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PLANO DE ATIVIDADES PARA O ENSINO

REMOTO CONTINUADO 2ᵒ BIMESTRE/


2020

CIÊNCIAS HUMANAS

Tema gerador do 1ᵒ ano


do Ensino Médio:
RACISMO

Dúvidas poderão ser apresentadas e discutidas no Plantão de


Filosofia, que acontece todas as 2ª feiras das 15h00 as 16h00.
2º BIMESTRE: FILOSOFIA
Pré-socráticos, Sócrates e os Sofistas e a
Filosofia Africana
Caros estudantes, das turmas 10, 11, 12, 13 e 14!!!

Neste 2º bimestre, abordaremos:


a) Três temas da assim chamada Filosofia Antiga* circunscrita a
partir da Grécia Antiga:
- Pré-socráticos e
- Introdução ao Período Clássico: Sócrates e os Sofistas
(Platão e Aristóteles, que também fazem parte deste período, abordaremos nos próximos
bimestres).

Imagem 1

b) Ainda neste bimestre, faremos


uma Introdução à Filosofia
Africana, dentro do tema gerador
do Bimestre que é sobre o
Racismo. Importante momento
para ampliar nossa visão sobre o
campo do saber filosófico. Imagem 2

Os temas propostos dão continuidade ao processo de aprendizagem e


experiências sobre a Filosofia e o Filosofar. De modo especial, estudaremos
alguns conceitos pertinentes, que inicialmente irão exigir uma escuta e
leitura atenta dos materiais disponibilizados e exercícios propostos.
* De uma maneira geral, a História da Filosofia a partir da Grécia antiga, comumente é dividida em quatro períodos: Filosofia Antiga, Filosofia Medieval,
Filosofia Moderna e Filosofia Contemporânea.
I. PRÉ-SOCRÁTICOS

A filosofia grega antiga corresponde


ao período que começou por volta
do século VI a.C. e se estendeu até
o século III d.C. Os primeiros
filósofos foram chamados de pré-
socráticos devido a uma
Imagem 3 classificação posterior da filosofia
Reforço a necessidade de um antiga que tinha como referência a
caderno de anotações, para a figura de Sócrates.
realização das atividades.

Acesse o link e anote as informações necessárias


Filósofos pré-socráticos
https://www.youtube.com/watch?v=hbDr8L4M1T8

Para Pensar:
Para você, o que seria a arché, ou
seja, o princípio das coisas?

I. Assista ao vídeo sobre o Pré-Socráticos e correlacione as duas colunas


1. Tales de Mileto ( ) Números
2. Anaxímandro ( ) Àtomo
3. Anaxímenes ( ) Homeomerias (sementes)
4. Pítagoras ( ) Fogo
5. Heráclito ( ) 4 elementos (fogo, terra, ar, agua)
6. Parmênides ( ) Apeiron (indeterminado)
7. Empédocles ( ) Ar
8. Anaxágoras ( ) Ser
9. Demócrito ( ) Águas
PRÉ-SOCRÁTICOS

II. Retome o vídeo, uma segunda vez, e complete a atividade abaixo

Desafio Filosófico
1. Filósofo pré-socrático que afirmou que ‘os números’ eram a arché das coisas
2. “Ningúem entra duas vezes no mesmo rio”. Essa frase é atribuída a qual filósofo pré-
socrático?
3. Significa: substância primordial do universo; o princípio das coisas.
4. Explicação racional e sistemática das características do universo.
5. Doutrina segundo o qual a realidade está em contínuo mudança, em que nada é fixo,
nada é determinado; o real é por natureza dinâmico e sua essência é o movimento.
6. Escola pré-socrática que se caracteriza por buscar nos elementos da natureza física, o
princípio e a causa de todos os seres do universo.
7. Qual é a arché para Parmênides?
8. Qual é a arché para Tales de Mileto?
9. Considerando o pensamento de Parmênides, a essência das coisas se conhece pela
Verdade, que é a ________
10. Doutrina que considera o mundo regido por um princípio fundamental único.
11. Filósofo do período clássico. (Será estudado no próximo tópico)
12. Considerando o pensamento de Parmênides, a aparência das coisas se conhece pela
Opinião, que é a _______
13. Explicação sobre a origem do universo baseado nos mitos.

1. P
2. R
3. E

4. S
5. O
6. C
7. R
8. A
9. T
10. I
11. C
12. O
13. S
II. INTRODUÇÃO AO PERÍODO CLÁSSICO:
SÓCRATES E OS SOFISTAS *

Imagem 4
Sócrates e Hípias, o sofista
Considere as questões para a leitura e estudo do material a seguir e
anote suas respostas e reflexões no caderno.
1. Caracterize a democracia ateniense, a partir do debate em praça pública.
2. O homem é a media de todas as coisas” Que relação você pode estabelecer
entre essa frase de Protágoras e a conceção de verdade dos sofistas.
3. Quais as semelhanças e diferenças entre Sócrates e os sofistas?
4. Explique as fases do diálogo crítico de Sócrates com os seus interlocutores.
5. O que Sócrates fez para ser considerado um elemento perturbador da
democracia ateniense?

Acesse o link e, depois, leia o texto.


https://www.youtube.com/watch?v=mQiQqPsQ4Bs
Filosofia da Educação: Sócrates

* Texto do livro didático: COTRIM, Gilberto; Mirna Fernandes. Fundamentos de filosofia. Saraiva Educação Ltda., São Paulo, 20 16. pgs: 218 a 221.
Democracia ateniense
O debate em praça pública

nAtionAl GeoGrAPhiC SoCiety/CorbiS/FotoArenA


Consideremos primeiramente o contexto histó-
rico em que surgiu o pensamento clássico grego.
este coincidiu com o apogeu político, econômico e
cultural das cidades gregas, produzido entre os
séculos Vi e iV a.C. (período clássico da história
da Grécia antiga), especialmente de Atenas e de
sua democracia.
Até meados do século Viii a.C., Atenas havia
vivido sob o regime monárquico, mas o poder do rei
foi passando aos poucos para as mãos dos arcon-
tes, representantes da aristocracia ateniense (os
eupátridas), que comandavam o governo da cidade.
entre os séculos Vii e Vi a.C., diversas reformas –
promovidas sucessivamente por Drácon, Sólon e
Clístenes – foram criando uma nova forma de go-
Atenienses reunidos na ágora debatem e votam sobre a
vernar, que se guiava basicamente pelo princípio condenação de um cidadão ao ostracismo (desterro por
da isonomia, isto é, de que todos os cidadãos têm motivos políticos).
o mesmo direito perante as leis. nascia, assim, a
democracia ateniense. de uma cultura que valorizava o uso da palavra e da
A partir do século V a.C., sob a liderança de Pé- razão (conforme comentamos no capítulo anterior).
ricles (499-429 a.C.), essas reformas políticas apro- As habilidades argumentativas e dialéticas dos
fundaram-se e Atenas atingiu grande esplendor, cidadãos tornaram-se um bem cada vez mais
tanto no campo econômico como cultural. nessa apreciado. Foi nesse contexto que apareceram os
cidade viveu – ou por ela passou – boa parte dos sofistas e Sócrates.
mais destacados artistas e intelectuais da época,
vindos de diversas partes do mundo grego: dra- Sofistas: a retórica
maturgos, arquitetos, escultores, historiadores e
filósofos, entre outros. os sofistas pertenciam, em geral, à periferia
É preciso ressaltar, no entanto, que há várias do mundo grego. eram professores viajantes que
diferenças entre as democracias atuais e a antiga vendiam seus ensinamentos, empregando a expo-
democracia ateniense. Apenas uma pequena parte sição ou o monólogo como método de ensino.
da população masculina adulta era reconhecida Conforme o interesse dos alunos, davam aulas
como cidadão em Atenas. Além disso, tratava-se de eloquência e de sagacidade mental ou ensi-
de uma sociedade escravista – escravos, mulheres navam elementos úteis para o sucesso nas ativi-
e jovens menores de 21 anos não tinham direitos dades públicas e privadas. Alguns deles diziam-
políticos. nem mesmo os estrangeiros (os metecos, -se mestres em qualquer assunto, desde a arte
pessoas não nascidas em Atenas), que residiam de fazer sapatos até a ciência política e de como
em grande número na cidade, podiam participar viver bem na pólis grega. Por isso eram chama-
da vida democrática. dos de sofistas, palavra de origem grega que
Por outro lado, apesar dessas limitações, a quer dizer “grande mestre ou sábio”, algo como
democracia ateniense era uma democracia dire- “supersábios”.
ta, isto é, cada cidadão tinha não apenas direito Segundo alguns estudiosos, entre os ensina-
ao voto, mas também à palavra. As discussões mentos dos sofistas destacavam-se aqueles que
se davam na chamada ágora, principal praça pú- tinham como principal objetivo o desenvolvimento
blica da cidade, onde todos os cidadãos se reuniam da habilidade da argumentação, além do domínio
em assembleia. de doutrinas divergentes. De acordo com essa in-
Desse modo, propiciando a participação de um terpretação, eles buscavam transmitir a seus dis-
número maior de habitantes na discussão sobre cípulos todo um jogo de palavras, raciocínios e
temas práticos e públicos, a instituição democrática concepções úteis em um debate para driblar as
ateniense favoreceu também o desenvolvimento teses dos adversários e convencer as pessoas.
220 Unidade 3 A filosofia na hist—ria
o momento histórico vivido pela civilização É importante destacar, por último, que não
grega – uma época de lutas políticas e intenso existe uma doutrina sofística única. o que há são
conflito de opiniões nas assembleias democráti- alguns aspectos comuns entre as concepções de
cas – favoreceu o desenvolvimento desse tipo de certos sofistas, como Protágoras, Górgias e outros,
atividade em Atenas. Por isso, muitos cidadãos o que permitiu serem considerados um conjunto
sentiam a necessidade de aprender a retórica ou ou corrente.
oratória para conseguir persuadir as pessoas em
assembleias e, muitas vezes, fazer prevalecer seus Protágoras de Abdera

WADSWorth AtheneuM MuSeuM, hArtForD, euA


interesses individuais e de seu grupo social.
Retórica ou oratória – arte de falar e argumentar
em público.
Detalhe de Protágoras de
Abdera (1637) – Jusepe
essas características dos ensinamentos dos de ribera. o filósofo
sofistas favoreceram o surgimento de concepções viu-se obrigado a deixar
a pólis ateniense quando
filosóficas relativistas sobre as coisas. Como vimos passou a afirmar que
anteriormente, para o relativismo não há uma não é possível saber se os
verdade única, absoluta (ou, se ela existe, não po- deuses existem.
demos conhecê-la). Assim, a “verdade” seria algo
relativo ao indivíduo, ao momento histórico, a um
nascido em Abdera (a mesma cidade natal de
conjunto de fatores, circunstâncias e consensos
Demócrito), Protágoras (c. 480-410 a.C.) é consi-
dentro de uma sociedade. (reveja o conceito de
derado o primeiro e um dos mais importantes
relativismo no capítulo 10.)
sofistas. ensinou por muito tempo em Atenas, tendo
como princípio básico de sua doutrina a ideia de
Heróis ou vilões?
que o homem é a medida de todas as coisas.
Como vimos, o termo sofista teve original- Por essa frase ter chegado a nós isolada de seu
mente um significado positivo. entretanto, com contexto, teve várias interpretações. buscando uma
o decorrer do tempo, ganhou o sentido de “en- síntese entre elas, podemos dizer que Protágoras
ganador” ou “impostor”, devido sobretudo às afirmava que o mundo é aquilo que cada indivíduo
críticas de Platão, cujo pensamento estudaremos ou grupo social consegue perceber que é. A reali-
mais adiante. dade é relativa a cada um (indivíduo, grupo social,
Desde então, considerou-se a sofística (ou arte cultura), ou seja, depende de suas disposições,
dos sofistas) apenas uma atitude viciosa do espíri- concepções, modos de ser e de viver. não se pode
to, uma arte de manipular raciocínios, produzir o saber se há uma realidade absoluta. Desse modo,
falso, iludir os ouvintes, sem nenhum amor pela o mundo é como os seres humanos o interpretam,
verdade. Verdade, em grego, se diz aletheia, que constroem ou destroem, múltiplo e variado, visão
significa “manifestação daquilo que é”, “o não que coincide, em parte, com a de heráclito.
oculto”. Aletheia opõe-se a pseudos, que significa A filosofia de Protágoras sofreu críticas em seu
“o falso”, “aquilo que se esconde, que ilude”. os tempo por dar margem a um grande subjetivismo:
sofistas pareciam não buscar a aletheia; contenta- tal coisa será verdadeira se para mim parecer
vam-se com pseudos. verdadeira, mas falsa para outro que a veja como
Por isso hoje se utiliza a palavra sofisma, de- falsa. Assim, qualquer tese poderia ser encarada
rivada de sofista, para designar um raciocínio como falsa e verdadeira ao mesmo tempo, depen-
aparentemente correto, mas que na realidade é dendo da ótica de cada um.
falso ou inconclusivo, geralmente formulado com essa visão relativista da realidade também
o objetivo de enganar alguém (como vimos no ameaçava o projeto metafísico de conhecer os
capítulo 5). fundamentos do real (como esboçaram os pré-
entretanto, abordagens mais recentes sobre a -socráticos) ou a essência das coisas (como
atuação dos sofistas procuram mostrar que o re- defenderiam Sócrates, Platão e Aristóteles), des-
lativismo de suas teses fundamenta-se em uma pertando por isso grande oposição.
concepção flexível sobre os seres humanos, a so-
ciedade e a compreensão do real, e esta não pode, Górgias de Leontini
portanto, ser reduzida a um único sistema. Assim, Górgias de leontini (c. 487-380 a.C.) foi um dos
não existiriam valores ou verdades absolutas. grandes oradores da Grécia. ele afirmava que um
Capítulo 12 Pensamentos cl‡ssico e helen’stico 221
bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa do ser humano. no entanto, se opôs ao relativismo
sobre qualquer coisa. quanto à questão da moralidade e ao uso da re-
Como vimos anteriormente (no capítulo 10), tórica para atingir interesses particulares, entre
Górgias afirmava que: outros aspectos que marcaram sua diferença com
a) o ser não existe; a tradição sofista.
b) se existisse, não poderia ser conhecido;
c) mesmo que fosse conhecido, não poderia ser debate com sofistas
comunicado a ninguém.
Desse modo, aprofundando o subjetivismo rela- embora em sua época tenha sido confundido
tivista de Protágoras, atingiu um ceticismo absoluto. com os sofistas, Sócrates travou uma polêmica
profunda com esses filósofos. ele procurava um
fundamento último para as interrogações huma-
Sócrates: a dialética nas (o que é o bem? o que é a virtude? o que é a
justiça?), enquanto os sofistas – conforme a visão
de seus críticos – situavam suas reflexões a partir
dos dados empíricos, o sensório imediato, sem se
h.-D. FAlkenStein/iMAGe broker rM/DioMeDiA

imortalizado nos
diálogos de Platão,
preocupar com a investigação de uma essência (da
Sócrates tornou-se virtude, da justiça, do bem etc.) a partir da qual a
um mestre e um própria realidade empírica pudesse ser avaliada.
exemplo da conduta
A pergunta fundamental de Sócrates era: qual é
ética até nossos
dias. Suas lições a essência do ser humano, ou o que o ser humano
expressam-se é essencialmente? Sua resposta apontava para a
em frases como: ideia de que o ser humano é sua alma, entendida
“Penso que não
ter necessidade é aqui como a sede da razão, o nosso eu consciente
coisa divina e ter as (que inclui a consciência intelectual e a consciência
menores necessidades moral), pois é o que nos distingue de todos os
possíveis é o que mais
se aproxima do divino”.
outros seres da natureza.
Por isso, o autoconhecimento era um dos pon-
nascido em Atenas, Sócrates (469-399 a.C.) é tos básicos da filosofia socrática. “Conhece-te a ti
tradicionalmente considerado um marco divisório mesmo”, frase inscrita no oráculo de Delfos, era
da história da filosofia grega. Por isso, como vimos a recomendação primordial feita por Sócrates a
antes, os filósofos que o antecederam são chama- seus discípulos.
dos de pré-socráticos e os que o sucederam, de
pós-socráticos. o próprio Sócrates, porém, não diálogo crítico
deixou nada escrito. o que se sabe dele e de seu
Como vimos antes, a filosofia de Sócrates
pensamento vem dos textos de seus discípulos e
era desenvolvida mediante o diálogo crítico (ou
de seus adversários.
dialética) com seus interlocutores, o qual pode
Sócrates era filho de um escultor e de uma par-
ser dividido em dois momentos básicos:
teira – dupla herança que o levou a buscar esculpir,
simbolicamente, uma representação autêntica do • refutação ou ironia – etapa em que o filósofo in-
ser humano e a ajudar seus discípulos a dar à luz terrogava seus interlocutores sobre aquilo que
suas próprias ideias (conforme vimos mais detida- pensavam saber, formulando-lhes perguntas e
mente no capítulo 3). procurando evidenciar suas contradições. Seu ob-
o estilo de vida de Sócrates assemelhava-se, jetivo era fazê-los tomar consciência profunda de
exteriormente, ao dos sofistas, embora não “ven- suas próprias respostas, das consequências que
desse” seus ensinamentos. Desenvolvia o saber poderiam ser tiradas de suas reflexões, muitas
filosófico em praças públicas conversando com vezes repletas de conceitos vagos e imprecisos;
os jovens, sempre dando demonstrações de que • maiêutica – etapa em que ele propunha aos
era preciso unir a vida concreta ao pensamento. discípulos uma nova série de questões, com o
unir o saber ao fazer, a consciência intelectual à objetivo de ajudá-los a conceber ou reconstruir
consciência prática ou moral. suas próprias ideias. Por isso, essa fase é chama-
tanto quanto os sofistas, Sócrates abandonou a da de maiêutica, termo que em grego significa
preocupação dos filósofos pré-socráticos em expli- “arte de trazer à luz”. (reveja a explicação deta-
car a natureza e concentrou-se na problemática lhada desse processo no capítulo 3.)
222 Unidade 3 A filosofia na hist—ria
Um corruptor da juventude?

Sócrates não dava importância à condição socioeconômica de seus discípulos. Dialogava com ricos e
pobres, cidadãos e escravos. o que importava eram as qualidades interiores de cada pessoa, condições
indispensáveis ao processo de autoconhecimento.
Como não fazia distinção entre seus interlocutores e questionava tudo, incluindo crenças e valores
comuns, foi considerado uma ameaça social, um subversivo. interessado na prática da virtude e na busca
da verdade, contrariava os valores dominantes da sociedade ateniense. Por isso, recebeu a acusação de
ser injusto com os deuses da cidade e de corromper a juventude. no final do processo foi condenado a
beber cicuta (veneno mortal extraído de uma planta de mesmo nome).
Diante dos juízes, Sócrates assumiu uma postura altaneira e imperturbável, de quem nada teme.
Permanecia absolutamente em paz com sua própria consciência.
Algum de vós poderia talvez altercar-me: “Sócrates, não te envergonhas de haveres exercido tal atividade,
que agora coloca em risco tua vida?” Eu responderia a este: “Não falas bem se pensas que alguém, tendo a
capacidade de fazer algum bem, mesmo sendo pequeno, deva calcular os riscos de vida ou de morte e não
deva olhar o injusto e se pratica as ações de homem honesto e corajoso ou de infame e mau.
Estás enganado, se pensas que um homem de bem deve ficar pesando, ao praticar seus atos, sobre as
possibilidades de vida ou de morte. O homem de valor moral deve considerar apenas, em seus atos, se eles
são justos ou injustos, corajosos ou covardes. (Platão, Apologia de S—crates, p. 80).
Por último, Sócrates dirigiu as seguintes palavras aos que o haviam absolvido:
Bem, é chegada a hora de partirmos, eu para a morte, vós para a vida. Quem segue melhor destino, se eu,
se vós, é segredo para todos, exceto para a divindade. (p. 97.)
Foi assim que Sócrates procurou caracterizar sua vida. Construiu uma personalidade corajosa,
guiando sua conduta pelo critério de justiça que encontrou como correto. Viveu conforme sua própria
consciência. Morreu sem ter renunciado a seus mais caros valores morais.
JACqueS-louiS DAViD/the MetroPolitAn MuSeuM oF Art, noVA york

A morte de Sócrates
(1787) – Jacques-
-louis Davi.
na prisão, o filósofo
conversa com seus
discípulos sobre o
tema da imortalidade
da alma e estende
a mão para a taça
com o líquido mortal.
Sócrates “ensinou
que o que chamamos
´alma` é semelhante
à mente consciente e
que devemos tentar
ser tão bons quanto
nos for possível, em
imitação da perfeição
divina”. (Brodi,
Sócrates y el camino
hacia la iluminación,
p. 20; tradução nossa.)

ConexõeS

1. Comente as palavras de Sócrates durante seu julgamento, relacionando-as com sua filosofia e posicio-
nando-se a respeito. Você acredita que sua atitude é um exemplo a ser seguido?

Cap’tulo 12 Pensamentos cl‡ssico e helen’stico 223


III. FILOSOFIA AFRICANA*

“A expressão Filosofia Africana é usada de múltiplas formas por


diferentes filósofos. Embora diversos filósofos africanos tenham
contribuído para diversas áreas, como: a metafísica, epistemologia,
filosofia moral e filosofia política, uma grande parte dos filósofos
discute se a filosofia africana de fato existe.
Um dos mais básicos motivos de discussão sobre a filosofia africana
gira em torno da aplicação do termo “africano”, ou seja, se o termo
se refere ao conteúdo da filosofia ou à identidade dos filósofos.
Na primeira visão, a filosofia africana seria aquela que envolve
temas africanos ou que utiliza métodos que são distintamente
africanos. Na segunda visão, a filosofia africana seria qualquer
filosofia praticada por africanos ou pessoas de origem africana”

“Joseph I. Omoregbe define um filósofo


como “aquele que dedica boa parte de
seu tempo refletindo sobre questões
fundamentais sobre a vida humana ou
sobre o universo físico, e que faz isso de
Imagem 5
maneira habitual”, e diz que não existe
nenhuma filosofia africana articulada e
documentada, ainda que exista uma
SAMANHONGA = PENSADOR
tradição filosófica africana.” Pensador de Angola

“Simplificando, mesmo que não existissem filósofos africanos


conhecidos, a filosofia foi, de fato, praticada na África. Uma forma
de filosofia natural sempre esteve presente na África desde tempos
muito antigos. Se tomarmos a filosofia como sendo um conjunto
coerente de crenças, mas não como um sistema de explicar a
unidade do entendimento de todos os fenômenos, então
praticamente todas as culturas possuem filosofia.”
* https://arteref.com/filosofia/a-filosofia-africana-que-voce-precisa-
conhecer/#:~:text=Omoregbe%20define%20um%20fil%C3%B3sofo%20como,que%20exista%20uma%20tradi%C3%A7%C3%A3o%20filos%C3%B3fica
FILOSOFIA AFRICANA

África como berço da filosofia.

Acesse o link abaixo


https://www.youtube.com/watch?v=xrBcJsrnrSw

Renato Noguera nasceu no Rio de


Janeiro em 1972. É Professor de Filosofia
do Departamento de Educação e
Sociedade, do Programa de Pós-
Graduação em Filosofia da UFRRJ.

Imagem 6

Para Refletir!!!
Aproveite e faça sua anotações no caderno.

1. Defina o que é Racismo Epistêmico?


2. Você conhecia o conceito de Racismo Epistêmico? Qual o impacto deste
tipo de racismo, na história da humanidade e na formação do estudante
hoje?
3. O que você sugere para superação deste tipo de racismo?
4. Leia o trecho a seguir:
“Um dos (...) motivos de discussão sobre a filosofia africana gira em torno da aplicação do
termo “africano”, ou seja, se o termo se refere ao conteúdo da filosofia ou à identidade dos
filósofos. Na primeira visão, a filosofia africana seria aquela que envolve temas africanos ou
que utiliza métodos que são distintamente africanos. Na segunda visão, a filosofia africana
seria qualquer filosofia praticada por africanos ou pessoas de origem africana”

Após esta rápida introdução, ao estudo sobre a ‘Filosofia Africana’, como


você se posiciona em relação a discussão levantada no trecho acima, qual
seja: Se o termo Filosofia Africana está ligada ao conteúdo ou a identidade
dos Filósofos? Justifique.
ATIVIDADE AVALIATIVA

Assinale somente os enunciados que são verdadeiros. Cada item


tem peso 0,5
(Nesta atividade ao assinalar somente as alternativas ‘verdadeiras’ é como se você, também,
estivesse afirmando que as altenativas que não foram assinalada são falsas. Usaremos este
critério para o preenchimento do formulário, uma vez que não é possível colocar (V)
verdadeiro ou (F) falso).

1. ( ) Os filósofos pré-socráticos estavam preocupados com a


cosmogonia, isto é, a explicação racional e sistemática das
características do universo.

2. ( ) O diálogo crítico conduzido por Sócrates, constituía-se de duas


etapas: a ironia ou refutação e maiêutica, termo grego que significa “a
arte de trazer à luz” em referência a sua mãe que era parteira.

3. ( ) Racismo epistêmico é uma das dimensões do racismo que


recusa que um povo - um grupo humano- - tem envergadura
intelectual, tem produção de conhecimento.

4. ( ) A arché é um dos conceitos fundamentais dos filósofos pré-


socráticos e significa a substância primordial, o princípio das coisas.
Um exemplo é Pitágoras, para quem a arché são os números

5. ( ) Sócrates e os sofistas, surgem no contexto da democracia


ateniense em que eram valorizadas as habilidades argumentativas e
dialéticas dos cidadãos. Tinham direito ao voto e ao uso da palavra
que acontecia na Ágora, principal praça pública da cidade.
Referências Bibliográficas

COTRIM, Gilberto; Mirna Fernandes. Fundamentos de filosofia. Saraiva Educação Ltda., São Paulo, 2016.

Links acessados
Filosofia Africana:
https://arteref.com/filosofia/a-filosofia-africana-que-voce-precisa-
conhecer/#:~:text=Omoregbe%20define%20um%20fil%C3%B3sofo%20como,que%20exista%20uma%20tradi%C3%A7
%C3%A3o%20filos%C3%B3fica – acessado em 01/12/2020.

Vídeos:
Filosofia da Educação: Sócrates
https://www.youtube.com/watch?v=mQiQqPsQ4Bs – acessado em 08/09/2018

África como berço da Filsofia


https://www.youtube.com/watch?v=xrBcJsrnrSw – acessado em 12/03/2020

Imagens:
Imagem 1: http://tecnologiaeducacional.info/eter/linha-do-tempo/
Imagem 2. https://acasadevidro.com/filosofia-africana-feminismo-negro-bibliotecas-digitais-ampliam-o-acesso-as-
melhores-obras-sobre-estes-temas/
Imagem 3. https://guiadoestudante.abril.com.br/especiais/os-filosofos-pre-socraticos/
Imagem 4. https://ensaiosflutuantes.wordpress.com/2014/04/27/introducao-a-etica-de-socrates/
Imagem 5. https://www.pinterest.pt/pin/453878468687500692/
Imagem 6. https://www.youtube.com/watch?v=xrBcJsrnrSw

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