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O Elixir dos Deuses

De Clark Darlton

Na Terra e nos outros planetas da humanidade, estamos no fim de agosto de


3442. Enquanto Perry Rhodan opera no interior do Enxame Estelar com a MARCO
POLO e suas naves auxiliares e a INTERSOLAR com Reginald Bull conduz voos de
vigilâ ncia nas redondezas, muitos outros se encarregam, direta ou indiretamente,
de banir o perigo oriundo do Enxame para os povos da Via Lá ctea. Lá está , por
exemplo, o Comando de Busca de Inteligências, liderado por Cheborparczete
Faynybret, o ser estranho com o nome estranho, cujos membros cumprem
mandados de busca, além de tarefas importantes de treinamento e transporte.

E lá está o professor Geoffry Abel Waringer com suas dezenas de milhares


de cientistas. Vivendo no Mundo dos Cem Só is dos pos-bis, eles desenvolvem
aparelhos que tornem seus portadores imunes à s forças retardadoras de
inteligência oriundas do Enxame.
Também é digno de mençã o o rato-castor Gucky: num de seus mal-
afamados tours extra, ele decifra um segredo dos senhores do Enxame e encontra
O ELIXIR DOS DEUSES...

Personagens Principais

Perry Rhodan - Chefe de expedição da MARCO POLO.

Atlan - O Lorde-Almirante capitaneia uma nova operação especial.

Gucky - O rato-castor empreende um tour extra.

Ribald Corello - O supermutante atua como homem de contato.

Balton Wyt - O telecineta se torna artista do nado.

Rynka Hosprunow - Comandante da KMP-36.

Capítulo 1

A longa espera foi horrorosa e desgastante para os nervos. A MARCO POLO,


nave capitâ nia de Perry Rhodan, se manteve de prontidã o por seis semanas na
regiã o de comando do Enxame a salvo e sem ser descoberta, mas a localizaçã o
poderia acontecer a qualquer momento através das unidades de vigia do inimigo
desconhecido, que surgiam rá pidos como raios.

Esperava-se pela volta dos recém-nascidos.

Para cada conquistador amarelo que tinha deixado o Enxame com a frota
parideira, sete recém-nascidos retornavam.

Balton Wyt, o telecineta, tinha deixado sua cabine e estava a caminhos de


visitar seu amigo Gucky, a quem - de acordo com as circunstâ ncias - esperava
encontrar deitado na cama e quase definhando de tédio. Como algo parecido se
passou com ele, presumiu que aconteceria também com todos os outros.

Quando ele entrou no corredor que levava à s cabines, veio contra ele um
jovem oficial que Balton conhecia de vista. No entanto, nã o conseguia se lembrar
do nome - nenhuma surpresa, pois a tripulaçã o da MARCO POLO tinha oito mil
membros.

"Sr. Wyt", disse o tenente polidamente, "o senhor me responderia algumas


perguntas?"
Balton nã o se surpreendeu ao ser reconhecido. Ele pertencia ao Corpo dos
Mutantes e se considerava uma personalidade importante. Fez um gesto favorá vel
e parou.

"Por favor, tenente, mas seja breve. Tenho um compromisso."

"Nã o quero atrasá -lo, mas com certeza o senhor sabe melhor que nó s. Nã o
me tome por intrometido ou curioso, mas eu falo simultaneamente também a
cargo de uma parte da equipe. Para encurtar: vagamos há um mês e meio neste
setor do Enxame - quanto tempo isto ainda vai durar? Nada acontece, nos
colocamos sob o risco de sermos descobertos, embora já tenhamos tido por mais
de uma vez a oportunidade de abandonar o Enxame. Por que isto nã o acontece?"

Balton Wyt observou o tenente da mesma forma que uma serpente olha
para a presa logo antes de dar o bote. Naturalmente ele sabia as intençõ es e os
planos de Rhodan, ao menos na maior parte e em linhas gerais, mas nã o sabia se
podia falar sobre o assunto. Por um lado, teria impressionado aquele aquele jovem
de bom grado com o seu conhecimento, por outro, no entanto, nã o queria fazer
nada errado de jeito nenhum.

"Vamos esperar", disse francamente. "O senhor sabe disso."

"Certo, vamos esperar pela volta das naves-favo. Mas conhecemos os


há bitos dos inimigos? Talvez tenhamos de esperar três anos."

Balton Wyt se recostou na parede do corredor e cruzou os braços.

"Tenente, claramente lhe falta confiança na liderança da nave. Acha que


Rhodan é acomodado a ponto de ficar três anos dentro do Enxame sem agir? Devo
pedir..."

"Exagerei de propó sito, Sr. Wyt. Na verdade, só quis dizer que talvez haja
coisas mais importantes para fazer. Mas nó s ficamos aqui e esperamos até que nos
descubram. E o que acontece aí, podemos imaginar certamente."

"O que acontece aí?", Balton Wyt fez um gesto de desdém.


"Desapareceremos no espaço linear, simples assim!"

"E é para isto que esperamos tanto?", o tenente sacudiu a cabeça. "É isto que
o senhor nã o consegue me dizer!"

"Mas eu disse", disse Balton Wyt dando à s suas pernas a ordem de iniciar o
movimento. "Eu lamento, mas mais nã o posso dizer. Comunique-o aos seus amigos.
Pelo intercomunicador, vocês sã o informados diariamente sobre a situaçã o, e se
algo novo suceder, vocês ficarã o sabendo a tempo. A frota parideira deixou o
Enxame, e encontrou três planetas apropriados, onde aconteceu a divisã o. Logo ela
retornará em breve, e esperaremos por ela. A MARCO POLO se encontra no
momento sob a proteçã o de um sol gigante azul e nã o pode ser descoberta." Ele
acenou a cabeça amigavelmente para o tenente. "E agora o senhor me desculpe.
Estou sendo aguardado."

O tenente abriu o caminho para que ele passasse.

"Obrigado pela conversa", disse automaticamente. "O senhor me


tranquilizou um pouco. Eu entendo que o senhor deva se calar..."

"Neste caso eu nã o teria dito absolutamente nada", corrigiu Balton com um


sorriso educado e seguiu sua marcha para a cabine de Gucky.

Quando Balton chegou à porta da cabine, esta se abriu sozinha para a sua
surpresa - antes que ele pudesse se identificar. Hesitante, ele entrou. O rato-castor
estava, como esperado, debaixo das cobertas e o recebeu com um sorriso
triunfante.

"Agora entre logo e feche a boca. Está ventando!"

Balton Wyt engoliu seco e entrou na cabine. Atrá s dele, a porta se fechou
novamente.

"Você sabia de novo que eu viria?", Balton resmungou e se sentou à mesa, de


frente para Gucky. "Espiã o!"

"Seus pensamentos estavam tã o intensos que o difícil era nã o ouvi-los - se


eu puder me expressar assim. O pobre tenente você ludibriou bem. Agora ele sabe
ainda menos que antes."

"Foi o objetivo das minhas palavras diplomá ticas", afirmou Balton


autoconfiante. "Falando sério: esta espera também me dá nos nervos. Posso
compreender o homem muito bem.

Gucky bocejou e espreguiçou.

"O que é que vocês têm? Eu acho esta pausa de recuperaçã o magnífica.
Entã o vocês homens precisam sempre fazer alguma coisa? Nã o podem uma vez
sequer ficar de pernas pro ar e aproveitar a vida como eu?"

"Aproveitar a vida para mim é outra coisa, Gucky!"

O rato-castor concordou com a cabeça, compreensivo.

"Sim, sim, eu sei! Mas isto você também pode ter na MARCO POLO, se nã o
fosse tã o preguiçoso e olhasse um pouco em seu redor. Além disto há cinemas,
feiras, bares, uma piscina, as á reas de lazer..."

"Nã o me fale do xadrez tridimensional! Nã o sou nenhum retardado mental,


mas..."
"É mesmo coisa para gênios", Gucky explicou para seu amigo. "É preciso
pensar cubicamente."

Balton perguntou perplexo:

"É preciso o quê?"

Gucky fez um gesto com a mã o interrompendo.

"Ah, deixemos isto! O que há de novo? A mim você pode dizer."

"Você é telepata. Nã o consegue sentir no ar e ler pensamentos?"

"Nã o tenho tempo para isto", Gucky mentiu descaradamente. "Portanto,


desembuche! Vamos ficar para sempre grudados no sol azul esperando pelos
jardins de infâ ncia amarelos?"

"Você se expressa depreciativamente, mas acertou o cerne da coisa. Ou algo


parecido."

"Algo parecido." Ele suspirou. "Tenho o sentimento de que o belo tempo de


espera está quase no fim. Posso sentir no..."

"Talvez você esteja apenas resfriado", interrompeu Balton. "De toda forma,
a equipe nã o está tã o calma e esclarecida quanto você e eu. Está sem paciência e
fazendo perguntas. Você mesmo já ouviu."

"O tenente tem de perguntar o tanto que quiser. Você tem ideia das
conferências que dei nos ú ltimos dias? Há sempre quem peça esclarecimentos
justamente a mim. Coitados!"

"Posso imaginar", concordou Balton. "Provavelmente você disse com toda a


honestidade que queremos ensinar os conquistadores amarelos recém-nascidos a
tricotar."

"Hihi!", piou Gucky, alegre. "É uma ideia excelente! Talvez eu ainda encontre
alguém que arranque isto de mim."

Ele bocejou de novo. "Por que você veio, na verdade? Só para me


incomodar?"

O giro repentino surpreendeu o telecineta. Ele balançou a cabeça.

"Pensei que estivesse tã o entediado quanto eu, por isto..."

"Ah, e com isto você quer dizer que o seu presente iria mudar?" O rato-
castor deu um sorriso irô nico para variar. "Vou dormir por umas horas, se você
permitir. Fique aí quieto, mas nã o me olhe assim. Tenho um filme interessante no
microprojetor. Assista, se quiser."
"Filmes eu posso ver lá na minha cabine."

"E por que nã o faz isto?"

Balton Wyt percebeu que nã o havia o que fazer com Gucky. O rato-castor
era preguiçoso e mole. Nã o diria nenhuma palavra razoá vel, justamente para nã o
render assunto. Era melhor deixá -lo em paz. Que dormisse até que o pelo
encrespasse!

"Você é mais entediante que um pedregulho" soltou o telecineta, e se


levantou. "Vou à feira dos cientistas. Pelo menos lá ainda se encontra vida
inteligente."

"Tomara que você ache o que fazer com eles", disse Gucky, como se nã o
fosse com ele, e o deixou partir.

Naturalmente, Balton Wyt ficou um pouco ofendido, mas sabia que Gucky
nã o tinha tido a intençã o. Aquilo nã o lhe fez mal, e a ideia de que talvez encontraria
a Dra. Myrna Sharrock na feira fez com que ele esquecesse o desgosto
rapidamente...

Ele tomou um caminho diferente para nã o encontrar o jovem tenente de


novo.

Uma das observaçõ es de Gucky ficou latente: isto você também pode ter na
MARCO POLO!

Portanto, para a feira dos cientistas!

Ele deu azar. O ú nico visitante no bar de sucos de fruta era o Professor
Henry Kattelbeck, o cosmomineró logo. Tinha acabado de fazer seu pedido ao robô
quando notou Balton Wyt chegando. Foi até ele com os braços estendidos.

"Caro amigo, como estou contente por vê-lo! Desde que estamos neste
supostamente tã o emocionante Enxame, nada mais acontece. Nã o recebi nem
mesmo uma pedrinha para examinar! À s vezes me pergunto de verdade se nã o
estou na nave errada."

"Encontramo-nos em posiçã o de espera", tentou suavizar Balton. Ele


conhecia bem Kattelbeck e sabia que o cientista era um bom amigo da Dra.
Sharrock. "O descanso faz bem a todos nó s."

O professor - biologicamente ele era vinte anos mais velho que Balton, nã o
incluída a estranha aventura do telecineta no Planeta da Cidade Automá tica - fez
um gesto negando.

"O descanso faz bem a todos nó s... isto é uma tremenda bobagem! O
descanso nã o nos faz bem! Ele nos deixa nervosos, mal humorados e insatisfeitos.
Dá nos nossos nervos. Nos seus também, Balton Wyt. E com força, mas você nã o
admite, nã o é?"

"Há diversidade suficiente, professor. Se o senhor, como eu, tivesse


atividades constantes na central de comando, saberia que, na verdade, estamos em
constante fuga das naves de patrulha do Enxame. Sim, nos encontramos sempre
em fuga! No momento estamos protegidos, na proximidade de uma estrela gigante
azul, cuja irradiaçã o de energia é tã o potente que mesmo os aparelhos mais
sensíveis nã o conseguem nos detectar." Ele balançou a cabeça. "Você chama isto de
tédio?"

"Na nave, nã o percebemos muitas destas supostas agitaçõ es, meu jovem.
Especialmente no laborató rio, nã o. E com certeza nã o na feira." Ele se lembrou do
pedido. "Quer que eu peça algo para o senhor?"

"Fantasynt, por favor."

Em seguida se sentaram à mesa de frente um para o outro.

Dois assistentes também tinham vindo à feira e se sentaram no bar.


Conversavam frivolidades, mas Balton percebeu que só agiam tã o inofensivamente
por causa dele. Deviam tê-lo reconhecido.

Para a sua tristeza, sua esperança secreta nã o foi realizada. A ideia de fazer
uma visita ao bar nã o passou pela cabeça de Myrna Sharrock. Perguntar por ela ao
professor lhe parecia incorreto.

Ele precisava ganhar tempo.

"Houve uma porçã o de coisas nos ú ltimos dias", ele retomou a linha.
"Nossos emocionautas tiveram de entrar em açã o vá rias vezes para colocar a
MARCO POLO a salvo dos perseguidores. Nã o está nos planos de Rhodan trocar
tiros. Ele quer só observar, mais nada. Precisamos saber se nossas suposiçõ es vã o
se confirmar. Precisamos saber porque os desconhecidos senhores do Enxame
cuidam dos aparentemente inú teis conquistadores amarelos com tanto zelo. Eles
providenciam planetas para que eles deem a luz, põ e naves à sua disposiçã o, muito
provavelmente trazem os recém-nascidos de volta para o Enxame... tudo muito
bonito, mas para quê? Por puro amor ao pró ximo?" Ele sacudiu a cabeça.
"Seguramente nã o, professor!"

"É claro que nã o, Balton Wyt! Se soubéssemos o motivo, estaríamos um


passo mais à frente."

"Exato! Também por isto esperamos. Esperamos pelo retorno da frota


parideira. Ela deve voltar com o sétuplo do nú mero de conquistadores amarelos
que saíram. E queremos saber o que acontece depois. Vã o deixá -los num planeta
qualquer ou nã o? E se sim, por quê? Ou acontece algo completamente diferente? A
solicitude dos normalmente rigorosos dominantes - que me parecem ser também
ídolos religiosos - é mais que suspeita. Tem algo escondido aí que ainda nã o
conseguimos supor."

"Mas há um monte de suposiçõ es destas", averiguou Kattelbeck. "Sabe o que


eu acho deste problema?"

"Nã o, como eu saberia?"

Kattelbeck nã o se deixou desconcertar.

"Para mim está bem claro que estes dominantes exploram os


conquistadores amarelos, que realmente sã o criaturas inofensivas e lastimosas.
Eles precisam deles para algo que eu naturalmente nã o sei definir. Talvez como
aliados ou força de trabalho."

"Caracó is gigantes como força de trabalho?" Balton Wyt começou a rir


desenfreadamente. "Mas isto é muito esquisito, professor."

"Só se o senhor levar a minha suposiçã o muito literalmente, o que seria um


erro. Trabalho nã o tem necessariamente a ver com atividade corporal."

"A quem o senhor diz isto?", perguntou Balton Wyt, melindrado. "Eu
trabalho também com o espírito quando pratico a telecinésia. Também artistas
freelancers o fazem quando apertam um botã o para pô r suas ideias no papel. Mas
estes caracó is amarelos como força de trabalho...? Nã o me leve a mal, mas
simplesmente nã o consigo imaginar."

"Mesmo assim, o senhor verá que tenho razã o", Kattelbeck respondeu com
admirá vel segurança. "Sou um ser humano com pensamento ló gico, e ninguém
pode me dizer que um ser vivo inteligente seria tã o altruísta quando estes
dominantes parecem ser. Ainda teremos todas as nossas surpresas."

Balton Wyt acenou com a cabeça concordando.

"O senhor vê, e é por isto mesmo que esperamos!"

Kattelbeck respondeu o gesto e apontou para a porta.

"Que surpresa! Veja lá quem vem..."

Balton Wyt se virou. A Dra. Myrna Sharrock entrou no local.

A bió loga devia ter trinta e muitos anos, tinha boa aparência e era
considerada extremamente inteligente. Este era provavelmente o motivo pelo qual
ela tinha poucos amigos.

Ela sorriu ao reconhecer Balton Wyt. Sem hesitar, veio à mesa e se sentou
com os dois homens.
"Incomodo, senhores?"

"Oh, nã o, por favor...", Balton balbuciou confuso e viu o sorriso irô nico do
professor. "Muito pelo contrá rio, eu diria."

"Ó timo!", disse Myrna, esperando até que o robô lhe trouxesse o suco
pedido. "Entã o foi mesmo uma boa ideia vir aqui. Já estamos quase morrendo de
tédio."

"Isto pode mudar", sugeriu Balton, ousado.

Ela o examinou com o olhar e perguntou tímida:

"Em que sentido, meu caro?"

"No que a senhorita quiser", devolveu, no que começou a se admirar pela


pró pria ousadia. Tinha uma suspeita secreta de que Gucky seguia a conversa
telepaticamente e de repente desenvolveu capacidades tele-hipnó ticas. "Sou
impertinente ao dizer isto?"

Ela negou com a cabeça.

"Por sorte nã o, pois eu tenho algo inofensivo como antídoto contra o tédio.
Vamos nadar?"

Empolgado, Balton confirmou com a cabeça, e depois olhou com receio para
Kattelbeck.

"Se o nosso estimado professor nã o tiver nada contra, com prazer."

"Mas nã o, claro que nã o!", respondeu Kattelbeck quase assustado. "Nã o


gosto da falta de gravidade na piscina."

"Entã o, dentro de uma hora", Myrna Sharrock disse categoricamente e deu


um gole de seu suco de fruta sintético.

Uma hora mais tarde, eles se encontraram na piscina.

Ao contrá rio da piscina normal, onde os campos gravitacionais geram uma


força constante de atraçã o a partir de um gravo, aqui se trata da chamada piscina
esférica sem gravidade. Somente através de uma comporta se chegava a um grande
salã o, em cujo centro pairava uma esfera d'á gua de dez metros de diâ metro. Ela era
formada através de um gravogerador minú sculo, fixado no espaço com â ncoras
magnéticas. Em torno dele se cerrava toda a á gua presente no salã o. No pró prio
salã o nã o havia gravidade.

A consequência era que as pessoas podiam se soltar do chã o, do teto ou das


paredes e pairar para dentro da esfera d'á gua. O voo era freado suavemente pela
resistência do meio espesso, e entã o nã o se tratava propriamente de nataçã o.
Mergulhava-se pela esfera d'á gua, que mudava de forma o tempo todo e jogava
á gua em todas as direçõ es como protuberâ ncias do sol.

Balton Wyt logo viu Myrna. Ela vestia um biquíni vermelho-fogo - discreto, e
combinado com uma camiseta, obviamente - e rodava em torno do centro da esfera
d'á gua, a deixou com velocidade bastante alta e brotou da esfera para a parede
acolchoada do salã o de nado. Caiu de pé a um metro de Balton.

"Você é mesmo uma ó tima esportista", disse o telecineta cheio de espanto.


Eu pensei que fosse quebrar o pescoço e quis freá -la."

"Ouse aplicar suas capacidades telecinéticas sobre mim!", disse Myrna,


rindo. "Vamos...?"

Foi uma hora prazerosa, na qual Balton, no que diz respeito à mobilidade
num espaço sem gravidade, aprendeu muito. Mas aprendeu também mais sobre
Myrna.

Quando mergulharam pela ú ltima vez na á gua e se encontraram no centro


da esfera, Balton nã o conseguiu segurar as mã os dela, como vinha fazendo até
entã o. Ele sentiu um tranco repentino e acreditou que os dispositivos
antigravitacionais tivessem falhado. Mas nã o poderia ser o caso, pois a esfera
d'á gua estava de pé. Myrna passou nadando por ele com um rosto perplexo e
aterrisou sã e salva numa parede qualquer.

Balton se virou, deu uma volta e fez um loop completo. Ele se portou de
forma impressionante, e segundos depois ninguém na piscina queria perder a
performance ú nica do telecineta.

Contra todas as leis da natureza, Balton Wyt mudou a direçã o do voo vá rias
vezes, disparou num voo longo pela esfera d'á gua, como um torpedo, foi até a curva
entrou de novo na á gua fria, que só assim espirrou.

Depois de alguns mergulhos artísticos, ele saiu da á gua e pousou sã o e salvo


ao lado de Myrna. A cara dela era de poucos amigos.

"Seu hipó crita!", começou a cientista com uma indignaçã o teatral. "Fica
fingindo de iniciante, depois se revela um mestre que nos engana! O senhor é sim
um nadador..."

"Myrna, acredite em mim..."

"Em quê devo acreditar? Que você aprendeu isto tudo em uma hora. Pois
nã o me venha com contos da carochinha."

Os aplausos dos banhistas que só agora começaram interromperam a


conversa. Celebravam Balton com justiça. Meio frouxo, levantou a mã o e
agradeceu. A esta altura, ele naturalmente já sabia o que tinha acontecido.
A confirmaçã o da sua suspeita estava ao lado da comporta de entrada,
pequeno e discreto, com um calçã o bem colorido e um sorriso irô nico sem
vergonha no rosto.

Gucky!

"Ali, Myrna, a senhorita pode ver a explicaçã o do fenô meno. Foi o Gucky. Ele
me fez voar, como já havia feito inú meras vezes, mesmo em outras circunstâ ncias.
Com a telecinésia se pode fazer muito. Quando os outros estã o por trá s, fico
envergonhado."

Ela riu.

"Bobagem. Você nã o afirmou mesmo ser mestre do mergulho gravitacional -


eu fiz isto somente quando nã o podia ter ideia de que o rato-castor estava em cena.
Vamos até ele?"

"Deviam dar um couro nele!", rosnou Balton e se calou precipitadamente


quando recebeu uma pancada leve de uma mã o invisível. "Sim, vamos dar bom dia
ao querido carinha, Myrna... venha."

Em seguida se sentaram no café ao lado da piscina.

"O que a senhorita acha, Myrna", perguntou Gucky e pediu um segundo copo
de suco de cenoura, sem olhar para o robô de serviço, que quase enlouqueceu ao
programar o pedido, "nã o devemos oferecer Balton à central de artilharia como
uma bomba controlada de longo alcance?"

"Gucky, estou pasma!", respondeu Myrna. "Já ouvi sugestõ es melhores. Mas
eu confesso: a longa espera está dando nos nervos. Aí se chega a ideias esquisitas.
Eu por minha parte consigo aguentar bem. Tenho meu trabalho, meus problemas e
minhas pró prias preocupaçõ es. Entã o nã o há tempo para o tédio - portanto
também nã o para pensamentos idiotas."

"Hmm", fez Gucky decepcionado.

Myrna pô s a mã o no seu braço.

"Nã o fique decepcionado, Gucky, apesar disto eu gostei da apresentaçã o.


Balton fez bonito, e por alguns minutos pareceu que ele tinha estudado bem voo
acrobá tico."

"Tomara que os outros também acreditem", acrescentou Balton.

Eles ainda conversaram por um tempo, depois Gucky falou de repente, sem
a devida transiçã o:
"Ah, quase me esqueci, Balton: Rhodan está nos esperando na central de
comando." Ele olhou para o reló gio. "Em exatos vinte e oito minutos."

"E só agora te deu no miolo?" Balton olhou para si. "Eu ainda tenho que me
trocar..."

"Em trajes de banho nã o podemos mesmo aparecer diante dos altos


senhores", Gucky lhe deu razã o. Ele acenou para Myrna com a cabeça. "Desculpe-
nos, senhorita, mas para ganhar tempo levarei seu amado Balton imediatamente...
teleportaremos. Até mais tarde - entã o a deixarei nadar em torno da piscina
esférica. À gentinha vã o embora a vista e a audiçã o, quanto a isto a senhorita pode
deixar..."

Antes que Myrna pudesse dar uma resposta, o rato-castor havia segurado a
mã o de Balton e desaparecido com ele.

Ela sacudiu a cabeça meio tonta e bebeu seu café.

Quando Balton conseguiu abrir a boca novamente, já se encontrava em sua


cabine.

"O que você disse, Gucky? A Myrna me ama?"

"Pare agora com esta bobagem!", aconselhou o baixinho. "Nã o temos tempo
para isto." Mas ele viu que precisava tirar Balton da total dú vida e acrescentou: "de
qualquer forma, ela gosta de você - como telepata dá para saber. Nã o fique
relaxado, meu caro, e terá uma chance de verdade." Ele se concentrou no salto para
a sua cabine. "Venho te buscar em vinte e cinco minutos."

Balton olhou com o pensamento perdido para o lugar em que Gucky estava.

Na central de comando da MARCO POLO, nas ú ltimas seis semanas nã o


havia muitos traços de tédio ou de espera inativa.

Rhodan e Atlan vinham se revezando no plantã o do comando, e mais de


uma vez a gigantesca nave capitâ nia precisou se pô r em segurança por meio de
uma manobra linear, quando foi detectada pelos eficazes instrumentos
localizadores das unidades de vigilâ ncia inimigas. Agora, a MARCO POLO estava
havia mais de uma semana na proteçã o do sol gigante azul.

Corvetas e caçadores estavam em constante observaçã o no caminho, mas


nã o havia sinais de que a frota parideira dos conquistadores amarelos retornava.
Segundo a observaçã o, a frota ainda estava fora do Enxame, na Via Lá ctea.

Era 29 de agosto do ano de 3442 Terra-Normal. Horá rio de bordo:


dezessete horas. Fim de um período de calmaria na nave.
Atlan apareceu pontualmente para render Rhodan. O piloto de plantã o, o
emocionauta Mentro Kosum, se levantou aliviado do controle e se esticou.

"Nenhuma ocorrência especial", avisou Rhodan rotineiramente. "Vinte


cruzadores e doze corvetas na observaçã o de longa distâ ncia numa circunferência
de dez anos-luz. Nenhuma localizaçã o de unidades inimigas. Tudo calmo."

"Ó timo", disse Atlan e se sentou. "Entã o podemos tirar uma folga." Ele sorriu
ao notar o espanto de Kosum. "É , menos o senhor naturalmente, Mentro. Sem suas
reaçõ es super rá pidas e o capacete SERT nã o teríamos conseguido, nas ú ltimas
semanas, evitar os perseguidores."

"E isto pode acontecer de novo a qualquer momento", advertiu Rhodan.


"Portanto sua folga nã o vai dar em nada, Atlan."

Ras Tschubai, o teleportador afroterrano, apareceu na porta da central de


localizaçã o. Ele tinha ouvido a voz dos homens e estava claramente contente com a
alternâ ncia. Fazia serviço voluntá rio na central de localizaçã o, caso contrá rio teria
ficado provavelmente ainda mais entediado.

"Nenhuma localizaçã o", informou e acrescentou: "parece que


desapareceram e desistiram da busca por nó s. A calmaria é inquietante."

Atlan olhou para Rhodan, depois disse hesitante:

"A observaçã o de Ras me leva a um pensamento. Já ouviu sobre a calmaria


antes da tempestade, Perry?"

Rhodan fez que sim com a cabeça, devagar.

"No entanto é de se notar que eles nos deixaram em paz nos ú ltimos dias. Eu
nã o acredito que tenham abandonado a busca. De toda forma, penetramos no
Enxame - e eles sabem disso. Sabem também que ainda estamos aqui. Sabem o
perigo que representamos - uma nave com dois quilô metros e meio de diâ metro,
adicionados quarenta e nove cruzadores, cinquenta corvetas e quinhentos caças.
Na verdade, uma frota inteira, concentrada numa ú nica nave. Nossa fuga sempre
bem sucedida lhes indica ainda que dispomos de possibilidades técnicas
aprimoradas. Eles nos classificaram como oponente digno de atençã o e nã o nos
subestimarã o. Nã o há motivo, portanto, para nos ignorarem. Se, apesar disto, é o
que eles estã o aparentemente fazendo, há alguma intençã o aí. Qual?"

Atlan disse:

"Quero fazer esta alusã o, Perry. Calmaria antes da tempestade! O que seria
esta tempestade? Talvez um acontecimento que nã o vá tardar muito, embora
nosso estado atual pareça perturbador e talvez tenha impedido o ataque até
agora?"
"Você quer dizer...?"

"Sim, o retorno da frota parideira é iminente. Retardaram-na, mas por um


motivo que ainda desconhecemos ela tem de ser conduzida agora, tenham nos
expulsado ou nã o. Com isto, resulta uma outra reaçã o em cadeia: o retorno da frota
parideira depende de uma marcaçã o prévia! Ela deve voltar na hora certa ou
acontece alguma coisa, talvez uma catá strofe. Nã o, por favor nã o faça perguntas
sobre isto. Perry, nã o sei responder com detalhes. De toda forma, devemos
presumir que a frota com os recém-nascidos retornará em breve, e acima de tudo
devemos calcular, com isto, que ela estará fortemente vigiada. Eles sabem que
ainda estamos aqui! Estarã o nos aguardando, quando for a hora."

"É uma boa perspectiva", observou Ras Tschubai.

"Contudo", Rhodan lhe deu razã o. "E se formos espertos, encontraremos


nossas preparaçõ es. Se a suposiçã o de Atlan estiver correta, o retorno pode
ocorrer a qualquer momento. Devemos portanto estar prontos para agir desde já ."

Atlan cerrou os olhos.

"Como você diz isto, Perry? Nã o estamos há seis semanas preparados para o
acontecimento? O que mais você quer?"

"Nossa conversa me convenceu de que o desconhecido controlador do


Enxame nã o vai ignorar nossa presença de nenhum modo. Em outras palavras:
Eles vã o prestar atençã o à MARCO POLO e emitir avisos correspondentes a seus
povos auxiliares. Contam, portanto, com a apariçã o da nossa nave esférica e das
naves auxiliares. Mas talvez nã o contem com o surgimento de uma
comparavelmente minú scula corveta e um pequeno comando de açã o."

Atlan concordou com a cabeça.

"Entendo, Perry. A MARCO POLO deve continuar escondida, enquanto um


pequeno comando tenta seguir o caminho da frota parideira. Uma ideia excelente.
Esperam pela MARCO POLO, e talvez até por razõ es tá ticas ignorem uma corveta."
Apoiou o queixo na mã o direita. "Você quer dizer entã o que já agora devemos
agrupar o comando?"

"Sim. Você teria algo contra liderá -lo?"

"Absolutamente nã o - eu mesmo iria sugerir. E se você me perguntar sobre


meus acompanhantes, posso enumerar cada um, nos quais você também está
pensando. Mentro Kosum como piloto - precisamos de toda forma de um
emocionauta, porque ele reage mais rá pido que um humano. Ras Tschubai e Gucky
como teleportadores. Talvez também um telecineta, portanto Balton Wyt." Ele
olhou esperançoso para Rhodan. "É , seria tudo."
"Eu até já escolhi a corveta, Atlan. A KMP-36 está sob o comando do Capitã o
Rynka Hosprunow, um homem muito competente. Pode dar folga à equipe-base
dele. Ele e Kosum estã o tranquilamente em condiçõ es de trazer a corveta de volta a
salvo, caso você e seus três homens precisem fazer uma visita a algum planeta. E
com dois teleportadores à mã o, vocês podem voltar à segurança a qualquer
momento, caso uma de nossas naves se aproxime em até duzentos e cinquenta mil
quilô metros."

Atlan parecia satisfeito.

"Até que enfim se faz alguma coisa. Depois vamos avisar aos participantes
sobre a operaçã o iminente e - esperar. O retorno da frota parideira vai se anunciar
por uma violenta sacudida na estrutura. Entã o devemos estar prontos. Ras, dê
plantã o na central de localizaçã o e espere na sua cabine. Vou informar a Balton e
Gucky. De agora em diante estamos em constante estado de prontidã o."

Por volta de dezoito horas, Gucky e Balton Wyt apareceram na central de


comando e foram informados por Rhodan.

Atlan, Ras Tschubai e Mentro Kosum já tinham se transferido para a KMP-


36. A corveta estava pronta para partir no hangar lateral da MARCO POLO e
poderia partir dentro de poucos segundos, se tal comando fosse emitido.

Somente o comandante da corveta, Capitã o Rynka Hosprunow, se mostrava


um tanto preocupado com a iminente entrada em açã o. O quirguiz magro, de
estatura mediana e cabelos escuros, tinha aparência dura e decidida. Por isto foi
mais espantosa sua repentina insegurança.

Atlan percebeu o que se passava com o homem à sua frente.

"A KMP-36 pertence aos tipos totalmente automatizados, capitã o, nã o se


esqueça. Mesmo se o senhor tiver nos deixado em algum lugar, vai conseguir, com
a ajuda de Kosum, guiar a nave por meia galá xia sem a sua equipe. Mas isto só vai
ocorrer em caso de emergência. É absolutamente possível que nosso comando
permaneça a bordo e que possamos conduzir o reconhecimento sem deixar a nave.
Portanto, se estivesse no seu lugar, nã o esquentaria a cabeça."

"O voo sem tripulaçã o é o que menos me preocupa", respondeu Hosprunow.


"Mas eu me pergunto, como o senhor pretende retornar a bordo da corveta, se eu
serei forçado a bater em retirada caso o inimigo ataque com força superior. O
alcance dos teleportadores está sujeito a uma limitaçã o, até onde eu entendi."

"Nã o faz sentido traçar planejamentos exatos, já que situaçõ es inesperadas


podem entrar em açã o. Vamos deixar que tudo venha até nó s. O importante é que
estejamos sempre de prontidã o. O resto será como tiver de ser." Ele olhou para
Mentro Kosum. "O senhor assume o posto de piloto, enquanto Hosprunow opera a
navegaçã o automá tica e os demais equipamentos de controle. Balton, o senhor e
Gucky cuidam dos apetrechos. Eu preparei uma lista, os senhores por favor sigam-
na. Tomem cuidado para que tudo fique bem fechado e levemente transportá vel lá
em cima, na cobertura. Depois tudo vai precisar ser feito muito rá pido e nã o
teremos mais tempo para procurar as nossas coisas."

Balton Wyt pegou o pedaço de papel com a relaçã o, o levou até Gucky, que
soltou algo como "empacotadores có smicos", mas nã o fez nenhuma outra objeçã o.

Atlan segurou a mã o de Ras Tchubai.

"Venha, Ras, me leve até Rhodan na central de comando. Aguardaremos lá ,


até que seja hora. Agora devemos apenas permitir que tudo fique pronto. Depende
principalmente de Gucky e Balton."

"Tudo sempre depende principalmente de mim", disse Gucky, nã o sem


desforra. "Nã o se preocupe, em meia hora quatro maravilhosos pacotes gigantes
estarã o lá em cima, na cobertura. Mas já posso te adiantar uma coisa, Atlan: somei
o peso e mesmo sem computador cheguei ao resultado de que seria impossível
teleportar a tralha toda junto com vocês. O peso seria alto demais."

"Entã o teleportem duas vezes, uma com Balton e comigo, outra com a carga.
Numa fuga rá pida, o equipamento fica por ú ltimo, de forma que um ú nico salto seja
suficiente."

"Sim, se a distâ ncia permitir!", disse Gucky sarcá stico.

Atlan o interrompeu com um gesto e finalmente deu a mã o a Ras.

"Para a central de comando, Ras."

Gucky esperou até que Atlan tivesse desaparecido com o teleportador e


depois olhou a lista que Balton ainda tinha nas mã os.

"Por todos os nabos do universo! Isto é um armazém inteiro! Isto vai alegrar
muito o nosso mané lá da administraçã o, quando passarmos a lista para ele. Por
sorte, Perry assinou, senã o teríamos que perder nosso valioso tempo com longas
explicaçõ es."

"Comecemos", sugeriu Balton.

Mentro Kosum, que havia tempo tinha assumido seu posto como piloto,
acenou com a cabeça amigavelmente para o Capitã o.

"Agora, Rynka, comece com a hora de instruçõ es. Pelo que eu vejo, há
algumas boas diferenças em relaçã o aos instrumentos costumeiros. Por que, por
exemplo, nã o há lá embaixo da mesa de controle de navegaçã o nenhum
computador de correçã o com dispositivo de controle correspondente...?"
"A KMP-36 é totalmente automá tica. Qualquer correçã o é supérflua, seria
até mesmo impossível. Uma vez iniciado, um processo de voo pode no má ximo ser
completamente cancelado e reprogamado. Eu explico para o senhor. Olhe aqui,
Mentro..."

Pouco depois, Gucky apareceu com o primeiro pacote.

Por volta de vinte horas, horá rio de bordo, a central de localizaçã o da


MARCO POLO registrou os primeiros abalos de estrutura.

Os localizadores de longa distâ ncia começaram a trabalhar


automaticamente para averiguar a direçã o e a distâ ncia do ocorrido. Enquanto isto
acontecia, mais transiçõ es finais foram registradas.

Simultaneamente, a avaliaçã o dos dados concluiu que o campo flexível


frontal se abriu, justamente a gigante bolha de energia que cobria todo o Enxame
com seu comprimento de mais de mil anos-luz. Isto só poderia significar que
alguém queria deixar ou penetrar o Enxame. As transiçõ es averiguadas
confirmaram com certeza a segunda possibilidade.

Perry Rhodan olhou para Atlan com uma expressã o de alívio.

"A frota parideira está retornando, como esperá vamos. Por isto nã o podem
se preocupar tanto conosco. Com isto se inicia a decisã o. Sabemos de onde vêm os
conquistadores amarelos e sabemos também que sã o apoiados pelos
desconhecidos senhores do Enxame em seu estranho processo de divisã o. O que
temos que identificar é simples: por que eles sã o apoiados? Para chegarmos a um
resultado neste aspecto devemos saber o que acontece com os recém-nascidos."

Atlan queria responder algo quando a localizaçã o de longa distâ ncia se


apresentou e deu os primeiros resultados.

Dú zias das gigantescas naves-favo foram detectadas; as distâ ncias eram


variadas e variavam entre cinquenta e trezentos anos-luz. Outras transiçõ es curtas
confirmaram, no entanto, a suposiçã o de que as naves se juntavam e se
concentravam num setor espacial bem limitado.

Os cá lculos mostravam que em cada uma daquelas naves-favo deveriam se


encontrar quatroze milhõ es de conquistadores amarelos recém-nascidos. A
questã o permanecia sem resposta: o que aconteceria com estes quatorze milhõ es
de seres vivos que aparentemente nã o cumpriam nenhuma funçã o importante
dentro do Enxame. Por que entã o esta despesa? Por que este peso aparente
carregado pelos senhores desconhecidos, que certamente tinham outras
preocupaçõ es...?

"Até agora, duzentas naves-favo", anunciou objetivamente a localizaçã o.


"Portanto dois bilhõ es e oitocentos milhõ es de conquistadores amarelos",
confirmou Atlan atô nito. "Para onde eles vã o? Para quê tudo isto? Nã o há nenhuma
explicaçã o razoá vel."

"Ah, sim, há sim, só que nó s ainda nã o a conhecemos", rebateu Rhodan


convicto. "Descobri-la será a sua tarefa. Se você e o seu comando conseguirem se
teleportarem despercebidos para um dos tubos de seis pontas e fazerem o voo de
volta junto à frota parideira, automaticamente chegarã o ao objetivo. O problema
será somente voltar sã os e salvos com o resultado. De toda forma, Ribald Corello se
encontrará a bordo da KMP-36 quando Kosum for buscá -los. O contato espiritual
com ele aumenta o alcance dos teleportadores."

Atlan suspirou.

"Nunca tive um sentimento tã o ruim antes de uma missã o."

"Todos temos", rebateu Rhodan com sinceridade.

Neste meio tempo, mais dados chegaram da central de localizaçã o. A frota


das naves-favo tinha crescido até quase trezentas unidades que se juntaram para a
sequência do voo numa distâ ncia de apenas sessenta anos-luz. A elas se somavam
alguns milhares de naves de patrulha que cercavam o grupo; constantemente
enviavam impulsos de reflexos de localizaçã o ininterruptamente. A MARCO POLO
nã o teria nenhuma chance de se aproximar sem ser notada. Era grande e
chamativa demais para tal.

"Acho que é hora", disse Rhodan e pô s a mã o no ombro de Atlan. "Velho


amigo, posso apenas desejar a você e aos seus acompanhantes muita sorte e uma
sadia volta para casa. Encontraremo-nos no Sistema Rubin, que está marcado nos
nossos mapas. Dois planetas, inabitados. Em dois dias iremos para lá protegidos de
localizadores. Todas os demais acordos você deve fazer com Kosum e Hosprunow
de acordo com o andamento das coisas." Fez um gesto com a cabeça. "Entã o..."

Ras Tschubai, que até o momento estava calado, mostrando interesse


apenas pelos resultados da central de localizadores, estendeu a mã o a Rhodan.

"Até mais", disse simplesmente.

Em seguida, se teleportou com Atlan para a KMP-36, que estava pronta para
partir.

Gucky e Balton Wyt tinham acabado de organizar as quatro embalagens de


equipamentos. O telecineta avisou:

"Tudo pronto, Atlan! Quatro peças de bagagem de cinquenta quilos cada, no


peso normal. Teremos que teleportar duas vezes se a distâ ncia for maior que cem
mil quilô metros."
Atlan agradeceu e se voltou imediatamente a Kosum e Hosprunow:

"Partida em cinco minutos. Tudo certo?"

"O senhor tem os dados?"

Atlan deu a ele uma folha de papel.

"Coordenadas, distâ ncia, nú mero de unidades - tudo disponível."

Kosum pegou a folha e fez um gesto positivo com a cabeça.

"Sessenta anos-luz - pois bem, lá vamos nó s...!"

Ele falou isto como se se tratasse de um passeio de dois ou três quilô metros.

PROJETO TRADUÇÕES

Quer saber o final desta história? Então não perca tempo, pois este livro já
foi traduzido e distribuído para os integrantes do projeto. Faça parte agora
mesmo do Projeto Traduções! Este projeto foi criado com o objetivo de
conseguirmos continuar lendo histórias inéditas de Perry Rhodan em nossa
língua. Para isso o valor da tradução é dividido pelos integrantes do projeto
e dessa forma o valor da cota para cada um é menor na medida em que
tivermos mais integrantes.

Para mais informações entre na página da comunidade Perry Rhodan Brasil


no Orkut (http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=66731) e acesse o
tópico Projeto Traduções para maiores informações sobre o projeto
(http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=66731&tid=5201628621546184028)

Se você não tiver acesso ao Orkut pode também solicitar a entrada direto
no grupo fechado de participantes que recebem mensagens sobre o projeto
diretamente em seu email, para isso acesse o link:
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botão entrar neste grupo.

Dúvidas também podem se esclarecidas por email com algum dos


moderadores do projeto:

Marcos Roberto Inácio Silva quimr@ig.com.br

Delgado delgadojr@msn.com
Sergio Luis Pereira de Carvalho sergioluis62@hotmail.com

Beto Barreto betopaivabarreto@hotmail.com

Augustus César Silva augustuscesarsilva@msn.com

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