Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Capítulo 1 – Introdução
O Método Científico
É um conceito abstrato que remete não para uma técnica particular mas sim para uma corrente de fazer
investigação (à elaboração de questões, à lógica e aos métodos utilizados).
Ciência em Contexto
Contexto Histórico – os meios existentes interferem ciência: o método empírico e a revolução informática
foram dois aspectos que possibilitaram aumentar o espaço da psicologia científica;
Contexto Social e Cultural – Existe a influencia do espírito social e culturas da época em que são
produzidos, podendo os investigadores serem susceptiveis ao etnocentrismo.
Etnocentrismo – ver e interpretar os comportamentos à luz dos nossos valores/pontos de vista, não
reconhecendo igual valor ao que é diferente. Pode influenciar as àreas de pesquisa hipóteses colocadas,
os resultados e as explicações, advindo e/ou levando a preconceitos. É necessário estar consciente da
influência cultural.
Contexto Moral – devem-se seguir determinadas normas, como não fabricar dados, não plagiar, nem
selecionar as descobertas da investigação.
O investigador deve ser céptico a respeito das afirmações, não confundindo pseudo-ciência com ciência. E
ter em conta que a evidência mais forte para uma afirmação sobre o comportamento vem da evidência
convergente resultante de muitos estudos. Esta evidência depende da força da descrição, predição,
evidencia da causa, e replicação do comportamento.
Existem vários métodos de investigação dentro do método científico que respondem a questões diferentes.
O uso combinado de várias técnicas ajuda a obter uma compreensão mais completa e credível do
comportamento complexo e dos processos mentais, assim como ajuda a superar as falhas associadas a um
método particular.
Capítulo 2 – O método científico
O Método Científico
Como foi dito, é o modo com os investigadores adquirem conhecimentos sobre os comportamentos e os
processos mentais. Não é uma técnica particular mas sim uma perspectiva global para a construção do
conhecimento. Engloba os seguintes factores:
1. Abordagem Global – deve ser empírica e não intuitiva: as decisões são baseadas na observações
directa e na experimentação;
2. Observação – deve ser sistemática e controlada, e não ocasional: o controlo é fundamental e é
melhor quando se realiza um estudo experimental. Deve-se investigar um factor de cada vez. Este
estudo tem pelo menos uma variável independente (factor que é manipulado/controlado pelo
investigador, de modo a determinar o seu efeito no comportamento, com um mínimo de 2 níveis) e
uma variável dependente (a medida do comportamento que é usada para avaliar o efeito da VI);
3. Relatório – deve ser objectivo e não enviesado e subjectivo: as observações e inferências são
separadas e existe acordo inter-observadores;
4. Conceitos – devem ser claros e não ambíguos: devem definir especificamente o que se entende por
cada conceito, usando contructos.
Constructo – conceito/ideia usado nas teorias psicológicas. É produzido, definido,
quantificado, observado, comparado e medido através de um procedimento específico
designado operacionalização/definição operacional. Tem como vantagens permitir a
comunicação clara e objectiva. O maior problema é o número ilimitado de definições
operacionais para cada conceito particular.
5. Instrumentos – devem ser exactos e não imprecisos.
6. Mensuração – é o processo de transformar conceitos abstratos em indicadores observáveis. É
usado para medir e avaliar constructos para os quais não existem padrões ou instrumentos
consensuais. Devem ser válidos/exactos (diferença entre o que um instrumento diz e o que é a
realidade), e fiáveis/precisos (consistência da medida). Uma medida pode ser fiável mas não válida.
7. Hipóteses – devem ser testáveis. Para isso, têm de ter as seguintes 3 características: os constructos
estão adequadamente definidos (com clareza); a hipótese não é circular e o próprio
acontecimento não é usado como explicação do acontecimento; e a hipótese não recorre a ideias
ou forças que não são reconhecidas pela ciência, podendo ser medida;
8. Atitude – deve ser critica e céptica e não crente e receptiva: o comportamentos e processos
mentais são complexos e o ser humano comete erros;
Em qualquer investigação, tem-se de ter em conta factores éticos. Em 1º lugar deve-se pensar na relação
risco/benefício do projecto para os participantes e a sociedade. Se há risco (físico, psicológico ou social)
então os investigadores têm de assegurar que os participantes não estão sujeitos a risco mais do que
mínimo (o prejuízo que os participantes experimentam não é superior ao que possam experimentar no seu
dia a dia). Caso haja, então é necessário consentimento informado escrito.
Capítulo 4 - Observação
Validade Externa – tem a ver com o facto da amostra representar bem a população e por isso se poder
generalizar. Este grau vai depender da correlação e margem de erro das variáveis.
Amostragem de Comportamento
1. Amostragem temporal (são escolhidos intervalos de tempo para realizar as observações. Não é
utilizada em acontecimentos raros)
1.1. Sistemática (as observações são feitas de forma regular)
1.2. Aleatória (os tempos de observação são identificados de forma aleatória)
2. Amostragem de situações (os investigadores escolhem diferentes contextos, circunstâncias e
condições para as suas observações)
Métodos de Observação
1. Observação sem Intervenção / Observação naturalista – observação em contextos naturais sem
tentativa de intervir ou alterar a situação. Tem como objectivo descrever o comportamento como
ocorre naturalmente e examinar relações entre as variáveis que ocorrem naturalmente.
Métodos de registo do comportamento –vai determinar como é que os resultados do estudo serão
medidos, resumidos, analisados e comunicados.
Escalas de Medida
1. Analise qualitativa: utiliza-se este método quando não é possível definir previamente os
comportamentos a ser estudados. Tem como vantagem ver sequencias de comportamentos
evidentes e descobri-los. Envolve três etapas: (1) codificar os dados a partir do registo da narrativa;
(2) apresentar os dados; (3) tirar e verificar conclusões.
Como desvantagem, este método possibilita várias interpretações, logo mais riscos de
enviesamento, podendo estar a circular as hipóteses. É necessários confirmar com terceiros a
veracidade, ou replicar a experiência inúmeras vezes.
2. Análise Quantitativa: é utilizada quando os investigadores seleccionam comportamentos para
medir. Medições nominais utilizam a frequência relativa; intervalares ou de razão utilizam as
médias e desvios-padrão.
O maior problema deste método tem a ver com a fiabilidade (consistência). Esta é tanto maior
quanto mais o acordo inter-observadores. Este acordo vai ser influenciado pela operacionalização
dos comportamentos (válida e fiável/precisa), que não deve ser susceptível de interpretação, e das
características dos observadores.
Capítulo 5 – Inquéritos
Os inquéritos utilizam-se quando o que se quer estudar não é directamente observável e se pretende
descrever as opiniões, atitudes, percepções, pensamentos, emoções de alguém. É feito sobre a forma de
questionários e entrevistas.
Investigação correlacional – vai medir, comparar e relacionar as variáveis que ocorrem naturalmente,
sem manipulação. Estas correlações podem ser positivas ou negativas;
Os investigadores procuram poder generalizar os resultados obtidos numa determinada amostra, daí a
selecção desta ter de ser representativa.
Enviesamento
Diz-se que uma amostra está enviesada quando as suas características diferem sistematicamente. O
enviesamento pode ser de:
Métodos de Inquérito
1. Inquéritos por correio – podem surgir vieses de resposta e a amostra final não ser representativa
da população, e problemas de interpretação de questões;
2. Entrevistas pessoais – podem surgir vieses do entrevistador quando este regista apenas parte da
resposta. Embora dispendiosas, há mais controlo;
3. Entrevistas por telefone – surgem vieses de selecção (apenas pessoas com telefone são
selecionada) vieses de resposta ( as pessoas podem recusar responder) e vieses do entrevistador;
4. Inquéritos por internet – vieses de selecção, e de resposta, e há falta de controlo sobre o ambiente
em que a investigação é realizada;
Os questionários são formas de inquéritos para obter informação sobre diferentes variáveis (demográficas,
preferências, atitutes). Estas medidas devem de ser fiáveis e válidas.
Validade – refere-se à veracidade da medida. Uma medida é válida quando mede o que pretende medir.
Reporta-se à confiança de que os indicadores do questionário têm mesmo a ver com o constructo/conceito
que se pretende estudar.
A validade de construto pode ser convergente (indica em que medida duas medidas do mesmo constructo
estão correlacionadas, ou seja, variam em conjunto), ou discriminante (indica em que medida duas
medidas de construtos diferentes não estão correlacionadas, ou seja, não variam conjuntamente).
Construção de um questionário
Faz-se quando não existe um questionário fiável e válido. A fiabilidade e validade devem ser estudados no
inicio da construção do questionário e no final, com a sua aplicação. Os itens devem ser extremistas e
claros. As questões podem ser em funil (começar com as perguntas gerais, e depois as mais específicas) ou
de filtro (as questões orientam os inquiridos para as questões do inquérito que se lhes aplicam
directamente).
Correlação vs. Causualidade – estudar a relação entre variáveis não implica a causualidade delas. Pode até
haver uma 3ª variável que associe/correlacione as variáveis estudadas. Quando assim é, chama-se uma
relação falsa.
Os vieses dos traços físicos podem ocorrer devido à forma como são criados os traços físicos ou ao modo
como estes sobrevivem.
2. Dados de Arquivo – são documentos que descrevem as actividades dos indivíduos, governos e
outros grupos. Estes podem ser registos correntes ou registos de acontecimentos específicos. Estes
dados são utilizados para testar a validade externa dos resultados laboratoriais e testar as
hipóteses sobre o comportamento passado. Tratamentos naturais são eventos que ocorrem
naturalmente e influenciam a sociedade e os indivíduos.
1. Depósito selectivo – ocorre quando alguma informação é selecionada para ser incluída nos registos
de arquivo, mas outra informação não o é;
2. Sobrevivência selectiva – ocorre quando a informação é perdida ou falta na fonte de arquivo;
Uma relação espúria existe quando a evidência indica falsamente que duas ou mais variáveis estão
relacionadas. Pode ocorrer devido a problemas estatísticos, análises inadequadas ou coincidências.