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2008
ÍNDICE
1
A atuação das Escolas Históricas
Maytê Regina Vieira[1]
INTRODUÇÃO:
2
bem como os autores que os formularam, e as influências de suas
idéias no “ofício do historiador” através dos tempos. Mesmo porque
se trata de um primeiro ensaio historiográfico onde se tem plena
consciência de ainda estar “engatinhando” pelos campos da
historiografia.
3
metódica, na França, onde cumpre o papel de formadora da
ideologia do nacionalismo, da grandeza da nação francesa e é usada
para justificar a submissão de outros povos através da colonização. A
primeira edição da Revista Histórica – uma das bases de fundação
da escola metódica – trouxe uma declaração de seus fundadores,
Gabriel Monod e Gustave Fagniez: “Estudar o passado da França,
que será nosso interesse principal, é uma questão de importância
nacional. Isso nos possibilitará restabelecer a nosso país a unidade e
força moral de que necessita.”[5]
4
O conceito do positivismo francês é adaptado dos conceitos do
alemão Leopold Van Ranke[9]. Esta adaptação é feita com a
intenção de usar a superioridade das teorias alemãs para conseguir a
superioridade da nação francesa derrotada pelos alemães. Aprender
com eles como construir uma nação unificada e sólida. Os franceses,
aqui representados pelos participantes da Revista Histórica, em sua
maioria protestantes e franco-maçons, cultuam o evento e o passado.
Pregam que usando somente o passado – que pode ser observado de
longe pelo historiador facilitando a objetividade – podem
reconstituí-lo de forma exata para o ensino cívico que, é uma de suas
metas. Assim enaltecem os grandes homens e seus grandes feitos
como os libertadores do povo buscando a democracia. Tentam
manter eternos os momentos de glória de seu estado e seus heróis.
5
Contudo, é esta corrente que assenta os alicerces dos métodos que
são usados até o presente, principalmente nas universidades.
Iniciam o uso das notas de rodapé, criam uma hierarquia intelectual
e regulamentos para graduação, como a monografia para a formação
que deve obrigatoriamente ser orientada por um mestre que, por sua
vez, deve também estudar estas monografias e especializar-se em
uma área.
A escola metódica, apesar de seu discurso que diz ser imparcial e não
tomar nenhuma posição política ou religiosa,
6
Com tantas contradições entre seu discurso e seus atos a escola
metódica logo foi contestada por todos os lados. No início de 1900
existe uma disputa entre as ciências sociais e a história. Em razão de
sua declarada aversão aos que querem o estudo da história fora do
foco político, Seignobos ganha a antipatia de François Simiand[13],
um economista que escreve sobre história econômica. Simiand é um
opositor da história política e declara guerra aos “positivistas”[14]. A
Escola Metódica foi contestada também pela sociologia – com quem
já havia criado desentendimentos ao considerá-la como ciência
auxiliar da história, título este contestado por uma ciência que
buscava da mesma forma sua autonomia – através da Revista
Síntese Histórica em 1920 e depois em 1930 pela Revista dos
Annales, que buscava ser a nova corrente historiográfica.
7
tradicionalmente aceita da história como ciência do passado[15].
8
fundam a Revista Annales de História Econômica e Social em
contradição a Revista Histórica, coordenada pelos representantes da
escola metódica. Sua principal meta era a história total, uma história
que privilegiasse todos os aspectos, que englobasse todos os pontos
de vista históricos. Para isto criaram vínculos com os estudiosos da
sociologia, da geografia, da economia, da psicologia, enfim, todos
que proporcionassem um ambiente interdisciplinar considerado de
suma importância para um estudo completo da história.
9
dirigir o projeto de uma enciclopédia francesa. Estão postas as bases
para a dominação dos Annales, que “ao cabo de meio século,
[...]impregna a maior parte dos historiadores de França – sem ter
vencido todas as resistências universitárias – e influencia
determinados historiadores no estrangeiro [...].[20]”
10
em sua totalidade. Não é possível fazer uma história global, que
aborde todos os pontos de vista possíveis à luz da união das ciências
sociais e humanas, de uma nação ou de um povo ignorando a
história política, seus governantes e a influência que certamente
estes exercem. Enterraram assim, a história política, e mantiveram
afastados do poder todos os historiadores ligados a ela.
11
O resultado disto é uma rejeição ainda maior da história tradicional,
partidária de um nacionalismo desmedido usado como justificativa
para tamanhos absurdos. Além disto, o mundo fica dividido entre
duas novas grandes potências: a União Soviética – socialista que
busca persuadir os países do leste europeu ao seu regime – e os
Estados Unidos – capitalista, que busca da mesma forma suas
alianças. Tem início a Guerra Fria, uma guerra sem combates diretos,
mas uma guerra de inteligências, de busca de tecnologias para
aumentar a eficácia de seus armamentos. O mundo vive o medo de
um conflito nuclear entre as duas potências.
Por outro lado, a Europa perde cada vez mais seu status de império
mundial, suas colônias iniciam, sucessivamente, revoluções
buscando a independência. A França perde uma a uma suas colônias:
em 1954 a Indochina (Vietnã), em 1956 a Tunísia e em 1962 a
Argélia (para dar fim a dois anos de guerras internas na colônia e
atos terroristas em Paris, com um banho de sangue em ambos os
lados).
12
tornando-se detentor de um enorme poder e fecha ainda mais o
círculo em busca de se apropriar dos conceitos da nova ciência.
13
Annales num mundo que estava, e ainda está, se transformando
continuamente num processo de aceleração cada vez maior.
14
historiografia mundial, seus livros são exportados para todo o
mundo, seu trabalho reconhecido em todas as esferas. Transformam
os trabalhos longos e em grandes volumes em recortes de tempo e
espaço menores, monografias regionais mais específicas que passam
a constar em pequenos volumes mais acessíveis ao público. Tudo é
história para os Annales, os homens comuns, os marginalizados, os
esquecidos passam a fazer parte dos estudos para entendimento da
história sócio-cultural. A história se volta novamente para as
mentalidades, escrevem-se sobre os medos, os desejos, os hábitos
alimentares, as formas de moradia, os cultos, os ritos. Tudo isto
torna a história mais atraente para o público e ela ganha cada vez
mais espaço nos meios de comunicação (revistas populares, televisão,
vídeos, cinema), nas livrarias, nas bibliotecas particulares. Neste
novo mundo sem fronteiras e, virtualmente sem distâncias, a
história é acessível a todos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
15
adaptação, a Escola dos Annales, desde sua fundação, sempre se
adaptou aos acontecimentos a seu redor, as exigências do mundo a
sua volta. A história sempre esteve ligada ao poder e os Annales para
manter-se como uma escola duradoura não podiam agir de forma
diferente, precisaram também galgar os degraus do poder para
anexar-se a ele e então ter espaço para propagar suas idéias e fazer
suas mudanças. Influenciaram também, muitos historiadores de
outros países durante o seu percurso, principalmente na Inglaterra
como, por exemplo, Eric Hobsbawn, R. G. Collingwood, Edward
Carr, Paul Veyne. Nomes consagrados e importantes influenciados
pelas três gerações dos Annales que conseguiram finalmente seu
intento, impor seu método e sua abordagem diferenciada ao mundo
e dominar o poder no círculo acadêmico. Deixaram de fora, como
todos os detentores do poder, aqueles que eram contrários as suas
idéias, a história perdeu com isto, principalmente com a exclusão do
político, mas ganhou com a abordagem mais simples e que permitiu
que o conhecimento fosse levado a população em geral, deixando de
pertencer apenas a círculos eruditos. Atualmente, a escola dos
Annales está tendo uma nova adaptação, está sendo tomada
novamente a história política, dos eventos, as biografias, o estudo
dos grandes personagens, porém de forma diferenciada, buscando a
influência destes na sociedade onde estavam inseridos e seus
impactos na população subordinada a eles[28].
16
historiografia, suas mudanças e influências, para a realidade
brasileira. Situando o ensino dentro deste contexto, o Brasil também
acompanhou as mudanças propostas pelos Annales, embora
tardiamente, pois somente a partir da década de 90 iniciaram-se
discussões com a intenção de modificar o enfoque político,
positivista do ensino de história brasileiro para o enfoque atual da
nova história. No Paraná, somente em 2003, foi incorporado nas
Diretrizes Curriculares para o ensino de História o referencial
teórico que sustenta a investigação da história política,
socioeconômica e cultural à luz da nova esquerda inglesa e da nova
história cultural, que insere conceitos relativos à consciência
histórica[29].
Nota:
[1] Acadêmica no curso de História da Faculdade Estadual de
Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória, Paraná.
[2] Trabalho desenvolvido na disciplina de Teoria da História, do
curso de História da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e
Letras de União da Vitória, FAFI, ministrada pelo professor Ms.
Michel Kobelinski, como requisito final de avaliação. Ao analisarmos
a ementa da disciplina compreende-se que o fim a que ela se destina
é justamente passar o entendimento do que é história, como escrevê-
la, analisá-la de forma crítica e desenvolver idéias próprias através
do entendimento daqueles autores.
[3] Hobsbawn é um historiador de nacionalidade egípcia que fez
seus estudos em Viena, Berlim, Londres e Cambridge. Tem forte
influência marxista, embora não se considere um “historiador
marxista”.
17
[4] Hobsbawn, Eric. Sobre história. SP: Editora Ática, 1998. p.281-
292.
[5] Fagniez e Monod, 1876, p.4 citado em Bourdé, Guy e Martin,
Hervé. As escolas históricas. Portugal: Editora Mira-Sintra, 1983.
[6]Daniels, Patrícia S. e Hyslop, Stephen G. Atlas da história do
mundo. SP: Editora Abril e National Geographic Society, 2004.
p.174-330.
[7] Bourdé, Guy e Martin, Hervé. As escolas históricas. Portugal:
Editora Mira-Sintra, 1983.p.97
[8] José Carlos Reis licenciado em história na Universidade Federal
de Minas Gerais, mestre em filosofia também pela UFMG, licenciado
e doutor em filosofia na Université Catholique de Louvain (Bélgica) e
pós-doutor pela École des Hautes Études en Sciences Sociales
(Paris).
[9] Leopold Van Ranke é um conservador que considera que a
história tem que ser objetiva. Nacionalista, interessa-se
principalmente pelas questões de estado e da nobreza alemã, era
protestante. Viu na história um argumento contra as revoluções,
visto que a Alemanha de sua época, era formada por vários pequenos
estados que buscavam a unificação.
[10] Cerri, Luis Fernando. As concepções de história e os cursos de
licenciatura. In Revista de História Regional, vol. 2, nº 2, Inverno,
1997.
[11] Ernest Lavisse, desde jovem vive nos círculos políticos e de
poder da 2º Republica Francesa, é nomeado como preceptor do
príncipe imperial. Porém com a derrota da 2ª República vai para a
Alemanha com a intenção de buscar no inimigo alemão o modelo
para imitá-lo e o vencer. É um nacionalista republicano que mantém
18
relações com o príncipe imperial. Ao longo de sua carreira, sua
influência aumenta a ponto de ser um dos redatores da lei que muda
todo o ensino na França e consolidando a rede das universidades
provinciais.
[12] Charles Seignobos e Charles Vitor Langlois são professores da
Sorbonne, são conhecidos por seus colegas por sua intenção
preocupação com problemas epistemológicos.
[13] François Simiand escreve um artigo em 1903 que causa
polêmica ao atacar o que chama de “os ídolos da tribo dos
historiadores” que são “o ídolo político, o ídolo individual e o ídolo
cronológico, citado em Burke, Peter. A escola dos Annales. (1929-
1989) A revolução francesa da historiografia. SP: UNESP, 1990. p.21.
Marc Bloch, alguns anos mais tarde, dedica um tópico em seu livro
que foi escrito em 1941 e publicado em 1949, após sua morte para
analisar o ídolo das origens, que seria o cronológico. (1949, p.31).
[14]Burke, Peter. A escola dos Annales. (1929-1989) A revolução
francesa da historiografia. SP: UNESP, 1990.
[15] Le Goff, Jacques e Nora, Pierre. História: Novos problemas. RJ:
Livraria Francisco Alves Editora S.A., 1998. p.11-15.
[16] Hobsbawn, Eric J. A era dos extremos. O breve século XX: 1914-
1991. SP: Editora Schwarcz, 1997.
[17]Daniels, Patrícia S. e Hyslop, Stephen G. Atlas da história do
mundo. SP: Editora Abril e National Geographic Society, 2004.
p.174-330.
[18] Marc Bloch cursou a Escola Normal Superior. De 1919 a 1936 foi
professor na Universidade de Estrasburgo, em 1936 tornou-se
professor na Universidade de Sorbonne. Foi bastante influenciado
pela sociologia de Durkheim. De família judia, foi uma das vítimas
19
do nazismo, sendo fuzilado em 1944. Deixando, assim, a direção
solitária da Revista dos Annales para seu companheiro de trabalho,
Lucien Febvre.
[19] Lucien Febvre cursou a Escola Normal Superior. Em 1919 foi
nomeado professor na Universidade de Estrasburgo, onde estabelece
amizade imediata com Bloch. Em 1933 é nomeado professor no
Colégio da França. Foi bastante influenciado pelo geógrafo Vidal de
La Blache.
[20] Bourdé, Guy e Martin, Hervé. As escolas históricas. Portugal:
Editora Mira-Sintra, 1983.p.119.
[21] Dosse, François. A história em migalhas: dos Annales à Nova
História. SP: Editora Ensaio, 1994. p.47.
[22] Formado Universidade de Sorbonne, inicia sua carreira
naArgélia, onde permanece de 1923 até 1932. Durante sua
permanência surge sua maior obra: O Mediterrâneo e o Mundo
Mediterrâneo na Época de Felipe II. Em 1935, vem ao Brasil, onde
colabora na organização da Universidade de São Paulo permanece
até 1937. Retorna para a França no início da 2ª Guerra e, em1949, se
torna professor do Collège de France, e passa a acumular junto a
Febvre a função de diretor do Centro de Pesquisas Históricas
da École des Hautes Études.
[23] Dosse, François. A história em migalhas: dos Annales à Nova
História. SP: Editora Ensaio, 1994. p.102.
[24] Hobsbawn, Eric J. A era dos extremos. O breve século XX:
1914-1991. SP: Editora Schwarcz, 1997.
[25] Dosse, François. A história em migalhas: dos Annales à Nova
História. SP: Editora Ensaio, 1994. p.174.
[26] Reis, José Carlos. História e Teoria. Historicismo, Modernidade,
20
Temporalidade e Verdade. RJ: Editora FGV, 2005.
[27] Reis, José Carlos. História e Teoria. Historicismo, Modernidade,
Temporalidade e Verdade. RJ: Editora FGV, 2005. p.78-80.
[28] Dosse, François. A história em migalhas: dos Annales à Nova
História. SP: Editora Ensaio, 1994; Reis, José Carlos. História e
Teoria. Historicismo, Modernidade, Temporalidade e Verdade. RJ:
Editora FGV, 2005; Bourdé, Guy e Martin, Hervé. As escolas
históricas. Portugal: Editora Mira-Sintra, 1983; Burke, Peter. A
escola dos Annales. (1929-1989) A revolução francesa da
historiografia. SP: UNESP, 1990; Reis, José Carlos. Nouvelle
Histoire e tempo histórico. A contribuição de Febvre, Bloch e
Braudel. São Paulo: Editora Ática, 1994; Tétart, Philippe. Pequena
história dos historiadores. São Paulo: EDUSC, 2000.
[29] Governo do Estado do Paraná – Secretária de Estado da
Educação – Superintendência da Educação. Diretrizes curriculares
de história para a educação básica. Curitiba: 2006.
21
América Latina: Perspectiva de Crescimento e
Desenvolvimento - Século XXI
Juliana de Cássia Câmara
Graduação- História- FAFI-União da Vitória-PR
22
historiadores devemos pensá-la, não exclusivamente pelos seus
sentidos e limites geográficos, mas principalmente em seus termos
estruturais. No que se digam as estruturas, devemos pensar apenas o
lado econômico? Não. A realidade de uma sociedade de modo algum
pode ser diminuída a um fator econômico. Como uma estrutura, a
economia, assim como a política, a cultura, a religião são o tripé de
uma realidade social, ou seja, da conjuntura. É por isso mesmo, que
diferente dos economicistas, como bem lembra Bouvier (1988),
partimos da análise estrutural para o campo mais geral, da
conjuntura. Como historiadores, não temos o mesmo ponto de vista
e método do economicista.
Mas como falar então de perspectivas de crescimento e
desenvolvimento para a América Latina nos dias de hoje? Embora de
longevidade nova, ela tem se mostrado forte perante aos problemas
e entraves sociais. Lembremos.
23
Brasil com o café. As ferrovias trouxeram lucros, mas também
deixaram muita gente sem terra. As imigrações floresceram com a
promessa de terra fácil e boa para o plantio. A produção de açúcar e
as minas tendiam a uma sociedade industrializada e hierarquizada.
A borracha trouxe riquezas, mas em 1920 a Malásia tornara-se o
grande centro seringueiro. As cidades recebiam um número cada vez
maior de camponeses. Não tão industrializadas, eram grandes
centros comerciais. “A educação e a vida urbana andavam juntas” (p.
156). Até 1930, o poderio latino americano se via concentrado nas
mãos dos grandes proprietários rurais.
24
tantas outras nações demonstram ao mundo sua potencialidade e
poderio.
Não nos cabe aqui discutir a América Latina como um todo. Devido
a sua complexidade e diversidade cultural, nosso foco é o Brasil no
século XXI.
25
Muito poderia se apontar aqui, para explicar o atraso no
desenvolvimento do Brasil. Sua herança colonial, assim como os
demais países latino-americanos, como lembra Chaunu (1989), a
dívida externa, a falta de investimentos, a instabilidade política,
enfim, os problemas de ordem política, econômica, social e cultural,
produtos não deste ou aquele governo, mas raízes de muitos anos e
governos anteriores.
Cotas, bolsa escola, bolsa família, vale gás, e tudo quanto mais se
tenha desse gênero, podem minimizar a situação? Escolas,
faculdades e universidades privadas, não pagando impostos; gastos
elevadíssimos com o nosso Pan, por exemplo; cuecas servindo de
cofrinhos de dinheiro; representantes que se dizem do povo lavando
suas roupas sujas nos plenários; pessoas morrendo nos corredores e
filas de hospitais a espera de um médico, de uma cirurgia, de um
transplante; crianças atravessando rios de balsa ou andando
quilômetros para chegarem à escola. Perderíamos a conta de tanta
coisa que é. Nunca em nossa história o vexame foi tão grande,
principalmente no que se refiram as „desordens do Congresso‟.
26
o Brasil a mudanças? Ianni (1993), no Labirinto Latino Americano,
vê a revolução burguesa como imprópria à realidade social, por ser
inadaptada aos problemas de questão nacional e social. Como
marxista, para ele a revolução social tende a contemplar melhor a
dinâmica dos problemas sociais, as contradições de classes,
principalmente no que está associado diretamente ao trabalhador e
as relações sócio-culturais que as permeiam. Na verdade os
problemas sociais tendem a ter melhor êxito e a questão nacional
nunca se resolve. Mas seriam pelas revoluções que nosso país teria
efeito de transformação? A revolução é um processo contínuo e não
estagnado. Socialistas teríamos um Brasil sem diferenças e
desigualdades sociais? A perspectiva então estaria na mudança do
plano econômico?
Para Ianni (1983), somos um país que há muito pouco tempo
reconheceu sua origem negra, mesmo que na superioridade branca e
preconceito ao negro, onde o branco tende a ser o modelo e padrão
cultural ao Brasil. Mas será que realmente reconhecemos o negro
como parte da nossa nação, se é que assim possamos chamá-la? Pra
que tanta discriminação que se ensina desde aos pequenos dentro
das nossas próprias casas? A religião tende a ser outro fator
característico da desigualdade social, onde o catolicismo é
unicamente referenciado como religião.
Segundo Channu (1989: 88)
27
Como oásis, seríamos isolados da América Latina? É preciso
entender o conceito de oásis aqui discutido. Como parte dela,
partilhamos das suas diversidades e desigualdades, no que se refira
ao espírito e sentimento latino-americano, embora seja preciso
compreender que nossa estrutura difere das demais nações latino-
americanas-não podemos entender os problemas latino-americanos,
da mesma forma com que julgamos e tratamos nossos problemas,
pois cada um tem a sua particularidade.
28
Traçando aspectos culturais, onde de norte a sul as mesclas se fazem
presentes, somos um país na sua maioria católico, mas também afro-
brasileiros, protestantes; espíritas, ateus, entre outros. Na sua
diversidade uma mistura de raças, costumes, crenças e culturas, que
moldam a identidade brasileira.
Brasil de Brasis...
29
As nossas diversidades culturais, aquilo que é tipicamente brasileiro.
Somos um país rico. Mas sabemos aproveitar nossas riquezas e
valorizar o que é nosso?
Pólo da cana de açúcar, do ouro, do café. Hoje mais do biodisel, das
riquezas naturais do solo, do turismo... Brasil de contrastes e
paradoxos. Por quê? Desemprego, crianças, adolescentes e jovens
fora das escolas e universidades, violência constante. Sem meias
palavras, podemos ser ricos, convencidos da nossa potencialidade
para crescer e se desenvolver, mas de uma consciência infelizmente
singular. Brasil patrimônio, sem noção ainda de identidade coletiva.
Conquistas, crescimento e desenvolvimento-falso juízo? Não. Nossas
perspectivas também partem do ser brasileiro.
Referências
CHANNU, Pierre. História da América Latina. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1989.
IANNI, Octavio. O labirinto latino-americano. Petrópolis, RJ:
Editora Vozes, 1993.
_______ Revolução e Cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1983.
CHASTEEN, Jhon Charles. América Latina - uma história de sangue
e fogo. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
LE GOFF, J. e NORA, P. História: Novas Abordagens. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1988.
30
Idade Média e o Nascimento do Ocidente -
Estruturas Mentais e Sociais
Daniel Rocha Junior
Graduação em História FAFIUV
31
aumentou consideravelmente o papel do Estado na sociedade (p.65).
32
As riquezas da Igreja provinham de conjunto de propriedades
recebidas do Estado durante período que Igreja esteve sob proteção
do Império. Além disso a Igreja também recebeu muitas
propriedades da aristocracia laica. Essas terras eram concedidas em
regime de benefício (autorização para trabalhar na terra de outrem)
e também em herança de ricos aristocratas diante da morte. A
riqueza da aristocracia laica provinha de duas fontes. Em primeiro
lugar sua riqueza provinha das terras que se mantinham na família a
várias gerações. Muitas vezes, também esses nobres recebiam terras
em regime de benefício como pagamento por serviços prestados a
coroa.
33
membros da aristocracia davam se por práticas econômicas ( terra
entregue e terra recebida), políticas (poderes sobre essa terra) e
religiosas ( juramento e fidelidade)”. (p.69)
34
“ele chegou a seguinte formulação: o domínio da fé é una, mas há
um triplo estatuto na Ordem. A lei humana impõe duas condições, o
nobre e o servo não estão socialmente no mesmo regime. Os
guerreiros são protetores da Igreja. Eles defendem os poderosos e os
fracos, protegem o mundo, inclusive a si mesmos. Os servos por sua
vez têm outra condição. Essa raça de infelizes não tem nada sem
sofrimento. Fornecer a todos roupas e mantimentos, eis a sua função
sempre. A casa de Deus que parece una é tripla. Uns rezam, outros
combatem, e outros trabalham. Todos os três formam um conjunto
que não se separa, a obra de uns, permite o trabalho dos outros dois
e cada um por sua vez presta apoio aos outros dois.” ( p.71).
35
Dentro desse contexto social existem três tipos de relação. Existe um
relacionamento horizontal entre as elites. Depois há uma relação
vertical entre as elites e os colonos. Por fim há uma relação
horizontal entre os diferentes grupos da camada inferior da
sociedade. Com o início da dinastia carolíngia surgiu um novo
elemento. O cavaleiro. Esse grupo não deu origem a uma nova
ordem mas fundiu-se com a nobreza.
Nos séculos XI e XII a Igreja quase viu seu sonho de implantar uma
comunidade divina na terra se tornar realidade. Mas uma série e
fatores destruíram o projeto cristão. Segundo Hilário Franco Junior
o conflito entre camponeses e senhores pelo excedente da produção,
os conflitos entre as aristocracias eclesiásticas e laica pelo controle
das riquezas produzidas e o fracasso no empreendimento das
cruzadas contribuíram para a ruína da Cidade de Deus.
36
nova estruturação da Igreja era indispensável mesmo porque o
poder da Igreja foi outorgado por Deus. Nesse processo de
hierarquização da Igreja houve uma elitização do clero.
O surgimento de heresias contribuiu também para conduzir a Igreja
a um sistema monárquico. A tendência de monarquização e
sobreposição do bispo de Roma sobre os demais bispos se deve em
parte ao surgimento das heresias. Além disso a oficialização do
cristianismo também ocupou espaço fundamental.
37
sócia menor dos Francos. Essa primeira fase começou quando Clóvis,
rei dos francos se converteu ao cristianismo no ano 508. Alguns anos
depois Pepino o Breve, socorreu a Cidade de Roma bem como o
bispo dessa Igreja contra a invasão lombarda. Graças a esse ato o
bispo romano lhe conferiu o título de rei de Roma.
38
desgaste deu o início a um novo contexto social que daria origem a
sociedade moderna.
Quando estudamos a sociedade medieval precisamos levar em conta
a forma de pensar daquela comunidade. Segundo Franco a
sociedade medieval tem uma visão sobrenatural do universo. Essa
visão se sustenta em três colunas: O simbolismo, o belicismo e o
contratuísmo.
39
contratuísticos tanto entre iguais como de elementos de níveis
sociais distintos.
40
Percebemos também que na disputa pelo direito de exercer a
violência legítima, Igreja, monarquia e nobreza criam discursos
alternativos. Esse discurso resultou numa prática social onde o único
interesse era manipular a população a serviço dos interesses de um
ou de outro grupo.
Resenha
FRANCO, H. Idade Média: Nascimento do Ocidente. São Paulo:
Brasiliense, 2000.
41
PCNS E PPP: Um estudo das proposições que
permeiam a realidade escolar
Juliana de Cássia Câmara
Graduação- História- FAFI-União da Vitória-PR
42
resumo da proposta dos PCNs, que funcionam através dos ciclos,
aplicados aos PPP. Uma vez que conhecendo o ambiente “sala de
aula”, sabe-se que os professores, encontram certas dificuldades e
problemas que se encaixam desde a superlotação das salas; o
desinteresse dos alunos em querer aprender; a falta de materiais
didáticos e outros recursos; a falta de ajuda financeira e de apoio das
instituições governamentais, bem como da própria comunidade; a
falta de incentivo aos profissionais da educação, principalmente aos
professores para que busquem uma formação e aprendizado
contínuos.
43
ele constrói a sua própria identidade, a identidade da escola, e a sua
autonomia. Como princípios norteadores de um PPP temos: a
igualdade na condição de acesso e permanência na escola; a
qualidade como meta qualitativa de ensino e aprendizagem e não da
quantidade; a gestão democrática com relação às dimensões
pedagógica, administrativa e financeira e a participação dos agentes
nas decisões a serem tomadas no âmbito escolar; a liberdade ligada à
autonomia, que se dá de forma relativa, em teor das possibilidades e
dos limites da instituição; a valorização do magistério na formação
contínua dos professores, na ligação com outras instituições a
caráter de Ensino Superior ou mesmo da Escola Normal, de modo a
valorizar a experiência dos seus profissionais e de incentivá-los a
continuarem estudando. O PPP é também produto de elementos
constitutivos, como das finalidades, nos fins que se queiram almejar
e nos papéis fundamentais quanto a sua função social; da estrutura
organizacional de acordo com os limites de cada instituição; do
currículo que como produto de uma determinada cultura e ideologia,
deve contemplar a realidade do aluno; do tempo escolar que
determina o período letivo, as aulas distribuídas aos professores, as
cargas horárias; das decisões a serem tomadas com base numa
escala de procedimentos; das relações de trabalho; da avaliação que
vise determinar o conhecimento da realidade escolar, do trabalho
coletivo, da organização do próprio trabalho pedagógico. A avaliação
de um PPP, quase que impossível de ser realizado anualmente,
requer um intervalo de no máximo dois ou dois anos e meio, na
prática de analisar suas propostas, teoria, metodologia, conteúdos.
44
Brasil (1998) visualiza-se o encaminhamento e direcionamento do
trabalho docente, quando são discutidas diferentes propostas de
trabalho dentro e fora do espaço sala de aula, como por exemplo „o
estudo do meio‟.
45
o docente deve propor um estudo das questões atuais que remetam
ao passado na visão ampla das relações sociais do trabalho,
problematizar a estrutura do mundo do trabalho: a organização, a
divisão. A avaliação deve contemplar o conhecimento do aluno, seu
discernimento, a apreensão dos conteúdos, de modo a também
avaliar o procedimento do professor, enquanto docente: seu
desempenho, sua criatividade, sua proposta de trabalho.
46
requer diagnosticar até que ponto a proposta pedagógica no seu uso
da Didática (o livro, a aula em si) foram suficientes no processo da
aprendizagem.
47
reflexão. Levar um filme para a sala de aula, necessita antes de tudo,
apontá-lo como uma construção cultural do momento em que foi
produzido e não como representação daquilo que realmente
aconteceu, pois ele está envolto na ideologia daqueles que o
produziram.
48
culturas, a duração dos acontecimentos, a divisão do tempo na
História, a sua periodização, a idéia do Tempo Cronológico (lugar e
momento em que as coisas aconteceram), o Tempo da Duração (a
divisão do tempo histórico) e os Ritmos de Tempo (que preconiza na
organização e estrutura das sociedades).
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têm o seu PPP pronto.
50
saberes históricos vinculados à realidade social e que as escolas
devem desenvolver a sua função social. É importante ensinar,
aprender e construir o conhecimento, que vise à dinâmica e
representação de organização, relação, estrutura e cultura social. O
aluno tem que aprender a agir em coletividade, como um ser social,
daí o porquê de se dinamizar a proposta de diferentes atividades em
sala de aula.
REFERÊNCIAS
ABUD, Kátia Maria. Conhecimento Histórico e ensino de História: A
Produção de Conhecimento Histórico Escolar. In: EDUSC. (Org).
Encontros com a História, 2. Bauru: EDUSC, 2001.
BITTENCOURT, Circe (org). O Saber Histórico na Sala de Aula. 7ª
ed. São Paulo: Contexto, 2002.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: História/ Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
VEIGA, Ilma P. A. Projeto Político Pedagógico da Escola - Uma
construção possível. Campinas/SP: Papirus, 1995.
51
Chiclete com Banana, HQ e o final da Década de
80
Jefferson Lima
Graduação- História- FAFI-União da Vitória-PR
52
interpretação relativamente imaginaria feita pelo leitor:
53
em questão
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crítica da revista, mas também no seu vínculo ao "underground", e
sua assimilação pela grande massa.
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Partindo deste pressuposto, a idéia de como a revista Chiclete com
Banana, saindo do patamar de criação Underground, se torna então
parte da produção de massa, nos permite focar seu modo de criação.
CONCLUSÃO
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BIBLIOGRAFIA
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