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Unidade II
Nesta unidade, apresentaremos as linhas específicas de um projeto de pesquisa, sua organização e
estrutura, trabalhando os métodos de pesquisa, visto que não há somente um método a seguir. Nesse
sentido, você terá contato com assuntos relacionados à estrutura do trabalho de pesquisa, sua escolha e
delimitações do assunto, bem como com os tipos de pesquisa (estudos de caso, bibliográficas, descritivas,
correlacionais), a análise, o tratamento e a interpretação dos dados.
Neste tópico, o foco recai na estrutura e na organização da pesquisa, de seu planejamento, bem
como nos aspectos específicos do projeto.
Continuamos com o assunto dos métodos de pesquisa, agora esclarecendo o modo pelo qual os
métodos se articulam num fio condutor como síntese. Síntese esta proporcionada pelas dimensões
subjetiva do pesquisador (abarcando de desejos a crenças); e objetiva dos recursos e instrumentos
reunidos pela experiência, assimilação e reflexão, num método, nele combinados; o que supõe articulação
de raciocínios e procedimentos que, sozinhos, não nos levam muito longe, por serem incompletos.
5.1 A pesquisa
Pesquisar é, de forma bem simples, procurar respostas às indagações. Procurar o que não se tem: uma
resposta satisfatória. É a insatisfação que motiva a pesquisa; que somente ocorrerá se a curiosidade não
estiver satisfeita, e as dúvidas, por ora, não justificarem novas buscas. Da pesquisa em geral passamos à
pesquisa acadêmica e científica, em particular.
Pesquisa científica é, portanto, realização teórica e prática de uma investigação ordenada, desenvolvida
e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas pela ciência para a avaliação desse
processo de aprendizagem. Trata-se de uma atividade voltada para a solução contínua de problemas, por
meio do emprego de procedimentos científicos. Os problemas não terminam, tornam-se mais complexos,
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Métodos de Pesquisa
assim como os instrumentos utilizados para resolvê-los. Esse movimento do conhecimento que se vai
escapando quando se lhe parece agarrar reúne conjuntos de procedimentos sistemáticos, baseados em
raciocínios lógicos, que têm por objetivo formular problemas e encontrar sucessivas soluções, mediante
o emprego de métodos científicos.
A pesquisa tem sua linguagem própria, que chamamos metodológica, e integra os momentos do
processo. A integração ocorre desde o âmbito teórico e conceitual das representações e visões de mundo
das formas prescritas pelas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) até as relações
por elas visadas (atividades acadêmicas, em sua maioria), desdobrando-se em técnicas e instrumentos
coerentes de coleta de dados e validação das informações.
Por qual motivo se faz uma pesquisa científica? Há vários deles, para diferentes pessoas e diferentes
oportunidades. Basicamente, a pesquisa científica serve para que o pesquisador busque respostas
para aquilo que o inquieta, aquilo que o “incomoda”. O incômodo aqui colocado é aquele gerado pela
necessidade de buscar respostas para aquilo de que ainda não se tem certeza ou para o qual a certeza
não seja permanente. Enfim, afora aqueles motivos que fazem da pesquisa a evolução das ciências, as
razões de ser da pesquisa científica, dentre outras tantas, podem ser expressas por:
• procurar caminhos diferentes (novas variáveis e novos valores para os debates, segundo a visão
sistêmica) para antigos e novos problemas.
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Unidade II
Exemplo de aplicação
E você: qual sua razão de efetuar uma pesquisa? Quais suas motivações? Já pensou nisso?
Escolher o que pesquisar não é uma tarefa das mais fáceis. Envolve decisão, ora motivada pelo
próprio pesquisador, ora a ele imposta. O fato é que, como aluno-pesquisador, de que forma se escolhe
o tema de um projeto de pesquisa? Há várias formas de escolher o tema de um projeto de pesquisa:
Encontrada uma área do conhecimento de interesse, deve-se identificar um tema plausível. Para
avaliar a consistência de um tema, podem-lhe ser dirigidas perguntas:
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Métodos de Pesquisa
A aferição da consistência de um tema pode iniciar com tais perguntas e prosseguir na construção
da problemática, ou problematização do tema da pesquisa, como exemplificado na seção específica do
projeto.
Toda pesquisa deve apresentar uma justificativa, pois, do contrário, a atividade não faria sentido. Não
se pesquisa por nada. A justificativa mostra a relevância da pesquisa baseada no tema e nos objetivos
propostos, identificando quais serão as contribuições principais e secundárias ao entendimento e
à intervenção na realidade pesquisada. É a parte em que o pesquisador demonstrará o alcance e a
efetividade da proposta de investigação.
A relevância que se estabelece pela coerência de um projeto nunca estará somente nele mesmo,
apenas na vontade do pesquisador ou no ineditismo do trabalho; deve-se cumprir com as intenções,
um circuito que vai até os frutos, os benefícios sociais do trabalho de pesquisa tomado como processo.
De outra forma, uma pesquisa não deve prestar-se somente à realização do pesquisador, mas, sim,
apresentar-se com um apelo aplicativo, que dela alguém possa fazer uso em benefício da evolução da
ciência.
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Unidade II
Observação
Para que fique claro, na redação da justificativa, o pesquisador deverá lançar mão da bibliografia
principal e da motivação (pessoal ou não), que ampara a iniciativa. Na justificativa, apresenta-se o que
foi obtido, bem como as faltas, nos estudos até então realizados. Sua contribuição será preencher tais
lacunas ou demonstrar, de forma crítica, confirmando aquilo que se entendia até então, como certo ou
errado, dependendo dos resultados da pesquisa.
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Métodos de Pesquisa
Para Salomon (2000, p. 221), a justificativa é um elemento que jamais poderá faltar num projeto de
pesquisa. Para ele:
Toda pesquisa deve ter um objetivo determinado para saber o que se vai
procurar e o que se pretende alcançar. [...] O objetivo torna explícito o
problema, aumentando os conhecimentos sobre determinado assunto. [...]
Os objetivos podem definir a natureza do trabalho, o tipo de problema a
ser selecionado, o material a coletar. [...] Respondem às perguntas: por quê?
Para quê? Para quem? (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 158-9).
• oferecer novos pontos de vista e permitir que se retome aqueles que foram precocemente
descartados, sem a pretensão de resolver plenamente os problemas ou apenas confirmar hipóteses;
A contribuição pode ser tanto teórica, nas denominadas ciências básicas ou puras, quanto baseada
em experimentação ou melhoria de técnicas existentes, as aplicadas, desde que os casos tenham seus
resultados generalizados.
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Unidade II
Os objetivos são o que não temos e que esperamos que a pesquisa nos dê. Indicam aonde queremos
ir, o que queremos conhecer, melhorar e/ou transformar, adotando metas para monitorar e medir
progressos no andamento.
Lembrete
Os objetivos dependem do tipo de pesquisa que é realizada, e, como foi dito, da concepção
de mundo (nível teórico). Por exemplo, um projeto realizado pelo Ministério da Saúde, cujo
problema estaria em procurar caracterizar o perfil social das comunidades em que há casos
de cólera, teria como objetivo orientar a política pública na área de saúde, visando conter a
doença. No caso de pesquisa acadêmica, o objetivo maior será trazer uma contribuição ao
tema. Isso posto:
• Objetivos gerais: referem-se a uma contribuição teórica que se espera alcançar com a pesquisa
(por exemplo, revisão de um conceito).
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Métodos de Pesquisa
Leitura obrigatória
A metodologia é o empreendimento de avaliação que deve situar minuciosamente toda ação prevista
e desenvolvida no trabalho de pesquisa.
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• a escolha do tema e a identificação dos campos sociais (áreas, interesses e agentes) envolvidos;
• confrontar todos os passos de realização da pesquisa com seu projeto, propondo parâmetros e
promovendo ajustes, quando necessário;
A metodologia ordena:
• o tipo de pesquisa;
• o instrumental utilizado (questionário, entrevista, entre outros);
• o cronograma;
• a equipe de pesquisadores e a coordenação do trabalho;
• a escolha e a utilização dos recursos;
• as formas de tabulação e tratamento dos dados;
• tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.
Toda classificação é, a um só tempo, processo intelectual e expressão de poder, posto que sua vigência
seja em si uma consequência de posição social de seu autor ou grupos de autores.
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Métodos de Pesquisa
São exemplos os argumentos de autoridade (uns “nomes” sustentam, mais que outros, os sistemas
de classificação, tipologias e tipificações) e os projetos políticos dos eleitos (têm respaldo na escolha, e
não na estritamente na lógica); respectivamente amparados na racionalidade de escolas ou grupos e na
representatividade do sufrágio. Ou seja, em algumas vezes serão processos internos à própria ciência;
em outras, não.
Ademais, a classificação que segue, e de resto todas as outras, deve ser objeto de reflexão e mesmo
de contestação, antes que seja adotada. Reflexão para enxergar além de sua consistência (eficiência,
bom funcionamento), procurando testar também sua coerência (eficácia, o cumprimento de metas e
objetivos estabelecidos pelo projeto). Contestação quanto à adequação dos aspectos do modelo que não
servirem à sua pesquisa, o que confere personalidade à pesquisa.
As classificações seguem a lógica exposta por Fabíola Maria Pereira Bezerra, com base em Prithvi N.
Kaula e Ingetraut Dahlberg (BEZERRA, 2006, p. 13-4):
Neste processo mental, natural e automático de classificação dos “entes, dos fatos
e dos acontecimentos”, Pombo definiu como “pontos estáveis”, que permitem
ao ser humano uma orientação em relação ao mundo à sua volta, estabelecendo
hábitos, afinidades e divergências. Possibilita ainda “reconhecer os lugares, os
espaços, os seres, os acontecimentos; ordená-los, agrupá-los, aproximá-los uns
dos outros, mantê-los em conjunto ou afastá-los irremediavelmente”.
Observação
• Explicativas: coração da pesquisa positiva moderna, posto que o termo já remete a certo
distanciamento do pesquisador, “mostrando como as coisas funcionam”. Nas pesquisas
denominadas explicativas, pesquisamos para descobrir os fatores que determinam os fatos
ou colaboram para sua ocorrência, que serão apresentados como sistemas os mais fechados e
controlados possível. Aqui, há o predomínio da “razão objetiva”, conforme foi definida.
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Métodos de Pesquisa
Também é possível classificar as pesquisas conforme o emprego de instrumentos, que devem ser
alinhados aos procedimentos técnicos, segundo Gil (2002, p. 43), que inspira as descrições seguintes.
Observação
• Análise dos dados, tratamento estatístico ou levantamento: segundo Gil (2002), as pesquisas
desse tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja
conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas
acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as
conclusões correspondentes aos dados coletados.
Apesar das semelhanças com a pesquisa experimental, o delineamento ex post facto não garante que
suas conclusões relativas a relações do tipo causa-efeito sejam totalmente seguras. O que geralmente se
obtém nessa modalidade de delineamento é a constatação da existência de relação entre variáveis. Por
isso é que essa pesquisa, muitas vezes, é denominada correlacional (GIL, 2002, p. 49).
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Métodos de Pesquisa
• Pesquisa-ação: quando o pesquisador não é apenas observador exterior aos fatos, mas assume a
necessidade de fazer parte deles. Nas palavras de David Tripp (2005, p. 445-6):
Saiba mais
Há autores, como Serva (1995, p. 69-70) que também tratam da pesquisa participante:
[...]
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[...]
Observação
Muitos estudantes consideram inconveniente a assertiva que lhes dirigimos nas aulas: “até para não
sabermos, é preciso saber alguma coisa”, isto é, quando alguém afirma que nada sabe sobre algo, no
contexto da pesquisa científica, a condição para tal “desconhecimento” é a de que tenhamos conhecimento
prévio acerca desse assunto e, desse modo, percebamos que o trabalho de formular problemas e hipóteses,
bem como a tarefa de descrever e/ou explicar as variáveis com as quais trabalhamos como pesquisadores,
pede certo conhecimento sobre o assunto que queremos aprender e manejar.
No caso de trabalhos escolares, muitas vezes, o próprio professor da disciplina dá aos alunos algumas
informações básicas sobre o tema proposto para uma pesquisa mais aprofundada, complementar e
mesmo suplementar às aulas.
Como deveremos proceder se nos for solicitada uma pesquisa sobre um assunto que desconhecemos?
E se devemos elaborar um problema de pesquisa e hipóteses pertinentes a esse problema, no caso de um
tema que não dominamos?
É recomendação básica, e requisito fundamental, que façamos um estudo prévio sobre o tema
de nosso interesse, para que possamos formular um problema de pesquisa que seja pertinente, mas,
sobretudo, coerente.
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Métodos de Pesquisa
Esse estudo prévio pode envolver leitura de jornais, enciclopédias, sítios da internet e orientação
ou conversas com pessoas que sabemos dominar o tema (ou que possuem um conhecimento mais
aprofundado sobre o assunto que vamos investigar).
Muitas vezes, dada a vastidão do tema e o nosso desconhecimento sobre o assunto estudado, esse
estudo prévio acaba se transformando em uma pesquisa bibliográfica, momento de qualquer pesquisa,
além de modalidade importantíssima quando o objetivo for levantamento dos atributos (propriedades
físicas, químicas, sociológicas, médicas etc.) e exploração das diversas dimensões de temas (históricas,
geográficas, econômicas, culturais, políticas, ambientais, entre outras).
Lembrete
Problema de pesquisa, para Gil (2002, p. 23), com recurso ao dicionário, é “questão não solvida e
que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento, pois é a que mais apropriadamente
caracteriza o problema científico”. Justifica a seleção da acepção pela clareza de que nem todo problema
é passível de tratamento científico. E reitera que “Isto significa que, para se realizar uma pesquisa, é
necessário, em primeiro lugar, verificar se o problema cogitado se enquadra na categoria de científico”.
Mais:
Segundo vários pesquisadores e cientistas, a etapa mais difícil e trabalhosa do processo de pesquisa
é a definição do problema. Vamos pesquisar o quê? Vamos responder a qual questão? É desse momento
que depende todo o restante do trabalho de pesquisa. Se não formulamos adequadamente o problema,
toda a nossa pesquisa está comprometida. Se não definimos o rumo, vamos com certeza nos perder.
O erro mais comum em pesquisa é iniciá-la sem ter claro o problema a ser resolvido. Temos tantas ideias,
queremos saber tantas coisas, que erroneamente consideramos que está claro o que queremos saber. Esse é o
maior engano. Muitas vezes, não está claro nem para nós mesmos. Imaginem então para os outros.
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Métodos de Pesquisa
Saiba mais
• Uma pesquisa só será necessária se existir uma insatisfação com as soluções oferecidas, dúvida ou
dúvidas a serem esclarecidas.
• Deve ser escrito de forma clara e argumentativa: qual é a questão, e seus parâmetros, para a qual
se busca uma resposta?
• À relevância: isso quer dizer que o problema de pesquisa precisa, de alguma forma, representar
uma indagação ou questionamento que tenha importância no contexto histórico na construção
do conhecimento, não podendo ser medido apenas pela aplicação das “conclusões” às quais
chegarmos. É, então, uma questão de coerência de todo o “ciclo da pesquisa”, desde as concepções
teóricas, técnicas, às éticas, que devem ser fundantes da ação.
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Unidade II
• À clareza: isso significa que não pode haver dúvidas no encaminhamento da pesquisa sobre a
questão da pesquisa que se irá realizar.
• À possibilidade de realização: devemos nos propor trabalhos factíveis, praticáveis, no que diz
respeito a alcance dos objetos de interesse, acesso aos recursos em geral, além de ambiente de
pesquisa.
• Aos interesses e preferências do pesquisador: sempre que pudermos, devemos escolher nossos
temas de pesquisa. Na vida escolar (também na profissional), principalmente quando as pesquisas
são exercícios de aprendizagem metodológica, os temas são secundários ou restritos à prática
exploratória e ao domínio da reprodução do assunto antes de nele criar. Ou melhor, temos de fazer
pesquisas em temas que não são os de nossa preferência, apesar de estarmos mais interessados
em outros assuntos. Devemos procurar escolher assuntos que nos sejam interessantes, a respeito
dos quais temos muita curiosidade.
Os temas muito amplos e fracionados podem apresentar-se como de difícil solução, e, se não
definirmos exatamente o que queremos, provavelmente perderemos o foco em meio ao material
bibliográfico (gráficos em geral, documentos, enciclopédias e artigos científicos). Devemos
continuamente ajustar a problemática (o questionamento) da pesquisa como se fosse a busca
pelas lentes adequadas que nos permitirão enxergar melhor nosso alvo; mais ou menos como
fazemos naqueles exames oftalmológicos.
Logo, quanto mais específico for o problema formulado, mais fácil será empreender buscas e aferir
a consistência das soluções encontradas. Quanto mais específico for o problema, mais sentido terá
nosso trabalho de pesquisa. Esse é um trabalho que costumamos denominar “recorte do tema”. Como se
estivéssemos diante de uma enorme folha de jornal recheada de assuntos interessantes e resolvêssemos
“recortar” um artigo sobre determinado tema.
• À forma, como pergunta: por uma questão de precisão e controle lógico, formulamos o problema
como pergunta na forma interrogativa; precisão, em virtude da necessidade da linguagem como
instrumento; e controle na verificação das variáveis; isto é, os “termos acessórios do problema”
que deverão ser checados.
A título de exemplo, seguem alguns problemas que podem ser considerados científicos, bem como
seus motivos:
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Métodos de Pesquisa
— O propósito é avaliar pelo método comparativo de amostras com diferentes combinações dos
fatores.
• Que fatores determinam o aumento ou a diminuição dos níveis de poupança de famílias de classe
média?
— Averiguação das dietas básicas de grupos pesquisados da população total segundo estratos de
escolaridade.
— Pesquisa bibliográfica e entrevistas com grupos de estratos sociais de renda, educação, domicílio
distintos; escolhas com base nas hipóteses.
• Na realização de atividades por indivíduos isolados ou por grupos coordenados, qual é modo mais
eficiente ou produtivo de execução do trabalho?
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Unidade II
A hipótese é, então, uma resposta (provável) ao problema a ser investigado. Em algumas pesquisas,
essa elaboração é dispensável, ao menos em termos da sua explicitação formal (quer dizer, da sua
declaração). Isso ocorre principalmente nos casos de estudos exploratórios ou descritivos.
De forma simplificada, podemos dizer que problemas, objetivos e hipóteses estão relacionados.
Percebemos diferenças nos seguintes aspectos:
• enquanto os problemas são sentenças interrogativas, os objetivos são incertos, as hipóteses são
afirmativas;
• as hipóteses apresentam uma maior preocupação com a operação da pesquisa propriamente dita;
assim, se o problema apresenta a questão da pesquisa, a hipótese deve deixar claro qual a forma
a ser utilizada para resolver o problema foco de investigação.
As hipóteses são consequências dos objetivos e dos problemas formulados. Elas funcionam como
afirmações, procurando deixar evidente como serão respondidas algumas das questões pertinentes aos
problemas. Isso ocorre porque, como as hipóteses são mais específicas, elas podem estar relacionadas
a determinados aspectos do problema. Portanto, um mesmo problema pode gerar várias hipóteses,
e a construção de uma determinada hipótese é escolha pessoal do pesquisador em relação a várias
possibilidades.
• Exemplo 1:
Problema formulado: é possível manter a qualidade original de vinhos de regiões especiais nos
vinhos que mantenham a variedade de uvas em outras partes do mundo?
Argumento: verificar se ótimas condições ambientais e culturais dos terroirs (clima, relevo, nutrientes
no solo, saberes, tradições etc.) na vitivinicultura realmente são únicas, ou se as variedades de uvas
viníferas podem ser cultivadas em quaisquer áreas cujas condições sejam aproximadas e artificialmente
produzidas (varietais dos Estados Unidos, Chile e Nova Zelândia, por exemplo). Exemplo da champagne,
que é o único vinho espumante que pode receber esse nome por ser da região de Champagne; sendo
o vinho que passa por processos similares denominado simplesmente espumante. Projeto de média
duração e interdisciplinar, de instrumental múltiplo para escapar das amarras tecnicistas. Pesquisa
bibliográfica, videográfica (documentários e dramas) e cartográfica.
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Métodos de Pesquisa
Podemos formular várias hipóteses tomando o problema “É possível manter a qualidade original
de vinhos de regiões especiais nos vinhos que mantenham a variedade de uvas em outras partes do
mundo?” como ponto de partida. Portanto, de um mesmo problema, podemos formular duas ou mais
hipóteses diferentes. São várias as possibilidades. Numa delas, ambos os exemplares de vinhos devem
ser comparados.
— Hipótese 1: um dos dois é melhor, a partir dos critérios convencionais empregados pela
arbitragem, desmoralizando um dos argumentos do debate.
Como é possível observar, as hipóteses são afirmações que se fazem na tentativa de obter
respostas para a solução de um determinado problema. Seja lá qual for a hipótese escolhida, sua
confirmação ou não auxilia na descoberta da resposta ao problema que formulamos. O pesquisador
deve escolher aquela hipótese que mais o agrada e que lhe parece mais próxima de responder ao
problema formulado.
• Exemplo 2:
O tema é: a distribuição espacial da renda nas regiões metropolitanas brasileiras e associação aos
problemas socioambientais e de infraestrutura.
Problema formulado: a distribuição territorial da renda é causa principal de processos sociais que
afirmam ou negam a qualidade de vida da população?
— Hipótese 1: o poder aquisitivo; a renda determina o acesso às melhores áreas dos espaços
urbanos e agrários.
As hipóteses anteriores são afirmações que fazemos na tentativa de obter respostas para a solução de
um determinado problema, qual seja, o da descoberta dos fatores que estão relacionados ao crescimento
da violência urbana. Seja lá qual for a hipótese escolhida, sua confirmação ou não nos permite descobrir
se o fator selecionado pode ou não estar vinculado ao crescimento da violência. O pesquisador deve
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Unidade II
escolher a hipótese de sua preferência e a que lhe parece mais próxima de responder ao problema
formulado.
Como dissemos, na hipótese, estamos imaginando a existência de alguma relação entre coisas ou fatos.
Estamos nos perguntando se o hábito de consultar com frequência o dentista pode estar relacionado
à frequência com que surgem cáries. Para esse problema, podemos formular a seguinte hipótese:
• Hipótese: a frequência com que surgem cáries está relacionada à frequência de acompanhamento
odontológico preventivo.
Quando o pesquisador elabora a hipótese de pesquisa, ele deve esclarecer exatamente o que significam
as variáveis com as quais ele irá trabalhar. No exemplo anterior, acompanhamento odontológico pode
ter significados diferentes para pessoas diferentes. Da mesma forma, pode haver diferentes maneiras de
entender o que significa “ocorrência de cáries”.
As variáveis (as coisas e os fatos sobre os quais iremos trabalhar) necessitam ser definidas,
detalhadamente, pelo pesquisador. No exemplo, as nossas variáveis podem ser explicadas da seguinte
maneira:
— Frequência de ocorrência de cáries: deve ser entendida como o número de vezes, ao longo de
um ano, correspondente ao surgimento de cáries.
A partir da definição das nossas variáveis, deixamos claro o que iremos pesquisar. A partir da definição
das nossas variáveis, qualquer pessoa pode compreender exatamente qual afirmação procuraremos
confirmar ou negar.
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Métodos de Pesquisa
• Hipótese 1: no caso de eleitores indecisos, assistir ao programa eleitoral durante os três meses
anteriores à eleição pode ajudá-los a definir a intenção de voto.
• Variável 1: exposição ao programa eleitoral, que será entendida como o número de vezes que o
eleitor assistiu/esteve exposto à propaganda partidária especialmente elaborada para o período
de eleições, veiculada por meio da televisão.
• Variável 2: intenção de voto, que será entendida como a declaração espontânea de qual será o
voto quando da eleição.
Fica claro também, na nossa formulação hipotética, que estaremos investigando essa possível relação
dentre as pessoas declaradamente indecisas (quer dizer, que em um primeiro momento declararam não
ter candidato definido). Também estamos esclarecendo que estudaremos a influência da propaganda
eleitoral nos três meses anteriores ao pleito (período usual em que a propaganda eleitoral é veiculada).
• Violência urbana, que será entendida como o número de crimes (assaltos, roubos, assassinatos) na
cidade durante o período de um ano.
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Unidade II
Exemplo de aplicação
Retome outros exemplos de problemas mencionados anteriormente. Para cada um deles, formule
uma hipótese e defina as variáveis de forma que seja possível confirmar ou não a hipótese formulada.
Que fatores determinam o aumento ou diminuição dos níveis de poupança de famílias de classe
média?
A condição social dos alunos está relacionada aos resultados de exames vestibulares?
A realização, em grupo, de determinada tarefa pode estar relacionada com a diminuição do tempo
de execução e finalização da tarefa?
Exercício de aplicação
Oferecemos mais uma oportunidade de colocar em prática aquilo que estamos tratando. Veja o
roteiro da atividade proposta:
78
Métodos de Pesquisa
Saiba mais
Ou:
Toda pesquisa tem um início, um meio e um fim. Não falamos somente em termos de conteúdo, mas
também de tempo de execução. Quando a pesquisa começa, em quanto tempo se desenvolve e quando
será finalizada? Tratamos, portanto, de um calendário, de um cronograma.
Saiba mais
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Unidade II
Figura 18 – O calendário
Conforme Salomon (2000, p. 223), “um projeto que não se reduz a mero ’projeto de intenções‘, uma
vez que tem de ser tecnicamente redigido, não pode deixar de conter cronograma e orçamento”.
As etapas podem ser coincidentes, mas não excludentes. Por exemplo, é possível fichar um texto
e levantar dados secundários no mesmo mês, mas não é possível fazer uma análise comparativa das
entrevistas sem tê-las terminado. Salomon (2000, p. 223) ensina que:
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Métodos de Pesquisa
Leitura e fichamento
Análise comparativa
Redação do texto
Saiba mais
O adjetivo socioambiental supõe a junção dos reinos físico, orgânico e cultural, articulando as
ciências parcelares (disciplinas) em suas interfaces (intersecções), de modo que diminua as reduções
e o esfacelamento da realidade. Qualquer que seja a pesquisa, sempre terá por objeto eventos sociais
(relações sociais e culturais) e ambientais (trocas de matéria e energia); portanto, dirigindo-se à junção
socioambiental, sejam acontecimentos empíricos (ciências sociais aplicadas, como a sociologia e
a geografia), seja nos imaginados (como a geometria e a física teórica), nas ciências básicas ou nas
aplicadas.
Como vimos, a pesquisa é o conjunto de atividades que tem por objetivo estudar e investigar
determinado fenômeno selecionado. Isso quer dizer que, escolhidos certo tema ou certa área do
nosso interesse, a todas as atividades que desenvolveremos para atingir esse objetivo (aumentar
o conhecimento sobre o assunto) chamamos de pesquisa. Costumamos dizer que a pesquisa é um
processo, porque envolve trabalhos desenvolvidos durante um determinado período de tempo e que,
normalmente, cruzam-se e têm uma relação de interdependência.
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Unidade II
• a pesquisa é um processo sistemático: é realizada de forma ordenada, com uma intenção declarada;
Podemos então definir pesquisa como o processo formal e sistemático que, por meio da utilização
da metodologia científica, permite que ampliemos os nossos conhecimentos. A partir daí, como
entendermos a pesquisa social avançada e suas ligações capilares com a pesquisa ambiental?
Toda pesquisa é, a um só tempo, social e ambiental, posto que é dedicada ao estudo da realidade
social que se entrelaça com a ambiental (biomas e ecossistemas), realidade essa que envolve inúmeros
aspectos referentes ao homem em seus relacionamentos com outros homens, com a variedade ambiental
(conjunto de formas orgânicas e inorgânicas) e as instituições. Quer dizer que é o tipo de pesquisa que
encontramos nas mais variadas ciências (geografia, ecologia, sociologia, antropologia, ciência política,
educação, psicologia etc.).
Dentre os vários temas aos quais se dedica a pesquisa socioambiental, podemos ressaltar alguns:
• personalidade humana;
• família,
• grupos sociais;
• mudanças sociais;
• problemas sociais;
• comportamento político;
• organização social.
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Métodos de Pesquisa
Pelas suas características e temáticas particulares, as Ciências Sociais não desfrutam do mesmo
prestígio que outras áreas das ciências, porém tem havido mudanças positivas com o esclarecimento
sobre as interfaces e a maior aceitação das diversas disciplinas, antes descartadas. Algumas das razões
desse descarte costumam ser:
• a realidade social não segue o mesmo padrão do universo físico, sendo impossível determinar a
causalidade (tal fator causar tal fenômeno) e a previsibilidade (se tal fator ocorrer, termos uma
chance de tantos por cento de certo fenômeno ocorrer) dos objetos estudados;
• os pesquisadores sociais lidam com temas com os quais podem estar psicologicamente envolvidos,
o que dificulta a objetividade nesse tipo de trabalho;
• geralmente, os fenômenos sociais envolvem tantos aspectos que se torna quase impossível defini-los
e controlá-los.
A defesa mais fácil seria mostrarmos que os problemas anteriormente mencionados também
ocorrem em diversas pesquisas das ciências naturais. No entanto, a melhor resposta para essas críticas
é a demonstração das inúmeras possibilidades de executarmos pesquisa científica com o objetivo de
estudarmos fenômenos sociais.
Exemplo de aplicação
Folheando o jornal diário, podemos listar uma série de assuntos e temas de nosso interesse.
Dentre esses assuntos, podemos selecionar alguns que poderiam ser objeto de estudo de pesquisas
socioambientais. Faça a leitura de algum jornal. Depois:
• selecione aqueles que podem ser identificados como temas de interesse da pesquisa socioambiental;
• faça um pequeno esboço das justificativas para uma pesquisa acerca do tema selecionado.
6 O projeto de pesquisa
O ciclo da pesquisa constitui-se no caminho de busca calcada no projeto que descreve detalhadamente
seus atributos (assunto, objeto de interesse, justificativas da escolha e motivações do sujeito, além das
referências e dos recursos previstos) e no relatório monográfico, produzido em seu amadurecimento
com a finalidade de expor os resultados da pesquisa em fóruns adequados.
O trabalho de pesquisa pressupõe um objeto de estudo definido. Quer dizer, se vamos pesquisar,
temos de definir de maneira bastante precisa o que pretendemos investigar e aonde queremos chegar;
esse é o papel do projeto, organizar a ação que segue pistas e persegue um ou mais alvos.
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Unidade II
Vamos estudar as formas mais adequadas para delimitar problemas, elaborar as hipóteses de trabalho
e definir as condições variáveis que afetam o tema e, portanto, a pesquisa, que deve ser prioritariamente
voltada para os interesses coletivos; em qualquer que seja a área, pois o fundamental é melhorar a vida
das pessoas, não de algumas, mas de todas as pessoas.
Esses procedimentos são fundamentais. Sem eles, saímos para pesquisar sem objetivo definido. Sem
essa clareza, pesquisamos sem rumo. Se não estabelecemos metas, perdemo-nos em um amontoado de
papéis e ideias, impossibilitados de investigar qualquer questão e sem ampliarmos o nosso conhecimento
sobre o mundo que nos cerca. Essa é a diferença entre estudar temas sem comprometimento (o que até
pode ser o início de uma grande pesquisa) e a pesquisa científica.
O projeto de pesquisa tem uma sequência padronizada que, entretanto, não deve ser absolutamente
rígida, mas aberta às transformações da realidade, às alterações das condições dadas no momento da
formulação da pesquisa. Seguem duas sugestões de formatos, um de Geraldo Inácio Filho, outro de
Antônio Carlos Gil.
Projeto de pesquisa
Título
1. Tema
2. Tipo de pesquisa
3. Justificativa
4. Objetivos
5. Fundamentação teórica
7. Cronograma
Referências bibliográficas
Muito próxima da sequência anterior, de Geraldo Inácio Filho, é a de Antônio Carlos Gil, que apresenta
o seguinte processo de pesquisa, em seu livro sobre elaboração de projetos:
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Métodos de Pesquisa
Análise e Redação do
interpretação dos relatório da
dados pesquisa
• Título: é a denominação do trabalho e uma forma de se apropriar dele; algo como um “batismo”
da relação que se estabelece; em nossa cultura, tudo o que é personalizado e deve ser mostrado,
partilhado, tem nome. Importante: é flexível e pode mudar durante a pesquisa, até mesmo
contando a história das mudanças das ideias iniciais que culminarão no relatório monográfico. A
maior regra é manter-se coerente com o produto final.
• Tema: é aquilo que nos interessou ou foi imposto como de nosso interesse; todo tema de pesquisa
deve ser apropriado, mesmo que não tenha sido de nossa escolha; é preciso que com ele se
estabeleça uma relação. Essa é fase de formulação do problema sobre o tema.
• Justificativa: escolha do tema; enfim, além do que foi escrito há pouco, mostra o grau de afinação
com as escolhas, ou seja, quanto o pesquisador tomou a atividade para si.
Lembrete
86
Métodos de Pesquisa
Observação
Saiba mais
Uma vez tratados os elementos constitutivos de um projeto de pesquisa, bem como suas características
e ordenamentos, passamos para outra fase de igual importância: a sintetização das informações, bem
como a publicação do projeto e da própria pesquisa.
7 Síntese e publicação
O movimento do ciclo da pesquisa caminhou da origem, preparação e elaboração (que estão nos
tópicos 1 e 2 da unidade I) à viabilização (tópico 3 desta unidade), e agora chega aos seus aspectos mais
práticos, os formatos e as possibilidades de desfecho ou publicação. Agora trataremos da construção
do trabalho baseando-nos nas relações acadêmicas, clássicas, entre professor-orientador e estudante-
pesquisador, bem como com os demais estudantes e entre os estudantes. Desse modo, seguimos pelas
regras sobre as partes da monografia, suas seções.
O trabalho do pesquisador projeta-se para além da própria pesquisa e envolve processos acadêmicos,
políticos, profissionais, sejam cotidianos ou eventuais. Complementa-se colocando-se para o público
interessado. É trabalho que não termina, encerram-se as pesquisas em virtude de cálculos institucionais.
A publicação ou divulgação dos resultados de pesquisa é fase essencial, do mesmo modo que se
descobriu recentemente a importância da divulgação científica, dos momentos apresentados do projeto
até agora, o relatório monográfico da pesquisa, com os resultados da pesquisa, quanto e como atingimos
os objetivos almejados. Desde pôsteres, painéis, comunicações científicas, orais e escritas, passando pelos
artigos, até as dissertações mais elaboradas com funções de relatórios, todos são modos de divulgação
do trabalho, complementando-o.
87
Unidade II
Saiba mais
Divulgação científica é uma espécie de tradução dos jargões (linguagens
características, especializadas, limitadas) para a linguagem corrente, de
modo que mais pessoas entendam os trabalhos; trata-se de democratização
dos saberes e do conhecimento. Sobre tal tratamento do assunto, listamos
obras relacionadas que podem auxiliá-lo:
BROCKMAN J.; MATSON, K. As coisas são assim. São Paulo: Cia. das Letras,
1997.
BROCKMAN J. Einstein, Gertrude Stein, Wittgenstein e Frankenstein.
São Paulo: Cia. das Letras, 1989.
CAPRA, F. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1986.
___. Sabedoria incomum. São Paulo: Cultrix, 1990.
GOULD, S. J. Os dentes da galinha. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
OLIVA, A. Epistemologia: a cientificidade em questão. Campinas: Papirus,
1990.
A divulgação da pesquisa requer também que se obedeça a alguns critérios, a exemplo da descrição,
da narrativa e da dissertação. As figuras que se seguem apresentam o que se deve efetuar em cada caso.
Pormenorizar Retratar Detalhar
Figura 21 – Narrativa
88
Métodos de Pesquisa
Exemplificar Explicar
Convencer Discutir Justificar
Figura 22 – Dissertação
O ciclo da pesquisa vai da origem da curiosidade ao projeto, passando pela dúvida, pela
pesquisa bibliográfica, que gera novas dúvidas como condição ao desenvolvimento do projeto
com suas muitas escritas e rascunhos que se tornarão o próprio relatório. Já a escolha dos
instrumentos de pesquisa é decorrente das opções metodológicas determinadas quando da
concepção do projeto.
Os instrumentos de coleta e produção de dados e informações aos quais nos referimos são os
questionários, as entrevistas, os croquis, a utilização de mapas, cartas e plantas, observações de campo,
leituras, interpretações e análises de dados estatísticos.
Leitura obrigatória
Lembrete
89
Unidade II
O aluno-pesquisador deve ter de forma clara o que pretende com seus estudos. Deve ter certeza do
que deve ser explorado, do seu tema, e bem-delineada a problematização, bem como a hipótese, uma
ou mais, se for o caso.
O que se vê, muitas vezes, é o aluno indagando ao orientador se o tema faz sentido sem que
se apresente a pergunta, a problematização. Estamos acostumados, como orientadores de trabalhos
acadêmicos, a receber alunos que nos informam sobre determinado assunto. Ora, todo e qualquer assunto
tem lá seu grau de importância, mas, dissociado de uma problematização, fica vago e sem sentido. Outro
comportamento de alguns estudantes: como a decisão pela pesquisa não é algo fácil, como vimos nas
páginas anteriores, alguns alunos tomam uma posição mais passiva no processo. Significa que, em vez
de propor um tema para discussão e análise, procuram por nossas sugestões. Pergunta clássica:
O que mais recomendamos aos alunos quando nos procuram por sugestões na escolha do tema:
É preciso, nas orientações, esclarecer os caminhos das recomendações e das sugestões das pesquisas.
O estudante tende a encontrar dificuldades mais ou menos recorrentes, como dificuldades em observar,
descrever, deter-se por longo tempo em fontes complexas, com sites de bancos de dados, a exemplo
dos portais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE ou da Fundação Sistema Estadual de
Análise de Dados – Seade.
Bem, ainda no que diz respeito à orientação de pesquisa, é preciso reafirmar continuamente que os
canais de comunicação devem sempre estar limpos, polidos e brilhantes, posto que seja a condição para
a qualificação dos trabalhos.
Na comunicação, que é o primeiro passo para os ajustes seguintes, quanto às regras, o orientador
precisa “vender” ao aluno a ideia de que o emprego das normas não vai tolhê-lo, mas lhe dar garantias
de riscos mais calculados, dados pela normalização das práticas da escrita, das referências às fontes de
pesquisa, bem como do correto manuseio do instrumental de apoio (resumos, fichamentos, resenhas,
anotações, representações gráficas etc.).
É preciso deixar bem claro para o estudante-pesquisador que o caráter histórico do conhecimento
(autoridades obrigatórias em todas as áreas do conhecimento) é de extrema importância e deve ser
preservado, o que envolve a questão fundamental da autoria dos trabalhos, dele e daqueles que deve
citar como fonte de inspiração positiva e negativa para sua argumentação. Tal assunto é tão relevante
que negligenciá-lo pode configurar plágio (cópia indiscriminada de ideias e conceitos sem o devido
reconhecimento das fontes), caracterizando-se como grave infração.
Começamos por chamar os alunos que precisam buscar respostas e soluções por meio de pesquisa
acadêmica e recomendar:
- Leiam tudo e partilhem estas informações com os colegas, dividam trabalho e conversem entre
vocês para elaborarem esquemas, antes mesmo de me perguntarem! Bom trabalho.
Esse costuma ser o essencial do diálogo que pretende convidar os jovens pesquisadores à reflexão,
que deve ser anterior às perguntas sem método. Somente a contínua consideração dos objetivos deve
satisfazer o critério de qualificação do trabalho acadêmico; a qualquer passo, devemos consultá-lo e
analisar se nos aproximamos ou nos afastamos de nossos objetivos estipulados.
Trabalhar com grupos envolve o desafio de coordenar as atividades de modo a convergirem, para
que leiam ou escutem os recados.
As recomendações para que os projetos sejam aceitos e aprovados requerem que os grupos
trabalhem em conjunto, podendo apresentar minirrelatórios de atividades individuais, com participação
91
Unidade II
mais efetiva de cada membro. O que não entenderem deverão procurar em dicionários, na rede de
computadores, em bibliotecas, e, depois disso, o que ainda não estiver claro, perguntar ao orientador,
com identificação dos pontos a serem esclarecidos; mas não se deve esquecer: o projeto é um momento
no qual pode haver dúvidas, que devem ser expressas em seu conteúdo, sendo momento importante e
substancial da pesquisa.
As normas da ABNT devem ser consultadas, principalmente, as NBRs 6023, 6028, 10520, 14724, que
estão resumidas no livro de João Bosco Medeiros, já citado, além de outros de metodologia da pesquisa.
O projeto deve ter capa, sumário, citações ao longo do texto e, ao final, referências completas.
A sequência do texto (seja artigo científico, seja um relatório qualquer, além do monográfico), com
ou sem numeração, representa um raciocínio; portanto, deve ser apresentado na introdução, que, junto
com o sumário, é fundamental à entrada do leitor no texto. Há uma sequência básica de projetos que
facilita o desenvolvimento do raciocínio da pesquisa e de seus relatos parciais que se vão corrigindo.
Diga (nesse rascunho que estará esboçando para o orientador, que se tornará o projeto) que vai explorar
os aspectos negativos e positivos sobre o tema apresentado para, em seguida, sugerir melhorias. Conclua
algo sobre sua experiência. Pronto, “acabou”... Agora, com mais detalhes.
Uma ordem lógica típica da monografia é a apresentação do tema, o assunto que estudará,
generalizando-o, seguindo as questões específicas da pesquisa (objetivo: o que quer, aonde quer chegar,
hipótese: o que acha, o que pensa sobre o tema). Isto é, o objetivo é o que quer (não tem) e a hipótese
é o que acha (já tem).
Introdução à pesquisa é uma coisa; introdução ao tema é outra. Esta, no projeto, não precisa ser
anunciada, vem logo no começo da exposição geral do tema e do anúncio dos objetivos. Anuncie o
objetivo, justifique-o, apresentando a hipótese (escreva como entender, sem preocupação excessiva com
a clareza, no momento inicial).
É altamente recomendável que não se confunda tema, assunto já recortado para a pesquisa
(construção do objeto), com temática, que é conjunto dos temas possíveis de uma área, ou seja, ainda
é geral. Deve partir para um detalhamento do seu objeto de estudo (fontes variadas e combinadas, mas
de acordo com a área e o ramo de atuação), apontando um setor, ramo, segmento, parte da realidade
que se vai estudar.
Antes de uma citação de fonte, de qualquer tipo de figura, imagem gráfica, cartográfica, fotográfica,
deve haver um anúncio dessa, devendo ficar claro o porquê de sua aparição.
Declara-se com alguma reflexão qual é o tipo de pesquisa, se sua ênfase estará no modelo
exploratório, descritivo ou explicativo, ou seja, baseando-se em teorias, materiais encontrados em
campo ou racionalistas. Pense e discuta escrevendo, e considere também a possibilidade de fazer
trabalho de campo.
92
Métodos de Pesquisa
Observação
Leitura obrigatória
Deve justificar as escolhas, o porquê do objetivo. A complexidade maior do trabalho costuma residir
na fundamentação teórica, que estabelece como os autores consultados servem à argumentação do
trabalho.
Aqui, neste momento, deve-se escrever sobre os tópicos abordados, acrescentando termos essenciais
ao desenvolvimento do tema específico do projeto. Os autores arrolados devem ser lidos e citados no
corpo do texto, pois sua ausência desqualifica a argumentação.
93
Unidade II
• Introdução.
• Capítulo 3. Crítico, implicando posicionamento diante dos anteriores, expondo aspectos positivos
e negativos de seu comportamento. Aqui começa a parte nova do trabalho, mas que já estava
implícita nas propostas.
• Capítulo 4. Abordagem dos aspectos levantados, apontando melhorias nas duas frentes.
Outra sugestão.
• Introdução.
• Capítulo 1. Revisão teórica. Aqui o estudante-pesquisador apresenta o quadro teórico que norteia
o assunto pesquisado, apresentando as referências clássicas que fundamentam o tema.
• Capítulo 3. Sintético. Cabe aqui a articulação da fundamentação teórica com a prática desenvolvida
no momento anterior. É este momento que permite ao estudante-pesquisador mostrar seu
amadurecimento com a realização da pesquisa.
Saiba mais
94
Métodos de Pesquisa
Wood Jr. ressalta o incômodo com a evolução e o uso das tecnologias de informação:
A edição de julho e agosto da revista The Atlantic traz na capa uma incômoda
questão: “Estará o Google nos tornando estúpidos?”. Nicholas Carr assina a matéria
de 4.193 palavras e muitas provocações. A perspectiva crítica não é nova. Nos
anos 1970, a IBM e seus paquidérmicos mainframes serviram de inspiração para
o temível HAL, o computador do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço, de Stanley
Kubrick. Nos anos 1990, não faltaram teorias conspiratórias contra a Microsoft
ou libelos contra os efeitos danosos do PowerPoint e do MS-Word. O alvo do
momento é a onipresente Google, por seus ambiciosos planos de “organizar o
conhecimento humano” (WOOD JR., 2008).
Algumas portas de entrada para o universo da pesquisa são, além das clássicas pesquisas bibliográficas
(propedêutica, já mencionada, cujo papel é municiar o pesquisador de rudimentos sobre o tema), a cartográfica
(aspectos básicos ligados à localização dos fenômenos estudados) e a historiográfica (as relações e razões
históricas implicadas), de onde emergem em importância seminários e debates entre estudantes, e também
as entrevistas com autoridades na área pesquisada. O primeiro grupo é ligado às origens de qualquer trabalho
acadêmico, é fundamental; enquanto as seguintes são formas privilegiadas de aprendizado coletivo, cumprem
importantes papéis na construção aprofundada do conhecimento e oferecem ótimas oportunidades de troca
e publicação de resultados de modo vivo. Falemos mais um pouco dessas possibilidades.
O pavio da pesquisa é o encantamento com a vida; contagiar e interessar os alunos por tudo o que é social
e ambiental, e assim voltado para o ser humano, logo, também às ciências básicas ou às aplicadas. É desse
modo que seminários, debates e entrevistas são ótimas vias de entrada nos temas que se quer partilhar entre
os envolvidos, não apenas na educação, mas também na socialização mais democrática possível.
7.2.1 Seminários
A preparação e a apresentação de seminários também requer método. Do contrário, para que fazê-lo?
• O mais importante, aqui, é explorar a realidade, levantar questões, problemas, situações, objetos,
relações, o que for que mereça ser estudado, provocar o debate como condição fundamental à
crítica que se opõe aos extremismos, alimentando assim a necessidade de pesquisar.
• Aprender procedimentos de escuta e participar de exposições orais com aspectos que devem ser
juntados para fazer sentido em sua totalidade.
• Organizar os dados coletados, transformando-os em informação para a audiência, normalmente,
os colegas.
• Apropriar-se criticamente de rudimentos de planejamento de uma exposição oral.
• Compreender as especificidades de uma exposição oral.
• Adequar o nível de comunicação (jargão, terminologia, gestual, trajes etc.) da exposição às
propostas do evento.
• Empregar os recursos auxiliares (audiovisuais) mais adequados ao tratamento e à comunicação
dos aspectos almejados.
Saiba mais
Os autores que seguem tratam do seminário de várias perspectivas.
Recomenda-se que sejam consultados, para uma direção mais segura por
esse instrumento de aprendizado e pesquisa.
BLIKSTEIN, I. Como falar em público: técnicas de comunicação para
apresentações. São Paulo: Ática, 2006.
CARVALHO, M. C. M. Construindo o saber – metodologia científica:
fundamentos e técnicas. Campinas: Papirus, 1995. p. 137-46.
GENTILE, P.; ANDRADE, C. Avaliação nota 10. Rev. Escola, São Paulo,
ed. 147, nov. 2001. Disponível em: <http://revistaescola.abril.uol.com.br/
edicoes/0147/aberto/mt_246163.shtml>. Acesso em: 29 abr. 2009.
JOLLES, R. L. Como conduzir seminários e workshops. Campinas: Papirus, 1995.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica.
São Paulo: Atlas, 1991. p. 35-46.
MEDEIROS, J. B. Redação científica. São Paulo: Atlas, 2009.
96
Métodos de Pesquisa
Cada período da formação escolar requer cuidados especiais, dos primeiros anos aos ciclos
universitários, dadas as características psicogenéticas (crescimento e formação da capacidade operatório-
mental) das fases infantil, juvenil e adulta; não de modo linear, mas de acordo com o repertório e o
contexto cultural dos estudantes-pesquisadores. Isso significa que é preciso conhecer os jovens alunos
antes de normalizar os processos, estabelecer os procedimentos.
É assim que o tempo necessário à preparação da atividade dá-se de acordo com a quantidade de
alunos envolvidos com o trabalho e com o ritmo de trabalho do grupo (NOVA ESCOLA, 2009).
Quanto ao espaço, ao material didático e aos equipamentos necessários, primeiro é preciso averiguar
a quantidade de pessoas que participarão do processo e, portanto, se o trabalho de pesquisa ocorrerá
individualmente ou em grupos coordenados.
Uns e outros devem ver e ouvir-se para que a comunicação seja de boa qualidade.
As exposições devem ser planejadas em suas várias dimensões, tais como a previsão de recursos
de materiais diversos (projetor, slides, vídeo, PowerPoint, quadros-sinóticos, papel para cartazes,
reprodutores de músicas, fotografias, apresentações musicais e de dança, encenações, enfim, tudo o que
permitir aproximar o tema da audiência), inclusive, por entrega antecipada de roteiro da apresentação.
97
Unidade II
A organização de um seminário e de cada umas das exposições orais que o compõem precisa dar-se
em dois grandes eixos: o da alimentação temática e o da organização da exposição, propriamente.
A alimentação temática é fundamental para que se estude, de fato, o aspecto do conhecimento que
se pretende trabalhar. Para esse estudo, é necessário ler muitos textos que apresentem as informações
necessárias para a aprendizagem dos alunos. O professor pode organizar, por exemplo, sequências de
atividades de leitura cuja finalidade seja aprender sobre o tema.
A exposição oral (assim como o resumo antecipado, se houver, e também o artigo expositivo ou
ensaio posteriores ao seminário) pressupõe articulação de informações e seleção daquelas que forem
consideradas fundamentais para o tratamento do assunto, de modo que garanta a compreensão da
audiência.
A organização da exposição oral, além disso, requer um estudo do gênero e da situação comunicativa,
ao que nos deteremos a seguir, sugerindo uma sequência de atividades para serem desenvolvidas (NOVA
ESCOLA, 2009).
Saiba mais
VERLI, L.; RATIER, R. Oralidade: a fala que se ensina. Nova Escola, ed.
215, set. 2008. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-
portuguesa/pratica-pedagogica/fala-se-ensina-423559.shtml>. Acesso
em: 1º fev. 2014.
A apresentação do relatório da monografia para uma banca examinadora é o momento que coroa
todo o esforço que foi empreendido pelo aluno e, dessa forma, deve ser mais do que valorizado: deve
ser considerado como o momento! Para tanto, também necessita de ordenamento lógico, método,
portanto. Nesse sentido, o sumário da monografia pode ser utilizado como um plano de apresentação.
Muito importante: devem-se fazer comentários que demonstrem envolvimento com o tema, não
falar do assunto como se fosse "apenas um objeto de pesquisa". A ciência mais moderna comporta
emoção, então o aluno pode falar objetivamente seguindo o plano, porém deixando claro que a pesquisa
foi motivada por interesses diversos, acima da atividade puramente formal, acadêmica.
Deve-se estudar a apresentação e não se preocupar com o que ficou de fora do trabalho. Isso se
justifica facilmente quando se conhece o caminho trilhado; normalmente, deixou-se de fora aquilo que
afastava o pesquisador dos objetivos principais.
Os slides devem ser comentados naquilo que tiverem de essencial, e nunca lidos, mas seguidos como
roteiros; pense se o que quer dizer está no trabalho.
A apresentação deve ser iniciada com a exposição do tema e suas motivações, ou seja, a justificativa
de escolha, para depois apresentar os objetivos, a problematização, bem como a hipótese. Segue-se
com uma breve descrição da teoria de base que fundamentou o estudo, bem como a elucidação do
método, ou dos métodos, empregados. Feito isso, o expositor deve avançar para pequenas pinceladas do
existente em cada capítulo, explicando como foi construído, por qual motivo e o que mais importante
dele se destaca. Passa à explanação do próximo, da mesma forma, e assim por diante, até chegar às
considerações finais. Nesta, o expositor elenca as principais contribuições a que chegou, bem como o
alcance da pesquisa. Como sempre, há mais a saber; deve-se, por fim, deixar uma lacuna em aberto, que
servirá de motivação para a continuidade da pesquisa, por outro pesquisador ou pelo mesmo, no futuro.
O trabalho final (de curso ou disciplina), a monografia, não nasce do nada, é construída aos poucos, e
é desejável que assim o seja, posto que expõe o trabalho exploratório do aluno-pesquisador, oferecendo
as condições de avaliação ao orientador e aos demais envolvidos nas atividades.
99
Unidade II
Falemos da monografia e de suas partes integrantes. Uma monografia é um “item não seriado, isto
é, é um item completo, constituído de uma só parte, ou que se pretende completar em um número
preestabelecido de partes separadas.” (ABNT, 2002b). Nessa definição se encaixam dissertações, livros e
teses, por exemplo.
Como trabalho final de curso, daqueles que a exigem, é um trabalho acadêmico, definido como:
Leitura obrigatória
100
Métodos de Pesquisa
Divisão Elementos
Capa (obrigatório)
Lombada (opcional)
Folha de rosto (obrigatório)
Errata (opcional)
Folha de aprovação (obrigatório)
Dedicatória(s) (opcional)
Agradecimento(s) (opcional)
Epígrafe(s) (opcional)
Elementos pré-textuais
Resumo na língua vernácula (obrigatório)
Resumo em língua estrangeira (obrigatório)
Lista de ilustrações (opcional)
Lista de tabelas (opcional)
Lista de abreviaturas e siglas (opcional)
Lista de símbolos (opcional)
Sumário (obrigatório)
Introdução (obrigatório)
Elementos textuais Desenvolvimento (obrigatório)
Conclusão (obrigatório)
Referências (obrigatório)
Glossário (opcional)
Elementos pós-textuais Apêndice(s) (opcional)
Anexo(s) (opcional)
Índice(s) (opcional)
• Capa
101
Unidade II
Na ocasião da entrega definitiva da monografia, será necessário confeccionar uma versão em capa
dura. A capa dura, que deverá ter a cor do curso de que o aluno esteja participando, terá os mesmos
dizeres que a capa em papel A4 anteriormente descrita. Na lombada ou dorso deverão constar os
seguintes itens:
• Folha de rosto
a) nome do autor;
b) título, subtítulo (se houver);
c) texto a 8 cm da margem esquerda identificando a natureza do trabalho, curso e finalidade,
conforme segue:
d) orientador;
e) cidade em que se situa a universidade e curso;
f) ano da entrega.
• Folha de aprovação
Deve conter:
a) autor;
102
Métodos de Pesquisa
b) título/subtítulo;
c) finalidade do trabalho;
d) nome do curso, instituto e universidade;
e) local e data;
f) nome e espaço para assinatura (até três) de professores examinadores.
• Dedicatória
Texto conciso, situado na metade inferior da página, após 24 linhas em branco com espaço 1,5,
alinhado à direita, indicando a quem é ofertado o trabalho. Não pode ultrapassar a metade vertical
direita da página.
• Agradecimentos
O texto se inicia na primeira linha da página, sem recuo na primeira linha e com parágrafo alinhado
no modo “justificado”. Fonte tamanho 12, em negrito. Não é necessário incluir a palavra “agradecimentos”
no alto da página.
• Epígrafe
É uma frase que faz alguma alusão ao tema tratado. Situa-se na metade inferior da página, após 24
linhas em branco com espaço 1,5, alinhado à direita, em itálico. Não pode ultrapassar a metade vertical
direita da página. Não é necessário incluir a palavra “epígrafe” no alto da página.
Em um único parágrafo (sem divisões do texto), sem recuo e com parágrafo “justificado”. No alto
da página, centralizado, localiza-se o título “Resumo”, separado do texto por um espaço 1,5 (uma linha
em branco). Não deve ultrapassar uma página, e recomenda-se que contenha cerca de 500 palavras. O
espaçamento é simples, entre linhas.
103
Unidade II
Em um único parágrafo (sem divisões do texto), sem recuo, com parágrafo “justificado”, em itálico.
No alto da página, centralizado, localiza-se o título Abstract (caso seja redigido em inglês), separado do
texto por um espaço 1,5 (uma linha em branco). Não deve ultrapassar uma página, e recomenda-se que
contenha cerca de 500 palavras. Espaçamento simples entre linhas.
• Lista de ilustrações
Ilustrações são formas de apresentar informações que abrangem gráficos, quadros, desenhos,
esquemas, fotografias, mapas e outros. Caso seja necessário, pode ser elaborada uma lista separada de
um desses elementos (quando houver dez ou mais itens).
A lista deve apresentar o número da ilustração e seu título, além da página em que esta se encontra
no trabalho.
• Lista de tabelas
As tabelas podem seguir as orientações das Normas de Apresentação Tabular do IBGE (1993, p. 9),
nas quais se lê que nas tabelas “o dado numérico se destaca como informação central”. Caso haja muita
informação de caráter discursivo, é mais apropriado elaborar um “quadro”.
A lista deve apresentar o número da tabela, seu título e a página em que esta se encontra no trabalho.
Essa lista só deverá ser incluída no trabalho se contiver dez ou mais itens. O título da lista aparece
centralizado no topo da página, separado do primeiro item por uma linha em branco. Os itens da lista
serão inseridos em espaçamento simples, sem negrito nem itálico. Caso o significado do item ultrapasse
a linha inicial, a linha de baixo inicia-se com recuo de 2 cm.
• Sumário
Com a mesma apresentação gráfica e na mesma ordem em que aparecem no texto, todos os elementos
da monografia (capítulos, subcapítulos etc.), devidamente numerados. Os elementos pré-textuais não são
incluídos.
• Introdução
Reiterando a importância da introdução, sua leitura traz uma primeira familiarização com o trabalho,
com extensão de duas a cinco páginas. Segundo Bêrni (2002, p. 71), deve conter:
104
Métodos de Pesquisa
Espera-se que apresente entre duas e cinco páginas. É elaborada a partir de vários elementos
do projeto de pesquisa, que supõe a monografia, e é normal que sofra alterações até o término do
relatório final.
• Desenvolvimento
É o corpo do trabalho propriamente dito, com seus componentes essenciais divididos em capítulos
e subcapítulos. Nenhuma de suas divisões deve aparecer “solta”, estanque, ou seja, desconectada das
demais partes do trabalho. Há um encadeamento lógico (previamente apresentado no projeto de
pesquisa) que deve ser respeitado. Também é importante destacar que os tópicos de mesma natureza
devem ser agrupados num mesmo capítulo ou subcapítulo sempre que possível, de modo que evite a
multiplicação de divisões desnecessárias.
Como recurso didático, podemos dividir as pesquisas usualmente realizadas em grupos, de modo que
facilite sua divisão em seções ou capítulos.
a) Introdução.
105
Unidade II
e) Conclusão.
a) Introdução.
b) Capítulos: recomenda-se que no projeto sejam criados, a princípio, três capítulos, que caminham
de conteúdos mais abstratos ou gerais no primeiro capítulo em direção a conteúdos mais concretos
ou particulares nos capítulos seguintes.
c) Conclusão.
O estudo teórico pode envolver, por exemplo, a discussão de pressupostos e suas consequências,
inclusive, no que se refere aos pressupostos comportamentais da ciência que se estuda. É possível que
comparem teorias e modelos de diferentes autores e escolas, ou mesmo diferentes interpretações a
respeito do assunto.
O estudo histórico “combina elementos dos trabalhos teóricos e empíricos” (BÊRNI, 2002,
p. 30). No caso das ciências econômicas, ou mesmo das gerenciais, quando a vida econômica
passada é investigada, isto é, a partir de referenciais teóricos, aproximam-se as duas dimensões.
Ao mesmo tempo, o historiador deve saber identificar e diferenciar as forças econômicas
ou gerenciais em ação das forças históricas e políticas, mesmo que posteriormente passe a
estabelecer relações entre elas. Pode se valer de fontes primárias, como balanços e documentos
empresariais, e de fontes secundárias, como “a própria historiografia elaborada pelo historiador
geral” (ibidem, p. 31).
Em relação aos estudos de natureza empírica, estes podem ser quantitativos ou qualitativos. No
primeiro caso, toma-se um modelo já existente, cujas variáveis influenciarão o tratamento de dados por
meio de técnicas, como análise de regressão, para identificar correlações e causações. Podem analisar
a evolução de variáveis ao longo do tempo, no que se denomina série temporal, ou num momento
específico, a chamada série transversal. Já o estudo qualitativo:
106
Métodos de Pesquisa
O projeto pode ser retomado no relatório, não mais como proposta de trabalho, mas como relato da
realização desse trabalho. O relatório é a primeira divulgação da pesquisa efetuada, pois, sem divulgação
dos resultados, a pesquisa não servirá a seu fim.
A NBR 10719 2011, para apresentação de relatórios técnicos e/ou científicos, trata exclusivamente
de aspectos técnicos de apresentação; embora a norma não se dirija a outros tipos de relatório
(administrativos, de atividades etc.), quando possível, pode a estes ser aplicada. De certa forma,
apresentações de resultados são relatos de processos de levantamento, diagnósticos, enfim, resultados,
em geral (ABNT NBR 10719, 2011).
Um relatório técnico e/ou científico, segundo a mesma norma, é documento que descreve
formalmente o progresso ou resultado de pesquisa científica e/ou técnica.
O relatório pode receber classificação que varia de livre a restrito (confidencial), conforme o grau de
sigilo desejado e os interesses envolvidos. Órgãos privados e públicos devem classificar adequadamente
seus documentos, “de acordo com as prescrições do regulamento para salvaguardar de assuntos
sigilosos” (NBR 10719, 2011).
b) texto;
A figura a seguir dá a visão geral de disposição e sequência dos elementos que integram as três
partes citadas.
107
Unidade II
Para detalhes e demais especificações pré-textuais, textuais e pós-textuais, a norma deve ser
consultada.
1. Formular a pergunta.
2. Realizar a pesquisa.
3. Interpretar os resultados.
4. Divulgar os resultados.
A ABNT NBR 14724 2011 para estrutura do texto é das normas mais utilizadas, por disciplinar a
produção de trabalhos que coroam ciclos acadêmicos, como graduação, pós-graduação (extensão,
aprimoramento, mestrado, doutorado), cursos livres (com certificado) e de formação profissional
(especializada). Essa terceira edição cancela e substitui a edição anterior (ABNT NBR 14724 2005), a
qual foi tecnicamente revisada.
No escopo dessa norma, consta que ela especifica os princípios gerais para a elaboração de trabalhos
acadêmicos (teses, dissertações e outros), visando à sua apresentação à instituição (banca, comissão
examinadora de professores, especialistas designados e/ou outros). Deve-se seguir a NBR 12225 2004
no caso de publicação no formato “capa dura”; já a NBR 6021 2003 serve para a “apresentação de
publicações periódicas”, enquanto a NBR 6029 2006, para “apresentação de livros e folhetos”, oferece
aos editores regras para a apresentação dos títulos ou outra identificação nas lombadas.
108
Métodos de Pesquisa
A NBR 12225 2004 define lombada como “parte da capa da publicação que reúne margens internas
ou dobras das folhas, sejam elas costuradas, grampeadas, coladas ou mantidas juntas de outra maneira”,
e o título de lombada é aquele que consta da folha de rosto da publicação, “abreviado ou não, a critério
do editor”; bem como sua disposição horizontal e descendente. Então, é preciso consultar a norma.
Segue o esquema da ABNT NBR 14724 2011, para facilitar a leitura do texto.
A norma estabelece as regras gerais para a apresentação de trabalhos acadêmicos e deve ser
consultada quanto às especificações de formato (papel, margens e fonte), espaçamento (1,5 cm), notas
de rodapé, indicativos de seção, títulos sem indicativo numérico, elementos sem título e sem indicativo
numérico e paginação. Páginas pré-textuais devem ser contadas, mas não numeradas; os trabalhos
digitados somente no anverso devem somente nessa área do papel ser paginados, a partir da primeira
folha da parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, enquanto a digitação
em anverso e verso requer numeração das páginas “colocadas no anverso da folha, no canto superior
direito; e no verso, no canto superior esquerdo” (ABNT, 2011, p. 11); em ambos os casos, a paginação é
ininterrupta, em mais de um volume, com apêndices e anexos.
Cabe, ainda, consultar numeração progressiva, citações (ABNT NBR 10520/2002), siglas – na primeira
vez em que a sigla aparece, “deve ser indicada entre parênteses, precedida do nome completo” (ABNT,
2011) –, equações e fórmulas, ilustrações (designa-se o tipo seguido da identificação na parte superior,
depois sua sequência textual em algarismos arábicos, travessão e respectivo título, ultimada na parte
inferior por fonte própria ou de terceiros, legenda, notas e outras informações necessárias à sua
compreensão, se houver).
109
Unidade II
A ilustração deve ser citada no texto e inserida o mais próximo possível do trecho a que se refere.
Tabelas devem estar próximas do trecho do texto que enriquecem.
Não basta que as obras consultadas para a realização da pesquisa, das quais o pesquisador retira
informações e depois as utiliza ou incorpora em seu trabalho, apareçam nas referências ao final do
relatório (parte pós-textual). É obrigatório que essas sejam citadas ao longo do texto construído pelo
pesquisador, nos capítulos e subcapítulos, nos momentos em que ele delas se utiliza. A ideia (ou o texto)
de outrem deve obviamente ser atribuída a quem de direito, mesmo que o pesquisador informe essa
ideia com suas próprias palavras.
Exemplos:
É oportuno lembrar a afirmação de Hayek (1990, p. 34) acerca da trajetória dos países rumo ao
socialismo até então:
• “É porque todos o desejam, que estamos marchando nesta direção” (HAYEK, 1990, p. 34).
As aspas devem vir logo após o ponto final, como no exemplo anterior.
• Citação direta: é a transcrição literal do texto consultado (cópia). A redação original deve ser
inteiramente respeitada, com indicações de interrupções ou cortes no texto original. A seguir,
vemos um exemplo de citação direta com mais de 3 linhas, que deve, neste caso, aparecer
alinhada a 4 cm da margem esquerda, com fonte tamanho 10, sem aspas, sem recuo na primeira
linha e com espaçamento simples entre linhas:
110
Métodos de Pesquisa
Quando a citação direta apresentar até 3 linhas, o alinhamento anterior da margem esquerda não
será necessário (poderá aparecer como parte do próprio parágrafo que se escrever), mas deverá estar
entre aspas duplas, com os mesmos tipo e tamanho de fonte. Exemplo:
No exemplo anterior, nota-se a presença de reticências logo no início da citação, para indicar que
houve a supressão (eliminação) do início do enunciado original. Tal indicação é obrigatória. Caso seja
suprimido um trecho do meio da frase apresentada, as reticências devem aparecer entre parênteses.
Caso o pesquisador queira destacar (com negrito, por exemplo) um termo ou trecho da citação que
não aparece em destaque no original, isso deve ser informado entre parênteses, junto à citação:
Se o destaque já existir no original, a expressão utilizada junto à citação (no mesmo local do exemplo
anterior) será “grifo do autor”. Caso o trecho citado seja uma tradução de texto em outra língua, deve
ser utilizada a expressão “tradução nossa”.
• Citação indireta: não é cópia literal, mas a transmissão da ideia ou do conceito do autor consultado
por meio de redação própria. O texto da monografia é baseado em conteúdo elaborado por outro
autor, sendo obrigatório citá-lo. O número de página é opcional, neste caso.
Exemplo:
É fundamental salientar que o descumprimento das regras para citações diretas ou indiretas
expostas, mesmo por inépcia, pode levar o aluno a cometer plágio, o que implicará a sua reprovação
111
Unidade II
na disciplina. Plagiar é o ato de mostrar como de autoria própria a obra de outra pessoa, seja essa
obra uma ideia (mesmo dita de outra forma, mas sem a devida citação) ou o texto original na
íntegra, sem a devida citação.
Existem pelo menos três formas diferentes de mencionarmos um autor, ou, mais precisamente, seu
discurso em um texto:
• Citação literal: reprodução ipsis verbis do texto, com as mesmas palavras que ele utilizou no texto
original, com os devidos créditos ao autor.
É interessante fazer um comentário após uma citação literal. Isso demonstra que se está atento à
relação das palavras do autor com o seu texto.
• Paráfrase: é também a reprodução das ideias contidas em um texto, porém em palavras diferentes
das utilizadas pelo autor.
Esse tipo de citação já demonstra mais independência da parte do autor, mas é preciso ser cauteloso.
A falta de atenção pode mudar o sentido das palavras que se está citando. Importante: ao não aplicarmos
as regras de citações e fontes, incorremos em plágio, que é a cópia indiscriminada das ideias ou do texto
de outrem sem indicação das fontes (autoria), constituindo-se como crime. É preciso discutir muito
essa questão autoral sob vários pontos de vista, principalmente, quanto às possibilidades criativas,
respeitando a propriedade intelectual.
• citações longas: aquelas que ocupam mais de três linhas completas no texto. Devem ser destacadas
no texto, em parágrafo recuado e independente (o uso de aspas é opcional), não sendo necessário
espaçamento datilográfico entre linhas;
Não se deve fazer do trabalho uma colcha de retalhos com as citações; estas devem ser empregadas
com o propósito de juntar ao texto argumentos que componham o debate principal sobre o assunto
tratado, seus lados, posicionando-se diante deles.
Citações (com indicação de fontes) são fundamentais e remetem a questões filosóficas de construção
histórica do conhecimento, pois somos totalmente dependentes daqueles que nos antecederam na
pesquisa sobre os mais variados temas (cada área tem suas grandes autoridades em pesquisa), além
da extrema importância do tema da autoria. Remetem também aos modos de referenciar as fontes de
pesquisa. É o papel da NBR 6023 2002 – Referências.
112
Métodos de Pesquisa
A NBR 6023 2002 (ABNT, 2002b) traz uma grande variedade de informações, correspondendo à
diversidade de documentos que servem de fonte às pesquisas, bem como extenso índice remissivo, pois
é, na prática, assim como a ABNT NBR 14724 2011, a norma mais usada pelos estudantes, devendo estar
sempre à mão para consulta por todos.
As regras gerais, além dos detalhes de sua elaboração, devem ser conferidas na norma. O recurso
tipográfico (negrito, itálico ou grifo) empregado para “destacar o elemento título da publicação deve
ser uniforme em todas as referências de um mesmo documento”. Para as abreviaturas, é preciso seguir
a NBR 10522.
Normalmente as referências para citação no texto são dispostas em ordem alfabética (sistema autor/
data), mas esta pode ser também cronológica e sistemática (por assunto), alfabética e numérica (ordem
de citação no texto).
A transcrição dos elementos é atividade muito delicada e envolve autoria (pessoa ou conjunto de
pessoas físicas responsáveis pela criação do conteúdo intelectual ou artístico de um documento) como
questão ética e legal, com vários envolvidos, Estado, cidadãos em geral, inclusive, a responsabilidade
social dos empresários editores.
A disposição dos elementos das referências varia de acordo com as características e o tipo
de documento citado, como fonte a ser referenciada no final do trabalho. Assim, há uma imensa
diversidade de combinações de elementos quanto à sua consideração, posição, quantidade de
termos, que apenas a frequência do uso pode gerar familiaridade: dados como um autor; dois ou
três autores; mais de três autores; tipos de responsabilidade intelectual de autor; título e subtítulo;
edição; emendas e acréscimos; local da publicação; editora; data da publicação; descrição física;
documento em um único volume; documento em mais de um volume; partes de publicações;
séries e coleções.
São os modelos de referências que pela variedade requerem maior atenção, pois, como se disse, os
dados mudam e, portanto, a necessidade de apô-los, também.
Seguem alguns exemplos, das mais comuns e das mais raras fontes de pesquisa monográficas (livro;
dissertação ou tese; dicionário; folheto; manual):
113
Unidade II
• periódicos (artigo e/ou matéria de periódico, artigo de periódico, artigo de periódico com data
original, artigo de jornal, artigo em vias de publicação, isto é, no prelo, resenha, entrevista/
depoimento, editorial publicado em revista);
• documento de evento (evento como um todo, anais no todo, resumo publicado, trabalho
publicado em anais, resumos e outras publicações de eventos, resumo de trabalho publicado,
trabalho publicado em anais de congresso);
• fitas de vídeo/DVD;
• documento legislativo;
Já comentamos que a conclusão está para a explicação assim como a interpretação está
para as considerações finais, isto é, as primeiras têm assento absoluto sobre a declaração, são
como produto matemático, enquanto as segundas admitem que sempre haverá algo mais, que
a realidade é mais complexa do que conseguiremos abarcar. Portanto, um modo de se precaver
contra a onipotência positivista de estabelecer verdades ou únicas consequências, normalmente
em linguagem probabilística, é que o pesquisador assuma sua parcialidade e o alcance limitado de
suas análises, isto é, anunciando que as certezas são relativas, portanto as explicações e conclusões
também o são.
A leitura da "conclusão" e das considerações finais traz a exposição dos resultados do trabalho, com
extensão de duas a cinco páginas, em geral. Segundo Bêrni (ibidem, p. 73), deve conter:
114
Métodos de Pesquisa
Os elementos pós-textuais são fontes de informação que vêm logo após a seção "conclusão"
ou "considerações finais" da monografia, como a listagem padronizada de fontes bibliográficas (as
"referências bibliográficas") ou um conjunto extenso de dados que não podiam ser inseridos no texto
sem prejudicar a leitura e a fluência deste, tais como o "apêndice" e os "anexos". Tais elementos são os
pós-textuais, listados a seguir.
• As referências. O objetivo de qualquer referência, bibliográfica ou não, como informa a NBR 6023
da ABNT (ABNT, 2002), é a “transcrição e apresentação da informação, originada do documento e/
ou outras fontes de informação”.
Como visto anteriormente, o método de citações denominado autor/data deve ser utilizado nas
monografias em Ciências Econômicas. As referências bibliográficas permitirão a rápida localização das
obras citadas por esse sistema.
a) autor;
b) título;
c) número da edição;
115
Unidade II
d) local de publicação;
e) editora;
f) data.
Incorporando tais elementos e com outras variantes, vemos a seguir as principais formas de referência
contempladas pela ABNT, com exemplos respectivos.
• Monografias no todo:
— um só autor.
Um exemplo:
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996.
Como vemos no exemplo fornecido, o título principal (e não o subtítulo, se houver) aparece em
negrito; o espaçamento entre linhas é simples, e o alinhamento é justificado. Basta o nome da editora,
sem a palavra “editora”. Mais adiante neste manual, serão apresentadas todas as regras relativas à
apresentação gráfica.
116
Métodos de Pesquisa
— Dois autores.
Um exemplo:
BUSSAB, Wilton Oliveira; MORETTIN, Pedro A. Estatística básica. 4. ed. São Paulo: Atual,
1987.
Um exemplo:
BAILY, Peter et al. Compras: princípios e administração. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
Exemplos:
ABREU, Marcelo de Paiva (Org.). Ordem do progresso: cem anos de política econômica
republicana: 1889-1989. 12. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
Exemplo:
117
Unidade II
Exemplo:
Exemplo:
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002b.
Inserir a obra pela primeira palavra de seu título, excluindo-se os artigos. Nada aparecerá em negrito.
O OLHAR e o ficar: a busca do paraíso: 170 anos de imigração dos povos de língua
alemã. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1994.
Exemplo:
Inserir a obra que não foi consultada com a expressão apud ao final e, logo após, a obra que foi
consultada. A obra consultada também aparecerá isolada nas referências, em ordem alfabética.
118
Métodos de Pesquisa
Exemplo:
SOUZA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento econômico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
Utilizar a expressão In: em itálico, do modo apresentado no exemplo a seguir. Note que o título do
capítulo (a parte da monografia citada) não é grafado em negrito nem em itálico.
Exemplo:
CORTES, Soraya M. Vargas. Como fazer análise qualitativa de dados. In: BÊRNI, Duilio de
Ávila (Coord.). Técnicas de pesquisa em economia. São Paulo: Saraiva, 2002.
Utilizar a expressão In:, em itálico, do modo apresentado no exemplo a seguir. Note que o título do
capítulo (a parte da monografia citada) não é grafado em negrito nem em itálico.
Exemplo:
CORTES, Soraya M. Vargas. Como fazer análise qualitativa de dados. In: BÊRNI, Duilio de
Ávila (Coord.). Técnicas de pesquisa em economia. São Paulo: Saraiva, 2002.
• Documentos eletrônicos:
— CD-ROM.
Exemplo:
HENRIQUES, Mendo Castro. Filosofia política em Eric Voegel. In: Dos Megalitos à Era
Espacial. Produzido por É Realizações. 3 DVD (317 min), color.
119
Unidade II
— Internet.
Exemplo:
— Verbete de dicionário.
Exemplo:
CIÊNCIA. In: LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. 1. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1993.
— Dissertação.
Exemplo:
— Tese.
Exemplo:
CASTRO, Antonio Barros de. Escravos e senhores nos engenhos do Brasil: um estudo
sobre os trabalhos do açúcar e a política econômica dos senhores. 1976. Tese (Doutorado
em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, 1976.
• Periódicos:
Exemplo:
120
Métodos de Pesquisa
— Artigo de jornal.
Exemplo:
LEONI, Ricardo. Novos métodos de gestão para garantir resultados. O Globo, Rio de
Janeiro, 6 ago. 2000. Boa Chance, p. 3.
— Evento.
Exemplo:
• Datação:
É necessário ainda lembrar modelos de apresentação quando as datas das referências consultadas
não forem claras (ABNT, 2002b, p. 17):
• Apêndice:
Os apêndices são compostos de material elaborado pelo autor da monografia, trazem conteúdo
adicional e complementar à discussão desenvolvida nos capítulos. Seu título deve constar no sumário
da monografia e no topo de sua página inicial.
• Anexos:
Os anexos compõem-se de materiais elaborados por terceiros (outros autores), reunindo informações
adicionais úteis à monografia que, se apresentadas em meio aos capítulos, dificultariam a leitura destes,
em razão do tamanho ou da natureza das informações apresentadas.
As normatizações apresentadas baseiam-se nas normas ABNT (2002a, 2002b, 2003a, 2003b, 2003c,
2003d, 2009, 2011a, 2011b).
• Fonte:
A fonte (tipo de letra) utilizada deve ser Times New Roman, tamanho 12 cpi para todo o texto, com
exceção das notas de rodapé, das fontes bibliográficas de ilustrações e tabelas e das citações com mais
de três linhas, que devem estar em Times New Roman, tamanho 10 cpi.
• Margens e espaçamentos:
a) as margens superior e esquerda devem ser de 3,0 cm. As margens direita e inferior devem ser de
2,0 cm;
b) a primeira linha de cada parágrafo deve apresentar recuo equivalente a uma entrada de alínea
(tabulador ou tecla TAB);
d) os títulos sem indicação numérica devem aparecer centralizados, e os títulos numerados devem
ser alinhados à esquerda;
e) o espaçamento entre linhas deve ser de 1,5, exceto para citações diretas com mais de três linhas,
resumo, abstract e referências bibliográficas; na opção “Formatar Parágrafo/Espaçamento” digitar
0 pontos antes e 6 pontos depois;
f) nas referências bibliográficas, ao final do trabalho, as obras devem estar separadas entre si por um
espaço simples em branco;
g) entre títulos de capítulos e texto, deve constar um espaço de 1,5 entre linhas;
122
Métodos de Pesquisa
h) entre títulos de subcapítulos e texto (que o antecede ou sucede), devem constar dois espaços de
1,5 entre linhas;
O trabalho deve ser apresentado em papel no formato A4 (21 cm x 29,7 cm), na cor branca. Apenas
a última versão deve ser entregue em capa dura. Na entrega relativa ao primeiro bimestre da disciplina
TC – Relatório de Monografia, a encadernação pode ser em espiral, com capa frontal transparente.
A contagem das páginas tem início na folha de rosto, mas os números só aparecem a partir da
primeira página da parte textual do trabalho. Os números devem aparecer no canto superior direito
da página, a 2,0 cm da margem direita e a 2,0 cm da margem superior (basta clicar duas vezes sobre o
número e arrastar com o mouse a “caixa” em que ele se encontra até a posição correta, se necessário).
Segundo a ABNT (2003a), para o Capítulo 1, temos seção secundária 1.1, terciária 1.1.1, quaternária
1.1.1.1 e quinária 1.1.1.1.1.
Os títulos de cada capítulo e subcapítulo estão separados pelo espaço de um caractere do número,
e não é necessário escrever a palavra “Capítulo” antes do respectivo número.
Como vemos no exemplo a seguir, devemos alternar o uso do negrito para os títulos, que devem
alinhar-se sempre à esquerda (são numerados) e aparecer ao longo do texto no mesmo formato (e
alinhamento à esquerda) que no sumário. O itálico é utilizado apenas em seções quinárias.
Exemplo:
1 NANANANANA
1.1 ANANANANA
1.1.1 Anananana
1.1.1.1 Anananana
1.1.1.1.1 Ananananana
Todas as referências que foram utilizadas, seja na construção do texto monográfico, seja de
qualquer outro instrumento de comunicação impressa, notadamente aqueles que seguem a ordem
123
Unidade II
acadêmica, a exemplo daqueles que estamos mostrando neste livro, devem ter sua identificação
anotada de forma correta. Para tanto, o uso de algumas expressões também auxilia o pesquisador
quando da escrita. São elas:
• Idem: do mesmo autor, mas de obras diferentes. Note no exemplo a seguir que o ano diferente
entre parênteses indica outra obra, mas do mesmo autor.
Exemplo:
• Ibid: na mesma obra (e, obviamente, do mesmo autor), sendo uma citação que aparece logo
após uma outra da mesma obra e sem que apareça citação de autor diferente entre as duas. É
desnecessário, obviamente, colocar o ano.
Exemplo:
• op. cit.: na mesma obra (e, obviamente, do mesmo autor), sendo uma citação que aparece quando
há citação de autor diferente entre as duas. É desnecessário, obviamente, colocar o ano,
apenas o sobrenome do autor novamente.
Exemplo:
Exemplo:
124
Métodos de Pesquisa
Expressão Significado
apud Citado por
circa Aproximadamente
cf. Confronte com
e.g. Por exemplo
ex. Exemplo
et al. E outros
et seq. O que se segue
i.e. Isto é
idem Do mesmo autor
ibid Na mesma obra
in Em
N.B. Atenção a esta nota
loc. cit. (loco citato) No lugar citado
op. cit. (opus citatum) Na obra citada
passim Aqui e ali, em diversos locais
p.s. Escrito após
sic Do mesmo modo que estava escrito
s.l. Sem local. Quando não houver o local de publicação.
s.n. Sem nome. Quando não houver o nome do autor.
x2 + y2 = z2 (1)
Notas de rodapé têm funções específicas. Como o sistema autor/data é utilizado para as citações,
as notas de rodapé, inseridas automaticamente pelo programa Word na função “Inserir Nota” do menu,
servirão exclusivamente para explicações adicionais referentes ao texto principal, ou para trazer qualquer
outra informação que sirva como orientação ao leitor. A fonte das notas deverá ser Times New Roman,
tamanho 10.
As palavras estrangeiras devem aparecer em itálico. Exemplos: coeteris paribus, software etc.
O texto deve ser conciso, informativo, com maior ou menor detalhamento. A preocupação com
a forma não deve exceder aquela com a consistência das reflexões e dos instrumentos e a coerência
dos resultados entre objetivos e realidade. Deve apresentar os fundamentos teóricos da pesquisa,
125
Unidade II
que auxiliaram a levantar hipóteses e a estabelecer seus objetivos. Também deve esclarecer conceitos
importantes; apresentar, posicionar-se, debater a respeito de diferentes visões; mostrar o conhecimento
sobre o que é dito sobre o assunto, discutindo questões polêmicas ou problematizando algumas delas.
Explicite sempre seu posicionamento nessas discussões.
O resumo é um instrumento de grande ajuda em todas as fases do trabalho acadêmico, pois permite
que transportemos extratos lógicos de documentos com vistas a escolhas seletivas, em vez de tê-los
todos conosco.
O resumo, segundo Medeiros (2009, p. 179), é a paráfrase por excelência. Modalidade fundamental
para quaisquer construções partindo de outras.
Medeiros (2009) apresenta as definições de texto (trama de significados coerentes que põe em interação
falante e ouvinte, autor e leitor), de contexto (situação de produção do texto), de intertextualidade
(referências que textos fazem a outros) (p.132-5). O autor afirma que “os elementos estruturais do texto
são: saber partilhado, informação nova, as provas, a conclusão” (MEDEIROS, 2009, p. 132-5).
Koch (2008) anuncia a visão libertária sobre o universo textual, que é mote de sua reflexão:
Tal visão implica papéis ativos tanto na leitura quanto na escrita, sem previsão segura sobre o que
se vai compreender naquilo que se vai publicar, já que não há possibilidades de entendimento pleno,
absoluto, na leitura; ou seja, não é uma relação simétrica entre autor e leitor, e, sim, interação autor-
texto-leitor (KOCH, 2008, p. 12-3), que supõe certa fluidez nos papéis de produção de sentido, não mais
tomando o autor como detentor onipotente da verdade em seu texto; esta é viva e dependente do meio
e dos demais envolvidos.
Com base nas prescrições da NBR 6028 2003 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, Medeiros
(2009) e Aquino (2010) tecem comentários e recomendações sobre a elaboração de resumos.
Os gêneros textuais aqui apresentados (resumo, fichamento e resenha) são básicos para a pesquisa,
porque são componentes estruturais dos demais gêneros de escrita técnica (dissertações de mestrado e
doutorado, artigos, ensaios, papers, dentre outros). Nessa linha, Medeiros (2009, p. 137) afirma: “resumo
é uma apresentação sintética e seletiva das ideias de um texto, ressaltando a progressão e a articulação
delas. Nele devem aparecer as principais ideias do autor do texto”.
126
Métodos de Pesquisa
Junto aos textos formais e explícitos (resumo, fichamento, resenha, presentes no arcabouço de
trabalhos de mestrado e doutorado, artigos científicos, ensaios), há os pôsteres, banners, slides, que são
publicações, pois tornam públicos resultados de pesquisas para o diálogo acadêmico. Nessa mesma linha,
há aquelas cujo texto está no fundo, como condição técnica, como apresentações orais, encenações,
dramatizações, happening, performances e filmagens.
No que diz respeito ao conteúdo, para Medeiros, o resumo deve apresentar: “o assunto do texto, o
objetivo do texto, a articulação das ideias, as conclusões do autor do texto objeto do resumo” (2009,
p. 137). Nele não se apresentam juízos de valor, e o texto deve se bastar, sendo “compreensível por si
mesmo” (MEDEIROS, 2009, p. 137). Já do ponto de vista de sua forma, o resumo deve “ser redigido em
linguagem objetiva, evitar a repetição de frases inteiras do original, respeitar a ordem em que as ideias
ou fatos são apresentados” (MEDEIROS, 2009, p. 137).
Por fim, o autor citado apõe procedimentos caros ao resumo: primeiro, descobrir o plano da obra
a ser resumida; o resumo deve responder a duas perguntas (uma, sobre as intenções do autor, qual
é o tema do texto); em seguida, captar as ideias principais do texto e sua articulação, identificando
as diferentes partes da obra (encadeamento), chegando, assim, ao apontamento das palavras-chave
(2009, p. 138).
Saiba mais
127
Unidade II
Além do que já foi estabelecido acerca da introdução na seção de orientação à pesquisa sobre essa
etapa crucial do trabalho, fica patente que é o momento de esclarecer qual é a pergunta que se está
fazendo sobre o tema e por que vale a pena encaminhá-la. Exponha sua concepção sobre o que está
sendo pesquisado, o seu objeto de pesquisa.
Expor as razões que levaram o pesquisador a realizar a investigação, situando o trabalho no meio
acadêmico (dentre outros meios, se a proposta permitir), ou seja, junto aos demais trabalhos de outros
autores, no mesmo campo de pesquisa.
Ao estabelecer, brevemente, o estado atual em que se encontra o problema a ser investigado, mostrando
a importância da pesquisa, a introdução demarca o problema a ser estudado e o situa no setor especializado.
Deve-se convencer o leitor de que a pesquisa é relevante. Faça um pequeno histórico sobre o tema,
conte de onde ele surgiu e por quê. Mostre, sutilmente, para seu leitor, que seu trabalho merece ser lido.
A seção de “materiais e métodos” requer que se mostre o que se utilizou (instrumentos e procedimentos
técnicos) e o que foi feito (metodologia) para responder à questão colocada sobre o tema. Essa parte
pode variar muito, dependendo do objeto da pesquisa, mas normalmente trata dos seguintes aspectos:
Os recursos audiovisuais e gráficos ligados aos formatos de publicação tornam-se cada vez
mais diversificados (pode-se recorrer ao fenômeno das mídias convergentes e cada vez mais
disponíveis). Assim, juntam-se às formas gráficas (cartas, plantas, mapas, tabelas, fotos, figuras e
muitas mais) as sonoras e visuais. Sua profusão é, a um só tempo, benéfica e perigosa; devem ser
utilizadas e elaboradas com cuidado, para incluir todas as informações necessárias com clareza
muito bem relacionadas ao discurso principal, não invertendo a importância do suporte com a
linha mestra do texto. Quadros e figuras são numerados sequencialmente (Tabela 1, Tabela 2
etc.); seu título deve ser informativo, colocado acima; indicações de fontes e notas podem ser
colocadas imediatamente abaixo.
Saiba mais
129
Unidade II
Dadas as dificuldades e restrições de cada área de pesquisa, normalmente, o que temos são indícios,
tendências, que permitem apontamentos, não conclusões.
Resumo
Por fim, de tudo o que foi estudado nesta disciplina, percebe-se que há
diferentes métodos a serem empregados quando do desenvolvimento de
um trabalho acadêmico, não só o acadêmico, mas qualquer trabalho que
requeira apresentação formal, tanto escrita quanto verbal.
Dessa forma, esperamos que você tenha aprendido algo mais sobre
normas e métodos, bem como metodologia, e que isso o auxilie na
caminhada.
130
Métodos de Pesquisa
Exercícios
Questão 1. A pesquisa Canto Negro no Ciberespaço. Tecnologias de Informação e Comunicação
no Ensino de Africanismos e Africanidades Brasileiras (RIBEIRO, R. I. São Paulo: UNIP, 2006)
teve por objetivos gerais (1) contribuir para o debate do tema relações étnico-raciais no Brasil;
(2) subsidiar a formulação de estratégias e políticas de ação afirmativa para valorização dos
negrodescendentes; (3) subsidiar a implementação da Lei 10.639-2003 e (4) contribuir para o
debate sobre temas relativos ao ciberespaço e à EaD, no contexto da comunicação midiática.
Seus objetivos específicos foram os seguintes: (1) debater formas de utilização de Tecnologias
de Informação e Comunicação (TICs) aplicadas ao ensino de cultura afrobrasileira e africana;
(2) investigar possibilidades de inserção desse debate na rede Internet, particularmente em
Comunidades Virtuais de Aprendizagem ambientadas em Portais de Educação.
Essa pesquisa foi motivada pela constatação de que a conquista do direito de acesso a informações
sobre a herança africana dos brasileiros encontra uma inevitável barreira na ignorância dos professores
de todos os níveis de ensino, após o silêncio absoluto e prolongado que pairou sobre o assunto. Isso
apesar da promulgação da Lei que, integrando o conjunto de políticas de promoção da igualdade étnico-
racial no Brasil, incluiu a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo
oficial da Rede de Ensino. O universo de investigação foi integrado por material verbal, visual e áudio-
visual veiculado via Internet, particularmente o ambientado em portais de educação e em comunidades
virtuais de aprendizagem.
Fonte: RIBEIRO, R. I. Canto Negro no Ciberespaço. Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino de Africanismos e
Africanidades Brasileiras. Relatório Final de Pesquisa. São Paulo: UNIP, 2006.
Toda pesquisa deve ser justificável tanto do ponto de vista acadêmico quanto do social. Considere
a pesquisa cujo resumo foi apresentado acima e assinale verdadeiro (V) ou falso (F) em cada uma das
afirmações apresentadas a seguir.
I − Essa pesquisa é academicamente relevante por ser fortemente baseada no interesse pessoal da
pesquisadora e por enriquecer o acervo universitário.
II − Essa pesquisa é socialmente relevante por gerar subsídios para o debate sobre as relações étnico-
raciais no Brasil.
III − Essa pesquisa contribui para o conhecimento sobre temas relativos ao ciberespaço e à EaD. Por
isso ela é acadêmica e socialmente relevante.
IV − Essa pesquisa não possui relevância social, uma vez que seus resultados não ultrapassam os
limites acadêmicos e não contribuem para a elaboração de políticas públicas.
131
Unidade II
A) F, V, F, V, F.
B) F, V, V, F, V.
C) V, F, V, F, V.
D) F, F, V, V, F.
E) V , V, V, F, F.
I − Afirmativa falsa.
Justificativa: embora o interesse pessoal do pesquisador sirva de força motriz para a realização de
uma pesquisa e, embora os dados de qualquer pesquisa possam contribuir para o enriquecimento do
acervo universitário, esses dois fatores não servem como critério para tornar academicamente relevante
uma investigação.
II − Afirmativa verdadeira.
Justificativa: toda pesquisa que gera subsídios para o debate sobre as relações étnico-raciais no Brasil
possui relevância social. Isso porque, conforme fartamente demonstrado pela literatura especializada no
tema, essa questão vem ocupando o palco de debates no Brasil, país plurirracial e multi-étnico que, por
razões históricas, ainda apresenta travas em seu desenvolvimento socioeconômico, dadas as práticas
cotidianas de racismo.
IV − Afirmativa falsa.
V − Afirmativa verdadeira.
Justificativa: conforme enunciado nas justificativas para as afirmações anteriores, essa pesquisa
possui importância científica e social. Possui, além disso, importância educacional, uma vez que aborda
particularidades pedagógicas e educacionais do ensino realizado à distância.
Questão 2. Todo projeto de pesquisa obedece a uma sequência padronizada, sujeita a alterações.
Antônio Carlos Gil sugere a adoção da seguinte sequência (GIL, 1991, p. 24; 2002, p. 21):
Análise e Redação do
interpretação relatório da
dos dados pesquisa
Segundo o diagrama de Gil, apresentado acima, a pesquisa tem início com a elaboração de questões
norteadoras e é encerrada com o relatório final. Considerando esse diagrama, leia as afirmativas:
I − A sequência de etapas proposta por Gil deve ser obedecida rigorosamente, não devendo haver
antecipação nem superposição de ações.
II − A redação do trabalho não deve ser antecipada, pois somente é possível realizá-la quando todos
os dados de campo já tiverem sido coletados.
III − Uma vez estabelecidos a linha de raciocínio e o planejamento de ações, é recomendável que o
pesquisador permaneça firmemente fiel à rota traçada e resista à tentação de ir realizando ajustes ao
longo do procedimento de coleta de dados.
IV − O Projeto de Pesquisa tem uma sequência padronizada que, em lugar de ser absolutamente
rígida, deve admitir ajustes ao longo do desenvolvimento da pesquisa.
A) I.
B) III.
C) II e IV.
D) IV.
E) I e III.
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 6
Figura 8
Figura 15
Figura 16
Figura 17
134
Figura 18
Figura 19
GIL, A. C. Técnicas de pesquisa em economia e elaboração de monografias. São Paulo: Atlas, 2002. p. 21.
Figura 20
Figura 21
Figura 22
Figura 23
Figura 24
Figura 25
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000