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APLICAÇÃO DO TIMP (TESTE DE DESEMPENHO MOTOR INFANTIL) NA


UNIDADE DE CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS DA UTIN DO HNSC.

Josiane Borba Nunes*, Dayane Montemezzo**.

* Estudante do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL).


**Orientadora e professora de Pediatria aplica a Fisioterapia da Universidade do Sul de
Santa Catarina (UNISUL).

RESUMO

A prematuridade tem sido uma das grandes causas de morte infantil, porém os
avanços da neonatologia e do conhecimento da fisiopatologia mais comuns nos recém-
nascidos pré-termo (RNPT) proporcionou uma diminuição da mortalidade e
conseqüentemente um aumento da morbidade. A população foi constituída de RNPT
internados na UCIN da UTIN do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Tubarão-SC.
Amostra foi composta de três RNs com idade mínima de 33 semanas e idade máxima de 36
semanas, dois do sexo masculino e uma do sexo feminino. Observa-se, no dia da aplicação
do TIMP, o RN 1 apresentava idade gestacional 34 semanas e impressão clínica normal, o
RN 2, apresentava idade gestacional 31 semanas e impressão clínica normal. E o RN 3
apresentava idade gestacional 33 semanas e impressão clínica normal. Por isso é de suma
importância o acompanhamento desses RNs pelo profissional da fisioterapia, para minimizar
os efeitos negativo que a prematuridade pode trazer, pois quanto mais precoce for o
diagnóstico e a intervenção, menor será o impacto desses problemas na vida da criança.

Palavras-chave: Prematuridade. Recém-nascido pré-termo. TIMP

ABSTRACT

The prematurity has been one of the great causes of infantile death, however the advances of
the neonatologia and the knowledge of the physiopatology most common in just-been born
the daily pay-term (RNPT) consequently provided to a reduction of mortality and an
increase of the morbidade. The population was constituted of RNPT interned in the UCIN of
the UTIN of the Hospital Ours Lady of the Conceição, Tubarão-SC. Sample was composed
of three RNs with minimum age of 33 weeks and maximum age of 36 weeks, two of
masculine sex and one of the feminine sex. It is observed, in the day of the application of the
TIMP, RN 1 presented gestacional age 34 weeks and normal clinical impression, RN 2,
presented gestacional age 31 weeks and normal clinical impression. E RN 3 presented
gestacional age 33 weeks and normal clinical impression. Therefore he is of utmost
importance the accompaniment of this RNs for the professional of the physioterapic, to
minimize the effect negative that the prematurity can bring, therefore the more precocious
will be the diagnosis and the intervention, minor will be the impact of these problems in the
life of the child.

Words-key: Prematurity. Just-been born daily pay-term. TIMP.


Introdução
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A prematuridade tem sido uma das grandes causas de morte infantil, porém os
avanços da neonatologia e do conhecimento da fisiopatologia mais comuns nos recém-
nascidos pré-termo (RNPT) proporcionou uma diminuição da mortalidade e
conseqüentemente um aumento da morbidade.
Procianoy, Guinsburg (2005), confirmam que nos últimos 30 anos, vem
ocorrendo uma revolução na neonatologia, onde a sobrevivência crescente de bebês cada
vez mais prematuros e recém-nascidos portadores de malformações antes consideradas
incompatíveis com a vida. As pesquisas têm propiciado tanto conhecimento que é possível
cuidar simultaneamente dos problemas respiratórios, cardiovasculares, infecciosos,
metabólicos, nutricionais e neurológicos dos RNPT, em ambientes altamente especializados
das unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN), por profissionais treinados de forma
específica para o desafio de dar a melhor assistência possível a tais pacientes.
Considerando todas as adaptações que os RNs estão submetidos, podem
apresentar alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, no desenvolvimento da visão,
alterações sensoriomotoras e oral, sendo assim, como resultado dessas alterações os
profissionais da área da saúde tem-se envolvido cada vez mais para detectar essas
peculiaridades, a fim de minimizar ou prevenir maiores deficiências. Em especial, o
fisioterapeuta, de acordo com Mancini et al (2002) tem a responsabilidade de contribuir nas
pesquisas, no tratamento e na prevenção que envolvia o DNPM de RNs saudáveis e aqueles
expostos a fatores de risco. Sendo assim é fundamental realizar o acompanhamento desses
RNs desde a unidade de terapia intensiva neonatal, quando no momento da alta promover o
encaminhamento para os programas de seguimento. Neste processo recomenda-se o uso de
instrumentos de avaliação para acompanhar o DNPM e conseqüentemente detectar
precocemente os desvios.
Neste contexto nos primeiros anos de vida, Zanini et al (2002) alerta que a
criança passa pelo período mais difícil do desenvolvimento neuropsicomotor. O RNPT
apresenta características que o difere do RNT devido à imaturidade do SNC, por isso a
importância de acompanhar o desenvolvimento de RNPT, possibilitando identificar
características específicas desse recém-nascido pré-termo, além de possibilitar a intervenção
precocemente.
O uso de testes de desenvolvimento como instrumentos seletivos de acordo com
Tecklin (2002), promove uma intervenção precoce para os desvios do crescimento e do
desenvolvimento normal em crianças, além de ajudar na determinação do diagnóstico e
prognóstico. A identificação precoce dos desvios facilita a providência de recomendações
aos pais, aos médicos e cuidadores para um planejamento futuro. O reconhecimento precoce
e um plano centralizado para uma intervenção podem prevenir graves incapacidades. Os
testes de desenvolvimento também podem facilitar o planejamento de um programa de
tratamento, pois as escalas de desenvolvimento fornecem valiosas informações sobre o nível
funcional da criança ou sobre os marcos alcançados.
Dentre as várias e diversas escalas e/ou testes utilizados, alguns específicos para
crianças hígidas e outros apropriados a crianças com algumas disfunções como paralisia
cerebral, uma das opções para RNPT é o TIMP pouco conhecido, pouco difundido no Brasil
e idealizado pela fisioterapeuta Gay Girolami que mantém grupos de pesquisa com PC em
diferentes países do mundo.
O Teste de Desempenho Motor Infantil (TIMP) é uma avaliação de postura e do
movimento infantil que pode ser utilizada com RN de 32 semanas de IG até quatro meses de
idade corrigida. Além disso, o TIMP é sensível às mudanças na coordenação motora
conforme a idade e descrimina crianças com muitas complicações médicas, que tem
significativamente scores mais baixos que as crianças sadias. O TIMP mede controles
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seletivos e posturais necessários para o movimento funcional na criança, como por exemplo,
os movimentos usados para exploração e interação com o ambiente e como base para uma
aprendizagem correta (CAMPBELL, 2003; CAMPBELL et al, 2005).

Materiais e Método

A população foi constituída de RNPT internados na UCIN da UTIN do Hospital


Nossa Senhora da Conceição, Tubarão-SC.
Foram considerados fatores de inclusão a amostra RN com IG maior ou igual a
32 semanas; em ar ambiente e sem acesso venoso, sem doença genética e/ou sem disfunção
neurológica.
Amostra foi composta de três RNs com idade mínima de 33 semanas e idade
máxima de 36 semanas, dois do sexo masculino e uma do sexo feminino.
Foram utilizados como instrumentos para coleta de dados o kit do TIMP onde
inclui-se chocalho azul, bola vermelha, fralda branca, um brinquedo de borracha sonoro,
disco para cálculo das idades, roteiro de avaliação 5.1, cronômetro da marca casio®, ficha
de coleta de dados, e tabela de valores de referência.
A coleta de dados foi realizada na UCIN da UTIN do Hospital Nossa Senhora da
Conceição, com a freqüência de uma vez por semana nos meses de abril e maio de 2007,
totalizando um período de 30 dias. Inicialmente foram coletados dados do prontuário do
paciente fornecido pela unidade, os quais incluem: nome, registro, data de nascimento, idade
gestacional, data do teste, sexo, peso ao nascimento, perímetro cefálico, apgar, tempo de
internação, uso de ventilação mecânica invasiva, e/ou não-invasiva, uso de oxigênio, de
sonda, tipo de parto e motivo do parto.
A seguir, foi aplicada a escala do TIMP a qual se divide em duas partes: os itens
observados e os itens elicitados.

Resultados

A amostra está caracterizada através de RN (recém-nascido), gênero, IG (idade


gestacional), ICr (idade cronológica) e IC (idade corrigida). O gênero e a IG ao nascimento
foram coletados do prontuário do RN.
Observa-se no quadro abaixo, no dia da aplicação do TIMP, o RN 1 apresentava
idade gestacional 34 semanas e impressão clínica normal, o RN 2, apresentava idade
gestacional 31 semanas e impressão clínica normal. E o RN 3 apresentava idade gestacional
33 semanas e impressão clínica normal.

Quadro 1- Distribuição da amostra de acordo com gênero, IG, ICr, IC e impressão clínica.
RN Gênero IG nascimento ICr IC Impressão
(semanas) (data do teste) (data do teste) Clínica
1 M 34 19 dias 36 semanas Normal
2 M 31 13 dias 33semanas Normal
3 F 33 2 dias 33 semanas Normal
Fonte: Dados coletados pela autora, 2007.

No quadro abaixo o RN 1 apresentava idade gestacional 36 semanas, score


medido 19, condição abaixo do previsto e 21 dias de internação; o RN 2 possuía idade
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gestacional 33 semanas, score medido 37,condição normal e 14 dias de tempo de internação


e o RN 3 apresentava idade gestacional 33, score medido 25, condição abaixo do previsto e
2 dias de internação.

Quadro 2-Distribuição da amostra conforme o tempo de internação, score medido e previsto


do TIMP.
RN IG Tempo de Internação Score Score Condição
(em semanas) (dias) medido previsto
1 36 21 19 41-67 Abaixo do previsto
2 33 14 37 34-64 Normal
3 33 2 25 34-64 Abaixo do previsto
Fonte: Dados coletados pela autora, 2007.

Discussão

Considerando os resultados apresentados, o RN 1 apresentou prematuridade


limítrofe (36 semanas); sonolência durante os procedimentos de aplicação do TIMP; usou
sonda enteral e permaneceu por um período mais prolongado internado 21 dias na UTIN
quando comparado ao RN 2 e RN 3. Assim, Guinsburg (1999) afirma que com o
desenvolvimento das UTIN e a sofisticação dos recursos terapêuticos, um maior número de
exames e procedimentos invasivos são necessários para garantir a sobrevivência desses
neonatos. Ou seja, a sobrevivência ao período neonatal tem um custo para o paciente, que
inclui a dor.
Costenaro (2001) acrescenta que a super-estimulação e a dor podem compor a
resposta de distresse, pois faltam aos neonatos habilidades para processar a estimulação
externa. Essa inabilidade pode causar instabilidade psicológica, especialmente evidenciada
em RNs prematuros. Tanto os RNs prematuros como os a termo podem ser capazes de
suportar a dor por um breve período, mas, quando ocorrem estímulos adicionais, tais como
ruídos, manuseios, iluminação e movimentação de pessoas em unidades neonatais, eles
apresentam dificuldade de adaptação. Essa dificuldade pode evoluir para um descompasso
biológico, como diminuição da saturação de oxigênio, mudanças nos sinais biofísicos
(freqüência respiratória, freqüência cardíaca, pressão arterial, temperatura corporal, hipo ou
hiperatividade, cianose e outros) e psicológicos (choro, agitação, apatia, anorexia, vômitos,
insônia, sonolência e outros). Esses fatores interferem significativamente na resposta do
neonato aos procedimentos a que é submetido.
O RN 2 fez uso apenas de sonda enteral, e nesta situação, conforme Caetano,
Fujinaga, Scochi (2003) para promover o crescimento e o desenvolvimento de um neonato
prematuro é importante atentar para suas necessidades básicas e, dentre elas, a nutrição, que
provê os elementos de ordem metabólica e energética, os quais compõem as bases para um
crescimento normal sem distúrbios e alterações. Para se obter uma nutrição adequada, é
preciso considerar, ainda, o método de alimentação. Um neonato a termo já possui, ao
nascer, condições de receber o alimento por via oral, sendo capaz de sugar, deglutir e
respirar de forma coordenada, sem prejuízo para as suas funções vitais. No entanto, o RN de
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risco, mais especificamente o pré-termo, dependendo da condição clínica e da maturidade,


apresenta limitações que impedem a alimentação por via oral, logo após o nascimento. Essas
limitações estão ligadas à instabilidade de suas funções respiratória, circulatória,
termorreguladora e, também, àquelas ligadas ao sistema gastrintestinal, estando relacionadas
à imaturidade do reflexo de deglutição e sucção e à imaturidade enzimática e funcional do
estômago e intestino. Na maioria dos casos, os pequenos prematuros iniciam alimentação
enteral, via sonda orogástrica.
O RN 3 foi aquele que permaneceu menos tempo internado, porém apresentava
edema periorbicular bilateralmente, provavelmente secundário a tocotraumatismo além de
hemangiomas no mesmo local. Nestes casos, de acordo com Rezende (2001), os diferentes
atos tocirúrgicos, operações e manobras obstétricas, a simples parturição, prolongada ou
excessivamente rápida, a demora no período expulsivo, constituem tocotraumatismos.
Os hemangiomas, conforme Nina et al (2006), são os tumores benignos mais
comuns da infância, e sua freqüência é estimada em 10-12% das crianças durante o primeiro
ano de vida. Ocorre mais freqüentemente no sexo feminino e em prematuros, sendo
observado em 23-30% das crianças com peso ao nascimento inferior a 1.000g. Pode ocorrer
em qualquer raça, mas parece haver propensão por pessoas de pele clara. As lesões são
únicas em 80% dos casos, e as áreas mais acometidas são cabeça e pescoço (60%), tronco
(25%) e extremidades (15%).

Conclusão

Nas últimas décadas com a evolução da neonatologia e os avanços tecnológicos


nos cuidados intensivos neonatais, proporcionou-se o aumento de sobrevida de recém-
nascidos considerados de risco. Apesar desses avanços, observou-se um aumento crescente
de RNs com doenças pulmonares crônicas como síndrome do desconforto respiratório,
displasia bronpulmonar, os quais necessitam do uso de ventilação mecânica invasiva ou não-
invasiva, doenças neurológicas, metabólicas, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e
entre outras.
Por isso é de suma importância o acompanhamento desses RNs pelo profissional
da fisioterapia, para minimizar os efeitos negativo que a prematuridade pode trazer, pois
quanto mais precoce for o diagnóstico e a intervenção, menor será o impacto desses
problemas na vida da criança.

Referências

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em UTI neonatal. Santa Maria: Enfermagem-UNIFRA, 2001.

GUINSBURG, R. Avaliação e tratamento da dor no recém-nascido. Jornal de pediatria.


n.3, v.75,1999.

MANCINI, M. C. et al. Estudo do desenvolvimento da função motora aos 8 e 12 meses de


idade em crianças pré-termo e a termo. Arquivo de neuro-psiquiatria. São Paulo. V.60,
n.4, 2002.

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apresentação, evolução e tratamento dos hemangiomas cutâneos – experiência do
ambulatório de dermatologia infantil do hospital das clínicas da faculdade de medicina da
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extremo. Jornal de Pediatria. n.1, v.81.2005.

REZENDE, J. Obstetrícia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

TECKLIN, J. S. Fisioterapia pediátrica. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

ZANINI, P. Q. et al. Analise da aquisição do sentar, engatinhar e andar em um grupo de


crianças pré-termo. Fisioterapia, São Paulo, n.2, v.9, p.2, jul/dez. 2002.

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