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2014
INTRODUÇÃO
O fator determinante que me fez tomar a decisão de escrever a série "1001 dicas de Pronto-
socorro", com 4 volumes, foram as “besteiras” que fiz quando comecei a fazer plantões.
Desconhecia totalmente “a rotina” de um médico de Pronto-socorro!
Se eu tivesse tido uma orientação, por menor que fosse, teria errado bem menos e passado menos
vergonha por não saber, sequer, fazer certa uma simples exérese de unha, uma sutura, prescrever
um medicamento, fazer um pedido de exame, realizar pequenos procedimentos cirúrgicos, etc.
Chamei a enfermeira mais antiga, e lhe fiz humildemente a seguinte pergunta: Como você acha que o
professor resolveria esse caso? Imediatamente ela começou a me ensinar tudo, passo a passo.
É óbvio que ela nunca tinha feito tais procedimentos, mas havia presenciado tantos, que sabia
exatamente como resolvê-los. Comecei a respeitá-la também quanto aos seus conhecimentos. Antes,
eu a considerava apenas uma companheira de trabalho.
Achava que apenas trabalhávamos juntos, mas nossas funções eram diferentes: eu era o médico, e ela
era a enfermeira. No PS isso não existe. Estamos no mesmo barco, e é assim que o barco navega em
qualquer lugar do Brasil!
Não são todos os médicos que podem. Só os preparados. Ser médico plantonista é ter coragem
acima de tudo, principalmente aqui em nosso País onde tudo é difícil e complicado.
A dificuldade começa na Faculdade, quando não temos Ensino suficiente para termos autoconfiança
para atender bem um paciente, principalmente no Pronto-socorro quando não nos deixam fazer nada,
só olhar. Alguns dizem que estou errado, mas a realidade é essa, doa a quem doer.
A complicação começa no local de trabalho, completamente diferente do que nós vimos no Hospital-
escola (quando existe).
Não estou aqui fazendo qualquer crítica, mesmo porque, não tenho esse direito. Já presenciei médico,
literalmente, fugindo do plantão e mesmo assim não o critiquei porque sei como é difícil… E muito!
Talvez isso pudesse ter sido evitado, se o tal médico tivesse um mínimo de formação voltada para o
paciente de Pronto-socorro.
É o que pretendo com essa série de E-books. NÃO IMPORTA SUA IDADE OU EXPERIÊNCIA -
NÃO DESISTA!
Por outro lado, acho um absurdo o fato de médico que nunca fez um plantão de PS (geralmente é
especialista em alguma coisa), quando é chamado ao PS para um parecer (a famosa retaguarda),
maltrate o plantonista em todos os sentidos, tendo como escudo o pouco que sabe da sua
especialidade.
ESPERO QUE ENTENDAM QUE O OBJETIVO DESSE LIVRO NÃO É ENSINAR MEDICINA!
VOCÊ JÁ É MÉDICO! ALGUNS LEMBRETES FORAM INSERIDOS (em todos os volumes) PARA
FACILITAR A COMPREENSÃO DAS DICAS!
Este volume contém dicas verdadeiramente valiosas, numa linguagem simples, fáceis de memorizar,
mas são de muita importância no Pronto-socorro e na UPA:
6-Como fazer pequenas cirurgias: suturas, reparação de ferimentos atingindo nervos ou vasos,
tenorrafia, retirada de lipoma, retirada de cisto sebáceo; exérese de verrugas e outras lesões de pele;
7-Como um médico retira um berne (larva da mosca dermatobia hominis);
ACLS e ATLS
Todo médico que queira fazer plantões em Pronto-socorro ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA),
como quer o Governo, deve fazer esses cursos.
Como tudo no Brasil é pago, resolveram terceirizar e cobrar (muito) do médico a aquisição desses
conhecimentos, como se os médicos fossem usá-los em seus consultórios para auferirem lucros.
Será que nunca vão entender que esse conhecimento sempre será direcionado ao atendimento de
urgência/emergência da população em geral, e deve ser considerado um bem público?
Será que nunca vão entender que o ACLS ou ATLS deve ser considerado obrigatório no “revalida”?
Será que nunca vão entender que o ACLS ou ATLS não deve ser considerado um curso, e sim um
programa curricular obrigatório? Pensem, e me deem a resposta quando puderem ou souberem.
Não é possível aprender o ACLS ou ATLS em único curso! Faça vários, até entender toda a dinâmica
do Curso. Quem disse que fez uma vez e aprendeu tudo, mentiu…!
Digo isso porque muitos médicos, mesmo após terem feito esses cursos, me fazem perguntas
diversas, mas uma me chamou a atenção: Você pode me ensinar a intubar? Imediatamente eu
respondi com outra pergunta: “Ao vivo e a cores”? De todo o Curso, você só não sabe isso? Para
minha surpresa, a resposta foi “sim”.
Como um dos objetivos do "1001 DICAS" é esse, vamos em frente:
Em primeiro lugar, gostaria de salientar que não há como ensinar a intubar (segundo o Caldas Aulete,
“entubar” também está certo) “ao vivo e a cores” por vários motivos; o principal é que eu precisaria
estar junto de você quando aparecesse um caso no PS que realmente necessitasse desse
procedimento.
Em segundo lugar, eu tentaria intubar o mais rapidamente possível, e não poderia perder tempo
ensinando você, com risco de perder o paciente.
Em terceiro lugar, enquanto eu estivesse tentando intubar, você não iria ver e nem entender nada
porque a visão de quem está intubando é muito restrita, e não dá para parar e mostrar o que se está
fazendo, com risco de perder a manobra.
A manobra que se faz para intubar um paciente de Pronto-socorro é bem diferente do que um
anestesista faz para uma cirurgia eletiva. Muito diferente, por motivos óbvios! Portanto, ninguém
pode ensinar você a intubar um paciente de PS, nem um anestesista! Você tem que aprender
sozinho!
Imagine um paciente de PS que já chega na pior condição física possível, nível de saturação de
oxigênio baixo e caindo cada vez mais, etc.
Você está sozinho no plantão e se ele não for intubado rapidamente, morre! O que você precisa saber
para, pelo menos, tentar intubar? As dicas são:
1ª-Uma base teórica forte, fortíssima, do procedimento (esta é a principal dica). Você deve sempre
se imaginar fazendo uma intubação seguindo essas dicas.
2ª-Colocação de um coxim (existe coxim específico, mas não são todos os PS que têm. Se não tiver,
improvise com travesseiro, etc.) interescapular, mais ou menos ao nível de T1 (primeira vértebra
torácica) para fazer a extensão moderada do pescoço. Se você estender demais, vai estreitar, mais
ainda, a orofaringe.
3ª-Com a mão esquerda, tracione a ponta da língua utilizando gazes abertas para não escorregar,
num movimento conjunto com a lâmina curva e comprida do laringoscópio que está sendo dirigida
pela sua mão direita, forçando a base da língua para cima e para o lado esquerdo.
Quando a língua estiver bem tracionada para fora e para a esquerda, solte a ponta da língua e segure
o conjunto todo (gaze, lâmina e língua) com a mão esquerda.
Não segure só pelo cabo do laringoscópio porque vai escapar tudo, e você terá que começar tudo
de novo.
Com a mão direita, agora livre, pegue a sonda endotraqueal (com fio guia) e com a própria
iluminação do laringoscópio, que agora está sendo dirigido pela sua mão esquerda (se necessário,
peça mais iluminação para a enfermeira, mas não afrouxe a mão esquerda), introduza-a na traqueia,
e não no esôfago que é o PRIMEIRO ORIFÍCIO A SER VISUALIZADO, por isso muitos erram aí!
A traqueia está um pouco mais anterior e para cima.
4ª-Retire o fio guia, e faça a ausculta pulmonar bilateral para ter certeza que a sonda está na traqueia
e não dentro de um brônquio (geralmente o esquerdo, devido à anatomia), e se estiver, tracione um
pouco para fora. Insufle o balão de contenção (5 a 7 ml), e pronto: VOCÊ INTUBOU! Nunca mais
você vai se esquecer de como se faz uma intubação!
Esta explicação parece um tutorial, e é! LEIA E RELEIA ATÉ MEMORIZAR. Uma pergunta a você:
Alguém consegue ensinar isso?
Muitas vezes, o próprio paciente ao dar entrada no Pronto-socorro já dá uma pista importante sobre
seu diagnóstico. Observe tudo: “fácies”, lesões de pele, claudicação, se ele está com a mão no local
da dor, seu olhar, seus movimentos… Etc.
Ao iniciar a anamnese (se possível), considerando que você já tem os dados sobre pressão arterial,
pulso e temperatura, lembre-se do que viu, e dirija sua atenção para esses pontos.
O exame físico tem que ser rápido porque você está num Pronto-socorro, e não no seu consultório
particular.
Aqui, vamos dividir o exame (bem diferente da faculdade) em cinco regiões anatômicas: Cabeça,
pescoço, tórax, abdome e membros.
CABEÇA: Simetria, lesões, abaulamentos, afundamentos, pressão intraocular (palpe levemente com
os dedos—deve ser proporcional à Pressão Arterial), pupilas e conjuntivas (hemorragia
subconjuntival sugere trauma de tórax).
TEMPO: 15 SEGUNDOS.
TÓRAX: Nunca faça a ausculta do tórax com o estetoscópio por cima da roupa do paciente. Já é
difícil sem a roupa, imagine dessa maneira.
Aproveite para observar se há sinais de traumatismos ou alguma lesão de pele, tipo hemangioma, na
região dorsal. Muitas lesões passam despercebidas pelo paciente e podem ser graves. O
Hemangioma maligno é uma delas.
Divida a ausculta em 6 pontos do tórax dorsal: superior, médio e inferior. Tórax anterior: Vá
rapidamente para os pontos de ausculta valvares, verificando ritmo (principalmente) e sopros.
Não examine como um cardiologista, e sim como médico de Pronto-socorro. O que interessa é o
momento e não o futuro! Encaminhe, depois, ao cardiologista.
TEMPO: 60 SEGUNDOS.
ABDOME: Palpar rapidamente todos os órgãos como aprendeu na Faculdade. A ausculta é
obrigatória. NÃO SE ESQUEÇA de palpar e auscultar a aorta abdominal. Muitos pacientes chegam
com dor consequente à rotura da aorta por aneurisma. O fim vocês já sabem!
TEMPO: 60 SEGUNDOS.
MEMBROS: Verificar pulso, temperatura local, mobilidade ativa e passiva. Exame neurológico só
se o caso exigir, não deve ser prioridade. Encaminhe para o neurologista, depois! TEMPO: 15
SEGUNDOS.
Note bem: estas condutas não são estanques, podem e devem ocorrer ao mesmo tempo. Exatamente
por isso que ser médico plantonista não é para qualquer um!
Esta é uma pergunta que quase todos os médicos plantonistas, iniciantes ou não, fazem. Os aparelhos
de RX diferem quanto ao tamanho e à potência (50 mA, 500 mA etc.). Quanto maior a potência,
maior a nitidez da imagem. Alguns só fazem extremidades. No PS geralmente é o menor, quando tem!
Considere, para efeito didático, dois elementos: Um emissor de raios-X e um receptor (filme).
Tipos:
RX contrastado: Geralmente com Bário (uso oral) e com compostos iodados (uso endovenoso).
PA=Póstero-anterior
T=Tangencial
A=Axial
RX (PA): Os raios-X entram pela região posterior (paciente em posição anatômica) e saem pela
região anterior, sensibilizando o receptor (filme) que está encostado na região anterior.
Como a região posterior está “mais distante do filme” sua imagem aparecerá ampliada.
Exemplo: Se você quiser visualizar os pulmões, deve pedir incidência em PA e não em AP, porque
desta maneira os pulmões estarão “mais distantes” do filme e a imagem aparecerá ampliada. Em PA,
as costelas posteriores também aparecerão ampliadas.
RX (AP): Exatamente o inverso de PA.
Como fazer o pedido: Num receituário comum escreva o nome do paciente, e mais abaixo, o tipo de
exame que você quer:
Exemplos:
RX de Tórax (PA + P)
RX de Crânio (AP + P)
RX de coluna cervical (AP + P) ou (AP + P +OD +OE) + AP com a “boca aberta” para visualizar a
apófise odontoide. Muitas fraturas dessa vértebra passam despercebidas, com consequências
desastrosas.
RX do sacro (AP + P)
RX dos seios paranasais (NM+FN). NM=apoio da cabeça (sobre o filme) no nariz (naso) e queixo
(mento). FN=apoio da cabeça no osso frontal (fronto) e no nariz (naso). A incidência é, obviamente,
sempre PA.
*Sempre pedir incidência em perfil. Algumas patologias só podem ser vistas no perfil.
*Perfil direito ou esquerdo? Depende de qual imagem você quer ver ampliada.
Nunca escreva: RX dos pulmões. Os motivos são óbvios: os pulmões estão dentro do tórax, e não
há como isolar o resto das estruturas que também são visíveis ao RX. Nunca escreva RX da tíbia,
RX do rádio, RX da cabeça, etc. Exceções: calcâneo, fêmur, e clavícula.
RX Tangencial: incidência mais usada para visualizar estruturas que podem ficar sobrepostas
dificultando o diagnóstico, exemplo: fratura de clavícula.
Exemplos:
RX contrastado EED = do esôfago, estômago, e duodeno.
RX Enema opaco= enema usando geralmente o bário como contraste para visualizar o reto, sigmoide
e parte do intestino grosso.
RX Deglutograma= Estudo radiológico usando contraste iodado (geralmente) via oral para
diagnosticar disfagia orofaríngea.
RX de crânio (AP+P)
RX dos seios da face (NM+FN+P) = naso-mento, fronto-naso e perfil (para visualizar melhor o seio
frontal).
RX de bacia (AP): não existe perfil de bacia. Em casos especiais, uma oblíqua.
RX de coxa (AP+P).
RX de perna (AP+P).
RX de joelho (AP+P) - existe a incidência para túnel intercondíleo em casos especiais (visualização
de “corpo livre intra-articular”, fratura de côndilo femoral, hemartrose com AP+P normais, etc.).
RX de tornozelo (AP+P).
RX do braço (AP com Rotação interna(RI) e AP com rotação externa(RE))-não existe perfil.
RX do cotovelo (AP+P).
RX do antebraço (AP+P).
RX do punho (AP+P) ou (AP+P+O) - para visualizar melhor os ossos do carpo. A oblíqua é feita
com o punho na posição do ato de escrever.
Para toda medicação há uma reação—lembre-se sempre disso. O melhor medicamento é aquele
que você tem experiência em usá-lo!
Acho constrangedor para o paciente, escrever “Uso retal” ou “Uso vaginal”, por exemplo.
Prefiro escrever e explicar a maneira de usar. Também escrevo na seguinte ordem: primeiro os
injetáveis, depois os de via oral, por último os de uso retal, e os tópicos.
EXEMPLOS DE RECEITA: Para o Sr (a): ABC
Uso externo
Pingar 2 gotas no olho direito 3 x (ou vezes) por dia... por 10 dias
XYZ 150 mg supositórios.................................... 1 cx.
Aplicar 1 x à noite
Uso interno
Note que essa receita é autoexplicativa, não há necessidade de constranger o paciente usando duas
vezes a mesma palavra. Curiosidade: Pacientes do sexo feminino preferem balconistas da farmácia
também do sexo feminino. ESTAMOS NO BRASIL!
NO CAMPO “posologia”: escreva a dose diária. Exemplo: 1 comp., VO, 3 x (vezes) por (ao dia)
dia. Circule a via de ministração. Não escreva mais nada.
NO CAMPO “assinatura do emitente”: coloque seu carimbo e assine, mesmo que no campo
“Identificação do emitente” esteja impresso o nome do Hospital.
1-campo fechado;
2-campo fenestrado;
3-luvas esterilizadas,
4-fio absorvível;
5-fio inabsorvível tipo mononylon ou equivalente, nºs 000,0000,00000: 3-0, 4-0, 5-0 (leia 3 zero,4
zero,5 zero), com agulha traumática (secção triangular). Com agulha atraumática (secção cilíndrica)
só em alguma eventualidade;
9-soro fisiológico;
11-porta-agulhas;
17-foco de luz.
1-FERIMENTO CORTANTE.
2-FERIMENTO CORTO-CONTUSO.
3-FERIMENTO LÁCERO-CONTUSO.
Coloque luvas esterilizadas, aplique o degermante com uma ou duas compressas de gaze no local que
você pretende aplicar a anestesia, aplique o anestésico (não use com vasoconstritor em
extremidades), e a seguir lave bem o ferimento com água corrente e sabão líquido. Se não for
possível, lave com soro fisiológico (não economize soro).
Troque de luvas, aplique novamente o degermante, coloque primeiro o campo fenestrado (para isolar
a microárea), a seguir coloque os campos fechados para isolar toda a área que achar necessária para
evitar contaminação. Prenda os campos com Bakaus.
Verifique se a área está anestesiada, se não, complete a anestesia (utilize sempre a menor quantidade
possível de anestésico—lembre-se de que ele será absorvido).
Examine com a ponta dos dedos se existe mais alguma coisa que você não viu, por exemplo:
ferimento na cabeça com afundamento do crânio, corpo estranho, etc.
Examine o ferimento, sempre com o foco de luz, para determinar a extensão e se atingiu planos
profundos ou alguma estrutura “nobre”: vasos, tendões, nervos, e ossos. Não se esqueça de palpar o
fundo do ferimento!
A- FERIMENTO SUPERFICIAL:
Faça sutura simples com pontos separados utilizando o fio mononylon com agulha triangular
(traumática) (o calibre do fio é medido em ordem inversa, quanto maior o número, menor é o calibre)
que você acha que terá uma boa resistência. Exemplos: Ferimento na face: mononylon 00000(ou 5-0).
Outros locais: mononylon 0000 (ou 4-0) ou 3-0 (000).
Sutura simples tipo Donatti (este tipo é considerado isquemiante, e como abrange uma área maior,
deve ser usado). Não aperte muito, apenas o suficiente para manter uma boa aproximação das bordas
teciduais. O objetivo da sutura é APROXIMAÇÃO PERFEITA e não AMARRAÇÃO! O processo de
cicatrização completará seu trabalho, não se preocupe!
Neste caso, obviamente a fáscia muscular foi cortada, suture-a com fio inabsorvível com pontos em
“U”, apertando até que haja boa aproximação das bordas do músculo.
NÃO FAÇA NADA, chame um neurocirurgião que fará a neurorrafia (bainha ou funicular). No caso
de ferimento na mão, um ortopedista cirurgião de mão, poderá fazê-la.
SE VOCÊ PRECISAR FAZER A NEURORRAFIA (por você e o paciente, não terem alternativa)
faça da seguinte forma:
Dê 2 pontos cardeais na bainha seguindo o “vasa nervorum” como referência para que os funículos
fiquem alinhados.
Não corte os fios. Inverta os fios e tracione-os para rodar a bainha. Dê mais dois pontos, sempre
seguindo o “vasa nervorum”.
Feito isso, complete a sutura usando mononylon 5-0 ou 6-0 com agulha cilíndrica (atraumática),
pontos em “U”.
Pelo menos se evita o “neuroma”, e tudo ficará mais fácil se o neuro cirurgião precisar refazer.
Só a sutura da bainha (bem realizada) em nervos com calibre maior como o N.radial, N.ulnar,
N.mediano, etc., é suficiente para a recuperação total do nervo!
A- ARTERÍOLAS: Faça a ligadura com fio inabsorvível, dê um ponto transfixante (a agulha penetra
transversalmente na arteríola) como garantia de que a ligadura não irá se soltar. CERTIFIQUE-SE de
que não haverá comprometimento da irrigação. EXEMPLO: a artéria digital NÃO É UMA
ARTERÍOLA.
B- ARTÉRIA: Duas vias de acesso com abbocath de maior calibre possível, para Soro Fisiológico,
etc. Chame o cirurgião vascular.
Enquanto espera, se não tiver a pinça bulldog, pare a hemorragia da seguinte forma: Corte 2 (dois)
pedaços do equipo de soro, encape as pontas de um Kelly e faça a hemostasia sem apertar muito,
apenas o suficiente (a pressão exercida tem que ser ligeiramente maior que a pressão arterial). Os
pedaços do equipo evitam traumatizar a artéria.
O garroteamento usando esfigmomanômetro pode ser uma alternativa, mas por pouco tempo.
Obs. Se a artéria atingida for de grande calibre, como a ARTÉRIA FEMURAL, por exemplo, trata-
se de uma emergência e só existe uma alternativa: a compressão digital. Coloque rapidamente
uma luva, introduza o dedo no local do ferimento e comprima a artéria até bloquear o
sangramento. Se não conseguir, amplie o ferimento sem anestesia mesmo, pois esta é a última
chance que o paciente terá para sobreviver. O cirurgião vascular decidirá o que fazer depois.
3: FERIMENTO LÁCERO-CONTUSO
Procedimento inicial igual ao tipo anterior (procedimento padrão). Como neste tipo as bordas são
irregulares, você tem que suturar dando uns pontos “cardeais” para definir uma reconstrução como se
fosse um quebra-cabeça.
Procedimento inicial igual aos outros (procedimento padrão). Obviamente, se houver grande perda
é necessária a presença de um cirurgião plástico e outros. Não é um caso para você, se tiver
retaguarda.
Se não tiver, faça a aproximação dos tecidos da melhor maneira e depois encaminhe com cobertura
antibiótica.
Coloquei este item visando uma lesão que ocorre muitas e muitas vezes num Pronto-socorro, e o
médico plantonista tem enorme dificuldade.
Esta lesão, a princípio, não tem como ser reparada a não ser que você utilize uma técnica simples de
ROTAÇÃO DE RETALHO chamada VY.
Você faz uma incisão em “V” na polpa digital que sobrou, com a ponta do “V” voltada em direção à
prega digital distal e a parte de cima do “V” vai ficar alinhada com a parte que sobrou da unha.
Descole, um pouco, esse retalho com a ponta do bisturi (em ângulo de 45º) até você conseguir
suturar este retalho na unha com mononylon 3-0.
Faça a sutura do que sobrou do “V” com mononylon 4-0. Observe que a sutura terá a forma de um
“Y”, por isso: “VY”.
5: FERIMENTO DESCOLANTE
Procedimento inicial padrão. Este tipo de lesão geralmente descola uma área grande do tecido
celular subcutâneo.
Neste caso você tem que deixar a lesão totalmente limpa, lave bem com soro fisiológico para retirar
restos de sangue. Retire todo o tecido necrosado, faça a hemostasia e suture sem deixar “espaço
morto”, portanto, comece aproximando com pontos separados usando fio absorvível de dentro para
fora: aproxime as partes mais profundas até chegar ao plano da pele.
Faça sutura da pele com Donatti simples para dar mais resistência, mas deixe o maior espaço
possível entre eles para facilitar a drenagem e absorção pelo algodão.
O curativo é muito importante. Tem que ser do tipo compressivo, utilizando gazes, algodão hidrófilo
sobre as gazes e atadura de crepe.
A compressão é feita pela quantidade de algodão e gazes que você coloca, e não pelo aperto na
atadura de crepe.
Não use algodão ortopédico, não é hidrófilo.
A área que foi descolada precisa ficar pressionada para não acumular líquido seroso e sangue, e
evitar complicações.
O médico plantonista sempre pede ajuda a um ortopedista. Em muitos lugares do Brasil não há
ortopedista. O que fazer?
Anestesia local. Observe atentamente se o periósteo foi atingido, e se houve fratura não deixe parte
do periósteo se interpondo no foco da fratura. Se necessário, amplie (em “Z”) o ferimento para
visualizar melhor porque isso é muito comum.
Aproxime (se possível) com 1 ponto “em U” as bordas do periósteo com fio absorvível. Não utilize
fio inabsorvível (mononylon) porque o periósteo é uma estrutura que causa dor (o fio inabsorvível
vai funcionar como corpo estranho). Essa é uma das causas de dor crônica que impedem a
fisioterapia, e acaba trazendo rigidez articular.
Faça a tenorrafia (sutura de tendão) utilizando mononylon 5-0, pontos pequenos em “U” sem apertar
muito porque o tendão extensor não é submetido a tensões exageradas, realiza apenas a extensão do
dedo.
Faça um teste, movimentando passivamente o dedo para ter certeza que o tendão não está aderido ao
periósteo. Sutura da pele com mononylon. Resumindo: São feitas 3 reparações cirúrgicas distintas
(periósteo, tendão e pele). Imobilização com férula de alumínio.
EXEMPLO 2: Ferimento cortante na região anterior da mão (palma da mão) com lesão de tendão
flexor.
Obs. Todas as lesões dos tendões flexores são difíceis de serem reparadas. Existe até um diagrama
da mão onde se podem ver os locais de maior dificuldade devido a sequelas (a bainha adere ao
tendão e ocorre impotência funcional, com perda total ou parcial do movimento). Esse é um dos
motivos de existir a especialidade “cirurgia da mão”.
Como nem sempre (quase nunca) é possível contar com essa especialidade, resolvi escrever este
artigo e espero seja de muita utilidade.
Geralmente o periósteo não é atingido, mas se for, deixe como está! Não faça nada.
TENORRAFIA: Como se trata de um tendão que é submetido a fortes tensões, como todo tendão
flexor (por isso é contido por uma bainha), é bem possível que você tenha muita dificuldade em
encontrar a parte proximal, porque esta foi rapidamente tracionada pelo músculo
correspondente, mas sempre dentro da bainha.
Amplie o ferimento, se necessário, em “Z”. Movimente passivamente o dedo e o punho (ao mesmo
tempo), fazendo flexão total. A parte proximal do tendão vai se aproximar da abertura da bainha feita
pelo ferimento.
Fixe a parte proximal com uma agulha descartável, transfixando transversalmente tudo, inclusive a
bainha.
Com um Kelly pequeno, prenda a parte proximal do tendão, o mais perto possível da rotura, sem
apertar muito.
Retire a agulha, tracione um pouco e torne a fixar o tendão com a agulha descartável.
Estando agora as duas partes visíveis e sem tensão entre elas, faça a tenorrafia usando mononylon 5-
0 com 2 agulhas (uma agulha em cada ponta).
Utilize dois fios, um para cada parte do tendão. Comece com a parte proximal.
Remova as agulhas presas aos fios, e amarre os fios correspondentes das partes (proximal e distal)
com nós cirúrgicos aproximando bem as duas partes.
Faça um reforço na Tenorrafia com 2 pontos pequenos em “U”, usando mononylon 5-0 ou 6-0. Retire
a agulha descartável.
Faça um teste da tenorrafia, movimentando passivamente o dedo. Suture a bainha com mononylon 5-0
ou 6-0. Sutura da pele com mononylon 4-0. Curativo simples. Imobilização do dedo com tala gessada
(no antebraço, mão e todos os dedos) por 10 dias. Movimentação ativa precoce. Toxoide tetânico.
Antibióticos.
NOTA: Para todos os tendões de outras regiões anatômicas o procedimento é o mesmo, devendo-se
guardar as devidas proporções entre os materiais a serem utilizados, e o tempo de imobilização. Por
exemplo: Tenorrafia do tendão de Aquiles - mesmo procedimento utilizando fios de grosso calibre:
mononylon zero ou 2-0, mersilene, seda ou equivalente. Tempo de imobilização gessada: mais ou
menos 4 semanas. Uso de muletas por 2 meses. Início de fisioterapia após 4 meses. Outro exemplo:
Tenorrafia do tendão flexor do carpo: mesmo procedimento, fio mononylon 4-0, imobilização por 3
semanas, movimentação ativa por mais 2 semanas.
Os tempos de imobilização são estimados, pois podem variar de acordo com gravidade da lesão
(corte ou laceração), e com a resistência da sutura (tenorrafia).
Exérese de lipoma ou cisto sebáceo não são casos de PS, mas por um problema socioeconômico,
somos impelidos a fazê-la.
Faça anestesia local apenas da pele (fazendo “botões anestésicos”) em cima do tumor, não injete
anestésico no lipoma!
Faça uma incisão reta com bisturi de lâmina 15, do tamanho exato do lipoma, ou um pouco menor,
bem em cima do tumor como se fosse dividi-lo ao meio, sempre no sentido das linhas de força da
pele para que não haja tensão exagerada no local, com a movimentação do corpo.
Como este tumor não é encapsulado, basta divulsionar com um Kelly curvo e ele se solta facilmente.
Ocasionalmente, um kocher pode ser usado para tracioná-lo enquanto divulsiona. Sutura com
mononylon 4-0. Cuidado para não deixar espaço morto. Curativo simples.
Deixe este fragmento elíptico de pele, aderido ao cisto (isso vai evitar o rompimento deste).
Divulsione um pouco, e depois prenda com um Kelly (não use kocher, pode perfurar o tumor) o
fragmento elíptico de pele aderido ao tumor subjacente.
Tracione-o desta maneira até descolá-lo por divulsão dos planos profundos. Por se tratar de tumor
encapsulado evite romper a cápsula, por isso não tenha pressa!
Note que o excesso de pele foi retirado junto com o tumor, assim não há necessidade de correção.
Curativo simples.
2-É obrigatório retirar no mínimo 2(dois) milímetros de pele normal como margem de segurança.
Anestesia local, incisão elíptica, retirar toda a lesão (não descole do plano inferior! Retire “em
bloco”). Pontos simples. Curativo simples.
Toda lesão de pele, a princípio, deve ser enviada para Exame Anatomopatológico, a não ser que
você ache desnecessário: Coloque a peça num frasco de boca larga contendo solução de formalina a
10% (você pode preparar esta solução: 100 ml de formalina pura comercial e 900 ml de água da
torneira).
Esta solução obrigatoriamente tem que ter um volume de, no mínimo, 10 (dez) vezes maior que a
peça.
Identifique o frasco com: nome do paciente, região anatômica da qual foi retirada, data, e hora. Envie
imediatamente para o laboratório de anatomia patológica.
Em pacientes adultos, a anestesia pode ser dispensada a pedido do paciente, mas é melhor não
dispensar.
É óbvio que você vai optar pela segunda opção, que é a correta.
Construa um gancho cortante utilizando uma agulha descartável (tamanho proporcional à região, neste
caso: agulha 25x7 ou menor). Com um Kelly reto, dobre a ponta cortante (bisel) da agulha até atingir
90 ou 100 graus. Se a ponta quebrar, continue tentando ou troque de calibre.
Proteja os olhos do paciente com várias compressas de gaze, fixe-as com esparadrapo.
Segure a agulha com a mão direita. Segure a lesão com dois dedos da mão esquerda.
Introduza, delicadamente, essa ponta cortante dentro do orifício, e depois corte a pele (sempre
obedecendo às linhas de força) tracionando de dentro para fora, sempre pressionando levemente
com a mão esquerda.
Cuidado para não atingir o berne. Siga alargando o orifício até que você visualize uma parte do
berne, aí então, com uma leve pressão com a mão esquerda, o berne ficará parcialmente exposto.
Com um Kelly curvo, retire-o.
Faça antissepsia do local, e não suture (como você obedeceu às linhas de força, a cicatriz será
mínima). Curativo com “micropore”. Antibióticos, se achar que deve prescrever.
COMO UM MÉDICO RETIRA UM ANZOL
Como retirar:
A retirada é bem simples: anestesia local, corte a base do anzol (onde a linha é presa) com um
alicate, e, com um porta- agulhas, termine de passar o anzol. Antissepsia, curativo simples. Toxoide
tetânico.
Obs. Se o anzol for muito grande, utilize um alicate comum de uso geral, reto, e de ponta fina (lavado
e esterilizado com “germkill”, degermante ou álcool iodado) em substituição ao porta-agulhas.
Como preparar álcool iodado: Deve ser preparado a 5%, ou seja: 50 ml de Tintura de Iodo e 950
ml de Álcool. Ainda é um excelente antisséptico!
Se o abscesso for grande introduza sempre um ou mais drenos de Penrose, deixando de fora mais ou
menos dois centímetros.
Você pode fazer vários drenos de Penrose, cortando uma luva de látex na forma de anéis com a
largura que desejar, a partir do punho da luva. Corte novamente os anéis, e você terá drenos de mais
ou menos 15 cm de comprimento.
Se o abscesso for pequeno demais, introduza uma ponta de gaze que, por capilaridade, funcionará
como um dreno e impedirá o fechamento precoce da incisão, que é a maior função de qualquer tipo
de dreno.
Antissepsia com povidine, colocação do campo fenestrado e fechá-lo um pouco usando um Bakaus,
para isolar melhor o local.
Anestesie na forma de bloqueio dos nervos digitais (troncular). Use agulha 10 x 4,5 em uma seringa
de 5 ml.
Outra forma de fazer anestesia local é a circunscrita, raramente, descrita em livros brasileiros,
mas que funciona muito bem: aplique pouca quantidade de anestésico sem vasoconstritor em 4
pontos: Base da unha, nos dois cantos e na polpa digital com introdução da agulha em direção à base
da unha (não é debaixo da unha).
Aplique lentamente o anestésico à medida que for introduzindo a agulha, até que o leito ungueal mude
a coloração de “rosa para pálido”. Esta anestesia é super-rápida, mas dura menos que a troncular.
Introduza a tentacânula com a concavidade voltada para cima para não lesar a matriz ungueal. Faça
movimentos em “leque” até descolá-la. Retire a unha usando um kocher.
Com visão direta, corte longitudinalmente, e remova totalmente a parte da matriz que você
selecionou (sem matriz, não haverá unha), usando um bisturi de lâmina 15 (não use o serrilhado de
nenhuma pinça para raspar o leito ungueal. Use a própria lâmina do bisturi, é muito mais confiável).
Cuidado para não deixar parte da matriz na base do leito ungueal, pois haverá recidiva.
O policresuleno (Albocresil), em solução concentrada, pode ser usado para remover os restos da
matriz ungueal, mas acho que este procedimento se justifica apenas em caso de recidiva, e ainda sim,
com reservas. A solução álcool-fenol também deve ser evitada.
Curativo compressivo com pomada de antibiótico para prevenir infecção, e evitar que as gazes
fiquem aderidas ao leito ungueal.
Utilizar atadura de crepe estreita para complementar o curativo. Obs. Se a atadura de crepe for larga
demais para o caso, corte-a transversalmente ao meio, com o bisturi, sem retirar da embalagem, com
tração pelas extremidades (peça para a ajudante de sala tracionar a outra ponta).
É muito frequente no PS, caso de paciente com corpo estranho localizado em lugares quase
impossíveis de se imaginar.
A maior parte deles pode ser retirada pelo médico plantonista sem maiores consequências. Alguns,
só por especialistas da área. Ouvi falar de vários casos, mas não vale comentar.
Tive a “oportunidade” de atuar em um caso raro (corpo estranho ou ferimento de tórax?): Foi o
de um paciente que deu entrada no PS com um fragmento de ferro liso, de mais ou menos 3 cm de
comprimento, do tipo que pedreiro usa, cravado no hemitórax anterior direito onde aparecia só uma
pequena parte. RX, de má qualidade, aparentemente normal.
O paciente estava lúcido, não havia sinais de hemotórax e nem de pneumotórax (por incrível que
pareça). Por um segundo, passou pela minha cabeça retirar o fragmento.
Tinha feito o seguinte raciocínio: Se o paciente está bem, por que não tirar? O fragmento não deve ter
atingido nada de importante… E se precisar, faço drenagem do pneumotórax… Naquele instante
estava deixando de ser médico, e estava agindo como um leigo que pensando no sofrimento do
paciente, queria ajudar. Acho que Deus me iluminou, imediatamente mudei de ideia, e chamei um
competente cirurgião de tórax (ainda bem que tinha um de plantão).
O paciente foi levado ao centro cirúrgico, anestesiado, e preparado. A toracotomia foi feita com o
fragmento ainda no mesmo lugar.
Com visão direta, o fragmento foi retirado e tudo complicou: hemotórax grave, hemorragia que foi
difícil de controlar, o resto vocês podem imaginar. Se eu tivesse retirado o fragmento, o paciente
fatalmente teria morrido.
Teria perdido um paciente por achar que sabia resolver. Aprendi que o pior médico é aquele que
acha que sabe!
Muitos corpos estranhos, em diferentes localizações, só podem ser retirados no Centro Cirúrgico, e
pelo especialista da área!
NO PS:
RX simples da região em (AP + P): Se o corpo estranho (geralmente projétil de arma de fogo ou
pressão) estiver no subcutâneo, retire-o. Se estiver localizado profundamente ou num grande
músculo, não faça nada.
Trate o paciente, e não o corpo estranho: tente reparar as lesões que o corpo estranho fez ao
entrar!
Com 3 fragmentos de agulha descartável, e com formas diferentes, faça uma colagem com
esparadrapo em 3 pontos diferentes ao redor do orifício de entrada. Com um fragmento de agulha,
maior um pouco e reto, faça uma colagem na região oposta (dorsal) da mão, na projeção do orifício
de entrada.
Peça outro RX da mão em AP. Você terá 4 pontos de orientação para fazer a incisão conforme o
procedimento padrão, e retirar o corpo estranho.
Nunca tente retirar fragmento de agulha de costura sem marcação pelo RX. Só utilize garrote para
evitar sangramento, se souber usá-lo.
Colírio anestésico se necessário. Use um “cotonete” embebido em soro fisiológico e tente retirar, se
não sair é porque está preso na córnea.
Coloque bastante pomada oftálmica com antibiótico, curativo com tampão, e encaminhe ao
Oftalmologista.
Obs. Se houver diminuição da pressão intraocular, pela palpação, não faça nada, coloque um tampão
e encaminhe como urgência!
Pingue várias gotas de um vasoconstritor nasal (se não tiver, improvise com uma solução de
adrenalina 1:2000), peça para o paciente assuar o nariz apenas daquele lado, retire o excesso, pingue
novamente e repita a operação até visualizar o corpo estranho. Se for pequeno, retire-o com uma
pinça articulada tipo Hartmann. Se não conseguir, não adianta continuar, encaminhe!
Muito frequente em crianças. Geralmente são grãos de alimentos, pequenas peças de brinquedos,
algodão, etc. Se conseguir visualizar retire. Caso contrário, encaminhe.
Se o corpo estranho for um inseto vivo, pingue algumas gotas de éter ou álcool, e depois o retire com
a pinça apropriada: Pinça auricular tipo baioneta LUCAE. Não use a pinça auricular articulada tipo
HARTMANN se não tiver experiência, porque você pode lesar o conduto ou o tímpano. Encaminhe!
A cefaleia é um sintoma, e não um diagnóstico! Antes de receitar qualquer medicação, todo paciente
de Pronto-socorro deve ser submetido a um exame físico simples, mas efetivo:
4-VERIFICAR PUPILAS: Anisocoria = procurar por sinais de TCE. Se não encontrar nada: Suporte
com 2 vias de acesso venoso com Abbocath 16, instalar soro fisiológico somente para manter veia.
Aplicar dexametasona 10 mg IV, e encaminhar com urgência ao neurologista.
Obs. Ultimamente, têm-se usado Haldol (haloperidol). Muito cuidado porque ele pode desencadear
uma reação extrapiramidal (descrita em outro capítulo deste livro!).
Muito frequente, muito complicado, e difícil. Complicado porque a resposta ao tratamento não é
igual para todos os pacientes, mesmo porque a doença de base nunca é a mesma, e se for, encontra-se
em estágios diferentes.
Alguns pacientes já estão em tratamento (até com alterações hidreletrolíticas), outros não! Daí a
complicação. Na verdade, o tratamento da crise hipertensiva, no PS, é baseado na prova terapêutica.
Fazer um Eletrocardiograma para saber, pelo menos, (além de outros dados importantes) se há
sobrecarga do ventrículo esquerdo. Dá uma ideia da “idade” dessa hipertensão. Desejável fazer
exame de FO (fundo de olho)! Encaminhar para o cardiologista, sempre!
Para Emergências use sempre a via venosa (Abbocath sempre). Para Urgências, via oral e
sublingual! Alguns esquemas possíveis:
3-METILDOPA: Aldomet 500 mg, 2 comp. via oral +Furosemida via oral =observar exceção.
5-NITRITO: É melhor que seja usado nos casos de angina e IAM. Não deve ser usado como
hipotensor puro.
Se a Pressão Diastólica cair demais, abaixo de 11 ou 10 mmHg há um risco enorme de AVC, e IAM
(por baixa perfusão tecidual). Se o paciente estiver em uso de inibidores da fosfodiesterase-5
(Viagra,Levitra ou Cialis) não use, pois haverá grave hipotensão. ÚNICA EXCEÇÃO: Aneurisma
dissecante da aorta! Risco: intoxicação por tiocianato, e cianeto (pouco frequente).
8-HIDRALAZINA:
Se aparecer convulsão, esta é facilmente revertida com SULFATO DE MAGNÉSIO VIA IV.
Nota: Em todos os casos que podem ser liberados, faça uma receita para casa com os mesmos
medicamentos que usou na crise moderada, mas em doses de manutenção. Se a crise ocorreu porque
o paciente parou de tomar medicamentos: sempre orientar para voltar a tomar os mesmos
medicamentos e retornar ao médico que os prescreveu.
OBS. O MÉDICO DE PS NÃO TEM ESPECIALIDADE, MAS AO MESMO TEMPO TEM QUE
ATENDER TODAS! POR ISSO, DEVE SE LIMITAR A FAZER O “POUCO NECESSÁRIO”, MAS
“BEM FEITO”. NÃO ADIANTA QUERER FAZER “TUDO” E “ERRAR FEIO”.
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INTRODUÇÃO
2-Dermatologia no PS: Síndrome de Stevens-Johnson, Psoríase, Eczema, Acne vulgar, Acne rosácea,
Herpes simples, Herpes zoster, Pediculose, Escabiose (sarna), Úlcera varicosa, Úlcera arterial,
Impetigo, Erisipela, Celulite, Furunculose, Verrugas, Varicela, Febre maculosa, Molusco contagioso,
Ectima, Ectima contagioso, Urticária (+angioedema) e Tungíase (ou Tunguíase).
3-Intoxicações medicamentosas: como usar o carvão ativado, como fazer lavagem gástrica;
5-Intoxicação alcoólica;
7-Choque anafilático—anafilaxia;
8-Cetoacidose diabética;
9-Infecção urinária—pielonefrite;
10-Grandes queimaduras;
12-Sangramento uterino;
13-Sangramento anal;
14-Epistaxe — tamponamentos.
**
É uma doença de aparecimento abrupto: dor abdominal variável em intensidade, náuseas, vômitos e
diarreia.
Exame físico do abdome: dor difusa à palpação, não há massa palpável, DB negativo e RHA
aumentados. Temperatura normal ou pouco elevada.
Tratamento no PS:
Se houver febre alta ou se os sintomas forem muito intensos, deve ser considerada a
hipótese de:
Nota: Teoricamente nenhum habitante normal, da flora intestinal de um indivíduo, pode causar
doença.
E.coli (algumas cepas) e Giardia estão presentes em quase 80% das pessoas causando diarreia ao
menor desequilíbrio da flora intestinal normal. Atualmente, a infestação por Giardia só é tratada
quando causa sintomas.
1-Reidratação oral: Receitar Sais para hidratação oral (sódio, potássio, bicarbonato/citrato e
glicose): 1 envelope diluído em 1 litro de água filtrada ou fervida.
Indicada para os casos não complicados.
Estimular a ingestão dessa solução acrescentando algum suco com sabor artificial. Pelo menos 1/3
do volume diário ingerido deve ser composto por essa solução.
Nenhuma restrição alimentar está indicada, com exceção do leite e seus derivados porque,
nesses casos, ocorre uma deficiência transitória de lactase (enzima) levando a um quadro de
intolerância à lactose, piorando os sintomas!
Loperamida, fosfato de codeína, etc.: não devem ser usados para aliviar os sintomas de diarreia
porque prolongam a doença. O Buscopan pode ser usado.
Antibióticos: Prescrever só quando houver “sangue vivo” nas fezes, sinais precoces de toxemia,
irite, artralgia ou quando a doença está se prolongando muito.
Caso não haja melhora, suspenda os medicamentos, e após 3 a 4 dias peça coprocultura com
antibiograma, sempre mantendo o paciente hidratado.
1- Salmonella: Ocorre em 60% dos casos. Via de contaminação: ovos, leite, e carne suína.
Sintomas: diarreia leve.
3-Staphylococcus aureus: ocorre em menos de 10% dos casos. Via: ingestão de carne e doces
contaminados.
Sintomas: Apenas vômitos que ocorrem 1 a 6 horas depois).
4- Clostridium perfringens: em menos de 5% dos casos. Via: carne preparada sem higiene e
reaquecida.
Sintomas: Apenas diarreia, 12 a 24 horas depois.
Nota: dor abdominal no hipocôndrio direito e febre alta, são sinais e sintomas sugestivos de
Abscesso hepático, peça Ultrassonografia.
Tratamento no PS: Metronidazol 500 mg (1comp=250 mg) a cada 12 horas, por 10 dias.
REAÇÃO EXTRAPIRAMIDAL
Em muitos casos ocorrem: movimentos involuntários dos braços, pernas (parece com a síndrome das
pernas inquietas), mãos, etc. Esses sintomas podem durar muito tempo (até 24 horas) por isso devem
ser tratados no PS!
DERMATOLOGIA NO PS
Como já foi referido, o objetivo do "1001 dicas" não é ensinar medicina, porque você já é
médico, e sim o que é possível se fazer no PS. Alguns lembretes foram inseridos para facilitar a
memorização.
É muito comum (por motivos socioeconômicos, e mesmo com o programa “Mais médicos”)
pacientes com lesões de pele procurando atendimento no PS por absoluta falta de alternativa!
Abaixo, algumas doenças mais frequentes no PS:
1-SÍNDROME DE STEVENS-JOHNSON
É a única urgência em dermatologia: erupção bolhosa aguda na pele e mucosas atingindo todo o
corpo do paciente.
Atinge as conjuntivas. Acho que é a única erupção cutânea que atinge as conjuntivas.
Necessita de avaliação oftalmológica diária.
O uso de corticoides no PS deve ser feito com uma só dose de hidrocortisona, 1g, IV, e o
paciente imediatamente encaminhado.
Nota: vi só um caso até hoje! O paciente estava tomando Alopurinol diariamente. Encaminhei para a
Unidade de Queimados do Hospital das Clínicas, e não fiquei sabendo o resultado final.
2-PSORÍASE
Lesões descamativas cinzentas, crônicas, com eritema, geralmente na região anterior dos joelhos,
cotovelos e no couro cabeludo, mas que pode acometer qualquer região do corpo, ou o corpo quase
inteiro.
Diagnóstico no PS:
Sinal de Auspitz: com uma espátula de madeira, raspe a lesão e aparecerá microssangramentos
puntiformes. Não há presença de infecção associada.
Obs. Ainda não existe cura. Já se tentou metotrexato, hidroxiureia, ciclofosfamida, retinoides, etc., e
sem sucesso. O mecanismo é desconhecido, mas a reagudização está intensamente relacionada a
distúrbios psicológicos.
3-ECZEMA
Tratamento:
Associação de corticoide e antibiótico, na forma de loção ou creme.
Nunca receite pomada (só deve ser usada em lesões secas).
Exemplos: Omcilon AM creme (não fabrica mais, receite um genérico), Quadriderm, Dipropionato
de betametasona + gentamicina.
Obs. Antes de cada aplicação do creme, a lesão deve ser lavada com água e sabão neutro (sem
corantes).
No caso de eczema de contato: o simples ato de afastar o alérgeno já é suficiente para a cura total,
mas se a lesão for extensa receite Dexametasona creme a cada 6 horas.
ACNE VULGAR
Outros antibióticos: Cefalexina e Clindamicina são excelentes antibióticos para Acne, mas podem
causar Colite Pseudomembranosa (de difícil tratamento—vide GECA).
5-ACNE ROSÁCEA
É uma inflamação crônica que atinge adultos em torno dos 30 anos.
Inicia-se na região central da face, tem semelhança com a acne vulgar com pápulas e pústulas,
mas mantêm-se restritas à face e com telangiectasias (o que não ocorre na acne vulgar).
Pode atingir o nariz (geralmente em homens) de uma forma invasiva, por uma infiltração
granulomatosa, levando a uma grande deformidade nasal (Rinofima), facilmente reconhecida
visualmente e popularmente conhecida como elefantíase nasal, cujo tratamento é cirúrgico ou
por laser.
O tratamento da acne rosácea se baseia no uso de antibióticos (os mesmos da acne vulgar) por
longo tempo.
6-HERPES SIMPLES
Muitos classificam em Herpes genital, Herpes labial, e quando ocorre em outra região do corpo:
em Herpes simples.
Sempre aparece com o seguinte aspecto: Várias vesículas pequenas formando um buquê,
circundadas por um halo avermelhado.
Essas vesículas podem se juntar, e formarem uma bolha grande que se rompe, parecendo uma ferida
comum.
O herpes labial sempre se inicia exatamente na junção da pele com o lábio. Lesão só no lábio não
é herpes!
Transmissão apenas por contato íntimo.
O vírus permanece dentro das células neuronais (forma latente), e nos fibroblastos. Não tem cura.
Ocorre recidiva por qualquer agressão somática ou psíquica, sofrida pelo organismo. Exemplos:
Exercícios físicos extenuantes, febre, exposição exagerada ao sol, estresse, terapia com
corticosteroides, etc.
OUTROS LOCAIS:
2- Panarício herpético: acomete os dedos das mãos e dos pés. Há febre, e hipertrofia ganglionar
regional.
4- Meningite;
5- Encefalite;
Tratamento: Aciclovir creme 5 x por dia, e Aciclovir via oral: 1 comprimido 200 ou 400 mg, 5
vezes por dia (não precisa tomar à noite).
O cloridrato de Valaciclovir 500 mg (Valtrex), VO, 2 vezes por dia, também pode ser usado. Sua
desvantagem é o preço. É muito caro para os nossos padrões. Se o aciclovir não estiver funcionando
só resta essa alternativa.
Casos graves (4, 5, 6, 7), encaminhar para internação.
7-HERPES ZOSTER
Causado pelo mesmo vírus que causa a varicela ou catapora (varicela zoster).
Em algumas regiões do Brasil é conhecido como “cobreiro”, e atinge todo o trajeto do nervo
comprometido, mas nunca ultrapassa a linha mediana do corpo.
Inicia-se como uma ardência e dor no trajeto do nervo que vai ser acometido.
Após algum tempo (variável) é que as lesões, em forma de vesículas, começam a aparecer.
Em casos raros as vesículas aparecem no início e no fim do trajeto do nervo, mas os sintomas são
os mesmos.
É fácil confundir com o Herpes simples se você não examinar o final do trajeto nervoso.
A gravidade dessa doença está diretamente relacionada com o nervo acometido: uma infecção
viral de um nervo intercostal é bem mais simples de tratar do que uma infecção do nervo trigêmeo,
principalmente o ramo oftálmico.
Tratamento:
O tratamento se restringe à redução da dor, e ao uso de Aciclovir 400 mg VO, 5 vezes por dia.
Cloridrato de Valaciclovir 1000 mg (Valtrex), VO, 3 vezes por dia.
Parece que a exposição à luz fluorescente pode ajudar em alguns casos.
É muito comum a ocorrência de neurite pós-herpética. Parece que o uso de corticoides pode
favorecer o aparecimento da neurite.
Têm-se observado que o uso de corticoides promove uma melhora rápida do quadro, mas, em
contrapartida, aumenta muito a chance de o paciente desenvolver Neurite Pós-Herpética.
Diante disso, é prudente não utilizar corticoide em pacientes que tenham nervos importantes
acometidos.
Paradoxalmente, a neurite pós-herpética melhora com corticoides!
Outros antivirais estão ainda em fase experimental.
Não receitar AAS para febre ou dor, devido possibilidade de aparecer a Síndrome de Reye (falência
neurológica e hepática).
Convém lembrar, novamente, que o AAS nunca deve se usado para febre, em crianças.
8-PEDICULOSE
Quando ocorre no corpo: Pediculus corporis, que é raro, acomete pessoas que vivem em ambientes
deploráveis.
Quando ocorre na região pubiana: Phthirus púbis, conhecido popularmente como “chato”, é
considerado uma DST.
Embora os ácaros sejam diferentes, o Tratamento é o mesmo: Ivermectina na dose de 200 mcg por
kg de peso. (contraindicação: Crianças com menos de 15 kg ou em menores de 5 anos, gravidez ou
amamentação). A Pirimetrina (permetrina ou análogos) pode ser usada para eliminar os ovos
(lêndeas) e ninfas.
O Benzoato de benzila a 20% em uma única aplicação, também mata os ácaros adultos, ovos e ninfas,
mas já existem ácaros resistentes.
9-ESCABIOSE (SARNA)
Locais mais frequentes: Espaço interdigital, dedos, punhos, cotovelo, aréola mamária, área
genital e região periumbilical.
As lesões são tipo papular, com sulcos lineares (túneis) terminando numa lesão mais elevada (onde
está o ácaro), conhecida como eminência acariana ou granuloma acariano.
É muito fácil fazer essa pesquisa, você mesmo pode fazer: faça uma pequena raspagem do granuloma
acariano, utilizando uma lâmina de bisturi nº 15, e coloque o raspado sobre uma lâmina. Pingue uma
gota de soro fisiológico, cubra com a lamínula, e observe ao microscópio com aumento de 40 vezes.
Você verá o ácaro!
Essa pressão aumentada promove lesão capilar que leva à fibrose, que leva à baixa nutrição da pele,
que se torna fina, suscetível à infecção, e a qualquer trauma, formando uma lesão ulcerada sempre
com tendência a aumentar.
Ocorre mais em mulheres obesas com história de varizes e trombose venosa profunda (TVP).
Tratamento:
Redução do peso corporal, e uso de meias elásticas. Tratar patologia de base (geralmente
diabetes subclínico).
Curativo diário: com creme contendo antibióticos, e eventualmente corticoides. Exemplo: Em
uma cuba “rim”, abra uma cápsula de Amoxicilina 500 mg e misture seu conteúdo a 20 g de
Dexametasona creme.
2- Arteriais:
Pode estar associada à Hipertensão, diabetes, doença arterial de Buerger (causada por
tabagismo) e Artrite reumatoide.
11-IMPETIGO
Tratamento: Limpeza com água, e sabão com uma esponja fina, para remover as pequenas bolhas.
Como característica, elas se desfazem facilmente, não resistindo à lavagem.
12-ERISIPELA
Como característica, a placa eritematosa está edemaciada e possui bordas nítidas: limites
precisos com a pele normal.
13-CELULITE
Caracteriza-se por uma infecção parecida com a erisipela, mas bem mais profunda, atingindo todo o
tecido celular subcutâneo.
Dor ao tato, calor local, grande eritema, edema e com limites imprecisos (diferente da erisipela),
febre e calafrios.
Tratamento: Penicilinas (amoxicilina com clavulanato, de preferência) por, pelo menos, 10 dias.
14-FURUNCULOSE
No PS, isso pouco interessa porque não há como adivinhar qual tipo de Estafilococo é o agente
causador.
Como primeiro tratamento, deve ser receitado Cefalosporina de 1ª geração: Cefalexina 500 mg a
cada 6 horas, por 10 dias.
Caso haja recidiva (Staphylococcus aureus resistente), receitar Ciprofloxacino 500 mg cada 12
horas por 7 a 10 dias (não há indicação de cefalosporina de 3ª geração), e “esterilizar” o paciente.
Sabe-se que o estafilococo é encontrado nas fossas nasais, e na região perineal. Essas regiões
devem ser “esterilizadas” com pomada de mupirocina 2 vezes por dia, durante 10 dias.
15-VERRUGAS
Tratamento:
Verruga vulgar: Verrux (ou similares) no local, uma ou duas vezes por dia por 3 meses. Exérese
cirúrgica está indicada.
Condiloma venéreo: Podofilina a 25% deve ser aplicada no local, duas vezes por dia, 4 dias
(descansar 4 dias, e repetir o tratamento).
O ácido tricloroacético (TCA) a 90 % pode ser usado para destruir a base do condiloma após sua
remoção com anestesia local (corte rente à pele).
Uma bactéria do gênero Rickettsia (Rickettsia rickettsii) causa febre alta, cefaleia, mialgia,
erupções cutâneas nas palmas das mãos e na planta dos pés.
Como também pode causar petéquias, equimoses, hemorragias e icterícia, muitas vezes é
confundida com Dengue, leptospirose, sepse e farmacodermia.
Como nem sempre existe exantema, é prudente iniciar o tratamento com Doxiciclina em
qualquer paciente que apresente o quadro laboratorial descrito acima, sem esperar os
resultados laboratoriais confirmatórios.
É uma doença transmitida pelo carrapato estrela, cujo hospedeiro silvestre é a capivara que se
encontra presente em grande número nas áreas urbanas, devido à política governamental atual.
Quando reconhecida precocemente (muito difícil), é facilmente tratada com Doxiciclina na dose de
100 mg cada 12 horas por 10 dias.
Quando o diagnóstico é tardio, torna-se grave e com alto índice de mortalidade (80%).
Muitas vezes encontra-se o carrapato sugando o sangue do paciente, no momento do exame físico.
Interessante considerar que a transmissão não ocorre no momento da picada, como na Dengue.
Há necessidade de pelo menos 4 horas para haver transmissão.
18-MOLUSCO CONTAGIOSO
São lesões cutâneas causadas por vírus, muito elevadas, que aparecem quase sempre no pescoço,
face, tórax e têm, como característica, um orifício centrado sobre elas.
19-ECTIMA
Devem ser tratadas com Amoxicilina com clavulanato (875+125), cada 12 horas, durante 10 dias,
além de limpeza com água e sabão removendo as crostas.
Aplicar, nas lesões, mupirocina (pomada) uma vez por dia.
Pode causar glomérulo nefrite difusa aguda (GNDA), daí a necessidade de tratamento urgente.
20-ECTIMA CONTAGIOSO
21-URTICÁRIA
Parasitose atingindo a pele, popularmente conhecida como bicho-de-pé, causada por uma pulga
hematófaga chamada Tunga penetrans.
Está presente em solos arenosos (nunca ocorre em solos argilosos) de currais e chiqueiros.
Muito frequente em sítios e fazendas, mas também existe na área urbana.
Onde há suínos, há tunguíase.
Atinge preferencialmente os suínos e o Homem.
A fêmea penetra parcialmente na pele (dos pés) somente após a fecundação.
Nota-se um abaulamento amarelado, com um ponto central mais escuro (ovos).
Causa um prurido constante e irritante.
O tratamento é feito pela retirada manual da fêmea com uma agulha esterilizada ou um palito
de madeira (pontiagudo) previamente mergulhado em álcool.
Em infestações pequenas está indicado o curativo oclusivo com thiabendazol creme por 24
horas.
Em infestações extensas, considere o uso de thiabendazol, VO, 30 mg por kg, cada 12 horas, por
5 dias.
Utilize antibióticos se houver infecção secundária.
INTOXICAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Ao atender um paciente com história de ingestão excessiva de medicamentos, lembre-se que os mais
frequentes são: AAS, paracetamol, benzodiazepínicos (diazepam, etc.), antidepressivos
tricíclicos (amitriptilina, etc.) e barbitúricos.
Tratamento no PS:
Não fique perdendo tempo em saber exatamente a quantidade ingerida, faça o suporte com 2 vias
de acesso venoso usando cateter 16, controles gerais: pulso, pressão arterial, temperatura, e
determine Glasgow.
Prepare uma lavagem gástrica para pacientes com tempo de ingestão menor que 4 horas (se
tiver dúvida quanto ao tempo, opte por fazer a lavagem),
Instale uma sonda naso-gástrica, a mais calibrosa que o paciente suportar, e inicie a lavagem
gástrica com no máximo 250 ml de água ou soro (aquecidos até 38 ºC) de cada vez, repita
muitas vezes até que o líquido aspirado esteja bem limpo.
3- Seu mecanismo de ação é devido à sua capacidade de adsorver os compostos que estão na luz
intestinal, bem como, os que têm circulação entero-hepática.
A primeira dose deve ser drenada, pela sonda gástrica, cerca de 30 minutos depois.
As doses subsequentes devem ser deixadas para serem eliminadas com as fezes.
5- Pode ser utilizado por até 3 dias, dependendo da dose ingerida, e evolução do paciente.
6- Não é eficaz nas intoxicações por álcalis corrosivos (exemplo: soda cáustica), alcoóis, sais de
ferro, lítio, e digoxina.
Obs. Existem somente duas contraindicações para a lavagem gástrica ou uso de carvão ativado:
produtos corrosivos (pela possibilidade de rotura do esôfago ou estômago), e produtos derivados
de hidrocarbonetos (pela possibilidade de pneumonite aspirativa).
Outro fator complicador: nas farmácias do SUS esses medicamentos raramente faltam, pois os
médicos clínicos são os que mais receitam antidepressivos tricíclicos!
INTOXICAÇÕES POR BARBITÚRICOS
Tratamento: manter as vias aéreas permeáveis, hiperidratar por um bom acesso venoso, e instalar
monitor cardíaco.
Encaminhar para hemodiálise (que é muito efetiva para barbitúricos), somente se não houver
melhora com o uso de lavagem gástrica e carvão ativado (deve ser sempre a primeira escolha).
Intoxicações por outras substâncias: ligar sempre para o Centro de Intoxicações, cujo número deverá
estar, por lei, afixado na sala de emergência de todo PS.
INTOXICAÇÃO ALCOÓLICA
Não existe nenhum medicamento que possa aumentar o metabolismo do álcool.
A glicose tem sido usada, mas não há base científica que comprove sua eficácia para aumentar o
metabolismo do álcool, portanto, deve ser usada somente se o paciente estiver com hipoglicemia (o
que pode ocorrer durante a hidratação), mas sempre após a aplicação de Tiamina (vitamina B1),
e não como primeira medicação (um erro comum no PS)!
Em caso de agitação psicomotora, utilizar o Diazepam via IM, na menor dose possível. Sugestão:
Diluir 1 ampola de diazepam em 20 ml de água destilada, e aplicar 2 ml, IM, por hora.
Se necessitar usar a via venosa, use-o na forma pura ou diluído em água destilada, lentamente (5
mg cada 2 minutos) para diminuir o risco de parada respiratória.
No caso específico de coma alcoólico, deve-se seguir a mesma rotina de uma intoxicação
medicamentosa: Sonda nasogástrica, lavagem gástrica, carvão ativado e monitorização
cardíaca.
Aplicar Tiamina (vitamina B1) 100 mg via IM para evitar complicações neurológicas!
Deve ser ministrada antes da glicose, caso o paciente esteja com hipoglicemia, porque pode
precipitar a Encefalopatia de Wernicke (confusão mental, distúrbio oculomotor e ataxia
cerebelar) por depleção (pelo metabolismo da glicose) do pouco que resta de Tiamina no organismo
do paciente.
A velocidade de eliminação do álcool pelo organismo (enzima álcool desidrogenase) é de, mais
ou menos, 10 g por hora (ou 0,015 mg % por hora), e nada muda isso.
A melhor conduta é a expectante!
Manter Tiamina (Vitamina B1) IM por 5 dias.
Existem muitos tipos de agrotóxicos, mas quase todos derivados dos abaixo descritos:
O quadro clínico se instala de alguns minutos a 12 horas, e está relacionado ao local onde há
excesso de acetilcolina:
No Sistema Nervoso Central (SNC): Podem ocorrer ataxia, psicose, cefaleia, agitação, confusão,
sonolência, tremores, convulsão e coma.
Tratamento no PS: o uso de atropina é essencial, tanto ao nível do SNC quanto ao do SNA.
A dosagem é empírica. Adultos: 2 a 4 mg via IV ou IM (Organofosforados), e 1 a 2 mg via IV ou IM
(carbamatos).
Repetir esta dosagem em 5 a 10 minutos, mas diluída em 500 ml de soro (SF ou SG) controlando a
velocidade de infusão, de acordo com o quadro clínico, até apresentar sinais de atropinização:
Taquicardia e ruborização da pele (um ótimo critério para ajuste da dose), que deve ser mantida
por pelo menos 24 horas.
Encaminhar o paciente para internação.
Obs.: Os carbamatos são vendidos livremente, apesar de proibidos: Aldicarb, mais conhecido
como Temik ou “chumbinho”; Carbofuran (Furadan), etc.
Os organofosforados podem ser encontrados até em lojas de jardinagem, e são conhecidos como
“veneno para pulgão”, malation, neguvon, tamaron, etc.
Um exemplo: muitas Epistaxes são erroneamente tratadas devido a esse tempo de latência.
Alguns médicos prescrevem vitamina K, via IM, em todos os casos de Epistaxe (mas não pedem
Tempo de Protrombina), mas como a dose de vitamina K é sempre insuficiente, o paciente retorna ao
PS!
3- Uma anamnese bem conduzida e o Tempo de Protrombina podem elucidar o caso. A conduta a
ser tomada depende desses dois parâmetros.
6- Tratamento no PS:
Inicie imediatamente vitamina k 10 mg, IM, a cada 6 horas. Manter esta medicação por 24 horas após
o Tempo de Protrombina se normalizar.
ANAFILAXIA
Caracteriza-se por espasmo de laringe, cianose, dispneia e hipotensão. Vômitos podem ocorrer.
Tratamento no PS:
1- É uma luta contra o tempo: Fenergan IM, Adrenalina IM, Hidrocortisona IM (pela ordem).
Não se preocupe com a dosagem, utilize sempre dose alta.
2- A via IM deve ser sempre usada enquanto você espera um acesso venoso, que nem sempre é
rápido, ganhando tempo!
3- Depois de conseguido o acesso venoso, repita a medicação via IV começando pela Adrenalina
e Hidrocortisona.
6- Não considerar como imediata a hipótese de intubação, mas deixe tudo preparado!
Cerca de 20 a 30% ocorrem como primeira manifestação do diabetes, daí sua grande
importância.
Uma infecção em qualquer lugar do corpo, ou o tratamento insuficiente do diabetes, são as principais
causas.
A dor abdominal só adquire importância, nesses casos, se persistir após a correção da cetoacidose.
Ao exame físico, o paciente apresenta um odor peculiar: o hálito cetônico (cheiro de acetona) e
pode estar um pouco confuso, mas raramente entra em coma (muito frequente na hipoglicemia).
Fazer sempre o teste de cetona urinária em qualquer paciente que apresente hiperglicemia e
algum sinal de descompensação glicêmica.
Tratamento no PS:
2- Embora exista a acidose, esta não precisa ser tratada com bicarbonato de sódio.
Todas as complicações da Cetoacidose Diabética ocorrem por conta da não correção do nível do
potássio sérico.
1-Via intravenosa (IV) utilizando insulina regular 4 a 8 unidades em 1000 ml de soro fisiológico
para correr em 1(uma) hora, ao mesmo tempo em que hidrata o paciente.
Repetir mais 1000 ml para correr em 2 horas, e a seguir 500 ml cada 2 horas. Quando a glicemia
chegar em 250 mg/dl reduza a dose de insulina pela metade, ou menos, até a resolução da
cetoacidose.
2-Via subcutânea (SC) utilizando análogo da insulina rápida: Insulina aspart, lispro ou glulisina.
Iniciar com 0,3 unidades por kg, seguido de 0,1 unidades por kg, e por hora, até que a glicemia
chegar a 250 mg/dL. Depois mantenha com 0,05 a 0,1 unidades por kg, e por hora até a resolução do
quadro.
Obs. A via SC somente deve ser utilizada na cetoacidose SEM COMA, em paciente
normovolêmico e sem nenhuma doença associada!
INFECÇÃO URINÁRIA
Muito comum no PS: atinge principalmente mulheres devido à uretra mais curta e maior contato
com o microambiente vaginal contaminado (devido à proximidade).
3- Geralmente é causada por cepas de bactérias que normalmente são habitantes da flora intestinal.
A E.coli é responsável por cerca de 80% dos casos.
4- Quando ocorrem várias vezes em pouco espaço de tempo, deve-se obrigatoriamente pensar em
alteração anatômica, calculose, ou estenose de uretra (muito frequente). Pedir cistoscopia.
5- Tratamento no PS: Antibióticos com espectro para Gram negativos (E.coli, Proteus mirabilis,
etc.).
Mulheres na menopausa e com infecções urinárias recorrentes, está indicado o uso de creme
vaginal com estrógeno que foi provado diminuir acentuadamente a reinfecção porque torna o
pH vaginal mais ácido.
Interessante notar que em muitas regiões do Brasil, a E.coli já se tornou resistente ao Sulfametoxazol
+ trimetoprim, outrora o medicamento de escolha!
Como existe a possibilidade, que não é pequena, de ocorrer Pielonefrite como complicação, é
obrigatório fazer novo exame de urina tipo I cinco dias após o término do tratamento para comprovar
a cura.
Não confunda bacteriuria com infecção: Bacteriuria assintomática não deve ser tratada, a não
ser em mulheres grávidas após o 2º trimestre.
ATENÇÃO: não espere o resultado do antibiograma se o paciente estiver com febre, Giordano
positivo ou com algum outro sintoma.
Considere que há Pielonefrite e inicie imediatamente cefalosporina de 3ªgeração: Ceftriaxona
(1-2 g em dose única diária), ou fluorquinolonas (levofloxacino, gatifloxacino e moxifloxacino)
em dose única diária por, pelo menos, 14 DIAS.
A infecção urinaria por patógenos incomuns, ou de origem hospitalar (40% das infecções
hospitalares) é diferente quanto ao agente etiológico e quanto ao tratamento, e não constitui um
objetivo do "1001 DICAS"!
QUEIMADURAS
As mais frequentes são as queimaduras por agentes que produzem calor excessivo (energia térmica,
química e elétrica).
São divididas didaticamente em:
1-Quanto à profundidade:
2-Quanto à extensão:
Tratamento:
1-Via de acesso venoso (mesmo se o local estiver queimado) com cateter tipo abbocath de grosso
calibre(16).
Use sempre o Ringer Lactato: infundir 50% do volume calculado nas primeiras 8 horas
(considerar a hora do acidente) e 50% nas 16 horas seguintes, mantendo a diurese em 0,5 a 1,0 ml
/kg/hora.
5- Analgésicos:
Dipirona IV.
Morfina: 1 ml=10 mg diluído em 9 ml de soro fisiológico a 0,9 %. Aplicar, IV, 0,5 a 1 ml para cada
10 kg de peso corporal, ou seja: 1 mg/10 kg.
Obs. Nas queimaduras de 1º e 2º graus a dor é forte porque as terminações nervosas não foram
lesadas. Nas de 1º grau (Eritema solar) pode-se associar um creme com anestésicos, anti-
histamínicos ou corticoide em baixa concentração. Exemplo: Dexametasona creme (1 mg/g) +
lidocaína a 5 % = diluir 10 g de cada em 1/2 copo de água filtrada para aplicar em grandes áreas.
6- Curativo: Limpe a ferida com água e clorexidina degermante a 2 %, ou com água e sabão neutro.
Cobrir com gazes embebidas em sulfadiazina de prata a 1 %, gaze seca, algodão hidrófilo, e enfaixar
com atadura de crepe.
Face e órgãos genitais: aplicar sulfadiazina a 1 % e deixar toda a área exposta.
Já vi paciente, que foi atingido por raio, permanecer em observação na UPA por apenas 6 horas, e
depois liberado com receita para casa. Um absurdo!
As alterações eletrocardiográficas, na queimadura por eletricidade, demoram pelo menos 24
horas para se manifestarem!
A necessidade de escarotomia com fasciotomia (para descomprimir vasos e nervos) deve ser
avaliada na UTQ.
Sempre utilize uma base fraca para limpeza do ferimento, por exemplo: Solução de bicarbonato de
sódio. Curativo igual.
Limpeza do ferimento com ácido fraco, por exemplo: Acido acético (use vinagre se necessário).
Curativo igual. Toxoide tetânico.
DOR ABDOMINAL
Não existe nenhum médico que já não tenha errado, não uma, mas várias vezes!
Entenda que é muito raro um PS ter uma infraestrutura mínima para realizar exames subsidiários,
portanto, o diagnóstico tem que ser “baseado em evidências clínicas”.
1- INFECÇÃO:
A - APENDICITE:
Dor com início insidioso, mas que rapidamente se localiza no flanco direito.
A febre pode, ou não, estar presente. Geralmente, o paciente se automedica com analgésicos, e
antitérmicos.
Tratamento no PS:
Via de acesso venoso com cateter e encaminhar para cirurgia. Sem medicação.
B- DIVERTICULITE:
Há massa palpável.
Tratamento no PS: Via de acesso venoso com cateter e encaminhar para internação (80% tratamento
clínico—antibioticoterapia, e 20% cirurgia.).
DB positivo.
Leucograma normal.
Sem febre, e teste positivo para gravidez.
Tratamento no PS: Via de acesso venoso, estabilizar o paciente, e encaminhar rapidamente para
cirurgia!
3-OBSTRUÇÃO INTESTINAL:
Volvo de sigmoide.
Tumores.
4-ISQUEMIA:
Há grande desproporção entre a queixa de dor (fortíssima) e o exame do abdome que muitas vezes
está flácido.
Sem febre.
Hemograma normal.
Tratamento no PS:
Via de acesso venoso. Analgésicos fortes, tipo Tramadol ou Morfina. Use, pelo menos, o dobro da
dose convencional! Não economize analgésicos!
Encaminhar para Cirurgia imediata.
Muitos casos de abdome agudo terminam em peritonite, mas nem todos começam!
Muitos médicos confundem abdome agudo com peritonite (acham que são sinônimos).
Nota: Analgésicos e antitérmicos não devem ser usados porque podem mascarar o quadro, adiando
sua decisão.
SANGRAMENTO UTERINO
Muito frequente, ocorre mais nos extremos das idades: menor que 19 anos e acima de 45.
Existem inúmeras causas que só o especialista, através de exames, poderá determinar.
Tratamento no PS:
A função do médico plantonista é interromper o sangramento, e encaminhar o paciente.
Como regra:
1-Sangramento de baixa ou média intensidade com hemoglobina pouco alterada, sem alteração
hemodinâmica, e beta HCG negativo:
Receitar AINH via IM (cetoprofeno ou diclofenaco) como inibidor das prostaglandinas, e continuar
com Ibuprofeno 600 mg cada 12 horas, por via oral até que a paciente seja atendida pelo
Ginecologista.
Receitar Estrógenos conjugados (Premarin drágeas 2,5 mg) 4 vezes ao dia, por via oral, também é
uma boa alternativa: Faz cessar o sangramento em 48 horas. Deve ser usado principalmente em
sangramentos de intensidade moderada.
Você deve providenciar, pelo menos, dois acessos venosos com cateter grosso nº 16, e estabilizar a
paciente.
Em casos assim, a vida da mãe deve ser priorizada.
Se você tiver dúvida, coloque a paciente em posição ginecológica, introduza o espéculo, e observe o
colo do útero: em algumas regiões do Brasil ainda são provocados por instrumentos perfurantes que
invariavelmente deixam lesões no colo do útero.
SANGRAMENTO ANAL
Pode ser devido a traumatismo, fissura anal, pólipo, hemorroidas, câncer do reto e câncer do
intestino grosso.
O exame do ânus é feito da seguinte maneira: Peça para o paciente baixar a roupa, se inclinar para
frente, e com as suas próprias mãos, forçar a abertura dos glúteos.
Usando uma lanterna, faça o exame visual.
Geralmente o paciente procura o Pronto-socorro devido à dor causada por um trombo no “mamilo
hemorroidário”, que se encontra exteriorizado, ou por sangramento!
Obs. Banho de assento não resolve! Só piora! O calor local melhora, mas não dessa forma, pois é
uma posição que só aumenta a pressão na veia retal, piorando a hemorroida!
EPISTAXE
Um conceito tem que ficar bem claro:
Cerca de 90% das hemorragias nasais são epistaxes, e ocorrem na região anterior do septo nasal.
É muito rara em crianças menores de 2 anos, e quando ocorrer, pense sempre em Trombocitopenia
ou Síndrome do Espancamento (maus tratos).
1- Trauma:
3- Corpo estranho:
Sangramento com secreção purulenta associada, mais frequente em crianças, e em pacientes com
distúrbios psiquiátricos.
4- Tumores:
O mais frequente é o nasoangiofibroma: Pacientes jovens com sangramento unilateral, e de repetição.
5- Alterações anatômicas:
Desvio do septo, irritantes químicos, tais como solventes de cola, descongestionantes tópicos, uso de
cocaína (que pode causar perfuração do septo).
6- Discrasias sanguíneas:
Doença de Von Willebrand, hemofilia, leucemias, mieloma múltiplo, púrpura trombocitopênica, e
pacientes submetidos à hemodiálise.
7- Malformações vasculares:
Aneurisma e outras alterações vasculares, principalmente se o paciente tiver história de cirurgias de
cabeça e pescoço. Correspondem a 25% das epistaxes posteriores (as outras são consideradas
idiopáticas).
A Hipertensão nunca causa epistaxe, mas dificulta o tratamento, prolongando sua duração.
Muitos médicos acham que o aumento da pressão arterial funciona como um gatilho, rompendo a
parede vascular. Fosse assim, haveria hemorragias em outras áreas, e ao mesmo tempo!
Geralmente a epistaxe associada (não causada) à hipertensão é posterior, grave, e com grande chance
de se repetir.
9- Anticoagulação:
*Corticoides nasais: todos deixam a mucosa muito friável e sensível, pois até um espirro pode
causar epistaxe anterior.
Exame físico com o paciente sentado: determinar se a epistaxe é anterior (por rinoscopia) ou
posterior (por oroscopia).
Tratamento no PS:
Estabilização do paciente.
Pedir hemograma e coagulograma (pelo menos o tempo de protrombina) se for possível, pois muitos
PS não tem estrutura para exames.
Aplicar vitamina K via IM.
Limpar a fossa nasal com uma solução de adrenalina 1:1000 + lidocaína ou soro fisiológico a 0,9%.
Muitas vezes, só essa limpeza faz cessar a epistaxe pelo efeito vasoconstritor da adrenalina.
Estando a fossa nasal bem limpa, é possível visualizar o vaso que estava sangrando.
Faça uma cauterização com Nitrato de prata ou TCA (ácido tricloroacético a 90%) iniciando ao
redor do vaso, e depois diretamente nele porque essas substâncias não agem na presença de
sangramento ativo. Cada aplicação deve obedecer a um intervalo de 10 a 20 segundos.
Obs.
Para aplicar o TCA, quebre, torcendo, uma espátula de madeira, e no fragmento mais pontiagudo
enrole uma fina camada de algodão hidrófilo.
O TCA deve ser aplicado em quantidade mínima, e não pode escorrer para tecidos adjacentes.
Cuidado! Se houver hemorragia nasal ou epistaxe posterior, não é um caso para você,
encaminhe!
Passe um fio de seda, grosso, pela narina (pode ser por dentro de uma sonda fina) e pince-o pela
orofaringe.
Amarre uma ou duas gazes (dobradas e embebidas em pomada de neomicina) na extremidade do fio
(deixe uma pequena parte do fio visível à oroscopia, que servirá para retirar o tamponamento), e
tracione o conjunto até o sangramento parar.
INTRODUÇÃO
Fazer Plantões Médicos não é uma tarefa fácil. Quando se pensa que sabe, aparece um caso diferente.
Muitos médicos atuam nas Unidades de Pronto atendimento do Governo (UPA), e atendem casos
“fora da sua especialidade”.
Na verdade, todos os PS e UPAs funcionam como ambulatórios médicos onde aparece de tudo, além
de urgências e emergências.
O paciente não sabe o que é urgência, e o médico só sabe que não é urgência ao atendê-lo.
Por esse motivo (a diversidade de patologias) o médico de PS tem muita dificuldade em resolver
casos que seriam fáceis para outras especialidades.
Médicos recém-formados, ou não, também têm muita dificuldade. Quando comecei a fazer plantões,
no Hospital das Clínicas de São Paulo, fiz todas as besteiras possíveis!
TODOS OS LIVROS DA SÉRIE "1001 DICAS DE PRONTO-SOCORRO" TÊM O MESMO
OBJETIVO: COMO DIAGNOSTICAR E TRATAR UM PACIENTE DE PS COM
CONHECIMENTOS PONTUAIS, MAS EFICAZES!
Este e-book vai tornar o seu plantão mais fácil e tranquilo: as dicas estão numa linguagem simples,
mas são abrangentes, fáceis de memorizar e facilitam a tomada RÁPIDA de decisões!
Espero que entendam que o objetivo desse livro não é ensinar medicina! Você já é médico! Alguns
lembretes foram inseridos para facilitar a compreensão das dicas.
***
HIPOTERMIA
No PS, tem aumentado muito o número de pacientes com hipotermia (de grau leve a moderado)
devido às péssimas condições socioeconômicas de parte importante da população, que vive nas ruas
em condições sub-humanas e, como quase sempre está associada ao uso de drogas e álcool, é
facilmente despercebida.
Muitos casos não são diagnosticados porque não se faz uso de termômetros de baixa temperatura.
Muitos profissionais de enfermagem não são treinados para essa situação. Acham que só a febre é
um sinal de problema.
Lembrete: Os pacientes nessas condições geralmente apresentam bradicardia, e hipotensão por
desidratação (era de se esperar taquicardia), cianose, confusão mental (que pode ser confundida
com o uso de drogas), depressão respiratória e, obviamente, extremidades frias.
Lembre-se de que a intoxicação medicamentosa (principalmente por antidepressivos ou
benzodiazepínicos), também pode causar hipotermia.
Tratamento no PS:
Suporte com pelo menos 2 acessos venosos, com cateter 16.
Recuperar a volemia com soro glicofisiologico (medir glicemia antes) aquecido até 41 ºC.
Suporte: Oxigênio, monitor cardíaco, dosar sódio, cloro e potássio.
Gasometria com acidose metabólica: ministrar bicarbonato de sódio somente se houver
aumento persistente do cloro após infusão do Soro Glicofisiológico. Somente a correção da
volemia é suficiente para reverter a acidose.
Pedir exames para tentar diagnosticar uma doença de base.
Geralmente, é possível conseguir a reversão do quadro com a utilização de métodos físicos. Se
não houver cobertor térmico utilize bolsas, ou qualquer outro recipiente plástico, com água
quente.
Se não houver reversão, pense em hipotireoidismo, insuficiência adrenal e AVC.
A sondagem vesical é obrigatória para medir a diurese, pois é comum a lesão renal por
hipotensão, podendo haver necessidade de hemodiálise.
EMBOLIA PULMONAR
Ocorre por um trombo na Artéria Pulmonar ou em seu ramo, originado geralmente das veias do
sistema venoso profundo dos membros inferiores.
Não é um diagnóstico simples porque a Trombose Venosa Profunda (TVP) no membro inferior,
nem sempre está presente.
É caracterizada pela presença de:
Colapso pulmonar;
Dispneia súbita;
Dor torácica à inspiração;
Hipotensão;
Sudorese;
Taquicardia.
Quando existe hemoptise, o diagnóstico se torna mais fácil!
Exame físico:
1- Cianose por baixa saturação de oxigênio;
2- Ausculta pulmonar com sibilos(não confundir com asma);
3- Dilatação das veias jugulares;
4- Fígado e baço aumentados;
5- Edema dos membros inferiores;
6- Sinais de TVP (concomitante ou em recuperação).
Cerca de 20 % das mortes súbitas são devidas à Embolia Pulmonar.
Quando se fala em embolia pulmonar, pensa-se logo em coágulo por ser o mais frequente, mas
pode ser: êmbolo de bolha de gás (embolia gasosa); gordura (embolia gordurosa); líquido
amniótico (embolia amniótica).
Condições predisponentes:
Anticoncepcionais;
Fraturas (embolia gordurosa);
Imobilização gessada de membro inferior;
Tempo prolongado na posição sentada (viagem de avião);
Estados de hipercoagulabilidade (principalmente síndrome paraneoplásica);
Trombose venosa profunda (TVP) prévia;
Puerpério (embolia amniótica);
Infarto do miocárdio;
Insuficiência cardíaca;
DPOC;
AVC;
Cirurgias;
Politraumatismos;
Faixa etária acima de 40 anos;
Falta de profilaxia anticoagulante em pacientes predispostos.
Tratamento no PS:
1- Heparina não fracionada (HNF):
80 unidades por kg de peso (dose de ataque), seguidos de 18 unidades por kg de peso, e por
hora. Aplicação IV contínua.
2- Heparina fracionada:
Usar a dose de 5000 unidades SC, a cada 4 horas.
Associar sempre warfarina, 5 mg por dia, porque demora 5 dias para ter efeito total, quando a
heparina poderá ser retirada.
Não há risco de hemorragia pelo uso concomitante de warfarina!
Obs. Antes de tudo, o paciente deve ser estabilizado segundo a rotina de PS, conforme descrito em
vários capítulos deste livro.
CÓLICA NEFRÉTICA
RX de abdome em AP:
Os cálculos de urato são rádio-transparentes. Podem ser vistos os cálculos de cálcio e de fosfato
de magnésio, nas projeções do sistema urinário.
Tratamento no PS:
Anti-inflamatórios não hormonais (AINH), de preferência o Cetoprofeno (Profenid) ou o
Diclofenaco (Voltaren 75 mg), todos via IM.
O Profenid pode ser associado à Dipirona 1g e administrado via IV, diluídos em 100 ml de SF 0,9%.
Podem ser usados, se necessário, a Morfina e seus derivados, entre eles o Tramadol (Tramal
IM).
Buscopan composto não funciona na maioria dos pacientes: A dor é aliviada, retornando depois de
pouco tempo e ainda promove o desagradável efeito colateral dos anticolinérgicos (secura na
boca por baixa produção de saliva e constipação intestinal).
Se precisar usar antieméticos: cuidado com a reação extrapiramidal, que pode ocorrer com o uso
de metoclopramida, e até mesmo com bromoprida.
REAÇÃO EXTRAPIRAMIDAL
Lembrete: Reação extrapiramidal ou liberação extrapiramidal é uma síndrome causada por uma
disfunção do sistema extrapiramidal, que controla todos os movimentos do corpo.
O paciente apresenta sintomas de agitação (vontade incontrolável de sair do ambiente, gritar,
rezar, movimentar-se de um lado para outro), uma sensação de morte iminente, opressão
retroesternal, dispneia, angústia, ansiedade, sensação de falta de autocontrole e de que não
reconhece o ambiente (principal).
Em muitos casos, movimentos involuntários dos braços, pernas (parece com a Síndrome das
pernas inquietas), mãos, etc..
Importante: a presença de apenas um dos sintomas descritos caracteriza Liberação extrapiramidal!
Sem tratamento, esses sintomas demoram muito para regredirem!
RETENÇÃO URINÁRIA
A causa mais comum de retenção urinária (em homens) é a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB).
Geralmente 60 % dos casos.
Não há nenhuma relação entre o tamanho da próstata e a ocorrência de retenção urinária.
O mecanismo provável é um infarto de alguma área da próstata causando inflamação, edema,
com compressão do colo da bexiga e uretra proximal, ou uma distorção da anatomia local
provocada por distensão exagerada da bexiga devido ao uso de diuréticos (muito comum em
mulheres), bloqueadores do canal de cálcio e os anticolinérgicos.
Outras causas: Cálculo de bexiga, carcinoma de próstata, bexiga neurogênica, gravidez, e pós-
parto.
TRATAMENTO no PS:
Sondagem vesical utilizando uma sonda de Folley de pequeno calibre, bem lubrificada (cuidado
para não lesar a uretra).
Não use sonda de alívio (em homens ou mulheres), porque fatalmente o paciente retornará.
A drenagem não pode ser muito rápida, devido ao risco de hematúria por descompressão brusca
da parede vesical e da uretra.
Drenagem suprapúbica não se aplica ao tratamento de rotina no PS, mas pode ser feita em
casos extremos, quando o “bexigoma” está muito grande, e impede a passagem da sonda de
Folley ou cânulas para drenagem intermitente.
Utiliza-se para a punção, uma agulha grossa com mandril do tipo usado para raquianestesia.
Faça a punção rente à sínfise púbica.
Enquanto isso, você deve seguir tentando passar uma sonda de Folley fina, pois assim que a
pressão no colo da bexiga diminuir um pouco, a sonda passa!
Encaminhar ao urologista com receita de Norfloxacino 400 mg cada 12 horas, e com sonda de
demora.
COLELITÍASE
Pacientes que procuram o PS com febre, dor no hipocôndrio direito, e ao exame físico existe dor
no ponto de Murphy (ponto formado pelo encontro de duas linhas imaginárias: Linha hemi
clavicular direita e a linha do rebordo costal), provavelmente, está com colelitíase ou colecistite
aguda.
Se estiver ictérico, provavelmente está com coledocolitíase associada.
Nesse caso a cirurgia deve ser imediata, pois sempre há colangite associada. A ultrassonografia
é importante para confirmar a litíase e descartar tumor .
Se o caso se enquadrar "nos 5 F's": Female, fertily, fat, forty, family (mulher, fértil, gorda, quarenta
anos mais ou menos, história familiar), certamente está com colelitíase ou colecistite crônica
calculosa.
Hemograma: leucocitose.
TGO e TGP pouco aumentadas.
O RX simples do abdome mostrará vários cálculos pequenos ou cálculo único e grande.
Muitos médicos plantonistas se esquecem de pedir esse exame, e ficam tentando conseguir uma
ultrassonografia de urgência.
Tratamento no PS:
Colecistite aguda: Cirurgia (quanto mais precoce, melhor).
Colecistite crônica calculosa: Buscopan composto associado a antibióticos que são excretados
pela bile. Exemplo: Ampicilina 500 mg VO cada 6 horas ou Doxiciclina 100 mg VO cada 12 horas.
Não prescreva Morfina (Dolantina, Demerol, etc.) ou Tramal, porque causam espasmo do
esfíncter de Oddi, piorando o quadro!
Encaminhar para cirurgia.
Qualquer um sabe que o exame padrão “ouro” para diagnóstico da colecistite aguda é a
ultrassonografia, que mostrará, além dos cálculos, espessamento da parede vesicular.
Infelizmente, pouquíssimos PS contam com esse recurso. CONTINUE COM O RX SIMPLES DO
ABDOME!
Nota: Vale lembrar que 5 a 10% dos casos de colecistite não são devidos a cálculos biliares
(colecistite alitiásica) principalmente em imunodeprimidos, e o Ultrassom só mostra
espessamento da parede. Praticamente, só ocorre em pacientes debilitados por doença crônica,
pacientes de UTI, e nos imunodeprimidos.
HIPOGLICEMIA E HIPERGLICEMIA
HIPOGLICEMIA:
Na maioria das vezes ocorre por erro de cálculo da dose de insulina ou hipoglicemiantes orais.
Causas menos frequentes são por: insuficiência hepática; hepatoma; Doença de Addison.
LEMBRETE IMPORTANTE: Hipoglicemia associada à sudorese, confusão mental, tremores,
taquicardia e em casos de longa duração podem ocorrer em pacientes idosos vítimas de maus
tratos que evoluem para o Coma, hemiparesia ou Infarto cortical cerebral. Preste atenção!
Faça uma infusão de glicose via IV (SGF 500 ml + 2 ampolas de glicose a 50%).
Quando não for possível um acesso venoso rápido ou se este for demorar, ministre 50 ml de glicose a
50% (a mesma das ampolas) via oral.
Considere a possibilidade de passar uma sonda nasogástrica para ministrar a glicose.
Estabilizar o paciente, principalmente o desequilíbrio hidreletrolítico.
OTITES
OTITE EXTERNA:
Mais comum em adultos.
Geralmente ocorre por uma infecção secundária a um eczema do conduto auditivo ou trauma local
pelo uso de objetos.
Muito dolorosa, às vezes fica difícil fazer a otoscopia porque o conduto está edemaciado e
quase ocluído.
No PS a melhor conduta é:
Receitar corticoide de depósito, tipo Diprospan IM (melhora rápida da dor), antibiótico Amoxilina +
clavulanato (Clavulin BD 875/125 mg - respectivamente) cada 12 horas, e Otosynalar 5 gotas a cada
2 horas, dependendo da dor.
LARINGITE AGUDA
Muito frequente. É causada por rinovírus ou adenovírus. Início agudo, com tosse, faringite, e
secreção mucosa límpida.
Pode complicar com sinusite, Otite media aguda e até pneumonia, por isso receite antibióticos se
a secreção estiver com aspecto purulento, tosse exagerada, e “dor de garganta”.
Não confundir com coriza alérgica, quando só um antialérgico é suficiente.
SINUSITE
Ocorre, geralmente, após uma infecção viral ou bacteriana das vias aéreas superiores.
É causada frequentemente por H.influenza, Streptococus pneumoniae ou pyogenes.
Exame: Dor à pressão digital sobre o seio paranasal afetado. O Paciente se queixa, sempre, de
cefaleia, e a febre está presente em 80% dos casos.
No PS:
Receitar Clavulin BD (Amoxicilina com clavulanato) 875/125, VO, cada 12 horas, por 7 a 10
dias.
Receitar descongestionante tópico nasal tipo Otrivina (o paciente precisa estar deitado e com a
cabeça pendente por, pelo menos, 3 minutos para que a vasoconstrição ocorra ao nível do
meato).
Azitromicina 500 mg VO por dia, durante 6 dias, e Claritromicina também podem ser usados.
Lembre-se que esses antibióticos têm sua absorção diminuída em 90% se houver alimentos
(principalmente leite) no estômago. Necessitam de 3 horas de jejum, e o paciente pode se alimentar
somente 1 hora depois!
Sempre receitar corticoide sistêmico se houver cefaleia intensa ou edema exagerado da mucosa
nasal: Geralmente uma ampola de corticoide de depósito tipo Diprospan IM ou Celestone soluspan
IM, é suficiente.
O RX dos seios da face mostra espessamento da mucosa do seio afetado e, eventualmente, nível
líquido.
Pode haver necessidade de punção maxilar (encaminhar o paciente).
FARINGOAMIGDALITE
1-Viral:
Ocorre em cerca de 75 % em crianças de zero a 3 anos de idade.
Rinovírus em 20% dos casos.
Esta incidência vai diminuindo com a idade.
Acomete adultos também!
É caracterizada por hiperemia da mucosa, disfagia, dor, mas sem exsudato purulento.
Febre baixa, mialgia, cefaleia, rouquidão, coriza e espirros.
É comum ocorrer conjuntivite.
Preste atenção: NÃO HÁ ADENOPATIA CERVICAL!
Tratamento no PS:
Se você tiver certeza de que não há infecção bacteriana secundária (geralmente há), receite
AINH e analgésicos. Caso contrário, trate como se fosse bacteriana.
2-Bacteriana:
Pelo menos 30% são devidas ao Streptococus pyogenes!
Não há coriza, constipação nasal, conjuntivite, espirros e tosse!
Preste atenção: SEMPRE HÁ ENFARTAMENTO GANGLIONAR CERVICAL, úvula
edemaciada e petéquias (não ocorrem na viral) no palato mole.
Tratamento no PS: Penicilina benzatina (pode ocorrer anafilaxia - cuidado), Amoxilina com
clavulanato (suspensão oral) para:
Crianças pequenas: 125 mg (2,5 ml) cada 8 horas.
Crianças maiores: 250 mg (5 ml) cada 8 horas por 7 dias.
A dose é determinada pelo estado geral, e não pelo peso, existe grande margem de segurança quanto
à toxicidade.
Adultos:
Amoxilina com clavulanato (Novamox, Clavulin BD, etc.) na proporção 875/125
respectivamente, cada 12 horas, por 7 dias.
Exemplo de receita: Clavulin BD 875/125..... Tomar 1 comprimido cada 12 horas, por 7 dias.
Orientar para ingestão de comidas e bebidas frias, calor local só piora!
CONJUNTIVITE
1-Viral:
Geralmente causada por Adenovírus, mas pode ser por um enterovírus ou coxsakie (ambas
hemorrágicas).
Altamente contagiosa.
A transmissão dura até 14 dias após o início.
O vírus pode permanecer vivo até 78 horas fora da conjuntiva, em objetos e utensílios de uso
comum: através das mãos atinge o olho.
Por esse motivo, é responsável por grandes epidemias.
Preste atenção: ao exame, NÃO HÁ presença de halo branco (por transparência da córnea) ao
redor da íris. Toda a conjuntiva está hiperemiada ou hemorrágica.
Pode haver alguma secreção purulenta pela manhã.
Tratamento: Colírio com vasoconstritores, tipo Zincolok, Lerin, etc. e colírios de lágrimas
artificiais tipo Lacrima.
O uso de água boricada (ácido bórico a 3%) está contraindicado, principalmente em crianças, devido
mudança no ph da lágrima, e infecção bacteriana secundária. Está proibido em muitos países.
Compressas frias estão indicadas, e devem ser preparadas da seguinte maneira: Em um copo com
água fervida e fria, coloque vários cubos de gelo feitos com água fervida. Um chumaço de
algodão, embebido nesta água gelada, deve ser colocado sobre o olho fechado e deixado por 5
minutos. Repetir várias vezes ao dia.
2-Bacteriana:
Geralmente causada por estreptococos, estafilococos e H. influenza.
A conjuntiva tem aspecto purulento durante todo o dia, não só pela manhã.
Preste atenção: ao exame, há a PRESENÇA DE HALO BRANCO (por transparência da córnea)
ao redor da íris. A conjuntiva está parcialmente hiperemiada, e raramente hemorrágica.
Tratamento: Colírios de antibióticos, tipo Cloranfenicol colírio, Gentamicina colírio, Tobramicina
colírio (Tobrex). Este último parece ser o mais indicado! Colírios de fluorquinolonas também
podem ser usados (gatifloxacino, etc.)
Pode ser usado conjuntamente antibiótico de amplo espectro por via oral, em casos que
apresentem grande edema, e queda no estado geral do paciente ou alguma patologia associada.
3-Tracoma:
Causado por Chlamydia trachomatis que pode estar presente no trato genital dos adultos.
Atinge o revestimento das pálpebras superiores (raramente as inferiores), presença de pontos
hemorrágicos (pelo menos 4 pontos).
Causa uma conjuntivite de aspecto bacteriano ou alérgico.
Tratamento: Doxiciclina 100 mg VO a cada 12 horas, por 7 dias ou Azitromicina 500 mg cada 24
horas por 6 dias. Colírios com antibióticos podem ser associados.
4-Alérgica:
Ocorre em pacientes que já tem historia de alergia, principalmente rinite e bronquite.
Nunca atinge a córnea.
A hiperemia conjuntival não obedece a um padrão.
Não é contagiosa.
Pode começar num olho e, posteriormente, atingir o outro.
São tratadas com anti-histamínicos via oral e, eventualmente, com colírios contendo corticoides.
Os medicamentos derivados de substâncias estabilizadoras da membrana dos mastócitos
(cromoglicato dissódico) demoram cerca de 7 dias para seu completo efeito, mas devem ser
iniciados junto com a medicação anti-histamínica, e continuados por, pelo menos, um mês.
Outra causa de conjuntivite alérgica é por uso de lentes de contato, que podem atingir a córnea
formando úlceras com infecção secundária.
Esse tipo de paciente deve ser encaminhado ao oftalmologista.
Receite somente colírio com antibiótico, se achar necessário.
LARINGOTRAQUEOBRONQUITE
Acomete crianças de 1 a 6 anos de idade, mas é mais frequente em torno dos dois anos.
Quando você examinar uma criança no PS com estridor laríngeo, saiba que 90 % são por
laringotraqueobronquite.
Tem etiologia viral (parainluenza e vírus respiratório sincicial- VSR) nas crianças menores, e o
Mycoplasma pneumoniae nas crianças em torno de 5 anos.
A história é quase sempre a mesma: A mãe refere que a criança estava “resfriada” há 3 dias, com
tosse, rinorreia, febre baixa, dor de garganta e, subitamente, começou a piorar (geralmente à noite),
apresentando tosse “de cachorro”, e a febre começou a aumentar.
Ao exame, presença de estridor laríngeo inspiratório, rouquidão, orofaringe hiperemiada sem
pontos purulentos (pelo menos no início).
Obs. Ausculta de roncos e sibilos só num pulmão é altamente sugestiva de corpo estranho.
O objetivo é manter as vias aéreas permeáveis.
O uso de nebulização só com soro fisiológico é um absurdo que se repete em muitos PS. Não
tem comprovação científica, portanto, é burrice usar!
O correto é: hidratação via venosa, oxigênio, e o uso de corticosteroides.
Essas 3 condutas promovem a redução acentuada da gravidade dos sintomas, evitando internação
com intubação, e a necessidade de uso de adrenalina.
A Dexametasona é a mais indicada e usada porque tem longa duração, e pode ser ministrada via
oral ou parenteral. É conveniente fazer uma aplicação IM (dose de ataque) e continuar com a via
oral. A dose é 0,15 a 0,6 mg por quilo de peso, cada 8 horas, por 7 dias. Máximo de 10 mg por dia.
Sempre associar antibiótico de amplo espectro: Amoxicilina com clavulanato, porque dificilmente
não ocorrerá infecção secundária.
Em artigos acadêmicos, o antibiótico não está indicado porque a maioria das LTB é de origem
viral, MAS NO PS ESSA REGRA NÃO VALE POR MOTIVOS ÓBVIOS!
Em casos mais leves, e em crianças maiores que 5 anos, a Dexametasona pode ser substituída pela
Budesonida na dose 200 mcg via inalatória cada 12 horas, por 5 dias.
A Budesonida tem a vantagem de ter efeito apenas local, mas em muitos lugares do Brasil está
contraindicada pelo preço, e pelas condições de vida da população!
LARINGITE ESTRIDULOSA
Mais conhecida como Laringite aguda, acomete crianças de 3 meses a 3 anos de idade.
É parecida, clinicamente, com a laringotraqueobronquite, mas não tem história nenhuma (nem na
família).
O aparecimento é súbito, com coriza, tosse seca, metálica e desconforto respiratório.
Preste atenção: NÃO HÁ FEBRE, mas o estridor laríngeo é semelhante.
Parece ser mais uma reação alérgica do que uma infecção viral.
A etiologia é desconhecida.
O tratamento é igual ao da laringotraqueobronquite.
Sempre pense em corpo estranho!
SUPRAGLOTITE (EPIGLOTITE)
Era conhecida como epiglotite, mas como atinge tecidos vizinhos, foi renomeada Supraglotite.
Nada contra, mas isso só pode ser coisa de pediatra!
É uma emergência médica!
Há infecção grave da epiglote e das estruturas supraglóticas, com obstrução da via respiratória
superior, e alta mortalidade.
Devido à inclusão da vacina contra H. influenzae no calendário obrigatório de vacinação, o número
de casos diminuiu muito, mas, em contrapartida, apareceram novos agentes como: S.Aureous,
Klebsiela sp, S.piogenes, cândida, e vírus.
Outra mudança: Essa doença era mais comum em torno dos 3 anos de idade, e agora acomete
crianças maiores de 7 anos, adolescentes e adultos!
OBS. QUEM FAZ O CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO SÃO OS PEDIATRAS QUE NUNCA
FIZERAM UM PLANTÃO NA VIDA, E COPIAM O CALENDÁRIO DE OUTROS PAÍSES,
CUJO ESQUEMA É FORNECIDO PELA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA.
São de início súbito, com toxemia precoce, febre alta, e sinais de obstrução ventilatória (estridor
inspiratório e baixa expansibilidade pulmonar).
A laringoscopia está contraindicada, pois precipita a obstrução dificultando a intubação.
Tratamento no PS: oxigenioterapia com o paciente sentado, e encaminhamento urgente para UTI
(para intubação eletiva ou traqueostomia).
LARINGOTRAQUEÍTE BACTERIANA
Deve-se suspeitar sempre de corpo estranho em casos onde haja obstrução abrupta sem febre,
sem estridor inspiratório ou outro sinal de infecção viral ou bacteriana da laringe.
A mãe muitas vezes refere que a criança engasgou ou ficou roxa por um momento, e logo depois
se recuperou (sic).
Pneumonias de repetição muitas vezes são causadas por corpo estranho ao nível de bronquíolo.
ASMA
Popularmente conhecida como bronquite asmática, bronquite alérgica ou asma brônquica.
É uma doença genética que pode começar a se expressar em qualquer época da vida. Os longos
períodos de latência, característicos dessa doença, são confundidos com cura!
Ocorre uma obstrução ao nível dos brônquios causada por uma reação antígeno-anticorpo. É
mediada por inúmeras substâncias.
A poeira caseira contém os principais alérgenos (ácaros, fezes de ácaros, restos bacterianos, etc.).
O paciente se apresenta com tosse, pouco ou nada produtiva, e falta de ar.
A crise ocorre em 80% dos casos devido a uma infecção viral das vias aéreas superiores.
AINH e betabloqueadores precipitam uma crise aguda e grave. PAREM DE RECEITAR AINH
EM INFECÇÃO DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES (IVAS).
Ao exame, o paciente está afebril, dispneico e há a presença de sibilos nos dois pulmões (quando
ocorre só em um pulmão: tumor ou corpo estranho deve ser considerado). Presença de retração ou
tiragem intercostal.
Nos casos graves NÃO HÁ sibilância, e o murmúrio vesicular (MV) pode estar ausente.
Tratamento: No PS o tratamento se baseia em tirar o paciente da crise antes que entre em
Estado de Mal Asmático: gravíssimo.
Sempre associar corticoide sistêmico: Prednisolona na dose de 0,14 a 2 mg por kg por dia
(máximo de 60 mg por dia), dividida em 2 ou 4 vezes, durante 5 a 10 dias.
O uso de Budesonida (corticoide com pouquíssimos efeitos colaterais) suspensão para aerossol
(Pulmicort) está indicado para substituir gradualmente a prednisolona.
O nebulizador ultrassônico não pode ser usado para corticoides!
Não receitar mucolíticos porque piora a tosse, o brônquio tende a se inflamar e,
consequentemente, aumenta a obstrução.
Receitar antibióticos se houver doença de base que justifique.
Nota: nos casos graves considerar o uso de:
1- Terbutalina - Bricanyl (0,5 mg/ml), aplicar 0,25 mg (0,5 ml) SC a cada 20 minutos, até 3
vezes.
Crianças: aplicar 0,01 mg por kg de peso.
2- Adrenalina 1:1000 (1 mg/ml), aplicar 0,25 a 0,5 mg IM a cada 20 minutos, até 3 vezes.
Crianças: 0,01 mg por kg de peso.
Em crianças, a Aminofilina está contraindicada na crise leve e moderada.
Só deve ser usada na UTI e, mesmo assim, se não houver resposta às doses máximas de outros
broncodilatadores e corticoides.
Em casos de crise asmática, vale muito mais a decisão experiente do médico de PS, frente ao
paciente, do que os mais variados protocolos.
Sempre utilize o seu protocolo que, obviamente, deriva das suas condições de trabalho!
Sempre deixe o paciente em observação o máximo de tempo possível.
Encaminhe para internação sempre que a resposta ao seu tratamento não for satisfatória!
PNEUMONIA
Uma Saturação de O2 menor que 90% sugere fortemente o diagnóstico, mas o oxímetro de pulso
fornece leituras erradas devidas à má perfusão tecidual, cor da pele, etc. além de não fornecer
nenhum dado sobre a pCO2.
A gasometria é obrigatória, e o diagnóstico é confirmado quando a po2 está menor que 60 mmHg
e a pCo2 maior que 45 mmHg.
Se não puder fazer a gasometria: encaminhe com urgência!
Observar que esses valores correspondem a indivíduos jovens respirando ar ambiente, e ao
nível do mar. Deve ser feita uma correção de acordo com a altitude, e a idade do paciente.
Note que o PH arterial também é muito importante: Alcalose respiratória indica hiperventilação
devido hipoxemia, e acidose respiratória indica aumento abrupto da PCO2.
Não se esqueça de que o sangue para gasometria deve ser transportado envolto em gelo.
Resumindo: O tratamento no PS deve ser orientado para manter as vias aéreas pérvias e
aumentar a pO2 por oxigenação, bronco dilatador, corticoides, etc., e encaminhamento para um
centro com mais recursos.
Aconselho leituras adicionais sobre gasometria, pois é um tema com muitas variáveis que fogem
do objetivo desse livro.
O quadro clínico da HDB varia de um sangramento autolimitado, até uma grande hemorragia
com choque hemodinâmico.
No PS: a conduta é sempre estabilizar o paciente (como na HDA).
A descoberta do local do sangramento fornecerá subsídios para a conduta correta.
A HDB varia muito com a idade do paciente:
Na criança: a causa mais comum é o Divertículo de Meckel (divertículo congênito do intestino
delgado).
No adulto: você deve pensar em diverticulite dos cólons, neoplasias, doenças inflamatórias como a
Doença de Crohn, a Retocolite Ulcerativa e, inclusive, aquelas causadas pelo uso de AINH que
também podem causar lesões nos cólons, e no intestino delgado.
Lembre-se que os AINH não causam somente gastrite!
Encaminhar para colonoscopia diagnóstica.
Se a lesão estiver no intestino delgado, a laparotomia exploradora pode ser a opção mais
indicada.
Outras causas: Vide sangramento anal.
CRISE CONVULSIVA
É caracterizado por convulsões subentrantes que levam ao edema cerebral (daí a importância do uso
de Dexametasona), coma, e morte.
Utilize o mesmo esquema acima, mas aumentando a dose para 20 mg de Diazepam puro, IV, em
adultos, e 0,1 a 0,5 mg por kg/por aplicação, em crianças.
Fazer Plantões Médicos não é uma tarefa fácil. Quando se pensa que sabe, aparece um caso
diferente.
Muitos médicos especialistas que atuam nas Unidades de Pronto atendimento do Governo (UPA)
atendem casos “fora da sua especialidade”.
Na verdade, todos os PS e UPAs funcionam como ambulatórios médicos onde aparece de tudo,
além de urgências e emergências.
O paciente não sabe o que é urgência, e o médico só sabe que não é urgência ao atendê-lo.
Por esse motivo (a diversidade de patologias) alguns médicos de PS têm muita dificuldade em
resolver casos que seriam fáceis para outras especialidades.
Médicos recém-formados, ou não, também têm muita dificuldade. Quando comecei a fazer
plantões, no Hospital das Clínicas de São Paulo, fiz todas as besteiras possíveis!
TODOS OS LIVROS DA SÉRIE "1001 DICAS DE PRONTO-SOCORRO" TÊM O MESMO
OBJETIVO: COMO DIAGNOSTICAR E TRATAR UM PACIENTE DE PS COM
CONHECIMENTOS PONTUAIS, MAS EFICAZES!
Este e-book vai tornar o seu plantão mais fácil e tranquilo: as dicas estão numa linguagem
simples, mas são abrangentes, fáceis de memorizar e facilitam a tomada RÁPIDA de decisões!
**
Têm significado importante no PS. São causados por: hipoxemia crônica do leito ungueal por
doenças pulmonares; vasculopatias; neuropatias; e hepatopatias crônicas.
Inicialmente, há um amolecimento do leito ungueal seguido de aumento da curvatura da unha, por
embebimento dos tecidos moles adjacentes. Todas as unhas têm cor amarelada!
Geralmente estão associados a:
A- Tórax: Carcinoma de brônquio, mesotelioma, timoma, DPOC, pneumoconiose, asma, abscessos,
bronquiectasias, empiema pleural, e fibrose cística.
B- Ap. cardiovascular: Endocardite, CIA e CIV.
C- Ap. digestório: Cirrose, Hepatites crônicas, Cirrose biliar primária (rara, mas fatal), Doença de
Crohn, Retocolite ulcerativa crônica, Doença celíaca (Síndrome de má absorção).
D- Outros: Tireotoxicose, Malformação arteriovenosa ao nível braquial bilateral (“shunt”
arteriovenoso).
Obs. Não confundir com a forma familiar, onde o baqueteamento é discreto, e a coloração da
unha é normal.
2- DORES NO TÓRAX
Estão entre as queixas mais frequentes no PS. Existem dois tipos a serem considerados no exame
físico: Dor localizada e dor difusa.
Direcione seu raciocínio para definir rapidamente a qual tipo pertence:
A- Dor localizada:
Fratura de costela;
Pleurite;
Pericardite;
Herpes zoster;
Infarto pulmonar.
SÍNDROME DE TIETZE: inflamação de uma ou várias cartilagens costais ao nível do esterno.
Esta é a descrição original, mas a inflamação pode ocorrer em qualquer ponto da costela. O
diagnóstico é feito localizando o ponto doloroso que quando fortemente pressionado, reproduz
exatamente o sintoma do paciente. Tem como característica, a irradiação da dor para a região
dorsal do tórax.
Como o início é súbito e muito doloroso, pode ser confundida com IAM. O paciente tem sudorese,
taquicardia, etc.. Se não for tratada pode se tornar crônica. Está quase sempre associada ao estresse.
Tratamento no PS: Corticoide(dexametasona) + analgésicos.
Tratamento ambulatorial:
Antidepressivos com propriedades ansiolíticas (ex: amitriptilina 12,5 a 25mg por dia).
Corticoide sistêmico de depósito (ex: Diprospan IM, Celestone soluspan IM ou Beta 30 IM).
Analgésicos VO.
Massoterapia: massagem com forte compressão digital do ponto doloroso usando
diclofenacodietilamômio gel (uma vez à noite). A melhora é rápida, e a cura total ocorre em 2
semanas.
Infiltração com corticoides (sempre no ponto mais doloroso) pode ser necessária.
B- Dor difusa:
Angina instável;
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM);
Esofagite de refluxo;
Espasmo esofágico;
Miocardite;
Dissecção da aorta.
4- PRURIDO GENERALIZADO
O prurido generalizado é um sintoma importante porque pode significar uma doença sistêmica.
Muitos fatores estão envolvidos na manifestação do prurido: Cininas, histamina, proteases,
prostaglandinas, ácidos biliares, e outras substâncias desconhecidas que podem ser produzidas pela
própria doença, etc.
Muitas vezes, é a primeira manifestação das seguintes doenças:
A- Colestase crônica; Exemplo: Cirrose biliar primária (altamente letal).
B- Insuficiência renal crônica;
C- Policitemia vera;
D- Hiper e hipotireoidismo;
E- Tumores de origem hematológica: Doença de Hodgkin, mieloma;
F- Leucemias;
G- Síndrome carcinóide;
H- Ferropenia;
I-Hipersensibilidade a medicamentos (sem erupção cutânea);
J- Mastocitose;
K- Diabetes;
L- Tumores cerebrais.
**
FRATURAS
É bom lembrar que os ossos são estruturas altamente vascularizadas, e sangram muito.
Uma fratura bilateral fechada da diáfise do fêmur, por exemplo, sequestra no mínimo 1000 ml de
sangue.
**
Num PS aparecem fraturas de todos os tipos, e em diferentes localizações, portanto, vamos nos ater
aqui às Fraturas Fechadas que causam maior dano às estruturas adjacentes:
É a que causa maior dano à medula espinal por, praticamente, não haver distancia entre a vértebra
fraturada e a dura-máter, e também por que é quase sempre acompanhada de luxação (fratura-
luxação).
Vale lembrar que luxação é a perda total do contato normal entre duas estruturas articuladas.
Luxação ou subluxação, ambas atingem a medula espinal.
Se ao RX (perfil), houver um “achatamento” de uma vértebra maior que 50% da sua altura, há
grande chance de lesão neurológica.
Faça um exame neurológico: Qualquer suspeita de TRM (trauma ráqui medular), encaminhe ao
neurocirurgião.
É a fratura mais grave, nessa faixa etária, porque a chance de lesão vasculonervosa é enorme, além
da lesão da epífise de crescimento do úmero que, quase sempre, leva à deformidade do cotovelo.
Muitas requerem tratamento cirúrgico.
**
10- Fratura do tornozelo com desvio: é uma fratura instável e precisa de cirurgia (osteossíntese).
Chame o ortopedista!
Sobre uma superfície lisa e impermeável, desenrole a atadura gessada comum (No PS nunca tem
gesso sintético) fazendo um movimento de “vai e vem”, controlando a largura, espessura, e o
tamanho que você quer (faça uma medição grosseira: 1 palmo, 2 palmos...).
Use quantas ataduras gessadas forem necessárias para dar firmeza na tala, quando esta endurecer.
Segurando uma extremidade em cada mão, mergulhe a tala numa cuba com água, sem soltar as
pontas, e a recoloque sobre a superfície impermeável. Retire o excesso de água alisando com as
mãos.
Coloque a atadura sobre o membro (já coberto com uma camada de algodão ortopédico), e fixe o
conjunto usando ataduras de crepe.
COMO COLOCAR UMA TALA GESSADA:
Depende de qual osso ou articulação você quer imobilizar. EXEMPLOS DE LOCAIS DE
IMOBILIZAÇÃO:
B- Cotovelo: Na face posterior, começando na junção metacarpo falangeana até ao nível da axila.
E- Ombro (em fratura do colo do úmero): Face posterior, começando no antebraço até a região
axilar com o cotovelo em flexão. Colocação obrigatória de tipoia.
Nesse caso a imobilização é indireta. É feita por tração: Os pesos do braço e do gesso exercem uma
força para baixo.
É conhecida como tala gessada pendente.
O paciente deve dormir “semissentado”.
**
PRONAÇÃO DOLOROSA
SINOVITES
É uma denominação genérica para toda, e qualquer, inflamação ou infecção que atinja a sinóvia de
uma articulação.
As mais frequentes num Pronto-Socorro são:
4- Na osteomielite ou artrite séptica: há imagens de lesão óssea ou presença de gás. Febre alta.
5- No Sarcoma de Ewing: há imagens de lesão óssea “em casca de cebola” devido neoformações
ósseas sucessivas. Diferente da osteomielite, onde há necrose óssea sem neoformações ósseas.
Febre alta.
Tratamento no PS: A sinovite transitória do quadril, geralmente, se inicia alguns dias após uma
infecção viral ou bacteriana das vias aéreas superiores. Receita de AINH, e retorno ambulatorial
com ortopedista, se necessário.
A cura é espontânea, e não deixa sequelas.
SINOVITE TRAUMÁTICA
TENOSSINOVITE
CISTO SINOVIAL
Ocorre frequentemente no punho, tanto na face anterior como na posterior, e quase sempre é
decorrente de tenossinovites de repetição.
Ao exame físico não se nota nenhum sinal de inflamação.
Geralmente, tem mais ou menos 2 centímetros de diâmetro, tem consistência dura, e é pouco
doloroso à palpação.
Assim como o cisto de Baker (cisto na região poplítea do joelho), não é uma urgência, mas os
pacientes procuram o PS, principalmente em regiões afastadas dos grandes centros.
Não sei quem vai ler este e-book, então vou tentar explicar o que pode ser feito no PS.
O tratamento mais aceito é o tratamento cirúrgico, mas sabe-se que quando o cisto se rompe
espontaneamente, a cura ocorre em quase 60% dos casos.
Baseado nisso, a conduta no PS pode ser feita da seguinte maneira, tomando-se todos os cuidados de
assepsia, e antissepsia:
Faça um botão anestésico sobre o cisto.
Introduza uma agulha de calibre 10(sem a seringa), e faça uma forte pressão digital sobre o
cisto para expulsar seu conteúdo gelatinoso através da agulha.
Não use seringa para aspirar. O conteúdo do cisto é incolor, e tem característica gelatinosa (daí
a consistência dura). É muito difícil de ser aspirado.
Retire a agulha, e pelo mesmo orifício, injete 1 ml de xilocaína misturada com Corticoide de
depósito, tipo Diprospan ou Celestone soluspan, usando uma seringa com agulha 25x7 até encher o
cisto.
Pressione firmemente o cisto, até que ele se rompa.
Curativo com mupirocina no local da punção, e enfaixamento compressivo com atadura de crepe por
24 horas.
Todo enfaixamento compressivo é feito colocando-se muitas gazes sobre o ponto que você quer
pressionar, e não apertando demasiadamente a atadura de crepe.
É sabido que toda vez que se usa corticoide, em qualquer lesão ortopédica, um ponto fraco é
formado no local.
Por isso, o membro afetado deve ficar em repouso por 15 dias, imobilizado ou não.
Exemplo: Quase todas as roturas do tendão de Aquiles, em esportistas, ocorrem após infiltração
de corticoides.
BURSITE
BURSITE DE OLÉCRANO
Pouco dolorosa.
Quase sempre, se apresenta distendida pela presença de líquido seroso em seu interior.
O tratamento é feito aspirando-se esse líquido, e introduzindo 1 ml de xilocaína associada a 1 ml
de Celestone soluspan (ou equivalente).
Enfaixamento compressivo.
Geralmente evoluem para a cronicidade, culminando com a bursectomia.
**
Não usar soro glicosado para corrigir hipoglicemia: para não dar mais volume.
1-HEMATOMA SUBDURAL AGUDO (HSDA) ocorre em cerca de 30% dos TCEs graves.
Tem 50 a 90% de letalidade.
A causa mais comum é o Acidente de trânsito.
É causado pela Força de Cisalhamento (desaceleração brusca) = Trauma indireto.
A maior taxa de mortalidade ocorre com Glasgow menor ou igual a 8.
No TCE grave, sempre pedir tomografia de crânio: é o único exame para hematomas
intracranianos.
NO HSDA A TOMOGRAFIA SEMPRE MOSTRA UM EFEITO DE MASSA COMPRIMINDO
O CÉREBRO:
Se o hematoma for menor ou igual a 1 centímetro, o tratamento é sempre conservador desde
que não haja hipertensão intracraniana (cefaleia, vômitos e alterações visuais), edema cerebral
ou deficit neurológico significativo.
Obs. tenha um cuidado maior ao atender esses pacientes: nunca exclua “maus tratos”, como
causa!
Muito frequente.
Ocorre por privação da oxigenação de parte do cérebro por interrupção da artéria correspondente.
Pode ocorrer por:
1- No AVC Isquêmico:
A pressão arterial geralmente está alta. Não baixe a pressão arterial! Pode estar em 220 x 140
mmHg: não baixe, porque aumenta a extensão da área lesada.
O uso de nitroprussiato só deve ser feito na UTI.
2- No AVC Hemorrágico:
A PA sistólica não pode ser superior a 180 mmHg (daí a importância da tomografia de crânio, para
estabelecer o tipo do AVC).
3- No AVC Isquêmico, se houver fibrilação atrial utilize heparina 5.000 UI, IV.
A glicemia NUNCA PODE SER SUPERIOR A 120 MG% (INDEPENDE DO TIPO DO AVC),
portanto, não use Soro glicosado ou soro Glicofisiológico.
Utilize insulina regular se necessário, mas não de forma contínua.
5- O uso de 500 mg de AAS via oral é obrigatório no AVC isquêmico!
6- Se houver hipotensão (rara): corrija a volemia com Soro Fisiológico a 0,9% com potássio ou
Ringer-Lactato, e peça outra glicemia.
Acontece que o Brasil é muito grande, e a UTI pode estar longe, então se conclui que a velocidade
no atendimento é muito importante.
O diagnóstico é feito pela dor retroesternal difusa, aumento das enzimas, e
supradesnivelamento (ou supradesnível) do segmento ST ou bloqueio do ramo esquerdo.
Ao exame físico, você poderá observar se há taquicardia (prognóstico ruim), sopros, ou terceira
bulha.
SE HOUVER HIPERTENSÃO, não baixe a pressão arterial, sob nenhuma hipótese, para não
aumentar a extensão da necrose. NÃO IMPORTA O QUANTO ELA ESTEJA ALTA, NÃO
BAIXE!
O tratamento no PS se restringe a:
Morfina, Oxigênio, Nitrato, AAS e Encaminhamento = MONAE.
No PS, o uso de 200 ou 400 mg de amiodarona VO pode reverter uma FA, e deve ser feito.
Mas uma FA, às vezes, só pode ser revertida por cirurgia, daí a dificuldade!
Lembrar que um paciente pode apresentar ICE isoladamente, mas não ICD.
São mais frequentes no PS, os casos com ICC descompensada (geralmente por não adesão ao
tratamento ou subdosagem).
O atendimento no PS visa descobrir a causa da descompensação.
PEÇA ECG, HEMOGRAMA, RX DE TÓRAX (PA+P), CK-MB, E TROPONINAS.
Se não houver esta possibilidade, ou se você for o único médico disponível, e não descobriu a
causa da descompensação, refaça o tratamento de ICC:
1-Cedilanide 1 ampola IV, se houver hepatomegalia dolorosa à palpação. Oxigênio.
2-Betabloqueador (o mesmo que o paciente estava usando, não use se houver bradicardia ou
DPOC).
3-Captopril 25 mg sublingual + 25mg VO, se houver hipertensão. Repetir se necessário.
4-Espironolactona 200 mg VO, após 1 amp IV de furosemida para diminuir o edema de membros
inferiores. Passar uma sonda vesical para balanço hídrico.
Não faça paracentese!
Siga tratando o que vai aparecendo!
**
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR)
Figura 1 : Assistolia
1-ASSISTOLIA;
2-ATIVIDADE ELÉTRICA SEM PULSO;
3-FIBRILAÇÃO VENTRICULAR OU TAQUICARDIA VENTRICULAR SEM PULSO (é a
causa de 80% das PCR).
*MEMORIZOU? AGORA ESQUEÇA POR UM TEMPO.
C- FAZER A CIRCULAÇÃO MECÂNICA com 100 massagens externas por minuto. É a mais
importante manobra externa. Só pare quando obtiver ritmo!
D- DESFIBRILAR COM 360 JOULES com uma pá subclavicular direita, e a outra no 5º espaço
intercostal esquerdo, na linha axilar média (não precisa contar, vá logo à direção). A
DESFIBRILAÇÃO É A PRINCIPAL AÇÃO!
E- ENQUANTO ISSO: Acesso venoso com cateter calibroso (dois acessos), instalação do
monitor cardíaco.
F- REAVALIE (após pelo menos 1 ciclo de massagem): Lembre-se das figuras acima.
NÃO ECONOMIZE DESFIBRILADOR (sempre com 360 joules). Não se esqueça de
desconectar o Oxigênio antes de desfibrilar.
J- LIDOCAÍNA: Se não houver resposta com a amiodarona. Dose: 4 ampolas (paciente com mais
ou menos 70 kg) IV (bolus) a cada 5 minutos. Se não houver melhora do ritmo com essas duas
drogas iniciar:
L- Após a reversão da FV/TVSP: Manter a última droga que obteve o ritmo ideal em 500 ml de
solução fisiológica, IV, gota a gota.
Verificar a dose total diária depois!
Obs. Não pare o que você está fazendo para fazer as contas de miligramas por kg, etc. Tem que
reanimar, então reanime! Não fique perdendo tempo! Por exemplo: Lidocaína de 1 a 1,5
mg/kg.1 ampola=20 mg. “Quanto será que o paciente pesa?” Pare com isso!
***
TRAUMATISMO DE TÓRAX
No PS, o único procedimento que pode ser feito pelo plantonista é a drenagem de tórax.
Presença de pneumotórax: Drenar no 2º espaço intercostal.
Paciente sentado. Anestesia local.
Sempre faça punção do tórax antes de decidir que tipo de drenagem vai usar:
Punção: introduza uma agulha de grosso calibre (10) acoplada a um equipo com SF 0,9%, rente
à borda superior da costela até atingir a pleura!
Use seu dedo como freio, para evitar que a agulha atinja estruturas pulmonares.
1- Se houver saída de ar (você verá as bolhas no equipo), faça uma incisão horizontal na pele e
subcutâneo. Divulsão romba.
Introduza o dreno multiperfurado rompendo a pleura, e acompanhando o gradeado costal para
não lesar o pulmão. Sempre no sentido oblíquo.
Faça uma sutura “em bolsa” para fixar dreno.
Curativo com quantidade suficiente de gazes para impedir entrada de ar.
Instale a drenagem para pneumotórax conforme modelo abaixo.
Presença de hemotórax (com ou sem pneumotórax associado): Drenar no 5º ou 6º espaço
intercostal, na linha axilar média.
Mesmo procedimento anterior.
Sempre usar dreno multiperfurado. O calibre do dreno depende do tamanho do paciente. Pode ser
usado calibre de, no máximo, meia polegada (1,25 cm).
2- Se houver saída de sangue pela seringa: instale a drenagem para hemotórax conforme o
modelo abaixo.
OBS.1: Lembre-se que se houver pneumotórax associado, a drenagem É SEMPRE no 5º ou 6º
espaço intercostal.
OBS.2: Sem o uso do aspirador não é possível, por motivos óbvios, drenar um hemotórax!
OBS.3: No hemotórax grande, A TORACOTOMIA SEMPRE É NECESSÁRIA para evitar a
paquipleuris (fibrose da pleura, pela irritação causada pelo sangue).
Sempre encaminhe o paciente.
Só faça drenagem se o hemotórax for muito grande, e estiver desviando o mediastino.
A força de aspiração pode ser controlada, suspendendo ou abaixando o “respiro” mergulhado ("o do
meio") no frasco, ao qual o aspirador está acoplado (segundo frasco). Quanto mais mergulhado,
mais forte será a aspiração.
Como fazer: Providencie um sistema fechado de drenagem. Se não tiver, construa um dos seguintes
modelos:
PERICARDITE
EXAME FÍSICO: Ausculta do Atrito pericárdico (som parecido com o de roçar um sapato de
couro no outro) localizado EXATAMENTE NA BORDA ESTERNAL ESQUERDA.
Pode ocorrer derrame pericárdico com tamponamento em casos de ferimento no precórdio.
Uma das técnicas de punção aspirativa, consiste em introduzir uma agulha comprida e de grosso
calibre, com mandril, no lado esquerdo do apêndice xifoide, rente ao esterno e, obliquamente,
em direção a um ponto imaginário no terço proximal da clavícula esquerda.
Só faça esse procedimento se você for o único médico disponível. É necessário treinamento
específico!
TRATAMENTO NO PS: Dexametasona 10 mg, IV, Analgésicos com AINH, dose única de
corticoide de depósito (Diprospan), via IM e encaminhar com cópia do ECG (para comparação
posterior).
***
Autor: Dr. Benedito Carlos Campos Machado.
1ª Edição. 2015.
*Todos os direitos reservados*
Leia: 1001 Dicas de Pronto-socorro - partes 1, 2 e 3.