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DÍZIMO NA VELHA ALIANÇA x CONTRIBUIÇÃO NA NOVA ALIANÇA

A ANTIGA ALIANÇA E A OBRIGAÇÃO DO DÍZIMO


A Bíblia mostra que na velha aliança haviam 3 tipos de dízimos. O dízimo anual, (Dt. 12:5-6; 17-19; Dt.14:22), o dízimo tri-anual
(Dt.14:28), e o dízimo dos dízimos, ou, oferta alçada (Nm.18:26). Mas esse último, somente os levitas e sacerdotes estavam
obrigados a dar, daquilo que recebiam do povo. O dízimo era uma prática, tanto de adoração quanto de obediência, que estava
inserida no sistema do culto a Deus na velha aliança. Ainda existia o “quinto”, ou seja, parte devida ao Senhor pela venda ou
resgate de terras (Lv.27). Havia também, as “dízimas”, que eram pequenas taxas ou “avaliações” sobre votos particulares
envolvendo pessoas e animais. Portanto, dízimo mesmo, somente os 3 primeiros mencionados. A regra geral era que o dízimo não
podia ser “comido” na própria casa, mas sim, perante o Senhor, no lugar que escolheu para ali por o Seu Nome e Sua habitação,
isto é, primeiramente, o tabernáculo e depois, o templo (Dt.12:5-6; 17-19). Mas se esse lugar fosse tão distante que o dízimo não
pudesse ser levado até lá, então, deveria ser vendido, e com o dinheiro da venda, o judeu deveria comprar tudo o que quisesse
como dízimo, se dirigisse ao templo, e lá então, comece seu dízimo (Dt. 14:24-26). Tudo isso porque o dízimo dizia respeito aos
produtos da lavoura e da pecuária. Dízimo da lavoura era a décima parte das primeiras sementes e da pecuária, o décimo animal
entre os que primeiro nascessem (Dt.14:22-23).

ARGUMENTAÇÃO DO DÍZIMO NA NOVA ALIANÇA


Atualmente muitos defendem a tese de que após Jesus, o dízimo continua valendo na nova aliança, ou, como consta nas bíblias
em geral, Novo Testamento. Os argumentos dos que defendem a vigência do dízimo na nova aliança, podem ser agrupados em 4
principais argumentos.

1º- O DÍZIMO DE ABRAHÃO AO SACERDOTE (Gn.14:18-24). Abrahão deu "dízimo" ao sacerdote Melquisedeque. E deu mesmo.
Deu dízimo a Malki-Tzadek (Melquisedeque) sacerdote e rei de Salém, como forma de agradecimento pela vitória que teve numa
batalha. Do que restou, Abrahão tirou a parte dos homens do seu exército (despojo de guerra) e o resto deu TUDO para o rei de
Sodoma, "juro que, desde um fio até a correia dum sapato não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: Eu
enriquecí a Abrão" (Gn.14:22-23). Depois disso, ou antes disso, Abrahão nunca havia dado dízimo, nem continuou.

2º – O VOTO DE JACÓ (Gn.28:20-22). Jacó fez um voto a Deus que daria dízimo se Deus o prosperasse, e fosse com ele em
tudo. Deus atendeu e abençoou Jacó. Mas Jacó só pagou esse voto 20 anos depois que retornou da Mesopotâmia (Padã-Harã).
Detalhe1: nem Abrahão, nem Jacó, nenhum deles repetiu essa prática em suas vidas.
Detalhe2: dízimo diz respeito ao que se adquire como produto de renda (salários, gratificações, gorjetas, etc). No caso de Abrão,
não se pode falar de dízimo, prq tudo que ele arrecadou foi produto de saque em decorrência de vitoria em guerra, que se chama
"direito do vencedor aos despojos". O que se pode deduzir disso, esses exemplos de Abrahão e Jacó, na verdade são votos e não
cumprimento de mandamento, até prq ainda não existia nenhum mandamento de Deus nesse sentido.

3º- PALAVRAS DE JESUS NOS EVANGELHOS A RESPEITO DO DÍZIMO. As pessoas se confundem. Os evangelhos apesar de
estarem inseridos na parte da bíblia chamada Novo Testamento, eles narram fatos que ocorreram ainda na antiga aliança, ou seja,
ainda vigorava o Velho Testamento. Porque ainda existia o templo, o sumo sacerdote, e os levitas. E Jesus como bom judeu,
jamais deixaria de cumprir a Lei. Portanto, o culto nessa época ainda obedecia as regras da Lei de Moisés. E aí se inclui o dízimo,
porque era parte do culto. Teologicamente, a nova aliança só vai ter início após a morte de Jesus, e não durante sua vida. Mais
especificamente, depois do derramamento do Espírito Santo, ou seja, no dia de pentecostes. Ali sim, tem início à nova aliança. O
que ocorre na nova aliança. Jesus não revoga a antiga. Sobre isso os textos principais são Mt.5:17 e Jo.19:30. A palavra “cumprir”
de Mt.5:17 tem o mesmo sentido etimológico da palavra “consumado” de Jo.19:30. A palavra “cumprir” no grego é “pleroo”, que
significa “encher completamente, concluir, satisfazer”. Já a palavra “consumado” no grego é “teleo”, que significa “terminar, concluir,
realizar”. A raiz primitiva de “teleo” é “tellos” que significa “conclusão de um ato, ou de uma condição. De forma que
semanticamente, “teleo” é sinônimo de “pleroo” e vice-versa. O que Jesus estava dizendo em “cumprir” e “consumado”, era que Ele
absorveu todas as exigências da Lei Nele. Ele se tornou tudo aquilo que a Lei exigia nos seus 613 mandamentos. A nova aliança
em Cristo, significa que todo aquele que o recebe como único e suficiente salvador, tem em Jesus tudo aquilo que deveria a Deus
pela Lei. E aí se inclui o dízimo, como pagamento, devolução a Deus de parte de tudo quanto se possuia. E tanto é verdade que,
no ano 50, o primeiro concílio da Igreja reconheceu, e assim decidiu seu chefe, o Apóstolo Tiago (irmão do Senhor): “Pelo que julgo
que não se deve perturbar aqueles dentre os gentios que se convertem a Deus, mas escrever-lhes que se abstenham das
contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue. Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em
cada cidade quem o pregue e cada sábado é lido nas sinagogas”.... Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais
encargo algum... - At. 15:19-28”. Além desses argumentos, logo depois, no ano 70, o general Tito invadiu Jerusalém, depois de um
cerco militar, e destruiu completamente a cidade, juntamente com o templo de Herodes. Além de estar em pleno vigor a nova
aliança, feita por Jesus, no seu sacrifício, a partir da vinda do Espírito Santo, com a destruição do templo de Herodes e com a
deportação dos judeus para Roma como escravos, nenhuma forma havia de se cumprir a Lei de Moisés quanto às regras acerca
do dízimo, porque o único lugar em que se poderia entregar o dízimo seria perante o Senhor, isto é, no templo (muito menos em
sinagoga).
4º- MALAQUIAS. O livro de Malaquias (Malakhi, mensageiro) foi escrito num período da antiga aliança, aproximadamente 100
anos depois que os judeus regressaram do cativeiro babilônico. O contexto econômico-social era de caos e miséria. Mesmo depois
de regressarem da deportação, os judeus continuaram debaixo do domínio do império Persa. A situação econômica era muito
difícil. Pagavam pesados tributos, eram oprimidos, enfrentavam seca e escasses de coisas básicas. Diante desse quadro o
desânimo tomou conta do povo. O culto era extremamente formal, prq não se tinha mais a arca da aliança. A geração que não foi
deporada e que ficou na Jerusalém destruída, viveu na mais absoluta miséria. Logo morreram. A geração que veio depois, não
conheceu o esplendor do templo de Salomão, nem foi introduzido nos feitos e maravilhas do Deus de Ysrael. Já nasceram em
plena miséria e sofrimento. Era só o que eles conheciam. O Deus de seus pais, era um Deus apenas de nome. Essas
circunstâncias acarretaram o esfriamento do amor pelas coisas de Deu. O povo se voltou para a busca dos seus p róprios
interesses. É nesse contexto que Deus levanta o profeta Malaquias. Apesar de tanta dificuldade, a mensagem teve que ser dura:
“O filho honra o pai e o servo ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra. Se eu sou senhor, onde está a minha
reverência” (Ml.1:6). Teologicamente esta mensagem nada tem a ver com a Igreja dos nossos dias. Ela foi enviada e dirigida
especialmente para Israel: “Porque eu o Senhor não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, mnão sois consumidos. Desde os dias
de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes...” (Ml.3:6). A expressão “filhos de Jacó” e “dias dos
vossos pais”, deixa bem claro que é com Israel que Deus está falando e não com a Igreja dos nossos dias.

A NOVA ALIANÇA E O DEVER DE CONTRIBUIÇÃO


Na nova aliança, Deus estabeleceu O DEVER DE CONTRIBUIÇÃO. Mas é um dever e não uma obrigação. Enquanto na antiga
aliança, se o dízimo não fosse dado, haveriam maldições como resultado, (Dt.11:26-28), na nova aliança não existe isso, prq a
salvação não depende dessa prática: “pela graça sois salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus; não vem
pelas obras para que ninguém se glorie – Ef.2:8-9”. Na nova aliança permanece a preocupação de Deus com os mais
necessitados, conforme consta em 2Cor.8 e 9. “Porque, se há prontidão de vontade, será segundo o que qualquer tem, e não
segundo o que não tem. Mas não digo isso para que os outros tenham alívio e vós, opressão” (2Cor.8:13-14). Cada um contribua
segundo propos no seu coração, não por tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2Cor.9:7). Na
nova aliança o relacionamento se baseia na fé-compromisso. Existe a liberdade de contribuir, não contribuir, contribuir pouco ou
contribuir muito mais. Mas, se por algum motivo, o crente quiser contribuir em forma de “dízimo”, que o faça, porque está escrito
“cada um contribua como propôs no seu coração”. Importa é que contribua. Deus é Justo. Jamais iria exigir que um servo deixasse
de honrar compromissos seculares, para atender a uma obrigação que Deus não impôs. Deus quer que sejamos “luz do mundo”.
Se o crente deixa de honrar compromissos seculares porque é obrigado a dar dízimos e ofertas, então será o “apagão” do mundo:
bem visto na igreja; reputação de mal pagador do lado de fora. A Palavra diz que “nenhum de vós padeça como homicida, ou
ladrão, ou malfeitor ou como o que se entremete em negócios alheios; mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes
glorifique a Deus nesta parte – 1Pe.4:15-16”. Ou seja, não podemos envergonhar a Deus. Devemmos sim, glorificar a Deus nas
nossas atitudes. Jamais debaixo de ameaças de maldições e calúnias, feitas em nome de Deus, quando o próprio Deus jamais fez
isso, nem tampouco mandou que se fizesse (Zc.4:6). Quando Deus manda o profeta Malaquias dizer que estavam roubando Dele,
isso era problema entre Deus e Israel, “os filhos de Jacó”, jamais da Igreja, prq Deus não exigiu nada disso aos gentios. Quando o
profeta Malaquias fala sobre o desafio que Deus faz aos judeus, “filhos de Jacó”: que os que levassem todos os dizimos e ofertas,
seriam protegidos do “devorador” para que não consuma o fruto da terra”. O profeta estava falando das pragas de gafanhotos que
eram comuns naquela época, e ainda nos nossos dias, não fossem os inseticidas e outras tecnologias, ainda seriam. Alguns
líderes usam essa passagem como se o “devorador” fosse alguma espécie de demônio que devorasse o dinheiro do crente. A
palavra de Deus diz que somos tesouro particular de Deus (Ml.3:17) e Sua propriedade exclusiva (Ex.19:5). Satanás quis se
apropriar daquilo que era particular e exclusivo de Deus e foi arremessado pra fora, e lançado às trevas, e o seu destino é o lago
de enxofre de fogo ardente (Ap.20:10). Mas o que é gerado de Deus, conserva-se a si mesmo, e o malígno não lhe toca (1Jo.18).
Pra fazer qualquer coisa contra aquele que é gerado de Deus, satanás depende da permissão de Deus (Jó.1:8-12). Se alguém
está indo mal em suas finanças, o único “devorador” que está consumindo o dinheiro desse crente é a sua própria carne, ou seja, a
sua própria inclinação pecaminosa, aliada à influência do mundo (1Jo.2:16). Muitas pessoas dão testemunho de bênçãos
recebidas por terem dizimado ao Senhor. Glórias a Deus por isso, prq Deus é fiel. Deu como dízimo, e Deus recebeu como
contribuição. Deu do que tinha e não do que não tinha. Mas em todos os casos, a salvação não depende dessa contribuição, o que
não era o caso do dízimo que era uma obrigação, um dos 613 mandamentos. O descumprimento de apenas um, invalidava todos
os demais (Tg.2:10). A contribuição é um dever cristão. Se cumprir, será por amor e não por força ou por violência, muito menos,
por ameaça, “Porque Deus ama ao que dá com alegria – 2Cor.9:7”.

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