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Ana Duarte, nº3, 11ºB

15/05/2020
Pág. 255
1. Trace o retrato físico de Raquel Cohen.
Raquel Cohen, uma mulher na casa dos trinta anos de idade, é descrita como tendo
cabelos “magnificamente negros”, tão ondeados que não suportam os ganchos, que
dão o ar de serem pesados, e que lhe caiam soltos nas costas; de estatura elevada e
tom de pele claro, quase pálido às luzes, irradiava uma postura delicada, digna de
senhora, sendo porém a saúde semelhante, que se dava a entender pelos seus olhos
“pisados”, disfarçados pela luneta de ouro presa por um fio de ouro. O seu sorriso era
pálido frequente, e conferia-lhe um ar de insignificância, porém Ega gostava muito
dela.

2. Demonstre a expressividade da linguagem queirosiana, exemplificando com a


utilização do diminutivo e do verbo nos segundo e terceiro parágrafos.
A linguagem queirosiana é caracterizada como uma espécie de “estilo indireto livre”,
porque solta-se dos tradicionais e banais verbos mais usados na literatura, como
“disse” ou “fez” e entre muitos outros, mas conseguindo ao mesmo tempo que esta
expressividade se aproximasse da língua falada, e conferir humor e juvialidade à obra.
Dentro destes truques, temos o diminutivo que podia ser usado para demostrar afeto,
ou então ironia e depreciação/crítica, como se verifica no parágrafo três, linhas 19 e
20: “(…) já se começava a falar ‘do arranjinho do Ega’. (…)”; assim como o verbo, que
na linguagem queirosiana, é-lhe atribuído outro sentido, outra maneira mais criativa e
fulgosa de se expressar em vez do banal, no segundo parágrafo, linha 15: “(…); nessa
noite, cervejando com os rapazes, (…).”.

3. Avalie o modo como Ega vive as relações amorosas.


Ega demostrou ser uma pessoa cautelosa que tenta esconder o máximo possível dos
outros, a fim de evitar os seus juízos. Os seus amigos sabiam da relação, mas sempre
omitiu o nome dela; por outro lado, não retrai de uma maneira eficiente toda a paixão
que sente por Raquel, estando sempre “em pulgas” para a ver e receber notícias dela,
tanto é que nem dorme direito, e muito menos consegue conter-se de largar um
enorme desabafo em frente de Carlos, na língua do amor. “Oh! L’amour…”
Enfim, vive intensamente como se não houvesse amanhã.

5. Caracterize o estado de espírito de Ega, baseando-se nas formas verbais utilizadas


no segmento “batendo furiosamente o pé, esmurrando o ar, berrava, sem cessar.”
(ll. 47-48).
Através deste segmento, é-nos possível perceber que foi exatamente aqui que Ega viu
o seu mundinho, ou melhor, “arranjinho” desmoronar-se: bateu de frente com a
realidade, de que estava de facto a cometer adultério. Porém, ainda não é aqui que cai
em si e se apercebe do que fez, pois deixa-se cegar pela raiva, fomentada pelo ciúme.
Como tal, descarrila tudo o que lhe vai na cabeça para fora, e perde o controle: reage
com violência e ameaças, com o desejo de fazer mal ao outro.

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