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CONJUNTURAL 2020
INFORME
CONJUNTURAL
3OTRIMESTRE
2020
BRASÍLIA-DF
2020
© 2020. CNI – Confederação Nacional da Indústria.
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.
CNI
Gerência Executiva de Economia - ECON
FICHA CATALOGRÁFICA
C748
ISSN 0104-821X
1.Crescimento. 2. Economia Brasileira. 3. Crise Economia I. Título.
CDU: 33(81)
CNI
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SUMÁRIO
1 Atividade econômica...........................................................................................................................9
4 Política fiscal..................................................................................................................................... 25
5 Setor externo...................................................................................................................................... 31
A queda da atividade econômica em março e público para níveis ainda mais elevados. Neste
abril foi mais intensa que a prevista no início da momento, é importante que o governo deixe claro
pandemia. Contudo, a recuperação da atividade seu compromisso com a busca pelo equilíbrio
nos meses seguintes também o foi. Com o das contas públicas. Atualmente, os juros de
relaxamento das medidas de distanciamento longo prazo já estão bem mais altos que os de
social e a reabertura do comércio, a economia curto prazo, em grande parte pelo temor com o
terminou o segundo trimestre do ano em crescimento do endividamento e a possibilidade
recuperação, deixando claro que o pior momento de abandono da busca pelo reequilíbrio.
da crise – o mês de abril – ficou para trás.
É preciso retirar os estímulos, mas não se pode
A produção na Indústria cresceu de forma prejudicar a retomada. A redução dos estímulos
robusta a partir de maio, assim como as vendas terá efeito contracionista relevante. Se feita de
no comércio. Os demais serviços, no entanto, forma apressada, a recuperação da demanda
ainda se encontram em uma fase de recuperação doméstica e do emprego poderá não se firmar, o
mais incipiente (até mais tardia, pois teve início que abortaria a recuperação em curso.
apenas em junho), com destaque para os serviços
prestados às famílias. Outra preocupação diz respeito à trajetória de
inflação. A brusca variação da atividade industrial,
O ritmo de crescimento da economia deverá se com a queda de abril, seguida de vigorosa e
manter forte no início do terceiro trimestre, mas inesperada recuperação nos meses seguintes,
deverá perder força no último trimestre, à medida causou descompasso entre oferta e demanda
que se aproximar do patamar que se encontrava de insumos industriais. Esse descompasso gerou
antes da pandemia. Em 2020, o PIB deverá recuar escassez de certos insumos, afetando os preços.
4,2% na comparação com 2019. Adiciona-se a isso a desvalorização do real, que
aumentou os preços dos insumos importados.
As medidas emergenciais adotadas pelo Executivo Percebe-se alta significativa no preço dos insumos,
e o Congresso Nacional foram – e ainda são – ainda represados pela recessão, mas pressionando
fundamentais para esse processo de retomada. os custos das empresas. Por ora, é difícil separar
Além de fortalecer o sistema de saúde, as medidas o que pode ser um efeito transitório de um
permitem alívio financeiro às empresas, evitando duradouro.
sua falência, e a desorganização das estruturas
produtivas. Além disso, o auxílio emergencial não A recuperação da crise está sendo em forma de
só evitou a perda de renda da população, como, “V”, mas não se deve confundir recuperação dos
na prática, aumentou a renda de parcela mais efeitos da crise com retomada do crescimento
vulnerável da população. econômico. Quando foi atingida pela pandemia, a
economia ainda não tinha reencontrado o caminho
Contudo, o custo fiscal dos estímulos adotados no do crescimento depois da crise anterior – queda
combate à pandemia é imenso e, por isso mesmo, de mais de 6% do PIB em dois anos, 2015 e 2016,
insustentável. Embora fundamentais, as medidas seguida de crescimento pouco superior a 1%
têm como consequência a significativa piora do nos anos seguintes. O ano de 2019 foi o quarto
quadro fiscal brasileiro, que já era difícil antes consecutivo que se encerrou com mais de 10
da pandemia, e o aumento do endividamento milhões de desempregados. A produção industrial
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1 ATIVIDADE ECONÔMICA
Recuperação está em curso, mas existem riscos para o fim do ano
A retomada é heterogênea entre os setores industriais
A queda do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro O PIB industrial caiu 13% no 1º semestre de 2020 e
semestre de 2020 evidencia o impacto da pandemia o de serviços acumulou queda de 11,7%. Apenas o
da Covid-19 sobre a economia brasileira. Após setor agropecuário mostrou crescimento (0,9%).
queda de 2,5%, no primeiro trimestre do ano, e
de 9,7%, no segundo trimestre, o PIB encerrou
a primeira metade de 2020 com queda de 11,9%
frente ao último trimestre de 2019.
-8,8%
-12% -9,7%
-12,5% -13,2%
-16%
-15,4%
-20%
PIB a preços de me rca do Despe sa de consumo das Despe sa de consumo da Formação bruta de capital Exportação de bens e Importação de bens e
famílias administração pública fixo serviços serviços (-)
-0,8% -0,3%
-1,1%
-4% -1,9%
-3,3%
-4,7% -4,4%
-8% -5,7%
-12%
-12,3%
-16%
-20%
-17,5%
Indústria - total Indústrias e xtrativa s Indústrias de transformação Ele tricidade e gá s, água, esgoto, Construção
atividades de ge stão de resíduos
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As vendas no varejo (PMC/IBGE) estavam, em agosto Os serviços prestados às famílias registraram queda
de 2020, 8,2% acima do registrado em fevereiro, de 41,9% em agosto frente a fevereiro. Entre os
ou seja, acima do registrado antes do início da mais prejudicados, destacam-se os serviços de
pandemia. A retomada do comércio foi rápida, após restaurantes, hotéis, academias, catering e bufê.
forte queda em abril. As vendas foram favorecidas
principalmente pelas transferências emergenciais Serviços de transportes, serviços auxiliares aos
de renda, que aumentou a renda da população mais transportes e correio e os serviços profissionais,
pobre – parcela da população com propensão maior administrativos e complementares também
a consumir. Outros fatores que vem impulsionando registram quedas significativas (11,1% e 13,7%,
a recuperação das vendas são, além da reabertura respectivamente). Entre o primeiro grupo, destaca-
das atividades econômicas dos últimos meses, a se o transporte aéreo e rodoviário coletivo de
disseminação do comércio on-line e a substituição passageiros; no segundo, destacam-se limpeza
do consumo de alguns serviços por bens. geral, agências de viagens, locação de automóveis,
e seleção e agenciamento de mão de obra.
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Parte da indústria ainda está longe de Setores como Alimentos, Limpeza e Perfumaria e
recuperar as perdas de março e abril Produtos Farmacêuticos chegaram a ter produção
maior durante a pandemia. Outros setores, como
No acumulado de março e abril, a indústria Veículos automotores, Vestuário, Couros e Outros
registrou a maior queda proporcional por conta equipamentos de transporte, registraram quedas
da pandemia, entre os setores de atividade. As muito significativas em março e abril e ainda estão
transferências de renda permitiram a volta do distantes do nível de produção anterior à pandemia.
consumo e as medidas emergenciais de crédito e
diferimentos de tributos permitiram a indústria Isso se deve em larga medida pela diferença no
retomar suas atividades, mesmo após a forte queda comportamento do consumidor com relação
do faturamento de março e abril. ao consumo de bens duráveis e não duráveis
na pandemia, sobretudo durante o período de
A produção industrial (PIM-PF/IBGE) caiu 27% distanciamento social mais severo.
em março e abril, mas a recuperação vem sendo
rápida. A produção industrial cresceu 8,7% em No caso dos duráveis, é mais viável adiar o
maio, 9,7% em junho, 8,3% em julho e 3,2% em consumo, enquanto no caso de bens de consumo
agosto, após ajuste sazonal. Como resultado, a não-duráveis, tal alternativa é mais difícil.
produção industrial de agosto é 2,6% inferior à Além disso, no caso dos bens de consumo não-
registrada em fevereiro. A indústria já opera em durável, muitos estabelecimentos comerciais
níveis de utilização da capacidade próximos aos permaneceram abertos. Finalmente, em muitas
que vigoravam antes da crise. situações a despesa com bens duráveis necessita
de planejamento e comprometimento da renda
A queda da produção industrial foi mais forte maiores, o que fica prejudicado em ambiente de
na indústria de transformação que nos outros incerteza e queda na renda.
setores industriais. Nas indústrias extrativa
e de construção as restrições à produção CONSTRUÇÃO - A exemplo da transformação,
decorrentes das medidas de isolamento social a Indústria da Construção também mostra
prejudicaram menos a atividade desses setores. recuperação. A Sondagem Indústria da Construção
Seu processo produtivo permite, em muitos (CNI) mostra que a indústria segue registrando
casos, evitar mais facilmente a concentração de desempenho cada vez mais favorável após a
pessoas. Adicionalmente, a indústria extrativa forte redução da atividade em abril. Os índices de
foi beneficiada pelo fato que a China estava em evolução do nível de atividade e do número de
momento de recuperação enquanto a crise da empregados estão em trajetória de recuperação
pandemia estava se agravando no Brasil; logo, e a utilização da capacidade operacional voltou a
pôde contar com as vendas externas. situar-se em patamar semelhante ao observado no
período pré-pandemia.
TRANSFORMAÇÃO - Considerando somente a
Indústria de Transformação, a queda de produção A produção de insumos típicos da construção civil
em março e abril havia totalizado 31,3% ante (PIM-PF/IBGE) também mostra o reaquecimento do
fevereiro. A recuperação desse segmento industrial setor. A produção de julho cresce desde abril e em
ocorre há quatro meses: altas de 13,1% em maio, julho foi superior ao registrado no pré-pandemia,
10,4% em junho, 9,3% em julho e 3,5 % em agosto. certamente influenciado pelas transferências
A produção de agosto foi 2,9% inferior à registrada emergenciais de renda. Adicionalmente, a
em fevereiro. quarentena imposta às famílias também promoveu
nova relação das pessoas com suas residências,
Destaca-se, contudo, que a situação dos setores incluindo a maior ocorrência de trabalho remoto
da indústria de transformação em termos de – com mais tempo em casa, muitos promoveram
produção, quatro meses após o pior momento pequenas reformas.
da pandemia, em abril, é bastante diferenciado.
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EXTRATIVA - A indústria extrativa cresceu em o ritmo de recuperação, mais fraco, está alinhada
junho, julho e agosto, após sequência de nove com o previsto pelo cenário base. Assim, a economia,
quedas consecutivas. A indústria cresceu 5,3% em em agosto, encontrava-se próximo do projetado no
junho, 9,2% em julho e 2,6% em agosto. A indústria cenário base da CNI no Informe anterior.
não recuou fortemente em abril, como o restante
da indústria. A produção da indústria extrativa está Os dados de atividade já disponíveis sugerem
9,5% maior que a de fevereiro, mas 2,0% menor forte recuperação da atividade no terceiro
que a de agosto de 2019. trimestre. Revisamos nossa projeção de
crescimento do PIB no terceiro trimestre para
Recuperação será forte no terceiro 9,0%, ante o trimestre anterior, após ajuste
trimestre de 2020 sazonal – percentual bem acima do cenário
otimista original. O PIB industrial deverá crescer
No último relatório do Informe Conjuntural, 10% na mesma comparação.
trabalhamos com três cenários para a economia em
2020. Um cenário base (queda de 4,2% do PIB em A indústria deve manter ritmo de recuperação
2020), um otimista, no qual a queda de atividade em forte no terceiro trimestre. Na indústria de
março e abril seria mais branda (queda de 0,9% do transformação, o processo de recuperação
PIB), e um pessimista, no qual a queda na atividade deve se ampliar em setores que iniciaram mais
nos meses de março e abril seria mais significativa tardiamente – ou mais lentamente – seu processo
que no cenário base e a recuperação seria mais lenta de recuperação, os setores produtores de bens
e mais tardia (queda de 7,3% do PIB). de consumo duráveis e seus insumos, bem como
de bens de capital. As razões para a recuperação
A queda de março e abril superou o projetado em serão as mesmas já observadas nos meses de
nosso cenário mais pessimista. Por outro lado, a maio e junho: o estímulo advindo dos auxílios
recuperação iniciou antes do previsto em todos emergenciais, incluindo a transferência de renda,
os cenários (ocorreu ainda em maio, ante junho juros baixos e a recuperação da economia mundial.
nos cenários do Informe anterior). Além disso, a
recuperação de junho foi forte, em linha com o A indústria de construção deverá manter trajetória
previsto no cenário mais otimista. A partir de julho, de recuperação, impulsionada também pela
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transferência de renda e pelos juros baixos, além de estímulos fiscais. Esse cenário diminuirá a
de ser especialmente beneficiada pela redução das desestruturação da economia com falências de
incertezas. Por fim, a indústria extrativa deve seguir empresas ou nova piora no mercado de trabalho.
estimulada pela recuperação global, na medida em
que os outros países superem os períodos mais A redução progressiva dos estímulos fiscais do período
graves da pandemia. mais agudo da crise na transição para um crescimento
sustentado trará à tona as barreiras estruturais
O setor de serviços deverá manter o crescimento para o crescimento sustentado que o Brasil já vinha
mais modesto até o fim do ano, restrito por enfrentando, como o cenário fiscal, complexidade
conta dos aspectos sanitários da pandemia e o tributária, etc.. O País mostrava dificuldade de crescer
distanciamento social, ainda que enfraquecido. de forma sustentada antes da pandemia e, sem
avanços significativos em termos de competitividade,
Ritmo de recuperação será mais lento ou seja, sem avanços na agenda de reformas, a
no quarto trimestre economia voltará a exibir as mesmas dificuldades.
Gráfico 5 - Queda da atividade mais forte e recuperação mais rápida que previsto
Estimativas de evolução do PIB e IBC-BR
Número índice (Base Dezembro 2019 = 100)
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dez/19 fev/20 abr/20 jun/20 ago/20 out/20 dez/20
Cenário otimista (Informe maio 2020) Cenário base (Informe maio 2020) Cenário pessimista (Informe maio 2020)
IBC-Br Previsão CNI (Informe outubro 2020)
2 EMPREGO E RENDA
Grande parte do emprego formal foi preservado na crise
Força de trabalho se retraiu e segurou aceleração da taxa de desemprego
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Caged registra criação de 391 mil Todos os setores da economia registraram saldo
empregos formais em julho e agosto líquido positivo em julho e agosto. A Indústria
Geral – indústrias de transformação, indústrias
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados extrativas, serviços industriais de utilidade pública
(Caged/Ministério da Economia) registrou, em julho (água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e
e agosto, saldo líquido positivo em 390,6 mil vagas descontaminação, eletricidade e gás) – foi quem
com carteira assinada. São dois meses consecutivos mais impulsionou esse resultado, com a criação
de criação de emprego, após quatro meses em que de 146,5 mil empregos formais. Na sequência,
a economia registrou número maior de demitidos vieram os setores de construção (92,4 mil
do que de admitidos. No acumulado de janeiro vagas), comércio (75,9mil) e serviços (40,8 mil) e
a agosto, o saldo líquido de empregos formais é agropecuária (34,9 mil).
negativo em 849,4 mil empregos.
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-22,7
-200
-400 -265,6
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-1000 -934,4
jan/20 fev/20 mar/20 abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 ago/20
Fonte: Caged/ME
As medidas sanitárias protetivas tiveram efeitos Importante mencionar que a Pnad Contínua é uma
diferentes sobre as atividades econômicas, pesquisa domiciliar amostral, que busca representar
impactando mais aquelas que requerem maior a totalidade da força de trabalho brasileira, incluindo
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Massa salarial real recua com forte Por outro lado, os acordos individuais de redução
queda da ocupação de salário, permitidos pelo Programa Emergencial
de Manutenção do Emprego e da Renda,
No trimestre móvel encerrado em julho, o repercutiram sobre o rendimento efetivamente
rendimento médio real habitualmente recebido1 recebido, o que acabou resultando em variação
pelo trabalhador registrou crescimento de 4,8% negativa desse indicador.
frente ao trimestre anterior e crescimento de 8,6%
frente ao mesmo período de 2019. Já o rendimento Em razão do forte recuo da ocupação no período,
médio real efetivamente recebido pelo trabalhador tanto a massa salarial real habitual quanto a
registrou queda de 3,6% frente ao trimestre anterior efetiva apresentaram queda. A massa salarial
(fevereiro a abril) e queda de 1,2% frente ao mesmo real habitualmente recebida pelos trabalhadores
período de 2019. registrou queda de 3,8% no trimestre móvel
encerrado em julho frente ao trimestre anterior
O rendimento médio habitualmente recebido tende a (fevereiro a abril) e queda de 4,7% frente ao
ser semelhante ao efetivamente recebido, excluídos mesmo trimestre de 2019. A massa de rendimento
os efeitos sazonais, mas recentemente houve um real habitualmente recebida, por sua vez, registrou
distanciamento entre as duas variáveis motivado por quedas muito maiores, de 11,5% frente ao
duas questões relacionadas à crise pandêmica. trimestre anterior e de 13,3% frente ao mesmo
trimestre de 2019.
Ocorre, por um lado, que o rendimento médio é
calculado com base no rendimento do trabalho das Importante lembrar que a massa salarial inclui apenas
pessoas ocupadas e a ocupação caiu mais fortemente rendimentos provenientes de trabalho, não incluindo
entre os trabalhadores informais, que recebem, em rendimentos de outras fontes, tais como bolsa
geral, menores salários que os trabalhadores com família, BPC, auxílio desemprego, compensação por
carteira assinada. Essa dinâmica acabou gerando uma acordo de redução de salário, auxílio emergencial aos
mudança na composição dos ocupados, resultando mais vulneráveis, etc.
em aumento do valor médio da renda.
1 A renda habitual consiste no valor recebido por empregados, empregadores e trabalhadores por conta própria, mensalmente, sem
acréscimos ou descontos extraordinários. Para o empregado, a renda habitual exclui todas as parcelas que não tenham caráter contínuo
(13º salário, horas extras, bonificação anual, participação anual nos lucros, adiantamento de salário, etc.) e não considera os descontos
ocasionais (antecipação do 13º salário, faltas, etc.) (IBGE)
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Gráfico 8 - Rendimento Médio Real, Massa Salarial Real e Ocupação
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Gráfico 10 - Avanço da inflação medida pelo IPA-M e IGP-M pode se refletir mais fortemente nos preços ao
consumidor no futuro
Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) e Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M)
Acumulado em 12 meses (%)
30,0
25,27
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Gráfico 11 - Preços de Alimentos aceleram e acumulam alta de 13% em 12 meses encerrados em setembro
Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) por grandes grupos
Acumulado em 12 meses (%)
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Fonte: IBGE
Elaboração: CNI
Taxa selic em 2% estimula demanda, jurídica caiu de 9,6 pontos percentuais, em janeiro,
sem riscos ao cumprimento da meta de para 6,9 pontos percentuais, em julho. E a taxa de
inflação juros para a pessoa jurídica saiu de 14,8% a.a. para
10,7% a.a., na mesma base de comparação.
Ao longo de 2020, a política monetária brasileira
teve papel importante para estimular a demanda Os programas emergenciais, estruturados por
e favorecer o financiamento do setor produtivo. A meio do compartilhamento de risco de crédito,
redução da Selic viabilizou a queda das taxas para tiveram um relevante impacto sobre esse resultado.
o financiamento do capital de giro, linha com maior O elemento com mais alto impacto sobre o
demanda nesse período de crise pandêmica e que custo do capital financeiro é a inadimplência. O
tradicionalmente é ofertada a custos mais elevados. provisionamento das instituições financeiras para
os casos de insolvência de pessoas físicas e jurídicas
Entre janeiro e setembro, o Comitê de Política representa cerca de 37% do spread bancário, de
Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) acordo com o BC (dados de 2019).
reduziu a taxa básica de juros de 4,5% a.a. para
2,00% a.a., uma queda de 2,5 pontos percentuais. O O Copom sinalizou que há espaço residual para um
afrouxamento monetário foi possível em função do novo corte da Selic ainda este ano, que dependerá
comportamento do IPCA, que ficou abaixo do centro da trajetória das contas públicas e da avaliação sobre
da meta de inflação ao longo do ano. o comportamento futuro da taxa de inflação. Mas
na avaliação da CNI, a interrupção do afrouxamento
O spread bancário e as taxas de juros do setor monetário será mantida nas próximas duas reuniões,
financeiro bancário acompanharam esse movimento de outubro e dezembro, e a taxa básica de juros
queda da Selic. O spread bancário para pessoa encerrará 2020 em 2% a.a..
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Recursos Livres
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Informe Conjuntural
ISSN 0104-821X • Ano 36 • Número 2 • Julho/Setembro 2020
4 POLÍTICA FISCAL
Efeitos da pandemia se refletem na situação fiscal
Aumento das despesas para o combate à pandemia e redução das receitas levam ao aumento do
endividamento público
O ano de 2020 será marcado por forte expansão o suficiente para acomodar o uso dos créditos
fiscal. Essa expansão se dará tanto pelo aumento extraordinários para a realização dessas despesas.
das despesas, com gastos voltados ao combate Além disso, a aprovação da PEC 10/2020, ou PEC
dos efeitos da crise do coronavírus sobre a saúde e do Orçamento de Guerra, permitiu a separação dos
a economia, como pela redução das receitas, com gastos realizados para combater a pandemia dentro
a retração da atividade econômica e medidas que do orçamento geral da União, flexibilizou os critérios
postergam ou isentam a arrecadação de tributos. A para expansão dos gastos e desobrigou o governo
maioria desses fatores exerceu maior impacto sobre federal a cumprir as demais regras fiscais.
o resultado do primeiro semestre; contudo, seus
efeitos irão perdurar até o final do ano. As medidas fiscais adotadas pelo governo federal
foram e continuam sendo fundamentais para
No decorrer de 2020, os créditos extraordinários têm controlar os efeitos da crise. Essas medidas, contudo,
sido a principal ferramenta utilizada para viabilizar têm como consequência a intensa piora do quadro
o pagamento das despesas para atenuar os efeitos fiscal e o aumento do endividamento público, que
da crise. Nessa situação se enquadram o auxílio já se encontrava em patamar elevado. Assim, é
emergencial aos mais vulneráveis, o auxílio aos imprescindível que essas medidas se restrinjam
estados e municípios e outras despesas relacionadas apenas ao ano de 2020 e que o governo sinalize o
à saúde pública. Com o estabelecimento do estado compromisso de retorno ao modelo de ajuste fiscal.
de calamidade, o Teto dos Gastos se mostrou flexível
Gráfico 14 - O ano de 2020 será marcado por forte expansão das despesas e queda das receitas
Evolução das despesas primárias e da receita líquida do governo federal
Acumulado em 12 meses - Bilhões R$ de dez/20*
2200
2000
1800
1600
1400
1200
1000
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Informe Conjuntural
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Aumento das despesas se concentra Receita Federal tiveram queda real de 15,0%. As
nas medidas de combate à crise medidas de isenção e diferimento de tributos,
além da redução da atividade econômica, foram
As despesas do governo federal tiveram as principais responsáveis por essa queda. As
expansão real (deflator IPCA) de 45,2% nos receitas previdenciárias, influenciadas pela
oito primeiros meses do ano, em relação ao postergação do recolhimento da contribuição
mesmo período de 2019. Esse aumento se deve previdenciária e pela queda da massa salarial,
à destinação de uma quantidade significativa de apresentaram queda real de 12,8% no acumulado
recursos para atenuar os efeitos da pandemia de janeiro a agosto de 2020, em relação ao
sobre a saúde pública e a economia, como pode mesmo período de 2019. As medidas que levaram
ser observado no gráfico a seguir. a redução dessas receitas concentraram-se nos
meses de abril a junho, e, nesse período, levaram
A receita líquida do governo federal, por sua vez, a uma queda de arrecadação próxima a R$ 90
apresentou queda real de 16,1%, no acumulado bilhões, o que representa 71% da queda da
do ano até agosto, em comparação com o mesmo arrecadação desse período.
período de 2019. As receitas administradas pela
Gráfico 15 - Despesas com coronavírus somam mais de R$ 430 bilhões até setembro de 2020
Principais despesas do governo federal para atenuar efeitos da pandemia
(R$ bilhões)
322
Auxílio Emergencial
213
79
Auxílio Financeiro aos Estados e Municípios
55
65
Despe sa s adicionais Ministé rio da Sa úde e dema is ministé rios
32
51
Bene fício de Manutenção do Emprego e Renda
22
48
Cotas dos Fundos Garantidores de Ope rações e de Crédito
26
17
Concessão de fina nciamento para pagamento de Folha Sa larial
17
26
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As receitas dos governos regionais tiveram A grande piora no resultado primário do governo
crescimento real de 2,3% no acumulado até federal, ainda que acompanhada de superávit dos
agosto, em relação ao mesmo período de governos regionais, elevou o déficit primário do
2019. Esse aumento só foi possível graças à setor público consolidado a R$ 611,3 bilhões (8,50%
transferência de R$ 55,2 bilhões do governo do PIB), nos últimos 12 meses encerrados em
federal, como auxílio aos estados e municípios agosto de 2020. Em dezembro de 2019, o resultado
no período. Sem esses recursos, as receitas negativo era de R$ 61,8 bilhões (0,85% do PIB).
regionais teriam registrado queda de 7,0%.
Destaca-se que nos últimos meses, a arrecadação A redução de 0,58 ponto percentual nas despesas
de ICMS, principal fonte de recursos dos com juros nominais não foi suficiente para conter
governos regionais, tem crescido. No mês de os efeitos do aumento do déficit primário sobre o
agosto, a arrecadação desse imposto apresentou resultado nominal, que passou de 5,91% do PIB,
crescimento real de 3,1%, em relação ao mesmo em dezembro de 2019, para 12,98% do PIB, em
mês do ano anterior. agosto de 2020, no resultado acumulado em 12
meses. Além do crescimento do déficit nominal, a
Em relação as despesas desses entes, a CNI estima desvalorização do real também contribuiu para o
que essa variável tenha apresentado crescimento aumento da relação Dívida Bruta/PIB. Quando há
real de 1,2% no acumulado do ano até agosto, desvalorização do real, o Banco Central incorre em
em relação ao mesmo período de 2019. O perdas nas operações com swaps cambiais, além
aumento das despesas relacionadas ao combate disso parte da dívida pública é em dólar, logo, a
da pandemia é o principal fator que explica o desvalorização aumenta o valor em reais dessa
crescimento das despesas. O crescimento das parte da dívida. Em agosto de 2020, a relação
receitas mais do que compensou o aumento Dívida Bruta/PIB alcançou 88,8%.
das despesas no período, levando os governos
regionais a um superávit primário de R$ 27,1
bilhões no acumulado do ano até agosto.
4 2,9
2,1 2,2
2
1,6 1,4 1,7
0
-0,3 -0,6
-2
-1,7 -1,6 -1,1 -0,9
-2,0 -1,9 -1,9 -1,7
-4 -2,6 -2,5
-6
-8
-10
-12 -11,4
-11,8
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020*
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A CNI estima que as despesas federais devam Esses resultados levarão o governo federal e suas
apresentar crescimento real de 34,5% em 2020. estatais a encerrar 2020 com déficit primário de
Esse aumento seria equivalente a 38,8% caso R$ 827,0 bilhões (11,44% do PIB), um crescimento
fosse desconsiderado o pagamento de parcela da significativo se comparado ao resultado primário
Petrobrás referente ao leilão da cessão onerosa observado em 2019, de déficit de R$ 78,6 bilhões
de petróleo em dezembro de 2019. (1,08% do PIB).
Com relação às receitas, a CNI estima uma Nos governos regionais, o nível de atividade
queda real de 11,9% em 2020. Para essa econômica permitirá a recuperação, ainda que
estimativa foi desconsiderada a arrecadação parcial, da arrecadação de ICMS, principal fonte
extraordinária advinda do leilão da cessão de receita desses entes. Já as transferências
onerosa, em dezembro de 2019, que afeta recebidas da União serão influenciadas tanto
a comparação anual da variável. A perda de pela melhoria da atividade econômica como
arrecadação será observada em todos os grupos pela queda da arrecadação da exploração de
da receita: administradas, previdenciárias e não recursos naturais. Além desses fatores, as
administradas. A melhora da atividade econômica transferências do governo federal sob a forma
no segundo semestre e o fim das medidas de de auxílio emergencial aos estados e municípios
diferimento de tributos, que ficaram vigentes até irão alcançar o total R$ 79,2 bilhões até o final do
meados do ano, irão permitir alguma recuperação ano, compensando a queda de receita das outras
das receitas administradas no restante do ano. fontes de recursos.
Ainda assim, a CNI espera que essas receitas
apresentem redução real 10,2% em 2020. Com relação às despesas dos entes regionais, as
medidas anunciadas pelo governo federal abriram
um espaço fiscal significativo com a interrupção
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de pagamentos das dívidas com a União e a Se, por um lado, as medidas para atenuar a crise
permissão de novas operações de crédito, o que foram e continuam sendo fundamentais, por
permitirá que os estados continuem a realizar outro, têm como consequência a grande piora
gastos em saúde e em outras áreas no combate do quadro fiscal e o aumento do endividamento
ao coronavírus. Com isso, esses entes devem público. O aumento do endividamento causado
apresentar déficit de R$ 23,6 bilhões em 2020 pela pandemia não é o maior risco em si, mas a
(0,33% do PIB estimado pela CNI). incerteza no período pós-crise. A dívida pública
entrará em 2021 em um patamar insustentável
O resultado primário dos governos federal e para uma economia emergente, como a brasileira.
regionais deve levar o setor público consolidado a Desse modo, torna-se ainda mais imperativo
um déficit de R$ 850,6 bilhões (11,77% do PIB) em reconstruir a tendência de longo prazo de redução
2020. Em 2019, esse resultado foi de déficit de R$ do endividamento.
61,8 bilhões (0,85% do PIB).
A continuidade dos gastos com a pandemia ou a
A redução da taxa Selic contribuirá para a redução falta de compromisso com o ajuste fiscal resultará
de 0,57 ponto percentual nas despesas com em piora na percepção sobre a sustentabilidade
juros em 2020. Apesar disso, o grande aumento fiscal do país, o que desencadeará um processo
no déficit primário do setor público levará a um de exigência de juros mais altos para o
déficit nominal de R$ 1.175,5 bilhões (16,26% do financiamento da dívida pública e a cobertura dos
PIB) em 2020, resultado muito acima do déficit déficits adicionais ficaria cada vez mais custosa.
de R$ 429 bilhões (5,91% do PIB) em 2019. Esse Adicionalmente, a perda de confiança no país
aumento do déficit nominal irá se refletir na desestimularia o investimento. Como consequência,
relação Dívida Bruta/PIB, que sairá de 75,8% em o Brasil teria mais dificuldade de crescer. Nesse
2019 para 93,7% no final de 2020. contexto, o respeito ao Teto dos Gastos e a
retomada do ajuste fiscal têm papéis fundamentais.
100
93,7
90
80
73,7 76,5 75,8
69,8
70
65,5
56,3
60
50
40
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020*
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Orçamento de 2021
O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2021 prevê uma redução significativa do déficit primário para
2021, na comparação com 2020. Essa queda se explica basicamente pelo resultado atípico de 2020, fortemente
influenciado pela pandemia de coronavírus. O PLOA 2021 estima um déficit primário para o setor público de R$
237,3 bilhões, ou 3,1% do PIB.
O projeto prevê um crescimento real de 4,0% na receita líquida e queda real de 22,4% nas despesas totais.
Para o Teto dos Gastos acomodar o aumento das despesas obrigatórias em 2021, será necessária uma redução
de 10,5% nas despesas não obrigatórias, onde se encontram os investimentos. Ressalta-se que essa é uma
tendência que se repete há muitos anos.
Dentro das despesas obrigatórias, as despesas com pessoal e previdência apresentarão crescimento real de
0,9% e 0,8%, respectivamente. Os efeitos da reforma previdenciária só poderão começar a ser notados nos
próximos anos. Contudo, é necessário avançar em uma reforma que controle os gastos com pessoal, visto que,
entre 2015 e 2019, essas despesas apresentaram crescimento real de 8,6%.
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5 SETOR EXTERNO
Déficit em transações correntes diminui diante dos efeitos
da pandemia
Cenário para as exportações da indústria é desafiador
5,94
6,00
5,48 5,65 5,65
5,50
5,00 5,26
5,11
4,89
4,50
4,00
3,50
3,00
jul/19 ago/19 set/19 out/19 nov/19 dez/19 jan/20 fev/20 mar/20 abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 ago/20 set/20
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Os bancos centrais dos países atuaram para Apenas as exportações de produtos básicos não
minimizar os efeitos da crise, reduzindo os juros e registraram queda no acumulado do ano até
ampliando a liquidez. Nos Estados Unidos, a taxa agosto, frente ao mesmo período de 2019 (alta
de juros básica da economia chegou a próximo de 4,2%, em valor US$, com base na média diária).
de zero. Apesar dessa atuação, as condições As exportações de produtos semimanufaturados
de liquidez mantiveram-se apertadas para as foram 2,3% menores e as de produtos
economias emergentes, pois o apetite ao risco manufaturados foram 25% menores, considerando
continuou baixo. a média diária2.
No momento atual, o pior impacto da crise ficou A análise em termos de preço e quantidade ajuda a
para trás nas principais economias do mundo, mas elucidar o comportamento das exportações. Todas
as incertezas ainda estão elevadas. Apesar do as classes dos produtos registraram queda dos
aumento da liquidez dos mercados financeiros, o preços. No caso dos produtos básicos, o aumento
apetite ao risco ainda não se recuperou a níveis do volume exportado superou o comportamento
pré-crise, dadas as incertezas elevadas, o que desfavorável dos preços. Apenas os produtos
reduz a disponibilidade de recursos para países manufaturados registraram redução do volume
emergentes. exportado e dos preços.
2 Menos da metade das exportações brasileiras foram de produtos industrializados, que é a soma dos semimanufaturados e
manufaturados (41%), segundo dados de 2020. As exportações de produtos básicos representaram 59% do total exportado.
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As forças que têm dificultado as exportações da maior queda do índice de volume (-10,7%), e a
indústria, desde 2018, foram intensificadas pela maior queda do índice de preços (-27,9%). Os bens
pandemia. A Argentina – o segundo maior mercado intermediários, que representam mais da metade
de produtos manufaturados brasileiros – está em do total importado (60%), registraram quedas de
recessão há dois anos e, para 2020, a previsão é de 6,9% do volume importado e de 6,2% do preço.
recuo adicional de quase 10% do PIB argentino3.
Outro fator diz respeito ao aumento das tensões Diante do quadro de recessão mundial projetado
comerciais entre os Estados Unidos e a China, para 2020, com recuos de 4,9% da economia
observadas desde 2018, o que tem impactado mundial e de 11,9% do comércio mundial de bens,
o crescimento econômico mundial. O ritmo de segundo o FMI, o horizonte para as exportações
crescimento mundial caiu de 3,6%, em 2018, para brasileiras é de dificuldades até o fim do ano, em
2,9%, em 2019, e a expectativa para 2020 é de especial para a indústria. Assume-se que o melhor
recuo de 4,9%. desempenho das exportações de produtos básicos
não é forte o suficiente para evitar a queda das
Do lado das importações, todas as categorias de exportações frente a 2019. As importações, por sua
bens registraram redução do volume importado4, vez, devem se manter em queda na comparação
acompanhada de queda dos preços, no acumulado com 2019, considerando a queda esperada para
do ano até agosto, frente a igual período de a atividade doméstica no ano. O saldo da balança
2019. No caso dos bens de consumo duráveis, o comercial de bens esperado para 2020, segundo
volume importado chegou a cair 39,8%, enquanto estimativa da CNI, é de US$ 56,4 bilhões, com recuo
o índice de preços caiu 3,8%. Destaca-se também das exportações de 6,5%, para US$ 210,7 bilhões e
as importações de combustíveis, com a segunda das importações de 13%, para US$ 154,3 bilhões.
80
60 48,1
32,3 36,7 32,2 36,3
40
19,9
11,5 12,9
20 7,3
-3,8 0,2
0
-20
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: Secex.
3 Entre 2017 e 2019, o PIB argentino encolheu 4,6%, enquanto as importações da Argentina de produtos manufaturados (em US$) recuaram 30,1%,
segundo dados da base World Development Indicators do Banco Mundial e da base COMTRADE da UNCTAD. Para 2020, espera-se queda de 9,9% do
PIB argentino, segundo projeções do FMI.
4 Note-se que as importações de bens de capital registraram crescimento de 9,2% do volume importado no período, sem descontar as importações
fictas de plataformas de petróleo (operação contábil). No entanto, ao excluir as plataformas do valor das importações, o resultado é de queda do
volume importado de 7,3%, acompanhada de redução de -0,1% no índice de preços.
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direto no país foi de US$54,5 bilhões, no acumulado em queda, na comparação com 2019, assim como
em 12 meses até agosto, mais que suficiente para a remessa de lucros e dividendos para o exterior.
compensar o déficit em transações correntes, de O superávit da balança comercial, por sua vez,
US$25 bilhões. deve continuar a crescer, principalmente, devido
à queda das importações. Com isso, o déficit
Para o fim do ano, o déficit da balança de em transações correntes deve ficar em torno de
serviços deve continuar a cair, pois o déficit com US$ 13,5 bilhões, o que representa 1,2% do PIB,
viagens e transporte internacionais continuará segundo projeção da CNI.
Gráfico 21 - Déficit em transações correntes deve continuar a cair até fim do ano
Saldo em transações correntes, balança comercial e investimento direto
Em bilhões de US$
150
100
ago-20
54,5
50
ago-20
45,2
0
-50
ago-20
-25,0
-100
-150
jan/13 jul/13 jan/14 jul/14 jan/15 jul/15 jan/16 jul/16 jan/17 jul/17 jan/18 jul/18 jan/19 jul/19 jan/20 jul/20
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ATIVIDADE ECONÔMICA
INFLAÇÃO
TAXA DE JUROS
Taxa real de juros (ex-post - taxa média anual e defl: IPCA) 2,80% 2,1% -0,09%
CONTAS PÚBLICAS
TAXA DE CÂMBIO
SETOR EXTERNO
www.cni.com.br
Documento concluído em 20 de outubro de 2020.
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CNI - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA
Elaboração
Renato da Fonseca (Gerente-Executivo)
Marcelo Souza Azevedo (Gerente)
Danilo Cristian da Silva Sousa
Fábio Bandeira Guerra
Isabel Mendes de Faria
Juliana Lucena do Nascimento
Mário Sérgio Carraro Telles (Gerente)
Samantha Cunha
Gerência de Análise Econômica - GAE
Gerência de Política Econômica - GPE
Gerência Executiva de Economia - ECON
Diretoria de Desenvolvimento Industrial - DDI
Normalização
Alberto Nemoto Yamaguti
Área de Administração, Documentação e Informação - ADINF
Diretoria de Serviços Corporativos - DSC