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Vamos trabalhar a Seletividade Alimentar?

Lembre-se: o mais importante é a relação da sua criança com os alimentos e não a lista de
alimentos que ela aceita. O que quero dizer com isso? Que nosso objetivo como família não
pode ser mudar a nossa criança e sim fazer do momento da refeição o que ele deve ser: alegre,
agradável, prazeroso, tanto para a criança quanto para a nós mesmos

Onde fazer as refeições? Essa pergunta parece óbvia, mas não é. E você sabe que é muito
comum vermos crianças comendo sentadas no sofá, na cama ou no colo, com celulares ou
televisão ligados, entre outras situações. A criança, independente de sua idade, deve estar
bem posicionada para se alimentar. É essencial que o tronco e a cabeça estejam na vertical.
Isso porque a nossa anatomia requer a ajuda da gravidade para todo o processo de
alimentação. Por isso estar bem posicionado é crucial. E quando a criança está inclinada, ou
com a cabeça para trás, sua capacidade de mastigar, engolir e iniciar a digestão estarão
prejudicadas. Dessa forma ela começa ter experiências negativas com o ato de se alimentar.
Então organize um cadeirão, uma mesinha e os apoios necessários para que a criança fique
bem posicionada. Os famosos distratores - tablets, celulares, televisão, brinquedos, etc. -
podem até fazer a criança comer uma quantidade maior de comida, mas, como você já
percebeu, o objetivo não é esse mas sim criar uma boa relação da criança com o alimento.
Quando comemos juntamente com telas ligadas, não damos à devida atenção ao alimento e à
família. A criança não sabe o que está comendo e não compartilha desse momento tão legal
com a família. Ocorre também da criança, comumente, comer mais do que de costume e essa
sensação não é agradável, tornando-se mais um registro negativo. Tudo culpa das distrações!
Sei que se sua criança só come assim, inicialmente você terá mais um problema para resolver.
Mas resolva isso logo! Quanto antes mais fácil!

Alimentos novos... o grande terror quando estamos com crianças seletivas ou com dificuldade
alimentar. Mas não temos como fugir disso, afinal queremos que nossos filhos aumentem as
opções do seu cardápio. E sabe qual o melhor caminho para atingir esse objetivo? Apresente
esses alimentos primeiramente a você. Sinta o sabor, a textura e o que é necessário para
mastigá-lo. Depois ofereça a sua criança de forma divertida, como uma brincadeira em que ela
não é obrigada a comer. E fique bem com isso. Lembre-se de que ela está conhecendo o
alimento. Tenha paciência e valorize cada pequeno avanço! De suportar ficar perto, tocar,
deixar a comida diferente na mesa, um grãozinho no prato diferente, mesmo que em outra
divisão. Então deixe a ansiedade de lado e comemore cada vez que ela deixar o alimento
participar da brincadeira! Eventualmente sua criança vai levar a boca. Pode confiar! Ah! Pode
ser a criança goste ou não daquele alimento, e está tudo bem quanto a isso! Ela tem esse
direito!

Cada criança tem seu tempo e você já deve ter se cansado de ouvir isso, não é mesmo? Eu
sei... mas essa afirmação é a pura verdade. Há estudos que dizem que o mesmo alimento
precisa ser apresentado 25 vezes para a criança até que ela consiga colocá-lo em sua boca.
Então vamos com calma... vai dar tudo certo. Não desista. Vou te pedir mais uma coisinha: não
vá oferecer o mesmo alimento por 25 dias seguidos, ok? Senão o resultado será o
desenvolvimento de aversão a este alimento, ou seja: oposto ao nosso objetivo. Tenha sempre
empatia com sua criança. Pense: “como eu ficaria se alguém oferecesse algo que não gosto
todos os dias?” Faça testes com você mesma. Pegue algum alimento que você não gosta, e o
apresente a você todo santo dia. Tenho certeza de que não vai ser bom… então vamos alternar
as ofertas e o modo de preparo, fazendo um rodízio com os alimentos.

Crianças com dificuldades de processamento sensorial para elas funcionarem, precisam


utilizar de alguns recursos para se acalmar. O movimento é um deles. Muito confuso isso, né?
Eu sei... parece estranho, mas é assim que nosso sistema nervoso central funciona. Nós
precisamos acalmar nosso cérebro para que ele se concentre em uma tarefa. Se a alimentação
é algo que deixa sua criança ansiosa e agitada, então para que o cérebro dela se concentre e
acalme, é necessário que o corpo se movimente. Uma dica muito boa é oferecer atividades
motoras como pular, correr ou empurrar coisas pesadas (cestos de roupas sujas, cadeiras,
caixas) naqueles momentos que antecedem a preparação das principais refeições. Ou então
faça uma atividade ao ar livre. Isso vai ajudar muito sua criança a ficar sentadinha na cadeira.
Outra dica é: aceite que ela dê uma voltinha e se sente novamente. Vai fazer bem para vocês,
pode confiar.

Como fazer para que a alimentação da minha criança seja um sucesso?

Tenha sempre em seu pensamento e em suas condutas as seguintes ideias:

• COMPORTAMENTO RESPEITOSO

• MOMENTO DIVERTIDO

• PROCESSO LENTO E GRADUAL

• RELAÇÃO DE CONFIANÇA

Faça das refeições o melhor momento da sua família. Sei que você deve estar pensando o
contrário. Sei que na sua cabeça a hora do papá é a pior hora da sua casa, extremamente
estressante, na qual todo mundo fica extremamente irritado. Mas, que tal torná-lo mais
divertido? E se esse momento das refeições acontecer após uma brincadeira com os
alimentos? Convide sua criança a mexer nas panelas, arrumar a mesa, pegar os pratos e
talheres e identificar as cores dos alimentos. Deixe claro neste momento de “pré refeição” que
ela só vai comer caso se sinta à vontade para comer, afinal a refeição nem está servida ainda.
Fale para ela que ela pode cuspir se sentir vontade, e que mesmo se ela gostar, ela não precisa
engolir se não quiser. Convide a criança pra montar seu prato, ver a opções e o que for
possível deixe em cima da mesa. Alimente-se na frente da criança. Descreva o sabor, a textura
e a temperatura do alimento e faça referência a alimentos que ela já conhece. “Nossa! Esse
feijão é molhadinho, quentinho e salgado igual a sopinha de macarrão que a vovó faz!” Evite
usar características como “gostoso”, ou “delícia” pois, assim, você impede que a criança
construa seus próprios conceitos sobre aquele alimento. Caso ela cuspa ou rejeite algo, não
pergunte por que ela não gostou daquilo. Pergunte: “O QUE te fez cuspir? Foi por que estava
muito duro/mole/ pastoso/quente/frio/doce/salgado/azedo...?” Devemos tornar a
alimentação um momento DIVERTIDO entendendo que este é um PROCESSO LENTO E
GRADUAL. Agindo de modo RESPEITOSO estabelecemos uma RELAÇÃO DE CONFIANÇA com
nossas crianças.

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