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Universidade Federal de Uberlândia

Faculdade de Gestão e Negócios


Curso de Mestrado em Administração
Pós-Graduação Stricto Sensu

Disciplina: Cultura Organizacional


Profª. Drª. Márcia Freire

Paper – A Liturgia do poder

Carlos Antonio Cardoso Sobrinho

O livro é um relato antigo de uma realidade atual. Intrinsecamente, a maioria das


organizações contemporâneas, tem por objetivo a utilização das práticas de cultura organizacional
para intensificar a busca pela harmonia dentro da empresa. O fato de o estudo ter sido realizado
em uma instituição de grande porte, vista como, um obelisco do setor financeiro, evidencia a
potencialidade desse tipo de organização em “produzir” o colaborador padrão.
Os valores enaltecidos desde a formação das crianças que fazem parte do processo
educacional de escolarização da empresa são os mesmo valores transmitidos aos colaboradores
efetivos. A empresa investe no seu futuro capital humano desde a fase inicial do ciclo de vida. A
seleção do quadro funcional também segue alguns valores específicos que por mais que não sejam
totalmente evidentes, são extremamente relevantes.
A Liturgia do poder procura atingir os aspectos mais internos e pessoais dos indivíduos,
pregando a ética do trabalho, da disciplina, do respeito à hierarquia e do cultivo à simplicidade.
Elementos da cultura como os rituais e as ideologias são mencionados na pesquisa a ajudaram a
constituir o alicerce cultural da empresa.
Definitivamente o método utilizado no trabalho, bem como as contribuições oferecidas
pela análise do conteúdo, serviram como um impulso e incentivo à pesquisa sobre cultura nas
organizações.
Quanto ao Banco, é interessante a percepção da autora no que se refere ao contexto
Econômico da época, interferindo diretamente no poder disciplinar da instituição. Esse contexto
de certa forma negligenciava as classes menos favorecidas, o Banco aproveitou-se da situação
para fazer a adoção de uma parte dessa população, que era representada pelos seus colaboradores
e familiares. Em contra partida, neste contexto, entre todos os bancos nacionais privados, foi a o
Bradesco que atingiu os maiores índices de crescimento.
Universidade Federal de Uberlândia
Faculdade de Gestão e Negócios
Curso de Mestrado em Administração
Pós-Graduação Stricto Sensu
Um contraste evidente releva um fato que pode ser interpretado como contraditório. Trata-
se de um banco com os menores salários pagos no mercado financeiro e as mais longas jornadas
de trabalho, e é a partir dessa contradição é feita a construção do “Homem Disciplinado”. O ponto
crucial que gera o diferencial do Bradesco, é a sua autonomia na formação da sua força de
trabalho, onde essa força já nasce e se desenvolve com os vestígios dos valores, crenças e todos
componentes que formam a Cultura da organização, e conseqüentemente fará parte da Cultura do
indivíduo. Essa preocupação com a qualificação própria é representada pela criação da Fundação
Bradesco, caracterizada pelo incentivo à expansão educacional como forma de obtenção de força
de trabalho disciplinada, controlada e integrada.
O Bradesco preza pela regulamentação que é qualificada como o instrumento eficaz do
poder, pois define normalidade em termos comportamentais, classificando todos colaboradores e
permitindo o respeito pela hierarquia.
Segundo a autora, a higienização do espaço físico e do trabalhador (normas referentes a
corte de cabelo, postura, vestuário) procura estabelecer o elevado grau de dignidade que o
trabalhador assume para organização. Objetiva a criação do homem social através da estetização
das relações de trabalho, a limpeza física procura promover a limpeza moral das formas de
descontentamento no espírito do trabalhador. Isso representa a dominação política via
simbolização estética que foi identificada no Bradesco
Analisando a estrutura do Bradesco pode-se salientar que ele foi o precursor na integração
entre a força de trabalho, e a união dessa força fica evidente quando se trata do relacionamento
com o cliente.

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