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E
GESTÃO DE CONFLITOS
M. Amaral
ÍNDICE
1.Liderança
1.1.Conceito 4
1.2.Gerir e Liderar 4
1.3.Perfis de Liderança 5
1.4.O Líder e o seu relacionamento com o grupo 7
Bibliografia
“Os grandes Líderes emocionam-nos. Acendem as nossas paixões e inspiram o melhor que há em nós.
Quando procuramos explicar por que somos tão eficazes, falamos de estratégia, de visão ou de ideias
poderosas. Mas a realidade é muito mais básica: a Grande Liderança baseia-se nas emoções.
Em tudo o que os líderes fazem – seja criar estratégias ou mobilizar equipas para a ação -, o sucesso
depende da forma como o fazem. Mesmo que façam corretamente todas as outras coisas, se os líderes
falharem na tarefa fundamental de encaminhar as emoções na direção certa, nada do que fizerem
funcionará bem, ou, pelo menos, não funcionará tão bem como podia ou como devia.”
1.1.CONCEITO
1.2.GERIR E LIDERAR
O processo de liderança é essencial na atividade da equipa, evitando disfuncionalidades. E a razão é
simples, mesmo que a equipa seja muito autónoma, os membros da equipa têm sempre necessidade de
um “chefe” para estarem ligados ao sistema global da organização, otimizar as relações de
interdependência, receber apoio da hierarquia, etc.
Mais do que gerir, liderar é o processo através do qual um indivíduo influencia outros membros da
equipa.
O líder deve atuar como elemento dinamizador da equipa. Deve ser flexível, isto é, ajustar o estilo de
liderança às competências e à personalidade de cada membro da equipa, de forma a motivar e
maximizar o desempenho de todos.
“ O cansaço de muitos chefes advêm de um imenso esforço em tentar conduzir as pessoas para onde
elas não sabem ou não desejam ir. Nessas condições, resta para o chefe utilizar-se de mecanismos de
recompensa e punição, na árdua tentativa de controlar e movimentar as pessoas. O líder precisa ter
uma visão estimulante e envolvente, a partir da qual os liderados aceitam disponibilizar seus esforços,
tempo, conhecimentos e potenciais.” Roberto Tranjan
“… o líder tem que se gerir a si próprio; conhecer as suas forças e colocá-las em benefício dos seus
propósitos. A liderança começa, não quando estabelece regras para os outros, mas quando traça
regras muito exigentes para si próprio.” Peter Drucker (1996)
1.3.PERFIS DE LIDERANÇA
Durante muitos anos pensou-se que a liderança era algo inato ao indivíduo, potenciando o êxito no
desenvolvimento das suas funções. Hoje, os estudos comprovam que as habilidades dos líderes podem
ser desenvolvidas, bem como as aptidões naturais relativas à liderança podem ser melhoradas.
“Liderança é o processo de exercer influência sobre um indivíduo ou grupo, nos esforços para a
realização de um objetivo, em determinada situação “ Paul Hersey e kenneth Blanchard
O líder desenvolve o seu comportamento sob várias funções, nomeadamente, planificar, avaliar,
controlar, motivar, recuperar, punir, etc., tendo como finalidade orientar o grupo em direção a
determinados objetivos.
Capacidades básicas de liderança:
- Coordenar as atividades da equipa – um conjunto de tarefas que inclui selecionar a equipa,
identificar e distribuir o trabalho, fornecer direção, apoio, ajuda, treino e influência; não
significa fornecer supervisão e tomar decisões sozinho mas adotar uma abordagem de
colaboração e constituir equipas sólidas, inculcando-lhes um espírito de equipa e assegurando
um quadro de responsabilidade individual e coletiva;
- Fornecer recursos para que os membros de equipa desempenhem as suas funções com eficácia;
- Estar consciente dos pontos fortes e fracos das equipas, tirando partido dos primeiros.
ESTILOS DE LIDERANÇA
Sendo a base da liderança a realização de objetivos através das pessoas, um líder focaliza a sua atenção
nas tarefas a serem realizadas e nas relações humanas entre os membros do grupo que irão realizá-las.
organização estavam nas relações interpessoais que se criavam na unidade de trabalho. O estudo destas
relações era a tarefa mais importante para a administração. As atitudes e os sentimentos humanos
deveriam, então, ser estudados e considerados como importantes.
O líder teria a função para além de facilitar a concretização dos objetivos, dar a oportunidade de
crescimento e desenvolvimento pessoal dos operários.
- utilizam as relações interpessoais no quadro das estratégias de influência direta e indireta para
fazer aceitar ideias e iniciativas;
- quando negoceiam ou resolvem diferendos sabem quando insistir, quando fazer compromissos
e quando reconhecer um impasse;
3 - Liderança Situacional
Diferentes padrões de liderança podem ser assumidos, de acordo com a situação e para cada um
dos membros da equipa.
1 - Traços de Personalidade
A teoria dos traços de personalidade considerava que o líder possuía traços e características que o
identificavam como tal.
Lindzey, nos estudos que efetuou, em 1948, concluiu que não era possível encontrar qualquer traço de
personalidade que pudesse distinguir os líderes dos não líderes.
2 - Estilos de Liderança
De acordo com White e Lippit (1939) existem essencialmente três tipos de liderança: Autoritária,
Liberal e Democrática.
Lewin, Lippit e White propuseram o primeiro modelo dos estilos de liderança, numa altura em que era
importante saber se o estilo democrático era efetivamente superior ao autocrático, se a democracia
política podia considerar-se um sistema melhor que os regimes autocráticos. E realizaram, para
resolver o dilema, as primeiras experiências sobre os efeitos dos estilos de liderança.
Liderança Autoritária
- Toda a determinação da política de trabalho é feita pelo líder;
- Técnicas e fases da atividade são ditadas pelo Líder, sendo tratado um ponto de cada vez.
Consequências:
- A motivação perde força, pois a sua base é a necessidade de segurança. É por isso que os
líderes autoritários tendem a usar as ameaças ao grupo vindas do exterior, ou a procurar bodes
expiatórios, para mobilizar a agressividade do grupo;
- Empobrecimento das decisões e soluções, primeiro no interior do grupo e depois até na sua
relação com o exterior. Diminuição da criatividade.
Liderança Democrática
- Toda a questão da política de trabalho e de decisão é feita pelo grupo, encorajada pelo líder;
- Os membros são livres para trabalhar com os colegas que selecionarem e as decisões das
tarefas são confiadas ao grupo;
- O líder é objetivo e realista nos seus elogios e críticas e procura ser um membro regular do
grupo, sem que para isso, cumpra uma parte demasiada do trabalho.
Consequências:
- As motivações são variadas, mais ligadas à dinâmica interna e externa do grupo do que à
personalidade do líder. Não é a necessidade de segurança que predomina, mas sim as
necessidades de pertença, de saber e de auto-realização;
- Aumento, a médio prazo, da frequência dos conflitos parciais, com diminuição dos conflitos
totais;
- O líder fornece ao grupo os materiais necessários, se lhe pedem fornecerá também informações
suplementares. Não toma parte na decisão;
- São raros os comentários sobre a atividade do grupo, a não ser quando solicitados. Não há
nenhuma tentativa para participar ou interferir com o curso dos acontecimentos.
Consequências:
- Tal como o seu líder, também o comportamento do grupo tende a oscilar de maneira mais ou
menos incoerente. O grupo não visa objetivos de modo sistemático, mas sim muda-os bem
como a sua metodologia com relativa frequência;
- Dado que não há uma correta perceção do grupo como um todo e da posição de cada
participante nele, os conflitos são frequentes e a perceção do grupo, como um todo, pode
perder-se;
- Aparecem tentativas de liderança, propostas de solução, sem uma linha de orientação coerente.
3 – Liderança Situacional
Esta teoria baseia-se na relação entre três conjuntos básicos:
- o conjunto de estruturações (tarefa);
- o conjunto de suportes sócio-emocionais (comportamento voltado para o relacionamento humano);
- o nível de maturidade dos subordinados ou grupo.
A Universidade de Ohio, através dos seus estudos, verificou que os estilos de liderança variavam de
líder para líder. Uns concentravam-se em estruturar as atividades dos subordinados em termos de
realização do trabalho. Outros procuravam conseguir um suporte sócio-emocional. Outros, ainda,
orientavam-se para a tarefa e o relacionamento humano. Por fim, outros, mostravam pouca
estruturação e pouco relacionamento.
Assim, não houve um estilo dominante, mas antes, várias combinações de estilos, concluindo-se que
tarefa e relacionamento não são opostos.
Sugeriu-se então, que os dois padrões de comportamento pudessem ser apresentados em duas
dimensões distintas, que sugerem quatro combinações.
Quadrante 3 Quadrante 2
Alto Relacionamento Alta tarefa
e e
Relacionamento Humano
Quadrante 4 Quadrante 1
Baixa Tarefa Alta Tarefa
e E
Baixo Baixo relacionamento
Relacionamento
Tarefa
Na presente teoria, a maturidade implica uma motivação de realização, desejo e capacidade de assumir
responsabilidades e formação e/ou experiência na tarefa, por parte do indivíduo ou grupo.
- As duas dimensões (relacionamento humano e estruturação de tarefa) não se opõem nem são
interdependentes;
- Três variáveis básicas devem ser consideradas ao delimitar-se um estilo de liderança – o líder, o
subordinado e a situação, sendo o nível de maturidade do subordinado condição necessária para que o
líder possa planear a sua estratégia;
“…. Sem ela, uma organização será apenas uma confusão de pessoas e máquinas, do mesmo
modo que uma orquestra sem maestro será somente músicos e instrumentos. A orquestra, como
a organização, requerem liderança para desenvolver ao máximo os seus preciosos ativos”.
Davis (1992)
Pensemos em EQUIPAS, segundo o modelo OL3P – Objetivo, Local, Poder, Plano e Pessoas.
Esta é uma forma conveniente de concentração nas áreas fundamentais onde surgem as questões mais
importantes num processo de implementação de equipas em qualquer organização.
EQUIPA = “Um conjunto de indivíduos associados para a realização de uma ação conjunta.”
Objetivo
O que origina as equipas de trabalho? O que se espera delas? Existirão temporariamente ou durante
anos?
Qualquer que seja o objetivo específico de uma equipa, o objetivo geral de todos está ligado à junção
das pessoas, cujo trabalho está relacionado e é interdependente, numa equipa que lhe possibilite
trabalhar em maior colaboração, no sentido de se atingirem os objetivos individuais, do departamento e
da organização.
Local
Como se enquadram as equipas numa estrutura organizacional?
Não se trata apenas de construir um novo organigrama, mas de adotar a empresa a um funcionamento
com maior colaboração no trabalho, onde as pessoas de diferentes áreas estejam juntas como colegas
de equipa.
Isto pode levantar algumas questões que necessitam de respostas urgentes.
- Quem seleciona as pessoas que constituem as equipas?
- A quem reportam as equipas?
- Como serão recompensadas?
Depois de responder a estas questões, as equipas deverão ser definidas e descritas em função do que se
espera delas, situando-as na organização.
Esta definição implica alguns cuidados. Se se situa em relação à construção da visão ou missão da
organização. Aqui há a considerar os valores da empresa, no que diz respeito ao modo como os
colaboradores trabalham e o que se espera deles.
Se estamos a formar diversas equipas, podem ter uma definição estabelecida, mas objetivos diferentes.
Poder
Aqui importa referir aspetos relativos à definição da equipa e dos diferentes tipos de equipa.
Para tal existem uma série de questões que terão de ser colocadas:
- Qual será o âmbito do trabalho de cada equipa?
- Irá trabalhar em assuntos que afetam toda a organização? Ou irá apenas concentrar-se numa
área limitada?
- As equipas serão naturais (inclui membros de uma área funcional ou departamento), funcionais
cruzadas (inclui membros de diferentes departamentos) ou baseadas em projetos?
- Que fronteiras serão estabelecidas para as equipas?
- Qual a extensão da sua autonomia na tomada de decisões?
Estas questões são importantes colocar cuidadosamente, como se de uma descrição de funções se
tratasse, permitindo definir as responsabilidades e a autoridade de cada uma das suas equipas.
Plano
O plano está relacionado com a estrutura de cada equipa.
- Como irá assumir as responsabilidades que lhe estão atribuídas e lidar com a autoridade que lhe
foi concedida? Ou seja, quem na equipa irá fazer o quê e como?
Muitas questões se levantam a este nível e o modo como se prepararam as equipas depende da
organização e das necessidades particulares.
As organizações mais pequenas ou estruturalmente menos complexas, podem preferir considerar as
pessoas antes de iniciarem a fase do poder e do plano. Será no entanto, mais sensato seguir a ordem
referida, a fim de evitar os problemas que poderão surgir com a seleção dos membros da equipa antes
da decisão sobre o seu modo de funcionamento.
Pessoas
Não podemos esquecer que as equipas são constituídas por pessoas, logo o trabalho efetuado no
estabelecimento do objetivo, do local, do poder e do plano das equipas deverá proporcionar o contexto
adequado ao seu sucesso.
No entanto, tudo isto depende dos elementos que irão formar a equipa.
Nesta fase é necessário que o responsável pela seleção dos elementos das equipas conheça bem os
candidatos. É premente saber quais as suas competências, conhecimentos, experiência e capacidades e
saber até que ponto estes fatores se enquadram nas definições do objetivo, local, poder e plano.
A seleção dos elementos é a condição básica de sucesso do trabalho em equipa.
Cooperam
. intragrupo/extragrupo;
. democraticamente;
. solidariamente.
Partilham responsabilidades
. equitativamente;
. fracassos/êxitos.
Partilham informação
. verticalmente;
. horizontalmente;
. intragrupo/extragrupo.
Desta forma é possível comparar uma equipa a um organismo vivo, pois age e produz forças em
interação.
As pessoas em conjunto, organizam-se em função da situação que as leva a estar juntas e seguem o
membro de que, entre eles, se propõe conduzi-los. Assim, surgem redes internas de afinidades e
constitui-se uma estrutura, em função do contexto e do objetivo.
A equipa assenta num duplo modo de funcionamento, ao mesmo tempo rigoroso e flexível.
Dependente dos acontecimentos - este modo de funcionamento assenta, simultaneamente, na divisão e
cobertura das tarefas. A partilha de tarefas, a iniciativa e a interdependência asseguram-lhe tanto a
capacidade de reação como a total cobertura do território. Por outras palavras, o efeito dinâmico
funciona através da articulação de dois níveis:
Fatores de Coesão
Ela está dependente de três fatores: o laço grupal, as práticas coesivas e a coerência. O laço, a base da
equipa, é constituído por redes de relações interpessoais e por atrações que resultam de interesses
comuns confere o sentimento de unidade e pertença. O segundo constituinte provém das práticas
coesivas do líder e dos membros da equipa. Graças à coerência, a coesão oferece a todos uma
perspetiva que unifica os elementos internos e externos que participam no objetivo.
Laço Grupal
O mais importante dos fatores, é o conjunto de elementos que unem os membros do grupo entre si e
toda a equipa. Constituído por atrações diversas e de redes internas na equipa, favorece uma dinâmica
de cooperação e de solidariedade. Prova de pertença à equipa, fornece aos membros a identidade
específica que os distingue dos outros na empresa. Da sua solidez dependem em grande parte os
resultados de equipa. Quanto mais forte, mais o líder se pode nela apoiar em situações delicadas.
Práticas Coesivas
Decorrem da própria gestão, como exercício da autoridade, outras resultam do famoso “espírito de
equipa” que se traduz pelo interesse do outro, a capacidade de gratificar, o sentido de cooperação.
Obter e manter a coesão apesar dos imprevistos da vida profissional exige um bom conhecimento das
condições suscetíveis de instaurar um clima favorável.
Em primeiro lugar vem o estilo de comando. O poder de atração de um chefe é um fator importante da
coesão da sua equipa. Um chefe atrai pelos seus conhecimentos técnicos, o seu carisma, o seu sentido
estratégico ou a sua capacidade de gestão.
Em segundo, estão as atitudes de apoio – como a cooperação, o reconhecimento, a tolerância, a
cumplicidade -, que dependem em parte dos membros da equipa e estão na origem do clima grupal. O
membro da equipa que tem o sentido do outro e, nesta base, sabe escutar e ouvir, gratificar e encorajar,
é tolerante e tem uma atitude aberta mas não desprovida de exigência. Autónomo, conhecendo as suas
responsabilidades, respeita as regras, enriquece-as na sua tarefa com um verdadeiro sentido de ação.
Para se ser membro de equipa não é indispensável ter qualidades carismáticas particulares, mas é
inconcebível não poder aceitar outras maneiras de fazer ou outros valores para além dos seus.
Convém ainda saber colocar as suas aspirações pessoais ao serviço da comunidade e partilhar valores
ligados à cooperação, pois sem estas condições, os objetivos individuais desencadeiam
comportamentos de concorrência interna que penalizam a equipa – trocam-se as satisfações individuais
pelas satisfações coletivas.
A Coerência
Deve ser entendida como a continuidade que pode ser estabelecida pelo membro da equipa entre a sua
ação e as orientações da empresa.
Permite a cada colaborador inscrever-se numa sequência lógica entre a estratégia e o seu próprio
trabalho. Cada qual deve poder estabelecer um encadeamento coerente entre si e o fim prosseguido
pela empresa.
Unir a empresa é permitir que se estabeleça continuamente este laço entre a ação individual e a dos
diferentes órgãos da organização.
dificuldades ligadas à organização do posto de trabalho, como sejam más condições materiais;
problemas pessoais.
O responsável pela equipa deverá ajudar na tomada de consciência dos problemas e elucidá-los, pois
não pode haver bom ambiente grupal deixando-se pendentes dificuldades deste tipo.
Assim deverá:
Estar atento ao contexto sociocultural dos indivíduos. Cada um tem a sua “história” muito própria e
o seu quadro de referência muito particular;
Respeitar o ritmo de compreensão do grupo, sabendo ouvir cada pessoa até ao fim sem a
interromper, nem impor dogmaticamente os seus pontos de vista;
Motivar os membros para que estes tomem consciência da importância das questões que vão sendo
levantadas no decorrer da discussão;
Levar os colaboradores a colocarem questões mais a partir das suas experiências pessoais e
concretas, do que a partir de “ideias feitas” ou lugares comuns;
Valorizar os sentimentos que vão surgindo bem como o “saber-fazer” de cada elemento;
Não temer os conflitos e tensões que possam surgir porque, quando assumidos, são sinal de
maturidade. Eles clarificam as situações e abrem o caminho à mudança;
Evitar tomar permanentemente decisões em vez do grupo. Indicar sempre o que é preciso fazer é
limitar a criatividade, iniciativa e espontaneidade do grupo;
Disciplinar o grupo, mantendo a discussão dentro do tema. Que os elementos mais tímidos se sintam
estimulados e que os líderes em potência não se sintam rejeitados;
Não ter “resposta pronta” para as questões apresentadas mas sabê-las devolver ao grupo. Só assim,
todos, se sentirão comprometidos na procura da solução mais adequada.
Autonomia – saber manter o seu lugar, bem como manter o sentido de responsabilidade individual;
A equipa, ao garantir vantagens para atingir o objetivo, não deixa de apresentar interesses para os seus
membros, pois a participação numa equipa aumenta o “poder pessoal”. O que se ganha quando se
funciona com muitos compensa largamente o que se perde individualmente.
ESTUDO DE CASO
A dificuldade da decisão tem a ver com o facto de os diretores, apesar da sua incontestável
competência e reconhecimento por parte dos respetivos colaboradores, apresentarem características
muito diferentes na forma como gerem a sua equipa de trabalho.
Francisco Guedes, diretor de RH da PHM-1 assume este cargo há cerca de 10 anos tendo tido uma
atuação eminentemente estratégica e conseguindo, através da implementação de diversas políticas de
recursos humanos, liderar uma equipa bem preparada, com elevados conhecimentos técnicos,
exclusivamente orientada para a estabilidade de negócio, com elevado sentido de compromisso e de
rigor. É um gestor que atua na base da prevenção, contido nas despesas e com um controlo absoluto
quanto ao comportamento e desempenho dos seus colaboradores. Apesar do seu mau feitio e modos
austeros, a equipa credibiliza-o pelos seus conhecimentos, pela sua dedicação e influência face à
administração, mas sobretudo pela sua preocupação em garantir resultados ascendentes na empresa.
No entanto, Francisco tem tido “choques” com alguns colaboradores. Basta deparar-se com um erro ou
uma distração cometida por um colaborador, para gritar com essa pessoa à frente seja de quem for e
ameaçá-lo de despromoção, ou até mesmo, com um processo disciplinar. A equipa nem se queixa, pois
sabe que os resultados que mostra à administração são motivo para garantir a sua competência e mais
valia na empresa.
Gustavo Matos, diretor de RH da PHM-2 está a dirigir o departamento há cinco anos e tem-se revelado
uma chefia bastante aberta, muito próximo de todos os colaboradores, independentemente dos seus
Todas as empresas possuem provavelmente alguém como o Francisco – um gestor sénior cujo QI se
aproxima do nível de génio, mas que parece ter pouco jeito para lidar com outras pessoas. Este tipo de
gestores podem ser propensos a zangar-se facilmente e a atacar verbalmente os seus colaboradores,
evidenciando frequentemente uma ausência de compaixão e empatia, e sentindo normalmente
dificuldades em obter a comparação dos outros.
O que falta ao Francisco é inteligência emocional, mas ela pode ser desenvolvida e melhorada.
Antes de mais, é importante introduzir o conceito de emoção. Existe, entre os investigadores alguma
controvérsia sobre a definição exata de emoções. Embora a maioria deles concordem acerca de um
conjunto básico de emoções, existem algumas divergências sobre a inclusão de emoções menos
conhecidas, como o êxtase, a vigilância, a adoração e a repugnância.
David Carlson diz que existem seis famílias de emoções primárias que contêm todo o leque de
possíveis emoções – medo, ira, tristeza, felicidade, excitação e compaixão. Dentro de cada uma destas
famílias, encontramos as emoções mais comuns – por exemplo, a ira inclui a frustração, a irritação, a
preocupação, a raiva e o ressentimento.
Este modelo inclui três famílias de emoções consideradas positivas – felicidade, excitação e afeto –
bem como três consideradas negativas – medo, ira e tristeza. De realçar que, a classificação destas
emoções como negativas apenas significa que elas são percecionadas como negativas. Todas as
emoções fornecem-nos informação sobre nós próprios e o nosso ambiente; o facto de experimentarmos
emoções negativas não significa que nos sintamos negativos. Em geral, é mais importante saber qual a
família de emoções que estamos a vivenciar, do que o grau em que a estamos a experimentar.
No entanto, para as necessidades de aplicação da inteligência emocional à gestão de equipas, é
suficiente considerar as seis emoções acima descritas.
Mas o que é afinal a inteligência emocional? Muito se tem escrito sobre o tema, no entanto, podemos
considerar que ela está relacionada com “conhecer e administrar as nossas emoções e as dos outros,
com o objetivo de melhorar o desempenho”.
David Caruso e Peter Salovey, definiram as quatro competências emocionais que um gestor
emocionalmente inteligente deve possuir:
- Identificar a emoção – as emoções contêm informação crítica;
- Compreender a emoção – as emoções seguem um padrão lógico, se soubermos como olhar
para elas;
- Gerir a emoção – não é possível ser-se eficaz sem a sabedoria das emoções;
- Usar a emoção – emoções diferentes ajudam de diferentes modos a formar o pensamento.
As emoções são como o nosso radar pessoal, fornecendo-nos um fluxo constante de informação
acerca de nós próprios, dos membros da nossa equipa e do nosso ambiente. Quando estamos em
contacto com as nossa emoções e somos capazes de acedê-las, podemos alavancar essa informação e
tomar melhores decisões. As emoções proporcionam-nos um sentido intuitivo daquilo que
necessitamos de fazer a seguir.
Modelo de IE de Goleman
Autoconsciência Autogestão
- Autocontrolo emocional
- Autoconsciência emocional - Transparência
Pessoal - Auto-avaliação precisa - Adaptabilidade
(o que eu vejo) - Autoconfiança - Sucesso
- Iniciativa
- Otimismo
Consciência social Gestão de relacionamentos
- Inspiração
- Empatia - Influência
Social - Consciência organizacional - Desenvolver outros
(o que eu faço) - Serviço - Catalisador de mudanças
- Gestão de conflitos
- Trabalho em equipa e colaboração
- Competências de gestão – atributos que uma pessoa manifesta ao lidar com relacionamentos. As
aptidões pessoais, ou “ferramentas pessoais” usadas para alcançar uma liderança eficaz, incluem a
comunicação, a gestão de conflitos, a negociação e o desenvolvimento da equipa.
Uma boa auto-avaliação permite que o líder saiba quando pedir ajuda e conheça os pontos
fortes a cultivar.
- Autogestão – consigo gerir as minhas emoções e o meu comportamento, para obter um resultado
positivo?
Autodomínio – Os líderes com autodomínio emocional sabem gerir as suas próprias emoções
perturbadoras e os seus impulsos, canalizando-os de forma útil. Um sinal de autodomínio é o
líder ser capaz de ficar calmo e clarividente em situações de tensão ou de crise – e não se deixar
abater em situações difíceis.
Transparência – Os líderes transparentes vivem os seus próprios valores. A transparência – ser
franco com os outros sobre sentimentos, crenças e ações – leva à integridade. Os líderes com
esta capacidade admitem abertamente erros ou falhas e encaram de frente o comportamento
pouco ético dos outros, em vez de fingirem não o ver.
Capacidade de iniciativa – Os líderes com o sentido da eficácia – sabem controlar o seu próprio
destino – têm grande capacidade de iniciativa. Aproveitam as oportunidades – ou criam-nas -,
em vez de ficarem à espera. Não hesitam em passar por cima da burocracia ou das regras
sempre que seja necessário criar melhores possibilidades para o futuro.
Espírito de serviço – Os líderes com elevado espírito de serviço estimulam climas emocionais
em que as pessoas que têm contacto direto com os clientes e os fornecedores cultivam
adequadamente essas relações. Acompanham cuidadosamente os níveis de satisfação dos
clientes e dos fornecedores para garantir que estes são servidos adequadamente. Estão
pessoalmente disponíveis sempre que seja necessário.
- Gestão de relacionamentos – consigo gerir a interação que tenho com outro(s), de forma construtiva
para alcançar um resultado positivo?
Influência – A capacidade de influência de um líder vai desde a aptidão para encontrar os temas
apelativos adequados a cada um dos interlocutores até à capacidade para conquistar a adesão
dos outros e constituir redes que apoiem as iniciativas. Os líderes com poder de influência são
persuasivos e cativantes quando se dirigem a grupos de pessoas.
Capacidade para desenvolver os outros – Os líderes que apoiam o desenvolvimento dos outros
mostram interesse genuíno relativamente às pessoas que orientam e compreendem os seus
objetivos, as suas forças e as suas fraquezas. Dão atempadamente feedback construtivo e são,
por natureza, bons mentores e conselheiros.
Catalisador da mudança – O líderes que catalisam a mudança são capazes de reconhecer a
necessidade de mudança, desafiam o status quo e defendem coerentemente a nova ordem.
Mesmo face a forte oposição, defendem convincentemente a mudança e apresentam-na de
forma apelativa.
Gestão de conflitos – Os melhores líderes na gestão de conflitos têm capacidade para atrair
todas as partes envolvidas, para compreender as várias perspetivas e para encontrar um ideal
comum que todos apoiem. Trazem os conflitos à luz do dia, reconhecem os sentimentos e as
opiniões de todas as partes e, depois, canalizam a energia para um ideal comum.
Espírito de colaboração e de equipa – Os líderes com espírito de equipa geram uma atmosfera
de colegialidade amistosa e são modelos de respeito pelos outros, de espírito de ajuda e de
aptidão para a cooperação. Atraem os outros para uma participação ativa, entusiástica e
empenhada no esforço coletivo e cimentam a identidade e o espírito do grupo. Ocupam-se da
formação e fortalecimento de relações próximas que vão para além das obrigações de trabalho.
Um gestor estará interessado, sobretudo, na aplicação da IE nos seus projetos. Numa equipa, onde o
ambiente seja pautado pela compreensão e o uso “correto” de emoções, terá certamente resultados
mais previsíveis de maior sucesso.
Mas como fazer os nossos pensamentos, alterações fisiológicas e comportamentos trabalharem a nosso
favor? Quatro ações voluntárias e determinadas são necessárias:
- Dominar os próprios pensamentos – é importante ter em mente que são os nossos próprios
pensamentos, alterações corporais e comportamentos que comandam as nossas respostas emocionais,
não as ações de outra pessoa ou um evento externo.
A importância de olharmos para os problemas desta forma consiste em vermos que eles constituem
uma situação normal da vida. Nem sempre conseguimos escolher a forma mais eficaz de lidar com as
situações e isto significa que criamos problemas. O modo como fazer desaparecer um problema, é
descobrir a melhor forma de resolver a situação que o originou, isto é resolução de problemas.
A comunicação é uma condição sine qua non da vida social e organizacional. Sem comunicação não
pode haver organização, gestão, cooperação, motivação, etc.
De facto, uma organização é simplesmente uma rede comunicacional, se falha uma parte da estrutura
organizacional falha igualmente.
A ausência de uma comunicação eficaz no seio da organização conduz a deficiências de trabalho
graves, contribui para confusão e boato que se traduzem na maioria das vezes em situações de conflito
organizacional, grupal e inter-relacional.
De seguida são apresentados alguns conceitos importantes que deverão ser tidos em conta quando se
comunica.
Sentido geral – Característica essencial de todo o organismo vivo, através do qual se estabelece
relações de interdependência quer para a sua sobrevivência, quer para o desenvolvimento da sua vida
social.
• Planeamento
• Controlo
PLANEAMENTO
• Ter objetivos específicos;
• Anotar os detalhes;
CONTROLO
• Conseguir a atenção do ouvinte;
• Fazer a comunicação de maneira lógica;
• Prestar atenção;
- Aquele que se afirma desenvolve a sua capacidade de se relacionar com o mundo e privilegia a sua
responsabilidade individual.
! Coloca as coisas muito claramente às outras pessoas, negociando na base de objetivos precisos e
claramente determinados;
! Estabelece com os outros uma relação fundada na confiança e não na dominação nem no calculismo.
- Quando se é criticado;
- Quando se pretende desmascarar uma manipulação.
Ao agir desta forma, o indivíduo mantém o seu equilíbrio psicológico e favorece o bom clima, quer no
ambiente de trabalho assim como no familiar.
O indivíduo que toma esta atitude é autêntico e ao expressar os seus sentimentos ele:
- Abstém-se de julgar e fazer juízos de valor sobre os outros;
- Não utiliza mímica ou entoação opostas ao que diz por palavras;
Implica:
- o respeito do indivíduo por si próprio, ao exprimir os seus gostos, interesses, desejos e direitos;
- o respeito pelos outros, pelos seus gostos, ideias, necessidades e direitos.
✓ Envolver-se no confronto
As partes mais envolvidas no problema têm de saber selecionar o momento mais adequado para se
encontrarem. Aqui cada uma das partes deverá dizer concretamente em que medida o problema o está
a afetar e como gostaria de o ver resolvido.
Tornar o problema ou situação clara permitirá chegar a uma situação satisfatória para ambas as partes.
✓ Escutar
Implicar a escuta ativa na negociação de um conflito, será a forma mais eficaz de tentativa de
entendimento entre as partes.
✓ Resolver o problema
Aqui todas as soluções devem ser ponderadas, seguindo-se a apresentação de argumentos com o
intuito de serem analisados ao pormenor com o objetivo de se chegar à solução mais viável para o
problema.
FACHADA, Maria Odete (1998) – Psicologia das Relações Interpessoais; Lisboa; Edições Rumo.