Você está na página 1de 4

Aluna: Maysa Ribeiro da Silva

Curso: Música

RESUMO DO CAPÍTULO 2

BREVE RELATO SOBE A EDUCAÇÃO DE SURDOS

Entender a história e as filosofias educacionais para surdos e as relações sociais, a


linguagem e a qualidade de interações serve de ajuda para analisar de forma crítica as
conseqüências de cada filosofia do desenvolvimento destas crianças.
A idéia que a sociedade antiga fazia de surdos, é que eles foram percebidos como formas
de piedade e compaixão ou ainda como pessoas castigadas pelos deuses, por isso eram
abandonadas ou sacrificadas. Dessa forma fortalecia a crença que o surdo não poderia ser
educador.
Com o passar do tempo, surgem os primeiros educadores para surdos. Os educadores
passam a criar metodologias diversas para ensinar os surdos. Alguns se baseando na
linguagem oral, outros pesquisaram e defendendo a linguagem de sinais, e outros ainda
criando códigos visuais. Essas correntes seguem até hoje.
Na Espanha, um monge beneditino, Pedro Ponde e Leon, ensinou quatro surdos, filhos de
nobres a falar grego, latim e italiano, conceitos de física e astronomia, datilografia, escrita e
oralização, criando uma escola de professores de surdos.
Tempos depois, ainda na Espanha, Juan Martins Pablo Bonet publicou um livro que tratava
a invenção do alfabeto manual. Logo depois, J. Bulwer publica o primeiro livro em inglês
sobre a língua de sinais, e anos a frente, onde afirma que a língua de sinais é capaz de
expressar os mesmos conceitos que a língua oral.
Já na França, Abade Charles Michel de L’Epée, cria os Sinais Metódicos, combinando a
língua de sinais com a gramática sinalizada francesa, seu sucesso levou a transformar sua
casa em uma escola pública.. Ele acreditava que todos os surdos deveriam ter acesso a
educação publica e gratuita.
Até o final do século dezenove as línguas de sinais foram bastante utilizadas em todo o
mundo.

O Oralismo

Na Alemanha, surge as primeiras noções do que hoje constitui a filosofia educacional


Oralista, esta rejeita a linguagem de sinais e acredita no ensino da língua oral.
O Oralismo percebe a surdez como uma deficiência a ser minimizada pela estimulação
auditiva, reabilitado a criança surda em direção a normalidade. A metodologia usada de
oralizar é de verbo-tonal, áudio-fonatória, aural, acupédico, entre outros. O Oralismo utiliza
como embasamento teórico lingüístico o Gerativismo de Noam Chomsky, que é não só
ensinar a linguagem mas dar condições para que se desenvolva espontaneamente na
mente, a seu próprio modo.
Há uma preocupação com as regras gramaticais na aprendizagem da língua, como em
diferenciar ermos como correr diferente de pular, utilização do tempo no passado e no
futuro, onde as crianças surdas têm grande dificuldade de inferir, precisando de muita ajuda.
Para amenizar esta dificuldade é recomendado iniciar a estimulação auditiva precocemente,
para que discriminam e distingam os sons que ouvem através da audição, das vibrações
corporais e da leitura oro-facial, a criança chega a uma compreensão da fala dos outros e
por último começa a oralizar.
A rápida criação de escolas para surdo, tirou-os da negligência e da obscuridade emitindo
responsabilidades, escritores surdos, engenheiros surdos, filósofos surdos, intelectuais
surdo, o que antes parecia impossível.
A possibilidade de ensinar o surdo a falar, estimulada pelas novas tecnologias, levou
alguns educadores a rejeitarem as línguas e sinais. O método oral começa a ganhar força, o
mais importante defensor do oralismo foi Alexandre Graham Bell, inventor do telefone,
influenciou o Congresso Internacional de Educadores Surdos, em Milão, onde se votou este
método a ser usado na educação de surdos. Dando uma reviravolta na educação para
surdos, a maior parte das escolas deixa de usar a língua de sinais. A Oralização passa a
ser o objetivo principal na educação das crianças surdas, com o maior tempo no domínio da
linguagem oral, o ensino de disciplinas como história, geografia e matemática foram
relegadas, levando a uma queda no nível de escolarização. Isto até a década de sessenta
do século passado, quando William Stokoe publicou um artigo defendendo a ASL como a
língua com todas as características das línguas orais.
Até hoje, na filosofia educacional, o Oralismo, mantém este tipo de pensamento, sendo que
predominou até a década de sessenta. No entanto, a língua oral até o presente momento
não pode ser adquirida pela criança surda. Esta filosofia visa integrar a criança surda a
comunidade ouvindo, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral e restringindo esta
língua como a única forma e comunicação dos surdos, rejeitando qualquer forma de
gestualização, bem como as línguas de sinais.

A Comunicação Total

Clerc fundou a primeira escola permanente para surdos nos EUA, usando um tipo do
francês sinalizado, ou seja, a união da língua de sinais com a estrutura da língua francesa
adaptado ao inglês. Surgindo assim, uma metodologia que mais tarde será utilizada na
filosofia da Comunicação Total.
Todas as escolas públicas americanas passaram a mover-se em direção a American Sign
Language. A ASL, e não mais o inglês sinalizado passa a ser utilizada nas escolas, assim
como ocorria na Europa.
A dificuldade de aprendizagem da linguagem oral levou alguns profissionais nas décadas de
sessenta e setenta, a criarem uma nova filosofia educacional para surdos a Comunicação
Total, que alia a língua oral a elementos da linguagem de sinais, aproximando essas duas
linguagens e criando línguas orais sinalizadas.
A partir dessa publicação surgiram diversas pesquisas sobre as línguas de sinais. Surge
neste momento, também Dorothy Shiffekl, professora e mãe de surdo, que começou a usar
um método combinando a língua oral e a leitura labial, treino auditivo e alfabeto manual,
nomeando seu trabalho de Abordagem Total, que Ruy Holcom rebatiza de Comunicação
Total dando a ela uma conotação de filosofia. Este método é adotado na Universidade
Gallaudet tornando este recinto o maior centro de pesquisa dessa filosofia.
Esta filosofia se preocupa com os processos comunicativos entre surdos e surdos e entre
surdos e ouvintes, além da aprendizagem oral, não deixa de lado os aspectos cognitivos,
emocionais e sociais da criança surda. Vê cada criança surda como única, assim, defende
programas educacionais individualizados; a linguagem oral pode ser motivada. E, na família
o importante papel de compartilhar valores e significados, e a ela cabe decidir qual forma de
educação seu filho terá.
Defende com isso, o bimodismo, a utilização de recursos espaços-visuais, quaisquer
recursos lingüísticos, a datilologia ou alfabeto manual, LIBRAS, no Brasil, o português
sinalizado, o pidgin (simplificação gramatical do português e da LIBRA) ou o cued-speech
(sinais manuais que representam os sons da língua portuguesa), num uso simultâneo
destes códigos, todos como facilitadores da comunicação. Que pode ainda minimizar o
bloqueio de comunicação evitando conseqüências no desenvolvimento e possibilitando aos
pais ocuparem papéis de interlocutores de seus filhos.

Bilinguismo

Na Inglaterra e na Suécia, percebe-se que a língua de sinais deveria ser usada


independente da língua oral e de outras e não só as duas concomitantes, surgindo então a
filosofia bilíngüe, ganhando adeptos no mundo inteiro.
A proposta de não se misturar com a língua oral, surgindo uma nova filosofia educacional
para surdos, o Bilingüismo. Nesta filosofia parte-se do pressuposto que o surdo deve ser
bilíngüe, ou seja, deve adquirir as línguas maternas, a oficial de seu país, e a língua de
sinais, a natural dos surdos. Esta aquisição se adquire através do convívio com a família,
com outros ouvintes e com outros surdos.
Na década de oitenta, houve uma valorização do surdo, da aceitação pessoal da
deficiência, da formação de uma comunidade própria, com cultura e línguas próprias. É
rejeitada, nesta filosofia, a aproximação da normalidade. Deve-se entender o Surdo em
suas particularidades, sua cultura, forma de pensar e agir e não apenas os aspectos
biológicos ligados a surdez.
Segundo alguns pesquisadores, a Línguas de Sinais é a única língua que o surdo pode
dominar e se servir as suas necessidades, e a não exposição da criança nos primeiros anos
de vida trará conseqüências de âmbito emocionais, físicos e cognitivos.

No Brasil

Anos depois, chega aqui o professor surdo francês Hernest Huet, trazido pelo Imperador D.
Pedro II, para dar início a um trabalho de educação de duas crianças surdas. É fundado o
Instituto Nacional de Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES),
que utilizava a língua de sinais.
O INES, seguindo a tendência mundial, estabeleceu o Oralismo puro em todas as
disciplinas. Mesmo assim, a linguagem de sinais sobreviver em sala de aula até 1957,
quando Ana Rimota de Faria Doria proibiu a língua de sinais oficialmente das escolas.
Apesar das proibições essa língua sempre foi utilizada pelos alunos nos pátios e corredores
da escola.
No final da década de setenta chega ao Brasil a Comunicação Total, influenciada pela
Universidade americana Gallaudet. Na década seguinte começa no Brasil o Bilingüismo, a
partir de pesquisas da professora Lingüista Lucinda Ferreira Brito que abreviou a Língua de
Sinais dos Centros Urbanos da Língua de Sinais Kaapor Brasileira. Brito passa a usar a
abreviação libras, Língua Brasileira de Sinais.
Hoje, no país, há profissionais que atuam e produzem conhecimentos nas três filosofias
educacionais.
No entanto, a realidade do surdo brasileiro é precária, a maior não tem acesso a tratamento
fonoaudiológico, não existem comunidades de surdos organizadas, nem lugares onde a
LIBRAS possa ser utilizada e divulgada. O que traz várias dificuldades na escolarização, na
socialização e na fase adulta, no mercado de trabalho.

Você também pode gostar