Você está na página 1de 69

DESENVOLVIMENTO SOCIAL E PESSOAL

UNIDADE 6670 – PROMOÇÃO DA SAÚDE


Promoção da saúde

Índice

Resultados da aprendizagem .................................................................................................... 2

1.Prevenção da saúde ................................................................................................................ 3

2.Alimentação racional e desvios alimentares ........................................................................ 7

3.Actividade física e repouso ................................................................................................... 19

4.Sexualidade e planeamento familiar ................................................................................... 24

5.Doenças da atualidade (sida e outras patologias contemporâneas) e


toxicodependências .................................................................................................................. 33

6.Causas, sintomas, formas de prevenção, de transmissão e de tratamento ................. 38

7.Organizações da sociedade civil que prestam apoio a portadores de diferentes


patologias ou dependências .................................................................................................... 62

Bibliografia ................................................................................................................................. 68

1
Promoção da saúde

Resultados da aprendizagem

• Avaliar a importância dos comportamentos positivos na promoção da saúde.


• Caracterizar os diferentes tipos de toxicodependências e diversas patologias
contemporâneas.
• Reconhecer as consequências do consumo do álcool, do tabaco e de
estupefacientes.
• Compreender a importância do planeamento familiar.
• Identificar comportamentos que previnem as doenças sexualmente
transmissíveis.
• Reconhecer as organizações da sociedade civil na prevenção de riscos, no
combate à doença e no apoio aos cidadãos portadores de patologias ou
dependências.

2
Promoção da saúde

1.Prevenção da saúde

A definição de saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS) é muito mais do que


ausência de doença. A saúde deve ser entendida como o sentido positivo de bem-estar
que envolve todos os aspetos da vida – físico, emocional e social.

A saúde e o bem-estar dependem dos estilos de vida, que por sua vez são
determinados por fatores individuais, sociais e de outras áreas exteriores à saúde
como é exemplo o ambiente. A consciencialização e participação do cidadão, a
chamada capacitação do cidadão na promoção da saúde e prevenção da doença é a
única forma eficaz de obter ganhos em saúde.

“A promoção da Saúde é o processo que permite capacitar as pessoas a melhorar e a


aumentar o controle sobre a sua saúde (e seus determinantes – sobretudo,
comportamentais, psicossociais e ambientais)” (Carta de Otawa, 1986).

A Carta de Bangkok para a promoção da saúde num mundo globalizado (2005) parte
dos valores, princípios e estratégias de intervenção estabelecidas na Carta de Otawa,
complementando-a. Com a promoção da saúde, surge a noção da “saúde como um
recurso” e de esta ser um “empreendimento coletivo”.

Nunca, até hoje, os cidadãos viveram tantos anos, e a sua esperança de vida continua
a aumentar. Contudo, a saúde da população está longe de ser tão boa quanto poderia
ser. Os níveis de morbilidade e mortalidade prematura continuam a ser elevados,
embora seja possível baixá-los.

Os fatores determinantes da saúde mais importantes são as condições


socioeconómicas e as condições de vida e de trabalho que lhes estão associadas e que
são abordadas através das políticas sociais e económicas. O tabaco, a alimentação, a

3
Promoção da saúde

atividade física, a dieta, o álcool e a forma como as pessoas se comportam em relação


a si mesmas e aos outros são também determinantes essenciais da saúde.

As principais causas de morte prematura e de invalidez são os acidentes e as lesões


físicas, as perturbações mentais, o cancro e ainda as doenças circulatórias e
respiratórias.

É possível influir em todos estes fatores mediante uma prevenção e promoção eficazes.
A legislação e a regulamentação, por exemplo, sobre o uso do cinto de segurança, a
segurança rodoviária e as restrições quanto ao conteúdo, comercialização e uso dos
produtos do tabaco, constituem uma base essencial para apoiar os esforços de
prevenção.

A informação do público é uma outra medida a não descurar, mas revela-se, em geral,
insuficiente para suscitar comportamentos mais saudáveis. As medidas de promoção
da saúde são particularmente eficazes quando recorrem a métodos que ajudam os
consumidores a fazer melhores escolhas na vida quotidiana. Os locais onde as pessoas
passam uma grande parte ou a totalidade do tempo, como o local de trabalho, a
escola ou mesmo a prisão, podem desempenhar um papel importante a este respeito.

Comportamentos favoráveis à saúde, são o esforço de cada um para preservar a sua


saúde e a dos que o rodeiam.

A adoção de uma alimentação equilibrada, a prática de uma atividade física regular, a


redução de consumo de tabaco e álcool, a possibilidade de ter períodos de repouso e
de descontração e a capacidade de ter relações sociais e sexuais compensadoras
ajudam a que o sentimento de bem-estar cresça e constituem um verdadeiro obstáculo
à doença.

4
Promoção da saúde

Nesta conceção, a saúde é assumida como um processo dinâmico e proactivo que


responsabiliza cada um e todos na construção de um bem-estar que favoreça o
desenvolvimento do potencial de cada indivíduo e das próprias comunidades.

A promoção da saúde é, assim, tarefa dos agentes nos diversos contextos de relação e
de crescimento que o indivíduo «habita», de que se podem destacar a Família e a
Escola, mas que implica necessariamente toda a comunidade.

É dentro deste enquadramento normativo e nesta dinâmica que a Escola vem


desempenhando um papel importante, assumindo a promoção da saúde como um
processo quotidiano que concorre para a criação de um «estado de bem-estar físico,
psíquico e social, e não a mera ausência de doença» (OMS) dos seus alunos e
profissionais.

Nesta perspetiva sistémica de «saúde positiva», valoriza-se a interação dinâmica das


vertentes do corpo, dos afetos e das emoções e, ainda, das relações com o outro e
com o mundo.

A educação para a saúde faz-se, por um lado, na continuidade das experiências dos
vários contextos educativos (por exemplo, na ligação da Família à Escola) mas, por
outro lado, exige uma complementaridade de diferentes vivências possíveis em
contextos diversos (a escola, a família, a «rua», as associações desportivas e culturais,
etc.), que favoreçam o desenvolvimento de uma identidade própria, do pensamento
crítico, da capacidade de escolher, em suma, da autonomia.

Devem contar, ainda e sempre, com a participação ativa de toda a Comunidade


Educativa, essencial na criação de condições que reforcem fatores de proteção:
• Boa autoestima,
• Competências de relacionamento interpessoal,
• Famílias com envolvimento afetivo e padrões de comunicação claros,

5
Promoção da saúde

• Comunidades que promovam o fortalecimento dos laços entre os jovens e as


instituições, entre outros.

E que, ao mesmo tempo, minimizem os fatores de risco:


• Baixa autoestima;
• Fraca tolerância à frustração,
• Problemas de saúde mental,
• Desvalorização das normas e regras,
• Pouca resistência à pressão de pares na adolescência,
• Insucesso escolar e fraca ligação à escola,
• Famílias com disfunções ao nível da comunicação afetivo-emocional,

Entre outros, por forma a reduzir vulnerabilidades pessoais e sociais e comportamentos


desajustados.

6
Promoção da saúde

2.Alimentação racional e desvios alimentares

A alimentação
Comer é essencial para a vida. As necessidades alimentares dependem da idade, sexo,
estado de saúde e nível de esforço físico. As escolhas alimentares são influenciadas por
vários fatores:
• Disponibilidade dos alimentos: situação geográfica, clima e temperatura, fatores
políticos e económicos, tradições
• Orçamento: família, pares, crenças relacionadas com a saúde
• Fatores estéticos: gosto, aparência, odor, textura dos alimentos,
disponibilidade, publicidade
• Fatores socioeconómicos: superstições, religião, tradições, tabus

Comer em conjunto com outras pessoas constitui parte importante da relação com a
família e com os amigos e é também um dos prazeres da vida

A alimentação fornece a energia, e os nutrientes necessários ao crescimento, trabalho,


divertimento, pensamento, aprendizagem, bem como, aumenta a resistência a certas
doenças.

Os assuntos relacionados com a alimentação têm sido uma das grandes preocupações
da segunda metade deste século. Ao falar de alimentação racional a palavra-chave é
“equilíbrio”, ou seja, a ingestão de uma grande variedade de alimentos em
quantidades adequadas ao desgaste energético diário e à fase da vida em que nos
encontramos.

O nosso organismo necessita de um conjunto de nutrientes para funcionar


corretamente. A abundância ou escassez de qualquer um deles pode levar ao

7
Promoção da saúde

desequilíbrio dos sistemas orgânicos, originando problemas de saúde, mais ou menos


graves.

Cada tipo de nutrientes cumpre uma ou mais funções específicas. Todos os alimentos
contêm um ou mais nutrientes em quantidades variáveis.

Roda dos Alimentos

E assim surgiu a nova Roda dos Alimentos, criada numa parceria entre a FCNAUP
(Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto), o
Instituto do Consumidor e o Ministério da Saúde. As principais diferenças em relação à
anterior são:

A subdivisão de alguns dos anteriores grupos, passando a existir 7 grupos:


-Cereais, seus derivados e tubérculos - 28%
-Hortícolas – 23%
-Fruta – 20%
-Lacticínios – 18%
-Carnes, pescado e ovos – 5%
-Leguminosas – 4%
-Gorduras e óleos – 2%

A presença da água que não possuindo um grupo próprio, está representada no


centro pois está presente em quase todos os alimentos e é fundamental à vida. O
estabelecimento de porções diárias equivalentes.

8
Promoção da saúde

De uma forma simples são transmitidas as orientações para uma alimentação


saudável ...

... completa - comer alimentos de cada grupo e beber água diariamente;

... equilibrada - comer maior quantidade de alimentos pertencentes aos grupos de


maior dimensão e menor quantidade dos que se encontram nos grupos de menor
dimensão, de forma a ingerir o número de porções recomendado;

... e variada - comer alimentos diferentes dentro de cada grupo variando diariamente,
semanalmente e nas diferentes épocas do ano.

9
Promoção da saúde

COUVES E LEGUMES
Fornecem:
• Muita água (em média 90%),
• Fibra e poucas calorias,
• Minerais como o potássio, cálcio
O ideal é comê-los crus ou ao vapor, que é como perdem menos propriedades (além
do sabor).
A cozedura é muito saborosa, mas não é o mesmo. Devem ingerir um mínimo de 200
gramas por dia.

FRUTAS
Fornecem:
• Vitaminas
• Fibra e antioxidantes combatem o envelhecimento prematuro
Devem ingerir um mínimo de 200 gramas por dia.
os sumos comerciais não contam como fruta.

CEREAIS
Fornecem:
• Fibra e energia de longa duração
• Gorduras benéficas
• Proteínas e antioxidantes
Ajudam-vos a controlar o vosso nível de insulina e, portanto, a fome.
Por serem hidratos de carbono, na verdade dependerão do vosso nível de exercício
físico diário. As quantidades podem oscilar entre os 150 a 200 gramas diárias.

PROTEÍNAS
Fornecem:
• A matéria necessária para que os seus músculos cresçam.
• Aqueles que provêm de fontes animais podem vir acompanhadas de gorduras
naturais.

10
Promoção da saúde

• Tentem sempre que pelo menos 50% do total diário sejam vegetais.

LATICÍNIOS
Fornecem:
• Sobretudo cálcio e proteínas.
• Ajudam a regular a hipertensão (exceto os queijos).
Diversos estudos demonstram que o cálcio contribui para um apetite regular.

Regras Básicas para uma alimentação equilibrada

❖ O açúcar deve ser reduzido ou eliminado preferencialmente


❖ As fibras (cereais, frutas, vegetais) devem fazer parte da ingestão diária para
assegurar o bom funcionamento intestinal
❖ Exercício físico
❖ Fazer refeições em lugar tranquilo e sem pressa (dentro dos limites)

Desvios alimentares

Anorexia
A anorexia nervosa, também simplesmente conhecida como anorexia, é um transtorno
alimentar que provoca no indivíduo tanto medo de ganhar peso e/ou gordura corporal
que ele(a) limitará severamente a quantidade de comida que ingere. Por vezes, os
anoréxicos também fazem exercício em excesso, numa tentativa de queimar as calorias
que ingeriram, para não ganharem peso extra.

Mesmo quando se desgastam fisicamente, e os outros os acham doentiamente


magros, os anoréxicos ainda acham que os seus corpos são muito pesados e
continuam a comer tão pouco quanto possível. Infelizmente, sem nutrientes suficientes
para os alimentar, os órgãos internos de um anoréxico podem falhar, podendo daí
resultar a morte.

11
Promoção da saúde

Raramente um anoréxico reconhece o seu transtorno alimentar e procura ajuda,


portanto cabe muitas vezes a familiares e amigos que suspeitam de anorexia nervosa
procurar ajuda de profissionais. Muitos dos sinais que indicam anorexia incluem:

● Contagem obsessiva de calorias;


● Saltar refeições;
● Brincar com a comida no prato em vez de comer;
● Esconder comida (num guardanapo, debaixo de uma travessa, etc.) para
evitar comê-la;
● Mentir quanto a já ter comido, numa tentativa de evitar uma refeição;
● Ingerir apenas um determinado tipo de comida;
● Fazer exercício em excesso, particularmente depois de uma refeição, ou “para
abrir o apetite”;
● Perda dramática de peso;
● Excessivo interesse em questões relacionadas com peso, imagem corporal e
jejum;
● Vestir (para esconder o corpo) roupa larga ou disforme;
● Baixos níveis de energia;
● Doenças frequentes;
● Sono excessivo;
● Reduzido ou inexistente apetite sexual

Um diagnóstico de anorexia só pode ser feito por um médico qualificado,


habitualmente um psiquiatra. Para diagnosticar anorexia têm de surgir quatro critérios
de diagnóstico.

Os critérios padrão para o diagnóstico de anorexia incluem a recusa do indivíduo em


manter um peso corporal apropriado para a sua altura e idade (normalmente 15%
abaixo da média), um medo intenso de ficar “gordo” ou com excesso de peso, mesmo
quando magríssimo, uma falta de autoconfiança relacionada com uma autoimagem

12
Promoção da saúde

distorcida e a perda de períodos menstruais durante pelo menos três meses


(obviamente não incluído no diagnóstico masculino).

Se a anorexia é diagnosticada de acordo com critérios de doença mental, um anoréxico


também precisará de um exame físico completo para determinar a extensão da doença
ou da injúria que foi causada por esta transtorno alimentar.

Anoréxicos gravemente afetados ao nível do físico podem precisar de ser tratados


num hospital residencial ou clínica e voltar a ganhar força antes de efetivamente
iniciarem o tratamento do seu transtorno alimentar.

Não há sistema ou cura reconhecida para a anorexia, mas os tratamentos podem


incluir uma mistura de aconselhamento/terapia, aconselhamento familiar/terapia,
terapia cognitivo-comportamental (para mudar o tipo de comida ingerida, bem como
comportamentos alimentares e/ou tipo de exercício físico desenvolvido), o recurso a
grupos de apoio ou terapia de grupo, e aconselhamento e planeamento nutricional.

A anorexia é um transtorno alimentar comum, mas altamente perigosa que pode ter
efeitos duradouros na saúde física e mental do indivíduo. Muitos anoréxicos não
reconhecem a sua transtorno alimentar como prejudicial, e menos ainda procuram
diagnóstico e tratamento por sua iniciativa. Em vez disso, são muitas vezes a família e
amigos que intervêm para procurar ajuda para a anorexia antes que algum dano
irreversível ocorra

Bulimia
A bulimia nervosa, habitualmente denominada de bulimia, é um transtorno alimentar
marcado por episódios de voracidade seguidos de purgas. Durante um episódio de
voracidade, um bulímico ingere uma grande quantidade de comida de uma só vez, mas
depois purga-a, quer induzindo vómitos, quer tomando um laxante ou diurético.

13
Promoção da saúde

Para os bulímicos, comer compulsivamente e purgar constitui um ciclo, mas eles


podem não ganhar ou perder peso suficiente para que se torne óbvio que padecem de
um transtorno alimentar.

Danos no trato digestivo, boca, dentes e glândulas salivares são comuns entre
bulímicos e o ciclo “alimentação compulsiva – purga” constante significa que os
bulímicos raramente retêm vitaminas e minerais suficientes para se manterem
saudáveis. Estes fatores podem ter efeitos prejudiciais sérios e prolongados na saúde.

Apesar de a bulimia estar na maioria das vezes associada a uma fraca autoestima e
fraca autoconfiança, são os comportamentos dos bulímicos que denunciam o seu
transtorno alimentar ao exterior. A bulimia é um transtorno alimentar que se manifesta
através de uma alimentação compulsiva seguida de purga, e estes comportamentos
são os sinais característicos este transtorno.

Muitos bulímicos têm também comportamentos que se tornam sinais de aviso, tais
como:
• Esconder a comida reservada para episódios de voracidade (incluindo
frequentemente pão, massa, doces, sobremesas, batatas fritas e gelados. No
entanto, qualquer tipo de comida pode ser consumida durante a ingestão
compulsiva);
• Mentir sobre o que comeram;
• Comer compulsivamente em segredo;
• Vomitar em segredo;
• Esconder artigos como laxantes ou diuréticos;
• Deixar a água da torneira ou do duche a correr na casa de banho para disfarçar
os episódios de purgação;
• Demonstrar uma preocupação profunda em relação ao peso, forma do corpo e
aspeto em geral;
• Queixas frequentes em relação a dores de garganta (causadas pelos repetidos
vómitos);

14
Promoção da saúde

• Queixas frequentes em relação a problemas dentários (também causados pelos


vómitos);
• Esconder-se atrás de roupas largas e soltas;
• Demonstrar pouco ou nenhum impulso sexual.

Apesar de a bulimia ser um transtorno alimentar e, como tal, devastar a saúde física, é
diagnosticada de acordo com critérios de saúde mental. É necessário haver
correspondência com cinco critérios padrão para que a bulimia seja diagnosticada,
incluindo comer compulsivamente, purgar (vómito provocado, uso impróprio de
laxantes, uso impróprio de diuréticos, uso impróprio de clisteres, passar fome e/ou
excesso de exercício), um ciclo de compulsão alimentar purga pelo menos duas vezes
por semana durante três meses – alimentando um medo profundo em relação ao
aumento de peso –, ideias irrealistas relacionadas com o peso ideal e a ausência de
anorexia.

Se um indivíduo come em excesso e purga durante um episódio de anorexia,


considera-se, então, que sofre de Anorexia do Tipo Compulsivo e Purgativo. No
entanto, se for diagnosticada bulimia, será necessário determinar um subtipo.

A Bulimia Nervosa do Tipo Purgativo é diagnosticada quando um bulímico purga para


libertar o corpo de comida, ao passo que a Bulimia Nervosa do Tipo Não-Purgativo é
diagnosticada quando o bulímico não purga para libertar o corpo de comida, mas faz
exercício ou jejua em excesso após comer compulsivamente.

Não existe uma cura única e reconhecida para a bulimia, mas há uma variedade de
opções de tratamento. Cada bulímico trabalha com profissionais de saúde mental para
conceber uma fusão de tratamentos que se adequem a todos os seus comportamentos
e preocupações.

Os tratamentos comuns para a bulimia incluem aconselhamento/terapia,


aconselhamento/terapia familiar, terapia cognitivo-comportamental (para alterar os

15
Promoção da saúde

hábitos alimentares), uso de grupos de apoio ou terapia de grupo e aconselhamento e


planeamento nutricional.

Pode ser obtida informação adicional relativamente ao diagnóstico e tratamento da


bulimia através de um médico de clínica geral, um profissional de saúde mental ou
através de outras entidades competentes.

Compulsão Alimentar
A compulsão alimentar é um transtorno alimentar comum, em que um indivíduo
consome regularmente uma grande quantidade de comida de uma vez só, ou
«depenica» constantemente, mesmo quando não tem fome ou se sente fisicamente
desconfortável por comer tanto.

Ao contrário dos bulímicos, quem come compulsivamente não purga depois de comer
em excesso, nem pratica com frequência exercício em excesso na tentativa de queimar
calorias.

A compulsão alimentar pode ocorrer em pessoas de qualquer sexo, raça, idade ou


estrato socioeconómico e, como quem sofre do transtorno de compulsão alimentar
aumenta com frequência de peso ou se torna clinicamente obeso, torna-se passível de
contrair uma grande variedade de doenças.

Infelizmente, não há uma cura reconhecida para o transtorno de ingestão compulsiva,


mas existe uma variedade de opções de tratamento que podem ser exploradas quando
o transtorno é diagnosticado.

Quem sofre do transtorno de compulsão alimentar consome grandes quantidades de


comida de uma só vez ou come constantemente durante um determinado período (por
exemplo, durante uma festa de aniversário ou na Consoada) mas não purga ou se
liberta da comida depois.

16
Promoção da saúde

O transtorno de compulsão alimentar é habitualmente reconhecido por outros devido


aos hábitos alimentares de um indivíduo, tais como:
● Ingerir uma quantidade excessiva de comida, mesmo quando não tem fome;
● Comer até se sentir desconfortavelmente cheio ou mesmo agoniado;
● Esconder hábitos alimentares devido a vergonha ou embaraço;
● Esconder comida para episódios de voracidade;
● Esconder embalagens vazias ou caixas de alimentos e gerar lixo em excesso;
● «Depenicar» ou comer constantemente enquanto houver comida disponível;
● Comer quando está sob pressão ou se sente psicologicamente diminuído/a;
● Sentir-se subjugado/a, envergonhado/a e/ou culpado/a durante e/ou depois
de um episódio de voracidade;
● Exprimir repugnância em relação a hábitos alimentares, peso, corpo ou
aparência;
● Expressar descontentamento com a aparência, peso ou autoestima.

O transtorno de compulsão alimentar deve ser diagnosticado por um profissional


qualificado, de acordo com os critérios de saúde mental reconhecidos.

Estes critérios de diagnóstico incluem episódios cíclicos de alimentação em excesso e


sensação de perda de controlo durante os episódios, bem como episódios de
compulsão alimentar com pelo menos três das seguintes características: comer
depressa, comer até atingir mal-estar físico, comer quando não se tem fome, comer
sozinho ou ter sentimentos de vergonha e culpa em relação à alimentação.

Outros critérios incluem expressão de ansiedade ou angústia em relação à ingestão


compulsiva, episódios de voracidade que ocorrem pelo menos duas vezes por semana
durante um período mínimo de seis meses e compulsão alimentar sem recurso
posterior a um método de purga (vómito autoinduzido, exercício excessivo, etc.).

17
Promoção da saúde

Não há uma cura reconhecida para o transtorno de ingestão compulsiva. Posto isto, há
uma variedade de opções de tratamento que podem ser combinadas de acordo com as
necessidades específicas do paciente.

As opções de tratamento para o transtorno de compulsão alimentar incluem


aconselhamento/terapia, aconselhamento ou terapia familiar, terapia cognitivo-
comportamental (para alterar os comportamentos alimentares), frequência de grupos
de apoio ou terapia de grupo e aconselhamento e planeamento nutricional.

O transtorno de compulsão alimentar é um transtorno alimentar comum, embora


muitas vezes mal compreendido. Qualquer informação adicional sobre o transtorno de
compulsão alimentar deve ser procurada junto de um médico, um especialista em
transtornos alimentares ou outros terapeutas relacionados com este tipo de condição
de saúde.

18
Promoção da saúde

3.Actividade física e repouso

A atividade física é geralmente definida como “qualquer movimento associado à


contração muscular que faz aumentar o dispêndio de energia acima dos níveis de
repouso”. Esta definição ampla inclui todos os contextos da atividade física, ou seja, a
atividade física em momentos de lazer (incluindo a maioria das atividades desportivas e
de dança), atividade física ocupacional, atividade física em casa ou perto de casa, e a
atividade física ligada ao transporte.

A par dos fatores pessoais, a influência do contexto envolvente nos níveis de atividade
física pode ser: física (por ex.: ambiente edificado, utilização de terrenos), social e
económica.

A atividade física, a saúde e a qualidade de vida estão intimamente relacionadas entre


si. O corpo humano foi concebido para se movimentar e como tal necessita de
atividade física regular com vista ao seu funcionamento ótimo e de forma a evitar
doenças. Está provado que um estilo de vida sedentário constitui um fator de risco
para o desenvolvimento de diversas doenças crónicas, incluindo doenças
cardiovasculares, uma das principais causas de morte no mundo ocidental.

Além disso, levar uma vida ativa apresenta muitos outros benefícios, sociais e
psicológicos, existindo uma ligação direta entre a atividade física e a esperança de
vida, já que as populações fisicamente ativas tendem a viver mais tempo do que as
populações inativas.

As pessoas sedentárias que passam a ter uma atividade física afirmam sentir-se
melhor, dos pontos de vista quer físico quer psicológico, e usufruem de uma melhor
qualidade de vida.

19
Promoção da saúde

A Organização Mundial de Saúde – OMS – reconhece a grande importância da


atividade física para a saúde física, mental e social, capacidade funcional e bem-estar
de indivíduos e comunidades.

Aponta para a necessidade de políticas e programas que levem em conta as


necessidades e possibilidades das diferentes populações e sociedades, com o objetivo
de integrar a atividade física ao dia-a-dia de todas as faixas de idades, incluindo
mulheres, idosos, trabalhadores e portadores de deficiências, em todos os sectores
sociais, especialmente na escola, no local de trabalho e nas comunidades.

A atividade física é:
• Para o indivíduo: um forte meio de prevenção de doenças;
• Para os governos: um dos métodos com melhor custo-efetividade na
promoção da saúde de uma população.

Vantagens da atividade física regular:


• Reduz o risco de morte prematura;
• Reduz o risco de morte por doenças cardíacas ou AVC, que são responsáveis
por 30% de todas as causas de morte;
• Reduz o risco de vir a desenvolver doenças cardíacas, cancro do cólon e
diabetes tipo 2;
• Ajuda a prevenir/reduzir a hipertensão, que afeta 20% da população adulta
mundial;
• Ajuda a controlar o peso e diminui o risco de se tornar obeso;
• Ajuda a prevenir/reduzir a osteoporose, reduzindo o risco de fratura do colo do
fémur nas mulheres;
• Reduz o risco de desenvolver dores lombares e pode ajudar o tratamento de
situações dolorosas, nomeadamente dores lombares e dores nos joelhos;
• Ajuda o crescimento e manutenção de ossos, músculos e articulações
saudáveis;
• Promove o bem-estar psicológico, reduz o stress, ansiedade e depressão;

20
Promoção da saúde

• Ajuda a prevenir e controlar comportamentos de risco, especialmente em


crianças e adolescentes.

Os benefícios para a saúde geralmente são obtidos através de pelo menos de 30


minutos de atividade física cumulativa moderada, todos os dias. Este nível de atividade
pode ser atingido diariamente através de atividades físicas agradáveis e de
movimentos do corpo no dia-a-dia, tais como caminhar para o local de trabalho, subir
escadas, jardinagem, dançar e muitos outros desportos recreativos.

Benefícios adicionais podem ser obtidos através de atividade física diária moderada de
longa duração:
• Crianças e adolescentes necessitam 20 minutos adicionais de atividade física
vigorosa, 3 vezes por semana;
• O controlo do peso requer pelo menos 60 minutos diários de atividade física
vigorosa/moderada.

Uma boa capacidade física depende do desempenho global do nosso corpo, que por
sua vez depende do desenvolvimento de quatro fatores:

CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA
É a capacidade do coração bombear o sangue oxigenado a todas as partes do corpo.

A capacidade cardiorrespiratória desenvolve-se através de atividades físicas que


envolvam grandes grupos musculares, com movimentos repetitivos, durante um
período de tempo superior a 15 minutos (ex: ciclismo, natação, remo, caminhada,
corrida, etc.)

CAPACIDADE DE TRABALHO MUSCULAR


É indispensável para a aptidão física/saúde, manter níveis de força e resistência
adequados. Indivíduos que, para além de exercícios aeróbios realizam exercícios de
força e resistência muscular, estão menos sujeitos às fadigas musculares localizadas e

21
Promoção da saúde

os aumentos de pressão arterial sistólica (máxima) durante esforços físicos intensos


são menores.

FLEXIBILIDADE
É a capacidade de movimentar as articulações com amplitude e sem dor. Todos os
movimentos humanos para serem realizados de uma forma económica e com
amplitude necessitam de uma certa flexibilidade (uns mais que outros). Executar
alongamentos melhora a flexibilidade prevenindo dores nas costas e nos músculos.

COMPOSIÇÃO CORPORAL
Tem duas componentes, o peso correspondente à massa gorda e o peso
correspondente à massa magra. Há pessoas pesadas que não são gordas e pessoas
com o peso ideal mas com níveis de massa gorda excessivos.

Nos homens, quando a % de massa gorda estiver abaixo de 15% estão bem e acima
de 25% são considerados obesos. Nas mulheres um nível de massa gorda abaixo de
20% é considerado bom, e acima de 33% é considerado obesidade.

Repouso
Sono é o nome dado ao repouso que fazemos em períodos de cerca de 8 horas em
intervalos de cerca de 24 horas. Durante esse período nosso organismo realiza funções
importantíssimas com consequências diretas à saúde como o fortalecimento do sistema
imunológico, secreção e libertação de hormonas (hormona do crescimento, insulina e
outros), consolidação da memória, isso sem falar no relaxamento e descanso da
musculatura.

As insónias ou a dificuldade em dormir estão muitas vezes associadas a inadequados


estilos de vida, stress, trabalho por turnos e algumas doenças.

Não dormir de forma saudável provoca irritabilidade, falta de concentração e falhas na


memória, desânimo, cansaço, sonolência durante o dia, maior propensão para doenças

22
Promoção da saúde

(por exemplo a obesidade, a diabetes e os problemas de crescimento nas crianças e


nos adolescentes) e acidentes, e maior dificuldade na cicatrização.

Para dormir melhor:


1 – Procure relaxar antes de ir para o quarto (banho quente, música relaxante,
chá de camomila, luz azul, aromas relaxantes).

2 – Durma numa cama confortável (colchão/almofada e roupa adequados).

3 – Mantenha o quarto escuro, limpo, com boa ventilação, e sem ruído (se
houver ruído exterior pode mascará-lo recorrendo a música de meditação e/ou
relaxamento – som do mar ou da chuva).

4 – Não veja televisão, não use o computador, nem realize tarefas que exijam
concentração e cálculo mental quando está na cama.

5 – Evite fazer exercício físico até quatro horas antes de ir para a cama,
excetuando a atividade sexual que é indutora de sono.

6 – Evite refeições pesadas ou empanturrar-se antes de ir para a cama, embora


também não se deva deitar com fome.

7 – Não ingera álcool, porque agrava o ressonar e dificulta a respiração.

8 – Evite fumar, consumir alimentos e bebidas estimulantes cerca de seis horas


antes de ir para a cama (chocolate, café, chá preto e colas).

9 – Mantenha os horários de ir para a cama e de levantar, mesmo ao fim-de-


semana e tente dormir pelo menos 7 horas por noite.

10 – Não faça sestas durante o dia.

23
Promoção da saúde

4.Sexualidade e planeamento familiar

Sexualidade
A adolescência é a fase das dúvidas e das descobertas e é também nesta altura que os
futuros adultos se deparam com os maiores problemas relativamente à descoberta da
sua sexualidade.

Com efeito, neste contexto, há a referir que Portugal é um dos países onde existem
mais mães adolescentes. Apesar da crescente informação disponibilizada na área da
contraceção e das doenças sexualmente transmissíveis, os casos continuam a verificar-
se, com todas as implicações negativas que acarretam, designadamente no campo
psicológico e emocional.

Todavia, este problema começa exatamente em casa, onde ainda se verifica uma
grande relutância por parte dos pais e encarregados de educação em abordar temas
ligados à sexualidade e ao planeamento familiar. Para começar, os jovens têm que
aprender à sua custa que a reprodução e a sexualidade são duas áreas distintas da
função sexual.

Com efeito, e apesar de conscientes da necessidade de informarem os seus filhos,


muitos pais optam por se remeter ao silêncio, uma vez que eles próprios não se
sentem à vontade para debater este tipo de assuntos.

Muitos pais pensam que a Educação Sexual que os seus filhos recebem na escola é
suficiente para os preparar para a sua vida sexual futura. Porém, esta posição está
longe de ser correta, uma vez que a informação que é passada na escola peca pela
ausência da emotividade e carinho que os pais põem na sua relação com os filhos.

O aparecimento dos primeiros sinais de puberdade, ou seja a primeira menstruação,


no caso das raparigas, e a primeira ejaculação nos rapazes, deve constituir um

24
Promoção da saúde

acontecimento positivo, que marca o início de mais uma fase do seu crescimento e que
de modo algum deve ser encarada como sendo algo de negativo.

Diversos estudos levados a cabo nesta área deixaram claro que os jovens que
receberam uma educação centrada na informação sobre sexualidade e contraceção,
iniciam a sua vida sexual mais tarde e de uma forma mais consciente.

O ideal é que os jovens encarem a sexualidade como uma parte integrante das suas
vidas, mas que se trata de uma noção completamente diferente de reprodução. A
sexualidade é uma fonte de prazer que simultaneamente fomenta a comunicação e a
afetividade entre duas pessoas, mas que também pode ter um cunho reprodutivo,
desde que parta do desejo expresso e consciente dos intervenientes.

Saúde reprodutiva

Define-se Saúde Reprodutiva como sendo:

“Um estado de completo bem-estar físico, mental e social em todas as questões


relacionadas com o sistema reprodutivo, e não apenas a ausência de doença ou
enfermidade. A saúde reprodutiva implica, assim, que as pessoas são capazes de ter
uma vida sexual segura e satisfatória e que possuem a capacidade de se reproduzir e a
liberdade para decidir se, quando e com que frequência devem fazê-lo."

Implícito nesta última condição está o direito de homens e mulheres à informação e ao


acesso aos métodos de contraceção e planeamento familiar eficazes, seguros e
financeiramente compatíveis com a sua condição, assim como a outros métodos de
regulação da fertilidade que estejam dentro do quadro legal.

A saúde reprodutiva implica ainda "ter o direito a aceder a serviços e cuidados de


saúde adequados que garantam à mulher condições de segurança durante a gravidez
e o parto, proporcionando aos pais maiores possibilidades de terem filhos saudáveis."

25
Promoção da saúde

Sobre Saúde Sexual, a IPPF - Federação Internacional para o Planeamento Familiar -


partilha da definição da ONU ao reforçar que a saúde sexual pressupõe uma
"abordagem positiva à sexualidade humana", não se restringindo apenas à prevenção
das infeções sexualmente transmissíveis.

Planeamento familiar
O Planeamento Familiar (PF) é uma componente fundamental na prestação de
cuidados na área da Saúde Sexual e Reprodutiva, tendo como principal objetivo o
apoio e acompanhamento de mulheres e homens no planeamento do nascimento dos
seus filhos, sobretudo através do aconselhamento e contraceção.

Para além destas vertentes o PF deve:


• Promover uma vivência sexual gratificante e segura
• Preparar uma maternidade e paternidade saudáveis
• Prevenir a gravidez indesejada
• Reduzir os índices de mortalidade e morbilidade materna, perinatal e infantil
• Reduzir o número de infeções sexualmente transmissíveis.

Em Portugal, todos os centros de saúde devem garantir consultas de Planeamento


Familiar e dispor de equipas multiprofissionais para o esclarecimento das dúvidas e
questões no domínio da saúde sexual e reprodutiva.

A decisão, de ter ou não filhos e de escolher o momento, é um direito que assiste a


todos os indivíduos ou famílias e é essencial ao bem-estar social.

Fatores de natureza diversa influenciam os comportamentos sexuais, exigindo-se aos


agentes políticos medidas que contribuam para a saúde sexual e reprodutiva das
comunidades.

26
Promoção da saúde

Todos os indivíduos devem poder ter acesso à informação que lhes permita decidir em
consciência sobre o método contracetivo mais adequado. Neste contexto, devem existir
serviços com pessoal técnico devidamente habilitado para o aconselhamento e os
meios materiais necessários para o fazer com a qualidade necessária.

Segundo a legislação portuguesa é assegurado a todos, sem discriminações, o livre


acesso às consultas e outros meios de Planeamento Familiar. Através das consultas,
todos os indivíduos têm o direito à informação, conhecimentos e meios que lhes
permitam tomar decisões livres e responsáveis.

As consultas de PF e os meios contracetivos proporcionados por entidades públicas são


gratuitos.

O Estado garante o direito à educação sexual, como uma componente do direito


fundamental à educação.

Compete ao Estado, para a proteção da família, promover, pelos meios necessários, a


divulgação dos métodos de planeamento familiar e organizar as estruturas jurídicas e
técnicas que permitam o exercício de uma maternidade e paternidade conscientes.

Os jovens podem ser atendidos em qualquer consulta de Planeamento Familiar em


centros de saúde ou serviços hospitalares pertencentes ou não à sua área de
residência.

Métodos contracetivos
O sucesso em contraceção depende de uma decisão voluntária e esclarecida sobre a
segurança, eficácia, custos, efeitos secundários e reversibilidade dos métodos
disponíveis. Há um conjunto de questões que devem ser colocadas quando se
pretende escolher um método de contraceção:
• É o mais conveniente e eficaz?
• Está adequado ao meu estilo de vida?

27
Promoção da saúde

• É reversível?
• É um método acessível?
• Existem riscos para a saúde?

Descrição de Métodos de contraceção:

• Contraceção hormonal – Pílula;


• Contraceção de emergência
• Contraceção hormonal injetável;
• Implante;
• Adesivo;
• Preservativo Masculino;
• Preservativo Feminino;
• Dispositivos intrauterinos (DIU e SIU);
• Diafragma;
• Anel vaginal;
• Espermicidas

Pílula
A pílula contracetiva é um método que, através da ação hormonal, inibe a ovulação
evitando a gravidez. A pílula deve ser prescrita nos casos em que se pretende um
método contracetivo eficaz e se pretenda obter outros efeitos benéficos para a saúde
que se encontram indicados como vantagens. A mulher deverá ser acompanhada
periodicamente por um médico.

Existem as pílulas de tipo combinado (COC) que contêm estrogénio e progestagéneo.


Existem ainda pílulas que contêm só progestagéneo (POC), que devem ser receitadas
caso o estrogénio não seja recomendável.

Se tomada de corretamente, a pílula apresenta um elevado grau de eficácia.

28
Promoção da saúde

Contraceção de Emergência - Pílula do dia seguinte

Só deve ser utilizada em último recurso, caso exista um “acidente” contracetivo. Esta
pílula é composta por doses hormonais elevada.

Injeções hormonais

injeções constituídas por hormonas que se vão libertando de modo contínuo durante
determinado tempo (geralmente são de três meses).

Implante

É uma pequena vareta do tamanho de um fósforo que é colocada sob a pele, no lado
interno da parte superior do braço. Vai libertando lentamente uma hormona que evita
a libertação mensal de oócitos II do ovário. Também evita que o esperma alcance o
útero. A sua eficácia mantém-se por um período de três anos.

Adesivo

Trata-se de um adesivo fino, bege, que pode ser usado em quatro áreas do corpo: as
nádegas, peito (excluindo os seios), costas ou parte externa do membro superior.
Contém hormonas que são rapidamente libertadas através da pele para a corrente
sanguínea durante sete dias. Cada adesivo deve ser mudado semanalmente durante
três semanas, seguido por uma semana “sem adesivo”, quando aparece a
menstruação.

Anel Vaginal

É um pequeno anel de silicone que se coloca dentro da vagina, libertando lentamente


hormonas, de modo a evitar a fecundação.

29
Promoção da saúde

Preservativo masculino
O preservativo constitui uma barreira à passagem do esperma para a vagina durante o
coito. A maioria dos preservativos são feitos de látex. Quando usado corretamente,
para além de ajudar a prevenir a gravidez, é um método que diminui o risco de
contrair IST. Trata-se de uma forma de contraceção que envolve o homem.

A eficácia deste método depende da sua utilização correta e sistemática. 5 a 10


gravidezes por ano em cada 100 mulheres.

Preservativo feminino
O preservativo feminino tem a forma de um tubo feito à base de silicone com um anel
na extremidade. Deve ser introduzido na vagina antes da relação sexual. Depois da
ejaculação, o preservativo retém o esperma prevenindo o contacto com colo do útero,
evitando a gravidez. O preservativo feminino protege contra as IST e deve ser indicado
em situações de ejaculação precoce.

Se usado corretamente, é um método seguro. Estima-se que possam ocorrer 10


gravidezes por cada ano em 100 mulheres.

Diafragma
O diafragma é um dispositivo de borracha com um aro flexível que se introduz na
vagina. Quando corretamente introduzido previne o contacto do esperma com o colo
do útero, funcionando como meio eficaz de contraceção.

O diafragma oferece um nível de eficácia relativamente alto. 15 gravidezes em cada


100 mulheres / ano.

DIU - Dispositivo intrauterino


O DIU é um pequeno dispositivo de plástico revestido com fio de cobre que é inserido
no útero. O DIU impede a gravidez através da alteração das condições uterinas e

30
Promoção da saúde

funcionando também como uma barreira aos espermatozoides. A inserção é feita numa
consulta médica, podendo permanecer no útero durante vários anos.

O DIU está indicado para quem:


• Pretende um método de longa duração, reversível e que não interfira na
relação sexual
• Tem um relacionamento estável e não há risco de relações com outros
parceiros
• Tem um ou mais filhos ou acabou de ter
• Para quem tolera alterações na menstruação, nomeadamente fluxos menstruais
mais abundantes e prolongados
• Pretende uma rápida recuperação dos níveis de fertilidade.

O nível de eficácia do DIU é muito elevado e aumenta com o tempo de utilização. 0,1-
a 2 gravidezes por ano em cada 100 mulheres.

Espermicidas

Produtos químicos que podem ser apresentados sob a forma de espuma, creme ou
óvulos. Destroem ou imobilizam os espermatozoides, inibindo a sua passagem para o
útero. O espermicida deve ser introduzido na vagina antes das relações sexuais.

Aborto
As complicações decorrentes do aborto não seguro são uma das principais causas de
mortalidade materna em todo o mundo. Porém, se realizado na fase inicial, e com os
cuidados de saúde apropriados, a Interrupção Voluntária da Gravidez é um
procedimento médico seguro e com menores riscos para as mulheres.

Consulta prévia
A consulta prévia marca o início formal do processo de IVG. É uma consulta de
carácter obrigatório. Nesta, o técnico de saúde deve esclarecer todas as dúvidas da

31
Promoção da saúde

mulher e fornecer a informação necessária tendo em vista uma tomada de decisão


livre, informada e responsável.

A consulta pode ser marcada num serviço de saúde legalmente autorizado, como
centros de saúde, maternidades, hospitais públicos ou em clínicas privadas
devidamente autorizadas.

O período entre a marcação e a realização da consulta não pode exceder os 5 dias.

A consulta deve garantir que a mulher se encontra livre de pressões na sua tomada de
decisão. A mulher pode fazer-se acompanhar por terceiros durante todo o processo de
IVG.

Uma vez clarificado o pedido de IVG, é determinado o tempo de gestação (através de


ecografia) e explicados os diferentes métodos de interrupção da gravidez.

No final da consulta prévia é marcada uma outra para a realização da IVG.

A consulta é também um espaço privilegiado para o esclarecimento sobre os métodos


contracetivos.

Na consulta prévia é entregue à mulher o impresso - Consentimento Livre e Esclarecido


que deverá ser lido, assinado e entregue ao médico até à data de realização da IVG.

No caso das mulheres menores de 16 anos ou mulheres psiquicamente incapazes, o


Consentimento Livre e Esclarecido terá de ser assinado pelo seu representante legal
(pai, mãe ou tutor).

É obrigatório um período de reflexão mínimo de 3 dias, entre a consulta prévia e a


data da IVG, durante o qual a mulher pode solicitar apoio psicológico/aconselhamento
ou apoio social. Este período poderá ser mais longo se a mulher assim o desejar.

32
Promoção da saúde

5.Doenças da atualidade (sida e outras patologias


contemporâneas) e toxicodependências

Sida
O VIH - Vírus da Imunodeficiência Humana é responsável pela infeção das células do
sistema imunitário, tornando-o mais vulnerável.

Numa fase inicial, as pessoas infetadas não apresentam sintomas. No entanto, à


medida que a infeção progride, o sistema imunitário vai enfraquecendo ficando mais
vulnerável e sujeito às chamadas infeções oportunistas.

A fase da doença em que o quadro clínico se agrava, ou seja, quando surgem mais
infeções ou outras patologias, como pode ser o caso do cancro, designa-se por SIDA -
Síndrome de Imunodeficiência Adquirida.

Normalmente, este quadro aparece 10 a 15 anos depois do aparecimento da infeção


por VIH. Os medicamentos podem, contudo, atrasar o processo de evolução da
doença.

Desde 1981, mais de 25 milhões de pessoas morreram de SIDA em todo o mundo. Só


no continente africano mais de 11 milhões de crianças ficaram órfãs devido à
epidemia.

Em Portugal, são cerca de 14 mil o número de pessoas doentes de SIDA, num total de
32.491 mil casos de infeção que se registaram desde 1983.

Apresenta-se aqui um extrato dos dados publicados no relatório Infeção VIH/SIDA:


situação em Portugal de 2007, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge:

33
Promoção da saúde

"A 31 de Dezembro de 2007, encontravam-se notificados 32 491 casos de infeção VIH


/SIDA nos diferentes estádios de infeção." A análise, segundo os principais aspetos
epidemiológicos, clínicos e virológicos é apresentada, neste documento,
separadamente, para cada estádio da infeção, por corresponder a situações distintas.

Como elemento comum a todos os estádios, verifica-se que o maior número de casos
notificados (“casos acumulados”) corresponde a infeção em indivíduos referindo
consumo de drogas por via endovenosa ou “toxicodependentes”, constituindo 43,9%
(14 252 / 32 491) de todas as notificações, refletindo a tendência inicial da epidemia
no País.

O número de casos associados à infeção por transmissão sexual (heterossexual)


representa o segundo grupo com 38,8% dos registos e a transmissão sexual
(homossexual masculina) apresenta 12,0% dos casos; as restantes formas de
transmissão correspondem a 5,3% do total.

Os casos notificados de infeção VIH/SIDA, que referem como forma provável de


infeção a transmissão sexual (heterossexual), apresentam uma tendência evolutiva
crescente. No segundo semestre de 2007, a categoria de transmissão “heterossexual”
regista 57,2% dos casos notificados (PA, Sintomáticos não-SIDA e SIDA).

Obesidade
A obesidade é o resultado da acumulação excessiva de gordura capaz de produzir
doenças. Contudo, nem toda a gordura é da mesma maneira prejudicial para a saúde.
A gordura quando visceral, isto é, a que se encontra dentro da cavidade abdominal
junto dos órgãos, é a que é verdadeiramente perigosa, porque é aquela que se
acompanha de co morbilidades.

A obesidade é uma doença crónica. Isto é, quem uma vez foi obeso, mesmo que
emagreça e volte ao peso normal, é sempre potencialmente obeso. E, mais cedo ou
mais tarde, pode novamente engordar.

34
Promoção da saúde

É enorme a probabilidade de se verificar um aumento de peso após prévios


tratamentos de emagrecimento com sucesso.

Cerca de 14 por cento dos portugueses tem obesidade mórbida, mas vão ter de
continuar à espera da cirurgia porque os centros de tratamento têm uma lista de
espera superior a quatro anos.

A obesidade é o problema número um da saúde pública do século XXI em Portugal e


no mundo desenvolvido.

Há 1.700 milhões de obesos no mundo, sendo que só nos Estados Unidos há 213
milhões numa população de 300 milhões. O flagelo também já chegou ao nosso país:
mais de 50 por cento dos portugueses tem excesso de peso e 14 por cento obesidade
mórbida.

Cancro
O cancro é a proliferação anormal de células.

O cancro tem início nas células; um conjunto de células forma um tecido e, por sua
vez, os tecidos formam os órgãos do nosso corpo. Normalmente, as células crescem e
dividem-se para formar novas células. No seu ciclo de vida, as células envelhecem,
morrem e são substituídas por novas células.

Algumas vezes, este processo ordeiro e controlado corre mal: formam-se células
novas, sem que o organismo necessite e, ao mesmo tempo, as células velhas não
morrem. Este conjunto de células extra forma um tumor.

Nem todos os tumores correspondem a cancro. Os tumores podem ser benignos ou


malignos.

35
Promoção da saúde

No mundo inteiro, milhões de pessoas vivem com o diagnóstico de cancro.

A investigação constante, numa área de intervenção tão importante como o cancro é,


inquestionavelmente, necessária. Cada vez se sabe mais sobre as suas causas, sobre a
forma como se desenvolve e cresce, ou seja, como progride. Estão, também, a ser
estudadas novas formas de o prevenir, detetar e tratar, tendo sempre em atenção a
melhoria da qualidade de vida das pessoas com cancro, durante e após o tratamento.

Toxicodependências
A problemática da luta contra a droga e a toxicodependência é um fenómeno
complexo, multifacetado e de dimensão mundial. A comunidade internacional procura
concertar esforços no sentido de minorar a criminalidade, os riscos sociais e em
matéria de saúde, decorrentes deste fenómeno.

Esta estratégia internacional é enquadrada juridicamente por três Convenções das


Nações Unidas, que impõem aos Estados um conjunto de obrigações em matéria de
luta contra a droga.

Ao nível da União Europeia, a resposta a este fenómeno tem consistido, desde os anos
90, no desenvolvimento de estratégias de luta contra a droga e na elaboração de
planos de ação com vista à sua implementação.

A atual Estratégia de Luta contra a Droga concentra-se em dois domínios de ação: a


redução da procura e a redução da oferta e, em dois temas transversais, a cooperação
internacional e a investigação, informação e avaliação. A Estratégia é operacionalizada
por dois planos, que descrevem intervenções e ações específicas, devidamente
calendarizadas.

Em Portugal, a estrutura de coordenação do combate à droga e à toxicodependência


está assente em quatro pilares, como dispõe o Decreto-Lei n.º 1/2003, de 6 de
Janeiro:

36
Promoção da saúde

• Conselho Interministerial do Combate à Droga e à Toxicodependência;


• Membro do Governo responsável do Combate à Droga e à Toxicodependência;
• Coordenador Nacional do Combate à Droga e à Toxicodependência
• Conselho Nacional do Combate à Droga e à Toxicodependência.

O Ministro da Saúde é o membro do Governo responsável pela coordenação do


combate à droga e à toxicodependência, e ao Coordenador Nacional do Combate à
Droga e à Toxicodependência, por inerência o Presidente do Instituto da Droga e da
Toxicodependência, compete garantir uma eficaz coordenação e articulação entre os
vários departamentos governamentais envolvidos no combate à droga e à
toxicodependência.

37
Promoção da saúde

6.Causas, sintomas, formas de prevenção, de transmissão e


de tratamento

Sida
O VIH encontra-se principalmente no sangue, no sémen e nos fluídos vaginais das
pessoas infetadas.

Assim, a transmissão do vírus só pode ocorrer se estes fluídos corporais entrarem


diretamente em contacto com o corpo de outra pessoa, pela via sexual e sanguínea.

Uma mulher seropositiva pode também transmitir o vírus ao seu bebé durante a
gravidez, o parto ou o aleitamento.

É importante salientar o facto de não constituírem riscos de transmissão


comportamentos sociais, como abraçar, beijar, apertar a mão, beber pelo mesmo copo
de uma pessoa infetada pelo VIH.

A infeção pode ser prevenida:


• Utilizando o preservativo masculino ou feminino nas relações sexuais
• Não partilhando objetos cortantes, agulhas, lâminas de barbear ou seringas

O risco de contágio de uma mãe seropositiva para o seu bebé pode também ser
diminuído significativamente ao realizar uma terapêutica adequada durante a gravidez
e o parto e evitando o aleitamento.

Diagnóstico

Quem deve fazer o teste

38
Promoção da saúde

Todas as pessoas devem fazer o teste do VIH. Mas este torna-se ainda mais necessário
se se verificarem comportamentos de risco, como:
• Relações sexuais desprotegidas, i.e., sem preservativo
• Partilha de seringas ou outro material de injeção de drogas
• Contacto com sangue de outra pessoa

O diagnóstico faz-se a partir de análises sanguíneas específicas para o VIH. Esta


análise deteta os anticorpos que o sistema imunitário produz contra o vírus, ou mesmo
o próprio vírus.

Caso tenha havido comportamento de risco, a colheita de sangue deve ser efetuada
apenas 3 a 10 semanas após o contacto, não podendo existir uma certeza sobre os
resultados nos primeiros 3 meses após o contágio. As primeiras análises a uma pessoa
infetada pelo vírus podem dar um resultado negativo, se o contágio foi recente. Por
estes motivos, e na dúvida, o teste deve ser repetido passados 3 meses.

Pode pedir ao seu médico de família ou médico assistente que prescreva o exame.
Outra opção passa por fazer o teste (anónimo, confidencial e gratuito), num CAD -
Centro de Aconselhamento e Deteção Precoce do VIH/SIDA.

Tratamento e acesso aos cuidados


Não há ainda uma cura para a infeção pelo VIH e SIDA. Os tratamentos passam pela
administração de uma terapêutica anti retrovírica bastante eficaz.

Em Portugal, esta terapêutica é gratuita e de distribuição hospitalar, basta que as


pessoas seropositivas sejam referenciadas junto dos serviços, sendo marcada uma
primeira consulta médica.

O tratamento com medicamentos anti retrovíricos deve ser acompanhado desde o


início de modo a aumentar a adesão dos doentes.

39
Promoção da saúde

Para além do acesso a terapêuticas, a pessoa infetada necessita também de apoio


psicológico.

O diagnóstico de infeção por VIH provoca um conjunto de emoções com as quais pode
ser difícil lidar: ansiedade, negação, depressão, medo. O apoio psicológico e
aconselhamento é, assim, fundamental para garantir o bem-estar dos seropositivos.

Para além dos serviços hospitalares, também algumas Organizações Não


Governamentais (ONG) ou Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS),
disponibilizam consultas de aconselhamento a pessoas infetadas.

A Segurança Social prevê mecanismos e serviços de apoio social nas seguintes áreas:
• Atendimento / Acompanhamento Social - Destina-se a informar, orientar,
encaminhar e apoiar indivíduos e famílias.
• Apoio Domiciliário - Assegura a prestação de cuidados individualizados e
personalizados no domicílio a pessoas ou famílias que não possam assegurar,
temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas
e/ou as atividades da vida diária.
• Residência - Equipamento destinado a pessoas infetadas pelo VIH/SIDA em
rutura familiar e desfavorecimento socioeconómico. Pretende-se que o
ambiente destas residências, que deverão alojar entre cinco e dez pessoas, se
aproxime o mais possível do de uma unidade familiar.

Obesidade
Não é o excesso de gordura por si que é grave para a saúde, mas as co morbilidades
que o acompanham: a diabetes mellitus, a hipertensão arterial, as alterações do
colesterol e dos triglicéridos, a apneia do sono, as alterações endoteliais, o aumento do
ácido úrico, o aumento da proteína C reativa (aumento da inflamação), as alterações
da coagulação do sangue, para além das alterações articulares e das alterações
psicológicas (ansiedade, depressão, perda de autoestima).

40
Promoção da saúde

A obesidade visceral produz insulinorresistência (ou esta produz obesidade) com


hiperinsulinismo. E é esta obesidade visceral e a insulinorresistência (com
hiperinsulinismo) que desencadeiam as co morbilidades acima referidas.

A obesidade e a insulinorresistência desencadeiam doenças que vão por sua vez


provocar aterosclerose, com consequente doença cardiovascular e morte. Provocam
ainda Disfunção Sexual Eréctil (impotência sexual), no homem, e Síndroma do Ovário
Poliquístico (alterações menstruais, anovulação e hiperandrogenismo), na mulher.

O tratamento correto consiste na modificação do estilo de vida, baseado na dieta, na


atividade física/exercício físico e na terapêutica comportamental/motivacional.

Se a modificação do estilo de vida não for suficiente devem-se utilizar fármacos anti-
obesidade - sibutramina (Reductil) ou orlistat (Xenical); e metformina, fármaco que
diminui a insulinorresistência.

A cirurgia bariátrica (banda e bypass) só são de aconselhar quando se trata de uma


obesidade mórbida (IMC superior a 40 ou superior a 35 com co morbilidades - IMC
obtém-se dividindo o peso em Kg pela altura em metros ao quadrado) refratária há
pelo menos 2 anos a todos os tratamentos.

Cancro

Rastreio
Alguns tipos de cancro podem ser detetados antes de causarem problemas. Fazer
exames para despiste do cancro, ou de alguma condição que possa levar a cancro, em
pessoas que não têm sintomas, chama-se rastreio.

O rastreio pode ajudar o médico a encontrar e tratar, precocemente, alguns tipos de


tumores. Geralmente, o tratamento para o cancro é mais eficaz quando a doença é
detetada cedo, ou seja, ainda em fase precoce.

41
Promoção da saúde

Sintomas
O cancro pode provocar muitos sintomas diferentes, como por exemplo:
• Espessamento, massa ou "uma elevação" na mama, ou em qualquer outra
parte do corpo.
• Aparecimento de um sinal novo, ou alteração num sinal já existente. Ferida que
não passa, ou seja, cuja cicatrização não acontece.
• Rouquidão ou tosse que não desaparece.
• Alterações relevantes na rotina intestinal ou da bexiga.
• Desconforto depois de comer.
• Dificuldade em engolir.
• Ganho, ou perda de peso, sem motivo aparente.
• Sangramento ou qualquer secreção anormal.
• Sensação de fraqueza ou extremo cansaço.

Na maioria das vezes, estes sintomas não estão relacionados com um cancro, e
podem, ainda, ser provocados por tumores benignos ou outros problemas. Só o
médico poderá confirmar.

Diagnóstico
Se tem um sintoma específico, ou o resultado de algum exame de rastreio sugere a
existência de um tumor, é preciso o médico verificar se é devido a um cancro ou a
qualquer outro motivo. O médico irá fazer algumas perguntas relacionadas com a
história clínica e familiar, bem como fazer um exame físico. Pode, ainda, pedir análises,
raios x ou outros exames.

Tratamento
O plano de tratamento depende, essencialmente, do estádio da doença e do tipo de
tratamento a efetuar.

O médico tem, ainda, em consideração a idade do doente e o seu estado geral de


saúde. Frequentemente, o objetivo do tratamento é curar a pessoa do cancro. Noutros

42
Promoção da saúde

casos, o objetivo é controlar a doença ou reduzir os sintomas, durante o maior período


de tempo possível. O plano de tratamentos pode ser alterado ao longo do tempo.

A maioria dos planos de tratamento inclui cirurgia, radioterapia ou quimioterapia.


Alguns envolvem terapêutica hormonal ou biológica. Adicionalmente, pode ser usado o
transplante de células estaminais (indiferenciadas), para que o doente possa receber
doses muito elevadas de quimioterapia ou radioterapia.

Alguns cancros respondem melhor a um só tipo de tratamento, enquanto outros


podem responder melhor a uma associação de medicamentos ou modalidades de
tratamento.

Adicionalmente, em qualquer estádio da doença, podem ser administrados


medicamentos para controlar a dor e outros sintomas do cancro, bem como para
aliviar os possíveis efeitos secundários do tratamento. Estes tratamentos são
designados como tratamentos de suporte, para controlo dos sintomas ou cuidados
paliativos.

Toxicodependências

Anfetaminas
Podem encontrar-se, habitualmente, nas seguintes formas: cápsulas, comprimidos e
pó. Podem ter diferentes texturas e cores e a sua pureza no mercado ilícito é reduzida.

As principais substâncias de mistura são a lactose, o manitol, a cafeína e o


paracetamol.

A ação destas substâncias varia consideravelmente, dependendo do indivíduo, do


ambiente e das circunstâncias. Podem referir-se, no entanto, os seus efeitos mais
comuns:

43
Promoção da saúde

Efeitos Imediatos
A nível físico, a pessoa pode manifestar:
• Transpiração;
• Sede;
• Taquicardia;
• Aumento da tensão arterial;
• Náuseas;
• Má disposição;
• Dor de cabeça;
• Vertigens;
• Frequência de tiques exagerados e anormais da mandíbula ou movimentos
estereotipados.

As sobredosagens aumentam a temperatura corporal e podem causar:


• Inquietação;
• Alucinações;
• Irritabilidade;
• Taquicardia;
• Náuseas;
• Vómitos;
• Cãibras no abdómen;
• Insuficiência respiratória e cianose;
• Impotência e alterações na libido;
• Dificuldade de micção;
• Convulsões;
• Morte.

O abuso de anfetaminas por via oral e o seu consumo por via intravenosa produz
efeitos similares aos da cocaína.

44
Promoção da saúde

Provoca graves depressões, uma alta tolerância e intensa dependência psicológica, o


que desencadeia um forte desejo da substância e uma necessidade imperiosa de a
consumir.

A característica mais notável é o aparecimento do quadro denominado psicose tóxica


anfetamínica, caracterizado por hiperexcitabilidade, tremores, sintomas delirantes e
alucinatórios. Esta psicose tóxica pode, com frequência, ser confundida com a
esquizofrenia.

Heroína
Durante muito tempo, a heroína foi consumida por via intravenosa. O aparecimento da
SIDA e a sua emergência devastadora entre os heroinómanos explica a tendência atual
dos novos consumidores para fumar ou aspirar o vapor libertado pelo aquecimento da
substância.

Preparar a injeção de heroína transformou-se num ritual: numa colher, ou num objeto
semelhante, coloca-se o pó, mistura-se com água e umas gotas de sumo de limão e
coloca-se sobre uma fonte de calor para facilitar a dissolução.

Sobre a mistura põe-se um pedaço de algodão ou o filtro de cigarro, para assim filtrar
as impurezas, antes de introduzir a solução na seringa. Fica, então, preparada a
injeção.

Por outro lado, o processo de fumar ou inalar os vapores libertados torna-se mais fácil
e rápido se se puser a heroína num papel de estanho sobre uma fonte de calor.

É muito frequente o consumo de heroína misturada com outras substâncias, por


exemplo a cocaína ("speedball"), para prolongar e intensificar os efeitos de ambos os
produtos.

45
Promoção da saúde

Efeitos imediatos
Sobre o Sistema Nervoso Central:
• Analgesia;
• Sonolência;
• Euforia;
• Sensação de tranquilidade e diminuição do sentimento de desconfiança;
• Embotamento mental;
• Contração da pupila;
• Náuseas;
• Vómitos;
• Depressão da respiração (causa de morte por overdose);
• Desaparecimento do reflexo da tosse.

Outros efeitos:
• Produz a libertação de histamina (vasodilatação e comichão na pele).
• A nível endocrinológico: inibição da hormona que liberta a gonadotropina;
diminuição dos níveis do fator de libertação da corticotropina (diminuem os
níveis de plasma do cortisol testosterona).
• Na mulher produzem-se ciclos menstruais irregulares.
• No aparelho digestivo: os movimentos peristálticos tornam-se lentos,
favorecendo a prisão de ventre.
• Na bexiga: o tónus do esfíncter aumenta e diminuem os reflexos da micção,
provocando dificuldade de urinar.

Efeitos a longo prazo e potencial de dependência:


Desenvolvimento de tolerância com grande rapidez. Tendência para aumentar a
quantidade de heroína autoadministrada, com o fim de conseguir os mesmos efeitos
que antes eram conseguidos com doses menores, o que conduz a uma manifesta
dependência. Passadas várias horas da última dose, o viciado necessita de uma nova
dose para evitar a síndrome de abstinência provocada pela falta dela.

46
Promoção da saúde

Desenvolve tolerância em relação aos efeitos de euforia, de depressão respiratória,


analgesia, sedação, vómitos e alterações hormonais. Não a desenvolve para a miose
nem para a prisão de ventre. Estes efeitos, junto com a diminuição da libido, a insónia
e a transpiração, são os sintomas dos consumidores crónicos. Existe tolerância cruzada
entre todos os agonistas opiáceos, facto que se aproveita para os tratamentos de
desintoxicação e desabituação.

Os opiáceos, devido aos seus potentes efeitos eufóricos e à intensidade da


sintomatologia de abstinência, geram um alto grau de dependência. Há milhares de
pessoas no mundo inteiro que tentam tratar a dependência destas substâncias.

Cocaína
Trata-se de um pó cristalino, branco, cintilante, de sabor amargo.

Habitualmente é consumido por via nasal, mas também pode ser absorvido por outras
mucosas, por exemplo, esfregando as gengivas.

Alguns consumidores injetam este pó, puro ou misturado em geral com heroína, o que
produz frequentes problemas de úlceras, devido à rápida destruição dos tecidos
cutâneos.

O cloridrato de cocaína não se volatiliza, tornando-se por isso num produto inadequado
para fumar, tanto mais que uma boa parte do mesmo é destruída a temperaturas
elevadas

Efeitos imediatos
Doses moderadas de cocaína produzem:
• Ausência de fadiga, sono e fome;
• Exaltação do estado de ânimo;
• Maior segurança em si mesmo;

47
Promoção da saúde

• Prepotência: diminui as inibições e o indivíduo vê-se como uma pessoa


sumamente competente e capaz;
• Aceleração do ritmo cardíaco e aumento da tensão arterial;
• Aumento da temperatura corporal e da sudação;
• Reação geral de euforia e intenso bem-estar;
• Anestésico local.
• Quando o uso é ocasional, pode incrementar o desejo sexual e demorar a
ejaculação, mas também pode dificultar a ereção.

Com doses altas, os efeitos são:


• Insónia, agitação;
• Ansiedade intensa e agressividade;
• Ilusões e alucinações (as típicas são as tácteis, como a sensação de ter insetos
debaixo da pele);
• Tremores, convulsões.
• À sensação de bem-estar inicial segue-se, em geral uma decaída, caracterizada
por cansaço, apatia, irritabilidade e um comportamento impulsivo.

Efeitos a longo prazo


Complicações psiquiátricas:
• Irritabilidade;
• Crises de ansiedade e pânico;
• Diminuição da memória;
• Diminuição da capacidade e da concentração;
• Apatia sexual ou impotência;
• Transtornos alimentares (bulimia e anorexia nervosa);
• Alterações neurológicas (cefaleias ou acidentes vasculares como o enfarte
cerebral);
• Cardiopatias (arritmias);
• Problemas respiratórios (dispneia ou dificuldade para respirar, perfuração do
tabique nasal,...);

48
Promoção da saúde

• Importantes consequências sobre o feto durante a gravidez (aumento da


mortalidade perinatal, aborto e alterações nervosas no recém-nascido).

A cocaína é uma substância com enorme potencial de dependência. É a que provoca a


maior percentagem de dependentes depois de ser consumida em poucas ocasiões.

Cannabis
Há três formas de consumo:
1. "Marijuana ou Erva” – Preparada a partir das folhas secas, flores e pequenos
troncos da planta;
2. "Haxixe" – Prepara-se prensando a resina da planta fêmea e se transforma
numa barra de cor castanha, com o nome coloquial de "Chamon". O seu
conteúdo em THC (até 20%) é superior ao da Marijuana (de 5% a 10%), pelo
que a sua toxicidade é potencialmente maior.
3. "Óleo de Cannabis ou Óleo de Haxixe" – Liquido concentrado que se obtém
misturando a resina com um dissolvente, como a acetona, o álcool ou a
gasolina. Este evapora-se em grande medida e dá lugar a uma mistura viscosa,
cujas quantidades em THC são muito elevadas (até 85%).

Já que o THC não se dissolve na água, as únicas formas de consumo para os seres
humanos são a ingestão e a inalação. Normalmente fuma-se misturada com tabaco em
forma de cigarros feitos à mão. O fumo da Cannabis alcança altas temperaturas, pelo
que os seus utilizadores colocam no cigarro grandes filtros.

Outra forma de fumar a Cannabis é em cachimbos feitos especialmente para esse fim.
No entanto, em algumas culturas de África ou do Caribe persiste a velha prática de
beber tisanas feitas com esta planta e água. Apesar do seu sabor ser amargo, é
utilizado como ingrediente em doçaria e rebuçados.

49
Promoção da saúde

Os seus efeitos aparecem a curto prazo e variam em função das doses, da potência da
cannabis utilizada, da maneira como é fumada, do estado de ânimo e das experiências
anteriores.

Efeitos imediatos
Sintomas e sinais físicos:
• Aumento da frequência cardíaca;
• Aumento da pressão arterial sistólica quando se está deitado e a sua diminuição
quando se está de pé;
• Congestão dos vasos conjuntivais (olhos vermelhos);
• Dilatação dos brônquios;
• Diminuição da pressão intraocular;
• fotofobia;
• Tosse;
• Diminuição do lacrimejo.

Sintomas psíquicos:
• Euforia, que aparece minutos depois do consumo.
• Sonolência.
• Fragmentação dos pensamentos e podem surgir ideias paranóides.
• Intensificação da consciência sensorial, maior sensibilidade aos estímulos
externos.
• Instabilidade no andar.
• Acão antiemética.
• Alteração da memória imediata, assim como da capacidade para a realização de
tarefas que requeiram operações múltiplas e variadas, juntando-se a isto
reações mais lentas e um défice na aptidão motora, que persistem até 12 horas
após o consumo. Isto provoca uma considerável interferência na capacidade de
condução de veículos e outras máquinas.

50
Promoção da saúde

Efeitos a longo prazo


Efeitos físicos:
• Nos fumadores produz bronquite e asma. O risco de contrair cancro do pulmão
é maior, devido ao fumo ser inalado de uma forma mais profunda.
• Os efeitos endócrinos mais destacados são a diminuição da testosterona,
inibição reversível da espermatogénese no homem e uma supressão da LH
plasmática, que pode originar ciclos anovulatórios na mulher.
• Os filhos das mulheres consumidoras crónicas podem apresentar problemas de
comportamento. Produz alterações na resposta imunológica, apesar da sua
importância clínica ser desconhecida.

Efeitos psíquicos:
• Nos fumadores crónicos, o consumo pode provocar um empobrecimento da
personalidade (apatia, deterioração dos hábitos pessoais, isolamento,
passividade e tendência para a distração). Esta situação é semelhante à dos
consumidores crónicos de outros depressores do Sistema nervoso Central.
Alguns autores denominaram-na como "síndrome amotivacional".

Ecstasy
Apesar de se conhecerem algumas experiências por injeção e por inalação, esta
substância é consumida normalmente por via oral, em forma de comprimidos. Embora
também exista em cápsulas e pó.

Apresentam-se sob diversos aspetos, tamanhos e cores, para aumentar o interesse e


favorecer o comércio. Os nomes com que são conhecidas derivam frequentemente da
sua aparência externa, como se fosse uma garantia de qualidade.

Deve ter-se em conta que variam, na realidade, quer no seu aspeto exterior quer no
seu conteúdo (pastilhas e comprimidos semelhantes diferem na sua composição e
proporção).

51
Promoção da saúde

Os utilizadores tendem a considerá-las como uma única droga, ignorando em muitas


ocasiões o que é que, verdadeiramente, estão a tomar.

Efeitos imediatos
Efeitos físicos:
• Trismo (contração dos músculos da mandíbula);
• Taquicardia; ranger dos dentes; secura da boca;
• Diminuição do apetite;
• Dilatação das pupilas;
• Dificuldade de caminhar;
• Reflexos exaltados;
• Vontade de urinar;
• Tremores;
• Transpiração;
• Cãibras:
• Insónia.

Efeitos psíquicos:
• Sensação de intimidade e de proximidade com outras pessoas,
• Aumento da capacidade comunicativa,
• Euforia,
• Loquacidade,
• Despreocupação,
• Autoconfiança,
• Expansão da perspetiva mental,
• Incremento da consciência das emoções,
• Diminuição da agressividade,
• Intensificação da consciência sensitiva.

Efeitos tóxicos agudos:


• Arritmias,

52
Promoção da saúde

• Acidente cerebrovascular,
• Hipertermia,
• Hepatotoxicidade,
• Insuficiência renal aguda,
• Morte súbita por colapso cardiovascular.
• Estas alterações são semelhantes às produzidas por outros psicostimulantes.

Efeitos a médio e longo prazo (mais de 24 horas)


Efeitos físicos:
• Cansaço,
• Sonolência,
• Dores musculares,
• Fadiga,
• Tensão nas mandíbulas,
• Cefaleia,
• Secura da boca,
• Lombalgia,
• Hipertonia cervical,
• Rigidez articular.

Efeitos psíquicos:
• Deterioração da personalidade,
• Sensação de uma maior intimidade com as pessoas,
• Depressão,
• Ansiedade, ataques de pânico,
• Má disposição,
• Letargia, psicose,
• Dificuldade de concentração,
• Irritação, insónia.
• Potencial de dependência

53
Promoção da saúde

Álcool
A sua administração é feita por via oral.

Efeitos Imediatos
À sensação inicial de euforia e de desinibição, segue-se um estado de sonolência,
turvação da visão, descoordenação muscular, diminuição da capacidade de reação,
diminuição da capacidade de atenção e compreensão, fadiga muscular, etc.

O álcool atua bloqueando o funcionamento do sistema cerebral responsável pelo


controlo das inibições. Estas, ao verem-se diminuídas, fazem com que o indivíduo se
sinta eufórico, alegre e com uma falsa segurança em si mesmo que o poderá levar, em
determinadas ocasiões, a adotar comportamentos perigosos.

Os acidentes rodoviários merecem uma menção especial. Uma altíssima percentagem


destes têm relação direta com o consumo do álcool. Há mais mortes, por dia, causadas
pelo álcool do que por outras substâncias psicoativas. Podemos afirmar que é a
primeira causa de morte entre os jovens. Contrariamente ao que se diz, o álcool não é
um estimulante do sistema nervoso central mas sim um depressor.

O excessivo consumo de álcool produz acidez no estômago, vómito, diarreia, baixa da


temperatura corporal, sede, dor de cabeça, desidratação, falta de coordenação,
lentidão dos reflexos, vertigens e mesmo visão dupla e perda do equilíbrio.

Se as doses ingeridas forem muito elevadas, caso de intoxicação etílica aguda, pode
surgir depressão respiratória, coma etílico e eventualmente a morte.

Efeitos a longo prazo


O consumo crónico produz alterações diversas em diferentes órgãos vitais:
• Cérebro: deterioração e atrofia;
• Sangue: anemia, diminuição das defesas imunitárias;
• Coração: alterações cardíacas (miocardite);

54
Promoção da saúde

• Fígado: hepatopatia, hepatite, cirrose;


• Estômago: gastrite, úlceras;
• Pâncreas: inflamação, deterioração;
• Intestino: transtornos na absorção de vitaminas, hidratos e gorduras, que
provocam sintomas de carência.

Perturbações Psíquicas: irritabilidade; insónia; delírios por ciúmes; ideias de


perseguição e, ainda mais graves, as encefalopatias com deterioração psicoorgânica
(demência alcoólica).

Tabaco
As formas de consumo tradicionalmente utilizadas são as seguintes:
• Charuto;
• Cigarro – com ou sem filtro;
• Cachimbo;
• Rapé;
• Tabaco de mascar.

O grau de toxicidade do Tabaco deve-se em grande parte à maneira como é


consumido, assim como à intensidade da inalação que se faz desta substância.

É de destacar que o filtro dos cigarros não elimina nem monóxido de carbono (CO),
nem os outros gases prejudiciais para o organismo. Igualmente, a alternativa do
"tabaco sem fumo" não é menos nociva do que os cigarros, dado que contém,
também, nicotina e outros agentes cancerígenos que são diretamente absorvidos pelas
mucosas.

Tem efeitos estimulantes e depressores. Produz hipotonia muscular e diminuição dos


reflexos tendinosos. Nas pessoas não dependentes provoca náuseas e vómitos.

55
Promoção da saúde

Facilita a memória, reduz a agressividade e diminui o aumento do peso e o apetite em


relação aos doces e aumenta o gasto de energia, tanto na inatividade como no
exercício.

Fumar um cigarro provoca um aumento do ritmo cardíaco, da frequência respiratória e


da tensão arterial e tudo isso produz um aumento do tónus do organismo.

Ao inalar o fumo, a nicotina atua no cérebro de forma quase imediata provocando uma
ação satisfatória no indivíduo; a sua prática reiterada acaba por consolidar-se no
comportamento do fumador. A partir daí pode falar-se em dependência da nicotina.

Mesmo sendo a nicotina uma substância estimulante, a maior parte dos fumadores
considera que relaxa. Isso deve-se, uma vez criado o hábito, ao facto de o cigarro
acalmar a ansiedade provocada pela sua falta.

Efeitos a longo prazo


Aparelho respiratório:
• O fumo do Tabaco produz uma ação irritante sobre as vias respiratórias,
provoca uma maior produção da mucosidade e dificuldade em eliminá-la. A
irritação contínua provoca a inflamação dos brônquios (bronquite crónica).
• As secreções dificultam a passagem do ar, originando a obstrução crónica do
pulmão e graves complicações (enfisema pulmonar).
• Diminuição da capacidade pulmonar: os fumadores têm menor resistência física
e cansam-se mais.
• É indubitável a relação causa-efeito entre o tabaco e o cancro do pulmão.
Existe uma forte relação entre o risco de desenvolver esta patologia e os
seguintes fatores: a quantidade de tabaco consumido, a idade de iniciação, o
número de aspirações dadas por cada cigarro e o costume de manter o cigarro
na boca entre uma e outra aspiração.

Aparelho circulatório:

56
Promoção da saúde

• O Tabaco é um fator de risco muito importante no que se refere às doenças


cardiovasculares; a sua ação provoca arteriosclerose, que favorece o
desenvolvimento de transtornos vasculares (exemplo: trombose e enfarte do
miocárdio).

Outras consequências do consumo de tabaco


Sem fazer uma enumeração exaustiva, alguns dos efeitos mais comuns nos fumadores
crónicos são:
• Úlceras digestivas
• Aparecimento de faringite e laringite, afonia e alterações do olfato
• Pigmentação da língua e dos dentes, assim como a disfunção das papilas
gustativas, etc.
• Cancro de estômago e da cavidade oral.

Prevenção
Prevenção é um nível de intervenção técnico-científico e, em sentido geral, pode
entender-se como um processo ativo de implementação de iniciativas tendentes a
modificar e melhorar a formação integral e a qualidade de vida dos indivíduos,
fomentando competências pessoais e sociais, no sentido da promoção da saúde e
bem-estar das populações.

A prevenção das toxicodependências atua no âmbito da redução da procura de


substâncias psicoativas – SPA, através de um conjunto de estratégias que contribuem
para a promoção dos fatores protetores e para a diminuição dos fatores de risco
associados ao seu uso e abuso. Operacionaliza-se através de uma rede de programas
de intervenção nos domínios do indivíduo, da família, da escola e da comunidade.

Na compreensão da problemática do uso e abuso de substâncias é necessário ter em


conta três componentes indissociáveis:
• A substância,
• O indivíduo

57
Promoção da saúde

• E o ambiente/contexto.

De facto, o consumo problemático de substâncias psicoativas não tem uma causalidade


simples, resultando antes da interação dinâmica das três vertentes:
• As características das diferentes substâncias;
• A personalidade e o mundo interno do indivíduo;
• O meio envolvente e os contextos em que o indivíduo se move.

É das múltiplas combinações destas três dimensões que se poderão definir os fatores
de risco e de proteção, associados ao comportamento de uso/abuso de substâncias
psicoativas.

A melhor maneira de saber qual a relação que os jovens têm com os consumos é
através das suas próprias palavras, analisando as narrativas sobre o fenómeno. É
necessário conhecer e perceber qual ou quais os significados do consumo o que só é
possível através de espaços de conversa formais ou informais.

A resposta a um problema poderá ter uma forma mais estruturada, como a de


metodologia de projeto. Este deve ser sempre desenhado tendo em conta as
necessidades, os recursos disponíveis, as características dos grupos-alvo e a real
dimensão do fenómeno.

Os jovens portugueses acompanham a tendência do mundo ocidental e, a par de


outros comportamentos precoces, alguns deles começam a consumir substâncias
psicoativas cada vez mais cedo. Estes consumos ocasionais são muitas vezes
encarados e percecionados pelos jovens como algo normal que faz parte integrante
das suas vivências.

Muitas vezes, um determinado comportamento é visto como «normal» (no sentido


normativo) porque há a perceção de que a maioria das pessoas o manifesta. Este
mecanismo das «perceções normativas», deve ser trabalhado, no sentido da sua

58
Promoção da saúde

desconstrução, podendo utilizar-se os dados dos estudos epidemiológicos que


contradizem esta falsa representação ou crença.

De um modo geral, é importante:


• Ajudar os alunos a questionarem-se, estimulando a sua capacidade de pensar e
fomentando a consciência crítica face aos seus atos, ao invés de apresentar
respostas de acordo com as experiências e vivências do adulto;
• Compreender que os consumos, para além de apresentarem riscos
inquestionáveis, se fazem acompanhar de expectativas positivas por parte de
quem consome, e é sobretudo a partir das suas representações e vivências que
a intervenção se deverá realizar, nomeadamente, no que respeita à perceção
do risco do consumo, que muitas vezes é desajustada;
• Não censurar a pessoa mas sim o seu comportamento, de modo a favorecer a
alteração da relação do indivíduo com a substância.

Dissuasão
A Lei n.º 30/2000, de 29 de Novembro, vulgarmente conhecida pela lei da
descriminalização, proíbe e penaliza os consumidores de substâncias psicotrópicas
ilícitas, constituindo um dos instrumentos de operacionalização dos objetivos e políticas
de combate ao uso e abuso de drogas, no âmbito da redução da procura.

Chama-se «dissuasão» ao modelo teórico que sustenta a aplicação da lei da


descriminalização, cujo objetivo é a promoção da saúde pública e a redução do uso e
do abuso de drogas.

O paradigma da dissuasão surge a par da evolução do conceito de toxicodependência,


incorporando na adaptação do quadro jurídico-normativo uma visão humanista em que
a toxicodependência é considerada uma doença e os consumidores de drogas
indivíduos que carecem de apoio e de tratamento.

59
Promoção da saúde

Neste contexto, preconiza-se uma intervenção integrada junto dos indiciados


consumidores em que se atende às características e necessidades individuais, às
histórias de vida e de consumo.

Quando as autoridades policiais identificam um consumidor de substâncias ilícitas


(qualquer indivíduo a partir dos 16 anos), elaboram um auto de contraordenação e
determinam a apresentação desse indivíduo na CDT da área de residência, onde vai
ser instruído o processo de contraordenação e avaliado o tipo de consumo em causa.

Após o diagnóstico psicossocial, em que se avalia a situação face ao consumo do


indiciado e o enquadramento sociofamiliar, o consumidor pode ser encaminhado para
apoio especializado, para tratamento num CAT ou outra estrutura de saúde adequada
ou pode, ainda, aplicar-se uma das sanções previstas na lei.

As características pró-ativas do modelo da dissuasão passam pela deteção precoce de


consumos problemáticos de drogas e pela identificação de comportamentos
disfuncionais que envolvam maiores riscos, nomeadamente de escalada de consumos
ou outros, e que exijam uma intervenção mais específica, pedagógica e integrada, que
contemple as dimensões da vida do indivíduo, tendo em conta os recursos disponíveis.

Tratamento
As Comunidades Terapêuticas (CT) são Unidades Especializadas de Tratamento
Residencial de longa duração, em regime de internamento, onde através de apoio
psicoterapêutico e socio terapêutico se procura ajudar à reorganização do mundo
interno dos toxicodependentes, e a perspetivar o seu futuro.

As Comunidades Terapêuticas são assim espaços residenciais, destinados a promover a


reabilitação biopsicossocial do doente toxicodependente, mediante um programa
terapêutico articulado em diferentes fases (e eventualmente hierarquizado).

60
Promoção da saúde

A Comunidade Terapêutica é um recurso integrado num conjunto de respostas


terapêuticas em que a dinâmica comunitária a distingue das restantes abordagens de
tratamento. Estes dispositivos terapêuticos operam com uma equipa multidisciplinar,
sob supervisão psiquiátrica.

Ao proporem uma rutura com o meio onde os consumidores se inserem e através de


apoio especializado, têm como objetivo o reaprender a viver sem drogas e o identificar
as suas competências pessoais, visando uma reorganização psicossocial, de forma a
facilitar uma reinserção sentida como gratificante.

Em termos gerais, podem ser enunciados alguns objetivos das Comunidades


Terapêuticas:
• Criar um espaço de reflexão com vista à elaboração da história pessoal do
indivíduo para que lhe possa dar um novo sentido e identificar pontos de
mudança necessária;
• Mudar padrões negativos de comportamento, pensamento e sentimentos que
predispõem ao consumo de drogas a fim de conseguir a abstinência e sua
manutenção;
• Promover a autonomia e responsabilidade como pilares da vida adulta em
sociedade.
• Desenvolver a capacidade de estabelecer e manter relações saudáveis
rompendo padrões destrutivos;
• Fomentar competências sociais que permitam encontrar alternativas de
trajetória para um projeto de vida realista;
• Perspetivar a inserção social através da elaboração e contratualização de um
Plano Individual de Reinserção.

Estes objetivos têm como finalidade promover o autocontrolo sobre o consumo de


drogas, desenvolver as competências pessoais e sociais, tendo em vista a
autonomização do indivíduo e a sua plena inserção social.

61
Promoção da saúde

7.Organizações da sociedade civil que prestam apoio a


portadores de diferentes patologias ou dependências

Associação ABRAÇO

http://www.abraco.org.pt/

ABRAÇO é uma Instituição Particular de Solidariedade Social e Organização Não-


Governamental de Desenvolvimento, sem fins lucrativos, que presta serviços na área
da problemática do VIH/SIDA.

Os objetivos da Associação são:


• Apoio a pessoas afetadas pelo VIH/SIDA;
• Apoio, treino e formação de trabalhadores e técnicos de saúde envolvidos com
o VIH;
• Prevenção da infeção, dirigida à população em geral e, especialmente, aos
jovens, utilizadores de droga, trabalhadores do sexo, mulheres, gays e
reclusos;
• Luta contra a discriminação e defesa dos direitos das pessoas infetadas.

62
Promoção da saúde

Associação para o Planeamento da família

http://apf.pt/

A Associação para o Planeamento da Família prossegue os seguintes objetivos:


a) Ajudar as pessoas a fazerem escolhas livres e conscientes no âmbito da vida
sexual e reprodutiva;
b) Contribuir para a promoção da igualdade de direitos e oportunidades entre
homens e mulheres;
c) Ajudar a Mulher ao consciente e livre controlo da sua fecundidade e assim
contribuir para a sua emancipação;
d) Promover a educação e o aconselhamento sobre sexualidade, o acesso à
contraceção e a orientação de problemas de infertilidade, sempre na base da
aceitação voluntária e escolha informada e sem qualquer coerção;
e) Promover a formação e o treino de profissionais de saúde, educação e
intervenção comunitária para a abordagem das questões ligadas ao
Planeamento Familiar e à Educação Sexual;
f) Contribuir para a promoção de legislação e políticas que garantam o exercício
dos direitos humanos nos campos da reprodução e sexualidade;
g) Cooperar com os organismos oficiais relacionados com os objetivos da
Associação para o Planeamento da Família, e com organizações nacionais e
internacionais e similares;
h) Contribuir para o avanço do conhecimento científico nas áreas acima
referidas, através da promoção regular de atividades e projetos de investigação
científica nomeadamente nos domínios das ciências da saúde, da reprodução e
sociais.

63
Promoção da saúde

Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo

http://www.coppt.pt/

A Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo (COPPT) reúne um vasto


número de Associações pertencentes à área da Saúde, da Educação e do Ambiente,
todas tendo em comum o interesse pela prevenção do tabagismo em Portugal.

A COPPT orgulha-se de congregar um vasto e diverso leque de Associações e propõe-


se com elas trabalhar em prol de um ambiente e de uma comunidade mais saudável e
despoluída, de uma população melhor informada e mais capacitada a escolher uma
vida sem tabaco e em prol de cidadãos e famílias com qualidade de vida

Diretório do Álcool

http://www.diretorioalcool.pt/

A Coordenação Nacional para os Problemas da Droga, das Toxicodependências e do


Uso Nocivo do Álcool tem como propósito garantir uma eficaz coordenação e
articulação entre os vários departamentos governamentais envolvidos nos problemas
relacionados com a droga, as toxicodependências e o uso nocivo do álcool.

64
Promoção da saúde

Liga Portuguesa contra a Sida

http://www.lpcs.pt/

A LPCS é uma instituição particular de solidariedade social, sem fins lucrativos, que
tem por objetivo apoiar os indivíduos afetados pelo HIV, e chamar a atenção da
sociedade para a gravidade desta epidemia.

Tem vindo a desenvolver determinadas atividades de apoio social, tentando abranger


áreas de intervenção prioritárias na problemática da SIDA.

Liga Portuguesa Contra o Cancro

http://www.ligacontracancro.pt/

A Liga Portuguesa Contra o Cancro assume-se como uma entidade de referência


nacional no apoio ao doente oncológico e família, na promoção da saúde, na
prevenção do cancro e no estímulo à formação e investigação em oncologia.

A LPCC prossegue os seguintes objetivos:

65
Promoção da saúde

• Divulgar informação sobre o cancro e promover a educação para a Saúde, com


ênfase para a sua prevenção;
• Contribuir para o apoio social e a humanização da assistência ao doente
oncológico, em todas as fases da doença;
• Cooperar com as instituições envolvidas na área da oncologia, nomeadamente
os Centros do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil e os Hospitais
das Regiões Autónomas;
• Estimular e apoiar a formação e a investigação em oncologia;
• Estabelecer e manter relações com instituições congéneres nacionais e
estrangeiras;
• Desenvolver estruturas para as prevenções primária e secundária, tratamento e
reabilitação, isoladamente ou em colaboração com outras entidades
• Defender os direitos dos doentes e dos sobreviventes de cancro.

Plataforma Contra a Obesidade – Programa Nacional de Promoção da


Alimentação Saudável

http://www.plataformacontraaobesidade.dgs.pt/

O Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) tem como


finalidade melhorar o estado nutricional da população, incentivando a disponibilidade
física e económica dos alimentos constituintes de um padrão alimentar e criar as
condições para que a população os valorize, aprecie e consuma, integrando-os nas
suas rotinas diárias.

66
Promoção da saúde

SICAD – Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e


Dependências
(ex-Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P.)

http://www.idt.pt/

O Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD)


tem por missão promover a redução do consumo de substâncias psicoativas, a
prevenção dos comportamentos aditivos e a diminuição das dependências.

67
Promoção da saúde

Bibliografia

AA VV., Comer melhor: Conselhos para uma alimentação equilibrada, Guia DECO/
Proteste, 2008

AA VV., Consumo de substâncias psicoativas e prevenção em meio escolar, Ed. DGIDC


– Ministério da Educação, 2007

AA VV. Orientações da União Europeia para a atividade física: Políticas recomendadas


para a promoção da saúde e do bem-estar, Ed. Instituto do Desporto de Portugal,
2009

Alves, Ana Paula et al. Noções de Saúde: Manual do Formando, Projeto Delfim, GICEA
- Gabinete de Gestão de Iniciativas Comunitárias do Emprego, 2000

Sites consultados

http://www.abraco.org.pt/
http://apf.pt/
http://www.coppt.pt/
http://www.diretorioalcool.pt/
http://www.lpcs.pt/
http://www.ligacontracancro.pt/
http://www.plataformacontraaobesidade.dgs.pt/
http://www.idt.pt/
http://www.portaldasaude.pt/

68

Você também pode gostar