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Unidade II

Unidade II
Nesta unidade, apresentaremos as linhas específicas de um projeto de pesquisa, sua organização e
estrutura, trabalhando os métodos de pesquisa, visto que não há somente um método a seguir. Nesse
sentido, você terá contato com assuntos relacionados à estrutura do trabalho de pesquisa, sua escolha e
delimitações do assunto, bem como com os tipos de pesquisa (estudos de caso, bibliográficas, descritivas,
correlacionais), a análise, o tratamento e a interpretação dos dados.

A unidade avança para os movimentos, formatos e possibilidades de publicação da pesquisa, partindo,


portanto, do projeto ao relatório da pesquisa, suas formas da apresentação dos resultados, não deixando
de considerar as normas de citações e referências.

5 Métodos de pesquisa: estruturação e organização

O que chamamos de ciclo da pesquisa e aprendizagem privilegia a dimensão didático-pedagógica na


própria prática social da pesquisa, principalmente, no âmbito universitário, em que ocorre o aprendizado
metodológico e em que é produzida grande parte das pesquisas.

Neste tópico, o foco recai na estrutura e na organização da pesquisa, de seu planejamento, bem
como nos aspectos específicos do projeto.

Continuamos com o assunto dos métodos de pesquisa, agora esclarecendo o modo pelo qual os
métodos se articulam num fio condutor como síntese. Síntese esta proporcionada pelas dimensões
subjetiva do pesquisador (abarcando de desejos a crenças); e objetiva dos recursos e instrumentos
reunidos pela experiência, assimilação e reflexão, num método, nele combinados; o que supõe articulação
de raciocínios e procedimentos que, sozinhos, não nos levam muito longe, por serem incompletos.

Recorremos, continuamente, de diferentes modos, à pergunta fundamental: o que é pesquisa, afinal?

5.1 A pesquisa

Pesquisar é, de forma bem simples, procurar respostas às indagações. Procurar o que não se tem: uma
resposta satisfatória. É a insatisfação que motiva a pesquisa; que somente ocorrerá se a curiosidade não
estiver satisfeita, e as dúvidas, por ora, não justificarem novas buscas. Da pesquisa em geral passamos à
pesquisa acadêmica e científica, em particular.

Pesquisa científica é, portanto, realização teórica e prática de uma investigação ordenada, desenvolvida
e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas pela ciência para a avaliação desse
processo de aprendizagem. Trata-se de uma atividade voltada para a solução contínua de problemas, por
meio do emprego de procedimentos científicos. Os problemas não terminam, tornam-se mais complexos,
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Métodos de Pesquisa

assim como os instrumentos utilizados para resolvê-los. Esse movimento do conhecimento que se vai
escapando quando se lhe parece agarrar reúne conjuntos de procedimentos sistemáticos, baseados em
raciocínios lógicos, que têm por objetivo formular problemas e encontrar sucessivas soluções, mediante
o emprego de métodos científicos.

A pesquisa tem sua linguagem própria, que chamamos metodológica, e integra os momentos do
processo. A integração ocorre desde o âmbito teórico e conceitual das representações e visões de mundo
das formas prescritas pelas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) até as relações
por elas visadas (atividades acadêmicas, em sua maioria), desdobrando-se em técnicas e instrumentos
coerentes de coleta de dados e validação das informações.

Antes do detalhamento do projeto, cabe apresentarmos os motivos da pesquisa científica.

5.1.1 As razões de ser da pesquisa científica

Por qual motivo se faz uma pesquisa científica? Há vários deles, para diferentes pessoas e diferentes
oportunidades. Basicamente, a pesquisa científica serve para que o pesquisador busque respostas
para aquilo que o inquieta, aquilo que o “incomoda”. O incômodo aqui colocado é aquele gerado pela
necessidade de buscar respostas para aquilo de que ainda não se tem certeza ou para o qual a certeza
não seja permanente. Enfim, afora aqueles motivos que fazem da pesquisa a evolução das ciências, as
razões de ser da pesquisa científica, dentre outras tantas, podem ser expressas por:

• exercitar e estruturar a inquietude, os impulsos, a curiosidade do estudante (pesquisador), indo


além do lugar em que se está, procurando coisas novas, novos olhares e novos usos para aquelas
existentes;
• descobrir, inventar e melhorar técnicas e tecnologias;
• explorar o conhecido, estimulando a intuição do pensamento científico quanto ao desconhecido,
assumindo-o;
• aprender sobre a natureza e geri-la de modo representativo, responsável e sustentável;

• entender os sistemas socioambientais;

• produzir democraticamente inovações;

• buscar o desenvolvimento endógeno e comunitariamente sustentável;

• aumentar produtividade e competitividade, garantindo retorno à sociedade, em geral;

• gerar universalmente investimento, emprego e renda;

• buscar coletivamente soluções para os problemas sociais;

• procurar caminhos diferentes (novas variáveis e novos valores para os debates, segundo a visão
sistêmica) para antigos e novos problemas.
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Exemplo de aplicação

E você: qual sua razão de efetuar uma pesquisa? Quais suas motivações? Já pensou nisso?

5.1.2 O que convém pesquisar?

Escolher o que pesquisar não é uma tarefa das mais fáceis. Envolve decisão, ora motivada pelo
próprio pesquisador, ora a ele imposta. O fato é que, como aluno-pesquisador, de que forma se escolhe
o tema de um projeto de pesquisa? Há várias formas de escolher o tema de um projeto de pesquisa:

• escolha motivada pela paixão por assunto ou fato específico;


• escolha motivada pelo simples incômodo e mesmo por uma insatisfação com as respostas até
então oferecidas;
• escolha pela instituição;
• escolha baseada na área de especialização do pesquisador;
• escolha decorrente de lacuna na formação;
• escolha baseada na relevância para uma determinada área;
• escolha visando à revisão de aspectos teóricos ou práticos;
• escolha baseada na aplicabilidade.

O tema é o ponto de partida do trabalho de pesquisa. Delimita um campo de estudo no interior


de uma grande área de conhecimento e deve ser escolhido de acordo com as tendências e aptidões do
pesquisador.

Encontrada uma área do conhecimento de interesse, deve-se identificar um tema plausível. Para
avaliar a consistência de um tema, podem-lhe ser dirigidas perguntas:

• Trata-se de um problema original e relevante?


• Ainda que seja ”interessante”, é adequado para mim?
• Tenho hoje possibilidades reais para executar tal estudo?
• Existem recursos (financeiros, materiais, humanos...) para o estudo?
• Há tempo suficiente para investigar tal questão?
• Quais são as partes do seu tema?
• Qual é o contexto do tema?

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• Qual é a importância do seu tema?


• Quem deu contribuições relevantes ao tema? Como outros autores abordaram o assunto?
• O que resta por investigar no tema?

A aferição da consistência de um tema pode iniciar com tais perguntas e prosseguir na construção
da problemática, ou problematização do tema da pesquisa, como exemplificado na seção específica do
projeto.

Conforme bem explica Severino (2000, p. 74),

[...] tratando-se de trabalhos acadêmicos, com finalidades didáticas e


propedêuticas, o tema escolhido ou delimitado deve deixar margem
para a pesquisa positiva, bibliográfica, ou de campo, com a necessária
aprendizagem desses métodos de pesquisa, não sendo, portanto, o trabalho
uma pura criação mental do aluno. Por isso, escolhe-se um tema já abordado
por outros, anteriormente, embora de outras perspectivas, para que haja
obras a respeito dele, podendo o aluno pesquisar e consultar documentação
para a realização do seu trabalho. Por outro lado, a visão clara do tema
do trabalho, do assunto a ser tratado, a partir de determinada perspectiva,
deve completar-se com sua colocação em termos de problema. O raciocínio
– parte essencial de um trabalho – não se desencadeia quando não se
estabelece devidamente um problema. Em outras palavras, o tema deve
ser problematizado. Toda argumentação, todo raciocínio desenvolvido num
trabalho logicamente construído, é uma demonstração que visa solucionar
determinado problema. A gênese dessa problemática dar-se-á pela
reflexão surgida por ocasião das leituras, dos debates, das experiências, da
aprendizagem, enfim, da vivência intelectual no meio do estudo universitário
e no ambiente científico e cultural.

5.1.3 O porquê da pesquisa ou as suas justificativas

Toda pesquisa deve apresentar uma justificativa, pois, do contrário, a atividade não faria sentido. Não
se pesquisa por nada. A justificativa mostra a relevância da pesquisa baseada no tema e nos objetivos
propostos, identificando quais serão as contribuições principais e secundárias ao entendimento e
à intervenção na realidade pesquisada. É a parte em que o pesquisador demonstrará o alcance e a
efetividade da proposta de investigação.

A relevância que se estabelece pela coerência de um projeto nunca estará somente nele mesmo,
apenas na vontade do pesquisador ou no ineditismo do trabalho; deve-se cumprir com as intenções,
um circuito que vai até os frutos, os benefícios sociais do trabalho de pesquisa tomado como processo.
De outra forma, uma pesquisa não deve prestar-se somente à realização do pesquisador, mas, sim,
apresentar-se com um apelo aplicativo, que dela alguém possa fazer uso em benefício da evolução da
ciência.
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Observação

A justificativa de um projeto está na contribuição para o conhecimento


sobre um tema, entretanto não podemos apenas ser guiados pelo
utilitarismo que se esquece da participação das ciências básicas no edifício.

Para que fique claro, na redação da justificativa, o pesquisador deverá lançar mão da bibliografia
principal e da motivação (pessoal ou não), que ampara a iniciativa. Na justificativa, apresenta-se o que
foi obtido, bem como as faltas, nos estudos até então realizados. Sua contribuição será preencher tais
lacunas ou demonstrar, de forma crítica, confirmando aquilo que se entendia até então, como certo ou
errado, dependendo dos resultados da pesquisa.

O teor básico das justificativas de pesquisa passa pelas seguintes questões:

• Que motivos justificam um projeto de pesquisa?

• Qual é a atualidade do tema, sua inserção no contexto atual?

• Há ineditismo do trabalho ou agregação de valor aos estudos sobre o tema?

• Qual é o interesse e quais os vínculos do autor com o tema e os objetivos declarados?

• Qual é a relevância, a importância científica, social, educacional do tema?

• Qual é a pertinência, a contribuição do tema para a solução de um problema atual?


Oferecemos a você um exemplo de justificativa do tema de pesquisa.

Quadro 1 – Tema e sua justificativa

Problema de pesquisa do projeto Justificativa

Há necessidade de se estabelecer a importância cultural


da experiência da dúvida filosófica no aprendizado
infanto-juvenil, com reflexão constante, abandonando
a saciedade com as informações dadas sobre serviços,
mercadorias e objetos, em geral.
Estudo sobre as perdas sociais com a redução das Mostrar caminhos de aprendizado tradicional para
experiências do gosto (consideradas, principalmente as valorizar a história das experiências e resgatar valores
possibilidades modernas não realizadas) na sociedade que podem nos ensinar a rever a natureza da relação dos
moderna e as transformações do sabor. seres humanos com seus produtos.

O resultado desse trabalho poderá ultrapassar os limites


acadêmicos, tornando-se uma efetiva contribuição para
a elaboração de políticas que regulem a educação formal,
além de criar programas que estimulem sua via informal.

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Para Salomon (2000, p. 221), a justificativa é um elemento que jamais poderá faltar num projeto de
pesquisa. Para ele:

[...] frequentemente, justificação e objetivos formam uma só fase do


projeto, tal a afinidade de sua relação. Mas é possível quase sempre
distingui-los, reservando, para objetivos, os fins teóricos e práticos que
se propõem alcançar com a pesquisa, e para justificação, as razões,
sobretudo teóricas, que legitimam o projeto como trabalho científico.
Em justificação, entra a defesa do projeto, cujo referencial há de
ser a relevância do problema: a teórica, a humana, a operacional, a
contemporânea. Completa a justificação a exposição de interesses
envolvidos (os teóricos, os pessoais, os da equipe de pesquisadores),
como os relacionados com “iniciação científica”, “aperfeiçoamento”,
“especialização”, “titulação acadêmica”, “descoberta científica” etc.

5.1.4 Para que pesquisar? Os objetivos

Toda pesquisa deve ter um objetivo determinado para saber o que se vai
procurar e o que se pretende alcançar. [...] O objetivo torna explícito o
problema, aumentando os conhecimentos sobre determinado assunto. [...]
Os objetivos podem definir a natureza do trabalho, o tipo de problema a
ser selecionado, o material a coletar. [...] Respondem às perguntas: por quê?
Para quê? Para quem? (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 158-9).

Desta forma, os objetivos da pesquisa procuram:

• propiciar avanços e eficiência nas atividades científicas, valorizando também as perguntas


pendentes, demandantes por respostas;

• responder a perguntas do interesse da comunidade científica, que deve estar alinhada às


necessidades da sociedade que integra, de modo geral;

• oferecer novos pontos de vista e permitir que se retome aqueles que foram precocemente
descartados, sem a pretensão de resolver plenamente os problemas ou apenas confirmar hipóteses;

• empreender pesquisas de relevância e interesse social, principalmente, no caso das


tecnologias;

• ineditismo em sua área do conhecimento.

A contribuição pode ser tanto teórica, nas denominadas ciências básicas ou puras, quanto baseada
em experimentação ou melhoria de técnicas existentes, as aplicadas, desde que os casos tenham seus
resultados generalizados.

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Os objetivos são o que não temos e que esperamos que a pesquisa nos dê. Indicam aonde queremos
ir, o que queremos conhecer, melhorar e/ou transformar, adotando metas para monitorar e medir
progressos no andamento.

Lembrete

Os objetivos são a face da moeda que do outro lado tem a hipótese;


enquanto esta é “o que eu tenho” (o que eu acho ou penso, com aquilo que
já sei, até com muito de preconceitos), o objetivo é o “não tenho” do objeto
de interesse.

Dividem-se os objetivos em duas frentes, empregando-se a terminologia de objetivos gerais e


específicos. Os objetivos gerais indicam uma ação muito ampla, resultado pretendido, por exemplo:

• Melhorar o desempenho do estudante universitário nas várias dimensões (aulas, exercícios e


atividades extrassala) do aprendizado escolar.

Já os objetivos específicos procuram descrever ações pormenorizadas ou aspectos detalhados que


levarão à realização dos objetivos gerais, por exemplo:

• Identificar fatores que dificultam a aprendizagem e em qual aspecto ou dimensão.

• Propor mecanismos que mitiguem, minimizem esses fatores.

• Aplicar procedimentos metodológicos que garantam a melhoria da aprendizagem.

• Descrever o perfil dos alunos que utilizam computadores.

Os objetivos dependem do tipo de pesquisa que é realizada, e, como foi dito, da concepção
de mundo (nível teórico). Por exemplo, um projeto realizado pelo Ministério da Saúde, cujo
problema estaria em procurar caracterizar o perfil social das comunidades em que há casos
de cólera, teria como objetivo orientar a política pública na área de saúde, visando conter a
doença. No caso de pesquisa acadêmica, o objetivo maior será trazer uma contribuição ao
tema. Isso posto:

• Objetivos gerais: referem-se a uma contribuição teórica que se espera alcançar com a pesquisa
(por exemplo, revisão de um conceito).

• Objetivos específicos: apresentam o resultado imediato do trabalho científico


(apresentação de uma bibliografia atualizada sobre o tema, compilação de novos dados
sobre um assunto).

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Métodos de Pesquisa

Seguimos oferecendo exemplo de declaração de objetivos.

Quadro 2 – Declaração dos objetivos da pesquisa

Objetivo geral Objetivos específicos


• Refinamento dos principais conceitos, questões,
momentos e instrumentos da pesquisa.
Este trabalho sobre métodos de pesquisa deseja • Alcançar consistência com uma proposta
recuperar os saberes e os fazeres esquecidos, o diferente, partindo das situações descritas e
conhecimento que “está nas coisas”. analisadas na Unidade I.
• Criar um fórum de discussões para os resultados
práticos e retorno por parte dos alunos.

Leitura obrigatória

Convidamos você a acessar a Minha Biblioteca e ler o livro Elaboração


de Pesquisa Científica, de José de Sordi (São Paulo: Saraiva, 2013).
O link que o levará à obra é: <http://online.minhabiblioteca.com.br/
books/9788502210332>. Acesso em: 22 maio 2014.

5.1.5 Como pesquisar? O método é orientado metodologicamente

A metodologia é o empreendimento de avaliação que deve situar minuciosamente toda ação prevista
e desenvolvida no trabalho de pesquisa.

Para Lakatos e Marconi (2007, p. 83),

Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em


contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos
são ciências. Dessas afirmações podemos concluir que a utilização de
métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência
sem o emprego de métodos científicos. Assim, o método é o conjunto das
atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia,
permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros –,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões
do cientista.

O método descreve, com vistas ao aprimoramento e à eficiência, as estratégias de pesquisa, desde


sua concepção à coleta de dados necessários, a fim de averiguar as proposições, testar a hipótese ou
hipóteses formuladas. Isto é, aceitar e colocar os preconceitos como ponto de partida para o diálogo, que
é a própria pesquisa. Em outras palavras, trata-se do estabelecimento dos parâmetros metodológicos da
pesquisa que norteia:

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• a escolha do tema e a identificação dos campos sociais (áreas, interesses e agentes) envolvidos;

• os detalhamentos e a avaliação da escolha e dos procedimentos para a identificação, tomando


como critério a coerência com os objetivos declarados;

• o acompanhamento da hipótese, questões ou dúvidas colocadas, de modo que as racionalize e


facilite a execução da pesquisa no que se refere a recursos e tempo;

• crivar os instrumentos de coleta de dados e informações arrolados ou elaborados para utilização


com indagações de fiabilidade e adequação entre concepção teórica e técnicas e procedimentos
propostos;

• confrontar todos os passos de realização da pesquisa com seu projeto, propondo parâmetros e
promovendo ajustes, quando necessário;

• checar a reprodutibilidade dos resultados.

Exemplo: no estabelecimento dos parâmetros metodológicos de uma pesquisa sobre o papel


dos movimentos sociais urbanos na luta pelo direito universal à moradia e nas políticas públicas
de moradia, podem-se combinar métodos e técnicas qualitativos, como a história de vida, com
métodos quantitativos, como a elaboração de um índice de casas atendidas pelo sistema habitacional
correlacionado ao índice de membros dos movimentos, a partir de dados retirados de uma amostra
de moradores dos bairros A, B e C.

A metodologia ordena:

• o tipo de pesquisa;
• o instrumental utilizado (questionário, entrevista, entre outros);
• o cronograma;
• a equipe de pesquisadores e a coordenação do trabalho;
• a escolha e a utilização dos recursos;
• as formas de tabulação e tratamento dos dados;
• tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.

5.1.6 Quanto às classificações e aos tipos de pesquisa

Toda classificação é, a um só tempo, processo intelectual e expressão de poder, posto que sua vigência
seja em si uma consequência de posição social de seu autor ou grupos de autores.

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Métodos de Pesquisa

São exemplos os argumentos de autoridade (uns “nomes” sustentam, mais que outros, os sistemas
de classificação, tipologias e tipificações) e os projetos políticos dos eleitos (têm respaldo na escolha, e
não na estritamente na lógica); respectivamente amparados na racionalidade de escolas ou grupos e na
representatividade do sufrágio. Ou seja, em algumas vezes serão processos internos à própria ciência;
em outras, não.

Ademais, a classificação que segue, e de resto todas as outras, deve ser objeto de reflexão e mesmo
de contestação, antes que seja adotada. Reflexão para enxergar além de sua consistência (eficiência,
bom funcionamento), procurando testar também sua coerência (eficácia, o cumprimento de metas e
objetivos estabelecidos pelo projeto). Contestação quanto à adequação dos aspectos do modelo que não
servirem à sua pesquisa, o que confere personalidade à pesquisa.

Trazendo mais luz ao conceito, classificação, para Tristão, significa:

[...] ordenar e dispor em classes. Uma classe consiste de um número de elementos


quaisquer (objetos e ideias) que possuem alguma característica comum pela
qual devem ser diferenciados de outros elementos e, ao mesmo tempo, constitui
sua própria unidade. A determinação e a seleção das classes que compreendem
um esquema de classificação estão essencialmente relacionadas com as
necessidades de utilização de cada esquema (apud BEZERRA, 2006, p. 13).

As classificações seguem a lógica exposta por Fabíola Maria Pereira Bezerra, com base em Prithvi N.
Kaula e Ingetraut Dahlberg (BEZERRA, 2006, p. 13-4):

Kaula considera a ”classificação como um dos mais importantes ramos do


conhecimento” e justifica sua afirmação quando diz que a mente humana, de
uma forma consciente ou inconsciente e independente do fim, desenvolve
a ação de classificar objetos, quando reúne coisas semelhantes e separa os
outros não diretamente relacionados.

Neste processo mental, natural e automático de classificação dos “entes, dos fatos
e dos acontecimentos”, Pombo definiu como “pontos estáveis”, que permitem
ao ser humano uma orientação em relação ao mundo à sua volta, estabelecendo
hábitos, afinidades e divergências. Possibilita ainda “reconhecer os lugares, os
espaços, os seres, os acontecimentos; ordená-los, agrupá-los, aproximá-los uns
dos outros, mantê-los em conjunto ou afastá-los irremediavelmente”.

Kaula afirma ainda que a utilização da classificação já era aplicada por


grandes filósofos no processo de compreensão e análise do conhecimento.

Refere que Aristóteles (382-322 a.C.) concebeu a classificação como


um processo mental, dividindo originalmente o conhecimento em 5
categorias. Posteriormente estas categorias iniciais foram desenvolvidas e
reconhecidas por Aristóteles e seus seguidores, em outras 10 categorias, em
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que representaram ou “qualificaram” as diversas áreas do conhecimento.


Enquanto Kaula, em seu artigo, associa o começo do estudo da classificação,
a partir de Aristóteles, Dahlberg já afirma que a história das classificações é tão
antiga como a história da humanidade, citando como exemplo a enciclopédia
do egípcio Amenope no ano 1250 a.C., embora, na época, fosse reconhecida
apenas como a “arte de classificar”, não podendo ser considerada ainda como
ciência, pois não havia um embasamento teórico. Segundo o autor, todos os
trabalhos desenvolvidos na época foram “organizados sistematicamente, i.
e., o conhecimento neles apresentado era organizado segundo alguma ideia
preconcebida”, sendo que a sistematização do conhecimento não era feita
da maneira esquemática como hoje se apresenta.

Estabelecidas as concepções e as possibilidades da classificação nesse trabalho, seguimos com


os critérios de classificação das pesquisas; e com relação às pesquisas, há o emprego genérico da
classificação com base em seus objetivos gerais. Desse modo, classificam-se as pesquisas em exploratórias,
descritivas e explicativas, como segue, com base em Gil (2002).

• Exploratórias: cujo objetivo é “tatear” o quanto possível em busca de quaisquer elementos


que possam esclarecer questões (hipóteses), problemas, mostrando algo ainda não apontado.
Envolvem, geralmente, levantamento bibliográfico e documental, muito utilizadas como etapa
inicial de um processo de pesquisa, já que se caracterizam por esclarecer certos temas e assuntos.

Observação

As pesquisas exploratórias são realizadas para atender a diferentes


objetivos, que vão da busca por conhecimento sobre determinado assunto,
para avançar sobre bloqueios e limites à aproximação de um fato ou tema,
conhecer aspectos obrigatórios de nosso entorno.

• Descritivas e observacionais: foco na observação, no levantamento e no inventário de questões


(dados e informações) com vistas à integração e à articulação dos elementos dos conjuntos estudados,
de modo que confira sentido às relações aparentemente disparatadas nos momentos anteriores à
pesquisa. A descrição é o momento mais rico do conhecimento, pois assume a imensa influência que
recebe das visões de mundo particulares, assim como a grandeza do real, apresentando-o por dentro,
de modo dinâmico e inacabado; pesquisas que chamamos de descritivas requerem muita maturidade
pessoal e acadêmica, posto que não dão a última palavra, como quer o discurso explicativo. Aqui, há
o predomínio da “razão subjetiva”, conforme foi definida.

• Explicativas: coração da pesquisa positiva moderna, posto que o termo já remete a certo
distanciamento do pesquisador, “mostrando como as coisas funcionam”. Nas pesquisas
denominadas explicativas, pesquisamos para descobrir os fatores que determinam os fatos
ou colaboram para sua ocorrência, que serão apresentados como sistemas os mais fechados e
controlados possível. Aqui, há o predomínio da “razão objetiva”, conforme foi definida.
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Métodos de Pesquisa

Também é possível classificar as pesquisas conforme o emprego de instrumentos, que devem ser
alinhados aos procedimentos técnicos, segundo Gil (2002, p. 43), que inspira as descrições seguintes.

• Bibliográficas: assim como a pesquisa documental, a pesquisa bibliográfica é desenvolvida


com base em material já elaborado, constituído principalmente de textos (laicos, religiosos, leis
diversas, cartas, livros, artigos científicos etc.). É passo inicial em quase todos os estudos, havendo
pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Documentos, para a
pesquisa documental, são fontes originais que não sofreram intervenção, cujos sentidos serão
reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa, enquanto o objeto da pesquisa bibliográfica
é variado e já reproduzido, conforme as pesquisas que dele decorreram.

• Estudos de campo: são levantamentos qualitativos que colocam o pesquisador em meio ao


objeto pesquisado, sejam relações sociais, sejam aspectos físicos e biológicos; há certa comunhão
entre sujeito e objeto, que nos extremos podem variar dos casos em que as fronteiras entre
ambos são bem visíveis àquelas em que desaparecerão. Há uma marca subjetiva nesses estudos,
com preocupação com a objetividade. Trabalhos de campo são levantamentos de imersão, de
participação, enquanto os levantamentos de dados para tabulação são instrumentos quantitativos,
sendo usados, um e outro, conforme a fundamentação teórica (visão de mundo) e a metodologia
(encadeamento eficiente dos passos no trabalho) da pesquisa encaminhada. Os levantamentos
estatísticos oferecem maior distanciamento dos fatos, sendo mais ao gosto da ciência tradicional
e do planejamento, em particular, em virtude de seus atributos matemáticos. Porém, seu uso
adequado não deve vir da preferência pelo instrumento, mas das determinações e coerência
metodológicas.

• Estudos de caso: indicam o privilégio da profundidade e do detalhe, numa escala de observação


de objeto controlado, num lugar concreto ou no plano teórico, que pode ser um bairro, uma
empresa e até mesmo um traço de personalidade, desde que o enfoque esteja cravado. Os estudos
de caso têm larga utilização nas ciências biomédicas (casos clínicos), com emprego nas ciências
sociais aplicadas (administração e economia).

Observação

É preciso não confundir o tratamento banal de qualquer caso com


estudos de profundidade, que levam tempo para maturar e se desenvolver;
meses, pelo menos.

• Experimental: de modo geral, o experimento representa o melhor exemplo de pesquisa


científica. Essencialmente, a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de
estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle
e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. O cientista manipula diretamente
as variáveis relacionadas ao objeto de estudo, procurando identificar causas e efeitos e
modalidades de ocorrência do evento; cria situações de controle para evitar interferências
nas relações de causa-efeito identificadas na amostra, como o uso do placebo. Resumindo, a
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pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis


que seriam capazes de influenciá-lo e definir as formas de controle e de observação dos efeitos
que a variável produz no objeto. A pesquisa experimental pode ou não ser feita em laboratório,
desde que preencha os requisitos de: 1) manipulação de algum aspecto ou variável do objeto;
2) controle da situação experimental, sobretudo, criando um grupo de controle (de referência,
para comparação e análise); 3) distribuição aleatória dos elementos que farão parte dos grupos
experimentais e de controle. Os estudos ocorrerão com grupos coordenados ou com sujeito
único.

• Estudos de coorte, prospectivos, longitudinais ou de incidência: o conceito de coorte é


empregado, na maioria das vezes, na área da saúde, em observações clínicas, na descrição de um
grupo de indivíduos que possuem algo em comum, normalmente, a idade, mas também residência,
permanência, exposição a agente contaminante etc. São, assim, reunidos e passam por observação
durante períodos determinados, a fim de que sejam avaliadas as ocorrências em cada indivíduo.
A periodização das observações deve ser criteriosa, e os dados pertinentes à história natural do
problema em questão devem ser considerados (doença, vetores de contaminação, entre outros).
Os estudos de coorte podem ser prospectivos (contemporâneos) e retrospectivos (históricos).
O estudo de coorte prospectivo é elaborado no presente, com previsão de acompanhamento
determinado, segundo o objeto de estudo. Segundo Gil (2002), sua principal vantagem é a de
propiciar um planejamento rigoroso, o que lhe confere um rigor científico que o aproxima do
delineamento experimental. O estudo de coorte retrospectivo é elaborado com base em registros
do passado com seguimento até o presente. Só se torna viável quando se dispõe de arquivos com
protocolos completos e organizados.

• Análise dos dados, tratamento estatístico ou levantamento: segundo Gil (2002), as pesquisas
desse tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja
conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas
acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as
conclusões correspondentes aos dados coletados.

• Pesquisa ex post facto e correlacionais: a tradução literal da expressão ex post facto é “a


partir do fato passado”. Conforme Gil (2002, p. 49), a pesquisa ex post facto é uma investigação
sistemática e empírica, na qual o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis
independentes, porque já ocorreram suas manifestações, ou porque são intrinsecamente não
manipuláveis; significa que nesse tipo de pesquisa o estudo foi realizado após a ocorrência de
variações na variável dependente no curso natural dos acontecimentos. Também segundo Gil,
uma importante modalidade de pesquisa ex post facto, muito utilizada nas ciências da saúde, é a
pesquisa caso-controle.

Apesar das semelhanças com a pesquisa experimental, o delineamento ex post facto não garante que
suas conclusões relativas a relações do tipo causa-efeito sejam totalmente seguras. O que geralmente se
obtém nessa modalidade de delineamento é a constatação da existência de relação entre variáveis. Por
isso é que essa pesquisa, muitas vezes, é denominada correlacional (GIL, 2002, p. 49).

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Métodos de Pesquisa

O propósito básico dessa pesquisa é o mesmo da pesquisa experimental: verificar a existência de


relações entre variáveis. Seu planejamento também ocorre de forma bastante semelhante. A diferença
mais importante entre as duas modalidades está em que, na pesquisa ex post facto, o pesquisador não
dispõe de controle sobre a variável independente, que constitui o fator presumível do fenômeno, porque
ele já ocorreu. O que o pesquisador procura fazer nesse tipo de pesquisa é identificar situações que se
desenvolveram naturalmente e trabalhar sobre elas como se estivessem submetidas a controles.

• Pesquisa-ação: quando o pesquisador não é apenas observador exterior aos fatos, mas assume a
necessidade de fazer parte deles. Nas palavras de David Tripp (2005, p. 445-6):

É importante que se reconheça a pesquisa-ação como um dos inúmeros


tipos de investigação-ação, que é um termo genérico para qualquer processo
que siga um ciclo no qual se aprimora a prática pela oscilação sistemática
entre agir no campo da prática e investigar a respeito dela. Planeja-se,
implementa-se, descreve-se e avalia-se uma mudança para a melhoria de
sua prática, aprendendo mais, no correr do processo, tanto a respeito da
prática quanto da própria investigação.

• Pesquisa participante: a pesquisa participante, assim como a pesquisa-ação, caracteriza-se pela


interação de pesquisadores e membros das situações investigadas.

Saiba mais

Convidamos a ler o livro:

ADORNO, R. C. F. et al. O conhecimento e o poder: de quem é a palavra.


Relato de uma experiência de pesquisa participante. Rev. Saúde Pública,
São Paulo, v. 21, n. 5, out. 1987. Disponível em: <http://www.scielosp.org/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101987000500006&lng=pt
&nrm=iso>. Acesso em: 23 mar. 2014.

Há autores, como Serva (1995, p. 69-70) que também tratam da pesquisa participante:

A observação participante refere-se, portanto, a uma situação de pesquisa


em que observador e observados encontram-se numa relação face a face,
e em que o processo da coleta de dados se dá no próprio ambiente natural
de vida dos observados, que passam a ser vistos não mais como objetos de
pesquisa, mas como sujeitos que interagem em um dado projeto de estudos.

[...]

67
Unidade II

Ao resgate da subjetividade, pela inserção do pesquisador numa relação


direta e pessoal com o observado, corresponde a abertura para a emoção, o
sentimento e o inesperado.

[...]

[...] a opção pela utilização da observação participante dá primazia à


experiência pessoal vivida no campo, evitando o aprisionamento do
pesquisador em apriorismos. Por outro lado, isso não significa, em absoluto,
que não se disponha de quadros referenciais teóricos sólidos.

Observação

É muito importante esclarecer que, na prática, esses tipos não devem


anteceder as escolhas e decisões de pesquisar, posto que são consequências
do exercício real do método como fio condutor das ações; exceção no caso
de propostas de temas e procedimentos de terceiros como condição à
pesquisa.

5.1.7 A formulação do problema de pesquisa

Muitos estudantes consideram inconveniente a assertiva que lhes dirigimos nas aulas: “até para não
sabermos, é preciso saber alguma coisa”, isto é, quando alguém afirma que nada sabe sobre algo, no
contexto da pesquisa científica, a condição para tal “desconhecimento” é a de que tenhamos conhecimento
prévio acerca desse assunto e, desse modo, percebamos que o trabalho de formular problemas e hipóteses,
bem como a tarefa de descrever e/ou explicar as variáveis com as quais trabalhamos como pesquisadores,
pede certo conhecimento sobre o assunto que queremos aprender e manejar.

Normalmente, os pesquisadores já acumulam conhecimento suficiente para elaborar problemas e


hipóteses. Quando eles imaginam pesquisar determinado assunto, já leram e refletiram sobre o tema o
suficiente para, com segurança, elaborar o seu problema e a hipótese da sua investigação.

No caso de trabalhos escolares, muitas vezes, o próprio professor da disciplina dá aos alunos algumas
informações básicas sobre o tema proposto para uma pesquisa mais aprofundada, complementar e
mesmo suplementar às aulas.

Como deveremos proceder se nos for solicitada uma pesquisa sobre um assunto que desconhecemos?
E se devemos elaborar um problema de pesquisa e hipóteses pertinentes a esse problema, no caso de um
tema que não dominamos?

É recomendação básica, e requisito fundamental, que façamos um estudo prévio sobre o tema
de nosso interesse, para que possamos formular um problema de pesquisa que seja pertinente, mas,
sobretudo, coerente.
68
Métodos de Pesquisa

Esse estudo prévio pode envolver leitura de jornais, enciclopédias, sítios da internet e orientação
ou conversas com pessoas que sabemos dominar o tema (ou que possuem um conhecimento mais
aprofundado sobre o assunto que vamos investigar).

Muitas vezes, dada a vastidão do tema e o nosso desconhecimento sobre o assunto estudado, esse
estudo prévio acaba se transformando em uma pesquisa bibliográfica, momento de qualquer pesquisa,
além de modalidade importantíssima quando o objetivo for levantamento dos atributos (propriedades
físicas, químicas, sociológicas, médicas etc.) e exploração das diversas dimensões de temas (históricas,
geográficas, econômicas, culturais, políticas, ambientais, entre outras).

Pesquisamos a fim de descobrir respostas para problemas. No campo da metodologia científica


(conjunto de técnicas e métodos consagrados pelo trabalho de pesquisa científica), definimos problemas
como questões não resolvidas e que se colocam como centro de discussão e investigação. De forma
bastante simplificada, o problema da pesquisa resume o que nos inquieta, o que nos motiva a levantar
informações, a respeito do que queremos saber mais.

Lembrete

É preciso saber algo do assunto que se deseja pesquisar.

Problema de pesquisa, para Gil (2002, p. 23), com recurso ao dicionário, é “questão não solvida e
que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento, pois é a que mais apropriadamente
caracteriza o problema científico”. Justifica a seleção da acepção pela clareza de que nem todo problema
é passível de tratamento científico. E reitera que “Isto significa que, para se realizar uma pesquisa, é
necessário, em primeiro lugar, verificar se o problema cogitado se enquadra na categoria de científico”.

Esse autor reitera que:

toda pesquisa se inicia com algum tipo de problema, ou indagação. Todavia, a


conceituação adequada de problema de pesquisa não constitui tarefa fácil, em
virtude das diferentes acepções que envolvem este termo (GIL, 2002, p. 23).

Gil ajuda-nos na tarefa de classificar e manejar as questões da pesquisa em função de sua


verificabilidade. Afirma ele que, nas perguntas como esta: como posso viver melhor e qual é a maneira
correta de viver?, elaboram-se, respectivamente, problemas tecnológicos e morais (segundo o autor, de
engenharia e de valor), contudo não são problemas científicos, porque na própria pergunta não há
variáveis (acontecimentos cujo valor poderia mudar em função de inúmeros fatores) que possam ser
testadas objetivamente (2002, p. 24). Em outras palavras:

Problemas de valor ou de engenharia não podem ser problemas


científicos. Eles não são cientificamente testáveis. Não conseguimos
levantar evidências fortes o suficiente que possam responder às questões
formuladas dessa maneira. Podemos até nos aproximar de respostas
69
Unidade II

prováveis, mas dificilmente podemos chegar a uma conclusão com


segurança e neutralidade (GIL, 2002, p. 24).

Mais:

Um problema científico é um problema que apresenta uma situação que


pode ser testada. Se um problema é uma questão que mostra uma situação
necessitada de discussão, investigação, decisão ou solução temos que ter
condições efetivas de discuti-lo, investigá-lo e solucioná-lo (GIL, 2002, p. 24).

Segundo vários pesquisadores e cientistas, a etapa mais difícil e trabalhosa do processo de pesquisa
é a definição do problema. Vamos pesquisar o quê? Vamos responder a qual questão? É desse momento
que depende todo o restante do trabalho de pesquisa. Se não formulamos adequadamente o problema,
toda a nossa pesquisa está comprometida. Se não definimos o rumo, vamos com certeza nos perder.

O erro mais comum em pesquisa é iniciá-la sem ter claro o problema a ser resolvido. Temos tantas ideias,
queremos saber tantas coisas, que erroneamente consideramos que está claro o que queremos saber. Esse é o
maior engano. Muitas vezes, não está claro nem para nós mesmos. Imaginem então para os outros.

Seguem alguns exemplos de formulação de problemas de pesquisa.

Quadro 3 – Exemplos de problemas de pesquisa

Temática Problematização do tema de pesquisa proposto no projeto.


Avaliar se a educação escolar com preceitos médico-ambientais, jurídicos,
políticos, logo nos primeiros anos do Ensino Fundamental, transforma
hábitos alimentares e de higiene pessoal (profilaxia médica); conhecimento
Qualidade de vida das normas essenciais, das leis básicas (começando pela Constituição
Federal), participação nas decisões, na vida institucional das organizações,
principalmente as públicas (participação política). Tudo isso de modo lúdico,
brincando, jogando. Projeto de longa duração, com “grupo-controle”.
Verificar a eficácia da utilização de jogos eletrônicos (games variados, feitos
com propósito educativo ou não) no aprendizado das diversas disciplinas,
A utilização da informática no como sociologia, política, estatística, ecologia e todas as demais áreas de
aprendizado escolar. estudo. Projeto de curta duração, com possibilidades de testes qualitativos
sobre o aprendizado.
Verificar se a presença de ótimas condições ambientais e culturais dos
terroirs (clima, relevo, nutrientes no solo, saberes, tradições etc.) na
vitivinicultura realmente são únicas, ou se as variedades de uvas viníferas
podem ser cultivadas em quaisquer áreas cujas condições sejam aproximadas
A crise da hegemonia das áreas de e artificialmente produzidas (varietais dos Estados Unidos, Chile e Nova
denominação geográfica controlada, da Zelândia, por exemplo). Exemplo da champagne, que é o único vinho
vitivinicultura europeia. espumante que pode receber esse nome por ser da região de Champagne,
sendo o vinho que passa por processos similares denominado simplesmente
espumante. Projeto de média duração e interdisciplinar, de instrumental
múltiplo, para escapar das amarras tecnicistas. Pesquisa bibliográfica,
videográfica (documentários e dramas) e cartográfica.
A distribuição espacial da renda nas Verificar se a concentração de renda, além de estar associada ao acesso
regiões metropolitanas brasileiras, às melhores áreas das cidades (também do campo), também explica a
associada aos problemas ambientais e distribuição dos benefícios e problemas ambientais.
de infraestrutura.

70
Métodos de Pesquisa

Saiba mais

Você pode buscar as seguintes fontes para obter mais conhecimento


sobre o assunto:

CASTRO A. A. Formulação da pergunta de pesquisa. In: CASTRO, A. A.


Revisão sistemática com e sem metanálise. São Paulo: AAC, 2001. Disponível
em: <http://www.metodologia.org>. Acesso em: 20 maio 2014.

Esse capítulo faz parte de uma série de manuscritos que originou o


curso, aberto e gratuito, de revisão sistemática e metanálise, disponibilizado
pela Unifesp Virtual. (<http://www.virtual.epm.br/cursos/metanalise>.).

HEGENBERG, L. et al. (Org.). Métodos de pesquisa: de Sócrates a Marx e


Popper. São Paulo: Atlas, 2012.

LIMA, T. C. S.; MIOTO, R. C. T. Procedimentos metodológicos na construção


do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Katálysis, Florianópolis,
v. 10, 2007. Número especial. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1414-49802007000300004&lng=en&nrm
=iso>. Acesso em: 23 mar 2014.

Algumas considerações sobre o problema de pesquisa são necessárias:

• Uma pesquisa só será necessária se existir uma insatisfação com as soluções oferecidas, dúvida ou
dúvidas a serem esclarecidas.

• A problemática é a evolução metodológica do encaminhamento da dúvida inicial que motiva


e orienta a pesquisa; não podemos perder de vista essa origem, que, segundo os preceitos
filosóficos geralmente aceitos, deve sempre sediar seu ciclo no senso comum, isto é, estabelecer
seus horizontes no mundo da vida humana.

• Deve ser escrito de forma clara e argumentativa: qual é a questão, e seus parâmetros, para a qual
se busca uma resposta?

Pode-se, ainda, qualificar os problemas quanto:

• À relevância: isso quer dizer que o problema de pesquisa precisa, de alguma forma, representar
uma indagação ou questionamento que tenha importância no contexto histórico na construção
do conhecimento, não podendo ser medido apenas pela aplicação das “conclusões” às quais
chegarmos. É, então, uma questão de coerência de todo o “ciclo da pesquisa”, desde as concepções
teóricas, técnicas, às éticas, que devem ser fundantes da ação.
71
Unidade II

• À clareza: isso significa que não pode haver dúvidas no encaminhamento da pesquisa sobre a
questão da pesquisa que se irá realizar.

• À possibilidade de realização: devemos nos propor trabalhos factíveis, praticáveis, no que diz
respeito a alcance dos objetos de interesse, acesso aos recursos em geral, além de ambiente de
pesquisa.

• Aos interesses e preferências do pesquisador: sempre que pudermos, devemos escolher nossos
temas de pesquisa. Na vida escolar (também na profissional), principalmente quando as pesquisas
são exercícios de aprendizagem metodológica, os temas são secundários ou restritos à prática
exploratória e ao domínio da reprodução do assunto antes de nele criar. Ou melhor, temos de fazer
pesquisas em temas que não são os de nossa preferência, apesar de estarmos mais interessados
em outros assuntos. Devemos procurar escolher assuntos que nos sejam interessantes, a respeito
dos quais temos muita curiosidade.

• À especificidade: na definição do problema principal de nossas pesquisas, temos de ser bastante


específicos quanto ao estabelecimento dos objetivos e de sua hierarquia, pois devem ser precisados
os aspectos (as variáveis) que poderão (deverão) ser verificados.

Os temas muito amplos e fracionados podem apresentar-se como de difícil solução, e, se não
definirmos exatamente o que queremos, provavelmente perderemos o foco em meio ao material
bibliográfico (gráficos em geral, documentos, enciclopédias e artigos científicos). Devemos
continuamente ajustar a problemática (o questionamento) da pesquisa como se fosse a busca
pelas lentes adequadas que nos permitirão enxergar melhor nosso alvo; mais ou menos como
fazemos naqueles exames oftalmológicos.

Logo, quanto mais específico for o problema formulado, mais fácil será empreender buscas e aferir
a consistência das soluções encontradas. Quanto mais específico for o problema, mais sentido terá
nosso trabalho de pesquisa. Esse é um trabalho que costumamos denominar “recorte do tema”. Como se
estivéssemos diante de uma enorme folha de jornal recheada de assuntos interessantes e resolvêssemos
“recortar” um artigo sobre determinado tema.

• À forma, como pergunta: por uma questão de precisão e controle lógico, formulamos o problema
como pergunta na forma interrogativa; precisão, em virtude da necessidade da linguagem como
instrumento; e controle na verificação das variáveis; isto é, os “termos acessórios do problema”
que deverão ser checados.

A título de exemplo, seguem alguns problemas que podem ser considerados científicos, bem como
seus motivos:

• O horário eleitoral gratuito (e demais modalidades de campanha) repercute no voto do eleitor?

— Procura-se aqui inquirir a assistência e avaliar a extensão de impactos.

72
Métodos de Pesquisa

• Os índices de desemprego, de déficit habitacional, da fome e de acesso à escola são responsáveis


pelo crescimento da violência urbana?

— O propósito é avaliar pelo método comparativo de amostras com diferentes combinações dos
fatores.

• Que fatores determinam o aumento ou a diminuição dos níveis de poupança de famílias de classe
média?

— Aferir os períodos com menores afluxos de depósito em poupança relacionados a variáveis


socioeconômicas de renda, escolaridade, segmentação de mercado etc., conforme as hipóteses.

• A escolha da dieta básica (e de alimentos particulares) dá-se conforme o grau de instrução?

— Averiguação das dietas básicas de grupos pesquisados da população total segundo estratos de
escolaridade.

• Quais os fatores (psíquicos, sociais) influenciadores do hábito de amamentar?

— Pesquisa bibliográfica e entrevistas com grupos de estratos sociais de renda, educação, domicílio
distintos; escolhas com base nas hipóteses.

• Os exames vestibulares refletem o nível de iniciação à leitura dos candidatos?

— Aferir a relação dos candidatos com a prática da leitura.

• Na realização de atividades por indivíduos isolados ou por grupos coordenados, qual é modo mais
eficiente ou produtivo de execução do trabalho?

— Aferir e comparar os ciclos de atividades por modalidade.

• Qual é o impacto das atividades humanas no assoreamento dos rios urbanos?

— Mapear e mensurar os impactos da ocupação do território (atividades) na dinâmica hidrológica


e no perfil hidrográfico da região estudada.

Os problemas mencionados anteriormente são científicos, específicos, atendendo aos


requisitos mencionados. Formulado o problema da pesquisa, a elaboração da hipótese é a tarefa
que, em seguida, faz-se necessária. Já dissemos que “se trata daquilo que achamos”, nossa
“solução precária” para o problema proposto; é o que já temos sobre o objeto da pesquisa, o
outro lado do objetivo.

73
Unidade II

5.1.8 A elaboração das hipóteses de pesquisa

A hipótese é, então, uma resposta (provável) ao problema a ser investigado. Em algumas pesquisas,
essa elaboração é dispensável, ao menos em termos da sua explicitação formal (quer dizer, da sua
declaração). Isso ocorre principalmente nos casos de estudos exploratórios ou descritivos.

De forma simplificada, podemos dizer que problemas, objetivos e hipóteses estão relacionados.
Percebemos diferenças nos seguintes aspectos:

• enquanto os problemas são sentenças interrogativas, os objetivos são incertos, as hipóteses são
afirmativas;

• as hipóteses são tão específicas quanto os objetivos e mais do que os problemas;

• as hipóteses apresentam uma maior preocupação com a operação da pesquisa propriamente dita;
assim, se o problema apresenta a questão da pesquisa, a hipótese deve deixar claro qual a forma
a ser utilizada para resolver o problema foco de investigação.

As hipóteses são consequências dos objetivos e dos problemas formulados. Elas funcionam como
afirmações, procurando deixar evidente como serão respondidas algumas das questões pertinentes aos
problemas. Isso ocorre porque, como as hipóteses são mais específicas, elas podem estar relacionadas
a determinados aspectos do problema. Portanto, um mesmo problema pode gerar várias hipóteses,
e a construção de uma determinada hipótese é escolha pessoal do pesquisador em relação a várias
possibilidades.

Vamos a alguns exemplos, tomados dos que já foram apresentados.

• Exemplo 1:

O tema é: a crise da hegemonia das áreas de denominação geográfica controlada, da vitivinicultura


europeia.

Problema formulado: é possível manter a qualidade original de vinhos de regiões especiais nos
vinhos que mantenham a variedade de uvas em outras partes do mundo?

Argumento: verificar se ótimas condições ambientais e culturais dos terroirs (clima, relevo, nutrientes
no solo, saberes, tradições etc.) na vitivinicultura realmente são únicas, ou se as variedades de uvas
viníferas podem ser cultivadas em quaisquer áreas cujas condições sejam aproximadas e artificialmente
produzidas (varietais dos Estados Unidos, Chile e Nova Zelândia, por exemplo). Exemplo da champagne,
que é o único vinho espumante que pode receber esse nome por ser da região de Champagne; sendo
o vinho que passa por processos similares denominado simplesmente espumante. Projeto de média
duração e interdisciplinar, de instrumental múltiplo para escapar das amarras tecnicistas. Pesquisa
bibliográfica, videográfica (documentários e dramas) e cartográfica.

74
Métodos de Pesquisa

Podemos formular várias hipóteses tomando o problema “É possível manter a qualidade original
de vinhos de regiões especiais nos vinhos que mantenham a variedade de uvas em outras partes do
mundo?” como ponto de partida. Portanto, de um mesmo problema, podemos formular duas ou mais
hipóteses diferentes. São várias as possibilidades. Numa delas, ambos os exemplares de vinhos devem
ser comparados.

A título de exemplo, vamos formular duas hipóteses:

— Hipótese 1: um dos dois é melhor, a partir dos critérios convencionais empregados pela
arbitragem, desmoralizando um dos argumentos do debate.

— Hipótese 2: os dois são de alta qualidade, e caem por terra os mitos.

Como é possível observar, as hipóteses são afirmações que se fazem na tentativa de obter
respostas para a solução de um determinado problema. Seja lá qual for a hipótese escolhida, sua
confirmação ou não auxilia na descoberta da resposta ao problema que formulamos. O pesquisador
deve escolher aquela hipótese que mais o agrada e que lhe parece mais próxima de responder ao
problema formulado.

• Exemplo 2:

O tema é: a distribuição espacial da renda nas regiões metropolitanas brasileiras e associação aos
problemas socioambientais e de infraestrutura.

Problema formulado: a distribuição territorial da renda é causa principal de processos sociais que
afirmam ou negam a qualidade de vida da população?

Argumento: verificar se a concentração de renda, além de estar associada ao acesso às melhores


áreas das cidades (e do campo), também explica a distribuição dos benefícios e problemas ambientais.
Para cada um dos fatores, podemos formular uma hipótese correspondente.

— Hipótese 1: o poder aquisitivo; a renda determina o acesso às melhores áreas dos espaços
urbanos e agrários.

— Hipótese 2: a concentração de renda é acompanhada de mobilização e solução política


(lobbies) dos problemas e atendimento de demandas.

— Hipótese 3: as condições socioambientais em geral expressam o comportamento dos grupos


com associação direta a esses espaços.

As hipóteses anteriores são afirmações que fazemos na tentativa de obter respostas para a solução de
um determinado problema, qual seja, o da descoberta dos fatores que estão relacionados ao crescimento
da violência urbana. Seja lá qual for a hipótese escolhida, sua confirmação ou não nos permite descobrir
se o fator selecionado pode ou não estar vinculado ao crescimento da violência. O pesquisador deve
75
Unidade II

escolher a hipótese de sua preferência e a que lhe parece mais próxima de responder ao problema
formulado.

5.1.8.1 Papel das variáveis

Como dissemos, na hipótese, estamos imaginando a existência de alguma relação entre coisas ou fatos.

Por exemplo, vamos imaginar o seguinte problema de pesquisa:

• Problema: a ocorrência de cáries está relacionada ao acompanhamento odontológico preventivo?.

Estamos nos perguntando se o hábito de consultar com frequência o dentista pode estar relacionado
à frequência com que surgem cáries. Para esse problema, podemos formular a seguinte hipótese:

• Hipótese: a frequência com que surgem cáries está relacionada à frequência de acompanhamento
odontológico preventivo.

Nessa afirmação, estamos procurando investigar se “frequência de acompanhamento odontológico”


e “frequência de ocorrência de cáries” estão relacionadas. Para efeito da nossa pesquisa, “frequência de
acompanhamento odontológico” e “frequência de ocorrência de cáries” serão as nossas variáveis. São as
coisas ou os fatos que procuraremos estudar.

Quando o pesquisador elabora a hipótese de pesquisa, ele deve esclarecer exatamente o que significam
as variáveis com as quais ele irá trabalhar. No exemplo anterior, acompanhamento odontológico pode
ter significados diferentes para pessoas diferentes. Da mesma forma, pode haver diferentes maneiras de
entender o que significa “ocorrência de cáries”.

As variáveis (as coisas e os fatos sobre os quais iremos trabalhar) necessitam ser definidas,
detalhadamente, pelo pesquisador. No exemplo, as nossas variáveis podem ser explicadas da seguinte
maneira:

— Frequência de acompanhamento odontológico preventivo: deve ser entendido como número


de consultas preventivas (excluídos os tratamentos) a um profissional especializado em saúde
dentária (dentista ou ortodontista), no período de um ano.

— Frequência de ocorrência de cáries: deve ser entendida como o número de vezes, ao longo de
um ano, correspondente ao surgimento de cáries.

A partir da definição das nossas variáveis, deixamos claro o que iremos pesquisar. A partir da definição
das nossas variáveis, qualquer pessoa pode compreender exatamente qual afirmação procuraremos
confirmar ou negar.

76
Métodos de Pesquisa

Vamos retomar um exemplo anterior.

• O problema formulado é: “será que a propaganda eleitoral influencia decisivamente o voto do


eleitor?”.

• Hipótese 1: no caso de eleitores indecisos, assistir ao programa eleitoral durante os três meses
anteriores à eleição pode ajudá-los a definir a intenção de voto.

As nossas variáveis são:

• Variável 1: exposição ao programa eleitoral, que será entendida como o número de vezes que o
eleitor assistiu/esteve exposto à propaganda partidária especialmente elaborada para o período
de eleições, veiculada por meio da televisão.

• Variável 2: intenção de voto, que será entendida como a declaração espontânea de qual será o
voto quando da eleição.

Fica claro também, na nossa formulação hipotética, que estaremos investigando essa possível relação
dentre as pessoas declaradamente indecisas (quer dizer, que em um primeiro momento declararam não
ter candidato definido). Também estamos esclarecendo que estudaremos a influência da propaganda
eleitoral nos três meses anteriores ao pleito (período usual em que a propaganda eleitoral é veiculada).

Vejamos mais um exemplo:

• O problema formulado é: “quais os fatores que contribuem para o crescimento da violência


urbana?”.

• Hipótese 1: quanto maior o desemprego, maior será a violência urbana.

As nossas variáveis são:

• Desemprego, que será compreendido como a inexistência de vínculo empregatício formal


do indivíduo durante um ano (quer dizer, iremos definir que o indivíduo será considerado
desempregado se não tiver tido algum trabalho com “registro em carteira” no período de
doze meses).

• Violência urbana, que será entendida como o número de crimes (assaltos, roubos, assassinatos) na
cidade durante o período de um ano.

Definidas as variáveis, podemos mencionar que as estudaremos a partir de estatísticas fornecidas


por determinadas entidades de pesquisa ligadas ao governo municipal. Nosso trabalho será o de analisar
se existe uma associação entre desemprego e violência urbana, por meio da comparação dos números
que tivermos disponíveis.

77
Unidade II

Exemplo de aplicação

Retome outros exemplos de problemas mencionados anteriormente. Para cada um deles, formule
uma hipótese e defina as variáveis de forma que seja possível confirmar ou não a hipótese formulada.

Que fatores determinam o aumento ou diminuição dos níveis de poupança de famílias de classe
média?

O grau de instrução determina a escolha de determinado tipo de alimento?

A condição social dos alunos está relacionada aos resultados de exames vestibulares?

A realização, em grupo, de determinada tarefa pode estar relacionada com a diminuição do tempo
de execução e finalização da tarefa?

Exercício de aplicação

Oferecemos mais uma oportunidade de colocar em prática aquilo que estamos tratando. Veja o
roteiro da atividade proposta:

1. A partir da bibliografia recomendada (a seguir), apresente a definição de “problema de pesquisa”


(também denominada problemática e questão de pesquisa), destacando sua importância no
conjunto do projeto.

2. Diferencie um problema científico de um não científico.

3. Formule um problema científico seguindo as sugestões (“dicas” dos autores recomendados) e as


regras (condições estritas).

4. Responda às questões correlatas àquelas da problematização do tema, tais como: qual é a


relação entre a problematização e os instrumentos e técnicas de pesquisa? Qual é a relação entre
problemática e resultados da pesquisa? 

Observações: o exercício deve ter redação direta, contemplando justificativas, devendo ser


apresentado nas condições mínimas estabelecidas para trabalhos acadêmicos, no que diz respeito à
indicação de fontes e referências, começando a empregar ao menos as normas mais elementares, isto é:
ABNT NBR 6023:2002 – Informação e documentação – Referências – Elaboração (original); ABNT NBR
10520:2002 – Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação (original). 

78
Métodos de Pesquisa

Saiba mais

Bibliografia para o exemplo de aplicação:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-10520:


informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação.
Rio de Janeiro, 2002a.

___. NBR-6023: informação e documentação – Referências –


Elaboração. Rio de Janeiro, 2002b.

Ou: 

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

HEGENBERG, L. et al. (Org.). Métodos de pesquisa: de Sócrates a Marx e


Popper. São Paulo: Atlas, 2012.

MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos


e seminários. São Paulo: Atlas, 2013.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,


2000. p. 63-71.

5.1.9 Quando pesquisar? Tempo coberto pelo projeto

Toda pesquisa tem um início, um meio e um fim. Não falamos somente em termos de conteúdo, mas
também de tempo de execução. Quando a pesquisa começa, em quanto tempo se desenvolve e quando
será finalizada? Tratamos, portanto, de um calendário, de um cronograma.

Saiba mais

Convidamos você a ler o artigo “Origem e Evolução do Nosso Calendário”,


escrito por Manuel Nunes Marques. Está disponível em: <http://www.mat.
uc.pt/~helios/Mestre/H01orige.htm>. Acesso em: 22 maio 2014.

Temos certeza de que apreciará a leitura.

79
Unidade II

Figura 18 – O calendário

O cronograma deve obedecer a um calendário predeterminado pelo agente pesquisador e descrever


o tempo necessário para a realização de cada uma das partes propostas no projeto.

Conforme Salomon (2000, p. 223), “um projeto que não se reduz a mero ’projeto de intenções‘, uma
vez que tem de ser tecnicamente redigido, não pode deixar de conter cronograma e orçamento”.

No cronograma estão representados os elementos constitutivos do processo de pesquisa, tomando


como referenciais o tempo e a natureza das atividades. Além disso, ainda para Salomon (2000, p. 223-4):

a concepção do cronograma é dinâmica e flexível e pode ser mostrada: a)


definindo-se a priori que início, duração, término de uma fase ou de uma
atividade não hão de ser entendidos rigidamente e de maneira estanque; b)
nem sempre o término de uma fase é condição necessária para o início de
outra subsequente; há possibilidade de imbricação de fases e [de] projeção
de uma fase iniciar-se concomitantemente com outra.

As etapas podem ser coincidentes, mas não excludentes. Por exemplo, é possível fichar um texto
e levantar dados secundários no mesmo mês, mas não é possível fazer uma análise comparativa das
entrevistas sem tê-las terminado. Salomon (2000, p. 223) ensina que:

A forma mais racional de se fazer um cronograma é assumir o modelo


cartesiano de cruzamento de coordenadas ou da tabela cruzada, em que as
colunas mostram os períodos e momentos do tempo reservado a cada fase
da pesquisa, e as fileiras delineiam as fases e tarefas a cumprir.
Lá vai um exemplo:

80
Métodos de Pesquisa

Quadro 4 – Exemplo de cronograma

Etapas Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Leitura e fichamento

Levantamento de dados em campo

Entrevista com operários

Entrevista com dirigentes

Análise comparativa

Redação do texto

Saiba mais

Consulte o livro de Délcio Vieira Salomon, Como fazer uma monografia


(São Paulo: Martins Fontes, 2000). O Capítulo 8 apresenta outro bom
exemplo de como se elaborar um cronograma.

5.1.10 A pesquisa socioambiental: das ciências básicas às aplicadas

O adjetivo socioambiental supõe a junção dos reinos físico, orgânico e cultural, articulando as
ciências parcelares (disciplinas) em suas interfaces (intersecções), de modo que diminua as reduções
e o esfacelamento da realidade. Qualquer que seja a pesquisa, sempre terá por objeto eventos sociais
(relações sociais e culturais) e ambientais (trocas de matéria e energia); portanto, dirigindo-se à junção
socioambiental, sejam acontecimentos empíricos (ciências sociais aplicadas, como a sociologia e
a geografia), seja nos imaginados (como a geometria e a física teórica), nas ciências básicas ou nas
aplicadas.

Anteriormente, tratamos da importância do trabalho científico na aquisição de conhecimento e na


ampliação da nossa compreensão do mundo, focando nos objetos de uso cotidiano, passando agora
àqueles mais complexos, infelizmente, restritos aos especialistas.

Como vimos, a pesquisa é o conjunto de atividades que tem por objetivo estudar e investigar
determinado fenômeno selecionado. Isso quer dizer que, escolhidos certo tema ou certa área do
nosso interesse, a todas as atividades que desenvolveremos para atingir esse objetivo (aumentar
o conhecimento sobre o assunto) chamamos de pesquisa. Costumamos dizer que a pesquisa é um
processo, porque envolve trabalhos desenvolvidos durante um determinado período de tempo e que,
normalmente, cruzam-se e têm uma relação de interdependência.

81
Unidade II

A pesquisa científica tem características bastante definidas:

• a pesquisa é um processo formal: segue regulamentos e normas claras e explícitas;

• a pesquisa é um processo sistemático: é realizada de forma ordenada, com uma intenção declarada;

• a pesquisa é um processo que se utiliza de metodologia específica: serve-se de procedimentos e


estratégias cientificamente aprovadas.

Podemos então definir pesquisa como o processo formal e sistemático que, por meio da utilização
da metodologia científica, permite que ampliemos os nossos conhecimentos. A partir daí, como
entendermos a pesquisa social avançada e suas ligações capilares com a pesquisa ambiental?

Toda pesquisa é, a um só tempo, social e ambiental, posto que é dedicada ao estudo da realidade
social que se entrelaça com a ambiental (biomas e ecossistemas), realidade essa que envolve inúmeros
aspectos referentes ao homem em seus relacionamentos com outros homens, com a variedade ambiental
(conjunto de formas orgânicas e inorgânicas) e as instituições. Quer dizer que é o tipo de pesquisa que
encontramos nas mais variadas ciências (geografia, ecologia, sociologia, antropologia, ciência política,
educação, psicologia etc.).

Dentre os vários temas aos quais se dedica a pesquisa socioambiental, podemos ressaltar alguns:

• produção do espaço geográfico e degradação ambiental;

• diagnóstico e prognóstico socioambiental;

• planejamento territorial, ambiental, econômico;

• estudos de políticas públicas;

• personalidade humana;

• família,

• grupos sociais;

• comportamento individual e coletivo;

• mudanças sociais;

• problemas sociais;

• comportamento político;

• organização social.
82
Métodos de Pesquisa

Pelas suas características e temáticas particulares, as Ciências Sociais não desfrutam do mesmo
prestígio que outras áreas das ciências, porém tem havido mudanças positivas com o esclarecimento
sobre as interfaces e a maior aceitação das diversas disciplinas, antes descartadas. Algumas das razões
desse descarte costumam ser:

• a realidade social não segue o mesmo padrão do universo físico, sendo impossível determinar a
causalidade (tal fator causar tal fenômeno) e a previsibilidade (se tal fator ocorrer, termos uma
chance de tantos por cento de certo fenômeno ocorrer) dos objetos estudados;

• é extremamente difícil quantificarmos os fenômenos sociais estudados;

• os pesquisadores sociais lidam com temas com os quais podem estar psicologicamente envolvidos,
o que dificulta a objetividade nesse tipo de trabalho;

• geralmente, os fenômenos sociais envolvem tantos aspectos que se torna quase impossível defini-los
e controlá-los.

A defesa mais fácil seria mostrarmos que os problemas anteriormente mencionados também
ocorrem em diversas pesquisas das ciências naturais. No entanto, a melhor resposta para essas críticas
é a demonstração das inúmeras possibilidades de executarmos pesquisa científica com o objetivo de
estudarmos fenômenos sociais.

Exemplo de aplicação

Folheando o jornal diário, podemos listar uma série de assuntos e temas de nosso interesse.
Dentre esses assuntos, podemos selecionar alguns que poderiam ser objeto de estudo de pesquisas
socioambientais. Faça a leitura de algum jornal. Depois:

• faça uma lista dos temas de interesse;

• selecione aqueles que podem ser identificados como temas de interesse da pesquisa socioambiental;

• faça um pequeno esboço das justificativas para uma pesquisa acerca do tema selecionado.

6 O projeto de pesquisa

O ciclo da pesquisa constitui-se no caminho de busca calcada no projeto que descreve detalhadamente
seus atributos (assunto, objeto de interesse, justificativas da escolha e motivações do sujeito, além das
referências e dos recursos previstos) e no relatório monográfico, produzido em seu amadurecimento
com a finalidade de expor os resultados da pesquisa em fóruns adequados.

O trabalho de pesquisa pressupõe um objeto de estudo definido. Quer dizer, se vamos pesquisar,
temos de definir de maneira bastante precisa o que pretendemos investigar e aonde queremos chegar;
esse é o papel do projeto, organizar a ação que segue pistas e persegue um ou mais alvos.
83
Unidade II

Vamos estudar as formas mais adequadas para delimitar problemas, elaborar as hipóteses de trabalho
e definir as condições variáveis que afetam o tema e, portanto, a pesquisa, que deve ser prioritariamente
voltada para os interesses coletivos; em qualquer que seja a área, pois o fundamental é melhorar a vida
das pessoas, não de algumas, mas de todas as pessoas.

Esses procedimentos são fundamentais. Sem eles, saímos para pesquisar sem objetivo definido. Sem
essa clareza, pesquisamos sem rumo. Se não estabelecemos metas, perdemo-nos em um amontoado de
papéis e ideias, impossibilitados de investigar qualquer questão e sem ampliarmos o nosso conhecimento
sobre o mundo que nos cerca. Essa é a diferença entre estudar temas sem comprometimento (o que até
pode ser o início de uma grande pesquisa) e a pesquisa científica.

O projeto de pesquisa tem uma sequência padronizada que, entretanto, não deve ser absolutamente
rígida, mas aberta às transformações da realidade, às alterações das condições dadas no momento da
formulação da pesquisa. Seguem duas sugestões de formatos, um de Geraldo Inácio Filho, outro de
Antônio Carlos Gil.

Quadro 5 – Sequência dos momentos do projeto

Projeto de pesquisa

Título

1. Tema

2. Tipo de pesquisa

3. Justificativa

4. Objetivos

5. Fundamentação teórica

6. Metodologia de execução do projeto

7. Cronograma

8. Previsão de recursos humanos

9. Previsão de recursos materiais

Referências bibliográficas

Fonte: Inácio Filho (1995).

Muito próxima da sequência anterior, de Geraldo Inácio Filho, é a de Antônio Carlos Gil, que apresenta
o seguinte processo de pesquisa, em seu livro sobre elaboração de projetos:

84
Métodos de Pesquisa

Formulação do Construção de Determinação do Operacionalização


problema hipóteses plano das variáveis

Elaboração dos Pré-teste dos


instrumentos de Seleção da amostra Coleta de dados
instrumentos
coleta de dados

Análise e Redação do
interpretação dos relatório da
dados pesquisa

Figura 19 – Diagrama da pesquisa segundo Antônio Carlos Gil

O diagrama ou esquema anterior é muito próximo de nossa linha de raciocínio, começando


pela construção das questões que motivam e justificam nova pesquisa sobre um assunto qualquer,
“encerrando-se” com a redação final da monografia. A sequência dos quadrinhos não deve ser tomada
de modo rígido, pois a redação não começa no final, nem a gama de instrumentos surge depois de todo
o campo da pesquisa ser demarcado (identificação de variáveis ou aspectos do tema), o que seria o
correto, pois não são neutros aos nossos olhos; temos preferências que, embora devam ser domesticadas,
estão presentes. Enfim, o que determinamos como a linha mais correta de raciocínio é mais um modelo
de planejamento e de trabalho acadêmico do que fundação de concepção de plano linear inflexível.

As perguntas da pesquisa levam à estrutura do projeto (são, portanto, estruturadoras) e, assim, o


que pesquisar leva da temática (a área que se quer pesquisar, de modo bem geral) ao tema (dentre
os assuntos da temática), em sua extensão ou seu recorte disciplinar dos horizontes da pesquisa. A
indagação ou o porquê de se pesquisar geram as justificativas; o para quê, os objetivos; o como ou
modo, a metodologia; e o quando, o cronograma.

Seguem comentários sobre as fases, ou melhor, os momentos do projeto de pesquisa, juntando


aquilo que os dois esquemas apresentados têm de melhor, a nosso ver.

• Título: é a denominação do trabalho e uma forma de se apropriar dele; algo como um “batismo”
da relação que se estabelece; em nossa cultura, tudo o que é personalizado e deve ser mostrado,
partilhado, tem nome. Importante: é flexível e pode mudar durante a pesquisa, até mesmo
contando a história das mudanças das ideias iniciais que culminarão no relatório monográfico. A
maior regra é manter-se coerente com o produto final.

• Tema: é aquilo que nos interessou ou foi imposto como de nosso interesse; todo tema de pesquisa
deve ser apropriado, mesmo que não tenha sido de nossa escolha; é preciso que com ele se
estabeleça uma relação. Essa é fase de formulação do problema sobre o tema.

• Objetivos: são os pés e as pernas do trabalho, a condição de futuro, é o que dá movimento à


pesquisa; é um lado da ação da pesquisa, enquanto o outro é o da construção de hipóteses, que
é, ao contrário dos objetivos, a organização do que já temos.
85
Unidade II

• Tipo de pesquisa: produto de classificações conforme o que se pesquisa (objeto) e as técnicas e


procedimentos; importa saber a categoria de pesquisa como uma espécie de rótulo para facilitar
a indexação e a procura por parte dos futuros leitores.

• Justificativa: escolha do tema; enfim, além do que foi escrito há pouco, mostra o grau de afinação
com as escolhas, ou seja, quanto o pesquisador tomou a atividade para si.

• Fundamentação teórica da pesquisa: apresenta os autores e as ideias que mais influenciaram


a busca, o método, as técnicas e os instrumentos empregados. É o momento de maior reflexão
do trabalho, o coração e a autoria do trabalho, o que vai distingui-lo de qualquer outro; é
determinante das outras fases, de todos os procedimentos. Aqui se identifica o campo de estudos,
os elementos (valores e transformações) e horizontes da pesquisa, para alguns, o sistema com
suas variáveis.

• Metodologia de execução do projeto: é o momento em que se devem explicar a sequência,


o instrumental e os recursos da pesquisa, enfim, aqui se atribui sentido ao ciclo da pesquisa
particular que se está realizando.

Devem-se correlacionar os estabelecimentos teóricos (as visões de mundo) do item precedente


com esse momento da explicitação metodológica do método, isto é: operações com valores variáveis;
seleção da amostra; elaboração dos instrumentos e determinação da estratégia de coleta de dados;
determinação do plano de análise dos dados; previsão do formato de apresentação dos resultados;
cronograma da execução da pesquisa; e definição dos recursos humanos, materiais e financeiros a serem
alocados.

Seguem as etapas detalhadas na seção sobre a metodologia do trabalho:

• Cronograma: é a distribuição das atividades no tempo.

• Previsão de recursos humanos e materiais: é a projeção de gastos com as várias fases da


pesquisa.

• Referências bibliográficas: são fundamentais para o acompanhamento do diálogo (com outras


soluções, técnicas, visões de mundo) que é a própria pesquisa.

Lembrete

Deve-se distinguir o processo global de planejamento, que supõe


todos os momentos da pesquisa, que vai da curiosidade e da inquietação à
publicação e aos debates acadêmicos, do projeto propriamente dito, que é
a formalização rigorosa dessas intenções.

86
Métodos de Pesquisa

Observação

Tão importante quanto o ideal de previsibilidade na base da busca é


a abertura para a flexibilidade, que deve ser incorporada ao projeto e ser
constitutiva do plano.

Saiba mais

No mercado editorial existem bons livros que abordam o tema projetos


de pesquisa. Um deles é o livro de Antonio Carlos Gil, Como Elaborar Projetos
de Pesquisa (5 ed. São Paulo: Atlas, 2010). Está disponível em: <http://online.
minhabiblioteca.com.br/books/9788522478408>. Acesso em: 20 maio 2014.

Convidamos você à leitura.

Uma vez tratados os elementos constitutivos de um projeto de pesquisa, bem como suas características
e ordenamentos, passamos para outra fase de igual importância: a sintetização das informações, bem
como a publicação do projeto e da própria pesquisa.

7 Síntese e publicação

O movimento do ciclo da pesquisa caminhou da origem, preparação e elaboração (que estão nos
tópicos 1 e 2 da unidade I) à viabilização (tópico 3 desta unidade), e agora chega aos seus aspectos mais
práticos, os formatos e as possibilidades de desfecho ou publicação. Agora trataremos da construção
do trabalho baseando-nos nas relações acadêmicas, clássicas, entre professor-orientador e estudante-
pesquisador, bem como com os demais estudantes e entre os estudantes. Desse modo, seguimos pelas
regras sobre as partes da monografia, suas seções.

O trabalho do pesquisador projeta-se para além da própria pesquisa e envolve processos acadêmicos,
políticos, profissionais, sejam cotidianos ou eventuais. Complementa-se colocando-se para o público
interessado. É trabalho que não termina, encerram-se as pesquisas em virtude de cálculos institucionais.

A publicação ou divulgação dos resultados de pesquisa é fase essencial, do mesmo modo que se
descobriu recentemente a importância da divulgação científica, dos momentos apresentados do projeto
até agora, o relatório monográfico da pesquisa, com os resultados da pesquisa, quanto e como atingimos
os objetivos almejados. Desde pôsteres, painéis, comunicações científicas, orais e escritas, passando pelos
artigos, até as dissertações mais elaboradas com funções de relatórios, todos são modos de divulgação
do trabalho, complementando-o.

87
Unidade II

Saiba mais
Divulgação científica é uma espécie de tradução dos jargões (linguagens
características, especializadas, limitadas) para a linguagem corrente, de
modo que mais pessoas entendam os trabalhos; trata-se de democratização
dos saberes e do conhecimento. Sobre tal tratamento do assunto, listamos
obras relacionadas que podem auxiliá-lo:

BROCKMAN J.; MATSON, K. As coisas são assim. São Paulo: Cia. das Letras,
1997.
BROCKMAN J. Einstein, Gertrude Stein, Wittgenstein e Frankenstein.
São Paulo: Cia. das Letras, 1989.
CAPRA, F. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1986.
___. Sabedoria incomum. São Paulo: Cultrix, 1990.
GOULD, S. J. Os dentes da galinha. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
OLIVA, A. Epistemologia: a cientificidade em questão. Campinas: Papirus,
1990.

A divulgação da pesquisa requer também que se obedeça a alguns critérios, a exemplo da descrição,
da narrativa e da dissertação. As figuras que se seguem apresentam o que se deve efetuar em cada caso.
Pormenorizar Retratar Detalhar

Visualizar Descrever é Caracterizar

Enumerar Fotografar Observar


Figura 20 – Descrição

Atuar Situar Imaginar

Surpreender Narrar é Dinamizar

Envolver Relatar Contar

Figura 21 – Narrativa

88
Métodos de Pesquisa

Criticar Expor Debater


Posicionar-se Argumentar

Questionar Desertar é Opinar

Exemplificar Explicar
Convencer Discutir Justificar

Figura 22 – Dissertação

O ciclo da pesquisa vai da origem da curiosidade ao projeto, passando pela dúvida, pela
pesquisa bibliográfica, que gera novas dúvidas como condição ao desenvolvimento do projeto
com suas muitas escritas e rascunhos que se tornarão o próprio relatório. Já a escolha dos
instrumentos de pesquisa é decorrente das opções metodológicas determinadas quando da
concepção do projeto.

Os instrumentos de coleta e produção de dados e informações aos quais nos referimos são os
questionários, as entrevistas, os croquis, a utilização de mapas, cartas e plantas, observações de campo,
leituras, interpretações e análises de dados estatísticos.

O relatório monográfico é a sistematização de todas as correções e todos os rascunhos nos registros


da pesquisa que tem como finalidade a divulgação do processo de pesquisa. Antes de chegarmos ao
texto final de publicação da pesquisa, apresentaremos instrumentos essenciais à construção do trabalho,
como o processo de orientação, os seminários, os debates e as entrevistas.

Leitura obrigatória

Acesse a Minha Biblioteca e leia o livro de Wilges Bruscato, Quem Tem


Medo da Monografia? (2 ed. São Paulo: Saraiva, 2010). O link de acesso
é: <http://online.minhabiblioteca.com.br/books/9788502112940>. Acesso
em: 20 maio 2014.

Lembrete

Lembre-se de quando dissemos anteriormente que “até para não saber


é preciso saber alguma coisinha!”

89
Unidade II

7.1 As orientações: a relação professor-aluno na pesquisa: caminhos,


regras e produtos

Dentre os instrumentos, a orientação de trabalhos acadêmicos como a monografia é um ponto


culminante. No processo de orientação, tanto o orientador quanto o orientando, em suas reuniões de
orientação, apresentam, discutem, debatem sobre os instrumentos necessários ao desenvolvimento da
pesquisa; portanto, sobre a essência da metodologia, que pode ser modificada seguindo parâmetros
adotados.

A relação aluno-pesquisador/orientador, na base da construção da atividade de ensino-aprendizagem


e de pesquisa, parte do suposto de que o pesquisador consiga revelar seus progressos e saiba identificar
mudanças necessárias, bem como fazer as “perguntas certas” ao seu orientador; ou seja, nesse processo,
há o entendimento de que o orientando adquira maturidade para bem pensar e desenvolver seu raciocínio
metodológico, de forma que o professor-orientador tenha condições de indicar quais as ferramentas
necessárias ao desenvolvimento da pesquisa.

O aluno-pesquisador deve ter de forma clara o que pretende com seus estudos. Deve ter certeza do
que deve ser explorado, do seu tema, e bem-delineada a problematização, bem como a hipótese, uma
ou mais, se for o caso.

O que se vê, muitas vezes, é o aluno indagando ao orientador se o tema faz sentido sem que
se apresente a pergunta, a problematização. Estamos acostumados, como orientadores de trabalhos
acadêmicos, a receber alunos que nos informam sobre determinado assunto. Ora, todo e qualquer assunto
tem lá seu grau de importância, mas, dissociado de uma problematização, fica vago e sem sentido. Outro
comportamento de alguns estudantes: como a decisão pela pesquisa não é algo fácil, como vimos nas
páginas anteriores, alguns alunos tomam uma posição mais passiva no processo. Significa que, em vez
de propor um tema para discussão e análise, procuram por nossas sugestões. Pergunta clássica:

- Professor: que tema é interessante de se investigar?

O que mais recomendamos aos alunos quando nos procuram por sugestões na escolha do tema:

- Veja o mundo e escolha o que quer entender e mudar!

Esta, normalmente, é a resposta do professor.

É preciso mais do que motivar o estudante-pesquisador a entrar nos processos de pesquisa; é


necessário deslumbrá-lo com as possibilidades do conhecimento sem negar os saberes comuns de
que comunga. O desafio do professor-cientista (que também pode ser criativo como o artista) é não
hierarquizar os saberes do mundo da vida (para aonde todos os especialistas voltam), de áreas ou ramos
do conhecimento distintos do seu. Esta é uma lição de casa que todos devemos fazer: criar um ambiente
de respeito acadêmico nas relações complementares de ensino-aprendizagem-pesquisa. Nesse aspecto,
as orientações coletivas, quando tratadas de assunto comum, oferecem ao estudante condições de
debater com seus pares o que está pensando, bem como ter acesso às pesquisas de colegas.
90
Métodos de Pesquisa

Os aspectos da orientação do professor e o aprendizado envolvido geram processos criativos. O maior


desafio do professor-orientador é provocar o sentido exploratório da atividade para que os orientandos
possam, no gênero de exposição oral de um seminário, por exemplo, criar sínteses a serem coletivizadas
pelos grupos interagentes.

É preciso, nas orientações, esclarecer os caminhos das recomendações e das sugestões das pesquisas.
O estudante tende a encontrar dificuldades mais ou menos recorrentes, como dificuldades em observar,
descrever, deter-se por longo tempo em fontes complexas, com sites de bancos de dados, a exemplo
dos portais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE ou da Fundação Sistema Estadual de
Análise de Dados – Seade.

Bem, ainda no que diz respeito à orientação de pesquisa, é preciso reafirmar continuamente que os
canais de comunicação devem sempre estar limpos, polidos e brilhantes, posto que seja a condição para
a qualificação dos trabalhos.

Na comunicação, que é o primeiro passo para os ajustes seguintes, quanto às regras, o orientador
precisa “vender” ao aluno a ideia de que o emprego das normas não vai tolhê-lo, mas lhe dar garantias
de riscos mais calculados, dados pela normalização das práticas da escrita, das referências às fontes de
pesquisa, bem como do correto manuseio do instrumental de apoio (resumos, fichamentos, resenhas,
anotações, representações gráficas etc.).

É preciso deixar bem claro para o estudante-pesquisador que o caráter histórico do conhecimento
(autoridades obrigatórias em todas as áreas do conhecimento) é de extrema importância e deve ser
preservado, o que envolve a questão fundamental da autoria dos trabalhos, dele e daqueles que deve
citar como fonte de inspiração positiva e negativa para sua argumentação. Tal assunto é tão relevante
que negligenciá-lo pode configurar plágio (cópia indiscriminada de ideias e conceitos sem o devido
reconhecimento das fontes), caracterizando-se como grave infração.

Começamos por chamar os alunos que precisam buscar respostas e soluções por meio de pesquisa
acadêmica e recomendar:

- Leiam tudo e partilhem estas informações com os colegas, dividam trabalho e conversem entre
vocês para elaborarem esquemas, antes mesmo de me perguntarem! Bom trabalho.

Esse costuma ser o essencial do diálogo que pretende convidar os jovens pesquisadores à reflexão,
que deve ser anterior às perguntas sem método. Somente a contínua consideração dos objetivos deve
satisfazer o critério de qualificação do trabalho acadêmico; a qualquer passo, devemos consultá-lo e
analisar se nos aproximamos ou nos afastamos de nossos objetivos estipulados.

Trabalhar com grupos envolve o desafio de coordenar as atividades de modo a convergirem, para
que leiam ou escutem os recados.

As recomendações para que os projetos sejam aceitos e aprovados requerem que os grupos
trabalhem em conjunto, podendo apresentar minirrelatórios de atividades individuais, com participação
91
Unidade II

mais efetiva de cada membro. O que não entenderem deverão procurar em dicionários, na rede de
computadores, em bibliotecas, e, depois disso, o que ainda não estiver claro, perguntar ao orientador,
com identificação dos pontos a serem esclarecidos; mas não se deve esquecer: o projeto é um momento
no qual pode haver dúvidas, que devem ser expressas em seu conteúdo, sendo momento importante e
substancial da pesquisa.

As normas da ABNT devem ser consultadas, principalmente, as NBRs 6023, 6028, 10520, 14724, que
estão resumidas no livro de João Bosco Medeiros, já citado, além de outros de metodologia da pesquisa.
O projeto deve ter capa, sumário, citações ao longo do texto e, ao final, referências completas.

A sequência do texto (seja artigo científico, seja um relatório qualquer, além do monográfico), com
ou sem numeração, representa um raciocínio; portanto, deve ser apresentado na introdução, que, junto
com o sumário, é fundamental à entrada do leitor no texto. Há uma sequência básica de projetos que
facilita o desenvolvimento do raciocínio da pesquisa e de seus relatos parciais que se vão corrigindo.
Diga (nesse rascunho que estará esboçando para o orientador, que se tornará o projeto) que vai explorar
os aspectos negativos e positivos sobre o tema apresentado para, em seguida, sugerir melhorias. Conclua
algo sobre sua experiência. Pronto, “acabou”... Agora, com mais detalhes.

Uma ordem lógica típica da monografia é a apresentação do tema, o assunto que estudará,
generalizando-o, seguindo as questões específicas da pesquisa (objetivo: o que quer, aonde quer chegar,
hipótese: o que acha, o que pensa sobre o tema). Isto é, o objetivo é o que quer (não tem) e a hipótese
é o que acha (já tem).

Introdução à pesquisa é uma coisa; introdução ao tema é outra. Esta, no projeto, não precisa ser
anunciada, vem logo no começo da exposição geral do tema e do anúncio dos objetivos. Anuncie o
objetivo, justifique-o, apresentando a hipótese (escreva como entender, sem preocupação excessiva com
a clareza, no momento inicial).

É altamente recomendável que não se confunda tema, assunto já recortado para a pesquisa
(construção do objeto), com temática, que é conjunto dos temas possíveis de uma área, ou seja, ainda
é geral. Deve partir para um detalhamento do seu objeto de estudo (fontes variadas e combinadas, mas
de acordo com a área e o ramo de atuação), apontando um setor, ramo, segmento, parte da realidade
que se vai estudar.

Antes de uma citação de fonte, de qualquer tipo de figura, imagem gráfica, cartográfica, fotográfica,
deve haver um anúncio dessa, devendo ficar claro o porquê de sua aparição.

Declara-se com alguma reflexão qual é o tipo de pesquisa, se sua ênfase estará no modelo
exploratório, descritivo ou explicativo, ou seja, baseando-se em teorias, materiais encontrados em
campo ou racionalistas. Pense e discuta escrevendo, e considere também a possibilidade de fazer
trabalho de campo.

92
Métodos de Pesquisa

Observação

Reparou que nesses últimos parágrafos estamos transferindo a


responsabilidade a você? Qual responsabilidade? A da escrita, o que não é
um processo muito simples, também um momento de aprendizado.

Figura 23 – E agora, tenho de escrever

Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_9590/1.jpg>. Acesso em 23 de maio de 2014.

Leitura obrigatória

Leia o livro Redação Científica: como Entender e Escrever com


Facilidade, de Gonzaga Ferreira (São Paulo: Atlas, 2011). O link <http://
online.minhabiblioteca.com.br/books/9788522484980> (acesso em: 20
maio 2014) o levará até ele e com certeza o ajudará.

Deve justificar as escolhas, o porquê do objetivo. A complexidade maior do trabalho costuma residir
na fundamentação teórica, que estabelece como os autores consultados servem à argumentação do
trabalho.

Aqui, neste momento, deve-se escrever sobre os tópicos abordados, acrescentando termos essenciais
ao desenvolvimento do tema específico do projeto. Os autores arrolados devem ser lidos e citados no
corpo do texto, pois sua ausência desqualifica a argumentação.
93
Unidade II

A título de exemplo, segue sugestão de ordenamento de texto monográfico.

• Introdução.

• Capítulo 1. Geral, o tema e a temática, de modo universal.

• Capítulo 2. Específico, o tema escolhido destacado da temática; apresentado metodologicamente


(voltam o objetivo, a justificativa etc. tratados no projeto; os dois primeiros capítulos já deverão
estar "prontos" no projeto).

• Capítulo 3. Crítico, implicando posicionamento diante dos anteriores, expondo aspectos positivos
e negativos de seu comportamento. Aqui começa a parte nova do trabalho, mas que já estava
implícita nas propostas.

• Capítulo 4. Abordagem dos aspectos levantados, apontando melhorias nas duas frentes.

• Conclusão ou considerações finais.

Outra sugestão.

• Introdução.

• Capítulo 1. Revisão teórica. Aqui o estudante-pesquisador apresenta o quadro teórico que norteia
o assunto pesquisado, apresentando as referências clássicas que fundamentam o tema.

• Capítulo 2. Momento prático de análise. Neste momento, empírico e descritivo, o estudante-


pesquisador apresenta os dados e as informações de que dispõe para a realização de seu recorte
temático, o qual passa a ser cotejado com a realidade.

• Capítulo 3. Sintético. Cabe aqui a articulação da fundamentação teórica com a prática desenvolvida
no momento anterior. É este momento que permite ao estudante-pesquisador mostrar seu
amadurecimento com a realização da pesquisa.

• Conclusão ou considerações finais.

Saiba mais

Sobre nossa relação com a informação, segue recomendação de texto


sobre abuso consciente ou não da reprodução de ideias de terceiros não
referenciadas (sem o devido crédito da autoria) e sobre os problemas com
os avanços tecnológicos na área da comunicação.

94
Métodos de Pesquisa

ABRANCHES, S. P. O que fazer quando eu recebo um trabalho crtl c + ctrl


v? Autoria, pirataria, e plágio, na era digital: desafios para a prática docente.
In: SIMPÓSIO HIPERTEXTO E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO, 2., 2011, Recife.
Anais... Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2011. Disponível em:
<http://www.ufpe.br/nehte/simposio2008/anais/Sergio-Abranches.pdf>.
Acesso em: 1º fev. 2014.

Wood Jr. ressalta o incômodo com a evolução e o uso das tecnologias de informação:

A edição de julho e agosto da revista The Atlantic traz na capa uma incômoda
questão: “Estará o Google nos tornando estúpidos?”. Nicholas Carr assina a matéria
de 4.193 palavras e muitas provocações. A perspectiva crítica não é nova. Nos
anos 1970, a IBM e seus paquidérmicos mainframes serviram de inspiração para
o temível HAL, o computador do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço, de Stanley
Kubrick. Nos anos 1990, não faltaram teorias conspiratórias contra a Microsoft
ou libelos contra os efeitos danosos do PowerPoint e do MS-Word. O alvo do
momento é a onipresente Google, por seus ambiciosos planos de “organizar o
conhecimento humano” (WOOD JR., 2008).

Há meios de levar os alunos e os circundantes (funcionários de apoio da instituição, por exemplo) a


qualificar sua participação, e, assim, à atividade de estudar e procurar respostas, soluções às questões
da vida (em suas várias dimensões), de preferência, dos arredores, para que a familiaridade traga maior
potencial didático à experiência.

Algumas portas de entrada para o universo da pesquisa são, além das clássicas pesquisas bibliográficas
(propedêutica, já mencionada, cujo papel é municiar o pesquisador de rudimentos sobre o tema), a cartográfica
(aspectos básicos ligados à localização dos fenômenos estudados) e a historiográfica (as relações e razões
históricas implicadas), de onde emergem em importância seminários e debates entre estudantes, e também
as entrevistas com autoridades na área pesquisada. O primeiro grupo é ligado às origens de qualquer trabalho
acadêmico, é fundamental; enquanto as seguintes são formas privilegiadas de aprendizado coletivo, cumprem
importantes papéis na construção aprofundada do conhecimento e oferecem ótimas oportunidades de troca
e publicação de resultados de modo vivo. Falemos mais um pouco dessas possibilidades.

7.2 Preparação de trabalhos: seminários e apresentações

O pavio da pesquisa é o encantamento com a vida; contagiar e interessar os alunos por tudo o que é social
e ambiental, e assim voltado para o ser humano, logo, também às ciências básicas ou às aplicadas. É desse
modo que seminários, debates e entrevistas são ótimas vias de entrada nos temas que se quer partilhar entre
os envolvidos, não apenas na educação, mas também na socialização mais democrática possível.

Partilhar informações e envolver as pessoas na lida com o conhecimento de fontes diversas é o


caminho para trocas mais proveitosas e de resultados mais consistentes e duradouros. Além de todos os
benefícios, a construção do conhecimento dessa forma torna o manuseio dos protocolos da pesquisa
algo mais corriqueiro como prática compartilhada. Apresentaremos esses caminhos em seus pormenores.
95
Unidade II

7.2.1 Seminários

A preparação e a apresentação de seminários também requer método. Do contrário, para que fazê-lo?

Dentre os motivos para a execução de um seminário, podem-se destacar:

• O mais importante, aqui, é explorar a realidade, levantar questões, problemas, situações, objetos,
relações, o que for que mereça ser estudado, provocar o debate como condição fundamental à
crítica que se opõe aos extremismos, alimentando assim a necessidade de pesquisar.
• Aprender procedimentos de escuta e participar de exposições orais com aspectos que devem ser
juntados para fazer sentido em sua totalidade.
• Organizar os dados coletados, transformando-os em informação para a audiência, normalmente,
os colegas.
• Apropriar-se criticamente de rudimentos de planejamento de uma exposição oral.
• Compreender as especificidades de uma exposição oral.
• Adequar o nível de comunicação (jargão, terminologia, gestual, trajes etc.) da exposição às
propostas do evento.
• Empregar os recursos auxiliares (audiovisuais) mais adequados ao tratamento e à comunicação
dos aspectos almejados.

Saiba mais
Os autores que seguem tratam do seminário de várias perspectivas.
Recomenda-se que sejam consultados, para uma direção mais segura por
esse instrumento de aprendizado e pesquisa.
BLIKSTEIN, I. Como falar em público: técnicas de comunicação para
apresentações. São Paulo: Ática, 2006.
CARVALHO, M. C. M. Construindo o saber – metodologia científica:
fundamentos e técnicas. Campinas: Papirus, 1995. p. 137-46.
GENTILE, P.; ANDRADE, C. Avaliação nota 10. Rev. Escola, São Paulo,
ed. 147, nov. 2001. Disponível em: <http://revistaescola.abril.uol.com.br/
edicoes/0147/aberto/mt_246163.shtml>. Acesso em: 29 abr. 2009.
JOLLES, R. L. Como conduzir seminários e workshops. Campinas: Papirus, 1995.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica.
São Paulo: Atlas, 1991. p. 35-46.
MEDEIROS, J. B. Redação científica. São Paulo: Atlas, 2009.
96
Métodos de Pesquisa

Cada período da formação escolar requer cuidados especiais, dos primeiros anos aos ciclos
universitários, dadas as características psicogenéticas (crescimento e formação da capacidade operatório-
mental) das fases infantil, juvenil e adulta; não de modo linear, mas de acordo com o repertório e o
contexto cultural dos estudantes-pesquisadores. Isso significa que é preciso conhecer os jovens alunos
antes de normalizar os processos, estabelecer os procedimentos.

É assim que o tempo necessário à preparação da atividade dá-se de acordo com a quantidade de
alunos envolvidos com o trabalho e com o ritmo de trabalho do grupo (NOVA ESCOLA, 2009).

Quanto ao espaço, ao material didático e aos equipamentos necessários, primeiro é preciso averiguar
a quantidade de pessoas que participarão do processo e, portanto, se o trabalho de pesquisa ocorrerá
individualmente ou em grupos coordenados.

É fundamental que todos participem da organização da atividade, desde o formato (ótimo de


componentes no caso de grupos, por exemplo), o objeto (seminário de textos, de assunto, de autor)
e os critérios de avaliação até o debate sobre o aprendizado e aproveitamento com a atividade. E
que participem ativamente da troca de informações, esforçando-se para apreender o essencial de
cada apresentação. Aqui, alguns problemas se interpõem, como engajamento, habilidades oratórias
diferenciadas, repertórios individuais, dentre outros obstáculos.

Uns e outros devem ver e ouvir-se para que a comunicação seja de boa qualidade.

O seminário tem por objetivo informar uma determinada audiência sobre


um determinado tema. É uma situação comunicativa que prevê várias
exposições de aspectos diferenciados de um tema comum. Por isso, é
situação privilegiada de estudo nas mais diversas áreas: história, matemática,
geografia, educação física, ou seja, presta-se ao trabalho com todas as áreas
do currículo escolar.

Trata-se de uma situação comunicativa em instância pública – a escolar – que


prevê diferentes exposições orais articuladas, mediadas por um coordenador
que, ao final, pode tentar articular as diferentes exposições procurando a melhor
compreensão do tema pela audiência (NOVA ESCOLA, 2009).

As exposições devem ser planejadas em suas várias dimensões, tais como a previsão de recursos
de materiais diversos (projetor, slides, vídeo, PowerPoint, quadros-sinóticos, papel para cartazes,
reprodutores de músicas, fotografias, apresentações musicais e de dança, encenações, enfim, tudo o que
permitir aproximar o tema da audiência), inclusive, por entrega antecipada de roteiro da apresentação.

Além disso, em instâncias acadêmicas, um seminário pode pressupor a organização de um caderno


de resumos das exposições que serão feitas, a ser distribuído antecipadamente para a audiência. Da
mesma forma, pode pressupor a organização de um volume, posterior às apresentações, com artigos
expositivos de cada uma das falas realizadas.

97
Unidade II

A organização de um seminário e de cada umas das exposições orais que o compõem precisa dar-se
em dois grandes eixos: o da alimentação temática e o da organização da exposição, propriamente.

A alimentação temática é fundamental para que se estude, de fato, o aspecto do conhecimento que
se pretende trabalhar. Para esse estudo, é necessário ler muitos textos que apresentem as informações
necessárias para a aprendizagem dos alunos. O professor pode organizar, por exemplo, sequências de
atividades de leitura cuja finalidade seja aprender sobre o tema.

A exposição oral (assim como o resumo antecipado, se houver, e também o artigo expositivo ou
ensaio posteriores ao seminário) pressupõe articulação de informações e seleção daquelas que forem
consideradas fundamentais para o tratamento do assunto, de modo que garanta a compreensão da
audiência.

A organização da exposição oral, além disso, requer um estudo do gênero e da situação comunicativa,
ao que nos deteremos a seguir, sugerindo uma sequência de atividades para serem desenvolvidas (NOVA
ESCOLA, 2009).

Saiba mais

Continuando sua leitura sobre esse assunto, busque também:

NOVA ESCOLA. Comunicação oral: gênero seminário. Vídeos. Língua


Portuguesa. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-
portuguesa/pratica-pedagogica/video-comunicacao-oral-genero-
seminario-oralidade-lingua-portuguesa-540018.shtml>. Acesso em: 1º fev.
2014.

___. Como preparar e apresentar seminários: plano de aula no ensino


fundamental 1. 2009. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.
br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/como-preparar-apresentar-
seminarios-oralidade-547498.shtml>. Acesso em: 1º fev. 2014.

POLITO, R. Recursos audiovisuais. São Paulo: Saraiva, 1995.

___. Superdicas para falar em público. São Paulo: Saraiva, 2005.

PROJETO de formação de professores 3º módulo: notas e seminários. Da


equipe de professores. Revista Gestão Escolar, São Paulo, ed. 008. jun./jul. 2010.
Disponível em: <http://gestaoescolar.abril.com.br/formacao/como-tomar
-notas-apresentar-seminarios-formacao-professores-encarte-
procedimentos-estudo-compreensao-resumo-565825.shtml>. Acesso em:
1º fev. 2014.
98
Métodos de Pesquisa

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,


2000. p. 63-71.

VERLI, L.; RATIER, R. Oralidade: a fala que se ensina. Nova Escola, ed.
215, set. 2008. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-
portuguesa/pratica-pedagogica/fala-se-ensina-423559.shtml>. Acesso
em: 1º fev. 2014.

7.2.2 A apresentação para a banca: defesa

A apresentação do relatório da monografia para uma banca examinadora é o momento que coroa
todo o esforço que foi empreendido pelo aluno e, dessa forma, deve ser mais do que valorizado: deve
ser considerado como o momento! Para tanto, também necessita de ordenamento lógico, método,
portanto. Nesse sentido, o sumário da monografia pode ser utilizado como um plano de apresentação.

Muito importante: devem-se fazer comentários que demonstrem envolvimento com o tema, não
falar do assunto como se fosse "apenas um objeto de pesquisa". A ciência mais moderna comporta
emoção, então o aluno pode falar objetivamente seguindo o plano, porém deixando claro que a pesquisa
foi motivada por interesses diversos, acima da atividade puramente formal, acadêmica.

Deve-se estudar a apresentação e não se preocupar com o que ficou de fora do trabalho. Isso se
justifica facilmente quando se conhece o caminho trilhado; normalmente, deixou-se de fora aquilo que
afastava o pesquisador dos objetivos principais.

Os slides devem ser comentados naquilo que tiverem de essencial, e nunca lidos, mas seguidos como
roteiros; pense se o que quer dizer está no trabalho.

A apresentação deve ser iniciada com a exposição do tema e suas motivações, ou seja, a justificativa
de escolha, para depois apresentar os objetivos, a problematização, bem como a hipótese. Segue-se
com uma breve descrição da teoria de base que fundamentou o estudo, bem como a elucidação do
método, ou dos métodos, empregados. Feito isso, o expositor deve avançar para pequenas pinceladas do
existente em cada capítulo, explicando como foi construído, por qual motivo e o que mais importante
dele se destaca. Passa à explanação do próximo, da mesma forma, e assim por diante, até chegar às
considerações finais. Nesta, o expositor elenca as principais contribuições a que chegou, bem como o
alcance da pesquisa. Como sempre, há mais a saber; deve-se, por fim, deixar uma lacuna em aberto, que
servirá de motivação para a continuidade da pesquisa, por outro pesquisador ou pelo mesmo, no futuro.

7.3 Os relatórios parciais de pesquisa (ABNT NBR 10719) e o relatório final


como dissertação (ABNT NBR 14724)

O trabalho final (de curso ou disciplina), a monografia, não nasce do nada, é construída aos poucos, e
é desejável que assim o seja, posto que expõe o trabalho exploratório do aluno-pesquisador, oferecendo
as condições de avaliação ao orientador e aos demais envolvidos nas atividades.

99
Unidade II

Essa construção é resultado da reelaboração constante de rascunhos e de suas correções,


tendo os relatórios parciais um papel fundamental nessa escalada de qualidade que se vai
transformando lentamente no texto final. Então, textos parciais em contínua correção se tornarão
a própria monografia.

Falemos da monografia e de suas partes integrantes. Uma monografia é um “item não seriado, isto
é, é um item completo, constituído de uma só parte, ou que se pretende completar em um número
preestabelecido de partes separadas.” (ABNT, 2002b). Nessa definição se encaixam dissertações, livros e
teses, por exemplo.

Como relatório final de pesquisa, assume alguns formatos, sendo:

[...] a montagem de um relatório formal de uma investigação técnica, científica


ou acadêmica. Ele pode assumir a forma de um trabalho final de uma disciplina
ou curso, um ensaio lido em um seminário, um artigo para uma revista técnica,
um relatório de uma investigação ou experimentação científica, uma dissertação
ou uma tese de obtenção de grau acadêmico, ou ainda um parecer técnico
(BÊRNI, 2002, p. 60).

Como trabalho final de curso, daqueles que a exigem, é um trabalho acadêmico, definido como:

[...] documento que representa o resultado de estudo, devendo expressar


conhecimento do assunto escolhido, que deve ser obrigatoriamente
emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e
outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador
(ABNT, 2005).

Leitura obrigatória

Leia o livro de Manolita C. Lima, Monografia: a Engenharia da Produção


Acadêmica (2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009). Você o encontrará em
Minha Biblioteca, disponível em: <http://online.minhabiblioteca.com.br/
books/9788502088771>. Acesso em: 23 maio 2014.

Como trabalho final, a monografia divide-se em elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais.


Todos os elementos de cada uma das partes visam informar o leitor acerca do trabalho, tanto a essência
do assunto propriamente dito quanto de elementos acessórios de identificação e autoria. Todas as suas
partes devem apresentar um sequenciamento lógico, conexo, caminhando em direção ao objetivo maior
da pesquisa (GIL, 2002).

100
Métodos de Pesquisa

7.3.1 Elementos da monografia

O Quadro 6 elenca tais elementos:

Quadro 6 – Elementos da monografia

Divisão Elementos
Capa (obrigatório)
Lombada (opcional)
Folha de rosto (obrigatório)
Errata (opcional)
Folha de aprovação (obrigatório)
Dedicatória(s) (opcional)
Agradecimento(s) (opcional)
Epígrafe(s) (opcional)
Elementos pré-textuais
Resumo na língua vernácula (obrigatório)
Resumo em língua estrangeira (obrigatório)
Lista de ilustrações (opcional)
Lista de tabelas (opcional)
Lista de abreviaturas e siglas (opcional)
Lista de símbolos (opcional)
Sumário (obrigatório)

Introdução (obrigatório)
Elementos textuais Desenvolvimento (obrigatório)
Conclusão (obrigatório)

Referências (obrigatório)
Glossário (opcional)
Elementos pós-textuais Apêndice(s) (opcional)
Anexo(s) (opcional)
Índice(s) (opcional)

7.3.1.1 Elementos pré-textuais

• Capa

A capa deve conter as informações a seguir, na ordem apresentada:

a) nome do instituto, universidade, curso e campus;

b) nome do autor, em maiúsculas;

101
Unidade II

c) título do trabalho (e subtítulo, se houver);


d) cidade em que se situa a universidade e curso;
e) ano da entrega.

Na ocasião da entrega definitiva da monografia, será necessário confeccionar uma versão em capa
dura. A capa dura, que deverá ter a cor do curso de que o aluno esteja participando, terá os mesmos
dizeres que a capa em papel A4 anteriormente descrita. Na lombada ou dorso deverão constar os
seguintes itens:

a) ano da entrega (depósito): no sentido horizontal;


b) título: no sentido longitudinal, do topo para a base da lombada.

• Folha de rosto

A folha de rosto deve conter as informações a seguir, na ordem apresentada:

a) nome do autor;
b) título, subtítulo (se houver);
c) texto a 8 cm da margem esquerda identificando a natureza do trabalho, curso e finalidade,
conforme segue:

Trabalho de conclusão de curso de graduação


apresentado ao Instituto de Ciências Sociais e
Comunicação da Universidade Paulista, como
requisito parcial para a obtenção do grau de
Bacharel em Administração.
Orientador: Prof. Adilson Rodrigues Camacho,
Adilson Rodrigues e Maurício Felippe Manzalli

d) orientador;
e) cidade em que se situa a universidade e curso;
f) ano da entrega.

• Folha de aprovação

Deve conter:

a) autor;
102
Métodos de Pesquisa

b) título/subtítulo;
c) finalidade do trabalho;
d) nome do curso, instituto e universidade;
e) local e data;
f) nome e espaço para assinatura (até três) de professores examinadores.

• Dedicatória

Texto conciso, situado na metade inferior da página, após 24 linhas em branco com espaço 1,5,
alinhado à direita, indicando a quem é ofertado o trabalho. Não pode ultrapassar a metade vertical
direita da página.

• Agradecimentos

O texto se inicia na primeira linha da página, sem recuo na primeira linha e com parágrafo alinhado
no modo “justificado”. Fonte tamanho 12, em negrito. Não é necessário incluir a palavra “agradecimentos”
no alto da página.

• Epígrafe

É uma frase que faz alguma alusão ao tema tratado. Situa-se na metade inferior da página, após 24
linhas em branco com espaço 1,5, alinhado à direita, em itálico. Não pode ultrapassar a metade vertical
direita da página. Não é necessário incluir a palavra “epígrafe” no alto da página.

Na obra O Caminho da Servidão (2011), do economista Friedrich Hayek, há um bom exemplo de


epígrafe. A obra é um livro político que visa analisar e também combater a expansão de regimes
totalitários na primeira metade do século XX. Segue uma de suas duas epígrafes, que reflete muito bem
a temática abordada no livro:

Raramente se perde qualquer tipo


de liberdade de uma só vez.
David Hume

• Resumo na língua vernácula

Em um único parágrafo (sem divisões do texto), sem recuo e com parágrafo “justificado”. No alto
da página, centralizado, localiza-se o título “Resumo”, separado do texto por um espaço 1,5 (uma linha
em branco). Não deve ultrapassar uma página, e recomenda-se que contenha cerca de 500 palavras. O
espaçamento é simples, entre linhas.

103
Unidade II

• Resumo em língua estrangeira

Em um único parágrafo (sem divisões do texto), sem recuo, com parágrafo “justificado”, em itálico.
No alto da página, centralizado, localiza-se o título Abstract (caso seja redigido em inglês), separado do
texto por um espaço 1,5 (uma linha em branco). Não deve ultrapassar uma página, e recomenda-se que
contenha cerca de 500 palavras. Espaçamento simples entre linhas.

• Lista de ilustrações

Ilustrações são formas de apresentar informações que abrangem gráficos, quadros, desenhos,
esquemas, fotografias, mapas e outros. Caso seja necessário, pode ser elaborada uma lista separada de
um desses elementos (quando houver dez ou mais itens).

A lista deve apresentar o número da ilustração e seu título, além da página em que esta se encontra
no trabalho.

• Lista de tabelas

As tabelas podem seguir as orientações das Normas de Apresentação Tabular do IBGE (1993, p. 9),
nas quais se lê que nas tabelas “o dado numérico se destaca como informação central”. Caso haja muita
informação de caráter discursivo, é mais apropriado elaborar um “quadro”.

A lista deve apresentar o número da tabela, seu título e a página em que esta se encontra no trabalho.

• Lista de abreviaturas, siglas e símbolos

Essa lista só deverá ser incluída no trabalho se contiver dez ou mais itens. O título da lista aparece
centralizado no topo da página, separado do primeiro item por uma linha em branco. Os itens da lista
serão inseridos em espaçamento simples, sem negrito nem itálico. Caso o significado do item ultrapasse
a linha inicial, a linha de baixo inicia-se com recuo de 2 cm.

• Sumário

Com a mesma apresentação gráfica e na mesma ordem em que aparecem no texto, todos os elementos
da monografia (capítulos, subcapítulos etc.), devidamente numerados. Os elementos pré-textuais não são
incluídos.

7.3.1.2 Elementos textuais

• Introdução

Reiterando a importância da introdução, sua leitura traz uma primeira familiarização com o trabalho,
com extensão de duas a cinco páginas. Segundo Bêrni (2002, p. 71), deve conter:

104
Métodos de Pesquisa

• Preocupações mais amplas que levaram o autor a escolher o tema


atual, ou a problemática mais geral que circunscreve o tema.

• Apresentação resumida do estado em que se encontra o problema.

• Definição dos objetivos do trabalho e das hipóteses que serão


investigadas, selecionando-se, dentro da problemática mais ampla
que circunscreve a pesquisa, aquela fração que será aprofundada;
normalmente o trabalho nasce de uma pergunta central, que é sua
hipótese considerada.

• Esclarecimento dos pontos em que o presente trabalho se assemelha


ou diverge dos demais já escritos na área, explicitando qual a fração
da problemática geral que será tratada no trabalho, isto é, explicitando
os objetivos do trabalho.

• Justificativa da importância do trabalho.

• Esclarecimento de como o trabalho se organiza, isto é, como as ideias


são expostas e encadeadas nas diferentes seções ou capítulos, a fim
de que os objetivos propostos sejam alcançados.

Espera-se que apresente entre duas e cinco páginas. É elaborada a partir de vários elementos
do projeto de pesquisa, que supõe a monografia, e é normal que sofra alterações até o término do
relatório final.

• Desenvolvimento

É o corpo do trabalho propriamente dito, com seus componentes essenciais divididos em capítulos
e subcapítulos. Nenhuma de suas divisões deve aparecer “solta”, estanque, ou seja, desconectada das
demais partes do trabalho. Há um encadeamento lógico (previamente apresentado no projeto de
pesquisa) que deve ser respeitado. Também é importante destacar que os tópicos de mesma natureza
devem ser agrupados num mesmo capítulo ou subcapítulo sempre que possível, de modo que evite a
multiplicação de divisões desnecessárias.

Como recurso didático, podemos dividir as pesquisas usualmente realizadas em grupos, de modo que
facilite sua divisão em seções ou capítulos.

Nas pesquisas de caráter empírico, recomenda-se a seguinte estruturação do desenvolvimento:

a) Introdução.

b) Referencial teórico (Capítulo 1).

c) Metodologia (Capítulo 2).

105
Unidade II

d) Resultados e sua discussão (Capítulo 3).

e) Conclusão.

As pesquisas de caráter teórico ou histórico são eminentemente bibliográficas, pois envolvem


apenas o exame de textos e de dados já coletados por outros autores neles expostos. Nesse caso, é
possível dividir o trabalho da seguinte forma:

a) Introdução.

b) Capítulos: recomenda-se que no projeto sejam criados, a princípio, três capítulos, que caminham
de conteúdos mais abstratos ou gerais no primeiro capítulo em direção a conteúdos mais concretos
ou particulares nos capítulos seguintes.

c) Conclusão.

O estudo teórico pode envolver, por exemplo, a discussão de pressupostos e suas consequências,
inclusive, no que se refere aos pressupostos comportamentais da ciência que se estuda. É possível que
comparem teorias e modelos de diferentes autores e escolas, ou mesmo diferentes interpretações a
respeito do assunto.

O estudo histórico “combina elementos dos trabalhos teóricos e empíricos” (BÊRNI, 2002,
p. 30). No caso das ciências econômicas, ou mesmo das gerenciais, quando a vida econômica
passada é investigada, isto é, a partir de referenciais teóricos, aproximam-se as duas dimensões.
Ao mesmo tempo, o historiador deve saber identificar e diferenciar as forças econômicas
ou gerenciais em ação das forças históricas e políticas, mesmo que posteriormente passe a
estabelecer relações entre elas. Pode se valer de fontes primárias, como balanços e documentos
empresariais, e de fontes secundárias, como “a própria historiografia elaborada pelo historiador
geral” (ibidem, p. 31).

Em relação aos estudos de natureza empírica, estes podem ser quantitativos ou qualitativos. No
primeiro caso, toma-se um modelo já existente, cujas variáveis influenciarão o tratamento de dados por
meio de técnicas, como análise de regressão, para identificar correlações e causações. Podem analisar
a evolução de variáveis ao longo do tempo, no que se denomina série temporal, ou num momento
específico, a chamada série transversal. Já o estudo qualitativo:

[...] é usado para fazer investigação mais profunda dentro de certo


tema, com um número de casos, quando se tem por objetivo aprofundar
ao máximo a investigação do tema, gerando ideias e hipóteses a
serem investigadas quantitativamente em amostras maiores. É através
da realização do estudo qualitativo que conjuntos de dados até
então desconexos podem repentinamente apresentar algum padrão
significativo (ibidem, p. 32).

106
Métodos de Pesquisa

Como dissemos há pouco, o relatório de pesquisa é o documento que mostra:

• como o projeto está sendo ou foi executado;

• que dados estão sendo ou foram coletados;

• como esses dados estão sendo ou foram analisados;

• que resultados podemos extrair deles.

O projeto pode ser retomado no relatório, não mais como proposta de trabalho, mas como relato da
realização desse trabalho. O relatório é a primeira divulgação da pesquisa efetuada, pois, sem divulgação
dos resultados, a pesquisa não servirá a seu fim.

7.3.1.2.1 Das normas

A NBR 10719 2011, para apresentação de relatórios técnicos e/ou científicos, trata exclusivamente
de aspectos técnicos de apresentação; embora a norma não se dirija a outros tipos de relatório
(administrativos, de atividades etc.), quando possível, pode a estes ser aplicada. De certa forma,
apresentações de resultados são relatos de processos de levantamento, diagnósticos, enfim, resultados,
em geral (ABNT NBR 10719, 2011).

Um relatório técnico e/ou científico, segundo a mesma norma, é documento que descreve
formalmente o progresso ou resultado de pesquisa científica e/ou técnica.

O relatório pode receber classificação que varia de livre a restrito (confidencial), conforme o grau de
sigilo desejado e os interesses envolvidos. Órgãos privados e públicos devem classificar adequadamente
seus documentos, “de acordo com as prescrições do regulamento para salvaguardar de assuntos
sigilosos” (NBR 10719, 2011).

No que tange à estrutura, um relatório técnico-científico compreende as seguintes partes:

a) preliminares ou pré-texto (incluindo primeira e segunda capas);

b) texto;

c) pós-liminares ou pós-texto (incluindo terceira e quarta capas).

A figura a seguir dá a visão geral de disposição e sequência dos elementos que integram as três
partes citadas.

107
Unidade II

Parte externa Capa (opcional)


Lombada ((opcional)
Folha de rosto (obrigatório)
Errata (opcional)
Agradecimentos (opcional)
Elementos Resumo na língua vernácula (obrigatório)
textuais Lista de ilustrações (opcional)
Lista de tabelas (opcional)
Lista de abreviaturas e siglas (opcional)
Lista de símbolos (opcional)
Sumário (obrigatório)
Parte interna Introdução (obrigatório)
Elementos
pré-textuais Desenvolvimento (obrigatório)
Considerações finais (obrigatório)
Referências (obrigatório)
Glossário (opcional)
Elementos Apêndice (opcional)
pós-textuais Anexo (opcional)
Índice (opcional)
Formulário de identificação (opcional)

Figura 24 – Estrutura do relatório técnico-científico

Para detalhes e demais especificações pré-textuais, textuais e pós-textuais, a norma deve ser
consultada.

Passos para a divulgação da pesquisa:

1. Formular a pergunta.

2. Realizar a pesquisa.

3. Interpretar os resultados.

4. Divulgar os resultados.

A ABNT NBR 14724 2011 para estrutura do texto é das normas mais utilizadas, por disciplinar a
produção de trabalhos que coroam ciclos acadêmicos, como graduação, pós-graduação (extensão,
aprimoramento, mestrado, doutorado), cursos livres (com certificado) e de formação profissional
(especializada). Essa terceira edição cancela e substitui a edição anterior (ABNT NBR 14724 2005), a
qual foi tecnicamente revisada.

No escopo dessa norma, consta que ela especifica os princípios gerais para a elaboração de trabalhos
acadêmicos (teses, dissertações e outros), visando à sua apresentação à instituição (banca, comissão
examinadora de professores, especialistas designados e/ou outros). Deve-se seguir a NBR 12225 2004
no caso de publicação no formato “capa dura”; já a NBR 6021 2003 serve para a “apresentação de
publicações periódicas”, enquanto a NBR 6029 2006, para “apresentação de livros e folhetos”, oferece
aos editores regras para a apresentação dos títulos ou outra identificação nas lombadas.

108
Métodos de Pesquisa

A NBR 12225 2004 define lombada como “parte da capa da publicação que reúne margens internas
ou dobras das folhas, sejam elas costuradas, grampeadas, coladas ou mantidas juntas de outra maneira”,
e o título de lombada é aquele que consta da folha de rosto da publicação, “abreviado ou não, a critério
do editor”; bem como sua disposição horizontal e descendente. Então, é preciso consultar a norma.

Segue o esquema da ABNT NBR 14724 2011, para facilitar a leitura do texto.

Parte externa Capa (opcional)


Lombada ((opcional)

Folha de rosto (obrigatório)


Errata (opcional)
Folha de aprovação (obrigatório)
Elementos Dedicatória (opcional)
textuais Epígrafe (opcional)
Resumo na língua vernácula (obrigatório)
Resumo em língua estrangeira (obrigatório)
Lista de ilustrações (opcional)
Lista de tabelas (opcional)
Lista de abreviaturas e siglas (opcional)
Parte interna Lista de símbolos (opcional)
Sumário (obrigatório)
Introdução
Elementos Desenvolvimento
pré-textuais Conclusão
Referências (obrigatório)
Glossário (opcional)
Elementos Apêndice (opcional)
pós-textuais Anexo (opcional)
Índice (opcional)

Figura 25 – Estrutura do trabalho acadêmico

A norma estabelece as regras gerais para a apresentação de trabalhos acadêmicos e deve ser
consultada quanto às especificações de formato (papel, margens e fonte), espaçamento (1,5 cm), notas
de rodapé, indicativos de seção, títulos sem indicativo numérico, elementos sem título e sem indicativo
numérico e paginação. Páginas pré-textuais devem ser contadas, mas não numeradas; os trabalhos
digitados somente no anverso devem somente nessa área do papel ser paginados, a partir da primeira
folha da parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, enquanto a digitação
em anverso e verso requer numeração das páginas “colocadas no anverso da folha, no canto superior
direito; e no verso, no canto superior esquerdo” (ABNT, 2011, p. 11); em ambos os casos, a paginação é
ininterrupta, em mais de um volume, com apêndices e anexos.

Cabe, ainda, consultar numeração progressiva, citações (ABNT NBR 10520/2002), siglas – na primeira
vez em que a sigla aparece, “deve ser indicada entre parênteses, precedida do nome completo” (ABNT,
2011) –, equações e fórmulas, ilustrações (designa-se o tipo seguido da identificação na parte superior,
depois sua sequência textual em algarismos arábicos, travessão e respectivo título, ultimada na parte
inferior por fonte própria ou de terceiros, legenda, notas e outras informações necessárias à sua
compreensão, se houver).

109
Unidade II

A ilustração deve ser citada no texto e inserida o mais próximo possível do trecho a que se refere.
Tabelas devem estar próximas do trecho do texto que enriquecem.

7.3.1.2.2 Das citações

Não basta que as obras consultadas para a realização da pesquisa, das quais o pesquisador retira
informações e depois as utiliza ou incorpora em seu trabalho, apareçam nas referências ao final do
relatório (parte pós-textual). É obrigatório que essas sejam citadas ao longo do texto construído pelo
pesquisador, nos capítulos e subcapítulos, nos momentos em que ele delas se utiliza. A ideia (ou o texto)
de outrem deve obviamente ser atribuída a quem de direito, mesmo que o pesquisador informe essa
ideia com suas próprias palavras.

No contexto de obrigatoriedade de se citar as fontes consultadas, estabeleceu-se uma maneira


econômica de fazê-lo: o sistema autor/data. Nesse sistema, a obra consultada é citada ao longo dos
capítulos por meio da exibição de apenas duas informações: o último sobrenome do autor e a data de
publicação da obra (as informações completas sobre a obra consultada só aparecem nas referências
bibliográficas, ao final da monografia). Caso não haja autor definido, é possível citar a primeira palavra
do título da obra, vindo em seguida a data de publicação. Caso seja um documento acessado pela
internet, é possível substituir a data de publicação pela data de acesso ao arquivo pela internet. Quando
o sobrenome do autor citado aparecer dentro dos parênteses, deverá ser exibido com letras maiúsculas.
Quando aparecer fora dos parênteses, só sua letra inicial será maiúscula.

Exemplos:

É oportuno lembrar a afirmação de Hayek (1990, p. 34) acerca da trajetória dos países rumo ao
socialismo até então:

• “É porque todos o desejam, que estamos marchando nesta direção” (HAYEK, 1990, p. 34).

As aspas devem vir logo após o ponto final, como no exemplo anterior.

Na lista de referências (final da monografia) a obra aparecerá da seguinte forma:

• HAYEK, F. O caminho da servidão. 5. ed. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1990.

Seguem os tipos de citações à disposição do pesquisador, segundo o sistema autor/data (ABNT,


2002a):

• Citação direta: é a transcrição literal do texto consultado (cópia). A redação original deve ser
inteiramente respeitada, com indicações de interrupções ou cortes no texto original. A seguir,
vemos um exemplo de citação direta com mais de 3 linhas, que deve, neste caso, aparecer
alinhada a 4 cm da margem esquerda, com fonte tamanho 10, sem aspas, sem recuo na primeira
linha e com espaçamento simples entre linhas:

110
Métodos de Pesquisa

Ainda são bem escassos os sinais de que possuímos a coragem intelectual


para reconhecer perante nós mesmos a possibilidade de termos errado.
Poucos estão prontos a admitir que a ascensão do nazismo e do fascismo
não foi uma reação contra as tendências socialistas do período precedente,
mas o resultado necessário dessas mesmas tendências (HAYEK, 1990, p. 33).

Quando a citação direta apresentar até 3 linhas, o alinhamento anterior da margem esquerda não
será necessário (poderá aparecer como parte do próprio parágrafo que se escrever), mas deverá estar
entre aspas duplas, com os mesmos tipo e tamanho de fonte. Exemplo:

Em Schumpeter (1985, p. 104) lemos que a automatização própria do sistema de


grande empresa “[...] tende a enfraquecer a significação da função empresarial”.

No exemplo anterior, nota-se a presença de reticências logo no início da citação, para indicar que
houve a supressão (eliminação) do início do enunciado original. Tal indicação é obrigatória. Caso seja
suprimido um trecho do meio da frase apresentada, as reticências devem aparecer entre parênteses.

Caso o pesquisador queira destacar (com negrito, por exemplo) um termo ou trecho da citação que
não aparece em destaque no original, isso deve ser informado entre parênteses, junto à citação:

Em Schumpeter (1985, p. 104, grifo nosso) lemos que a automatização própria do


sistema de grande empresa “[...] tende a enfraquecer a significação da função empresarial”.

Se o destaque já existir no original, a expressão utilizada junto à citação (no mesmo local do exemplo
anterior) será “grifo do autor”. Caso o trecho citado seja uma tradução de texto em outra língua, deve
ser utilizada a expressão “tradução nossa”.

• Citação indireta: não é cópia literal, mas a transmissão da ideia ou do conceito do autor consultado
por meio de redação própria. O texto da monografia é baseado em conteúdo elaborado por outro
autor, sendo obrigatório citá-lo. O número de página é opcional, neste caso.

Exemplo:

Das regras decorrem incentivos que influenciarão o caráter do crescimento


econômico. Forças produtivas têm surgido em certos momentos históricos e regiões,
lutando para sobreviver. Estes conjuntos de forças podem indicar uma propensão ao
crescimento ou à estagnação (JONES, 1993).

É fundamental salientar que o descumprimento das regras para citações diretas ou indiretas
expostas, mesmo por inépcia, pode levar o aluno a cometer plágio, o que implicará a sua reprovação
111
Unidade II

na disciplina. Plagiar é o ato de mostrar como de autoria própria a obra de outra pessoa, seja essa
obra uma ideia (mesmo dita de outra forma, mas sem a devida citação) ou o texto original na
íntegra, sem a devida citação.

A citação, além de fundamentar a argumentação, confere credibilidade ao trabalho.

Existem pelo menos três formas diferentes de mencionarmos um autor, ou, mais precisamente, seu
discurso em um texto:

• Citação literal: reprodução ipsis verbis do texto, com as mesmas palavras que ele utilizou no texto
original, com os devidos créditos ao autor.

É interessante fazer um comentário após uma citação literal. Isso demonstra que se está atento à
relação das palavras do autor com o seu texto.

• Paráfrase: é também a reprodução das ideias contidas em um texto, porém em palavras diferentes
das utilizadas pelo autor.

Esse tipo de citação já demonstra mais independência da parte do autor, mas é preciso ser cauteloso.
A falta de atenção pode mudar o sentido das palavras que se está citando. Importante: ao não aplicarmos
as regras de citações e fontes, incorremos em plágio, que é a cópia indiscriminada das ideias ou do texto
de outrem sem indicação das fontes (autoria), constituindo-se como crime. É preciso discutir muito
essa questão autoral sob vários pontos de vista, principalmente, quanto às possibilidades criativas,
respeitando a propriedade intelectual.

Há basicamente três formas de se fazer citações literais:

• citações longas: aquelas que ocupam mais de três linhas completas no texto. Devem ser destacadas
no texto, em parágrafo recuado e independente (o uso de aspas é opcional), não sendo necessário
espaçamento datilográfico entre linhas;

• citações curtas: aparecem integradas ao texto, sempre entre aspas;

• citação de citação: são indicadas por aspas simples.

Não se deve fazer do trabalho uma colcha de retalhos com as citações; estas devem ser empregadas
com o propósito de juntar ao texto argumentos que componham o debate principal sobre o assunto
tratado, seus lados, posicionando-se diante deles.

Citações (com indicação de fontes) são fundamentais e remetem a questões filosóficas de construção
histórica do conhecimento, pois somos totalmente dependentes daqueles que nos antecederam na
pesquisa sobre os mais variados temas (cada área tem suas grandes autoridades em pesquisa), além
da extrema importância do tema da autoria. Remetem também aos modos de referenciar as fontes de
pesquisa. É o papel da NBR 6023 2002 – Referências.
112
Métodos de Pesquisa

A NBR 6023 2002 (ABNT, 2002b) traz uma grande variedade de informações, correspondendo à
diversidade de documentos que servem de fonte às pesquisas, bem como extenso índice remissivo, pois
é, na prática, assim como a ABNT NBR 14724 2011, a norma mais usada pelos estudantes, devendo estar
sempre à mão para consulta por todos.

Referência é o conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento,


que permite sua identificação individual (ABNT, 2002b). Tais elementos permitem identificar
documentos. São divididos em essenciais e complementares (estes últimos, incluídos quando
necessário).

As regras gerais, além dos detalhes de sua elaboração, devem ser conferidas na norma. O recurso
tipográfico (negrito, itálico ou grifo) empregado para “destacar o elemento título da publicação deve
ser uniforme em todas as referências de um mesmo documento”. Para as abreviaturas, é preciso seguir
a NBR 10522.

Normalmente as referências para citação no texto são dispostas em ordem alfabética (sistema autor/
data), mas esta pode ser também cronológica e sistemática (por assunto), alfabética e numérica (ordem
de citação no texto).

A transcrição dos elementos é atividade muito delicada e envolve autoria (pessoa ou conjunto de
pessoas físicas responsáveis pela criação do conteúdo intelectual ou artístico de um documento) como
questão ética e legal, com vários envolvidos, Estado, cidadãos em geral, inclusive, a responsabilidade
social dos empresários editores.

A disposição dos elementos das referências varia de acordo com as características e o tipo
de documento citado, como fonte a ser referenciada no final do trabalho. Assim, há uma imensa
diversidade de combinações de elementos quanto à sua consideração, posição, quantidade de
termos, que apenas a frequência do uso pode gerar familiaridade: dados como um autor; dois ou
três autores; mais de três autores; tipos de responsabilidade intelectual de autor; título e subtítulo;
edição; emendas e acréscimos; local da publicação; editora; data da publicação; descrição física;
documento em um único volume; documento em mais de um volume; partes de publicações;
séries e coleções.

São os modelos de referências que pela variedade requerem maior atenção, pois, como se disse, os
dados mudam e, portanto, a necessidade de apô-los, também.

A estrutura básica de entrada bibliográfica é (autor, data), e as variações na ordem dos


grifos, sublinhas e destaques em maiúsculas correspondem às diferentes informações das fontes
conforme destas se possua ou se pretenda enfatizar, seja a do título dos livros, de periódicos, das
instituições.

Seguem alguns exemplos, das mais comuns e das mais raras fontes de pesquisa monográficas (livro;
dissertação ou tese; dicionário; folheto; manual):

113
Unidade II

• parte de monografia (capítulo de livro);

• periódicos (artigo e/ou matéria de periódico, artigo de periódico, artigo de periódico com data
original, artigo de jornal, artigo em vias de publicação, isto é, no prelo, resenha, entrevista/
depoimento, editorial publicado em revista);

• documento de evento (evento como um todo, anais no todo, resumo publicado, trabalho
publicado em anais, resumos e outras publicações de eventos, resumo de trabalho publicado,
trabalho publicado em anais de congresso);

• documento em meio eletrônico;

• trabalho publicado em CD;

• artigo publicado em periódico eletrônico;

• verbete de enciclopédia eletrônica;

• documento publicado na internet;

• documento legislativo disponível na internet;

• fitas de vídeo/DVD;

• documento legislativo;

• correspondência (carta, telegrama).

Voltaremos a isso mais adiante.

Já comentamos que a conclusão está para a explicação assim como a interpretação está
para as considerações finais, isto é, as primeiras têm assento absoluto sobre a declaração, são
como produto matemático, enquanto as segundas admitem que sempre haverá algo mais, que
a realidade é mais complexa do que conseguiremos abarcar. Portanto, um modo de se precaver
contra a onipotência positivista de estabelecer verdades ou únicas consequências, normalmente
em linguagem probabilística, é que o pesquisador assuma sua parcialidade e o alcance limitado de
suas análises, isto é, anunciando que as certezas são relativas, portanto as explicações e conclusões
também o são.

A leitura da "conclusão" e das considerações finais traz a exposição dos resultados do trabalho, com
extensão de duas a cinco páginas, em geral. Segundo Bêrni (ibidem, p. 73), deve conter:

• um tópico frasal (ideia essencial do parágrafo) resgatando o que foi


dito na introdução sobre o problema mais amplo que circunscreve a
temática do estudo;

114
Métodos de Pesquisa

• listagem das respostas aos objetivos específicos formulados na


introdução do trabalho;

• resumo das transformações pelas quais passou o autor no momento


em que encerra a pesquisa, aquilo que mudou nas concepções iniciais,
tanto do ponto de vista objetivo quanto subjetivo; e

• avaliações ou sugestões do autor quanto à realização de novos


estudos na área.

7.3.1.3 Elementos pós-textuais

Os elementos pós-textuais são fontes de informação que vêm logo após a seção "conclusão"
ou "considerações finais" da monografia, como a listagem padronizada de fontes bibliográficas (as
"referências bibliográficas") ou um conjunto extenso de dados que não podiam ser inseridos no texto
sem prejudicar a leitura e a fluência deste, tais como o "apêndice" e os "anexos". Tais elementos são os
pós-textuais, listados a seguir.

• As referências. O objetivo de qualquer referência, bibliográfica ou não, como informa a NBR 6023
da ABNT (ABNT, 2002), é a “transcrição e apresentação da informação, originada do documento e/
ou outras fontes de informação”.

Por “referências”, em geral, entende-se “o conjunto padronizado de elementos descritivos de


documentos impressos ou registrados em diversos tipos de suporte, permitindo sua identificação – no
todo ou em parte” (CRUZ, 2002, p. 10).

As referências devem ser elaboradas em página própria, na qual se apresenta a listagem


das obras bibliográficas que foram citadas pelo autor da monografia, em ordem alfabética por
sobrenome de autor. O termo se distingue de bibliografia, pois deve apresentar somente as obras
efetivamente citadas no texto, não sendo apenas um levantamento ou listagem para pesquisas
futuras (BÊRNI, p. 109).

Como visto anteriormente, o método de citações denominado autor/data deve ser utilizado nas
monografias em Ciências Econômicas. As referências bibliográficas permitirão a rápida localização das
obras citadas por esse sistema.

Os elementos essenciais de uma referência são:

a) autor;

b) título;

c) número da edição;

115
Unidade II

d) local de publicação;

e) editora;

f) data.

Incorporando tais elementos e com outras variantes, vemos a seguir as principais formas de referência
contempladas pela ABNT, com exemplos respectivos.

• Monografias no todo:

— um só autor.

Um exemplo:

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996.

Como vemos no exemplo fornecido, o título principal (e não o subtítulo, se houver) aparece em
negrito; o espaçamento entre linhas é simples, e o alinhamento é justificado. Basta o nome da editora,
sem a palavra “editora”. Mais adiante neste manual, serão apresentadas todas as regras relativas à
apresentação gráfica.

Quanto à apresentação do nome dos autores, o quadro a seguir é bastante ilustrativo:

Quadro 7 – Apresentação do nome de autores

Sobrenome simples SANTANA, Jair Eduardo

Sobrenome simples com preposição ANDRADE, Luis Antonio de

Sobrenome composto ALMEIDA PRADO, Carlos

Sobrenomes que indicam parentesco PIRES FILHO, Rubens de


CAMARA JUNIOR, Joaquim Mattoso
NUNES SOBRINHO, Francisco de Paula

Sobrenome composto de prefixos DI FIORE, Rosalia


LA TAILLE, Yves
DI NICOLÒ, Rinaldo
VON MISES, Ludwig

Sobrenomes compostos com hífen ROSENSTOCK-HUESSY, Eugen

116
Métodos de Pesquisa

— Dois autores.

Um exemplo:

BUSSAB, Wilton Oliveira; MORETTIN, Pedro A. Estatística básica. 4. ed. São Paulo: Atual,
1987.

No sistema autor/data, ao longo dos capítulos: (BUSSAB; MORETTIN, 1987).

— Três ou mais autores.

Menciona-se apenas o primeiro, seguido da expressão et al. em itálico.

Um exemplo:

BAILY, Peter et al. Compras: princípios e administração. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

No sistema autor/data, ao longo dos capítulos: (BAILY et al., 1999).

— Um organizador de uma coletânea de vários autores.

Menciona-se apenas o organizador ou coordenador na entrada e, em seguida, a indicação abreviada


de sua função entre parênteses.

Exemplos:

ABREU, Marcelo de Paiva (Org.). Ordem do progresso: cem anos de política econômica
republicana: 1889-1989. 12. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

BARROSO, João Rodrigues (Coord.). Globalização e identidade nacional. 1. ed. São


Paulo: Atlas, 1999.

— O autor é uma entidade.

Exemplo:

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Centro de Documentação e


Disseminação de Informações. Normas de apresentação tabular. 3. ed. Rio de Janeiro:
IBGE, 1993.

117
Unidade II

— Órgão governamental ou de denominação genérica.

Exemplo:

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro


de 1988. 19. ed. São Paulo: NDJ, 2002.

— Duas ou mais obras do(s) mesmo(s) autor(es) com anos iguais.

Letras minúsculas são colocadas junto à data, conforme a sequência do alfabeto.

Exemplo:

GIL, Antonio Carlos. Técnicas de pesquisa em Economia e elaboração de monografias.


São Paulo: Atlas, 2002a.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002b.

— Quando o autor não puder ser identificado.

Inserir a obra pela primeira palavra de seu título, excluindo-se os artigos. Nada aparecerá em negrito.

Exemplo (CRUZ, 2002):

O OLHAR e o ficar: a busca do paraíso: 170 anos de imigração dos povos de língua
alemã. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1994.

— Quando a monografia for parte integrante de uma coleção de várias obras.

Mencionar a coleção entre parênteses.

Exemplo:

SCHUMPETER, Joseph Alois. A teoria do desenvolvimento econômico. 2. ed. São


Paulo: Nova Cultural, 1985. (Os Economistas).

— Quando houver uma citação de citação no texto.

Inserir a obra que não foi consultada com a expressão apud ao final e, logo após, a obra que foi
consultada. A obra consultada também aparecerá isolada nas referências, em ordem alfabética.
118
Métodos de Pesquisa

Exemplo:

SCHUMPETER, Joseph Alois. A teoria do desenvolvimento econômico. 2. ed. São Paulo:


Nova Cultural, 1985. (Os Economistas). apud SOUZA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento
econômico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

SOUZA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento econômico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

• Monografias consideradas em parte:

— o autor do capítulo difere do autor da obra.

Utilizar a expressão In: em itálico, do modo apresentado no exemplo a seguir. Note que o título do
capítulo (a parte da monografia citada) não é grafado em negrito nem em itálico.

Exemplo:

CORTES, Soraya M. Vargas. Como fazer análise qualitativa de dados. In: BÊRNI, Duilio de
Ávila (Coord.). Técnicas de pesquisa em economia. São Paulo: Saraiva, 2002.

— O capítulo é de uma obra com organizador ou coordenador.

Utilizar a expressão In:, em itálico, do modo apresentado no exemplo a seguir. Note que o título do
capítulo (a parte da monografia citada) não é grafado em negrito nem em itálico.

Exemplo:

CORTES, Soraya M. Vargas. Como fazer análise qualitativa de dados. In: BÊRNI, Duilio de
Ávila (Coord.). Técnicas de pesquisa em economia. São Paulo: Saraiva, 2002.

• Documentos eletrônicos:

— CD-ROM.

Exemplo:

HENRIQUES, Mendo Castro. Filosofia política em Eric Voegel. In: Dos Megalitos à Era
Espacial. Produzido por É Realizações. 3 DVD (317 min), color.

119
Unidade II

— Internet.

Exemplo:

BARBIERI, Fábio. O ressurgimento da escola austríaca e a teoria do processo de mercado.


Encontro ANPEC 2008. Disponível em: <http://www.anpec.org.br/encontro2008/
artigos/200806250947220-.pdf>. Acesso em: nov. 2008.

• Dicionário, dissertações e teses:

— Verbete de dicionário.

Exemplo:

CIÊNCIA. In: LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. 1. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1993.

— Dissertação.

Exemplo:

BARBIERI, Fábio. O processo de mercado na escola austríaca moderna. 2001. Dissertação


(Mestrado em Economia) – Faculdade de Economia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.

— Tese.

Exemplo:

CASTRO, Antonio Barros de. Escravos e senhores nos engenhos do Brasil: um estudo
sobre os trabalhos do açúcar e a política econômica dos senhores. 1976. Tese (Doutorado
em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, 1976.

• Periódicos:

— Artigo em revista científica.

Exemplo:
120
Métodos de Pesquisa

GIAMBIAGI, Fabio. Uma proposta de reunificação monetária dos países do Mercosul.


Revista de Economia Política, São Paulo, v. 17, n. 4, p. 68, out.-nov., 1997. Disponível
em: <http://www.rep.org.br/pdf/68-1.pdf>. Acesso em: 17 fev. 2010.

LACERDA, Antonio Corrêa de. Recuperar a capacidade de investimento da economia


brasileira para garantir o desenvolvimento. Revista de Economia Política, São Paulo, v.
14, n. 1, jan.-mar. 1994.

— Artigo de jornal.

Exemplo:

LEONI, Ricardo. Novos métodos de gestão para garantir resultados. O Globo, Rio de
Janeiro, 6 ago. 2000. Boa Chance, p. 3.

— Evento.

Exemplo:

BARBIERI, Fábio. O ressurgimento da escola austríaca e a teoria do processo de mercado.


Encontro ANPEC 2008. Disponível em: <http://www.anpec.org.br/encontro2008/
artigos/200806250947220-.pdf>. Acesso em: nov. 2008.

• Datação:

É necessário ainda lembrar modelos de apresentação quando as datas das referências consultadas
não forem claras (ABNT, 2002b, p. 17):

— [1971 ou 1972] um ano ou outro;


— [1969?] data provável;
— [1973] data certa, não indicada no item;
— [entre 1906 e 1912] use intervalos menores de 20 anos;
— [ca. 1960] data aproximada;
— [197-] década certa;
— [197-?] década provável;
— [18--] século certo;
— [18--?] século provável;
121
Unidade II

• Apêndice:

Os apêndices são compostos de material elaborado pelo autor da monografia, trazem conteúdo
adicional e complementar à discussão desenvolvida nos capítulos. Seu título deve constar no sumário
da monografia e no topo de sua página inicial.

• Anexos:

Os anexos compõem-se de materiais elaborados por terceiros (outros autores), reunindo informações
adicionais úteis à monografia que, se apresentadas em meio aos capítulos, dificultariam a leitura destes,
em razão do tamanho ou da natureza das informações apresentadas.

8 Apresentação gráfica da monografia

As normatizações apresentadas baseiam-se nas normas ABNT (2002a, 2002b, 2003a, 2003b, 2003c,
2003d, 2009, 2011a, 2011b).

• Fonte:

A fonte (tipo de letra) utilizada deve ser Times New Roman, tamanho 12 cpi para todo o texto, com
exceção das notas de rodapé, das fontes bibliográficas de ilustrações e tabelas e das citações com mais
de três linhas, que devem estar em Times New Roman, tamanho 10 cpi.

• Margens e espaçamentos:

a) as margens superior e esquerda devem ser de 3,0 cm. As margens direita e inferior devem ser de
2,0 cm;

b) a primeira linha de cada parágrafo deve apresentar recuo equivalente a uma entrada de alínea
(tabulador ou tecla TAB);

c) o alinhamento dos parágrafos deve ser no modo “justificado”;

d) os títulos sem indicação numérica devem aparecer centralizados, e os títulos numerados devem
ser alinhados à esquerda;

e) o espaçamento entre linhas deve ser de 1,5, exceto para citações diretas com mais de três linhas,
resumo, abstract e referências bibliográficas; na opção “Formatar Parágrafo/Espaçamento” digitar
0 pontos antes e 6 pontos depois;

f) nas referências bibliográficas, ao final do trabalho, as obras devem estar separadas entre si por um
espaço simples em branco;

g) entre títulos de capítulos e texto, deve constar um espaço de 1,5 entre linhas;
122
Métodos de Pesquisa

h) entre títulos de subcapítulos e texto (que o antecede ou sucede), devem constar dois espaços de
1,5 entre linhas;

i) entre o título e a indicação da fonte de ilustrações e tabelas, o espaçamento é simples.

• Tamanho da folha e numeração das páginas:

O trabalho deve ser apresentado em papel no formato A4 (21 cm x 29,7 cm), na cor branca. Apenas
a última versão deve ser entregue em capa dura. Na entrega relativa ao primeiro bimestre da disciplina
TC – Relatório de Monografia, a encadernação pode ser em espiral, com capa frontal transparente.

A contagem das páginas tem início na folha de rosto, mas os números só aparecem a partir da
primeira página da parte textual do trabalho. Os números devem aparecer no canto superior direito
da página, a 2,0 cm da margem direita e a 2,0 cm da margem superior (basta clicar duas vezes sobre o
número e arrastar com o mouse a “caixa” em que ele se encontra até a posição correta, se necessário).

• Numeração progressiva das seções:

Segundo a ABNT (2003a), para o Capítulo 1, temos seção secundária 1.1, terciária 1.1.1, quaternária
1.1.1.1 e quinária 1.1.1.1.1.

Os títulos de cada capítulo e subcapítulo estão separados pelo espaço de um caractere do número,
e não é necessário escrever a palavra “Capítulo” antes do respectivo número.

Como vemos no exemplo a seguir, devemos alternar o uso do negrito para os títulos, que devem
alinhar-se sempre à esquerda (são numerados) e aparecer ao longo do texto no mesmo formato (e
alinhamento à esquerda) que no sumário. O itálico é utilizado apenas em seções quinárias.

Exemplo:

1 NANANANANA

1.1 ANANANANA

1.1.1 Anananana

1.1.1.1 Anananana

1.1.1.1.1 Ananananana

8.1 Algumas expressões de referência: significado

Todas as referências que foram utilizadas, seja na construção do texto monográfico, seja de
qualquer outro instrumento de comunicação impressa, notadamente aqueles que seguem a ordem
123
Unidade II

acadêmica, a exemplo daqueles que estamos mostrando neste livro, devem ter sua identificação
anotada de forma correta. Para tanto, o uso de algumas expressões também auxilia o pesquisador
quando da escrita. São elas:

• Idem: do mesmo autor, mas de obras diferentes. Note no exemplo a seguir que o ano diferente
entre parênteses indica outra obra, mas do mesmo autor.

Exemplo:

(DRUMMOND DE ANDRADE, 1978, p. 39)


(Idem, 1969, p. 15)

• Ibid: na mesma obra (e, obviamente, do mesmo autor), sendo uma citação que aparece logo
após uma outra da mesma obra e sem que apareça citação de autor diferente entre as duas. É
desnecessário, obviamente, colocar o ano.

Exemplo:

(DRUMMOND DE ANDRADE, 1978, p. 39)


(Ibid, p. 54)

• op. cit.: na mesma obra (e, obviamente, do mesmo autor), sendo uma citação que aparece quando
há citação de autor diferente entre as duas. É desnecessário, obviamente, colocar o ano,
apenas o sobrenome do autor novamente.

Exemplo:

(DRUMMOND DE ANDRADE, 2011, p. 39)


(BANDEIRA, 2012, p. 15)
(DRUMMOND DE ANDRADE, op. cit., p. 54)

• Loc. cit.: refere-se às mesmas obra e página do autor citado anteriormente.

Exemplo:

(DRUMMOND DE ANDRADE, 1969, p. 34)

(DRUMMOND DE ANDRADE, loc. cit.)

124
Métodos de Pesquisa

A figura que se segue apresenta algumas das abreviações e seus significados.

Quadro 8 – Lista de abreviações e significados

Expressão Significado
apud Citado por
circa Aproximadamente
cf. Confronte com
e.g. Por exemplo
ex. Exemplo
et al. E outros
et seq. O que se segue
i.e. Isto é
idem Do mesmo autor
ibid Na mesma obra
in Em
N.B. Atenção a esta nota
loc. cit. (loco citato) No lugar citado
op. cit. (opus citatum) Na obra citada
passim Aqui e ali, em diversos locais
p.s. Escrito após
sic Do mesmo modo que estava escrito
s.l. Sem local. Quando não houver o local de publicação.
s.n. Sem nome. Quando não houver o nome do autor.

As equações e fórmulas aparecerão destacadas dos parágrafos, alinhadas à esquerda e numeradas,


na forma que segue. O número aparecerá entre parênteses junto à margem direita:

x2 + y2 = z2 (1)

Notas de rodapé têm funções específicas. Como o sistema autor/data é utilizado para as citações,
as notas de rodapé, inseridas automaticamente pelo programa Word na função “Inserir Nota” do menu,
servirão exclusivamente para explicações adicionais referentes ao texto principal, ou para trazer qualquer
outra informação que sirva como orientação ao leitor. A fonte das notas deverá ser Times New Roman,
tamanho 10.

As palavras estrangeiras devem aparecer em itálico. Exemplos: coeteris paribus, software etc.

8.2 Reforçando: o que considerar ao planejar um relatório ou um resumo?

O texto deve ser conciso, informativo, com maior ou menor detalhamento. A preocupação com
a forma não deve exceder aquela com a consistência das reflexões e dos instrumentos e a coerência
dos resultados entre objetivos e realidade. Deve apresentar os fundamentos teóricos da pesquisa,

125
Unidade II

que auxiliaram a levantar hipóteses e a estabelecer seus objetivos. Também deve esclarecer conceitos
importantes; apresentar, posicionar-se, debater a respeito de diferentes visões; mostrar o conhecimento
sobre o que é dito sobre o assunto, discutindo questões polêmicas ou problematizando algumas delas.
Explicite sempre seu posicionamento nessas discussões.

O resumo é um instrumento de grande ajuda em todas as fases do trabalho acadêmico, pois permite
que transportemos extratos lógicos de documentos com vistas a escolhas seletivas, em vez de tê-los
todos conosco.

O resumo, segundo Medeiros (2009, p. 179), é a paráfrase por excelência. Modalidade fundamental
para quaisquer construções partindo de outras.

Medeiros (2009) apresenta as definições de texto (trama de significados coerentes que põe em interação
falante e ouvinte, autor e leitor), de contexto (situação de produção do texto), de intertextualidade
(referências que textos fazem a outros) (p.132-5). O autor afirma que “os elementos estruturais do texto
são: saber partilhado, informação nova, as provas, a conclusão” (MEDEIROS, 2009, p. 132-5).

Koch (2008) anuncia a visão libertária sobre o universo textual, que é mote de sua reflexão:

[...] texto é lugar de interação de sujeitos sociais, os quais, dialogicamente,


nele se constituem e são constituídos; e que, por meio de ações linguísticas
e sociocognitivas, constroem objetos-de-discurso e propostas de sentido, ao
operarem escolhas significativas entre as múltiplas formas de organização
textual e as diversas possibilidades de seleção lexical que a língua lhes põe
à disposição. A esta concepção subjaz, necessariamente, a ideia de que
há, em todo e qualquer texto, uma gama de implícitos dos mais variados
tipos, somente detectáveis pela mobilização do contexto sociocognitivo no
interior do qual se movem os atores sociais (KOCH, 2008, p. 7).

Tal visão implica papéis ativos tanto na leitura quanto na escrita, sem previsão segura sobre o que
se vai compreender naquilo que se vai publicar, já que não há possibilidades de entendimento pleno,
absoluto, na leitura; ou seja, não é uma relação simétrica entre autor e leitor, e, sim, interação autor-
texto-leitor (KOCH, 2008, p. 12-3), que supõe certa fluidez nos papéis de produção de sentido, não mais
tomando o autor como detentor onipotente da verdade em seu texto; esta é viva e dependente do meio
e dos demais envolvidos.

Com base nas prescrições da NBR 6028 2003 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, Medeiros
(2009) e Aquino (2010) tecem comentários e recomendações sobre a elaboração de resumos.

Os gêneros textuais aqui apresentados (resumo, fichamento e resenha) são básicos para a pesquisa,
porque são componentes estruturais dos demais gêneros de escrita técnica (dissertações de mestrado e
doutorado, artigos, ensaios, papers, dentre outros). Nessa linha, Medeiros (2009, p. 137) afirma: “resumo
é uma apresentação sintética e seletiva das ideias de um texto, ressaltando a progressão e a articulação
delas. Nele devem aparecer as principais ideias do autor do texto”.
126
Métodos de Pesquisa

Junto aos textos formais e explícitos (resumo, fichamento, resenha, presentes no arcabouço de
trabalhos de mestrado e doutorado, artigos científicos, ensaios), há os pôsteres, banners, slides, que são
publicações, pois tornam públicos resultados de pesquisas para o diálogo acadêmico. Nessa mesma linha,
há aquelas cujo texto está no fundo, como condição técnica, como apresentações orais, encenações,
dramatizações, happening, performances e filmagens.

No que diz respeito ao conteúdo, para Medeiros, o resumo deve apresentar: “o assunto do texto, o
objetivo do texto, a articulação das ideias, as conclusões do autor do texto objeto do resumo” (2009,
p. 137). Nele não se apresentam juízos de valor, e o texto deve se bastar, sendo “compreensível por si
mesmo” (MEDEIROS, 2009, p. 137). Já do ponto de vista de sua forma, o resumo deve “ser redigido em
linguagem objetiva, evitar a repetição de frases inteiras do original, respeitar a ordem em que as ideias
ou fatos são apresentados” (MEDEIROS, 2009, p. 137).

Medeiros (2009) parte de concepções teóricas e referências linguísticas, classificando o resumo,


de acordo com a norma, em crítico (recensão ou resenha), indicativo (ou descritivo, não dispensando
a leitura do original) e informativo (ou analítico, dispensando a leitura do original). O resumo é um
instrumento de trabalho na pesquisa e dele devem constar a natureza da pesquisa realizada, os resultados
e as conclusões.

Por fim, o autor citado apõe procedimentos caros ao resumo: primeiro, descobrir o plano da obra
a ser resumida; o resumo deve responder a duas perguntas (uma, sobre as intenções do autor, qual
é o tema do texto); em seguida, captar as ideias principais do texto e sua articulação, identificando
as diferentes partes da obra (encadeamento), chegando, assim, ao apontamento das palavras-chave
(2009, p. 138).

Saiba mais

Há uma recomendação de três elementos obrigatórios no resumo e


pode ser considerada a partir da leitura de João Bosco Medeiros, Redação
Científica: a Prática de Fichamentos, Resumos, Resenhas (9. ed. São Paulo:
Atlas, 2007).

Na mesma obra, perceberá que resumir é selecionar as partes principais


de um texto (situação inicial, a colocação de uma informação nova, as
justificativas, conclusão). Veja, pois é importante. Medeiros, com finalidade
didática e metodológica, apresenta texto seguido dos passos exemplares e
o resultante resumo como produto final do exercício.

O resumo apresenta sintética e seletivamente as ideias de um texto, ressaltando sua evolução e


articulação. Mostra suas principais ideias, sendo elaborado quando o relatório está finalizado. O tamanho
é comumente determinado, com um só parágrafo e terminologia específica.

127
Unidade II

Além do que já foi estabelecido acerca da introdução na seção de orientação à pesquisa sobre essa
etapa crucial do trabalho, fica patente que é o momento de esclarecer qual é a pergunta que se está
fazendo sobre o tema e por que vale a pena encaminhá-la. Exponha sua concepção sobre o que está
sendo pesquisado, o seu objeto de pesquisa.

Na introdução, devemos apresentar o projeto que estamos realizando, contendo o problema de


pesquisa e os objetivos, informando ao leitor, com uma leitura rápida, o que pretende a pesquisa proposta,
bem como o modo pelo qual foi resolvido tudo no texto, isto é, a solução textual do tratamento do
problema. Deve apresentar as razões da pesquisa.

Expor as razões que levaram o pesquisador a realizar a investigação, situando o trabalho no meio
acadêmico (dentre outros meios, se a proposta permitir), ou seja, junto aos demais trabalhos de outros
autores, no mesmo campo de pesquisa.

Ao estabelecer, brevemente, o estado atual em que se encontra o problema a ser investigado, mostrando
a importância da pesquisa, a introdução demarca o problema a ser estudado e o situa no setor especializado.

Deve-se convencer o leitor de que a pesquisa é relevante. Faça um pequeno histórico sobre o tema,
conte de onde ele surgiu e por quê. Mostre, sutilmente, para seu leitor, que seu trabalho merece ser lido.

De maneira geral, a introdução deve conter as seguintes informações:

• situação do tema, em suas múltiplas dimensões;


• tendências relativas ao comportamento dos objetos estudados, aferidas na pesquisa bibliográfica
e aquelas captadas de seu desenvolvimento (diagnóstico e prognóstico com base em dados,
informações e experiência da percepção);
• essência e importância (relevância) do tema e da temática, de modo geral;
• justificativa da escolha do tema, dos objetivos e do problema de pesquisa;

A seção de “materiais e métodos” requer que se mostre o que se utilizou (instrumentos e procedimentos
técnicos) e o que foi feito (metodologia) para responder à questão colocada sobre o tema. Essa parte
pode variar muito, dependendo do objeto da pesquisa, mas normalmente trata dos seguintes aspectos:

• sujeitos pesquisados: qualificação e classificações demográficas (definição do grupo, faixa etária,


por sexo, grau de escolaridade), diferenças, entre outros estratos;
• método de coleta de dados (procedimentos): que instrumentos foram usados, quais dados foram
coletados, e de que modo;
• materiais: citar equipamentos, insumos, protocolos, documentos etc.;
• métodos e metodologia: descrever os procedimentos detalhados (o passo a passo ou método), que
possam ser reproduzidos (metodologia) com os materiais e equipamentos descritos.
128
Métodos de Pesquisa

Os recursos audiovisuais e gráficos ligados aos formatos de publicação tornam-se cada vez
mais diversificados (pode-se recorrer ao fenômeno das mídias convergentes e cada vez mais
disponíveis). Assim, juntam-se às formas gráficas (cartas, plantas, mapas, tabelas, fotos, figuras e
muitas mais) as sonoras e visuais. Sua profusão é, a um só tempo, benéfica e perigosa; devem ser
utilizadas e elaboradas com cuidado, para incluir todas as informações necessárias com clareza
muito bem relacionadas ao discurso principal, não invertendo a importância do suporte com a
linha mestra do texto. Quadros e figuras são numerados sequencialmente (Tabela 1, Tabela 2
etc.); seu título deve ser informativo, colocado acima; indicações de fontes e notas podem ser
colocadas imediatamente abaixo.

Saiba mais

Os recursos audiovisuais são apresentados, quanto à diversidade e ao


emprego, em:

BLIKSTEIN, I. Como falar em público: técnicas de comunicação para


apresentações. São Paulo: Ática, 2006.

JOLLES, R. L. Como conduzir seminários e workshops. Campinas: Papirus,


1995.

POLITO, R. Recursos audiovisuais. São Paulo: Saraiva, 1995.

POLITO, R. Superdicas para falar em público. São Paulo: Saraiva, 2005.

A conclusão. Os resultados merecem toda a atenção e estão na categoria já abordada da divulgação


científica; sua relevância deve ser aferida com muita cautela, pois podemos descartar informações e
ideias cruciais à manutenção da coerência da pesquisa. Trata-se de elencar as respostas encontradas,
descrever os resultados, clara e objetivamente, resumindo os achados principais que serão detalhados em
tabelas e figuras; isso, em etapas diferentes da pesquisa, em formatos de trabalho distintos, pertinentes
ao grau de consistência da argumentação e desenvolvimento das atividades (um pôster, no começo; um
artigo científico, para um trabalho mais consolidado).

No fechamento da pesquisa é preciso retomar os objetivos propostos na introdução, fazer


considerações sobre o desenvolvimento e os resultados. É necessário indagar sobre o grau de solução
do problema proposto, contar um pouco com dificuldades e demais imprevistos, quais as perspectivas
de continuidade do trabalho; e, quanto a esse assunto, o posicionamento do pesquisador no que diz
respeito ao engajamento e às emoções despertadas pode ser apresentado e considerado como dimensão
fundamental dos resultados. Dimensão que permite construir significados e sentidos intrínsecos (próprios
da metodologia) e extrínsecos (pertinentes às demais dimensões envolvidas, como a psicológica, a
cultural, a financeira, dentre outras) ao processo de pesquisa.

129
Unidade II

Chamamos o desfecho de “considerações finais”, pois a conclusão de um trabalho é bem mais


definitiva. A conclusão tem o formato da lógica matemática, sem a concepção de imprevisto, de erros
e indeterminações. Resulta de deduções lógicas, fundamentadas nas ideias do corpo do trabalho,
determinando as implicações ou consequências da pesquisa.

Dadas as dificuldades e restrições de cada área de pesquisa, normalmente, o que temos são indícios,
tendências, que permitem apontamentos, não conclusões.

Resumo

Do que vimos nesta unidade, foi possível depreender que foram


apresentadas as linhas específicas de um projeto de pesquisa, bem como
sua organização e estrutura, trabalhando os métodos de pesquisa, visto que
não há somente um método a seguir. Nesse sentido, tomamos contato com
assuntos relacionados à estrutura do trabalho de pesquisa, sua escolha, e
delimitações do assunto, bem como com os tipos de pesquisa (estudos de
caso, bibliográficas, descritivas, correlacionais), a análise, o tratamento e a
interpretação dos dados.

A unidade avançou para os movimentos, formatos e possibilidades


de publicação da pesquisa, partindo, portanto, do projeto ao relatório
da pesquisa, as formas de apresentação dos resultados, não deixando de
considerar as normas de citações e referências.

Viu-se a importância que se deve dar aos elementos pré-textuais, aos


textuais e aos pós-textuais, e que cada um deles, com suas diferentes
partes, compreende um todo lógico e que deve ser seguido. Para tanto, há
normas específicas acerca do assunto, e a unidade também as apresentou.

Foi abordado que é de igual importância o atendimento às formas de


citações das referências que foram utilizadas em todo o desenvolvimento
da pesquisa, bem como do relatório, e que o atendimento às normas de
citações também é obrigatório.

Por fim, de tudo o que foi estudado nesta disciplina, percebe-se que há
diferentes métodos a serem empregados quando do desenvolvimento de
um trabalho acadêmico, não só o acadêmico, mas qualquer trabalho que
requeira apresentação formal, tanto escrita quanto verbal.

Dessa forma, esperamos que você tenha aprendido algo mais sobre
normas e métodos, bem como metodologia, e que isso o auxilie na
caminhada.

130
Métodos de Pesquisa

Exercícios
Questão 1. A pesquisa Canto Negro no Ciberespaço. Tecnologias de Informação e Comunicação
no Ensino de Africanismos e Africanidades Brasileiras (RIBEIRO, R. I. São Paulo: UNIP, 2006)
teve por objetivos gerais (1) contribuir para o debate do tema relações étnico-raciais no Brasil;
(2) subsidiar a formulação de estratégias e políticas de ação afirmativa para valorização dos
negrodescendentes; (3) subsidiar a implementação da Lei 10.639-2003 e (4) contribuir para o
debate sobre temas relativos ao ciberespaço e à EaD, no contexto da comunicação midiática.
Seus objetivos específicos foram os seguintes: (1) debater formas de utilização de Tecnologias
de Informação e Comunicação (TICs) aplicadas ao ensino de cultura afrobrasileira e africana;
(2) investigar possibilidades de inserção desse debate na rede Internet, particularmente em
Comunidades Virtuais de Aprendizagem ambientadas em Portais de Educação.

Essa pesquisa foi motivada pela constatação de que a conquista do direito de acesso a informações
sobre a herança africana dos brasileiros encontra uma inevitável barreira na ignorância dos professores
de todos os níveis de ensino, após o silêncio absoluto e prolongado que pairou sobre o assunto. Isso
apesar da promulgação da Lei que, integrando o conjunto de políticas de promoção da igualdade étnico-
racial no Brasil, incluiu a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo
oficial da Rede de Ensino. O universo de investigação foi integrado por material verbal, visual e áudio-
visual veiculado via Internet, particularmente o ambientado em portais de educação e em comunidades
virtuais de aprendizagem.
Fonte: RIBEIRO, R. I. Canto Negro no Ciberespaço. Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino de Africanismos e
Africanidades Brasileiras. Relatório Final de Pesquisa. São Paulo: UNIP, 2006.

Toda pesquisa deve ser justificável tanto do ponto de vista acadêmico quanto do social. Considere
a pesquisa cujo resumo foi apresentado acima e assinale verdadeiro (V) ou falso (F) em cada uma das
afirmações apresentadas a seguir.

I − Essa pesquisa é academicamente relevante por ser fortemente baseada no interesse pessoal da
pesquisadora e por enriquecer o acervo universitário.

II − Essa pesquisa é socialmente relevante por gerar subsídios para o debate sobre as relações étnico-
raciais no Brasil.

III − Essa pesquisa contribui para o conhecimento sobre temas relativos ao ciberespaço e à EaD. Por
isso ela é acadêmica e socialmente relevante.

IV − Essa pesquisa não possui relevância social, uma vez que seus resultados não ultrapassam os
limites acadêmicos e não contribuem para a elaboração de políticas públicas.

V − O tema dessa pesquisa possui importância científica, social e educacional.

131
Unidade II

Assinale a alternativa que indica corretamente a sequência de afirmações verdadeiras e falsas:

A) F, V, F, V, F.
B) F, V, V, F, V.
C) V, F, V, F, V.
D) F, F, V, V, F.
E) V , V, V, F, F.

Resposta correta: alternativa B.

Análise das afirmativas

I − Afirmativa falsa.

Justificativa: embora o interesse pessoal do pesquisador sirva de força motriz para a realização de
uma pesquisa e, embora os dados de qualquer pesquisa possam contribuir para o enriquecimento do
acervo universitário, esses dois fatores não servem como critério para tornar academicamente relevante
uma investigação.

II − Afirmativa verdadeira.

Justificativa: toda pesquisa que gera subsídios para o debate sobre as relações étnico-raciais no Brasil
possui relevância social. Isso porque, conforme fartamente demonstrado pela literatura especializada no
tema, essa questão vem ocupando o palco de debates no Brasil, país plurirracial e multi-étnico que, por
razões históricas, ainda apresenta travas em seu desenvolvimento socioeconômico, dadas as práticas
cotidianas de racismo.

III − Afirmativa verdadeira.

Justificativa: a expansão acelerada da educação a distância e o crescente trânsito no ciberespaço


exigem uma contínua produção de informações. Pesquisas sobre esse tema possuem relevância
acadêmica, dada a necessidade de ampliar o repertório de dados, e possuem relevância social, dadas
as exigências socioeconômicas e políticas de extensão de benefícios a uma ampla gama de usuários
potenciais dos recursos da informática.

IV − Afirmativa falsa.

Justificativa: conforme enunciado anteriormente, observa-se uma contínua expansão da educação


a distância e um crescente trânsito no ciberespaço, o que exige a produção de informações que
possibilitem a ampliação de benefícios a uma ampla gama de usuários atuais e potenciais dos recursos
da informática. Por isso, é falso afirmar que pesquisas sobre esse tema, ainda que tenham relevância
acadêmica, não possuem relevância social.
132
Métodos de Pesquisa

V − Afirmativa verdadeira.

Justificativa: conforme enunciado nas justificativas para as afirmações anteriores, essa pesquisa
possui importância científica e social. Possui, além disso, importância educacional, uma vez que aborda
particularidades pedagógicas e educacionais do ensino realizado à distância.

Questão 2. Todo projeto de pesquisa obedece a uma sequência padronizada, sujeita a alterações.
Antônio Carlos Gil sugere a adoção da seguinte sequência (GIL, 1991, p. 24; 2002, p. 21):

Formulação de Construção de Determinação Operacinalização


problemas hipóteses do plano das variáveis

Elaboração dos Pré-teste Seleção Coleta


instrumentos de dos da de
coleta de dados instrumentos amostra dados

Análise e Redação do
interpretação relatório da
dos dados pesquisa

Segundo o diagrama de Gil, apresentado acima, a pesquisa tem início com a elaboração de questões
norteadoras e é encerrada com o relatório final. Considerando esse diagrama, leia as afirmativas:

I − A sequência de etapas proposta por Gil deve ser obedecida rigorosamente, não devendo haver
antecipação nem superposição de ações.
II − A redação do trabalho não deve ser antecipada, pois somente é possível realizá-la quando todos
os dados de campo já tiverem sido coletados.
III − Uma vez estabelecidos a linha de raciocínio e o planejamento de ações, é recomendável que o
pesquisador permaneça firmemente fiel à rota traçada e resista à tentação de ir realizando ajustes ao
longo do procedimento de coleta de dados.
IV − O Projeto de Pesquisa tem uma sequência padronizada que, em lugar de ser absolutamente
rígida, deve admitir ajustes ao longo do desenvolvimento da pesquisa.

Está correto apenas o que se apresenta em:

A) I.
B) III.
C) II e IV.
D) IV.
E) I e III.

Resolução desta questão na plataforma.


133
Figuras e ilustrações

Figura 1

CODIGO=9393. Disponível em: <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/mp/Files/ImageToPDF.


ashx?codigo=9393>. Acesso em: 1º fev. 2014.

Figura 2

CODIGO=9393. Disponível em: <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/mp/Files/ImageToPDF.


ashx?codigo=9393>. Acesso em: 1º fev. 2014.

Figura 3

CODIGO=9393. Disponível em: <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/mp/Files/ImageToPDF.


ashx?codigo=9393>. Acesso em: 1º fev. 2014.

Figura 4

CODIGO=9393. Disponível em: <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/mp/Files/ImageToPDF.


ashx?codigo=9393>. Acesso em: 1º fev. 2014.

Figura 6

CHESS03.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/EGpDZ0>. Acesso em: 1º fev. 2014.

Figura 8

CHESS05.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/xMQCrS>. Acesso em: 1º fev. 2014.

Figura 15

100_5659.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/ugYkzz>. Acesso em: 1º fev. 2014.

Figura 16

1388698854ZCRS2.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/g/gvti/01/


l/1388698854zcrs2.jpg>. Acesso em: 15 mar. 2014.

Figura 17

FILE00053725094.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/n/nacu/


preview/fldr_2005_03_25/file00053725094.jpg>. Acesso em: 15 mar. 2014.

134
Figura 18

IMG_1852.JPG Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/54760>. Acesso em: 6 jun. 2014.

Figura 19

GIL, A. C. Técnicas de pesquisa em economia e elaboração de monografias. São Paulo: Atlas, 2002. p. 21.

Figura 20

1514/02.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_1514/02.


jpg.> Acesso em: 25 maio 2014.

Figura 21

1514/02.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_1514/02.


jpg.> Acesso em: 25 maio 2014.

Figura 22

1514/02.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_1514/02.


jpg.> Acesso em: 25 maio 2014.

Figura 23

9590/1.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_9590/1.jpg>.


Acesso em: 25 maio 2014.

Figura 24

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10719: Informação e documentação —


Relatório técnico e/ou científico — Apresentação. Rio de Janeiro, 2011.

Figura 25

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Informação e documentação —


Trabalhos acadêmicos — Apresentação. Rio de Janeiro, 2011.

135
Referências

Audiovisuais

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(180 min).

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IVANHOÉ, o vingador do rei. Direção: Richard Thorpe. USA: MGM, 1952 (106 min).

O SÉTIMO selo. (Detsjundeinseglet). Direção: Ingmar Bergman. Suécia: P&B, 1956 (96 min).

OS TRÊS porquinhos. Direção: Burt Gillett. EUA: Walt Disney, 1933. Animação (8 min).

Textuais

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plágio, na era digital: desafios para a prática docente. In: SIMPÓSIO HIPERTEXTO E TECNOLOGIAS NA
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___. NBR-10520: informação e documentação — Citações em documentos – Apresentação. Rio de


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___. NBR-6023: informação e documentação — Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002b.

136
___. NBR-6024: informação e documentação — Numeração progressiva das seções de um documento
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