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MÓDULO

PANORAMA BÍBLICO DO
ANTIGO E NOVO
TESTAMENTO

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Introdução
Ao lermos a Bíblia nos deparamos com milhares de termos e expressões de época que torna o
texto por vezes indecifrável, isto se deve ao fato de que a Bíblia foi escrita a dezenas de séculos atrás,
em uma sociedade de hábitos peculiares, ou seja, próprios da época e dos costumes desse tempo. Entre
o homem moderno e os escritos bíblicos existem diversos abismos: culturais, geográficos, sociais,
tecnológicos, religiosos, econômicos, etc.

Ignorar que o conhecimento dos contextos dos tempos bíblicos (a este contexto chamamos de
Panorama) é uma necessidade, faz com que muitas pessoas obtenham a pior interpretação possível de
suas leituras bíblicas.

Mesmo vivendo na mesma época é bem provável que pessoas de diferentes regiões do mundo
não se entendam mesmo falando a mesma língua, pois as expressões que usam são diferentes; neste
caso existem bem menos abismos entre estas duas pessoas do que entre um escritor bíblico e nós. Um
missionário quando vai a campo já sabe antecipadamente que sofrerá um choque cultural e terá um
tempo de adaptação na nova cultura em que vive, terá de compreende-la para fazer com que aquelas
pessoas compreendam o evangelho. Imagine você conversando com um cidadão inglês, você diz a ele
que vai "tomar o ônibus", então ele responde "como pode? Em um ônibus caber muito líquido", ele
entendeu que você iria beber (tomar) um ônibus; então ele lhe pergunta "você quer dizer que vai ter um
ônibus" e você responde "não eu não vou comprar um". A confusão aconteceu porque o brasileiro diz que
vai tomar um ônibus já o americano diz "I will have a bus", ou seja, eu vou ter um ônibus. Aqui está o
porquê desta Disciplina, ela lhe dará conhecimento sobre os contextos sociais, econômicos, culturais,
tecnológicos, religiosos, etc.

Panorama Bíblico
A Bíblia é uma produção que reúne dezenas de autores das mais variadas expressões sociais
existentes na sua época. Tem como objetivo registrar os relatos de homens e mulheres que obtiveram
Revelação do Deus Eterno e se relacionaram com Ele, deixando seu legado marcado em experiências
que demonstram não só a realidade de Deus, como também Seu desejo de interagir com a humanidade,
construindo seu Plano Maior e intervindo na História Humana.

A Bíblia, portanto é um retrato teológico de um mundo antigo e uma cultura especifica, diferentes
do nosso mundo e cultura atuais, especialmente nossa cultura Ocidental contemporânea.

A Bíblia não tem interesse em exatidão científica, pois não é um livro científico. Não tem
interesse em exatidão histórica, pois não é livro histórico. Não tem interesse em exatidão matemática,
pois não é livro de matemática. Contudo, mesmo não sendo, revela as ciências e a história do seu tempo,
sendo inerrante no que se refere à Revelação do Caminho da Redenção.

Apesar de estar adiante do seu tempo em muitas expressões, na maioria dos casos revela sua
própria geração e suas necessidades, sendo então um compendio da história da humanidade desde a
compilação dos relatos da Criação até os eventos Escatológicos (Tempos do Fim).
O Antigo Testamento
O Pentateuco
Atribuído pela tradição judaica à Moisés, não significa literalmente que tenha sido escrito por Ele.
Prova disso, é a descrição da “Morte de Moisés” no final de Deuteronomio.

Muito provavelmente, Moisés tenha sido o Grande Compilador das tradições orais existentes
entre o povo a respeito da Criação, dos Patriarcas, de José, da escravidão no Egito, e finalmente seu
Êxodo em direção à Canaã.

Dentro da cultura judaica eram comuns as tradições orais passadas de geração em geração.
Passar tais tradições orais para documentos escritos significava retirar parte da dinâmica desses relatos,
não sendo visto com bons olhos tal feito. Até hoje os judeus guardam parte das suas tradições de modo
simplesmente oral. Por causa disso, há quem defenda inclusive que toda a Torah tenha sido a reunião de
relatos orais de diferentes tradições no período do cativeiro babilônico, havendo sido compiladas para se
evitar o risco de perder-se tais relatos pela natureza do próprio cativeiro. Tal afirmação pode ser inferida
ao reconstituirmos o texto bíblico e encontrarmos nele diferentes narrativas a respeito de um mesmo
assunto, mostrando a reunião dessas tradições.

Mesmo sendo dessa forma, não se pode negar que o grande personagem da Torah ou
Pentateuco (Cindo Primeiros Livros da Bíblia) tenha sido Moisés.

A Criação
O panorama bíblico da Criação está descrito no Pentateuco. A Torah inicia com o relato da
Criação do mundo e de todas as coisas que existem visíveis e invisíveis.

Em um primeiro momento um relato Eloísta (Tradição que chamava Deus de Elohim) trás quase
que em ordem litúrgica, como um grande culto cósmico, as ordens da Criação. O dia primeiro, tarde e
manhã. O dia segundo, tarde e manhã. Seguindo dessa forma um relato extremamente ordenado.

Veja que o dia inicia na Tarde seguido pela Manhã, revelando dessa forma o costume oriental de
contar o tempo dessa forma até hoje. O novo dia surge com o por do sol.

Em um segundo momento, a partir do capítulo 2, verso 4b, inicia-se o relato de uma outra
tradição, esta Javista, na qual Deus é chamado de IHWH, traduzido como SENHOR em caixa alta nas
bíblias Ferreira de Almeida em língua portuguesa, como Deus, nas traduções católicas e Jeová, em
algumas traduções independentes.

O relato do capitulo 2 é pastoril, ou seja, revela o contado do Homem com a Terra. “A brisa que
regava as plantas”, “Não havia homens para cuidar da terra”, “Ainda não havia caído chuvas sobre a
terra”. É justamente nesse relato que vemos a formação do Ser Humano justamente a partir da Terra. O
Homem se alimenta daquilo que a Terra produz, sendo parte intrínseca dessa. O capítulo 2 também
detalha a criação da Mulher, como parte retirada do próprio Homem, como companheira análoga a este.

Nesta tradição estão também os relatos da Tentação e Queda do Homem no capitulo 3. Sua
rápida degradação moral após a saída do Édem, narrando o primeiro assassinato, seguido de relatos de
homens que foram pioneiros em várias áreas da vida humana.
A Depravação Total do Gênero Humano
Rapidamente a humanidade começa a se corromper. Em gênesis 6, aparece de modo negativo a
expressão Filhos de Deus. Tal relato, complexo a principio, narra que estes chamados Filhos de Deus
(Ben´Elohim) viram as filhas dos homens e coabitaram com elas, gerando-lhe filhos que foram os
valentes da sua época.

Existem vaias interpretações para tal relato. As mais polidas tentam afirma que filhos de Deus se
referiam a geração piedosa de Sete que buscava ao Senhor. Contudo, isso não explicaria porque desse
relacionamento nasceram gigantes.

Outros querem forçar o texto e dizer que a palavra gigantes não significa literalmente isso, assim
como a expressão filhos de Deus não se refere propriamente a Anjos Caídos. Contudo a tradição judaica
não tem duvidas em afirmar que tais seres eram literalmente Anjos que não guardaram sua posição.

Os maiores críticos dessa forma de interpretação tentam se apoiar no Novo Testamento, na


afirmação de Jesus que anjos não se casam, nem se dão em casamento. Mas a própria epistola de
Judas nos afirma a respeito do juízo desses seres que não guardaram sua posição angelical, antes se
perverteram naquilo que era o propósito da sua existência. Além disso, relatos extrabíblicos parecem
colaborar com essa visão.

O Livro de Enoque, um apócrifo do Antigo Testamento, conta que cerca de 200 BenElohim
(Filhos de Deus) desceram sob o monte Hebrom e decidiram ali permanecer e se tornarem deuses da
humanidade recém criada. Se tal relato for entendido dessa forma, seria então razoável a narrativa do
dilúvio logo após este episódio, pois colocava em risco a continuidade da humanidade assim como havia
sido criada.

Além dos relatos bíblicos e extrabíblicos, em algumas culturas orientais, principalmente a grega,
eram comuns as histórias de deuses e semideuses, assim como de entidades que habitavam os montes
se hibridizando com seres humanos e até mesmo animais (ex: o ser mitológico minotauro da cultura
grega, Hercules, entre outros). Isso explicaria também importância da preservação dos animais na arca
de Noé. Não buscamos aqui afirmar tal interpretação, mas para mente judaica essa é a corrente
teológica mais aceita ainda hoje.

O Dilúvio
O grande personagem bíblico do dilúvio é Noé.

Existem diversas interpretações teológicas a respeito do dilúvio, assim como muitas evidências
de uma grande inundação em tempos remotos. Há quem defenda um dilúvio global e outros que
defendam apenas uma grande inundação local.

A tese da inundação local não contempla a existência de diversos relatos do dilúvio em povos
culturalmente e geograficamente distantes, como algumas tribos indígenas na América do Sul. Além
disso, em culturas próximas como a babilônica, existem relatos muito semelhantes, como a Epopéia de
Gilgamés.

A explicação para isso é que esse povos possivelmente tenham um ancentral comum que
habitou a área afetada pelo dilúvio ou o dilúvio tenha sido realmente um evento global.
A ciência hoje descarta um dilúvio global, pois se a Terra tivesse sido dominada por um oceano
sem fim os níveis de metano na atmosfera tornariam inviável a vida pela falta de oxigênio. Contudo, do
mesmo modo que Noé foi preservado na Arca, também Deus poderia ter provido condições especiais
para sua sobrevivência.

O Mundo Pós Diluviano


Logo após o dilúvio, a terra começa ser repovoada. Estão descritas as origens dos primeiros
ancentrais da nova humanidade, pós diluviana. Neste momento Deus intervem na longevidade humana,
reduzindo seus dias a 120 anos no máximo.

Alguns teólogos criacionistas atribuem esta diminuição a uma mudança atmosférica ocorrida
após o dilúvio. Os defensores dessa teoria, afirmam que uma grande camada de nuvens cobria a terra, e
a condensação dessas nuvens teria ocasionado as águas do dilúvio. Logo após, a radiação solar começa
a incidir de maneira mais forte na terra encurtando a vida humana. Bíblicamente a explicação é mais
simples: Deus retira seu Espirito, a fonte da Zoe (Sopro de Vida Humano) limitando sua existência.

A Torre de Babel
Contrariando frontalmente a ordem de Deus em povoar a terra, um grupo se reúne para erguer
um grande monumento que funcionaria de alguma maneira para “Alcançar os Céus”. Não sabemos a
interpretação literal da expressão “Alcançar os Céus”, contudo conclui-se que de alguma forma o
propósito era maior do que simplesmente uma torre de tijolos.

Os zigurates ou pirâmides são comuns em muitas expressões culturais humanas. Alguns


conjecturam que esses projetos tem sua origem nos filhos de Deus descritos em Genesis 6. Como o
relato aqui é pós-diluviano, se o que os homens daquele tempo tentavam construir era inspirado em
tecnologias antigas, com o intuito de trazer novamente os mesmos anjos caídos, justificaria a intervenção
imediata de Deus em paralisar o projeto confundindo as línguas.

O Chamado de Abrão
A partir desse momento o relato bíblico é interrompido pela história de um homem chamado
Abrão. Até então, o foco da narrativa bíblica era toda a humanidade. A partir desse ponto em diante, o
relato concentra em uma família.

Deus escolhe um homem na terra e decide através dele formar uma nação que revelaria ao
mundo o seu propósito, agindo como proclamadora da vontade de Deus na terra, guardando seu principio
de santidade moral e espiritual e o adorando como único Deus verdadeiro.

O chamado de Abrão coincide com a maioria dos estudos antropológicos que expõe o
Monoteísmo como uma evolução do Politeísmo. A Bíblia diz que Abrão, posteriormente Abraão, foi
chamado de uma terra que cria em vários deuses, assim sendo também sua fé comum, até que o Deus
único passa a se revelar a ele. Dessa forma, ele sai de Haram, onde sua família havia chegado, em
direção à Canaã, seguindo as promessas de Deus.

Os Patriarcas
De Abraão, nasce Isaque e Ismael. Nessa longa jornada em defesa da primogenitura entre o
filho da escrava Hagar e o Filho de Sara há uma discussão que se desenrola até hoje. Para os
Muçulmanos Ismael é sem duvida o primogênito, pois este é literalmente o primeiro filho de Abraão.
Contudo pela Lei de Hamurabe, código antigo vigente na época de Abraão, o filho da escrava perde esse
direito ao nascer o filho da esposa de fato. Até hoje Muçulmanos e judeus não concordam sobre essa
questão.

Neste episódio bíblico também existe um relato no qual Deus prova a Fé de Abraão pedindo a
ele que sacrifique seu filho primogênito no Altar. Abraão imediatamente obedece.

É importante levar em conta que na cultura da época eram comuns os sacrifícios humanos de
crianças e jovens virgens as mais variadas deidades. Ao fazer tal pedido, Deus não apenas prova a Fé de
Abraão, mas também demonstra claramente que não desejava sacrifícios humanos em sua homenagem,
pois na hora derradeira, não permite tal ato, oferecendo um Carneiro para o sacrifício.

Este sacrifício também ilustra a doação do Filho de Deus por toda a humanidade, sendo naquele
momento Abraão representante sacerdotal de todas as famílias da terra, ao não negar oferecer seu filho
sobre o altar, abre caminho para a Salvação de Deus que tempos depois, através da descendência de
Abraão, enviaria seu Filho, oferecendo-o por nós.

De Isaque nasce Jacó e de Jacó se formam as 12 tribos, com destaque para José. Que dará
origem a duas tribos: Efraim e Manassés.

José no Egito
A história de José ocupa boa parte da narrativa do Genesis.

Pela inveja dos seus irmãos ele é vendido como escravo ao Egito, de onde mais tarde, se torna
governador pela mão poderosa de Deus. Agraciado com a sabedoria do Senhor, José administra os
recursos do Egito em tempo de fartura e fome, provendo recursos para no tempo devido poder acolher os
próprios irmãos que o traíram. Dessa forma, a linhagem patriarcal sobe ao Egito e la se instala na terra de
Gósen.

O povo escravo no Egito


Durante 400 anos a descendência de Jacó passa seus dias no Egito. Até que em determinado
momento se levanta um Faraó que não conhecia a José e seus feitos a favor do Egito.

Muitos acreditam que esse levante contra o povo Hebreu tenha haver com a queda da dinastia
dos Hicsos, um povo oriental que habitou o delta do Nilo e chegou ao poder no Egito. Os hicsos e os
hebreus tinham muitos costumes em comum, o que favorecia uma comunicação cultural entre ambos na
base do povo, já os egípcios naturais da terra eram completamente avessos tanto aos Hicsos quanto aos
Hebreus. Daí a explicação do novo faraó passar a perseguir os hebreus, além de desconhecer a história
de José, ou simplesmente ignora-la.

É possível que durante os anos de seca os sacerdotes tenham conseguido despertar a ira
popular contra José e Apopi I, o faraó hicso, pois é durante esses anos que acontecem vários conflitos
civis contra os governantes que terminaram com a vitória do faraó Taá II e seu exército, que tomaram
primeiro Mênfis e depois a então capital Tânis. Vendo-se sem condições de vencer, Apopi e seus
vassalos refugiam-se em Aváris, a cidade fortaleza construída pelos hicsos. Os hicsos acabaram
finalmente vencidos, depois de aproximadamente 500 sobre as terras do Egito, por Ahmés I filho de Taá,
na XVIII dinastia. É muito provável que José tenha morrido durante esses combates contra Taá II ou em
um dos conflitos civís.
Existem muitas conjecturas sobre qual seria o Faraó do Êxodo, porém os historiadores são
quase unânimes ao afirmar que não foi Ramsés. A conclusão precipitada em uma leitura simplista do
texto vem da afirmação bíblica de que os hebreus estavam edificando a cidade de Ramsés, fazendo
Hollywood, no filme Os Dez Mandamentos de 1956, adotar Ramsés II como o rei correspondente ao
período, sendo seguidos por muitas outras reproduções posteriores.

Em Ex 1:8-11 diz que os hebreus "edificaram a Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramessés."


Mas a cidade de Pi-Ramesses foi ocupada muito tempo antes de Ramsés II e o nome "Raamses" foi
encontrado na parede do túmulo de Amenhotep III, que foi faraó 100 anos antes de Ramessés II.

Em 1 Reis 6:1 diz que Salomão começou a construir o Templo no quarto ano de seu reinado,
480 anos após o êxodo. O quarto ano do reinado de Salomão foi 967 A.C. Assim calcula-se que o êxodo
tenha ocorrido em 1447 A.C. (967 + 480). Ramessés II começou a reinar em cerca de 1290 A.C., portanto
não podia ser o faraó do êxodo.

Há dois outros candidatos: Amenhotep II (1450-1425 A.C.), filho de Tutmés III (1490-1450). Pode
ser um dos dois. Quando Moisés nasceu (80 anos antes do êxodo) o faraó era Tutmés I. Sua filha casou-
se com um filho adotivo que assumiu como Tutmés II (mas quem mandava era a patroa).

Tutmés II estava no trono quando Moisés fugiu do Egito aos 40 anos de idade. O historiador
hebreu Josefo escreveu que o faraó de quando Moisés fugiu do Egito morreu e um novo faraó tomou seu
lugar. Tutmés III reinou ao lado da esposa de seu pai (que não era sua mãe). Quando ela morreu, Tutmés
III mandou raspar todas as referências a ela nos monumentos. A data da saída dos hebreus do Egito
coincide com a data da morte de Tutmés III. Este pode ter morrido no mar e o fato de sua múmia existir
hoje pode ser explicado pelo seguinte: "Assim o Senhor, naquele dia, salvou Israel da mão dos egípcios;
e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar." Ex 14:30

Mas há também um estudo que diz que aquela múmia não é do faraó (substituíram para o
enterro), pois não possui o DNA correto. Pode ser, pois seria uma desonra deixar de enterrar um faraó
com todas as pompas. Alguns faraós não eram nem mesmo enterrados sozinhos. Em alguns casos todos
os seus criados e até o arquiteto da tumba eram trancados lá para servi-lo no além.

Moisés e o êxodo
Moisés é o grande personagem do êxodo, estabelecendo os princípios que tornariam um povo
antes escravo em uma nação conquistadora. Moisés também é lembrado pelas 10 pragas que foram
enviadas ao Egito. Cada praga afrontou a confiança de Faraó e seu povo nos deuses do Egito.

Estas terríveis pragas tinham por objetivo conduzir Faraó ao arrependimento e revelar que
Yahweh é o único verdadeiro Deus, o Rei soberano no universo. Faraó, era o título dado ao rei do Egito,
e ele se auto intitulava “filho de Rá”, como um deus. Além do deus falso Rá, os egípcios criam em um
panteão de outros deuses que eram tidos como os responsáveis pela vida, fertilidade, imortalidade, etc.
Sendo que os israelitas foram reduzidos à escravidão por muitos anos, os egípcios, por meio do seu
contato com eles, tiveram uma oportunidade de conhecer sobre o verdadeiro Deus. As orações dos
israelitas, que clamavam por libertação da opressão, haviam ascendido aos céus, e Yahweh os ouviu.
Moisés e Arão eram irmãos, e foram enviados por Deus para anunciar os juízos iminentes que cairiam
sobre o Egito caso Faraó e seus oficiais não permitissem que os hebreus saíssem para adorar o Senhor
no deserto.
O objetivo das 10 pragas era revelar a grandeza, poder e soberania de Yahweh como único e
verdadeiro Deus, em contraste com as falsas deidades egípcias. Faraó devia reconhecer e confessar que
o Deus dos hebreus era supremo e que o Seu poder estava acima do rei do Egito e da nação que ele
governava (Êxodo 9:16; 1 Samuel 4:8). As pragas foram juízos contra os egípcios, seus deuses e sua
falsa religião (Êxodo 12:12). Como foi que isso aconteceu? Por que águas se transformaram em sangue?
Por que pragas como infestações de rãs, piolhos e moscas aconteceram? Por que houve pestes no
rebanho, feridas malignas nos egípcios, chuva de pedras, infestação de gafanhotos, escuridão e morte
dos primogênitos? Existe algum significado para tudo isso?

1) Água em sangue (Êxodo 7:14-24)

Cada uma das dez pragas foi dolorosamente literal e dirigida contra algum aspecto da religião
falsa. A primeira praga, a transformação do Nilo e de todas as águas do Egito em sangue, foi uma ofensa
ao deus Nilo (personificação de Hápi), que se acreditava ser o deus da fertilidade. Tal praga resultou na
morte de peixes e, portanto, um duro golpe contra a religião egípcia que venerava algumas espécies de
peixes (Êxodo 7:19-21).

2) Rãs (Êxodo 8:2-14)

As rãs eram animais sagrados para os egípcios. Um de seus ídolos, a deusa Heqet tinha cabeça
de rã, e que se supunha ter poder criador. Embora o principal propósito desta praga fosse punir os
opressores de Israel, também atrairia desprezo por seus muitos deuses pagãos. A grande multiplicação
de rãs fez com que a deusa Heqet parecesse maligna. Ela atormentou o povo que lhe era tão devoto. As
superstições dos egípcios os obrigaram a respeitar as criaturas que a praga lhes fez odiar, e que, se não
fossem deidades, teriam destruído (Êxodo 8:2-14).

3) Piolhos (Êxodo 8:16-19)

Na terceira praga Arão estendeu a mão com o seu bordão e feriu o pó da terra que se tornou em
piolhos que infestaram nos homens e no gado e por toda a terra do Egito. Os magos egípcios tentaram
reproduzir tal feito, mas reconheceram a sua impotência e disseram: “Isto é dedo de Deus” (Êxodo 8:19).
Atribuía-se ao deus Tot a criação do conhecimento, da sabedoria, da arte e da magia, mas nem mesmo
esta divindade pôde ajudar os magos a imitar a terceira praga. Este foi mais um golpe contra a falsa
religião do Egito.

4) Moscas (Êxodo 8:20-32)

Novamente foi dada a chance para que faraó reconhecesse o Deus verdadeiro e se
arrependesse, deixando os hebreus partirem para servirem ao Senhor. A quarta praga consistia em
enxames de moscas que infestariam todo o Egito. Um novo elemento é introduzido a partir dessa praga –
a distinção entre os Egípcios e os adoradores do verdadeiro Deus (Êxodo 8:22). Enquanto as casas dos
egípcios eram infestadas pelos enxames de moscas, os israelitas na terra de Gósen não foram atingidos
(Êxodo 8:23, 24). Mais uma vez a falsa religião egípcia é derrotada. A separação entre israelitas e
egípcios constituía uma evidência adicional do caráter miraculoso dos juízos divinos, planejados de modo
a impressionar as pessoas de que Deus não era uma deidade local ou mesmo nacional, mas que possuía
um poder que se estendia a todos os povos. Os egípcios, que estudavam o curso dos eventos durante
essas semanas ou meses fatídicos, devem ter reconhecido a autoridade suprema do Deus de Israel
sobre o Egito, bem como sobre os próprios hebreus.
5) Peste sobre bois e vacas (Êxodo 9:1-7)

Foi anunciado com antecipação o dia em que o juízo divino cairia sobre o rebanho egípcio, em
forma de pestilência sobre os animais. Novamente há uma linha de separação entre os hebreus e os
egípcios. Do rebanho de Israel nenhum animal foi atingido, enquanto que todo o rebanho dos egípcios
morreu (Êxodo 9:6, 7). Esta praga certamente atingiu a crença em divindades muito populares no Egito
Antigo: Ápis (deus sagrado de Mênfis, da fertilidade dos rebanhos); Hator (deusa-vaca, deusa celestial);
Nut (algumas vezes representada como uma vaca). (Êxodo 9:1-7).

6) Feridas sobre os egípcios (Êxodo 9:8-12)

Até aqui os magos egípcios estiveram presentes quando os milagres eram realizados, embora
tivessem falhado algumas vezes em produzir sua contrafação. Nesta ocasião a praga caiu sobre eles
com tamanha severidade que não podiam continuar com o rei. Em vez disso, fugiram para suas casas,
em busca de proteção e tratamento. Novamente houve clara distinção entre os egípcios e os hebreus.
Nenhum poder mágico ou sobrenatural pôde protegê-los.

7) Chuva de pedras (Êxodo 9:13-35)

Foi fixado o tempo para o começo da praga (chuva de pedras), que deveria cair sobre o Egito no
dia seguinte, caso o faraó não se arrependesse e não deixasse sair os hebreus. Este tempo testificaria
ao rei que Yahweh é Senhor da Terra e dos céus, e que as forças da natureza e todos os objetos da
idolatria egípcia eram criaturas de Seu poder sujeitas à Sua vontade. Esses elementos, considerados
pelos egípcios como seus deuses, longe de serem capazes de ajudá-los, estavam sob o controle do Deus
de seus inimigos, e Ele os usaria como instrumentos para punir aqueles que os adoravam. Como Deus se
aborrece com a idolatria! Mesmo em meio ao castigo Deus mostrou misericórdia, advertindo os egípcios
de seu destino iminente e avisando-lhes que protegessem a si mesmos e suas propriedades. Se o faraó e
seus servos tivessem aceitado o aviso dado de maneira tão misericordiosa, a vida de homens e de
animais teria sido poupada. Mas o aviso não foi considerado, e houve grandes perdas. O verso 20 insinua
que havia egípcios que tinham aprendido a temer a Deus, talvez ainda não O conhecessem como o único
Deus verdadeiro, mas apenas como Alguém a quem convinha respeitar. A forte saraivada envergonhou
os deuses considerados como tendo controle sobre os elementos naturais; por exemplo, Íris – deus da
água e Osíris – deus de fogo.

8) Gafanhotos (Êxodo 10:1-20)

A praga dos gafanhotos destruiu toda a vegetação que havia sobrado da devastadora chuva de
pedras e demonstrou que Yahweh tinha controle absoluto sobre todos os elementos da natureza. O juízo
divino era mais uma demonstração de que a crença egípcia em deuses que, se supunha, garantiam
abundante colheita, eram falsos. Deus encheu o ar e a terra de gafanhotos e os deuses egípcios (Xu –
deus do ar e Sebeque – deus-inseto) não puderam fazer nada para impedir (Êxodo 10:12-15).

9) Escuridão total (Êxodo 10:21-23)

O Egito ficou em uma escuridão tão densa que não era possível enxergar as pessoas e se
estendeu por 3 dias. Mas na casa dos hebreus havia luz (Êxodo 10:23). Como as pragas anteriores, essa
desferiu um forte golpe nos deuses egípcios. O deus-sol tinha sido o principal no Egito por séculos, e todo
rei chamava a si mesmo de “filho de Rá”. Na época de Moisés, esse deus era identificado com Amon e
tinha o nome de Amon-Rá. Os maiores templos que o mundo já viu foram construídos em sua honra, e
um deles, o grande templo em Karnak, no alto Egito, é ainda magnificente, mesmo em ruínas. Outro deus
era o disco sol Aton, que poucas décadas depois do Êxodo tornou-se o deus supremo do sistema
religioso egípcio. Por ocasião da nona praga, a completa impotência desses deuses estava demonstrada
claramente aos seus adoradores.

10) Morte de todos os primogênitos (Êxodo 11-12)

Este golpe cairia sobre os primogênitos dos homens e dos animais. Deus não desejava
exterminar os egípcios e seu gado, mas apenas convencê-los de que a oposição ao Seu propósito para
Israel não seria mais tolerada. A morte dos primogênitos causou o maior vexame para a religião do Egito.
“Porque, naquela noite, passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos,
desde os homens até aos animais; executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o SENHOR”
(Êxodo 12:12). Os governantes do Egito chamavam a si mesmos de “filhos de Rá”, e se
autoproclamavam divinos. A morte dos primogênitos foi uma grande humilhação. Certamente
pressionado pela demanda popular, faraó enviou seus principais oficiais, ainda enquanto era noite, para
chamar os odiados líderes hebreus, aos quais havia dito nunca mais vê-los (Êxodo 12:31). A rendição de
faraó foi completa. Ele não apenas ordenou que deixassem o país e levassem tudo o que possuíam,
como também pediu algo que os dois irmãos não poderiam imaginar: “Levai também convosco vossas
ovelhas e vosso gado, como tendes dito; ide-vos embora e abençoai-me também a mim” (Êxodo 12:32).

Se as palavras de Moisés e Arão tinham trazido maldição, deve ter suposto que poderia ser que
trouxessem bênção. Não se sabe como seu pedido foi recebido, mas o fato de ter sido feito é um forte
indício de quão subjugado estava seu orgulho.

O Êxodo foi a libertação da escravidão do povo hebreu do domínio egípcio. Este evento é uma
prefiguração que aponta para uma libertação muito maior realizada por Jesus Cristo – a libertação do
pecado. Da mesma maneira como Deus conduziu Seu povo no passado, “com mão forte”, Ele também
deseja nos conduzir à Canaã celestial. Por isso devemos caminhar humildemente com Deus, hoje, e
todos os dias, e quando Cristo voltar, estaremos com Ele por toda a eternidade!

A peregrinação pelo deserto

A Chegada à Canaã

Josué e o Panorama da Conquista

De Juizes à Reis

A formação das tribos

A formação de Israel como povo, nasceu da experiência do Êxodo, seguida da posse da


terra de Canaã. Essa experiência foi fruto de uma parceria entre o Deus libertador e o povo oprimido.
Ele fez uma Aliança com o povo: “Eu serei o teu Deus e tu serás o meu povo”. Na grande Assembléia de
Siquém (Js 24) o povo celebra e assume a Aliança de Deus, fazendo memória do seu passado, quando
Moisés conduzia com os anciãos, as mulheres e Josué o processo da libertação realizada por Deus. Em
Siquém as tribos (12 Comunidades) assumiram pra valer o projeto igualitário de Deus e segundo o livro
de Josué, se organizaram na Terra Prometida, que corre leite e mel, da seguinte forma: Na Transjordânia,
se instalaram as tribos de Rúben, Gad e parte da tribo de Manasses (Cf. Js 13,8-33). Na Cisjordânia, de
sul a norte, temos as tribos de Simeão, Judá, Dã, que mais tarde imigrou para o norte (Cf. Jz 18),
Benjamim, Efraim e parte de Manasses, Issacar, Zabulon, Aser e Neftali (Cf. Js 14-19).

Cada tribo tinha o seu jeito de viver, celebrar e cultuar a Deus, fazendo memória da ação do Deus
libertador na vida do povo. Os juízes eram homens e mulheres que cuidavam de zelar pela fé e
pela defesa do povo. Os levitas eram encarregados do culto e da transmissão das tradições. Cada tribo
era formada por clãs (grupo de 50 famílias próximas e aparentadas) que eram coordenadas pelos chefes
de famílias. Havia o Conselho das Tribos onde todas estavam representadas. O que unia as tribos eram a
fé em Deus e a Aliança do Deus libertador do Êxodo.

Mas como viviam as tribos dentro de Canaã, terra dos cananeus e filisteus e outros povos
menores? Quais eram as características do sistema cananeu e egípcio e quais as características do
sistema das tribos?

Sistema Egípcio e Cananeu

 Sociedade desigual (rei, funcionário, notáveis, soldados, camponeses e artesãos) Js 11-12


 Exploração da força de trabalho (a terra e a produção pertencem ao rei) Ex 5,6-18
 Poder centralizado no rei (o rei é dono de tudo e quem decide tudo) 1Sm 8,10-17
 Exército estável e mercenário (garante o poder do rei e repreende o povo) 1Sm 8,11-12
 As leis defendem os interesses do rei e do Estado. Ex 1,8-10.22; 5,06-9
 Vários deuses como, Baal, Astarte, Asera. Js 24,14-15
 Centralização do culto no mito. 1Sm 5; 1Rs 11,1-8
 Sacerdotes e sacerdotisas a serviço do sistema. Gn 47, 20-22

Sistema Tribal

 Sociedade igualitária organizada a partir da família, patriarcas, clãs, tribos. Nm 1,1-23,34


 Autonomia produtiva. As terras é divididas de acordo com as famílias e as necessidades. É
proibido acumular (Cf. Ex 16), o povo celebra o ano jubilar e o ano sabático. Lv 25; Dt 15,1-8
 Poder participativo. As decisões são tomadas pelos anciãos, e as grandes decisões em
assembléias do povo. Ex 18,13-27; Nm 11,16-25; Js 24
 Exército ocasional. Só para defender as tribos e quando há inimigos comuns. Depois se desfaz o
exército. Jz 4, 6-10.
 As leis defendem a igualdade e a liberdade. Ex 20,2-17; Dt 5, 6-21.
 Fé no único Deus libertador, Deus. Ex 3, 1-15; 22,20-26; Dt 24, 6-22.
 Culto centralizado para celebrar a vida e a história. EX 19,1-18; Dt 26,1-11; Js 24; Jz 17.
 Sacerdotes-levitas a serviço do povo. Não possui terras e vivem da caridade alheia. Nm 18, 20;
35, 1-8; Dt 12,12.18-19; 14, 27; Js 13,14.

Mas entre as tribos esse sistema igualitário só durou 200 anos. Muitos fatores contribuíram para que a
sociedade igualitária não desse certo. O resultado foi viver como os povos visinhos: o sistema dos reis.
Quais os fatores que contribuíram para que não desse certo a sociedade igualitária?

Causas externas

 Os reis das redondezas queriam dominar Israel e cobrar impostos. Jz 3,8.12-14; 4,1-2; 6, 1-6;
10,6-9.
 A maior ameaça era os filisteus que eram contra as tribos porque seu jeito de viver denunciava
as injustiças deles na sociedade.1Sm 4-7; 16-17.
 A modernidade nas cidades dos reis: tinha ferramenta de ferro, carros puxados a cavalo, etc.
1Sm 13, 19-23. Assim os reis monopolizavam o povo e o comercio.

Causa internas

 Corrupção das lideranças. 1Sm 2,12-17; 8,1-3.


 Desigualdades sociais. As diferenças entre os clãs e as tribos foram aumentando, através da
acumulação das terras, técnicas modernas de aragem das terras e disputas das lideranças. Jz 8,
22-27; 9; 17,6; 18,1; 21, 25.
 Pobreza do povo nas tribos. Rt 2

Diante dessa situação, alguns juízes tentaram viver conforme o sistema dos reis, a realeza. Vejam os
seguintes textos: Jz 8, 22-23 (Gedeão) e 9,1-17ss (Abimaleque), mas não havia tempo e forças favorável
como podemos perceber no texto. Daí todos faziam o que achava melhor, conforme foi dito acima.
Confira Jz 21,25. Tudo isso leva o povo a pedir um rei. A pedir o sistema dos reis. Isso era contrário ao
projeto de liberdade de Deus e sua aliança. Porém o povo estava obstinado e Deus aceitou a vontade do
povo. Confira os textos Dt 17, 14-20 e 1Sm 8.

O que faz o rei? Qual o direito do povo e do rei? Quem pede um rei? Quem deveria ser o rei?

Diante dessa situação nasce no meio do povo o sistema dos reis, mas Deus também providencia
outra forma de orientar o povo e conduzi-los segundo o seu projeto: os profetas.

Profetas eram pessoas enviadas por Deus para chamar a atenção do rei e do povo, para a Aliança.
Ele anunciava os “oráculos de Deus” e denunciava as injustiças dos reis e os pecados (quebra da
aliança, idolatria, costumes) do povo. Chamava o povo para o caminho de Deus, conforme as orientações
do próprio Deus.

O que faz um profeta? Leia Dt 18, 9-22 e compare com 1Sm 12. Veja ainda 2Sm 7, 1-17; 12, 1-15 e
1Rs 18,17-40. Veja a ação do profeta.

Durante o período dos juízes vemos a ação da profetisa Débora (Cf. Jz 4-5), de uma anônima (Cf.
Jz 6,8) e a figura do ultimo juiz e primeiro profeta, Samuel (1Sm 3,20; 9,9; 2Cro 35,18). Primeiro no
contexto do sistema dos reis.

Durante o reino unido, é forte a presença de Samuel (1Sm 8-17s) no tempo de Saul; de Natã
(2Sm 7,2s; 12,1; 1Rs 1, 11) e Gad (1Sm 22,5; 2Sm 24, 11s) no tempo de Davi. Natã ainda marca
presença decisiva no início do reinado de Salomão.

Observando o livro dos Salmos, percebemos que, o povo cantará os temas do êxodo, a aliança, a
vida no deserto, a vida tribal e a presença de Deus, bem como, a terra como dom de Deus e o templo
como símbolo de Sua presença, no período do rei Salomão. Porém e por outro lado, é no período do
reino unido, principalmente entre Davi e Salomão, que o povo viverá a mesma situação de escravidão
como viveu no Egito. Diferenciado apenas “pelos trabalhos forçados” sob “os chicotes dos capatazes”. O
sonho da sociedade igualitária vivida pelas tribos aos poucos vai se desfazendo, como havia alertado o
profeta Samuel (1Sm 8) e o povo vai se dividindo. Nasce outra realidade que será a divisão do reino e do
povo.

Também os profetas posteriores, vêem nos temas do êxodo, da aliança, da vida no deserto e da
vida tribal sua principal fonte de motivação para sua pregação junto ao povo. Pois, desse período, é
marcante para o povo o amor de Deus e seu ato libertador. Daí, porque encontramos no trabalho dos
profetas referências constante a esses temas. Tais temas constituem a “saga originária” de Israel como
“Povo de Deus”.

A divisão das Tribos


Com a morte de Salomão, uma facção liderada por Jeroboão viu nesta uma oportunidade para
resgatar Israel do poderio de Judá. A aclamação de Jeroboão significou a divisão indissolúvel entre Judá
(e Benjamim) e as demais 10 tribos, uma vez que o filho de Salomão, Roboão, foi confirmado rei em
Jerusalém. Formou-se assim os reinos de Judá, ao sul, com sede em Jerusalém, e Israel, ao norte, com
capital em Samaria.
Neste período, as tribos de Judá e Benjamim aparecem quase inteiramente fundidas entre si (ou
seja, as referências a Benjamim desaparecem, embora seu território e suas cidades estivessem no
coração do território de Judá), e o mesmo acontece com as outras 10 tribos do norte. Dentre as tribos do
norte, ainda se observam traços de individualidade na meia-tribo de Manassés, mas de maneira geral não
há mais distinção física ou cultural entre elas. A partir deste momento, as 12 Tribos de Israel passaram a
ser uma alegoria, referindo-se ao seu estágio original de união em nome de Deus, representando o ideal
do povo hebreu, especialmente no Novo Testamento, e não mais entidades políticas diversas.
De qualquer modo é possível que o sistema de tribos tenha permanecido, mesmo que apenas ao
nível familiar devido à tradição de traçar genealogias, remetendo indivíduos aos filhos de Jacó.
O cativeiro babilônico
As conquistas assírias no século VIII a.C. abriram caminho para a conquista do reino do norte de
Israel. A queda de Samaria significou o fim do estado Israelita. Seu povo, ou aqueles que sobreviveram,
foram deportados para a Assíria e redistribuídos por todo seu território. Neste momento, as 10 tribos do
norte desapareceram por completo do relato bíblico. O mais provável é que qualquer traço de união tribal
tenha desfalecido com a fragmentação das comunidades israelitas, e que os hebreus que sobreviveram
ao processo tenham se unido a estrangeiros e abandonado suas tradições.
A tribo remanescente: Judá e os judeus
Apesar da queda de Jerusalém, menos de 2 séculos depois, os descendentes de Judá,
Benjamim e Levi ao serem levados ao exílio no reino da Babilônia, mantiveram fortes laços culturais entre
si. É possível que tivessem mantido esta união graças às profecias do profeta Jeremias, que previu que o
exílio duraria 70 anos, e que o povo seria libertado e mandado de volta a Jerusalém ao final deste
período; a fé conjunta na realização da profecia teria mantido a tradição destas tribos intacta, se não
fortalecida. É no período de exílio que surge pela primeira vez de maneira consistente o termo judeu, se
referindo a todos os membros da tribo de Judá.
A volta do cativeiro
Passado o tempo previsto por Jeremias, Ciro, o Grande conquistou a Babilônia, e enviou os
judeus de volta à Terra de Israel, designando para eles a província de Yehud, de maneira geral, o mesmo
território do antigo reino de Judá. Os judeus ali habitaram até o século II da Era Cristã. Sua religião
passou a se chamar "judaísmo", a prática religiosa de Judá (distinta havia muito das práticas religiosas
mais populares no Reino de Israel).
Entre o fim do exílio babilônico e a diáspora, os judeus nutriram um forte senso de união e
resistência a dominação estrangeira, tão forte que, mesmo após sua expulsão definitiva da Terra de
Israel pelos romanos, os judeus mantiveram laços entre as distantes comunidades formadas por
toda Ásia, norte da África e Europa, verdadeiras redes através das quais sobreviveram suas tradições.
Durante este período, o termo "judeu" significando um seguidor da religião judaica suplantou o significado
tribal do termo, e muitos estrangeiros de origem não semítica se declaravam judeus. De toda forma,
através dos judeus e do judaísmo, a tradição da tribo de Judá sobreviveu até os dias de hoje.
Período Interbíblico
Ao lermos o último livro do Antigo Testamento (Malaquias) e iniciarmos a leitura do primeiro livro
do Novo Testamento (Mateus), não imaginamos que entre esses dois livros há um período muito
importante a ser estudado, porém pouco conhecido e ensinado nas igrejas.

Um período de 400 anos marcado pelo silêncio da era profética, esse mesmo período merece
total atenção, pois se quisermos compreender melhor o Novo Testamento e as mudanças que ocorreram
no mundo entre os anos 397 - 6 a.C. teremos que nos voltar a ele e observar os fatos e acontecimentos
ali presentes, além de suas contribuições para o desenvolvimento do cristianismo.
A impressão que temos, quanto ao povo escolhido por Deus, é que depois de Malaquias
nenhuma obra literária fora produzida até a época dos apóstolos. Essa impressão é equivocada.
Concordamos que nenhuma obra inspirada por Deus fora produzida, somente obras de cunho humano
visando suprir a escassez da revelação divina com o propósito de consolar o povo e manter a unidade
entre eles diante da dispersão desde Nabucodonosor.

Foi no decorrer do Período Interbíblico que a literatura apócrifa surgiu. Esses livros foram
incluídos no cânon da Septuaginta e Vulgata Católica Romana e constituem o que hoje chamamos de
Apócrifos, que significa “livros ocultos, escondidos” não reconhecidos pelos cristãos como sendo
inspirados ou legítimos por Deus.

Temos ainda, em adição aos apócrifos, os escritos judaicos extrabíblicos escritos sob um
suposto nome e conhecidos como “Pseudoepigráficos”. Eram obras escritas com os nomes de líderes do
passado (Enoque, Baruque, Esdras, etc).

A Expressão “400 Anos de Silêncio”, frequentemente empregada para descrever o período entre
os últimos eventos do A.T. e o começo dos acontecimentos do N.T. não é correta nem apropriada.
Embora nenhum profeta inspirado se tivesse erguido em Israel durante aquele período, e o A.T. já
estivesse completo aos olhos dos judeus, certos acontecimentos ocorreram que deram ao judaísmo
posterior sua ideologia própria e, providencialmente, prepararam o caminho para a vinda de Cristo e a
proclamação do Seu evangelho.

O Novo Testamento
O Novo Testamento está inserido em um período de dominação romana na palestina. Eram
diversos os grupos sociais nos tempos de Jesus. Tais grupos disputavam entre si o poder e havia desde
quem defendia revolução armada contra os romanos até aqueles que lutavam pela sua subserviência.

Entre os grupos que compunham a sociedade do período do Novo Testamento se destacam os


seguintes:

Fariseus

O grupo maior e mais importante é o chamado os fariseus. A palavra em si significa


“separatistas”, tendo sido, provavelmente, aplicada como expressão de escárnio aos oponentes. Eles
fizeram seu primeiro aparecimento definido como um grupo com este nome durante a época de João
Hircano I. Alguns estudiosos dizem que o termo foi pela primeira vez usado quando alguns judeus
piedosos “se separaram” de Judas Macabeu, depois de 165 a.C. É mais provável que eles foram os
sucessores dos “hasidins”, que se haviam empenhado em “separar-se” do pecado, e na “separação”
(interpretação) das Escrituras, durante as reformas de Esdras e Neemias.
Seja qual for sua origem, os fariseus foram o resultado final do movimento que teve seus
primórdios com Esdras, intensificado pelos hasidins, sob os sírios e romanos. Eles representam aquela
tendência, no judaísmo, que sempre reagiu contra dominadores estrangeiros, mantendo o exclusivismo
judaico e a lealdade à tradição dos pais. Pouco se interessavam no poder político, mas se tornaram os
mentores políticos de Israel. Eles tinham maior controle sobre o povo do que os saduceus, que eram mais
abastados e politicamente poderosos. Controlavam a sinagoga, e só eles sobreviveram à Guerra Judaico-
Romana de 66-70.
Devido à sua profunda reverência para com os ideais nacionais e religiosos judaicos, e devoção
aos mesmos, os fariseus se opuseram à introdução das idéias gregas, e não deixou de ser natural que se
tornassem o partido reacionário. Para eles, as coisas velhas eram as únicas coisas boas. Num desejo
sincero de tornar a lei praticável dentro do mundo greco-romano em mudança, os fariseus aderiram ao
sistema da tradição dos pais. Começando com as Escrituras, eram feitas interpretações para se ajustar
uma situação existente ou combater um erro em teologia. Nas tentativas de responder a problemas
levantados por religiões intrusas, muitas idéias dormentes no Velho Testamento foram desenvolvidas e
aumentadas. Entre essas doutrinas desenvolvidas durante esses 400 anos estão a ressurreição dos
mortos, os demônios, os anjos e a esperança messiânica.
Para o fariseu, a tradição oral suplantou a lei. Este era o principal ponto em que divergiam dos
saduceus, que não viam nenhuma necessidade de alterar-se a lei. Os fariseus diziam que as finas
distinções das tradições orais eram para facilitar o cumprimento da lei sob novas condições e tornar
virtualmente impossível pecar-se. Eles também colocavam uma forte ênfase sobre a providência divina
nos assuntos do homem.
Saduceus
Embora a origem da seita esteja perdida na obscuridade, o nome pode ter-se derivado de um
certo Zadoque, que sucedeu Abiatar como sumo sacerdote durante os dias de Salomão. Pode ter vindo
da palavra hebraica “zoddikim”, que significa “os justos”. Os saduceus gabavam-se de sua fidelidade à
letra da lei mosaica, em contradistinção à tradição oral. Este era o partido da aristocracia e dos
sacerdotes abastados. Eles controlavam o sinédrio e qualquer resquício de poder político que restava.
Eram os colaboracionistas, a tendência que favorecia o poder estrangeiro e que se alinhava com ele pelo
poder. Também controlavam o templo. O sumo sacerdote era sempre o líder deste grupo. Era um grupo
fechado e não procurava prosélitos, como o faziam os fariseus.
Teologicamente conservadores (diziam),limitavam o cânon à Torah ou Pentateuco. Rejeitavam
as doutrinas da ressurreição, demônios, anjos, espíritos, e advogavam a vontade livre, em lugar da
providência divina. Este grupo não sobreviveu à Guerra Judaico-Romana de 66-70.
Zelotes
Os zelotes representavam o desenvolvimento na extrema esquerda entre os fariseus. Estavam
interessados na independência da nação e sua autonomia, ao ponto de negligenciarem toda outra
preocupação. Segundo Josefo, o fundador foi Judas de Gamala, que iniciou a revolta sobre o censo da
taxação, em 6 d.C. Seu alvo era sacudir o jugo romano e anunciar o reino messiânico. Eles precipitaram
a revolta em 66 d.C, que levou à destruição de Jerusalém em 70. Simão, o zelote, foi um dos apóstolos.
Essênios
Estes representavam o desenvolvimento na extrema direita entre os fariseus. Eram uma ordem
distinta, na sociedade judaica, mais que uma seita dentro dela. Sendo o elemento mais conservador dos
fariseus, eles enfatizavam a observação minuciosa da lei. Formavam uma comunidade ascética ao redor
do Mar Morto, e viviam uma vida rigidamente devota. Eram a sobrevivência dos hasidins mais estritos,
influenciados pela filosofia grega. A partir dos documentos de Qumram, parece que eles aguardavam um
messias que iria combinar as linhagens real e sacerdotal, numa estrutura escatológica. Apesar deste
grupo não ser mencionado diretamente no Novo Testamento, provavelmente João Batista sofreu
influencia dos Essênios pelo seu modo de vida ascético.
Herodianos
Os saduceus da extrema esquerda eram conhecidos como os herodianos. Tirando o nome da
família de Herodes, eles baseavam suas esperanças nacionais nessa família e olhavam para ela com
respeito ao cumprimento das profecias acerca do Messias. Eles surgiram em 6 d.C, quando Arquelau,
filho de Herodes, o Grande, foi deposto, e Augusto César enviou um procurador, Copônico. Os judeus
que favoreciam a dinastia herodiana eram chamados “herodianos”. Este grupo é mencionado em Mateus
22:16 e Marcos 3:6; 12:13.

Os evangelhos
A produção do Novo Testamento, diferentemente do que se pensa, não inicia pelos evangelhos.
Os primeiros escritos são as cartas pastorais endereçadas as igrejas da época, sendo o escrito mais
antigo do Novo Testamento, a carta à Filemom. Contudo, ao se espalhar a cristandade, se faz necessário
produzir um relatos ordenados dos eventos que haviam se sucedido entre os apóstolos, uma narrativa
sucinta dos fatos que se deram entre eles. Para isso, haviam muitas tradições orais entre os primeiros
cristãos e uma possível Fonte, escritos espalhados que continham relatos de testemunhas oculares dos
milagres de Jesus, sua vida, ministério, morte e ressurreição dos mortos. Esta Fonte, chamada de Q, ou
Fonte Q, é uma conjectura, porém muito plausível.

O primeiro Evangelho a ser produzido foi o Evangelho de Marcos. Marcos serve de base para
Matheus e esses dois à Lucas. João é uma obra a parte.

João Batista, o ultimo profeta da Antiga Aliança


Todos os evangelhos relatam a história de João Batista. Rompendo o silêncio de Deus por
quase 400 anos, nos quais Deus não falou por intermédio de profetas, João aparece no deserto pregando
o arrependimento pelo batismo e a vinda do Messias. O costume de batizar para arrependimento era
habito comum entre os essênios, o que João Batista trás de novo era o anuncio da vinda súbita do
Messias.

O messianismo era crescente na sociedade do inicio do Novo Testamento. A opressão dos


Romanos fazia crescer ideais imaginários de um Messias restaurador da dinastia davidica, que expulsaria
os invasores romanos. Anunciar o messias nos tempos de João Batista fazia convergir os interesses de
vários grupos sociais, daí a aceitação da mensagem de João por muitos do povo. Porém, esses ideais
são confrontados no momento da aparição de Jesus. Até hoje, existem grupos em Israel que crêem
apenas em João Batista, não crendo que Jesus é o Cristo.

João Batista, por fim, batiza o próprio Jesus nas águas do Rio Jordão e momentos depois é
aprisionado por Herodes, sendo por fim morto a pedido de Salomé, filha de Herodiades, Mulher de
Herodes.

Jesus e sua mensagem


A pregação de Jesus não revelou o messias armado, conquistador e pronto para guerrear que
muitos esperavam. Pelo contrário, sua pregação revoluciona pelo Amor por todos os homens, perdão aos
inimigos, e inclusão dos segregados pela sociedade. Esta mensagem incomodou grupos dos mais
diversos pois colocava em cheque os princípios nacionalistas de grupos de grande influencia como os
fariseus. Além disso, Jesus não poupou criticas as autoridades políticas e religiosas do povo,
contrastando suas práticas com seu discurso.

O envio dos 70
Em continuidade à missão de João Batista, que foi morto a mando de Herodes, Jesus envia 70
discipulos para irem adiante dele pelas aldeias e cidades.

O número 70 é simbólico, pois era o numero de nações conhecidas na época. Ao enviar 70,
Jesus está anunciando a evangelização mundial através dos seus discípulos.

A Morte e Ressurreição de Jesus


No Novo Testamento há três grupos de eventos relacionados à morte e ressurreição de
Jesus: crucificação e sepultamento, no qual Jesus é colocado num novo túmulo após a sua
morte, descoberta do túmulo vazio e as aparições após a ressurreição.
Todos os quatro evangelhos afirmam que, no final da tarde do dia da crucificação, José de
Arimateia pediu a Pilatos permissão para levar o corpo de Jesus e que, após ter sido atendido,
José retirou o corpo da cruz, envolveu-o numa mortalha de linho e o colocou no túmulo.[18]Este ritual
estava de acordo com a Lei Mosaica (Deuteronômio 21:22-23), que afirmava que uma pessoa enforcada
numa árvore não deve ficar lá à noite e deve ser enterrada antes do pôr-do-sol.
Em Mateus, José de Arimateia foi identificado como sendo «...também discípulo de
Jesus» (Mateus 27:57); Marcos acrescenta que ele era um «...ilustre membro do sinédrio, que também
esperava o reino de Deus» (Marcos 15:43). Lucas diz que ele era «...membro do sinédrio, homem bom e
justo (que não anuíra ao propósito e ato dos outros), de Arimateia, cidade dos judeus, o qual esperava o
reino de Deus.»(Lucas 23:50-51). Finalmente, João apenas identifica-o como «discípulo de Jesus» (João
19:38).
O Evangelho de Marcos afirma que, quando José pediu o corpo de Jesus, Pilatos ficou
espantado por Jesus já estar morto e enviou um centurião para confirmar a morte antes de entregar a
José o corpo. João relata que José teve o auxílio de Nicodemos, que trouxe uma mistura
de mirra e aloés, misturando os perfumes na mortalha, como era o costume dos judeus.
Os trechos em itálico abaixo, do Novo Testamento, comentam sobre a morte e ressurreição de
Jesus e o período no qual ele esteve no túmulo:
O apóstolo Pedro dá um sermão cinquenta dias após a ressurreição no qual ele afirma: «Irmãos, é-me
permitido dizer-vos ousadamente acerca do patriarca David, que ele morreu e foi sepultado, e o seu
túmulo está entre nós até hoje. Sendo, pois, profeta, e sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos
seus descendentes seria colocado sobre o seu trono; prevendo isto, Davi falou da ressurreição de Cristo,
que nem foi deixado no Hades, nem o seu corpo viu a corrupção.» (Atos 2:29-31)
Pedro, agora em sua primeira epístola, diz: «Assim também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o
justo pelos injustos, para nos levar a Deus, sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no Espírito,
no qual também foi pregar aos espíritos em prisão.» (I Pedro 3:18-20)
Estas passagens formam a base teológica que sustenta a frase "Ele desceu ao inferno" que
consta no Credo dos Apóstolos e deu origem a tradição da Descida de Cristo ao Inferno.
Embora nenhum evangelho apresente um relato que inclua todos os episódios sobre a ressurreição
e as aparições, eles concordam em quatro pontos:

1. A atenção dada à pedra que fechava a entrada do túmulo.


2. A ligação da tradição do túmulo vazio com a visita das mulheres "no primeiro dia da semana".
3. Que Jesus ressuscitado escolheu aparecer pela primeira vez para mulheres (ou mulher) e pedir-
lhes (ou lhe) que proclamassem este importante fato para os discípulos, incluindo Pedro e os
demais apóstolos;
4. A proeminência de Maria Madalena;
Já as diferenças aparecem em torno da hora precisa da visita ao túmulo, o número e identidade das
mulheres; o propósito da visita; a aparição de outros mensageiros - angélicos ou humanos, a mensagem
deles para as mulheres e a resposta delas.
Os quatro evangelhos relatam que as mulheres foram as primeiras a encontrar o túmulo vazio,
embora o número varie de uma (Maria Madalena) até um número não especificado. De acordo com
Marcos e Lucas, o "anúncio" da ressurreição de Jesus foi feito primeiro às mulheres, enquanto que em
Mateus e João, Jesus de fato "apareceu" primeiro para elas. Especialmente nos evangelhos sinóticos, as
mulheres tiveram um papel central como testemunhas da morte, sepultamento e na descoberta do túmulo
vazio.
Após a descoberta do túmulo vazio, os evangelhos relatam que Jesus apareceu diversas vezes para
os discípulos. Entre elas estão a aparição para os discípulos no cenáculo, onde Tomé não acreditou até
ser convidado a por seus dedos nas chagas de Jesus, a aparição na estrada para Emaús e no Mar da
Galileia para encorajar Pedro a servir seus seguidores. Sua aparição final ocorreu quarenta dias após a
ressurreição, quando Jesus ascendeu ao céu, onde ele está com o Pai e o Espírito Santo até o dia do seu
retorno.
Logo depois, na estrada para Damasco, Saulo de Tarso se converteu ao cristianismo (e trocou seu
nome para Paulo) com base numa visão que teve de Jesus e se tornou um dos mais importantes
missionários e teólogos da religião nascente.
O Surgimento da Igreja
"Igreja" é uma palavra de origem grega escolhida pelos autores da Septuaginta (a tradução
grega da Bíblia Hebraica) para traduzir o termo hebraico q(e)hal Yahveh, usado entre os judeus para
designar a assembleia geral do "povo do deserto", reunida ao apelo de Moisés. Etimologicamente, a
palavra grega ekklesia é composta de dois radicais gregos: ek, que significa para fora, e klesia, que
significa chamados.

Na Bíblia, encontramos muitas imagens que mostram aspectos complementares do mistério da


Igreja. O Antigo Testamento privilegia imagens ligadas ao povo de Deus; o Novo Testamento, a Cristo
como cabeça desse povo, que é o seu corpo e tiradas da vida pastoral (aprisco, rebanho, ovelhas),
agrícola (campo, oliveira, vinha), de moradia (morada, pedra, templo), familiar (esposa, mãe, família).
A palavra "Igreja" aparece no Novo Testamento pela primeira vez no livro em Mateus 16:18, no
evento conhecido como Confissão de Pedro.
Atos dos Apóstolos
Os Atos dos Apóstolos (em grego: Πράξεις των Αποστόλων; transl.: ton praxeis apostolon;
em latim: Acta Apostolorum) é o quinto livro do Novo Testamento. Geralmente conhecida apenas como
"Atos", ele descreve a história da Era Apostólica. O autor é tradicionalmente identificado como Lucas, o
Evangelista.
O Evangelho de Lucas e o livro de Atos formavam apenas dois volumes de uma mesma obra, à
qual daríamos hoje o nome de História das Origens Cristãs. Lucas provavelmente não atribuiu a este
segundo livro um título próprio. Somente quando seu evangelho foi separado dessa segunda parte do
livro e colocado junto com os outros três evangelhos é que houve a necessidade de dar um título ao
segundo volume. Isso se deu muito cedo, por volta de 150 d.C. Tanto em sua intenção quanto em sua
forma literária, este escrito não é diferente dos quatro evangelhos.
O objetivo desse livro é mostrar a ação do Espírito Santo na primeira comunidade cristã e, por ela, no
mundo em redor. O conteúdo do livro não corresponde ao seu título, porque não se fala de todos
os apóstolos, mas somente de Pedro e de Paulo. João e Filipe aparecem apenas como figurantes.
Entretanto, não são os atos desses apóstolos que achamos no livro, mas antes a história da difusão do
Evangelho, de Jerusalém até Roma, pela ação do Espírito Santo.

As cartas paulinas
As Epístolas paulinas, Epístolas de Paulo, ou Cartas de Paulo, são os 13 livros do Novo
Testamento que têm o nome Paulo (Παῦλος) como a primeira palavra, portanto, reivindicando a autoria de
Paulo Apóstolo.
Entre essas cartas estão alguns dos mais antigos documentos cristãos existentes. Eles fornecem
uma visão das crenças, como parte do cânon do Novo Testamento, são textos fundamentais para a
teologia cristã e para a ética. A Epístola aos Hebreus, embora não tenha seu nome, foi tradicionalmente
considerada paulina por mil anos, mas a partir do século XVI a opinião se moveu constantemente contra
a autoria paulina e poucos estudiosos agora atribuem a Paulo, principalmente porque não está escrita
como qualquer uma de suas outras epístolas em estilo e conteúdo.
As epístolas paulinas são geralmente colocadas entre os Atos dos Apóstolos e as epístolas
gerais nas edições modernas. A maioria dos manuscritos gregos, no entanto, colocar as Epístolas Gerais
primeiro, e alguns manuscritos colocar as epístolas paulinas no final do Novo Testamento.
As cartas gerais
Chamam-se Epístolas Gerais (ou Epístolas Universais) às cartas do Novo Testamento que vão
de Tiago a Judas. Com exceção de II e III João, é difícil determinar a quais problemas específicos, se é
que existiam, estas cartas pretendiam tratar, nem fica claro se elas foram escritas para destinatários em
especial. Por estas razões, são freqüentemente chamadas de "Epístolas Gerais". Em sua forma, e
também no conteúdo, se parecem mais a epístolas filosóficas do que a uma correspondência comum.

As cartas de Tiago, Pedro, João e Judas, bem como a Epístola aos Hebreus, todas têm
diferenças significativas quando comparadas às cartas paulinas. Como regra geral, não seguem as
convenções formais das cartas helenistas tão de perto quanto Paulo. Hebreus e I João não têm abertura
formal, e também I João e Tiago não têm um exemplo claro das saudações usuais de encerramento.

O Apocalipse
O livro do Apocalipse ("O livro da revelação") e também chamado de Apocalipse de João, é um
livro da Bíblia — o livro sagrado do cristianismo — e o último da seleção do Cânon bíblico, e que foi
escrito por João na ilha Patmos
A palavra apocalipse, do grego αποκάλυψις, apokálypsis, significa "revelação", formada por
"apo", tirado de, e "kalumna", véu. Um "apocalipse", na mesma terminologia do judaísmo e
do cristianismo, é a revelação divina de coisas que até então permaneciam secretas a
um profeta escolhido por Deus. Por extensão, passou-se a designar de "apocalipse" aos relatos escritos
dessas revelações. Devido ao fato de, na maioria das bíblias em língua portuguesa se usar o
título Apocalipse e não Revelação, até o significado da palavra ficou obscuro, sendo às vezes usado
como sinônimo de "fim do mundo".
O título do livro pode sugerir "A Revelação de Jesus Cristo", sendo a ideia básica de que os
eventos descritos no livro foram revelados a Jesus Cristo, e este mostrou a seus servos, mais de 2000
anos atrás ou mais de 20 séculos atrás, as coisas que aconteceriam, teoricamente, em breve. João, o
escritor do livro, não é seu autor, apenas o escriba, que escreveu o livro ditado pelo autor, Jesus. Por
duas vezes, João relata que o conteúdo do livro foi revelado através de anjos.
Neste livro da Bíblia, conta-se que antes da batalha final, os exércitos se reúnem na planície
abaixo de "Har Meggido" (a colina de Meggido). Entretanto, a tradução foi mal-feita e Har Meggido foi
erroneamente traduzido para Armagedom, fazendo os exércitos se reunirem na planície antes do
Armagedom, a batalha final.

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