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ABRAPSO - Diálogos em Psicologia Social https://www.abrapso.org.br/siteprincipal/anexos/AnaisXIVENA/cont...

ANAIS DO XIV ENCONTRO NACIONAL DA ABRAPSO - RESUMO


ISSN 1981-4321

Tema: Mesa Redonda - Outros

CRENÇAS, ESTEREÓTIPOS, PRECONCEITOS: FATORES ATUANTES NA


SOCIALIZAÇÃO

Autores: LUÍS ANTÔNIO MONTEIRO CAMPOS [+]


JESIANE DE SOUZA MARINS LOPES [+]
SOLANGE EPELBOIM [+]

O presente trabalho busca fazer uma leitura da importância de processos como


as crenças, estereótipos e preconceitos na socialização. Procurou agregar
produções teóricas tanto no ambiente escolar como no organizacional no
sentido de buscar uma compreensão do processo de socialização em diversas
instituições através do treinamento em empresas, na formação universitária de
psicólogos e no ensino médio. Quando nos utilizamos o processo de
socialização é possível adquirir recursos e habilidades sociais, possibilitando o
reconhecimento como membro de um grupo, podendo assim ajustar-se da
melhor maneira possível ao seu ambiente. A socialização é que define o
indivíduo como ser atuante de um ambiente que o permite ser de formas
diversas, desde que saiba utilizar seus recursos, habilidades e potencialidades.
A socialização é um processo que nos torna aptos à convivência, intercâmbio e
ajustamento psicológicos, qualquer que seja o sistema sociocultural tomado
como referência. Esta definição nos permite perceber que a socialização
acontece por toda nossa vida, sem que tenha momento do ponto máximo, não
se pode dizer que somos socializados, mas podemos dizer que somos
socializáveis, pois a todo instante nos permitimos entrar em contato com o
ambiente, com outro grupo, melhor dizendo, com o mundo. É neste contato
que está nossos crescimentos cognitivos, afetivos, comportamentais. No
processo de socialização nos é permitido entender e categorizar o mundo que
nos rodeia e formarmos idéias de quem somos e os papéis a desempenhar. É
descoberto a que grupo pertencemos e neste momento que há a diferenciação
grupal, onde o sujeito recolhe informações que sejam iguais a um número
valorativo de grupos e é neste momento também que as crenças, estereótipos
e preconceitos são formados. Então se começa a estereotipar a partir do
momento que o sujeito se socializa, observa as qualidades e defeitos do seu
grupo, compara com os demais e tira uma conclusão com uma resposta final,
onde generaliza as características. Quando nascemos à vida já nos coloca para
entrar em contato com os estereótipos e é na infância que aceitamos melhor os
estereótipos e as crenças, pois nesse momento não estamos aptos ainda para
debatermos qualquer tipo percepção, nem de questionarmos o que nos é
mostrado ou falado. Mas a partir do momento que tomamos consciência do
mundo que nos rodeia, que geralmente é na pré-adolescência, passamos
questionar os valores, as crenças e os estereótipos em si.

Resumo das Falas

LUÍS ANTÔNIO MONTEIRO CAMPOS(UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ)

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ESTEREÓTIPOS DE ESTUDANTES DE PSICOLOGIA EM RELAÇÃO A


ACOMETIDOS DE DOENÇA MENTAL

O primeiro autor a utilizar o termo estereótipos foi Valter Lippmann que em


1922 no seu trabalho intitulado "Opinião Pública". Para este autor os
estereótipos seriam por analogia "quadros mentais". As imagens mentais
são indispensáveis para fazer frente a grande quantidade de informações
provenientes de nosso meio. Os seres humanos não respondem diretamente
à realidade externa, mas a uma representação deste meio ambiente por
eles constituído. Os estereótipos facilitaram o processo de informação sobre
o mundo externo. Estereótipos é o traço primordial que precede a razão; é
uma forma de percepção, que impõe certo caráter sobre os dados de nossos
sensos antes que os dados alcancem a inteligência. Os estereótipos são
definidos pela sociedade como forma de defesa pessoal, e são determinados
de acordo com a cultura e tradição familiar as quais nos pertence. A
pesquisa inicial em estereótipos estava relacionada a estereótipos raciais e
étnicos em nível de grupo. Foi dada muito pouca importância aos estudos
dos estereótipos em nível individual. Tanto que existe uma definição com a
qual estará de acordo com a maioria dos autores e bastante próxima ao
sentido comum, que apresenta os estereótipos como um conjunto de
crenças compartilhadas sobre as características pessoais, traços de
personalidade e dos comportamentos próprios de um grupo de pessoas. Em
contrapartida a maneira em que os indivíduos dão conta da associação entre
os atributos e um grupo e as razões que levam a recorrer a um estereótipo
são aspectos ao menos muito importantes, ainda que estas questões
dificilmente sejam examinadas. Dentro desta concepção a estereotipia pode
influenciar diferentes processos humanos, como a interpretação do
comportamento de um membro de outro grupo, uma atribuição causal para
o comportamento da pessoa, retenção de informação sobre membros de um
grupo, as inferências sociais da pessoa e a própria interação
comportamental da pessoa com um membro de outro grupo. Com o passar
do tempo o conceito de estereótipos tem sido mudado de uma perspectiva
negativa acerca de um grupo para uma generalização das características
atribuídas a pessoas e objetos que apresentam entre si alguma semelhança,
seja ela marcante ou não. Existem vários tipos de estereótipos, o mais
freqüente é o de gênero, no entanto, existem estereótipos em todos os
domínios da vida social: relativos às ocupações, ao ciclo vital, à família, à
classe social, ao estado civil, aos desvios sociais e a qualquer campo da vida
que desejamos diferenciar. O estereótipo de gênero é uma atribuição feita
pelo grupo, de traços e comportamentos específicos a homens e mulheres.
A teorização em estereótipos é caracterizada por diferentes vertentes e
interesses individuais ao longo das últimas décadas de pesquisa. Não se
encontra ainda hoje um conceito únicos sendo assim, os pesquisadores
exibem algumas diferenças importantes no modo pelo qual eles definiram o
que são estereótipos. Mas basicamente identificam-se quatro pontos
principais de concordância entre psicólogos sociais com respeito da definição
de estereótipos. Um estereótipo é basicamente cognitivo (convicção,
julgamento, visão, percepção, características, atribuição, suposição,
expectativa e assim por diante); um estereótipo é um grupo de crenças
relacionadas; estereótipos descrevem os atributos, personalidades, ou
caráter de grupos e os diferenciados, como os homens e mulheres: quer
dizer, estereótipos comparam grupos e os diferenciam; estes grupos de
crenças são compartilhados pelos indivíduos e pelos grupos aos quais
pertencem. Os estereótipos surgem em diferentes tipos de contextos,
cumprindo uma série de funções relacionadas às características particulares
de sua emergência, tais como responder aos fatores ambientais, como nas
situações de conflitos grupais e nas diferenças de poder, nos papéis sociais,
e por fim, atender as necessidades da identidade social. Para se caracterizar
os estereótipos deve-se levar em consideração o consenso. Os estereótipos
surgem com a passagem do tempo com as repetidas experiências entre
membros de diversos grupos, influenciando as respostas que serão
apresentadas em futuros encontros com os indivíduos do grupo alvo dos
estereótipos. Encontramos duas maneiras de se conceder basicamente os
estereótipos: como estruturas que podem ser representadas dentro das
mentes individuais; como elementos inerentes à própria sociedade, sendo
amplamente compartilhados pelas pessoas que convivem no interior de uma
mesma cultura. Tais considerações vinculam decisivamente os estereótipos,
como a percepção social, dado que se aceita a suposição de que a
informação percebida deve ser interpretada, codificada, armazenada e

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retirada da memória e que em todas estas instâncias podem se fazer


presentes mecanismos da distorção perceptual. Neste caso os estereótipos
são concebidos como informações públicas compartilhadas pela ampla
maioria dos membros da sociedade a respeito de alguns grupos sociais. Os
estereótipos deveriam ser caracterizados como uma parte do conhecimento
coletivo de uma sociedade, pois na medida em que estas crenças
compartilhadas geram efeitos consideráveis na manifestação dos
comportamentos sociais, é impossível não levá-las em consideração quando
se procura alcançar um conhecimento mais amplo acerca dos processos de
estereotipização. No presente trabalho o objetivo foi o de levantar os
estereótipos de estudantes de psicologia ingressantes (primeiro e segundo
período) e concluintes (nono e décimo período) em relação a pessoas
acometidas de doença mental para verificar. O instrumento utilizado foi um
questionário com cinqüenta perguntas tipo escala de Likert e um item
aberto onde se solicitava ao participante que escrevesse sua opinião sobre
os acometidos de doença mental. Participaram cinqüenta alunos
ingressantes e cinqüenta concluintes, de ambos os sexos de uma instituição
de ensino particular situada no Estado do Rio de Janeiro. Na análise dos
dados nos ingressantes apresentaram os seguintes estereótipos fortes:
psicopatas, loucos, perigosos, incuráveis, iguais a todos; alegres, devem
ficar asilados, largados pela família, bêbados. Na análise dos dados dos
concluintes apareceram os seguintes estereótipos: iguais a todos,
descriminados, isolados, desequilibrados, necessitam de atenção especial,
devem ser incluídos na sociedade. Conclui-se que existem estereótipos em
relação a acometidos de doenças mentais tanto de ingressantes como de
concluintes. A grande diferença apresentada foi quanto ao item ficar
asilados ou não, onde os concluintes em mais de noventa e cinco porcento
das respostas declararam que os acometidos de doença mental devem viver
na comunidade já nos ingressantes apenas vinte porcento declararam que
os acometidos de doença mental deveriam viver na comunidade. Apesar de
não se poder generalizar os dados eles podem a ajudar a nortear projetos
pedagógicos do curso de psicologia.

JESIANE DE SOUZA MARINS LOPES (FACULDADE SANTO ANTÔNIO DE


PÁDUA)

CRENÇAS DE FUNCIONÁRIOS ACERCA DO TREINAMENTO EM


INSTITUIÇÕES PRIVADAS

As crenças são objetos da Psicologia Social, especialmente na perspectiva


da cognição Social. Elas são aceitações por pelo menos uma pessoa em
relação a um ou vários objetos sociais. Em situações em que agimos
envolvemos nossas crenças nestes processos, muitas vezes sem
percebemos que essas crenças são relacionadas à nossa identidade e
também ao mundo social. Um exemplo a ser citado é o de Oliveira (2004, p.
22) onde apresenta a influencia das crenças alimentares sobre a
alimentação, a partir das quais as pessoas rejeitam certas combinações,
convictas de que podem provocar algum tipo de prejuízo à saúde ou, ao
contrário, acreditam que alguns alimentos ou a combinação desses têm
poderes afrodisíacos, ou que em determinadas épocas se deve comer
determinados alimentos para obter sorte. Podem-se citar também como
exemplo as crenças em relação às tempestades. Ouvimos e vemos muito as
pessoas terem medo de ficar perto de animais com pêlo quando está
relampejando, por acreditarem que o pêlo do animal atrai raios. As crenças
não são necessariamente verdadeiras. Algumas podem ser verdadeiras e
outras podem ser falsas, mas isso não vai interferir no comportamento do
ser humano em relação ao objeto social. O que interfere, ou melhor,
dizendo, que define seu comportamento em relação a tal objeto, é o quanto
isso é verdade para a pessoa e como a pessoa age a partir desta situação.
Segundo Krüger (1995) as crenças são definidas como representações
mentais essencialmente abstratas, oriundas de experiências individuais e
coletivas. Então se pode dizer que as crenças são representações mentais
aceitas por pelo menos uma pessoa em relação a qualquer objeto social,
onde de acordo com o mesmo autor, estas podem estar presentes nos
processos cognitivos que influenciam a percepção e interação dos fatos, a
formação da identidade, as relações interpessoais e os processos cognitivos.
A partir do momento que qualquer fato, seja ele verdade ou não, mas que
se torna real para o indivíduo, este mesmo indivíduo pode tomar qualquer
atitude independente da crença do outro, pois para o indivíduo a sua crença

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é a verdadeira. Desse modo então dentro de uma empresa percebemos que


existem pessoas achando que mereçam ser valorizadas e ter uma promoção
na empresa mesmo sem ter a qualificação necessária para tal função, ou da
necessidade de algum treinamento, e outras com posições contrárias.
Acreditando-se que um maior estudo acerca das crenças em relação ao
treinamento poderá compreender melhor o processo, propiciando um maior
esclarecimento sobre as crenças frente ao treinamento. Algumas empresas
interpretam o treinamento e desenvolvimento como custo e diferentemente
outras empresas acreditam que o treinamento permite um melhor
aproveitamento do funcionário, para obter benefícios e como conseqüência
alcançar metas. E é acreditando em tal resultado que nos é dado o estímulo
para desenvolver tal atividade e dar continuidade à mesma. As crenças além
de poderem ser verdadeiras ou falsas, também podem ser constantes ou
inconstantes. Elas nem sempre estão de acordo com a forma como me
expresso ou verbalizo. No momento em que falo ou tenho tal
comportamento, estes podem estar sendo influenciados pelo estado
emocional ou sentimental do momento, onde estes me fazem ter uma
crença em relação a um objeto de um tipo, e que em dado outro momento,
onde meus sentimentos e minhas emoções estiverem de forma diferente em
relação ao mesmo objeto, poderei ter um comportamento de outro tipo. Ao
que se refere como treinamento, Wexley (1984) interpreta como um esforço
planejado de uma organização para facilitar a aprendizagem de
comportamentos exigidos pelo trabalho. Já para Nadler (1984)-
"Treinamento é aprendizagem para propiciar melhoria de desempenho no
trabalho atual". E para Goldstein (1991)- "Treinamento é uma aquisição
sistemática de atitudes, conceitos, conhecimento, regras ou habilidades que
resultem na melhoria do desempenho no trabalho". Há, nas empresas,
poucos estudos demonstrando resultados acerca das ações de treinamento,
as quais, muitas vezes, são compradas como pacotes e aplicadas sem
estudo sistemático de necessidades reais de treinamento relacionadas com
as necessidades organizacionais. Tais pacotes evidenciam modismos que
prometem revolucionar a produtividade nas áreas e a motivação dos
funcionários, mas não demonstram confirmação empírica da eficácia de suas
ações. Borges-Andrade e Abbad (1996) apontaram os riscos associados às
políticas de importação de pacotes de treinamento, já que o Brasil possui
suas próprias especificidades culturais e requer a introdução de novas
tecnologias, a elaboração de treinamentos eficazes e de linhas de pesquisa
que facilitem o desenvolvimento social e econômico brasileiro. Há avanços
nas pesquisas sobre treinamento. Um deles diz respeito à identificação de
fatores que afetam a eficácia de treinamentos em ambientes
organizacionais. No entanto, são poucas as evidências de que as
organizações estejam realmente aplicando os resultados de pesquisas
científicas na elaboração de seus programas de treinamento. Salas e
Cannon-Bowers (2001) acreditam na chegada de uma nova era na área de
Treinamento e Desenvolvimento, na qual haveria maiores trocas entre
pesquisas empíricas e sua aplicação nas organizações. Levantaram-se
crenças relativas ao treinamento através de entrevistas abertas analisando
seus discurso de funcionários em duas instituições privadas, no Estado do
Rio de Janeiro e que estavam trabalhando, na mesma, há pelo menos um
ano. Na análise dos resultados encontraram-se as seguintes crenças: o
treinamento é uma oportunidade de subir de cargo; o treinamento só é
realizado quando interessa a empresa; é perda de tempo; são impostos.
Pode-se concluir que várias crenças apresentam um aspecto desfavorável o
que pode influenciar negativamente o processo de treinamento. Os
resultados mais expressivos que se identificou nos discursos foram: "a falta
de colocar em prática o que foi aprendido", "falta de suporte e apoio para o
desenvolvimento e planejamento de novas tarefas"; "discrepância entre
aqueles que receberam treinamento e aqueles que não receberam, havendo
conflito no desenvolvimento das atividades". A expressiva carência de
trabalhos acadêmicos que tragam maiores conclusões acerca dos reais
resultados do treinamento na percepção de funcionários e o quanto estes
funcionários podem ser influenciados pelos treinamentos sugere-se a
necessidade de novos estudos acerca das reais aceitações e convicções dos
funcionários em relação do desenvolvimento e da aprendizagem, para que
assim possa ser elaborado um melhor planejamento acerca dos
treinamentos.

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SOLANGE EPELBOIM (UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS)

ESTEREÓTIPOS, PRECONCEITO E RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA


ESCOLA

O trabalho analisou possibilidades de atuação do psicólogo social na esfera


escolar, mais especificamente, no Ensino Médio de uma instituição particular
privilegiando o estabelecimento de relações interpessoais. No que tange a
esta temática, foi concedido destaque ao processo de percepção e ao
exercício de poder. Alunos, familiares dos mesmos, professores,
coordenador e diretor do segmento mencionado foram convidados a refletir
sobre o estabelecimento de relações interpessoais, e o papel destas nos
processos de socialização e de construção, manutenção e transformação de
identidades psicossociais. Quanto à percepção social, foram abordadas
questões referentes à subjetividade, seletividade e categorização. Acerca
desta, examinou-se o uso socialmente adequado e inadequado de
estereótipos. O estereótipo tem funcionamento que pode ser comparado ao
de um simples carimbo. Uma vez "carimbados" os membros de determinado
grupo como possuidores deste ou daquele "atributo", as pessoas deixam de
avaliar os membros desses grupos pelas suas reais qualidades e passam a
julgá-los pelo carimbo. Estereótipos são componentes cognitivos, fazendo
parte das atitudes sociais. Exemplo: todo judeu é sovina; todo japonês é
introspectivo; todo português é burro; todo negro é ladrão. Uma vez
reafirmado que todo "x" é sovina, a tendência é que diante de "x" as
pessoas o prejulguem como sovina. O preconceito é, por definição, uma
opinião ou sentimento desfavorável formado antes de se ter os
conhecimentos necessários; é uma atitude emocionalmente condicionada,
baseada em crença, opinião ou generalização sobre indivíduos ou grupos. O
preconceito é caracterizado por uma internalização de crenças, podendo
acompanhar o ser humano por toda a sua vida sem que se possa cogitar de
reprimenda ou sanção. O preconceito são atitudes ou comportamentos
negativos direcionados a indivíduos ou grupos, baseados num julgamento
prévio, que é mantido mesmo diante de fatos que o contradigam. Como por
exemplo, em um assassinato acusar uma pessoa chamada A, porque esta
mesma pessoa concede sempre agressões ao próximo. A partir deste
levantamento, o indivíduo que analisa ou que observa o caso descarta
qualquer possibilidade de ter sido B, C ou D, porque A sempre tem reações
de agressividade. Mas, para se chegar à conclusão que o preconceito é algo
irracional, acreditou-se primeiro, aproximadamente antes dos anos 20, que
o preconceito era formado por algo ligado à questão racial e qualquer
sentimento negativo e prévio que se tivesse em relação a um objeto social,
estaria relacionado à raça. As sociedades acreditavam que havia diferenças
nas raças e que uma tinha mais poder do que a outra, que os negros eram
pessoas de pouca evolução e de baixa capacidade intelectual. Segundo
Heller (1985) no cotidiano, o que queremos, dentro da atividade do
trabalho, é "um mínimo de esforço", o que leva a uma maior integração e
rapidez de todo o cotidiano, mas não resiste enquanto provisoriedade de
juízo e de valores. Pode-se caminhar então a partir do estereótipo para a
figura do preconceito. Por isso ela aponta que grande parte dos preconceitos
se monta em estruturas estereotipadas. Vimos que, com base em
estereótipos as pessoas prejulgam outras; emitem conceitos prévios sobre
outras sem mesmo conhecê-las. Este conceito prévio nada mais é do que
preconceito. Segundo Brown em uma visão unidimensional, o preconceito é
a manutenção de atitudes sociais desfavoráveis ou crenças cognitivas, a
expressão de afetos negativos ou a exibição de comportamentos hostis ou
discriminatórios em face de membros de um grupo derivado do simples fato
de pertencer a esse grupo. O preconceito tem uma configuração
tridimensional: na dimensão afetiva, que seria o próprio preconceito no
emocional da atitude que envolve aspectos negativos; na dimensão
cognitiva que poderia estar associada aos estereótipos, onde se tem uma
visão simplificada do mundo partilhada por todas as pessoas; e por último
uma dimensão comportamental que poderia ser a discriminação, que são
ações negativas em face de membros de um grupo resultantes da simples
pertença a esse grupo. O preconceito refere-se a uma atitude injusta e
negativa em relação a um grupo ou uma pessoa que se supõe ser membro
de grupo, a discriminação é um comportamento manifesto, geralmente
apresentado por uma pessoa preconceituosa, que se exprime através da
adoção de padrões de preferência em relação aos membros do próprio

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grupo e/ou de rejeição em relação aos membros dos grupos externos. O


preconceito é algo problemático e desfavorável, pois generaliza conceitos
em relação a um grupo e deixa de analisar as partes do mesmo, vendo o
grupo como um todo. O preconceito envolve componentes cognitivo, afetivo
e comportamental. Embora alguns autores afirmem que a discriminação
acompanha o preconceituoso, mas pode-se perceber que nem sempre é
assim. Numa situação onde há o preconceito, como por exemplo, negros são
maus cheirosos e desconfiáveis, não há muitas das vezes a discriminação,
pois existe uma lei que proíbe qualquer atitude de diferença frente à cor,
seja elas negras, brancas, pardas, entre outras, embora às vezes este
comportamento aconteça. Também pode acontecer uma situação inversa,
onde não há preconceito em relação a determinados membros de um grupo
social, mas haver no grupo o qual a pessoa pertence normas ou costumes
compartilhados na sociedade que o obrigam a adotar comportamentos
discriminatórios em relação ao grupo alvo. Segundo Pereira (2002), existem
3 fatores que sustentam o preconceito:Fatores Sociais - injustiças sociais, o
senso de identidade social, a conformidade e o suporte institucional;Fatores
emocionais- frustração, agressão e personalidade autoritária; Fatores
cognitivos- categorização , os estímulos que capturam a atenção e a
atribuição de causalidade. Na escola encontrou-se o sexismo e o racismo.
No sexismo a crença que os homens são mais fortes em traços revelando
competência e independência; as mulheres são mais fortes em traços
refletindo emoção e expressividade. Os traços masculinos são
consistentemente mais valorizados que os traços femininos; a
estereotipização tem levado à definição de diferentes papéis associados ao
gênero masculino e feminino; a escola e a mídia são dois meios poderosos
para a reprodução do sexismo. O racismo tem evoluído nas modernas
sociedades urbanas ocidentais de uma forma mais explícita atuada como
estereótipos derrogatórios, perseguição, discriminação, abuso, entre outros,
pára formas mais sutis e mais internalizadas como antipatia emocional
dirigida a outros grupos raciais. Também persistem sinais de racismo em
situações de distância social, ou seja, quanto menor a distância maior é o
racismo; em atribuições de significado a situações de interação social, tais
como comportamentos idênticos são interpretados como agressivos ou não;
e formas de utilização da linguagem como definição mais abstrata e geral de
características negativas do outros grupos do que de características
positivas. Enquanto aquele se vinculava ao respeito ao singular (rompendo
com o convite à homogeneização), este implicava em preconceitos,
condutas discriminatórias e exclusão social. Quanto ao exercício de poder,
concedeu-se destaque ao desenvolvimento de relações horizontais
(envolveriam, sobretudo, poder de referência) e não verticais (apontariam
para poder de recompensa e punição). O trabalho foi realizado através de
reuniões com os responsáveis pelos alunos, conselhos de classe e atividades
destinadas às turmas do Ensino Médio, visando a uma prática dialógica no
processo de ensino e aprendizagem.

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