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Concepções filosóficas e

epistemológicas do ensino de arte –


Material complementar: A educação
escolar de arte tem uma história

Metodologia de Ensino de Artes Visuais


UNIDADE 2
Prof. Luís Posca
Conceito de filosofia

• Você já deve ter ouvido alguém falar de filosofia


em várias situações, como, por exemplo:
• “– Minha filosofia de vida é viver um dia depois
do outro.”
• Ou ainda:
• “– Chega de filosofia e vamos à ação!”
• A palavra filosofia é grega. É composta de duas
outras: Philo e Sophía. Philo quer dizer ‘aquele
ou aquela que tem um sentimento amigável’
pois deriva de philia, que significa “amizade e
amor fraterno”. Sophía quer dizer ‘sabedoria’ e
dela vem a palavra sophós, sábio. Filosofia
significa, portanto, amizade pela sabedoria,
amor e respeito pelo saber (CHAUÍ, 2003, p. 25).

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Conceito de
epistemologia
Mas será que falar em epistemologia da
arte é adequado? Ou a arte, por si só, já é
suficiente como expressão, sem necessitar do
conhecimento?

• Segundo Silvia Sell Duarte Pillotto (2008) sobre a possibilidade de estudar o


“grau de certeza do conhecimento científico” em Arte:
• conhecimento apropriado de um objeto de estudo, de um objeto
quotidiano ou mesmo de um objeto artístico é sempre variável de pessoa
para pessoa e depende também do tempo-espaço histórico e cultural, de
interesses e desafios. Portanto, a relatividade é uma constante no exercício
de aprender e ensinar. Aprendemos sobre aquilo que nos fala mais
intimamente, e ensinamos a partir dos fragmentos que pensamos ser mais
importantes naquele momento para aquelas pessoas. A apreciação na
epistemologia invoca os valores humanos; isso significa que nessa trama
envolvem-se elementos como conceito, opinião e análise. Então, se
buscarmos os significados para além da etimologia, podemos pensar
nesses conceitos como algo a ser ressignificado.
• Para quem se dedica ao ensino-aprendizagem da
Arte, é óbvio que ela é uma área do
conhecimento humano: seus conteúdos
abrangem tanto os aspectos formais, como
também seus aspectos históricos, sociológicos,
antropológicos, entre as inúmeras abordagens
Epistemologia relacionadas ao conhecimento humano como um
todo.
• Desse modo, a contextualização da Arte é
fundamental para sua melhor fruição e
compreensão, independentemente se as obras já
têm valor artístico reconhecido ou se estão
sendo construídas em determinado instante.
Arte como poética e
como estética
• Você sabia que a Arte, do ponto de vista filosófico, nem
sempre teve os mesmos enfoques que tem hoje em dia?
• Assim, podemos considerar duas grandes vertentes na
teorização da Arte:
• a) uma mais antiga, originada na Antigüidade grega e
representada por Platão e Aristóteles, em que a Arte é
tratada como poética;
• b) uma mais recente, que teve início no século 18, em
que a Arte é tratada como estética.

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• A palavra poética vem do grego póiesis, que significa
fabricação. Desse modo, a Arte como poética seria o
estudo dos seres e ações artificiais, produzidos não pela
natureza, mas pelos seres humanos. Seriam as artes da fala
e da escrita, do canto e da dança, ou seja, a poesia e o
teatro.
• A obra de arte é pensada do ponto de vista de sua
Arte como conformidade a normas, regras e procedimentos de
construção como um fazer regrado e ordenado; por isso os
poética tratados sobre as artes poéticas, escritos desde a
Antigüidade até a Modernidade, possuem um caráter
prescritivo ou normativo, isto é, oferecem as normas
corretas e adequadas que cada uma das artes deve seguir
para bem realizar seu fim, bem como as normas ou regras
que o espectador deve seguir para avaliar a qualidade das
obras. Sob esse aspecto, a arte poética é preceptiva, isto é,
apresentação de preceitos.
• Além disso, como a obra de arte é pensada em sua dependência com a
ética, a política e a metafísica, isto é, com as idéias de bem (individual e
Arte como coletivo) e de verdade, seu valor também é determinado pela qualidade ou
dignidade do objeto ou do tema abordado por ela. Em outras palavras, os
poética tratados de arte poética distinguem objetos e assuntos nobres (voltados
para o divino, para o bem e o verdadeiro) e objetos ou assuntos vis, baixos e
mesquinhos (voltados para as pequenezas e mesquinharias de nossa vida
cotidiana) e julga as obras de arte com esses critérios (CHAUÍ, 2003, p. 281).
• Assim como o termo poética, o termo estética também
vem do grego aisthetiké, que significa sensibilidade,
experiência. Essa palavra foi usada pela primeira vez pelo
filósofo alemão Alexander Baumgarten, em meados do
Arte como século 18, para referir-se às obras de Arte como frutos da
sensibilidade humana, que buscava a beleza. Aos poucos, o
estética estudo da Arte como poética foi sendo substituído e, mais
tarde, a palavra estética passou a nomear qualquer
pensamento filosófico sobre Arte, por meio da expressão
da sensibilidade e dos sentimentos, tanto do ponto de vista
do artista como do público, a começar pelo juízo do gosto,
ou bom gosto: do “belo”.
Arte como estética

• Durante os séculos 18 e 19, a estética tinha os


seguintes pressupostos:
• a) a Arte era autônoma, não estava a serviço da
religião nem da política;
• b) a subjetividade e a originalidade do artista
eram mais importantes que regras na produção
da obra de Arte;
• c) a finalidade da Arte era contemplativa e não
utilitária;
• d) tal contemplação seria a busca do belo pelo
artista, e o julgamento pelo público da beleza
alcançada pela obra;
• e) o belo não era sinônimo nem do bem (objeto
da ética) nem do verdadeiro (objeto da ciência),
o belo era o objeto próprio da estética.
• os conceitos de poética e estética têm significados diversos
dos apresentados anteriormente. Segundo Pareyson, a Arte
moderna e contemporânea não se preocupa mais com o
“belo”, no sentido tradicional do termo. Daí a Estética,
atualmente, ser considerada uma reflexão filosófica
especulativa e não normativa.
• Para Pareyson (2001, p. 4):

atualmente
• [...] não se pode pretender estabelecer o que deve ser a arte
ou o belo, mas, pelo contrário, tem a incumbência de dar
conta do significado, da estrutura, da possibilidade e do
alcance metafísico dos fenômenos que se apresentam na
experiência estética.
• Ainda segundo Pareyson (2001, p. 18), o conceito atual de
poética tem um caráter programático e operativo: “à atividade
artística é indispensável uma poética, explícita ou implícita, já
que o artista pode passar sem um conceito de arte, mas não
sem um ideal, expresso ou inexpresso de arte”
E agora?

• “Se a visão e a habilidade manual, o tato e a audição, e todos os


refinamentos das sensações, que se desenvolveram
historicamente na conquista da natureza e na manipulação das
substâncias materiais, não forem educados e treinados desde o
nascimento até a maturidade, o resultado é um ser que
dificilmente mereceria ser chamado de humano: um autômato
de olhos embotados, desinteressado e desatento, cujo único
desejo é a violência, sob várias das suas formas – distrações de
qualquer tipo que possam penetrar até aos seus amortecidos
nervos” (READ, 1982).
• Como os conhecimentos aqui construídos podem ser aplicados
à prática profissional?

A meditação do filósofo - Rembrandt – 1632


Textos
• Texto 3: A educação escolar de
Arte tem uma história (Ferraz,
Fusari)
• Texto 4:Arte-educação no Brasil
– Realidade hoje e expectativas
futuras (Ana M. Barbosa)
Atividade 3: Tendências
pedagógicas no ensino de Arte –
Avaliação 3 (2 pontos)
Nesta unidade, você deve olhar mais profundamente para determinados aspectos das principais tendências
pedagógicas que impactaram o Ensino da Arte nas escolas de Educação básica brasileira em diferentes épocas:
Pedagogia Tradicional, Pedagogia nova, Pedagogia tecnicista, tendência realista-progressista. Após a leitura,
preencha a tabela com as informações solicitadas e envie sua tarefa na plataforma Moodle.

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