, as
companhias asiáticas que não se beneficiam do AGOA.
28
As indústrias têxteis e de vestuário podem impulsionar o desenvolvimento económico dos países
da África subsaariana daí a necessidade de conciliar as necessidades de protecção da indústria
norte-americana as aspirações de desenvolvimento dos países beneficiários do AGOA dando-
lhes, embora com limitações quantitativas, tratamento preferências mesmo no sector em que os
EUA carecem de competitividade externa (Mustafa44). Assim, os países beneficiários do AGOA
são levados a incorpora pelo menos um teor 15% de tecidos e fios importados dos EUA no valor
final do vestuário exportado e lhes são limitadas as quantidades exportáveis aos EUA por ano
(Ibidi). Esta medida também é justificada pelo facto de a produção têxtil e de vestuários,
normalmente, exigir mão-de-obra pouco qualificada e gastos mínimos de capital, permitindo que
os PVDs se tornem globalmente competitivos45.
Segundo Langton (2007:11), Jones e Williams (2012:17), e Williams (2015: 05-05), o AGOA
permite o tratamento isento de direitos e de quotas para têxteis e vestuário sob as seguintes
condições:
44
Mustafa, Ema Soraia – licenciada em Economia pela Universidade Pedagógica. Entrevistada no dia 28 de
Novembro de 2016, MIC/DNCE/DCB.
45
Na macroeconomia, o termo significa a capacidade de uma empresa entrar na concorrência e ganhar quotas de
mercado desenvolvendo-se e aumentando suas receitas (Medeiros,2013:81).
46
Se o aumento das importações for determinado como causador ou ameaçador de sérios danos à indústria de
vestuário dos EUA, o Presidente suspenderá o tratamento isento de direitos para o (s) artigo (s) em questão. Esse
mecanismo ainda não foi aplicado até então.
47
O sistema de vistos consiste no uso de carimbos a tinta azul, com designações específicas de cada país.
29
O vestuário deve ser confeccionado em um ou mais países beneficiários do AGOA a
partir de fios e tecidos americanos. Esta regra pressupõe que os países beneficiários
podem formar um conjunto ou grupo e exportar conjuntamente vestuários produzidos a
partir de fios e tecidos importados dos EUA;
Vestuário deve ser confeccionado num ou mais países beneficiários do AGOA a partir de
tecidos fabricados num ou mais países beneficiários do AGOA e que, por sua vez, o
tecido pode provir de fios fabricados nos EUA ou num país beneficiário da AGOA. Se
um produto for fabricado em um país menos desenvolvido e beneficiário da AGOA, esse
produto pode beneficiar de um regime de isenção de direitos e de isenção de quotas
independentemente do país de origem do tecido.
Os produtos não têxteis dos países beneficiários do AGOA também devem cumprir com as
regras de origem para serem qualificadas ao tratamento isento de impostos. Segundo Jones e
Williams (Ibidi), em primeiro lugar, a entrada com isenção de direitos é permitida aos artigos
importados directamente dos países beneficiários do AGOA para o mercado norte-americano.
Isto pressupõe que os artigos sejam produzidos, cultivados, ou fabricados num país da África
Subsaariana beneficiário do AGOA.
30
2.4.Comercio entre os EUA e os países beneficiários do AGOA48
O volume de comércio entre os EUA e África Subsaariana conheceu uma nova fase desde o
início do século XXI. Em 2000, ano de criação do AGOA, as trocas comerciais globais entre os
EUA e os países beneficiários do AGOA, tanto no âmbito do AGOA como no âmbito dos GSP,
foram estimadas em mais de 21,674 Milhões de dólares tendo atingido o seu apogeu em 2008 no
valor de 81,112 Milhões de dólares49. Contudo, a eclosão da crise imobiliária nos EUA em 2008
e a sua posterior expansão a nível internacional provocou recorrentes flutuações no comércio
internacional. Assim, o comércio entre os EUA e os países do AGOA baixou até ao ponto de em
2015 atingir o seu nível mais baixo de 17,260 Milhões de dólares (UNECA,2015:14550)
De um modo geral, as exportações dos países da África subsaariana aos EUA ainda continuam
muito modestas. De acordo com Williams (2015:09), As importações dos EUA no âmbito do
AGOA representam uma pequena parte do total das importações dos EUA. Em 2014, os EUA
importaram $2,314 bilhões em bens, dos quais 25.6 bilhões – 1.1%, são oriundos dos países do
AGOA. Dessas importações, 56% (14.2 biliões) recebem tratamento preferencial, no AGOA ou
GSP, com grande parte representada pelo petróleo bruto. Excluindo o petróleo bruto, 35% das
importações dos EUA no âmbito do AGOA recebem tratamento livre de direitos.
48
Na presente secção dá-se maior ênfase as exportações dos países beneficiários do AGOA porque o AGOA
abrange as exportações dos países beneficiários. Assim, as exportações dos EUA para os países beneficiários são
tomadas como demonstração simplificada dos principais destinos das exportações dos EUA nesse grupo de países.
49
Disponível em: https://agoa.info/data/total-trade.html. Consultado no dia 21 de Fevereiro de 2017
50
United Nations Economic Commission for Africa (2015), Economic Report on Africa 2015: Industrializing
Through Trade, ECA and Brookings: Addis Ababa and Washington, DC.
31
Para além dos mencionados acima, outros grandes exportadores não energéticos no âmbito do
AGOA e GSP em 2014 foram os principais produtores de vestuário: Quénia (US $ 417.4
milhões), Lesoto (US $ 289 milhões), e Maurícias (US $ 227 milhões) (Williams,2015:09).
Como mostra a tabela a seguir.
Tabela Nr.1: Principais origens das importações dos EUA nos países do AGOA, excepto o petróleo
bruto.
Rep. Congo 37.1 109.5 27.5 19.1 40.3 144.3 144.3 144.3
As importações dos EUA no âmbito do AGOA cresceram de 7.6bilioes em 2001 para 24.8bilioes
em 2013. Entre 2001 a 2013, o petróleo bruto representou quase 90% das importações dos EUA
no âmbito do AGOA. Excluindo o petróleo bruto, as importações dos EUA no AGOA passaram
de 1 bilião para quase 5 biliões nesse período. As importações de produtos manufacturados,
incluindo electrónicos, maquinarias, transporte e equipamentos, químicos, e diversos produtos
manufacturados, experimentaram um grande crescimento de 0.2 biliões em 2001 para 2.2 biliões
em 2013 (Williamson,2014:48).
32
do dobro do valor em 2001, embora tenha declinado desde o seu pico de mais de 1.6 biliões em
2004 (Schneidman,2012:7).Em 2011, o número de países exportando mercadorias não
petrolíferas aos EUA aumentaram para 22, mais da metade dos países elegíveis. No período
considerado, Maurícias, Lesotho, Swazilândia e Quénia exportaram grande parte dos artigos
têxteis e vestuários aos EUA (Ibidi:8-9).
Até em 2013, produtos não petrolíferos representavam 4.6 biliões das importações dos EUA nos
países e âmbito do AGOA. Essas importações estavam altamente concentradas em três sectores –
Transporte e equipamentos, produtos derivados do petróleo refinado e têxteis e vestuários –
representando 89% do total de importações no âmbito do AGOA. Excluindo o petróleo, o valor
das outras importações dos EUA nos países do AGOA aumentaram em 1.7 % anuais entre 2000
a 2013. Para além dos mencionados, predominam os sectores de produtos agrícolas, Minérios e
Matais. Como mostra a tabela a seguir.
Tabela Nr.2: Importações dos EUA no AGOA, por alguns sectores, de 2001, 2005, 2008, 2009, 2011-
2013.
Têxteis e
Vestuários 355. 1,419.0 1,137.0 914.2 855.3 814.8 907.6
9
Transportes e
Equipamentos 241.2 138.1 1.821.3 1.369.3 2.040.6 1.928.7 2.121.2
Produtos do
petróleo refinado 278. 1,625.8 1,550.4 513.9 1,063.4 1,348.0 1,236.1
9
Produtos
Agrícolas 59.0 151.7 162.1 168.0 220.0 247.6 261.6
As recorrentes quedas desde 2005, em parte, estão associados ao fim do Acordo Multifibras
(AMF51) que desde 1 de Janeiro do mesmo ano aboliu as quotas da Organização Mundial do
Comércio sobre a quantidade de têxteis e vestuário que os países em desenvolvimento poderiam
exportar para as nações industriais. Segundo Schneidman (2012:10), o fim do AMF favorecia o
maior exportador do sector, a china, e desfavorecia os países menos desenvolvidos e expunha os
países industriais a surtos de importação daí que, os EUA e outras nações impuseram restrições
temporárias às exportações de têxteis chinesas no início de 2006. Essas restrições expiraram no
final de 2008. Como resultado do aumento da concorrência da China e de outros produtores
asiáticos, as exportações de têxteis e vestuário para os EUA sob o AGOA diminuíram de US $
1,7 bilhão em 2004 para US $ 814.8 milhões em 2012 (Ibidi).
Adicionalmente, importa referir que África Subsaariana tem sido um mercado que de certa forma
absorve as exportações dos EUA, mas, ao exemplo que se mostraram as importações, as
exportações também tendem a se concentrado mais em alguns países que em outros. De 2011
para 2012, as exportações (maioritariamente compostas por Maquinarias) dos EUA para África
Subsaariana cresceram em 7%, chegando aos 22.5 biliões em 2012 os quais representam 1.5% do
valor total das exportações globais dos EUA52.Os cinco (5) principais destinos das exportações
dos EUA no intervalo de 2011 a 2012 são RSA, Nigéria, Angola, Gana e Etiópia (Ibidi). Este
facto, mostra a interdependência entre as partes, uma vez que os EUA, como se demostrou
anteriormente, importam nos países do AGOA mercadoria primárias e exporta bens de alto valor
acrescentado. Como mostra a tabela a seguir.
51
A eliminação do Acordo Multifibras em Janeiro de 2015 liberalizou o sector de vestuários às forcas de mercado
altamente competitivo. Este facto expos os países produtores de vestuários e beneficiários do AGOA à competição
dos grandes produtores da China, Índia e da Asia Oriental (Mutenyo e Moyo, 2010:09).
52
Disponível em:
https://www.google.co.mz/#q=P_African_Growth_and_Opportunity_Act_2013_Portuguese_digital. Consultado no
dia 21 de Fevereiro de 2017.
34
Tabela. Nr.3: Principais destinos das Exportações dos EUA nos Países do AGOA (2011-12)
Fonte: U.S Departament of Commerce, Bureau de Census (2013). Adaptado pelo autor.
Afirmou-se anteriormente que, África tem sido um mercado atractivo para a absorção das
exportações dos EUA. Este facto está ligado a crescentes descobertas de recursos e, com isso, o
incremento do poder de compra das nações africanas. E como mostra a tabela, os maiores
absorvedores das exportações dos EUA na África subsaariana são economias com altos níveis de
exportação de recursos naturais, sua principal alavanca para inserção no mercado internacional.
O AGOA contribui de certa forma para o incremento das trocas comerciais e tem sido um
indispensável catalisador da participação das economias africanas no comércio internacional. As
trocas entre os EUA e África subsaariana conheceram momentos eufóricos, mas também
passaram por momentos baixos em que devido a crise financeira internacional as trocas foram
bastante baixas. De um modo geral, tanto as importações como as exportações têm-se
concentrado em alguns países e sectores.
35
CAPITULO 3: PRINCIPAIS DESAFIOS E OPORTUNIDADES DOS PAĺSES DA
ÁFRICA SUBSAARIANA NO ÂMBITO DO AGOA
O presente capítulo propõe-se a falar sobre os desafios e oportunidades dos países da África
subsaariana no âmbito do AGOA. Uma vez constatado que um dos motivos da criação do AGOA
estão ligados aos interesses económicos dos EUA na África Subsaariana associada a crescente
presença da china na região, torna-se de veras importante identificar os proveitos que os países
da região subsaariana podem, e ou estão a, usufruir e os desafios que enfrentam na maximizar
seus ganhos no âmbito do AGOA. Para o alcance do objectivo faz-se uma breve descrição da
região, seguido pela identificação dos desafios e as oportunidades dos países da região.
O continente africano é, actualmente composto por 54 países53, limita-se ao oeste pelo oceano
Atlântico, a leste pelo oceano Indico, ao norte pelo mar Mediterrâneo e ao noroeste pelo mar
Vermelho. A divisão do continente em quatro (4) hemisférios deriva do facto de ser cortado ao
mesmo tempo pela linha do Equador e pelo Meridiano de Greenwich. Este, é composto por duas
zonas climáticas: a Zona intertropical (equatorial e tropical norte e sul) e temperada do norte e do
sul54. Ainda, a força da natureza se encarregou de dividir o continente em duas partes distintas: o
norte é bastante extenso no sentido leste – oeste; o sul, mais estreito, afunila-se onde as águas do
Índico se encontram com as do Atlântico55.
As duas partes, norte e sul, do continente apresentam características distintas e são separadas
pelo deserto de Saara56. A África Subsaariana corresponde à região do continente africano a sul
do deserto do Sahara, ou seja, aos países que não fazem parte do Norte de África. A palavra
Subsaariana deriva da convenção geográfica euro-centrista, segundo a qual o Norte estaria acima
e o Sul abaixo (daí o prefixo latino sub). Efectivamente, o deserto forma uma espécie de barreira
53
A contar com o recém-formado Estado, Sudão do Sul, em virtude da divisão em duas partes do antigo Sudão em
Sudão do sul e Sudão do norte.
54
Disponível em: http://geounespgrupo1.blogspot.com/p/localizacao-geografica.html. Consultado no dia 26 de
Fevereiro de 2017
55
Disponível em: http://www.algosobre.com.br/geografia/africa-a-diversidade-num-continente.html. Consultado no
dia 26 de Fevereiro de 201
56
O Saara é o deserto o mais extenso do planeta, com os seus cerca de 9 milhões de quilómetros quadrados.
36
natural que divide o continente africano em duas partes muito distintas quanto ao quadro humano
e económico.57 Esta divisão também deriva dos critérios étnicos e culturais (religião e etnias
predominantes em cada região), Sendo que ao norte encontramos uma organização
socioeconómica muito semelhante à do Médio-Oriente, formando um mundo islamizado. Ao sul
temos a chamada “África Negra”, assim denominada pela predominância nessa região de povos
de pele escura (De Campos, 2014:25).
A África do norte ou branca é formada por oito países, mais a Mauritânia e o Sahara Ocidental, e
a África Subsaariana é formada pelos outros 44 países do continente 58 (Ver, em anexo Nr. 1, o
mapa de África). Assim, neste trabalho, a designação “África subsaariana” refere-se a região do
continente africano localizado a Sul do deserto de Sahara, composta por 44 países e que têm na
raça negra a sua maior característica comum.
Da década das independências africanas, 1960, à 1990, mais de oitenta (80) mudanças violentas
e inconstitucionais de governo tiveram lugar nos 48 países da África subsaariana (Adedeji,
1999:3, citado por Bujra,2002:0159). Durante o mesmo período muitos desses países também
experimentaram diferentes tipos de conflitos. No início do novo milénio, 18 países enfrentaram
revoltas armadas, 11 enfrentaram severas crises políticas e somente e 19 desfrutaram de estados
mais ou menos variados de condição política estável (Ibidi). Adicionalmente e de acordo com a
revista Foreign Policy60, 12 dos 20 Estados mais instáveis e frágeis a nível mundial são africanos.
Só para citar alguns exemplos, o grupo Boko-Haram na Nigéria tem, desde a sua criação em
2001, sido responsável por vários ataques terroristas a população e governo local; o Madagáscar
cujo conflito iniciado em Dezembro de 2008 culminou com o Golpe de Estado em 17 de Março
de 200961, em Moçambique que desde o regresso de Afonso Dhlakama a antiga base militar, em
Satunjira na zona da Gorongosa, marcou o inicio das hostilidades militares entre o Governo do
57
http://www.brasilescola.com/geografia/as-duas-africas.htm. Consultado no dia 15 de Março de 2017
58
Ibid
59
Adedeji, Adebayo, ed. 1999. Comprehending and mastering African conflicts. London: Zed Books.
60
Disponível em: http://foreignpolicy.com/fragile-states-2014/. Consultado no dia 05 de Marco de 2017.
37
dia e principal partida da oposição, a Renamo62 e o conflito no Mali que teve a sua escalada
dramática em 201263 opondo o governo local e o grupo separatista Tuareg.
61
Disponível em: http://noainacio.blogspot.com/2009/06/crise-politica-em-madagascar_01.html. Consultado no dia
15 de Março de 2017
62
tensão política e militar que assola o país e dificulta o movimento de pessoas têm culminado com baixa da
produção interna, a redução da atractividade de investimentos externos e, em última instancia, o recrudescimento do
baixo desempenho da economia nacional (BM, 2016:7).
63
Opondo-se ao governo do Mali, em 2012 e com apoio de grupos jihaditas nacionais e estrangeiros, o grupo Tuareg
tomou o controlo e proclamou a independência do norte do Mali (Kimenyi et al,2014:4).
64
Disponível em: http://noticias.sapo.mz/lusa/artigo/21102200.html. Consultado no dia 15 de Março de 2017
65
Côté, A. (1994), Exchange rate volatility and trade, Working Paper of Bank of Canada 94 (5): Canada.
38
A revisão do cumprimento dos critérios de elegibilidade é feita anualmente facto que pressupõe
que, em princípio, todos países são susceptíveis a perca de elegibilidade em cada ano e, em
associação, a instabilidade política presente ou latente nos países africanos acresce mais ainda os
riscos de investir em empreendimentos virados ao mercado consumidor norte-americano sob a
plataforma do AGOA. Ainda, os curtos períodos de extensão dos prazos da lei do AGOA 66
tornam os riscos de investir empreendimentos ligados a sua utilização cada vez maiores ou inibe
o estabelecimento de grandes empreendimentos, firmas com alta escala de produção, pois estes
exigem médio ou longo prazo para a sua operacionalização. Portanto, as recorrentes
instabilidades associadas aos requisitos de elegibilidades e aos prazos de extensão do AGOA
constituem constrangimentos e desafios por ultrapassar para a exploração eficiente dos
benefícios que o AGOA oferece.
A criação do AGOA constitui parte fundamental do engajamento dos EUA para o fortalecimento
das trocas comerciais entre ambas partes através da liberalização do comércio, em particular e da
economia em geral. De acordo com Economides e Wilson (2001:198), a liberalização do
comércio e a adopção de princípios das vantagens comparativas permite aos países alcancem os
mais desejados níveis de bem-estar nacional e global através da participação no comércio
Internacional. Como o produto da actividade económica é em benefício dos consumidores, o
livre comércio está para maximizar as escolhas do consumidor67, reduzir os preços68, facilitar no
uso eficiente dos recursos escassos69, e aumentar da competição no mercado domestico.
Adicionalmente, a liberalização permite a transferência da tecnologia e do Know-How (Ibidi).
66
Ate então, o maior prazo foi de 10 anos – 2015 a 2025.
67
Ou seja, tornar fácil o acesso a mercadorias ou bens para a satisfação das necessidades dos consumidores
nacionais que passarão a ter várias alternativas de compra de bens considerados complementares ou substituíveis.
68
Tanto os preços de bens finais como o preço das mercadorias primárias ou intermediárias.
69
O princípio das vantagens comparativas faz com que os países apliquem seus recursos escassos na produção
daqueles bens em que são mais eficientes, evitando a má aplicação dos mesmos.
39
há fragilidade institucional na regulação desses fluxos e a mitigação de seus efeitos colaterais 70.
Portanto, a liberalização do comércio impõe desafios e oferece oportunidades.
O AGOA não é uma excepção aos desafios e oportunidades que os países africanos têm a fazer
face uma vez que para além de oferecer livre acesso a mercadorias específicas vindas da África,
os EUA impõem condições71 como, o estabelecimento de economia de mercado, eliminação de
barreiras ao comércio e aos Investimentos dos EUA nos países elegíveis ao AGOA. Não se exige
que os países eliminem as tarifas aplicadas, mas não devem eleva-las como forma de fazer face a
concorrência externa.
40
e, ainda, os investimentos dos EUA canalizados na construção de infra-estruturas para a
facilitação do comércio constituem a redução dos encargos dos governos locais que, no lugar de
aplicarem seu magros fundos na construção de infra-estruturas relacionados ao comércio, podem
canaliza-los para outros fins prioritários.
Um exemplo elucidativo desse esforço pode ser a SADC. No seu terceiro (3°) Pilar da Estratégia
de Mobilização de Recursos, referente a ampliação dos canais de acesso a recursos, esta disposto
que a SADC deve intensificar os seus esforços de mobilização de recursos visando,
particularmente, diversificar as suas fontes de financiamento (2012:18)73. Assim sendo, podem
ser explorados outros mecanismos de financiamentos e parcerias em prol do desenvolvimento da
região da SADC, pois, contribuem para o alargamento dos canais de acesso a financiamento e
acesso aos mercados externos. Neste contexto, os EUA através do AGOA constituem um
parceiro com vista ao alcance deste objectivo. Como afirma Wache 74, os EUA ao criarem o
AGOA, de certa forma, alarga as alternativas de parcerias comerciais dos países da África
subsaariana e, de certa forma, constitui uma forma de pressão aos outros parceiros dos países da
África subsaariana uma vez que cada Estado quer tirar o máximo de dividendos e nesse jogo
SADC: Estratégia de Mobilização de Recursos da SADC, Aprovada pelo conselho de ministros em 2012
73
74
Wache, Paulo Mateus – Docente de Estudos da União Europeia no Instituto Superior de Relações Internacionais.
Entrevistado no dia 17 de Janeiro de 2017.
41
empreende e aplicam os seus instrumentos para tornar suas ofertas mais atractivas do que as da
concorrência.
Por exemplo, a pois a criação do AGOA em 2000 assistiu-se a criação, no mesmo ano, do Fórum
de Cooperação África-China (FOCAC) e ao lançamento da iniciativa Everthing But Arms75 pela
UE em 2001. Esses exemplos podem ser vistos como reacção da china e da UE vis-à-vis a
iniciativa norte-americana. Contudo, Wache (Ibidi) afirma que, deve se ter muita cautela ao se
afirmar que o AGOA, FOCAC e Everthing But Arms reflectem a competição entre os três
actores, uma vez que a cada actor lançou seu mecanismo ou iniciativa com uma abordagem
diferente da dos outros.
Segundo Menezes (2013:160), cada grande actor envolvido em África conduz as suas políticas e
negócios de forma atenta sobre os progressos alcançados por parte dos outros actores, o que de
certa forma vem sendo explorado pelos próprios governos africanos. Portanto, a diferenças das
abordagens adoptadas por outros parceiros dos Estados Africanos justificasse pela necessidade
de inovação, ou seja, os Estados estão preocupados em trazer algo novo e diferente da
concorrência. Assim, o AGOA constitui mais uma iniciativa de parceria comercial que expande
as alternativas de parcerias dos países da África subsaariana reforçando os seus esforços de não
ficar ancorados ou presos a pareceria com um certo grupo de Estados.
42
O AGOA não elimina os riscos acima mencionados, mas estende o leque de bens exportados e,
ainda, estimula a transformação das matérias-primas, antes exportadas de forma bruta, em bens
finais para exportação. De acordo com, Mustafa 77 o AGOA estendeu as preferências do GSP e
garante tratamento preferencial de livre acesso ao mercado norte-americano a mais de 6000
produtos diversos vindos da África Subsaariana.
[A]ntes do AGOA, Associação Arte Makonde estava voltada a produção de artigos tendo como
alvos os turistas que vêm visitar a baia de Pemba e a capacidade de produção da Associação
sempre ia ao encontro da procura no mercado alvo […], passamos a produzir para a exportação
nos EUA. De certa forma, o AGOA constituiu um desafio ao grupo porque passou a trabalhar
pensando na satisfação dos dois mercados facto que nos levou a aumentar o número do pessoal 80.
43
A passagem acima assevera que o AGOA estimula o incremento da produção para a exportação
facto que leva a mobilização dos factores de produção atingindo-se o mais desejados níveis de
pleno emprego dos mesmos.
Uma análise desagregada82 pode elucidar melhor o contributo do AGOA no incremento das
exportações por sector ou produto. Segundo Tadesse e Fayissa (2008:926), o AGOA foi
responsável por aumentos estatisticamente significativos nas exportações aos EUA em 19 de 99
categorias de produtos (incluindo legumes, frutas e nozes, café, chá, especiarias, bebidas,
plásticos, tecidos, vestuário e estanho).
44
associado a acumulação de capital devido ao lucros advindos das primeiras exportações que leva
os empreendedores a reinvestirem na capacidade de seus empreendimentos mas, também, pode
dever-se a atractividade que o AGOA se torna para outros empreendedores que, devido ao
sucesso dos outros, procuram também investir nas exportações no âmbito do AGOA.
Para além do incremento, o AGOA também tem seu grau de responsabilidade na diversificação
de exportações dos países beneficiários. Páez et al (2010:8) Enfatizou que 10 anos após a
implementação da Lei, a diversificação das exportações da AGOA continuou sendo um desafio.
Eles observaram que até 2010, 90% das importações norte-americanas sob AGOA eram produtos
relacionados à energia. No entanto, nas outras 10% de exportações o AGOA teve efeito
estatisticamente significativo na diversificação das exportações para novos produtos (Ibidi).
Portanto, AGOA ajudou e constitui um incentivo no incremento e na diversificação das
exportações dos países beneficiários em vários sectores e além disso, os efeitos de diversificação
do comércio não só variam de acordo com o produto, mas também que a probabilidade de
exportar um novo produto aumentou ao longo do tempo.
Em suma, o AGOA per se só constitui, impõe desafios e oferece oportunidades aos países da
África subsaariana. Impõe desafios no sentindo de que exige que os países beneficiários
liberalizem o comercio, facto que exige que esses países estejam preparados para competir num
mercado aberto e constitui desfio porque a sua plena utilização exigem que os países
beneficiários estejam politicamente estáveis para atrair investimentos. É uma oportunidade pois
possibilita o incremento e diversificação das exportações e é mais uma parceria comercial, isto é,
permite que os países tenham mais alternativas de parcerias comerciais.
45
Referências
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Superior de Relações Internacionais (ISRI), Maputo. Entrevistado no dia 17 de Janeiro de 2017.
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Anexo Nr. 1: Mapa de África.
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