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Foi com essa visão que sábios medievais se lançaram em busca de explicações para os
fenômenos do universo e conseguiram avanços importantes em áreas como a
metodologia científica e a física. Esses avanços foram repentinamente interrompidos
pela Peste negra e são virtualmente desconhecidos pelo público contemporâneo, que
muitas vezes ainda está preso ao rótulo do período medieval como uma suposta "Idade
das Trevas".
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Índice
1 História da Ciência na Europa
o 1.1 Idade Média Antiga
o 1.2 Idade Média Clássica
o 1.3 Idade Média Tardia
o 1.4 Renascença
2 Cristianismo e o estudo da natureza
3 Grandes nomes da ciência medieval História da ciência
4 Idade das Trevas?
5 O legado científico medieval
6 Ver também
7 Ligações externas
8 Referências
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História da Ciência na Europa Categorias
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No início do período medieval, a vida cultural concentrou-se Física
nos mosteiros. Geografia
Geologia
Costuma-se dizer que os romanos eram um povo de orientação Matemática
prática. Apesar de maravilhados com as descobertas do Medicina
passado grego, não chegaram a formar novas instituições que Química
buscassem especificamente entender o universo ou o mundo Tecnologia
natural. Os verdadeiros centros de produção de conhecimento Locais
do Império Romano localizavam-se no seu lado oriental, de Portugal
cultura grega. Eles tinham sido fundados antes do domínio Brasil
romano e já não mantinham a mesma força criativa de
períodos anteriores.
Devido ao fato da classe rica do Império ser bilíngüe, não se sentia a necessidade de
traduzir os tratados científico-filosóficos produzidos pela civilização grega. Entretanto,
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era comum encontrar compilações resumidas das principais correntes do pensamento
grego na língua latina. Esses resumos eram lidos e discutidos nos espaços públicos da
agitada vida social romana.
O Império Romano do Ocidente, embora unido pela língua latina, ainda englobava um
grande número de culturas diferentes que haviam sido assimiladas de uma maneira
incompleta pela cultura romana. Debilitado pelas migrações e invasões de tribos
bárbaras, pela desintegração política de Roma no século V e isolado do resto do mundo
pela expansão do Islão no século VII, o Ocidente Europeu chegou a ser pouco mais que
uma colcha de retalhos de populações rurais e povos semi-nômades. A instabilidade
política e o definhar da vida urbana golpearam duramente a vida cultural do continente.
A Igreja Católica, como única instituição que não se desintegrou nesse processo,
manteve o que restou de força intelectual, especialmente através da vida monástica.
O Homem instruído desses primeiros séculos era quase sempre um clérigo para quem o
estudo dos conhecimentos naturais era uma pequena parte da escolaridade. Esses
estudiosos viviam numa atmosfera que dava prioridade à fé e tinham a mente mais
voltada para a salvação das almas do que para o questionamento de detalhes da
natureza. Além disso, a vida quase sempre insegura e economicamente difícil dessa
primeira parte do período medieval mantinha o homem voltado para as dificuldades do
dia-a-dia. Desse modo, as atividades científicas foram praticamente reduzidas a citações
e comentários de obras que faziam referência à antiguidade clássica; esses comentários
eram por vezes cheios de erros, já que os textos usados como referência, as obras que
restaram em latim, tinham informações truncadas e até deturpadas.
Essas medidas teriam seus efeitos mais significativos apenas séculos mais tarde. O
ensino da dialética (ou lógica) foi fazendo renascer o interesse pela indagação
especulativa; dessa semente surgiria a filosofia cristã da Escolástica. Além disso, nos
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séculos XII e XIII, muitas das escolas que haviam sido estruturadas por Carlos Magno,
especialmente as escolas catedrais, ganharam a forma de Universidades.
No campo intelectual, as mudanças são também fruto do contato com o mundo oriental
e árabe através das Cruzada e cruzeiros e do movimento de Reconquista da Península
Ibérica. Na altura, o mundo islâmico encontrava-se bastante avançado em termos
intelectuais e científicos. Os autores árabes tinham mantido durante muito tempo um
contacto regular com as obras clássicas gregas (Aristóteles, por exemplo), tendo feito
um trabalho de tradução que se tornaria valioso para os povos ocidentais, já que por este
meio voltaram a entrar em contacto com as suas raízes eruditas entretanto "esquecidas".
De facto, seja em Espanha (Toledo), seja no sul de Itália, os tradutores europeus vão
produzir um espólio considerável de traduções que permitiram avanços importantes em
conhecimentos como a astronomia, a matemática, a biologia e a medicina, e que se
tornariam o gérmen da evolução intelectual européia dos séculos seguintes.
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Mapa das universidades medievais. As universidades e as novas ordens religiosas
forneceram infra-estrutura para a formação de comunidades científicas.
Por volta de 1150 são fundadas as primeiras universidades medievais – Bolonha (1088),
Paris (1150) e Oxford (1167) — em 1500 já seriam mais de setenta. Esse foi
efetivamente o ponto de partida para o modelo actual de universidade. Algumas dessas
instituições recebiam da Igreja ou de Reis o título de Studium Generale; e eram
consideradas os locais de ensino mais prestigiados da Europa, seus acadêmicos eram
encorajados a partilhar documentos e dar cursos em outros institutos por todo o
continente.
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trariam novas tendências para uma abordagem mais concreta e empírica, representando
um prelúdio do pensamento moderno.
Estudo da difração da luz por uma lente esférica, por Robert Grosseteste, c. 1250
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Demontração de Galileu sobre o movimento acelerado. A base da famosa "Lei da queda
de corpos" foi o teorema da velocidade média.
Nicole d'Oresme, por sua vez, demonstrou que as razões propostas pela física
Aristotélica contra o movimento do planeta Terra não eram válidas e invocou o
argumento da simplicidade (da navalha de Occam) em favor da teoria de que é a Terra
que se move, e não os corpos celestiais. No geral, o argumento de Oresme a favor do
movimento terrestre é mais explícito e bem mais claro do que o que foi dado séculos
depois por Copérnico. Entre outras proezas, Oresme foi o descobridor da mudança de
direção da luz através da refração atmosférica; embora, até hoje, o crédito por esse feito
tenha sido dado à Robert Hooke.
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Em 1348, a Peste Negra levou este período de intenso desenvolvimento científico a um
fim repentino. A praga matou um terço da população européia. Por quase um século,
novos focos da praga e outros desastres causaram contínuo decréscimo populacional. As
áreas urbanas, geralmente o motor das inovações intelectuais, foram especialmente
afetadas.
Renascença
Além de estancar o processo de inovação, a peste negra foi um dos fatores que
colocaram em xeque todo o modelo de sociedade que havia encontrado seu apogeu nos
séculos anteriores. O século XV presenciou o início do florescimento artístico e cultural
da Renascença.
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O humanismo renascentista rompeu com a visão teocêntrica e com a concepção
filosófico-teológica medieval. Agora conceitos como a dignidade do ser humano
passam a estar em primeiro plano. Por outro lado, esse humanismo representa também
uma ruptura com a importância que vinha sendo dada às ciências naturais desde a
(re)descoberta de Aristóteles, no século XII.
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conhecimento, mas entendia que a fé em Cristo vinha restaurar a condição decaída da
razão humana, sendo, portanto, mais importante. Agostinho afirmava que a
interpretação das escrituras deveria ser feita de acordo com os conhecimentos
disponíveis, em cada época, sobre o mundo natural. Escritos como sua interpretação
"alegórica" do livro bíblico do gênesis vão influenciar fortemente a Igreja medieval, que
terá uma visão mais interpretativa e menos literal dos textos sagrados.
Com relação à investigação da natureza, que renasceu na Idade Média Clássica, já foi
mencionada a importância das ordens religiosas mendicantes. Embora Bernardo de
Claraval e alguns outros religiosos tenham chegado a desencorajar o estudo das ciências
por entenderem que muitos buscavam esses conhecimentos por vaidade, seus pontos de
vista jamais foram adotados. A Inquisição estava presente, mas a Igreja concedia aos
professores muita elasticidade em suas doutrinas e, em muitos casos, estimulou as
investigações científicas.
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pensamento científico em Oxford. Tinha grande interesse no mundo natural e escreveu
textos sobre temas como som, astronomia, geometria e óptica. Afirmava que
experimentos deveriam ser usados para verificar uma teoria, testando suas
conseqüências; também foi relevante o seu trabalho experimental na área da óptica.
Roger Bacon foi um de seus alunos mais renomados.
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Tomás de Aquino (1227-1274), também conhecido como o Doutor Angélico, foi um
frade dominicano e teólogo italiano. Tal qual seu professor Alberto Magno, é santo
Católico e doutor desta mesma Igreja. Seus interesses não se restringiam à filosofia;
também interessou-se pelo estudo de alquimia, tendo publicado uma importante obra
alquímica chamada "Aurora Consurgens". Entretanto, a verdadeira contribuição de São
Tomás para a ciência do período foi ter sido o maior responsável pela integração
definitiva do aristotelismo com a tradição escolástica anterior.
Duns Scot (1266-1308), o Doutor Sutil, foi membro da Ordem Franciscana, filósofo e
teólogo. Formado no ambiente acadêmico da Universidade de Oxford, onde ainda
pairava a aura de Robert Grosseteste e Roger Bacon, teve uma posição alternativa à de
São Tomás de Aquino no enfoque da relação entre a Razão e a Fé. Para Scot, as
verdades da fé não poderiam ser compreendidas pela razão. A filosofia, assim, deveria
deixar de ser uma serva da teologia e adquirir autonomia. Duns Scot foi mentor de outro
grande nome da filosofia medieval: William de Ockham.
Jean Buridan (1300-1358) foi um filósofo e religioso francês. Embora tenha sido um
dos mais famosos e influentes filósofos da Idade Média tardia, ele está hoje entre os
nomes menos conhecidos do período. Uma de suas contribuições mais significativas foi
desenvolver e popularizar da teoria do Ímpeto, que explicava o movimeto de projéteis e
objetos em queda livre. Essa teoria pavimentou o caminho para a dinâmica de Galileu e
para o famoso princípio da Inércia, de Isaac Newton.
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Nicole d'Oresme (c.1323-1382) foi um gênio intelectual e talvez o pensador mais
original do século XIV. Teólogo dedicado e Bispo de Lisieux, foi um dos principais
propagadores das ciências modernas. Além de suas contribuições estritamente
científicas, Oresme combateu fortemente a astrologia e especulou sobre a possibilidade
de haver outros mundos habitados no espaço. Ele foi o último grande intelectual
europeu a ter crescido antes do surgimento da peste negra, evento que teve impacto
bastante negativo na inovação intelectual no período final da Idade Média.
Para justificar o título de "Idade das Trevas", já foi dito que na "noite de mil anos", que
supostamente teria sido a era medieval, a ciência teria conhecido um longo período de
"falta de inspiração" em comparação com a produção científica clássica. Este
preconceito se deve ao pequeno volume de produção científica e filosófica produzida na
Idade Média em relação ao periodo Classíco e Helenístico. Fica a dúvida se seria
adequada a comparação de uma era na qual a Europa começou em frangalhos com o
período áureo da antiguidade clássica, já que as condições sociaís e economicas eram
diferentes. Mesmo a produção científica do Império Romano fica empalidecida diante
das descobertas teóricas do passado grego, inclusive durante o longo período de
prosperidade proporcionado pela "Pax Romana" e mais ainda após a morte de Marco
Aurélio, em 180 d.C.. Além disso, se o lado oriental (grego) do Império Romano for
deixado de fora, para contemplar-se apenas especificamente a tradição filosófica dos
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povos ocidentais durante a Antiguidade, a diferença passa a ser ainda mais intensa.
Apesar disso, a idéia de obscurantismo ou fraqueza intelectual quando se imagina o
ocidente durante o período Romano é menos popular.
Embora nenhum historiador sério utilize mais a expressão "Idade das Trevas" para
sugerir atraso cultural, ainda hoje, mesmo nas escolas, são ensinadas noções
equivocadas como a idéia falsa de que os estudiosos medievais acreditavam que a terra
fosse plana (ver também a seção Ligações externas).
Depois de superado o abalo de desastres como a Peste Negra, na parte final da Idade
Média, o Ocidente pôde demonstrar um crescimento científico ainda mais exuberante no
período subseqüente. Os avanços na óptica, obtidos durante a Idade Média, logo iriam
gerar aparelhos como o microscópio e o telescópio. Esses dois instrumentos juntamente
com a prensa móvel, (fruto medieval), são vistos por muitos como os equipamentos
mais importantes já criados para o avanço do conhecimento humano. É preciso também
ressaltar os avanços na física:
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Ver também
Tecnologia medieval
Renascença carolíngia
Renascimento do Século XII
Escolasticismo
História da ciência
Ligações externas
O mito da terra plana - Uma correcção aos livros de história
Referências
Costa, Ricardo da. "Reordenando o conhecimento: a Educação na Idade Média e
o conceito de Ciência expresso na obra Doutrina para Crianças (c. 1274-1276)
de Ramon Llull". In: OLIVEIRA, Terezinha (coord.). Anais Completos da II
Jornada de Estudos Antigos e Medievais: Transformação Social e Educação.
Universidade Estadual de Maringá, 2002, p. 17-28 (ISSN 1676-6733). [1]
Costa, Ricardo da. "A Educação na Idade Média. A busca da Sabedoria como
caminho para a Felicidade: Al-Farabi e Ramon Llull". In: Artigo publicado em
Dimensões - Revista de História da UFES 15. Dossiê História, Educação e
Cidadania. Vitória: Ufes, Centro de Ciências Humanas e Naturais, EDUFES,
2003, p. 99-115 (ISSN 1517-2120). [2]
Costa, Ricardo da. "Las definiciones de las siete artes liberales y mecánicas en la
obra de Ramon Llull". In: Revista Anales del Seminario de Historia de la
Filosofía. Madrid: Publicaciones Universidad Complutense de Madrid (UCM),
vol. 23 (2006), p. 131-164 (ISSN 0211-2337). [3]
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