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Trabalhos de grupo em Psicologia – como se faz

TRABALHO DE GRUPO

TEMA: Trabalho de grupo "Identidade"

Plano de desenvolvimento do trabalho

Os alunos, organizados em grupos, iniciam o seu trabalho apresentando um objeto que previamente
trouxeram de casa e que reconheçam como representativo da sua identidade pessoal. Apresentam as
razões
da sua escolha ao grupo. Complementam esta atividade registando por escrito a resposta à pergunta
“Quem
sou eu?”.

Objetivo geral
Compreender que a identidade é um processo que especifica cada ser humano a partir da história da
sua mente.

Objetivos de apendizagem/conteúdos
• Analisar a identidade como fator distintivo entre os seres humanos
– Unidade e diversidade dos seres humanos
– A construção da identidade
– Identidades – identidade pessoal, identidade social, identidade cultural
– Inscrição mental das histórias de vida

Guião
• Conceito de identidade pessoal
• O processo de construção da identidade – relação com o processo de socialização
• A importância da adolescência na construção da identidade
• Identidade(s) e papéis sociais
• A identidade e os outros: os pais, a família, o grupo de pares, os professores, os colegas, os meios
de
comunicação social
• Diferentes tipos de identidade: pessoal, social e cultural
• Identidade e inscrição mental das histórias de vida

Recursos
1 Manual
2 Textos
• “Identidade e papéis sociais” (Dossiê do Professor)
• “A construção da identidade” (Dossiê do Professor)
• “Eu não sou como os outros” (Dossiê do Professor)
• “Identidade Pessoal” (Dossiê do Professor)

3 Textos de apoio no e-Manual premium


4 “O papel da família na construção da identidade” – Proposta de trabalho do manual
5 Ficha n.º 37 do Caderno do Aluno
6 Proposta de trabalho do manual
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Outros recursos: pesquisa na Internet e em livros e manuais de Psicologia


– Pessoas e instituições.

Gestão do tempo
6 horas (4 tempos letivos de 90 min; 8 tempos letivos de 45 min)

Apresentação dos trabalhos


Cada grupo apresenta um trabalho escrito, onde também deve constar o registo das fontes de consulta
e outros recursos, bem como um balanço sobre o trabalho desenvolvido. Cada grupo decide a forma a
que vai recorrer para fazer a apresentação do trabalho à turma.
A produção do trabalho de pesquisa e da apresentação através de um blog pode ser uma boa opção.

Avaliação
A avaliação do trabalho de grupo terá em conta:
• o trabalho escrito;
• a apresentação oral;
• o empenho e responsabilidade demonstrados nas sessões de trabalho na aula.

A avaliação do trabalho terá em conta os seguintes parâmetros:


• rigor científico e utilização de conceitos específicos de forma adequada;
• cumprimento dos objetivos de aprendizagem fixados;
• aplicação dos conhecimentos aos contextos reais de existência dos membros do grupo;
• utilização das tecnologias de informação;
• criatividade e inovação.

NOTA: Na avaliação dos trabalhos pode-se recorrer às fichas que constam deste dossiê.

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Texto 1:
Identidade e papéis sociais
O que me intriga na minha vida é isto: como cheguei a ser o que sou? Como se elaborou esta perso-
nagem, eu que reencontro todas as manhãs e à qual terei de me acomodar até ao fim?

Mais do que como uma continuidade, vejo a minha vida como uma sequência de personagens dife-
rentes, quase diria de estranhos.
François Jacob

Texto 2:
A construção da identidade
A identidade é um dos temas privilegiados dos psicólogos, psicanalistas e filósofos. Por exemplo, o
psicólogo William James (1842-1910) distinguia três aspetos da identidade: o “eu material” (o corpo); o
“eu social” (corresponde aos papéis sociais) e “o eu que conhece” (que remete para o facto de cada um de nós,
quando age ou pensa, ter o sentimento de ser um sujeito autónomo, dotado de vontade).

Por outro lado, o psicólogo americano Erik Erikson (1902-1994) sublinhou que a adolescência é um
momento particular de formação da identidade. Para ele, a génese da identidade inscreve-se sempre
numa relação interativa com o outro. É o encontro com o outro que permite a definição de cada um
por
identificação e/ou oposição. No livro “A Infância e a Sociedade” (1950) Erikson descreve o nascimento
da identidade pessoal como um processo ativo e conflitual em que intervêm as dimensões sociais
(mo-
delos sociais com os quais o indivíduo se quer conformar) e psicológicas (o ideal do eu) conscientes e
inconscien-
tes. A identidade afirma-se da infância à idade adulta por estádios sucessivos marcados por crises e
reformulações. Erikson descreveu oito estádios de evolução desde a primeira infância à idade adulta.
A “crise da adolescência” é a fase mais crítica.

Os sociólogos contemporâneos constatam a desinstitucionalização dos quadros sociais e a crise


dos
modelos de socialização. Por exemplo, para as mulheres, o papel de “dona de casa” já não é um
modelo
de socialização único e positivo; o estatuto de homem já não é o de marido e pai protetor e
autoritário;
os reformados de hoje já não se reconhecem no papel dos velhos de antigamente, etc.
J.-F. Dortier, Dictionnaire de Sciences Humaines, Paris: Ed. S. Humaines 2004

Texto 3:
Eu não sou como os outros

Eu não sou como os outros. A partir de um bebé inconsciente, inacabado, fomos a pouco e pouco, fa-
bricados por todos os contributos do mundo que nos rodeia. Lançando mão de todos os recursos, de-
vorando tudo, desenvolvemo-nos sem preocupações, às cegas, empanturrados de papas, de conse-
lhos, de bandas desenhadas, de afeto, de repreensões e de televisão.

Chega então a idade em que olhamos para nós próprios: quem é este ser em que me transformei?
O
que é que ele vale? Examinamos o olhar dos outros que, muitas vezes, nos trespassa sem nos ver (serei
tão insignificante?), ou nos chega carregado de ironias e desprezos (serei ridículo?). Vemo-nos ao espelho.
Serei belo? Serei inteligente? A resposta a estas duas perguntas lancinantes é: diferente dos outros.
Eu não sou como os outros. É claro, porque o meu património genético, fruto de uma dupla lotaria, é
único, como única é a aventura que vivo. O que tenho em comum com todos os outros é o poder de, a
partir do que recebi, participar na minha própria criação.

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Mas é preciso que mo permitam.

E para isso contribuíram os meus pais, cujo óvulo e espermatozoide continham todas as receitas de
fabricação das substâncias que me constituem.

E a minha família, pelo alimento, pelo calor, pelo afeto, que me permitiram crescer e estruturar-me.

E a escola, que me transmitiu conhecimentos lentamente acumulados pela Humanidade desde que
esta se procura conhecer e conhecer o Universo.

E todos me amaram, com o seu insubstituível amor.

Mas sou eu que tenho de concluir a obra, que tenho de colocar a trave-mestra. Esqueçam o modelo
que gostariam que eu fosse: não sou obrigado a realizar o sonho que imaginaram para mim; isso seria
trair a minha natureza de homem. Para que eu seja verdadeiramente um homem, devem oferecer-me
mais uma coisa: a liberdade de vir a ser o que escolhi.
Jacquard, A. O Meu Primeiro Livro de Genética, 1986 (adapt.)

Texto 4:
Identidade pessoal
A identidade pessoal é uma construção dinâmica da unidade da consciência de si, através das rela-
ções intersubjetivas, das comunicações da linguagem e das experiências sociais. A identidade é um
processo ativo, afetivo e cognitivo de representação de si no meio que o rodeia, associado a um senti-
mento subjetivo da sua permanência. O que permite perceber a sua vida como uma experiência que
tem uma continuidade e uma unidade, e agir em consequência.

A identidade satisfaz as necessidades inter e intrapessoais de coerência, de estabilidade e de sín-


tese que asseguram uma permanência na existência. Estas funções de regulação são indispensáveis
para permitirem a adaptação às mudanças e para evitarem o aparecimento das perturbações da per-
sonalidade ligadas à confusão e difusão da identidade, ou ao seu desmembramento. A identidade
pessoal tem lugar numa descendência. Ela inscreve o legado do passado na construção de um hori-
zonte temporal. Quando a parte originária da identidade não pode ser investida, o equilíbrio da pessoa
é afetado.

A identidade pessoal é sexuada: a maneira de habitar o seu corpo e de assumir a sua identidade de
género depende da incorporação dos objetos libidinais mas também dos efeitos de atribuição socio-
culturais dos papéis masculino e feminino. Os atos, as criações, as posses, mas também a diferencia-
ção, as confrontações e os compromissos são meios para significar a marca da sua identidade pes-
soal. A articulação destas múltiplas facetas depende da coerência e do dinamismo do princípio
organizador das adaptações, que regula as interações entre as mudanças da vida e do meio ambiente.
Doron, R. e Parot, F., Dicionário de Psicologia, 2001, Lisboa: Climepsi Editores

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