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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM

ÁREA DE ESTUDOS EM LINGUÍSTICA APLICADA

LINHA DE PESQUISA EM ESTUDOS EM PRÁTICAS DISCURSIVAS

ISIS LARISSA ARAÚJO COSTA DA SILVA

O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO EGRESSO DO CURSO


DE LETRAS - LINGUA PORTUGUESA E LIBRAS - O CONTEXTO DO
ENSINO \ APRENDIZAGEM DA LIBRAS

NATAL/RN

2020
ISIS LARISSA ARAÚJO COSTA DA SILVA

O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO EGRESSO DO CURSO


DE LETRAS - LINGUA PORTUGUESA E LIBRAS - O CONTEXTO DO
ENSINO \ APRENDIZAGEM DA LIBRAS

Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de


pós-graduação em Estudos da Linguagem – PPGel,
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito para seleção de Mestrado.
Área de concentração: Linguística Aplicada. Linha
de pesquisa: Estudos de práticas discursivas.

NATAL/RN

2020
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA........................................................................4

2. OBJETIVOS................................................................................................................7

2.1. Objetivo geral................................................................................................ 7

2.2. Objetivos específicos..................................................................................... 7

3. ESTADO DA ARTE....................................................................................................8

4. REFERENCIAL

TEÓRICO........................................................................................................................8

5. METODOLOGIA .....................................................................................................10

6. CRONOGRAMA.......................................................................................................11

REFERÊNCIAS ............................................................................................................12
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

“A identidade não é um dado adquirido, não é uma propriedade,


não é um produto. A identidade é um lugar de lutas e conflitos, é
um espaço de construção de maneira de ser e estar na profissão.
Por isso, é mais adequado falar em processo identitário,
realçando a mescla dinâmica, que caracteriza a maneira como
cada um se sente e se diz professor”.

(NÓVOA, 1992, p.16)

Não é recente a minha afetação com o tema da identidade do graduando do curso


de Letras – Língua Portuguesa e Libras. Desde o início do curso o fenômeno me
inquieta, e ao longo da minha formação este tema tem despertado meu interesse
enquanto atuação profissional, e, para além disso, o desejo de entender como se dá o
processo de formação de identidade do egresso. O interesse em pesquisar este tema
surgiu, inicialmente, pela inquietação de o curso ser novo na UFRN – a primeira turma
foi criada no ano de 2013 - e, na época, não haver nenhuma turma conclusa, e também
pelo fato de que durante a graduação tive pouca ou quase nenhuma oportunidade de
refletir sobre a temática antes de me deparar com o contexto da prática docente.

Fui, então, apresentada aos processos de atuação profissional dentro do


programa de Residência pedagógica, implementado na segunda metade do ano de 2018
que, articulado com a CAPES, integra parte de uma das ações da Política Nacional de
Formação de Professores que visa fomentar e aprimorar a formação prática dos egressos
dos cursos de licenciatura que estão na segunda metade da graduação, oferecendo a
oportunidade de atuação prática dentro das escolas de educação básica regular. Essa
atuação abrange, entre outras atividades, a experiência da regência em sala de aula,
proporcionando ao graduando a chance de desenvolver suas habilidades e competências
adquiridas durante a graduação, que lhes permitam sair do campo teórico para a prática
de maneira que eles consigam realizar um trabalho de qualidade no exercício de sua
profissão.

Tal programa possibilitou que alunos do curso de Letras – Língua Portuguesa e


Libras pudessem, pela primeira vez, vivenciar experiências práticas como residentes em
escolas da rede pública de ensino regular que envolvesse experiências nos aspectos
pedagógicos, culturais e políticos da comunidade escolar com relação aos alunos surdos
marcando assim o início de percurso na área e o desejo por contribuir com uma prática
mais qualificada para essa realidade. Vale ressaltar que até o ano de 2018 o curso de
Letras – Língua Portuguesa e Libras não participava de nenhum outro programa de
docência, como por exemplo o PIBID (Programa Institucional de Bolsa de iniciação a
docência) que já está estabelecido há 13 anos e que contempla os alunos dos cursos de
licenciatura que estão na primeira metade do curso.

Meu primeiro contato com o cenário educacional me trouxe inúmeras reflexões


acerca de como se dá o processo de construção identitária do professor de
Libras\Português frente a realidade escolar pública brasileira. Quem sou eu professor
licenciado dentro do contexto escolar? Qual espaço físico destinado ao profissional de
Libras\Português dentro da escola? Qual horário é destinado a prática docente e ao
exercício da regência? Tais questões, entre outras, norteiam os objetivos estabelecidos
nesse projeto assim como as tomadas de decisões e posicionamentos diante dos desafios
propostos, e também os pontos reflexivos que norteiam o fazer pedagógico e auxiliam o
processo de ensino-aprendizagem com o intuito de identificar os diferentes níveis de
desenvolvimento e assim possam ser criadas estratégias de ensino, visando proporcionar
uma efetiva aprendizagem.

Em consonância com todo esse contexto está o fato de que o Curso de Letras –
Língua Portuguesa e Libras é novo e vem ganhando força e visibilidade. O próprio
reconhecimento da Libras como língua veio tardiamente através da Lei 10.436\02 e
posteriormente através do decreto 5.626\05 que determinou a criação dos cursos de
Letras – Língua Portuguesa e Libras. Por esse motivo, há poucos trabalhos na área,
assim, abordar essa temática está alinhado com os conceitos da Linguística Aplicada
(LA), por considerar os graduandos do curso de Letras – Língua Portuguesa e Libras na
sua heterogeneidade, singularidade e subjetividade. Nessa perspectiva, trazer para
discussão o sujeito que está marginalizado possibilita o desenvolvimento e
fortalecimento do fazer pedagógico e o modo como a atuação se efetiva.

Por entender que a construção da identidade desse egresso ainda reflete


concepções de ensino tradicionais, percebemos que há a necessidade de refletir e
discutir acerca da fragmentação do sujeito proposto por Hall (2005). Essa identidade
está em transformação contínua e esses sujeitos são interpelados por sistemas culturais
os quais os rodeiam. Reflexões dessa ordem são indispensáveis, e é perceptível que
discussões deste caráter se tornem, no exercício da profissão, um desafio, pois, de forma
geral, atuar numa perspectiva em que a construção da identidade se torna um processo
contínuo, torna-se um modo problematizador e um ofício permeado de uma
compreensão voltada à ressignificação do sujeito.

Apresentadas essas discussões, faz-se necessário uma reflexão em torno do


universo da construção identitária do egresso do curso de Letras – Língua Portuguesa e
Libras e de tudo que permeia este exercício. Urge, pois, uma aproximação das narrativas
dos graduandos que atuam neste contexto, com vistas à compreensão dos desafios
inerentes a esta prática profissional.
2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

 Compreender como ocorre o processo de construção identitária do egresso do


curso de Letras – Língua Portuguesa e Libras.

2.2. Objetivos específicos

 Contrastar as relações entre o que se teoriza a respeito da prática e o modo como


a atuação se efetiva.
 Identificar o lugar do professor de Libras\Português como L2 dentro contexto
educacional brasileiro.
 Refletir sobre as politicas públicas que se refere a prática docente da educação
de alunos surdos.
3. ESTADO DA ARTE

Faremos a apresentação dos estudos que interagem com a pesquisa a ser


desenvolvida através da revisão bibliográfica de publicações acadêmicas que vão
compor o referencial teórico. Para fundamentar essa apresentação, exploraremos buscas
breves de pesquisas que se debruçam sobre a relação entre identidade e professor, uma
vez que há poucos registros de pesquisas sobre a identidade do professor formado a
partir do curso de Letras Língua Portuguesa e Libras.

Em uma primeira procura, encontramos um livro essencial para os que debruçam


sobre a construção da identidade, o de Hall (2005). Nele, são apoiadas as bases
reflexivas para a discussão sobre a identidade pós-moderna. Encontramos, ainda, a
dissertação de Almeida Santos (2017) e Ferreira (2006), ambas voltadas à construção da
identidade do professor.

Em resumo, entendemos que os trabalhos citados trazem um panorama geral e


discussões relevantes à área dos estudos sobre identidade do professor. No entanto, não
encontramos em nenhum deles um diálogo entre as classes identidade do graduando e
egresso. Além disso, no contexto do recente reconhecimento da Libras como língua,
embora os estudos que estão sendo registrados, já sejam um avanço, muitas pesquisas
ainda carecem ser feitas para que o campo seja solidificado.

4. REFERENCIAL TEÓRICO

Obteremos o embasamento teórico necessário à realização deste trabalho dos


estudos de identidades culturais (HALL, 2005), dos estudos sobre a identidade no
processo formativo (PIMENTA E ANASTASIOU, 2008), dos estudos sobre LA
(MOITA-LOPES, 2006). Quanto ao primeiro, ressalvamos valer-nos, sobretudo, do
conceito de identidade e suas transformações; ao segundo, a identidade do professor; e,
ao terceiro a perspectiva da LA.

Na compreensão de Hall (2005), as velhas identidades apresentadas como fixas no


mundo social de antigamente faliram, pois, diante da transformação estrutural das
sociedades do século XX, novos pontos de vista surgem, modificando os conceitos de
gênero, classe, de etnia e sexualidade, alterando assim, as identidades pessoais. Essa
conjuntura faz surgir uma crise que leva o sujeito a conviver de modo instável. Em
decorrência dessa crise motivada pelas mudanças de paradigmas, o sujeito passa por
processos de desconstrução de valores e saberes, modificando, assim, o seu ser para
acrescentar novas formas de saber e de construir-se socialmente, compondo identidades
fragmentadas (HALL, 2005).

Os experimentos vivenciados enquanto no exercício da residência pedagógica foram


determinantes para a realização deste projeto, pois, como residente, vivenciamos, na
prática, os conflitos e desafios que são determinantes para as tomadas de decisões,
visando equacionar as problemáticas de modo que possamos (re)significar o nosso
próprio agir e ser profissional. Assim, o professor tem a possibilidade de construir,
desconstruir e reconstruir sua identidade.

É sabido que, o processo de construção identitária do sujeito, seja ele de qualquer


área, inicia antes do ingresso ao nível superior e vai se expandindo no decorrer do
exercício profissional,

A (re)construção da identidade do professor (1) vai buscar raízes


à infância, à socialização primária no seio da família, a partir da
qual se edificam as “identidades sociais herdadas” (Padilha;
Nelson, 2011);5 (2) desenvolve-se durante todo o percurso
escolar, por meio de um longo aprendizado de observação
(Lorti, 2005) e de experiências significativas de “socialização
antecipatória” (Dubar, 1997);6 (3) é alvo de um tratamento
especializado durante a formação inicial, constituinte do
processo de socialização profissional (Lawson, 1983); e (4)
prolonga-se pela carreira profissional valendo-se do processo de
socialização organizacional (idem), que define os contornos da
identidade institucional, por meio da afiliação a grupos
interessados em resistir ou mudar as condições de prática
profissional e, finalmente, mediante a construção do eu como
um projeto reflexivo de busca de um determinado estilo de vida
entre as possibilidades de escolha que se vislumbram (Giddens,
1997). Todas as experiências prévias (Entwistle, 1994) vividas
até a profissionalização condicionam positiva ou negativamente
o futuro professor, ao servir de filtro às mensagens veiculadas
pelo programa de formação inicial. Ao longo do posterior
percurso profissional, o professor confirma ou reformula a sua
identidade profissional, dentro do grupo de afinidade (ou
comunidade de prática), com a assimilação de saberes que
fundamentam a prática profissional e com o sentimento de ser
reconhecido como tal pelos outros (colegas, alunos e famílias).
(CARDOSO, BATISTA, GRAÇA, 2016, p.382).

Nessa perspectiva, a construção da identidade do egresso do curso de Letras –


Língua Portuguesa e Libras, torna-se um processo contínuo em constituição com seu
histórico social, assumindo características diferentes. Para Pimenta e Anastasiou (2008),
a construção da identidade não pode separar dos valores de cada indivíduo e suas
experiências, e nem da forma como cada pessoa constrói sua própria história.

5. METODOLOGIA

O estudo foi embasado sob o olhar da Linguística Aplicada, que é conceituada como
um “modo de criar inteligibilidade sobre problemas sociais em que a linguagem tem um
papel central” (MOITA, 2006, p.14). A LA está voltada a considerar o sujeito em sua
subjetividade e heterogeneidade, ou seja, não podemos desconsiderar a sua cultura e seu
meio social, assim como sua interação com o outro. O uso da linguagem, nesse aspecto,
não está dissociado do cotidiano do sujeito, podendo dialogar com outras áreas do
conhecimento. Assim, podemos pensar na LA como ações que perpassam as interações
em sala de aula para a vida do sujeito em pesquisa e suas relações, buscando soluções
de conflitos comunicativos em situações do cotidiano de interação social. Além disso, a
LA, para Moita (2006), contribui para trazer visibilidade aos que ele denomina de
“vozes do sul” e traz à discussão o sujeito que está marginalizado.

Considerando ser a construção da identidade complexa, e por perceber que esse


processo sofre constante transformação, utilizaremos uma metodologia de pesquisa
descritiva de natureza qualitativa, na modalidade relato de experiência, substanciada
pela técnica da narrativa escrita. Ao longo do trabalho, proporcionaremos, aos sujeitos
participantes da pesquisa, as condições para avaliarem as práticas que modelam e
(re)constroem as suas identidades no exercício da sua profissão. Para este fim,
utilizaremos a linha de investigação denominada pesquisa-ação, de maneira que
participantes e pesquisadores compartilhem de todo processo de análise de modo
colaborativo e as reflexões acerca das ações desenvolvidas durante a pesquisa, serão
alcançadas por meio do diálogo entre todos os envolvidos no projeto.

Os sujeitos de pesquisa serão os alunos do curso de Letras – Língua Portuguesa e


Libras. da UFRN Todos são alunos que estão na segunda metade do curso de graduação.

Em consonância com esse contexto, escolhemos compreender as experiências


desses sujeitos em todas as ações desenvolvidas na escola, tanto com alunos surdos
como ouvintes, pois sua formação contempla atuar com os referidos públicos no ensino
de Língua Portuguesa com segunda língua (L2) para surdos, Libras como primeira
língua (L1) para surdos e Libras como L2 para ouvintes. Essa alternativa permitirá
contemplar todos os contextos de atuação profissional e, por conseguinte, as variantes
que influenciam no processo de construção identitária à luz da Linguística Aplicada.
5. CRONOGRAMA

Período de execução

ATIVIDADES 2020 2021

2° 3º 4º
1 º
sem
sem sem sem

Orientação acadêmica X X X X

Cumprimentos dos créditos solicitados pelo programa X X

Revisão bibliográfica X X

Análises dos relatos de experiência X X

Desenvolvimento da pesquisa-ação X X X

Publicação dos resultados parciais X X X

Qualificação da dissertação X

Defesa da dissertação X
REFERÊNCIAS

ALMEIDA SANTOS, Mariglória. A Construção da Identidade do Docente do


Ensino Superior / Mariglória Almeida Santos. - Salvador, 2017.

CARDOSO, M. I. S. T.; BATISTA, P. M. F.; GRAÇA, A. B. S. A identidade do


professor: desafios colocados pela globalização*. Revista brasileira de educação, v-
21, n. 65, abr-jun2016. Disponível em: <Http://dx.doi.org/10.1590/S1413-
24782016216520>. Acesso em: 18 Jun. 2019.

FERREIRA, Marília de Abreu. Ser-professor: construção de identidade em processo


auto-formativo. / Marília de Abreu Ferreira. São Bernardo do Campo, 2006.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A,


2005.

MOITA-LOPES, L. P. Lingística aplicada e vida conteporânea: problematização dos


construtos que tem orientado a pesquisa. In: MOITA-LOPES, L. P. (Org.). Por uma
linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

PIMENTA, S.; ANASTASIOU, L. Docência no ensino superior. 3. ed. São Paulo:


Cortez, 2008.

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