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UFCD 3554 - Animação em Instituições de Saúde - Manual
UFCD 3554 - Animação em Instituições de Saúde - Manual
UFCD 3554
Animação em Instituições de Saúde
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Índice
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I FUNDAMENTOS TEÓRICOS
1. Respostas Sociais
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prestado permanentemente (lares e residências) ou parcialmente
(centros de dia, centros de convívio, universidades para a terceira
idade).
Podemos ainda considerar uma quarta via, que é a prestação de
cuidados informais por parte dos vizinhos e/ou voluntários, mas no
universo dos cuidados aos idosos esta solução é ainda residual, embora
para alguns idosos seja a única.
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pilar da responsabilidade pelos dependentes idosos, como refere Pimentel
(2001), "Vários estudos que têm sido realizados em Portugal e em outros
países permitem contrariar estas representações. A família contínua a ser uma
instituição significativa para o suporte e realização efetiva do indivíduo" ou "A
instituição familiar é a garantia da solidariedade necessária aos ascendentes
em situação de velhice" (Fernandes, 1997).
No entanto as políticas gerontossociais na Europa apoiam-se apenas em
dois pilares, instituições e apoio domiciliário, olvidando-se totalmente da
família. A ausência quase total de ajudas eficazes destinadas às pessoas que
cuidam dos familiares encontra-se no centro dos problemas relativos às
famílias dos idosos e é a principal razão pela qual as famílias muitas vezes são
obrigadas a recorrer às instituições de apoio aos idosos.
Considera-se institucionalização do idoso quando este está durante todo
o dia ou parte deste, entregue aos cuidados de uma instituição que não a sua
família. Idosos institucionalizados residentes são os que vivem 24 horas por dia
numa instituição, no caso dos lares ou residências. Para Goffman (citado por
Santos e Encarnação, 1998), "As instituições totais ou permanentes consistem
em lugares de residência onde um grupo numeroso de indivíduos em
condições similares, levam uma vida fechada e formalmente administrada por
terceiros. Existe uma rutura com o exterior, dado que todos os aspetos da vida
são regulados por uma única entidade".
Em tempos a resposta a qualquer problema a que a família não pudesse
responder, relacionado com os idosos resumia-se, ao nível do internamento, se
fosse um problema de saúde em meio hospitalar ou num asilo ou albergue se
fosse um problema social. A única resposta para a solidão, isolamento e idade
era a institucionalização em asilos.
Progressivamente a sociedade foi-se apercebendo que era necessário
outro tipo de tratamento para os idosos e desde a década 50 e principalmente
de 60 houve uma tentativa por parte da sociedade e do Estado de melhorar as
condições de acolhimento dos asilos, passando estes a serem chamados de
Lar de Idosos ou com os eufemismos de o "Cantinho do Idoso", a "Casa da
Avozinha" ou "Casa de Repouso". Em 1974 estavam registados 154 lares não
lucrativos e 39 lucrativos, existindo atualmente 769 lares sob gestão das IPSS.
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Os objetivos e serviços executados pelas IPSS têm a sua expressão
física nos equipamentos sociais, dado que alojam as valências tenham estas
uma natureza residencial, ambulatória ou mista. Denomina-se valência à
resposta social desenvolvida no interior ou a partir de um equipamento social.
Nos finais dos anos 60 surgem as primeiras valências de Centros de Dia
(CD), um equipamento aberto, meio caminho entre o domicílio e o
internamento, e ao mesmo tempo local de tratamento e de prevenção. Por esta
altura surgem também os Centros de Convívio (CC), com os mesmos
propósitos dos Centros de Dia, mas mais vocacionados para a animação e
lazer dos idosos.
Em 1976 começou a elaboração de uma política, que ainda hoje se
segue, de prevenção e de manutenção das pessoas no seu domicílio o maior
tempo possível.
No início dos anos 80 surgem com mais intensidade os Serviços de
Apoio Domiciliário (SAD), que têm por objetivo prestar alguns serviços do
centro de dia, não no equipamento, mas no domicílio do utente. Esta é uma
resposta que contínua a expandir-se e se apresenta como a solução ideal para
muitos problemas dos idosos. Porque, para além da qualidade do serviço e de
permitir ao idoso ficar mais tempo na sua própria casa, existe o fator
económico. "A institucionalização é a forma mais cara de prestar cuidados de
longa duração a pessoas idosas e a pessoas com deficiência. (...) Os custos da
institucionalização podem chegar a ser sete vezes superiores aos dos cuidados
ao domicílio" (Bach, Intintola e Alba, Holland, 1992, citado por Quintela).
Na década de 90 surgiu mais uma resposta social, o Acolhimento
Familiar de Idosos (AFI), que prevê o acolhimento em casa de famílias idóneas
de idosos que necessitam de apoio. Esta resposta ainda não tem uma grande
expressão em Portugal devido à dificuldade em angariar famílias.
Nos finais dos anos 90, o Serviço de Apoio Domiciliário é alargado para
o domínio da saúde em conjunto com os centros de saúde, o que origina o
Apoio Domiciliário Integrado (ADI) que une a resposta social com a resposta de
saúde. Também nesta altura são criados os Centros de Noite (CN), as
Unidades de Apoio Integrado (UAI) e os Acolhimentos Temporários de
Emergência para Idosos (ATEI).
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Oficialmente as respostas sociais reconhecidas pela Segurança Social,
para os idosos em Portugal são oito:
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- Lares para idosos (Lares) são estabelecimentos em que são desenvolvidas
atividades de apoio social a pessoas idosas através do alojamento coletivo, de
utilização temporária ou permanente, fornecimento de alimentação, cuidados
de saúde, higiene, conforto, fomentando o convívio e a ocupação dos tempos
livres dos utentes.
_ Acompanhamento ao exterior;
_ Aquisição de géneros alimentícios e outros artigos;
_ Acompanhamento, recreação e convívio;
_ Pequenas reparações no domicílio;
_ Contactos com o exterior;
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- Acolhimento Familiar de Idosos (AFI) é a resposta social que consiste na
integração, temporária ou permanente, em famílias consideradas idóneas ou
tecnicamente enquadradas, de pessoas idosas.
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Para além de todas estas respostas temos as respostas das unidades
de cuidados continuados integrados, que são cuidados de convalescença,
recuperação e reintegração de doentes crónicos e pessoas em situação de
dependência. Estas intervenções integradas de saúde e apoio social visam a
recuperação global, promovendo a autonomia e melhorando a funcionalidade
da pessoa dependente, através da sua reabilitação, readaptação e reinserção
familiar e social.
Objetivos da RNCCI?
Prestar cuidados continuados integrados a pessoas em situação de
dependência;
Investir no desenvolvimento de cuidados de longa duração, promovendo
a distribuição equitativa das respostas a nível territorial;
Qualificar e humanizar a prestação de cuidados;
Potenciar os recursos locais e apoiar a criação de serviços comunitários
de proximidade;
Ajustar ou criar respostas adequadas à diversidade que caracteriza o
envelhecimento individual e as alterações de funcionalidade.
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Unidades de internamento: unidades de convalescença, unidades de
média duração e reabilitação, unidades de longa duração e manutenção
e unidades de cuidados paliativos;
Unidades de ambulatório: unidade de dia e de promoção de autonomia;
Equipas hospitalares: equipas de gestão de altas, equipas intra-
hospitalares de suporte em cuidados paliativos;
Equipas domiciliárias: equipas de cuidados continuados integrados,
equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos.
2. Envelhecimento Ativo
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A terceira categoria tem a ver com o desenvolvimento pessoal, que
representa as oportunidades de desenvolvimento intelectual, auto-
expressão e empowerment.
As atividades recreativas compõem a quarta categoria que se subdivide
em três partes: socialização, entretenimento passivo e ativo.
A última categoria é as atividades espirituais e transcendentais, que
envolvem a atividade simbólica, religiosa e o autoconhecimento.
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A animação incorpora muitas potencialidades para favorecer a vida do
idoso numa instituição de saúde: “A estimulação é uma das práticas mais
importantes para manter o velho com vida e com saúde” (Zimerman 2000:33).
A animação e a arte têm, neste sentido, muito a oferecer: são fonte de acção,
de criação e de expressão. Segundo Jacob (2008) “A animação representa um
conjunto de passos com vista a facilitar o acesso a uma vida mais activa e mais
criativa, à melhoria nas relações e na comunidade de que se faz parte,
desenvolvendo a autonomia pessoal”.
Quando se fala de qualidade de vida, fala-se das condições de vida do
ser humano: podemos ter uma boa qualidade de vida quando estas são
favoráveis, ou pouca qualidade quando são más. Estas condições de vida não
devem ser analisadas apenas num nível, mas sim num vasto leque de campos:
saúde mental; saúde física; poder económico; relacionamentos sociais, entre
outros.
Esta expressão remonta-nos a 1964, altura em que foi utilizada por
Lyndon Johnson, presidente dos Estados Unidos, “(…) ao declarar que "os
objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos. Eles só
podem ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às
pessoas."”. Nesta aplicação, o termo encontra-se apenas com um significado
económico mas, como nos diz Leal (2008), com o decorrer do tempo o conceito
foi evoluindo e na década de 80 já se enquadra na expressão diferentes
perspetivas, ou seja, perde a conotação estritamente económica e passa a ser
vista como multidisciplinar. Assim assume uma perspetiva biológica, cultural;
económica e psicológica. O crescimento do conceito não ficou por aqui, e na
década de 90 juntasse-lhe a subjetividade. Cada indivíduo perceciona a sua
vida, e cada um dos seus domínios (saúde, dinheiro, etc.), de acordo com as
suas perspetivas e aquilo que considera ser importante para si.
M. Lawton (“Estudos e intervenções para a promoção da velhice
satisfatória”, n.d.) é bastante conhecido na gerontologia, o autor desenvolveu
um modelo de qualidade de vida baseado em quatro aspetos: competência
comportamental; condições ambientais; qualidade de vida percebida e bem-
estar subjetivo.
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A competência comportamental está ligada ao desempenho do indivíduo
no quotidiano e à sua saúde e condições físicas, capacidade funcional;
capacidades cognitivas, gestão do tempo e comportamento social. As
condições ambientais estão ligadas a fatores objetivos, como por exemplo as
condições económicas. Estas condições devem de ir ao encontro das
necessidades do idoso promovendo a sua autonomia e independência.
A Terapia Ocupacional ou chamada de Animação é o tratamento de
condições de saúde que afetam o desempenho das pessoas em qualquer fase
da vida através do envolvimento em atividades significativas, com o objetivo de
lhes proporcionar o seu máximo nível de funcionalidade e de independência
nas ocupações em que desejam participar.
Ora, é a avaliação, tratamento e habilitação de indivíduos com disfunção
física, mental, de desenvolvimento, social e outras, utilizando técnicas
terapêuticas integradas em atividades selecionadas consoante o objetivo
pretendido e enquadradas na relação terapeuta/utente; prevenção da
incapacidade, através de estratégias adequadas com vista a proporcionar ao
indivíduo o máximo de desempenho e autonomia nas suas funções pessoais,
sociais e profissionais e, se necessário, o estudo e desenvolvimento das
respetivas ajudas técnicas, em ordem a contribuir para a melhoria da qualidade
de vida.
4. O Animador
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(1998) que diz que o animador é um “educador”, um “agente social” e um
“relacionador”:
Um educador, apesar de nem todos estarem de acordo em identificar o
animador com um educador; todavia, há unanimidade na altura de
aceitar que é um dinamizador, um mobilizador, como o seu próprio nome
indica. Neste sentido, pode considerar-se educador, visto que pretende
provocar uma mudança de atitudes, da passividade à atividade.
Um agente social, visto que exerce esta animação não com indivíduos
isolados, mas com grupos ou coletivos os quais tenta envolver numa
ação conjunta, desde o mais elementar até ao mais comprometido.
Um relacionador, capaz de estabelecer uma comunicação positiva entre
pessoas, grupos e comunidades e de todos eles com as instituições
sociais e com os organismos públicos. Na minha opinião, é esta a sua
característica mais definitória e peculiar, a que o diferencia de outras
profissões afins (p.125).
Este mesmo autor acrescenta ainda que “o animador deve ser uma
pessoa dialogante, não autoritária, respeitosa para com os outros, de
mentalidade aberta, tolerante, propícia a estabelecer relações e com uma visão
global dos problemas sociais” (Larrazábal 1998:131).
Dinis (2007) apresenta-nos uma forma peculiar de caracterizar um
animador. Este utiliza metáforas e aproxima assim o animador de um vidente,
um terapeuta, um guia, um técnico, e um mediador:
Vidente (…) Ler a vida mudar o destino. Aquele que vê o futuro, o antecipa, o torna
tangível e urgente; transforma a realidade. Traz a mensagem, a luta, o terramoto.
Assume-se do lado da vanguarda (…). Terapeuta (…) O que ajuda a nascer e
acompanha o crescimento. O que cuida dos distúrbios e sara as feridas. Acredita e faz
acreditar que a esperança é o desenvolvimento. O que integra e acompanha os
processos de recuperação e reintegração (…). Guia (…) O que introduz noutros
mundos e olhares. Indica caminhos, desafiando para o que se esconde e depois se
revela e exprime. Guarda a memória, mas relaciona com o presente. Faz a ligação
com a cultura, a arte e os artistas para permitir a fruição e desafiar o que há de criador
em cada um e no coletivo (…).
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Técnico (….) O que domina os equipamentos e as técnicas. Conhece os processos.
Respeita horários, hierarquias, instituições e compromissos. Lidera, coordena, gere.
Integra, executa e ensina. (…).
Mediador (…) O que põe em contacto, faz a rede. Liga os comentários e as distâncias.
Encontra parceiros. Promove encontro, na construção do coletivo até à comunidade.
Soma sinergias. Desafia os limites interiores. Faz iguais e maiores, únicos. Respeita
diferenças. Integra e autonomiza.” (pp.51-53).
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também de promover um bom ambiente de trabalho e de permitir que as
potencialidades do grupo se sobressaiam. Tem ainda como função a avaliação
dos processos e resultados do projeto e das respetivas atividades.
Para finalizar esta pequena abordagem, assinalamos uma característica
muito própria de um animador de idosos: este técnico é muitas vezes alguém
mais próximo do idoso do que a própria família, e torna-se com facilidade no
“confidente”, no “conselheiro”, e no “amigo” deste (Jacob, 2008). O animador
tem normalmente mais tempo para se dedicar ao idoso, e pode-lhe dar por isso
mais atenção e carinho. Segundo Jacob (2008) é muito importante que um
animador que trabalhe com idosos goste muito daquilo que faz e tenha muita
disponibilidade. O trabalho destes técnicos é compensado não só através de
um salário, mas sobretudo a nível afetivo e emocional. Atrevemo-nos a dizer
que, ou o animador gosta muito do que faz, ou então não é capaz de exercer
esta profissão.
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II CARACTERÍSTICAS DA ANIMAÇÃO EM IDOSOS
O idoso encontra-se numa fase em que a sua vida mudou muito, em que
se sente com um papel menos útil na sociedade, é então necessário fazer com
que este ocupe os seus tempos livres com alguma tarefa que lhe dê gosto
executar, algo que o faça sentir que afinal não é tão incapaz como poderia
pensar, algo que dê mais vivacidade ao seu final de vida, e mais vontade de
chegar ao dia seguinte. E é nesse sentido que trabalha o animador: cria
projectos e proporciona novos objectivos de vida.
Animação é, segundo o dicionário, “acto ou efeito de animar”;
“vivacidade no falar, no olhar, nos movimentos”; “ alegria geral” (“Animação”,
n.d.). E animar, por sua vez, significa “dar animação a; dar vida a”; “dar alento,
força, coragem. = ENCORAJAR, ESTIMULAR” (idem). A nível social pode-se
falar de animação comunitária, animação cultural, animação de tempos livres,
animação socioeducativa, entre outras. Optamos por nos debruçar, aqui, sobre
a animação sociocultural por acreditar que se trata do termo mais apropriado e
mais completo para este trabalho, e por ser dentro deste conceito que
encontramos a animação artística (foco deste projecto).
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Não se pode falar de animação sem falar de ócio. É neste tempo que
animação ganha espaço. Os indivíduos, sejam crianças, jovens, adultos ou
idosos, depois de realizarem as tarefas que são “olhadas” como obrigações,
têm tempos livres que devem ser ocupados com atividades que lhes tragam
momentos de prazer, satisfação e descontração. Infelizmente “(…) Fomos
preparados demasiado tempo para lutar e não para gozar. As sociedades
capitalistas têm-nos preparado para o trabalho e não para o ócio.” (Cabeza
2007:80). A prática do ócio exige que se tenha aptidões para tal e, é função da
animação sociocultural ensinar os indivíduos a fazer as melhores escolhas
tendo em conta o “eu” de cada um. Porque, embora se pense que sim, deitar-
se no sofá a ver televisão todos os dias, para descontrair e descansar do longo
dia de trabalho, não é a melhor opção. Felizmente hoje há uma maior
preocupação com o tempo de ócio: “(…) afirmou-se reiteradamente que a
civilização ocidental é filha do ócio.” (Cabeza 2007:77). Com a conquista de
tempo livre, da classe operária face à exploração capitalista, acentuou-se a
separação entre tempo de lazer e tempo de trabalho. Assim, hoje surgiu um
maior investimento no campo do ócio. A título de exemplo, passo a citar
Cabeza (2007):
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impulsionar este tipo de atividades e facilitar a inserção dos indivíduos nas
mesmas.
Para o sucesso das atividades, Gómez (2007) diz-nos que é
fundamental que:
(…) trata-se de promover uma participação ativa dos indivíduos ou grupos, ou seja,
não como simples utentes ou clientes de determinadas ofertas de atividade ou
serviços. Trata-se de transformar os destinatários de ação sociocultural em sujeitos
ativos da comunidade a que pertencem e em agentes dos processos de
desenvolvimento em que estão envolvidos (p.29).
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abertas à participação dos indivíduos, grupos, comunidades,
associações, instituições, etc. (…);
Serem práticas que convertem o público-espectador (…) em
protagonista-ator (…);
Uma metodologia participativa e implicativa, ainda que flexível e plural,
da qual se suscitem e/ou consolidem processos de conhecimento-
reflexão-ação que ativem a comunicação e o diálogo social.(…) - Partir-
se do reconhecimento das identidades culturais de cada comunidade ou
país, da sua diversidade e do pluralismo que caracteriza as pessoas e
os seus respetivos estilos de vida. (…);
Uma visão pedagógica e social dos processos que a Animação
desenvolve, desde a capacidade de análise (explicação e interpretação
das realidades sociais nas quais se pretende «atuar animando») até à
organização, implementação e valorização das suas realizações,
procurando refletir de que modo se deu resposta aos direitos e às
necessidades socioculturais que os motivaram. (…);
Uma atuação com diversas, e inclusive, contraditórias funções, no
contexto da sociedade atual (Besnard, 1988), como entre outras: de
integração e adaptação dos indivíduos e grupos sociais, de aculturação
e formação; de recreação e distração; de regulação e de ortopedia social
(terapia social à base de atividades culturais); de comunicação entre
indivíduos e os grupos; de desenvolvimento cultural de grupos e
indivíduos; de promoção das culturas populares e de crítica ao
imperialismo insolente da cultura dominante… E tudo isto na perspetiva
da transformação social (mudanças, mentalidades, atitudes) (pp.70-72).
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obrigações, como por exemplo descascar batatas, podem ganhar um sentido
lúdico, se for feito de livre vontade e com gozo. E, um idoso nesta situação
sente que ainda é capaz de ajudar, sente-se útil, o que é muito vantajoso para
o seu bem-estar.
Existem vários programas que são implantados para auxílio dos idosos,
e segundo H. López Cruz (1992, citado por Osorio, 1998):
(…) ele está mais próximo do fim da vida e, teoricamente, não tem a etapa seguinte
para querer chegar lá (…) Ainda que não tenha um longo futuro pela frente, a
motivação, o estimulo do velho é viver bem e intensamente no presente, ter satisfação
com a vida que leva agora e mostrar que pode e deve viver bem, deixando um modelo
de velho feliz para os que um dia também serão idosos. (…) (p.135).
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Segundo Zimerman (2000) a melhor forma para minorar os problemas
da velhice é através da estimulação. A autora define “estimulação” como
“animar” e “encorajar” (entre outros termos). Estimular, ou seja, animar “(…) é
criar meios de manter a mente, as emoções, as comunicações e os
relacionamentos em atividade” (Zimerman 2000:134).
Temos de ter em conta que as atividades de animação sociocultural
necessitam de ser adaptadas de acordo com o grupo que as vai receber. Por
exemplo uma mesma atividade não pode ser proposta a um grupo de idosos da
mesma forma que a um grupo de jovens: “(…) o trabalho com idosos requer
uma adaptação (…) no que concerne à velocidade, à duração, aos locais e às
suas referências culturais e sociais (por exemplo, a criança corre, enquanto o
idoso anda)” (Jacob 2008:31). E existem também ajustamentos que são
necessários quando se transfere determinadas atividades para grupos de
terceira idade diferentes, pois serão certamente encontradas distintas
necessidades.
2. Objectivos da Animação:
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3. Planificação:
A primeira ação a realizar num projeto de animação é fazer o plano de
sessão ou ficha de atividade. Este plano deve conter os dados mais
importantes relacionados com a animação (publico, objetivos, material, tempo,
etc.). Desta forma vamos selecionar o público-alvo, isto é, os idosos que irão
participar na animação para, posteriormente, estabelecer objetivos da
animação, que podem ser contínuos (se fizerem parte do plano de animação
anual ou trimestral) ou pontuais (se forem para uma única atividade).
Após delineados os objetivos, vamos selecionar as atividades a
realizarem, o material necessário e a duração. Por vezes surge a questão e
devemos escolher as atividades de acordo com o material disponível ou,
primeiro, escolhemos as atividades e, a seguir, angariamos o material. Ambas
as soluções são possíveis, tudo depende da administração da instituição poder
(ou querer) disponibilizar os meios necessários e da capacidade criativa do
animador.
O tempo também é muito importante, porque não devemos deixar a
animação prolongar-se no tempo, nem ser demasiado curta. Uma sessão de
animação deve durar entre 60 a 90 minutos. Em instituições de prestação de
serviços a idosos, o aconselhável serão três sessões semanais para cada
grupo. A animação deve ser desejada e ser um momento de lazer e de quebra
da rotina, mas não deve ser um obstáculo à organização pessoal do idoso e da
instituição, partindo do princípio, de novo, de que a rotina da instituição está
centrada no idoso e não no seu próprio funcionamento. Se o idoso participar
regularmente na vida da instituição, não precisa de mais de duas ou três
sessões de animação.
4. Avaliação:
O tema «Envelhecimento» tem sido alvo de estudos por profissionais e
vem desenvolvendo a produção de conhecimentos que contribui em grande
parte para a melhoria da qualidade de vida de pessoas que alcançam esta
etapa da vida, a «3º idade». Estudos recentes demonstram que realizar
atividades estimulantes reduz em 47% a possibilidade dos idosos
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desenvolverem doenças. Antes de pensar num plano de atividades de
animação para idosos em prática, há que realizar uma avaliação psicológica,
social e física de cada um dos indivíduos, no sentido de perceber quais as
capacidades e motivações reais de cada idoso em relação a cada uma das
atividades propostas.
Deve-se também dar oportunidade aos idosos para que eles próprios
possam propor outras atividades que sejam do seu agrado, bem como permitir
que eles participem nas atividades diárias da Instituição, por exemplo, fazendo
as suas camas, limpando o pó dos seus quartos, colaborando na elaboração e
confeção das ementas, regando as plantas, etc., desde que tal seja do agrado
deles. Ao estabelecer uma relação com um idoso, deveremos ter em conta a
nossa comunicação não-verbal e também a dele. Pois só mantendo uma boa
atitude corporal é que poderemos obter bons resultados na sua adesão às
atividades propostas.
Assim teremos de ter em conta algumas regras:
Manter uma certa distância
Falar pausadamente
Referir o que estamos a fazer
Repetir quantas vezes forem necessárias
Ajudar e apoiar
Valorizar qualquer tipo de esforço motor
Manter uma atitude de calma e passividade
Ser paciente e compreensivo
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III TÉCNICAS DE OCUPAÇÃO
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Para compreender a importância que a animação biopsicossocial tem
para os idosos, há que primeiro tomar consciência do que é que motiva o ser
humano. A motivação é aquilo que leva os indivíduos a fazer qualquer coisa
com esforço, dedicação, energia e prazer. A sua intensidade e natureza são
diferentes em cada um de nós, de acordo com diversas influências, em cada
momento.
Se forem dadas condições ao indivíduo para que ele tenha um bom
desempenho na execução de uma determinada tarefa ou actividade e ele tiver
as competências necessárias, o seu grau de eficácia depende apenas da sua
motivação. Todo e qualquer comportamento humano tem uma motivação na
sua base, ou seja, há uma tensão que leva o indivíduo a comportar-se de
determinada maneira, de forma a satisfazer uma ou mais necessidades. As
condições fornecidas pelo meio que envolve o indivíduo mantém-se em
equilíbrio psicológico até que um estímulo rompa esse equilíbrio e crie uma
necessidade, que vai gerar um estado de tensão.
Uma das principais teorias existentes sobre a motivação humana é a
Pirâmide das Necessidades de Maslow, que diz que as necessidades estão
ordenadas segundo o seu valor, e que uma determinada necessidade só se
manifesta quando as necessidades do nível imediatamente inferior estão
totalmente satisfeitas. Segundo esta teoria, o ser humano apresenta cinco
níveis de necessidades – fisiológicas, de segurança, de afeto, de estima e de
autorrealização.
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princípios, que são o da dominância e o da emergência; o primeiro diz que
enquanto uma necessidade básica não estiver satisfeita, as restantes não têm
força para dirigir o comportamento; o segundo diz que quando uma
necessidade é satisfeita, imediatamente surge uma nova necessidade.
1. Rotinas Diárias
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assumem uma importância crescente. Neste contexto, surge o modelo teórico
do processo de declínio funcional de Hébert (1997) que enquadra os conceitos
de disfunção, incapacidade e deficiência, e em paralelo as diferentes áreas de
intervenção.
A satisfação com a qualidade de vida em idosos com reduzida
capacidade para se auto cuidarem é determinada por diversos fatores, como
aspetos sociais, físicos, mentais e financeiros que interagem entre si, em
especial os sentimentos de solidão, degradação da capacidade para se auto-
cuidar, pobre saúde em geral, sentimentos de preocupação e baixos recursos
financeiros em relação às suas necessidades (Borg et al., 2006). Estes fatores
têm que ser considerados no cuidado a estes idosos para preservar ou
promover a sua satisfação com a qualidade de vida.
A preferência por rotinas nas atividades e comportamentos dos idosos é
um fenómeno complexo de resposta à incapacidade e à
vulnerabilidade/fragilidade. O aumento das rotinas no seu quotidiano permite-
lhes um aumento de sentimentos de controlo e previsibilidade, especialmente
quando confrontados com vulnerabilidade/fragilidade quer física quer
psicológica (Bouisson & Swendsen, 2003).
A diminuição na capacidade para o auto cuidado, que por sua vez
dificulta a realização das atividades diárias, revelou uma correlação negativa
mais elevada com a qualidade de vida do que a presença de doenças crónicas,
diferenciando-se de acordo com o género. Assim, nos homens a necessidade
de ajuda residia na preparação de refeições e em atividades de tarefas
domésticas como arrumar e limpar a casa, enquanto nas mulheres as
necessidades situavam-se na ajuda na mobilidade, como por exemplo, na
deslocação a espaços distantes de casa e fazer compras (Bowling & Windsor,
2001).
Os desafios funcionais que os indivíduos com diminuição ou perda
sensorial na idade avançada enfrentam fizeram surgir a noção da importância
destes no dia-a-dia, nomeadamente na competência de cada indivíduo em
viver de forma autónoma na comunidade. Esta competência e a habilidade em
continuar a se adaptar às mudanças das circunstâncias dependem dos
elementos ativos e passivos de uma variedade de domínios, incluindo o
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sensorial, sensório-motor, cognitivo, personalidade e recursos sociais. Os
recursos sensoriais referem-se estritamente ao processo sensorial, como a
visão e a audição, enquanto os recursos sensório-motores se referem às
funções que estão integradas entre as habilidades motoras e as sensoriais,
como por exemplo o equilíbrio e a marcha (Willis, 1996; Baltes & Lang, 1997;
Diehl, 1998; Lang, Rieckmann & Baltes, 2002; Brennan, Su & Horowitz, 2006).
É, extremamente, importante propiciar situações em que o idoso
aprenda a lidar com as transformações que ocorrem no seu corpo, tirando
proveito da sua condição, conquistando a sua autonomia, sentindo-se sujeito
da sua própria história. No entanto, nem sempre a família está preparada ou
em condições de desencadear esse processo, tendo em vista que as
obrigações diárias, às vezes, dificultam uma dedicação especial ao idoso.
Assim, há que manipular as ajudas ao idosos nas tarefas diárias, auxiliando
apenas em pequwnos pormenores, falando em quatro tarefas principais:
Higiene, Culinária, Costura e Jardinagem, isto é, permitir ao idoso que
mantenha estes hábitos rotineiros.
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2. Atividades Manuais
3. Atividades Recreativas
4. Atividades Físicas
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A psicomotricidade visa essencialmente:
Mobilizar e reorganizar as funções mentais
Aperfeiçoar a conduta consciente e o acto mental
Elevar as sensações e percepções a níveis de consciencialização,
simbolização e conceptualização da acção aos símbolos, passando pela
verbalização
Maximizar o potencial motor, afectivo-relacional e cognitivo
Fazer do corpo uma síntese integradora da personalidade
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Diminuição das sensações e da propriocepção.
Medo das quedas e consequentemente as fracturas.
Hipertonia e rigidez muscular.
Exemplo de jogos
1º jogo
Material:- Placa quadrada com várias filas de pregos, elásticos de várias cores
e grossuras diferentes.
Objectivo: - fortalecimento dos músculos das mãos
Modo de jogar: - esticar os elásticos ao longo dos pregos de modo a fazer
desenhos.
2º jogo
Material: - Garrafas de plástico de 1\2 l, ou de 1,5l, cheias de areia, pintadas,
com um cordel atado no gargalo, por sua vez este cordel com um metro de fio
está atado a um pequeno pau.
Objectivo: -fortalecimento dos músculos dos braços
Modo de jogar: - puxar as garrafas, enrolando o cordel num pequeno pau.
3º jogo
Material: - cinco garrafas de plástico de 1\2 l, ou de 1,5l, cheias de areia e
pintadas, uma bola pequena.
Objetivo: - concentração e coordenação óculo-manual
Modo de jogar: - atirar a bola para derrubar os pinos (garrafas) que estão em
pé, a uma certa distância.
4º jogo
Material: - três arcos e três discos ou malhas
Objetivo: - coordenação óculo-manual
Modo de jogar: - tentar acertar com as malhas dentro dos arcos variáveis: -
arcos e malhas com as mesmas cores, alterar as distâncias entre os arcos
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5º jogo
Material: - quadro com vários quadrados (tabela de dupla entrada), com
símbolos, formas ou cores, peças soltas com os mesmos elementos.
Objetivo: - estimular a memória e a concentração
modo de jogar: - fazer a correspondência entre os vários elementos
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GERONTOPEDAGOGIA
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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OLIVEIRA, Ana Lúcia R. “Aspectos Psicológicos do Envelhecimento”.
Pesquisa realizada na internet, no site
http://www.idosoamado.com/artigo5.htm, no dia 22 de Outubro de 2011.
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