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SÃO PAULO
2020
1) A proposta aprovada em assembleia passa a integrar a convenção
condominial ou o regimento interno? Justifique, inclusive quanto ao
quórum necessário para tal aprovação.
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Observa-se que o regimento interno se distingue da convenção
condominial, pois é instrumento subsidiário e possui como foco em dispor
sobre normas complementares à administração, e questões mais simples sobre
as relações sociais no âmbito das dependências do condomínio. Desta forma,
a própria Convenção poderá dispor sobre o respectivo quórum para aprovação
de alterações ao Regimento, amparado por jurisprudência com entendimento
neste sentido, a saber:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO. PRETENSÃO DE ANULAÇÃO DE ASSEMBLEIA DE
CONDOMÍNIO. SUPOSTA IRREGULARIDADE NA CONVOCAÇÃO E
AUSÊNCIA DE QUORUM PARA DELIBERAÇÃO. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA. Como sabido, o Regimento Interno não se confunde
com a Convenção do Condomínio, pois enquanto esta representa o ato de
constituição e organização do próprio condomínio, o Regimento Interno
disciplina a conduta dos condôminos e o uso das coisas comuns. Daí
porque a lei impõe formas de tratamento diferenciados para a alteração da
Convenção do Condomínio e do respectivo Regimento Interno. De fato, o
art. 1333 do Código Civil exige o quórum mínimo de 2/3 das frações ideais
para a elaboração da Convenção do Condomínio, sendo que o art. 1.351,
por sua vez, determina que a sua alteração somente pode ser feita pelo
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CARNACCHIONI, Daniel Eduardo. Curso de direito civil (livro eletrônico): colaboração Renata
Carvalho Derzié Luz – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014
quórum especial de 2/3 dos condôminos. Já a hipótese de alteração do
regimento interno, prevista no art. 1.350 do Código Civil, não faz menção à
qualquer quórum especial, de modo que este pode ser livremente fixado na
própria Convenção do Condomínio, consoante o disposto na alínea do § 3º
do art. 9º, da Lei nº 4.591/64. Na hipótese dos autos, a Convenção do
Condomínio não prevê qualquer quórum para alteração do Regimento
Interno. As deliberações tomadas na Assembleia quanto as contas e
modificação do Regimento Interno foram tomadas em segunda convocação,
por simples maioria dos votos presentes, logo, não há qualquer
irregularidade. Também não há que se falar em nulidade da Assembleia
pela ausência de publicação do edital de convocação em jornal de grande
circulação, pois todos os condôminos tiveram ciência inequívoca acerca da
Assembleia, inclusive o autor. A alegada falsidade da assinatura do autor no
documento, fls. 74, não restou demonstrada, pois o mesmo não requereu,
em nenhum momento, a produção de prova pericial e, na audiência de
instrução ainda dispensou prova oral. Desprovimento do recurso.
TJ-RJ – APL: 0014888-62.2009.8.19.0063 RIO DE JANEIRO, TRÊS RIOS,
1 VARA, Relator: BENEDICTO ULTRA ABICAIR, Data de Julgamento:
07/10/2015, SEXTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 09/10/2015