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O que será abordado dentro deste grande tema, porém, relaciona-se com a
subjetividade no sentido da produção de sujeitos, e menos no sentido de uma interioridade em
oposição a uma exterioridade objetiva. Trata-se de uma abordagem que considera “fatores”
que são, em sua maioria, objetos de outras disciplinas. Em outras palavras, uma abordagem da
subjetividade que leva em conta aspectos históricos, sociais, econômicos, geográficos,
políticos de uma realidade que apenas artificialmente é divisível em disciplinas.
Com isso, este pré-projeto se alinha desde já com preocupações do campo emergente
da Psicologia Política Latinoamericana (PPL), que nasce a partir da(s) realidade(s) do
continente, em respostas a problemas ético-políticos localizados e com desafios que envolvem
seu próprio desenvolvimento teórico, metodológico e instrumental como campo científico e
profissional, além do desafio de uma efetiva interdisciplinaridade [ CITATION Lac13 \l 1046 ].
Este valor científico e ético-político será tanto maior quanto maior for seu potencial de
uso, ou seja, um valor relativo a sua relevância prática. Disso decorre – além do método,
adiante - o segundo grande tema que propõe debater, que é o da Técnica. Um tema aqui
subordinado ao primeiro e que se torna necessário pelo anunciado anseio de contribuição para
o desenvolvimento teórico, metodológico e instrumental do campo. Avanço que se dará, mais
especificamente, pela proposta de uma técnica/ferramenta.
O projeto não pretende, entretanto, uma contribuição a todo o campo da PPL. Neste há
diferentes perspectivas teóricas, ligadas aos feminismos [ CITATION Tim11 \l 1046 \m Fáv15] , ao
marxismo, ao construcionismo social, à psicanálise, entre outras, e que variam deste uma
perspectiva crítica mais radical do estado de coisas até abordagens mais “moderadas”,
preocupadas com a gestão das políticas públicas e um bom governo [ CITATION Hur181 \l
1046 ].
As críticas desta filosofia são, por sua vez, direcionadas ao capitalismo e suas capturas
dos processos da vida, à psicanálise, ao estruturalismo, à disciplina, controle, logocentrismo,
às hegemonias, à colonização, à linguagem e, em suma, a “tudo” que aí está – aproximando-se
da fórmula anarquista “tá tudo errado!”. Por conseguinte, trata-se de uma filosofia
“politicamente” posicionada próxima do anarquismo ou anarco-comunismo ou pelo menos de
uma ideia menos ingênua tanto quanto possível de liberdade.
Talvez por não dispormos de uma certa distância histórica dessa filosofia amiúde
classificada “contemporânea”, não haja em qualquer campo horizonte para esgotamento dos
seus “postulados” e possibilidades. Cada disciplina trabalha uma parte dela e, no que concerne
à PPL, uma entrada neste rizoma [ CITATION Bar03 \l 1046 ] se dá pelo conceito de Força.
Política é definida justamente como ação das relações de força/poder/potência [ CITATION
Dom18 \l 1046 ].
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Entretanto, essa filosofia é criticada, na Psicologia, por não ser “aplicável”, não ter uso
clínico/interventivo. Isto é, mesmo por aqueles que dela “simpatizam” alegam que seus
questionamentos não têm “saída” para o trabalho cotidiano.
Ademais, este estudo precisará de um viés mais substantivo do que adjetivo. Ou seja,
interessa o que é dito sobre ou acerca da Técnica e sobretudo como estes dizerem podem
auxiliar numa instrumentalização para o trabalho psicossocial com a subjetivação. Interessa
menos, portanto, o pertencimento do discurso a tal ou qual escola, a tal ou qual tempo
histórico, a tal ou qual perspectiva, malgrado estes adjetivos sejam notados.
Por fim, cumpre salientar que o presente planejamento não aspira expandir ou
adicionar novas críticas sociais, científicas ou filosóficas. Seu escopo é o desenvolvimento
instrumental de parte do campo científico-profissional de maneira coerente com as críticas
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que fizeram o campo necessário. Em suma, a presente proposta visa estudo sobre
subjetivação, pelos conceitos de Dobra e Diagrama e sua instrumentalização, que exigirá um
estudo da Técnica.
II – Referencial Teórico
Diversamente da autora, não pressupomos que as técnicas sejam neutras, mas que seja
possível o desenvolvimento relativamente autônomo de instrumentos próprios ao campo, por
assim dizer, e ao largo das abordagens mais ou menos conformadas sob a Psicologia, como
por exemplo a psicanálise.
Com trabalho liderado por Baremblitt[CITATION Hur \t \l 1046 ], temos notícia de uma
prática klínica desenvolvida a partir da esquizoanálise que envolvem ferramentas
(“dispositivos”) e chegam a configurar uma abordagem nova, o Esquizodrama [ CITATION
Gre08 \l 1046 ]. Malgrado a aparente afinidade deste trabalho com o que é aqui proposto, os
escritos acerca dos dispositivos klínicos de Baremblitt dependem – assim como os textos
técnicos da clínica com C – de uma um “enquadre” educacional para que sejam eficazes na
comunicação; sem esta proximidade “prática” com as klínicas, que é condição sine qua non
para que textos sobre as klínicas façam sentido, estes escritos resultam infelizmente
inacessíveis, embora possam ser lidos.
organizações, empresas e nós mesmos. Neste texto figura, assim, uma das raras apreensões da
Técnica no campo da Psicologia que não pressupõe, como no senso comum, que as técnicas
são neutras, importando apenas – quando muito – o seu uso.
Ocorre que uma das ideias basilares é de que tudo começa e termina no Espaço, pedra
angular para a análise de Milton Santos sobre as relações entre técnica e política - assim como
em Hur esta relação é apresentada a partir de elementos psicopolíticos. A preocupação de toda
obra é uma definição ontológica e epistemológica do Espaço geográfico e é em função deste
conceito que a vasta revisão e análise acerca da Técnica se dá. Mas embora pertença a outro
campo, tem preocupações ético-políticas próximas às da PPL e ajuda a suprir a carência deste
debate na Psicologia, em que também as técnicas são “apolíticas”.
Desta obra cumpre destacar, de início, a ideia segundo a qual entre as ações e a técnica
há intencionalidade, do que decorre que quanto mais desenvolvido ou “tecnológico” é um
objeto e técnica, maior a intencionalidade nele “embutida”, maior a interdependência com
objetos da mesma família e menor a possibilidade de uso diverso do projetado.
Esta noção coincide em parte com o que Latour [CITATION Lat94 \n \t \l 1046 ] chamará
de inscrição, a partir de bases filosóficas distintas do marxismo e fenomenologia de Milton
Santos e de um campo também distinto, mais subordinado à Antropologia. Mas tanto
inscrição quanto intencionalidade já bastam para apontar o caráter político da Técnica “em
si”, isto é, não apenas a política da escola de que técnica utilizar ou instalar, no trabalho de
pesquisa ou intervenção psicossocial ou na vida como um todo.
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Neste ponto não há distinção entre técnica, tecnologia, instrumentos de trabalho nem objeto técnico.
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Além dos trabalhos mencionados, outros podem contribuir no mesmo sentido. Numa
enumeração sumária, a fim de fornecer uma paisagem das filosofias das técnicas, podemos
apresentar diferentes perspectivas, de bases e campos e temas igualmente diversos. Mas estes
aspectos são suplantados pela sua possível contribuição a uma ferramenta “crítica”, isto é, que
considere críticas ético-políticas que justificam o campo mais radical da PPL, entre outras.
“continuar delimitação do tema – listar as críticas que preocupam e delimitar Itens dos
objetivos” definir o que se quer dizer com Técnica (técnicas, instrumento, instrumentalização,
operacionalização, artefato,
No que foi exposto até aqui, a problemática colocada neste pré-projeto envolve a
pretensão de desenvolvimento instrumental do campo emergente da Psicologia Política
Latinoamericana, considerando críticas que o caracterizam e algumas que são extensíveis às
técnicas, como a “despolitização” e levando em conta também o desafio da
interdisciplinaridade. Para tanto, será necessária uma investigação do que já foi produzido em
outros campos acerca da técnica e ao mesmo tempo possa auxiliar neste desenvolvimento
“operacional” e eticamente coerente. Em outras palavras, a problemática envolve Produção de
Subjetividade, Técnica e Política.
No que concerne à Técnica, há uma vasta polissemia cujas nuances serão ignoradas na
delimitação do problema. Entendemos por Técnica uma categoria ou instância, como Cultura,
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Espaço, Social, num sentido mais geral e abstrato[ CITATION Mil09 \l 1046 ]. Ao passo que por
“técnica” designamos as técnicas específicas ou modos regulares de ação ou trabalho, como
técnicas psicoterápicas, técnicas de controle. “Ferramenta”, por sua vez, está aqui entendida
como sinônimo de “instrumento”, objeto usado para uma ação ou trabalho, uma técnica
objetificada e que tem finalidades; “instrumentalização”, por seu turno, é a produção de
objetos, ferramentas ou instrumentos, diferente de “operacionalizar”, que quer dizer
simplesmente “fazer funcionar”, com ou sem objeto. Tratam-se de definições provisórias, haja
vistas que mistura diversas bases e a fase pré-projeto.
Os diagramas podem ser variados ou virtualmente infinitos, quiçá para cada descrição
de sociedade. Só a análise singularizada pode dar a entender que linhas ou fluxos e que
diagrama está a afetar um indivíduo ou grupo nele implicado. Pois trata-se de um traçado das
margens, mais do que do rio, isto é, das correlações de força em que alguém está “dobrado”, o
que leva à exprema coerência a inversão ou deslocamento do Eu para os processos
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Há comentadores e leitores de Foucault que divergem da leitura de Deleuze
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(psicossociais)4. Mais ainda, voltar-se aos fluxos criativos, as linhas de fuga. Sem isso não há
porquê.
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
VI – Metodologia
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Explica o fato, por exemplo, de todos os sujeitos cronificados terem a mesma evolução, independentemente
do diagnóstico; o diagnóstico é o quadro ou fotografia da correlação de forças em que o sujeito está implicado,
mais do que do sujeito.
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Para o exame e conexão dos diferentes trabalhos, eles serão apreciados em função dos
conceitos que apresentam. Para isso, partiremos também da filosofia da diferença de Deleuze
e Guattari [CITATION Gil92 \n \t \l 1046 ] , segundo a qual os conceitos (filosóficos, por
natureza) nascem de problemas e determinações não-filosóficas (Imanência, Razão); ressoam
entre si (Consistência, Entendimento) e; correspondentes ao personagens conceituais, os
“autores” (Insistência, Imaginação).
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