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ECOSSISTEMAS

DE INOVAÇÃO :
METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO

VOLUME I
Teoria e cases de inspiração

Organizadores

Clarissa Stefani Teixeira


Jorge Audy
Josep Miquel Piqué

Estação Conhecimento

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ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO:
METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO

VOLUME I
Teoria e cases de inspiração

Organizadores

Clarissa Stefani Teixeira

Jorge Audy

Josep Miquel Piqué

Estação Conhecimento

VIA ESTAÇÃO CONHECIMENTO


São Paulo
2021

2 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO:
METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO
VOLUME I - Teoria e cases de inspiração

Autores
Clarissa Stefani Teixeira
Carmen Adán
Guilherme Paraol de Matos
Luiz Eduardo Brand Flores
João Vitor Tibincovski de Souza
Jorge Audy
Josep Miquel Piqué
Leonardo Gonçalves
Luiz Humberto de Mello Villwock

© 2021 dos autores


Diagramação: Mariana Barardi

Milena Maredmi Corrêa Teixeira CRB/SC 14/1477

T266e

Ecossistemas de Inovação: Metamodelo para orquestração / Clarissa


Stefani Teixeira; Jorge Audy; Josep Miquel Piqué. (Orgs.) –
São Paulo: Perse.
245p.: il. v.1; 2021
1 e-book

Disponível em: <http://via.ufsc.br/>;


Teoria e cases de inspiração
ISBN 978-65-5879-107-2

1. Ecossistema de inovação. 2. Metamodelo. 3. Inovação I. Teixeira.


Clarissa Stefani II. Audy. Jorge III. Piqué. Josep Miquel IV. Via Estação
Conhecimento.

CDU: 330.341.1

Permitido que se façam download e os compartilhem desde que


atribuam crédito ao autor, mas sem que possam alterá-los de nenhuma
forma ou utilizá-los para fins comerciais.

www.via.ufsc.br

3
UM METAMODELO PARA A GESTÃO
APRESENTAÇÃO

DE ECOSSISTEMAS INOVADORES

Depois do século XX baseado na economia industrial, na qual as

fontes de energia e as matérias primas marcaram a agenda de desenvol-

vimento econômico, entramos no século XXI onde o talento e a tecnologia

marcam o desenvolvimento da economia e da sociedade baseada em co-

nhecimento.

A partir da contribuição de universidades, empresas, administra-

ção e sociedade civil organizada, se pode desenvolver um ecossistema de

inovação que, sobre uma visão de futuro compartilhada, ativa seus ativos

instalados para fazer transformação urbanística, econômica e social em

um território. Os ecossistemas de inovação que maximizam as capacida-

des instaladas e desenvolvam novas, estarão em excelentes condições de

liderar o século XXI.

Este livro recorre, a partir de um trabalho de desenvolvimento

para estados brasileiros, um conjunto de funções que deveriam desenvolver

um ecossistema de inovação para ter uma maturidade em sua atuação por

parte de seus agentes. Informação, inovação, investimento, internacionali-

zação, setores, talento, território, sociedade, redes estaduais (governança)

e redes internacionais são as 10 funções planejadas, com cinco subfunções

para cada uma delas.

Para cada função se detalham um conjunto de subfunções vincu-

ladas, definindo-as (WHAT), expressando o por que foram agregados (WHY)

e incorporando um caso de inspiração para cada uma delas (WHO, WHEN,

WHERE).

4 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Esperamos que este livro proporcione a gestores de ambientes de

inovação, responsáveis universitários, dirigentes empresariais e gestores pú-

blicos um metamodelo de ecossistemas de inovação que permita adaptá-lo as

realidades existentes para poder somar as capacidades instaladas nos territó-

rios e assim liderar suas sociedades para um futuro mais próspero.

5
ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO 9
SUMÁRIO

GOVERNANÇA I ORQUESTRAÇÃO DE
ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO 20

O METAMODELO DE
ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO 37

1. INFORMAÇÃO 47
1.1 One-stop Shop 47
1.2 Comunicação 51
1.3 Agenda 55
1.4 Demonstração 58
1.5 Networking 61

2. INOVAÇÃO 65
2.1 Inspiração 65
2.2 Proteção 69
2.3 Incubação de empresas 73
2.4 Transferência de Tecnologia 78
2.5 Inovação Aberta 82

3. INTERNACIONAL 87
3.1 Posicionamento Internacional 87
3.2 Atração de Investimentos 91
3.3 Landing Empresarial (Soft Landing) 95
3.4 Plano de Internacionalização 99
3.5 Missões Internacionais 103

6 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


4. INVESTIMENTO 106
4.1 Crédito 106
4.2 Investimento 111
4.3 Aval e Garantias 116
4.4 Merge and Acquisition 120
4.5 Investment Marketplace 124

5. TALENTO 128
5.1 Orientação 128
5.2 Formação 131
5.3 Talent Marketplace 134
5.4 Desenvolvimento 138
5.5 Atração e Retorno 142

6. TERRITÓRIO 146
6.1 Mapa Urbanístico 146
6.2 Mapa de Infraestruturas 150
6.3 Mapa de Edifícios Disponíveis 154
6.4 Marketplace de Espaços 158
6.5 Living Lab 162

7. SETORES 166
7.1 Agenda Tecnológica 166
7.2 Clusters 169
7.3 Projetos 173
7.4 Governança 176
7.5 Intersetorial 180

7
8. SOCIEDADE 184
8.1 Novas Gerações 184
8.2 Famílias 189
8.3 Terceira Idade 193
8.4 Associações e Atividades 197
8.5 Vertente Social 200

9. REDE DE AMBIENTES DE INOVAÇÃO 203


9.1 Serviços Compartilhados 203
9.2 Processos Compartilhados 207
9.3 Agenda Compartilhada 210
9.4 Infraestrutura de TIC Compartilhada 214
9.5 Governança 218

10. REDE INTERNACIONAL 222


10.1 Redes Acadêmicas 222
10.2 Redes Empresariais 226
10.3 Redes Institucionais 230
10.4 Redes de Parques e Incubadoras 234
10.5 Programa de Redes 238

CONCLUSÃO 240

8 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO
ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO

O tema de ecossistemas de inovação tem crescido em

publicações e interesse tanto acadêmico quanto na prática de gestão.

Sendo ainda um assunto recente e em desenvolvimento, indica atenção

no uso do termo (OH et al., 2016), pois pode estar sendo utilizado para

os mais diferentes fins. As pesquisas sobre ecossistemas ainda são

subdesenvolvidas e subteorizadas (SPIGEL, 2017) e a utilização desses

conceitos de formas diferentes pode levar a contradições e, em alguns

casos, até a concorrências de entendimento.

A seguir são feitas algumas discussões sobre a aplicação

do termo, diferenciando-o dos diversos sistemas de inovação – e dos

demais tipos de ecossistemas e redes – e buscando compreender os

elementos da sua origem.

A Trajetória do conceito Ecossistema de Inovação


A literatura apresentou vários frameworks similares usados

para descrever, entender e explicar como os fatores contextuais modelam

e influenciam os arranjos colaborativos e o seu processo de inovação,

como Sistemas Nacionais, Regionais ou ainda Setoriais/Tecnológicos

de Inovação. A seguir um resumo das principais características desses

frameworks.

9
Quadro 1 – Comparação dos Arranjos Colaborativos.

Características principais Autores


Sistema Nacional Funcionamento do conjunto de atores LUNDVALL (1992);
de Inovação envolvidos nos processos de inovação em FREEMAN (1995);
um contexto de nação. LUNDVALL (2007)
Sistema Regional Foco em uma determinada região com COOKE et al. (1997)
de Inovação base em suas particularidades, limitações
e pontos fortes. Geralmente se refere a
uma área geográfica dentro de um país.
Sistema Setorial/ Conjunto específico de empresas, BRESCHI e
Tecnológico de tecnologias ou setores que estão MALERBA (1997);
Inovação relacionados e interagem entre si. MALERBA (2002)
Redes de Valor Contexto em que os participantes CHRISTENSEN
competem e resolvem os problemas dos e ROSENBLOOM
clientes com escopo e fronteira definidos (1995)
pelo paradigma dominante e trajetória
tecnológica.
Aliança Coalizões para adquirir posições mais EISENHARDT e
Estratégica competitivas em indústrias altamente SCHOONHOVEN
dinâmicas. (1996)
Cluster Concentrações geográficas de empresas e PORTER (1998)
instituições interconectadas em um campo
específico.
Cadeias de Valor Processo sequencial que as empresas HANSEN e
de Inovação avaliam e aproveitam para destacar BIRKINSHAW (2007)
(vínculos fortes) ou ajustar (elos mais
fracos) suas práticas de inovação.

Fonte: Gonçalves (2020).

No entanto, essas aproximações sistêmicas e colaborativas podem

não capturar completamente as dinâmicas complexas do processo de inovação

(PAPAIOANNOU et al., 2009; RUSSELL; SMORODINSKAYA, 2018). Identifica-

se a inclusão nos debates acadêmicos do termo “eco” como uma metáfora

ecológica que destaca algumas dimensões esquecidas ou silenciadas na

10 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


corrente principal dos estudos de gestão da inovação, como diversidade,

colaboração, complementaridade, interdependência e equilíbrio (MARTINS et al.,

2020). Surgem, assim, diferentes conceitos como o ecossistema de negócios, o

ecossistema tecnológico, o ecossistema de empreendedorismo, o ecossistema

de conhecimento e, finalmente, o ecossistema de inovação. A seguir um resumo

das características dessas abordagens ecossistêmicas.

Quadro 2 – Comparação das Abordagens Ecossistêmicas

Ecossistema de Características principais Autores


Negócio
Ecossistema Relaciona a interdependência dos diferentes MOORE (1993)
Tecnológico atores e a coevolução que os unem ao longo
do tempo, trabalhando de forma cooperativa
e competitiva, ressaltada a necessidade de
sobrevivência.
Ecossistema de Plataformas de produtos definidas por compo- GAWER e CUSU-
Empreendedo- nentes principais feitos pelo proprietário da pla- MANO (2008);
rismo taforma e complementos feitos por empresas WAREHAM et al.
autônomas na periferia. (2014)
Ecossistema de Combinação de elementos para uso de lide- ISENBERG
Conhecimento ranças governamentais que, juntos, aceleram a (2010)
criação e o crescimento de empreendimentos.
Ecossistema de Foco nos geradores de conhecimento (empre- VAN DER BORGH
Inovação sas baseadas em tecnologia, universidades et al. (2012);
e organizações públicas de pesquisa) que CLARYSSE et al.
desempenham um papel central no avanço da (2014)
inovação nos locais em que estão.
Criação e captura de valor conjunto da inova- ADNER (2006);
ção pelo alinhamento multilateral dos parceiros ADNER e
que precisam interagir para que uma proposta KAPOOR (2010);
de valor focal se materialize. RITALA et al.
(2013); ADNER
(2017)

Fonte: Gonçalves (2020).

11
Porém, um argumento mencionado dentro dessa trajetória de evolução

é que as definições exatas do que os ecossistemas realmente compreendem

são escassas e muitas vezes inconsistentes (AUDRETSCH et al, 2019). Alguns

autores inclusive questionam se o termo “Ecossistema de Inovação” não seria

apenas mais uma dessas novas gírias, que chamam muito a atenção, mas

desaparecem logo na sequência, refletindo meramente a natureza sistêmica

e em rede da inovação (OH et al., 2016; RITALA; ALMPANOPOULOU, 2017). A

seguir se busca fazer essa discussão e elucidar esse panorama.

Significado do prefixo “eco” em ecossistemas de


inovação
O termo “ecossistema” exige atenção em ambas as partes: “eco” e

“sistema” (RITALA; ALMPANOPOULOU, 2017). O prefixo “eco” está presente

tanto nas palavras “ecologia” como “economia” e é proveniente do grego

“oikos”, que representava “casa”, “lar”, “habitat”, ou seja, a unidade básica da

sociedade nas antigas cidades-estados gregas. Uma unidade autossuficiente

e autárquica que abrange pessoas, materiais e bens diferentes, além de

atividades de governo (AUDRETSCH et al., 2019). Já o termo “sistema” refere-

se a um conjunto complexo de componentes – como atores, organizações e

entidades – que são interdependentes, mas independentes de outros sistemas

(RITALA; ALMPANOPOULOU, 2017).

Na biologia, que o termo é amplamente utilizado, o ecossistema é um

conjunto entre componentes bióticos, como os organismos vivos – plantas,

animais e micróbios, e os componentes abióticos, elementos químicos e físicos

– como o ar, a água, o solo e os minerais (FOLZ; CARVALHO, 2014; MARTINS

et al., 2020) abrangendo seu ambiente físico e todas as interações possíveis

desses componentes. No contexto da administração, identifica-se que as

12 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


empresas, assim como os organismos biológicos, operam dentro de uma

rica rede de interações (PELTONIEMI, 2006) que se comportam em diferentes

escalas espaciais e diferentes frequências naturais, competindo, atacando,

consumindo e também se ajudando em situações mutualísticas (SHAW; ALLEN,

2018).

Assim, os conceitos foram transferidos do mundo da biologia para

o mundo social, a fim de explicar a natureza evolutiva das inter-relações

entre diferentes indivíduos, suas atividades inovadoras e seu ambiente

(PAPAIOANNOU et al., 2009), ou seja, seus componentes bióticos e abióticos

(MARTINS et al., 2020). Moore (1993), que introduziu o conceito de ecossistema

através do termo “ecossistema de negócio” nos estudos de gestão, faz uma

importante contribuição ao iniciar essa discussão e abre espaço para as demais

analogias com os ecossistemas naturais.

A estrutura de análise mais dinâmica dos ecossistemas, focada na

continuidade da vida apesar das adversidades do ambiente em que está imersa,

adequa-se ao fenômeno da inovação, em crítica à natureza estática dos modelos

de sistemas de inovação. Assim, as organizações são capazes de incorporar

inovações como oportunidades ambientais que podem gerar futuras vantagens

competitivas (MOORE, 2006). Se, por um lado, os ecossistemas naturais usam

a energia solar e os nutrientes para viver, crescer e se reproduzir, por outro lado,

os ecossistemas de inovação também usam seus recursos como fontes de

energia para se alimentar e criar valor, assim como utilizam as informações

para otimizar seus comportamentos em diferentes níveis do sistema (SHAW;

ALLEN, 2018).

Assim, pode-se verificar que o conceito de “ecossistema de inovação”

surge na literatura como uma nova e alternativa abordagem para ajudar a

entender mais profundamente o processo complexo que é experenciado

atualmente (JACKSON, 2011; RITALA; ALMPANOPOULOU, 2017), sendo uma

13
síntese de arranjos colaborativos (ADNER, 2006; ADNER, 2017; JACOBIDES et

al., 2018) e o mais amplo dos construtos baseados em rede (AUTIO; THOMAS,

2014).

Apesar de todas as analogias válidas com os ecossistemas naturais

mencionadas anteriormente – e que os diferenciam dos demais arranjos

colaborativos –, os ecossistemas humanos possuem características próprias.

Os seres humanos, por exemplo, são os únicos que podem perceber os ambientes

que estão inseridos de forma mais ampla e, portanto, podem ter intenções e

influências mais complexas (ISENBERG, 2010). Isso retoma a necessidade de

cuidado no uso da analogia, apesar de todas as relações válidas existentes e

que podem auxiliar no entendimento dos fenômenos no campo da gestão.

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18 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


GOVERNANÇA I ORQUESTRAÇÃO DE ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO

GOVERNANÇA I ORQUESTRAÇÃO
DE ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO

U ma das características dos ecossistemas de inovação é

a existência de um sistema de governança, ou seja, a coordenação das

atividades dos participantes consistindo em elementos reguladores e

normativos, que têm regras e padrões que abrangem as interações entre

os participantes (THOMAS; AUTIO, 2014), permitindo o funcionamento e a

sobrevivência do ecossistema.

A governança possui destaque, especialmente, em um ambiente

de competição entre redes (ALBERS, 2017) e desempenha um papel

essencial na implementação bem-sucedida de um ecossistema de

inovação (DURST; POUTANEN, 2013). Adicionalmente, ela impacta todos

os demais itens de um ecossistema, podendo inclusive reajustá-los para

continuidade e sobrevivência. Assim, esse é um importante elemento no

cenário complexo dos ecossistemas de inovação.

Uma das formas de compreender esse tema é através das

macroestruturas de governança, analisando quem é autorizado a gerenciar

as atividades e quais as implicações dessas escolhas. Provan e Kenis (2008)

organizam o amplo campo de estudos de governança de redes. Apesar da

publicação ser relativamente antiga, a maioria dos artigos posteriores que

os citam o fazem apenas para se referir ao termo “governança de rede”

ou para indicar o modo de governança usado pelas redes pesquisadas, e

mesmo os artigos dedicados a progredir no ponto central da discussão não

avançaram consistentemente na proposição de estruturas para analisar a

governança de rede (WEGNER; TEIXEIRA; VERSCHOORE, 2019).

19
Provan e Kenis (2008) propõem três modelos de governança:

compartilhada, com organização-líder e por meio de uma organização

administrativa da rede (OAR). A utilização de cada um deles depende

das características dos participantes e do ambiente, além do estágio de

desenvolvimento em que está a rede (WEGNER, 2019). A eficácia dessas formas

de governança está relacionada com alguns fatores chave como a confiança,

o número de participantes, o consenso de objetivos e a necessidade de

competências no nível da rede, conforme Quadro 3.

Quadro 3 – Fatores preditores de eficácia das


Formas de Governança de Rede

Formas de Confiança Número de Consenso de Necessidade

Governança Participantes Objetivos de Competên-

cias no Nível

da Rede
Governança Alta densidade Poucos Alto Baixo

compartilhada
Governança Baixa densi- Moderado Moderada- Moderado

com organiza- dade, mente baixo

ção-líder altamente

centralizado
Governança Moderada Moderado para Moderada- Alto

por meio de densidade, mais mente alto

uma organiza- OAR moni-

ção adminis- torada pelos

trativa da rede membros

(OAR)

Fonte: Provan e Kenis (2008).

20 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Esses fatores auxiliam a escolha do modelo mais adequado para

cada contexto, mas são montados originalmente no contexto de redes, sendo

necessária à sua adequação. Gonçalves (2020) chega a um modelo adaptado

para os ecossistemas de inovação, que são resumidos no Quadro 4, e que

destacam as alterações propostas com sublinhado.

Quadro 4 – Fatores preditores de eficácia das formas de governan-


ça adaptados para ecossistemas de inovação em cidades.

Formas de Confiança Número de Alinhamento Necessidade

Governança Projetos Cola- com a Propos- de Competên-

borativos ta de Valor cias no Nível

da Rede
Governança Alta densidade Poucos Alto Baixo

compartilhada
Governança Baixa densi- Moderado Moderada- Moderado

com organiza- dade, mente alto

ção-líder altamente

centralizado
Governança Moderada Moderado para Moderada- Alto

por meio de densidade, mais mente alto

uma organiza- OAR moni-

ção adminis- torada pelos

trativa da rede membros

(OAR)

Fonte: Gonçalves (2020).

Pode-se ainda incluir na discussão o fato de o processo de

desenvolvimento dos ecossistemas de inovação ser dinâmico (e não estático),

mudando de intensidade ao longo do tempo, ou seja, ao longo das suas

diferentes etapas de evolução.

21
Estágios de evolução
Os autores concordam que resta muito ainda por compreender, a

partir de uma perspectiva dinâmica, de como os ecossistemas de inovação

se desenvolvem ao longo do tempo e se adaptam às novas configurações

contextuais (SPIGEL, 2017; DEDEHAYR et al., 2018). A seguir constam os

modelos que descrevem as etapas de evolução, mesmo que não se referindo

exatamente ao termo “ecossistema de inovação”.

Moore (1993), dentro do contexto de ecossistemas de negócio,

propõe 04 estágios evolucionários: (a) Nascimento, momento que define a

nova proposta de valor baseando-se uma semente de inovação; (b) Expansão,

que traz a oferta à tona e busca chegar no máximo de mercado; (c) Liderança,

fase em que deve-se promover uma visão convincente de futuro para que

fornecedores e clientes continuem melhorando a oferta; e (d) Auto Renovação,

momento que se trabalha com os inovadores para trazerem novas ideias ao

ecossistema existente.

Etzkowitz e Klofsten (2005), tratando de regiões inovadoras, propõem

a evolução dos ecossistemas de inovação em 04 etapas: (a) Incipiente,

que é o momento da ideia do novo modelo de desenvolvimento regional; (b)

Implementação, quando iniciam as novas atividades; (c) Consolidação e ajuste,

que é a fase em que ocorre a integração de atividades difíceis e flexíveis; e

(d) Crescimento autossustentável ou renovação, que é o momento de evitar o

declínio e criar uma renovação contínua.

Rabelo e Bernus (2015) trazem um modelo de 05 etapas de

desenvolvimento que se repetem à medida que o ecossistema de inovação

passa no tempo, sendo expostas como processos: (a) Análise, no qual é

exposto o tipo de ecossistema desejado; (b) Projeto, que é a fase que é montada

o desenho ou arquitetura do ecossistema. Também os atores, a infraestrutura

e as regulações são preparadas levando em consideração a análise anterior;

22 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


(c) Implantação, em que as fundações do ecossistema são feitas através

da construção de infraestruturas físicas e da efetivação do recrutamento

dos atores; (d) Execução, momento em que de fato a inovação ocorre dentro

do ambiente desenvolvido. Nessa fase é feita a gestão do ecossistema com

apoio de relatórios e indicadores; e (e) Conclusão, em que o ecossistema pode

terminar suas atividades ou ter sua missão e perfil radicalmente alterados,

exigindo o retorno a algumas fases anteriores.

Dedehayr et al. (2018) abordam três fases iniciais dos ecossistemas

de inovação: (a) Preparação, momento que ocorre a construção da premissa e

o estabelecimento das condições. Nessa etapa são fornecidas as inovações

científicas e é feito o contato inicial com os atores; (b) Formação, que é a fase

que dá forma e propósito ao ecossistema de inovação nascente à medida

que as funções são redefinidas para atingir o objetivo. Nesse momento são

ativadas as interações e colaborações entre os atores; e (c) Crescimento, que

é a fase de orquestração das colaborações e dos fluxos de recursos, assim

como o momento de criação e captura do valor. Nesse momento solidifica-se a

extensão da rede e as complementaridades são oferecidas.

Pique et al. (2019), tratando da evolução de áreas de inovação,

mapeiam 04 fases: (a) Início, que é o estágio de identificação do contexto local

e que precisa garantir que talentos, tecnologia e capital possam fluir livremente.

Nesse momento ocorrem as decisões estratégicas sobre localização, se

promove a infraestrutura urbana inicial e se faz a formalização; (b) Lançamento,

quando chegam os primeiros inquilinos e as instituições âncora. Nesse

momento são criadas as incubadoras e se promove uma cultura de colaboração;

(c) Crescimento, que é o momento de atração das empresas e dos investidores,

montando redes de negócios. Nessa fase a infraestrutura é implementada e são

agregados universidades, indústria e governo em projetos comuns. Promove-se

ainda sinergias entre grandes empresas, novos empreendedores e investidores;

23
e (d) Maturidade, em que são feitas atividades que maximizam a “ecologia da

inovação” e a conexão com outros centros internacionais de inovação. É o

momento de atração e retenção de talentos internacionais e desenvolvimento

de talentos locais. Adicionalmente, nessa fase exporta-se o modelo para outras

cidades.

A seguir, no Quadro 5, está o resumo comparativo com os modelos

descritos.

Quadro 5 – Modelos de etapas evolutivas dos ecossistemas de


inovação.

Moore Etzkowitz Rabelo e Bernus Dedehayr et al. (2018) Pique et al. (2019)
(1993) e Klofsten (2015)
(2005)
Nasci- Incip- Análise: exposto Preparação: con- Início: identificação
mento: iente: o tipo de ecoss- strução da premissa e do contexto local
define ideia istema desejado estabelecimento das que garanta que
a nova sobre condições. Inovações talento, tecnologia
proposta o novo científicas são forne- e capital possam
de valor modelo cidas e contato inicial fluir livremente. De-
sobre de desen- com atores cisões estratégicas
uma se- volvi- sobre localização.
mente de mento Infraestrutura
inovação regional urbana inicial.
Formalização
Expansão: Imple- Projeto: monta- Formação: dá forma Lançamento: pri-
traz a men- da arquitetura e propósito ao ecos- meiros inquilinos e
oferta e tação: do ecossiste- sistema de inovação instituições âncora.
busca iniciando ma. Atores, nascente, à medida Criação de incuba-
chegar no novas infraestrutura e que as funções são doras. Cultura de
máximo ativi- regulações são redefinidas para colaboração
de mer- dades preparadas atingir o objetivo.
cado Interação e colabo-
ração entre os atores
ativadas

24 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Liderança: Consol- Implantação: Operação: orques- Crescimento: at-
visão idação e fundações do tração de colabo- ração de empresas
convin- Ajuste: ecossistema, rações e fluxos de e investidores em
cente de inte- construção de recursos, criação redes de negócios.
futuro gração de infraestruturas e captura do valor. Infraestrutura é
para con- ativi- físicas e recru- Solidifica a extensão implementada e
tinuarem dades tamento dos da rede. Fornece com- agrega universi-
mel- difíceis e atores plementaridades dades, indústria e
horando a flexíveis governo em proje-
oferta tos comuns. Siner-
gias entre grandes
empresas, novos
empreendedores e
investidores
Auto Ren- Cresci- Execução: in- - Maturidade:
ovação: mento ovação ocorrem atividades que
trabalho autos- dentro do ambi- maximizem a eco-
com suste- ente desenvolvi- logia da inovação
inovador- ntável: do. Gestão do e a conexão com
es para evita o ecossistema, outros centros
novas declínio e relatórios e internacionais de
ideias no cria uma indicadores inovação. Atração e
ecoss- ren- retenção de talen-
istema ovação tos internacionais
existente contínua e desenvolvimento
de talentos locais.
Exportação do
modelo para outras
cidades
Conclusão: ter- -
mina suas ativ-
idades ou altera
radicalmente
sua missão/per-
fil (pode exigir o
retorno a fases
anteriores)

Fonte: Gonçalves (2020).

25
Verifica-se que os autores diferem nas nomenclaturas, mas seguem

uma sequência lógica similar nos ecossistemas, acontecendo fases evolutivas

que passam por estágios iniciais de nascimento, depois de formação, depois de

crescimento e, por fim, de maturidade/renovação. O último estágio que envolve

a renovação leva a uma consequente ciclicidade no modelo – alguns modelos

analisados inclusive levam no seu nome o termo “ciclo de vida” –, porém com

algum resíduo de experiência/aprendizagem para o próximo ciclo.

Atores e Interações
Importante considerar que em cada uma das fases existem atores

que, a partir das suas contribuições com recursos materiais ou humanos, vão

moldando as fases subsequentes e impulsionando ou dificultando a evolução

(PIQUE et al., 2019). Os atores estão em diferentes camadas e possuem inte-

rações cooperativas e competitivas entre si (OVERHOLM, 2015; RITALA; ALM-

PANOPOULOU, 2017), além de uma significativa autonomia (JACOBIDES et al.,

2018).

O modelo da tríplice hélice (ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 2000) con-

sidera a dinâmica das relações entre os seguintes atores: indústria, governo e

academia, trazendo uma visão evolucionária e sistêmica da inovação. Depois

foi incluída ainda uma quarta hélice (CARAYANNIS; CAMPBELL, 2009) deno-

minada de sociedade civil por considerar a maneira como a realidade pública

é construída e comunicada pela mídia e validada pela sociedade civil. Surge

ainda uma quinta hélice (CARAYANNIS; CAMPBELL, 2010) que trata do meio

ambiente, mas que não é usado nesse estudo pois, conforme os próprios au-

tores mencionam, não é o modelo mais adequado para o ponto de partida de

algumas análises, como é o caso dos ecossistemas de inovação em cidades.

26 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Figura 1 – Quadrupla Hélice.

Fonte: Adaptado de Carayannis e Campbell (2010).

Sabe-se que cada hélice não é cada um dos atores individualmente,

mas o que surge das suas interações. Portanto, a importância de identificar

as ações conjuntas dos atores, pois são as definidoras das hélices propostas

nesses modelos teóricos, sem desconsiderar as ações e eventos isolados.

Papéis
A dinâmica do ecossistema de inovação faz com que esses atores

assumam múltiplos papéis ao longo dos diferentes estágios de construção do

ecossistema (RABELO; BERNUS, 2015; PIQUE et al., 2019). O papel é o conjunto

de comportamentos ou atividades realizadas pelos atores do ecossistema de

inovação à medida que ocupam o palco (DEDEHAYR et al., 2018). Esses papéis

presentes no ecossistema, possivelmente, são naturalmente emergentes ao in-

vés de prescritos por mecanismos externos de governança (DEDEHAYR et al.,

2018).

27
Considerando a natureza dos ecossistemas, os atores podem tam-

bém ter diferentes intensidades de participação. Quando falta uma esfera, ou

seja, um papel não é completado, parte de uma estratégia baseada no conhe-

cimento substitui esse ator e preenche a lacuna (ETZKOWITZ; LEYDESDORFF,

2000). Por isso que conhecer o elenco de papéis é valioso para que as diferentes

partes reconheçam e ocupem as atividades necessárias à medida que o ecos-

sistema de inovação se desdobra ao longo do tempo (DEDEHAYR et al., 2018).

A seguir os papéis adaptados de Dedehayr et al. (2018), considerando as carac-

terísticas dos ecossistemas de inovação tratados nesse estudo, sendo dividi-

dos em papéis relacionados com (a) liderança; (b) criação de valor; (c) suporte

a criação de valor; e (d) empreendedorismo:

a. Os papéis relacionados com a liderança são: (i) Governança do

ecossistema, que envolve projetar o papel dos outros atores e coordenar as

interações entre eles, além de catalisar e acelerar o processo como um todo e

orquestrar os fluxos de recursos entre os membros. Também inclui construir

ativos específicos de relacionamento e confiança interorganizacional; (ii) Cria-

ção de parcerias, que envolve formar vínculos entre os membros para a criação

de alianças, além do compartilhamento da proposta de valor entre os atores,

buscando consenso para obter uma verdadeira colaboração. Esse papel envol-

ve também o estímulo ao compromisso das complementaridades. (iii) Geren-

ciamento de valor, que trata de auxiliar na criação e captura do valor produzindo

pelo agregado de ofertas dos atores do ecossistema e, ao mesmo tempo, ga-

rantindo que outros atores possam agregar seu próprio valor. Esse papel envol-

ve uma preocupação com uma justiça e bem-estar geral do ecossistema.

b. Os papéis relacionados com a criação de valor são: (i) Fornece-

dor, que é o provimento de materiais, tecnologias e serviços essenciais para o

uso de outros atores no ecossistema; (ii) Montador, que, ao receber os insumos

do fornecedor, integra a outros insumos para criar produtos ou serviços úteis,

28 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


como exemplo de hospitais que integram seus serviços internos aos de médi-

cos para criar serviços holísticos para os pacientes; (iii) Complementador, que

trata de agregar valor que de atores afastados do caminho direto da criação de

valor e que funcionem em conjunto com as ofertas de outros atores do ecoss-

istema; e (iv) Usuário, que é aquele que define o problema ou a necessidade e

podem ser a fonte de ideias de inovação.

c. Os papéis relacionados com o suporte à criação de valor são: (i)

Especialista, que é aquele que gera conhecimento, invenções e descobertas que

podem ser usados ​​por atores diretos e que criam valor no desenvolvimento de

produtos e serviços. Esse papel também inclui a atividade de consultoria; e (ii)

Campeão, que é o papel que ajuda a construir conexões entre os atores, geral-

mente desempenhado por indivíduos e não organizações.

d. Por fim, os papéis relacionados com o empreendedorismo são: (i)

Empreendedor, que é assumido em resposta de parceria ou oportunidades para

comercializar descobertas e invenções de especialistas; (ii) Patrocinador, que

além de prestar assistência financeira também pode codesenvolver produtos

ou adquiri-los, ou ainda conectar novos empreendimentos em potencial com

outros atores, como mentores, e fornecer educação empresarial; e (iii) Regu-

lador, que catalisa a formação de novos empreendimentos, criando condições

econômicas, políticas e regulatórias favoráveis.

Pique et al. (2019) propõem uma configuração baseada na tríplice

hélice demonstrando o papel chave de governança em cada etapa, conforme

Figura 2. Apesar de que alguns desses papéis parecem corresponder natu-

ralmente a alguns atores, Pique et al. (2019) coloca que as partes envolvidas

podem assumir papéis diferentes dos tradicionais e que isso gera, inclusive,

oportunidades de inovações. O tamanho das elipses é uma ilustração teórica

da evolução (PIQUE et al., 2019) e não o resultado de um indicador específico.

29
Figura 2 – Papel chave de governança em cada etapa.

Fonte: Adaptado de Pique et al. (2019).

Estudos empíricos têm demonstrado como cada um dos atores po-

dem atuar como catalizadores dos processos em um ecossistema de inovação.

O papel das universidades, por exemplo, pode ser de liderança em um ecoss-

istema de inovação em cidades devido a indução para o desenvolvimento e a

transferência de conhecimentos e tecnologias disruptivas. Schwartz e Bar-El

(2015) argumentam que os governos nem sempre realizam adequadamente o

papel dessa liderança, podendo levar a um fracasso na obtenção de um cresci-

mento econômico ótimo em detrimento tanto da economia nacional como da

própria indústria.

Verifica-se que a responsabilidade de liderança não pode ser total-

mente terceirizada pelo governo, pois faz parte da sua função, com agendas de

intenções, proposta de valor, preocupação com a justiça e o bem-estar geral,

além de articulações e de incentivos ao longo de todas as fases de um ecoss-

istema de inovação, no entanto pode ser compartilhada (ALMIRALL et al., 2014;

DEDEHAYR et al., 2018; PIQUET et al., 2019). O nascimento do processo está

caracterizado por uma liderança também das universidades, pilares da econo-

mia baseada no conhecimento, envolvidas com a definição do tipo de ecoss-

istema desejado (RABELOS; BERNUS, 2015), além da formação dos talentos, da

30 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


transferência de conhecimento e das capacidades de aprendizado (DOLOREUX,

2002; PIQUE et al., 2019). Para a formação do ecossistema de inovação são

requeridas intensificação das interações, parcerias e um livre fluir de talentos,

tecnologias e capital (ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 2000), com sinergia de uni-

versidades, governo, empresas e sociedade como um todo, gerando envolvi-

mento e liderança de todos os tipos de atores (DEDEHAYR et al., 2018; PIQUE et

al., 2019). Já o crescimento e a maturidade do processo consideram que a lider-

ança assume os riscos e as perspectivas de retornos, com sintonia das grandes

empresas com os novos empreendedores, que ocorre através da indústria, além

do foco na conexão internacional com outros ecossistemas de inovação, atrain-

do e retendo talentos (PIQUE et al., 2019), que podem ser a energia necessária

para a renovação do ecossistema de inovação.

Os elementos citados indicam um caminho de condução que pode

ser ilustrado por alguns projetos induzidos para desenvolver o ecossistema de

inovação das cidades, como Skolkovo em Moscou, 22@ em Barcelona, Porto

Digital em Recife (NIKINA; PIQUE, 2016), além do caso de Florianópolis (GARAY,

2019). Com base nos elementos levantados anteriormente, pode-se verificar

que a academia e o governo tendem a assumir o papel de liderança no primeiro

momento, sendo depois esse papel compartilhado entre todos os atores da

quádrupla hélice para sua formação e, ao final, durante os processos de cresci-

mento e maturidade, a condução passa a ser feita pela indústria e pelo governo.

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34 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


O METAMODELO DE
O METAMODELO DE ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO

ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO

U m ecossistema de inovação cria as condições necessárias para

transformar desafios (oportunidades e/ou problemas) em valor (econômi-

co, social e/ou ambiental).

Os ecossistemas atingem sua plenitude quando os agentes ecos-

sistêmicos fornecem as funções adequadas para que talento, tecnologia e

financiamento sejam uma alavanca para a transformação.

Compreender as funções que devem ser desenvolvidas dentro de

um ecossistema de inovação são fundamentais para diagnosticar ecossis-

temas e, por sua vez, para compreender os papéis dos agentes na constru-

ção do ecossistema.

Este livro apresenta o conjunto de funções que um ecossistema

de inovação deve desenvolver para ter um amadurecimento na atuação dos

seus agentes (universidades, empresas, governo e sociedade civil organiza-

da).

1. Informação

A função informação expressa a necessidade de incorporar nos

ecossistemas as informações necessárias para interagir entre os agentes.

A redução do tempo na busca de dados e informações sobre serviços pú-

blicos e privados, clientes, fornecedores, parceiros e/ou eventos, reduz os

custos de transação e ativa a inter-relação dos agentes.

35
É fundamental que em cada ecossistema haja uma única porta de en-

trada (one stop shop) para que empresas e empreendedores saibam onde está

a porta de soluções para seus problemas ou novas oportunidades. Por sua vez,

o conjunto de agentes prestadores de serviços no ecossistema pode encontrar

no one stop shop o local para encontrar os clientes de seus serviços.

Para tanto, é necessário que o ecossistema se dote de mecanismos

de comunicação para informar, divulgar, demonstrar, convocar ou alertar os

agentes do ecossistema, com o objetivo de ativar o capital relacional em rede

e, por sua vez, proporcionar uma agenda comum para orquestrar o conjunto de

eventos a fim de construir um capital de conversação no ecossistema.

2. Inovação

A função inovação inclui o conjunto de subfunções necessárias para

estimular a transformação de oportunidades em ações. É uma função básica

no ecossistema da inovação, pois dá o significado diferencial ao ecossistema.

Inovar é transformar desafios em soluções, e para isso é necessário compre-

ender que desafios, sejam problemas novos ou antigos (geralmente de merca-

do) ou oportunidades (geralmente de origem científico-tecnológica), podem ser

aplicados ou resolvidos por empresas existentes ou novas buscando ainda o

desenvolvimento de empreendedores.

O ecossistema deve inspirar a criatividade pelo exemplo de quem

inova, ou por meio de metodologias que estimulem a criatividade diante dos

desafios. A criação de novos produtos, serviços ou processos deve ser acompa-

nhada da necessária proteção da propriedade intelectual. O ecossistema deve

promover a proteção das inovações e fornecer agentes especializados em pro-

priedade intelectual.

36 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Quando não existem soluções no mercado, o surgimento de novas

empresas de empreendedores surge como o mecanismo mais rápido para vali-

dar novas propostas. Para tanto, é fundamental que o ecossistema forneça ser-

viços de incubação onde os novas startups tenham apoio e acompanhamento

para prototipação, espaços de empreendedorismo e conexão com o mercado e

investidores.

Novas tecnologias de grupos de pesquisa ou centros universitários

podem ser fontes de inovações disruptivas. Assim, fornecer escritórios de

transferência de resultados de pesquisas ao ecossistema facilita a relação uni-

versidade-empresa e formaliza a universidade como fonte de tecnologia.

As estratégias de inovação aberta das corporações como mecanismo

para absorver inovação do ecossistema por meio da compra de startups de

base tecnológica, incorpora novas formas de inovação que o ecossistema deve

promover e fornecer.

3. Internacionalização

Um ecossistema deve articular os agentes localmente e, por sua vez,

conectá-los globalmente a outros ecossistemas do mundo. Para tanto, é ne-

cessário posicionar o ecossistema internacionalmente por meio de sua espe-

cialização setorial e/ou tecnológica e vinculá-lo a empresas, universidades e

governos remotos que tenham a mesma especialização ou complementarida-

de.

Estratégias de atração de investimentos com o objetivo de atrair em-

presas ou investidores para o território são necessárias para complementar o

tecido empresarial existente e o capital local. Estes investimentos servem para

acelerar o crescimento do território de uma forma não orgânica e por sua vez

37
proporcionar novos atores no ecossistema que enriquecem a capacidade pro-

dutiva ou comercial, ou valorizam startups, talentos e tecnologia do território.

A atração deve ser aliada a um mecanismo de aterrisagem de negócios (cha-

mado Soft Landing) onde as empresas sejam acompanhadas na implementa-

ção territorial tanto na dimensão econômica (fornecedores, clientes, parceiros)

como na sua dimensão jurídica e fiscal. Nestas ações, a ligação com fontes de

talento (universidades) com o ecossistema de inovação também é fundamental.

O ecossistema também deve se preparar para a internacionaliza-

ção de produtos e serviços. Para tanto, dada uma posição e especialização,

o desenvolvimento de uma agenda de internacionalização deve priorizar a

quais ecossistemas se conectar. Essa conexão pode usar redes universitárias,

empresariais e governamentais para conectar e acelerar o intercâmbio e a in-

ter-relação. Com o objetivo de promover e ativar a internacionalização, certos

ecossistemas organizam missões internacionais nas quais os agentes da tripla

hélice participam ativamente institucionalmente, empresarial, acadêmica e cul-

turalmente.

4. Investimentos

Um ecossistema precisa ter o capital necessário em todas as fases

da inovação e do empreendedorismo, do nascimento ao crescimento, até a

abertura do capital. Para isso, os agentes especializados devem fornecer smart

money às empresas e empreendedores de acordo com sua fase de desenvolvi-

mento. Tanto o capital de investimento quanto os créditos e as garantias cons-

tituem o conjunto de tipos de dinheiro necessários ao ecossistema.

O crédito em suas diversas expressões será fundamental para as em-

presas que têm planos de retorno da dívida baseados na geração de caixa para

38 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


as vendas. Normalmente são os Bancos, que, com base no histórico financeiro

da empresa e nos planos futuros, fornecem esse tipo de dinheiro.

No caso de empreendedores ou necessidades de capitalização, as

empresas precisam de investimento de capital. Para isso, é necessário que o

ecossistema da inovação tenha investidores anjos (que investem seu próprio

dinheiro) ou investidores de capital de risco (que investem o dinheiro de ter-

ceiros). A criação de escolas de Business Angels ou o apoio à constituição de

fundos de Capital de Risco (agregando fundos públicos e privados) devem ser

ações que o ecossistema deve promover se pretende ter a quantidade e quali-

dade de investidores. Em alguns casos, e dada a falta de informação histórica

sobre os empreendedores que iniciam novos negócios, serão necessários me-

canismos de garantia ou garantia para determinados tipos de operações.

Como estratégia de saída, as startups podem abrir o capital ou espe-

rar que as corporações as absorvam por meio de mecanismos de Aquisição ou

Fusão. Em ecossistemas maduros, as startups nascem para serem compradas

por corporações, sendo o mecanismo pelo qual os investidores anjos e fundos

de capital de risco têm o retorno do seu investimento e, portanto, facilitando

que esse capital possa ser reinvestido em novas startups, criando um círculo

virtuoso.

É fundamental que, em ecossistemas inovadores, existam mercados

de conexão entre startups e investidores. Promover e facilitar encontros regula-

res entre empresários, investidores anjos e fundos de capital de risco enriquece

e acelera o ecossistema de inovação, criando uma sistematização para o cres-

cimento.

39
5. Talento

O talento é a matéria-prima da economia do conhecimento. Para isso,

um ecossistema deve criar, desenvolver, reter e atrair talentos. Uma das chaves

é a orientação das vocações dos jovens para estudos que se conectem com as

oportunidades de trabalho em empresas do ecossistema. O despertar de voca-

ções em tenra idade e a orientação profissional nos momentos críticos em que

os jovens escolhem os seus estudos são fundamentais na estratégia de talento

do ecossistema.

O ecossistema deve também proporcionar a oferta de formação pro-

fissional e universitária aos jovens, de forma a garantir a criação e o desenvol-

vimento de talentos, combinando-a com a formação contínua de trabalhadores

ativos que devem atualizar as suas competências de forma permanente. Para

tanto, é necessário criar pontes de relação universidade-empresa que promo-

vam práticas que facilitem a aprendizagem de habilidades para o trabalho.

O diálogo entre as necessidades de talento das empresas a curto,

médio e longo prazo, e a oferta por fontes de talento, exige que o ecossistema

sistematize os mercados de talento para conectar a oferta e a procura, e adap-

tar a oferta educacional as necessidades futuras do ecossistema.

A necessidade de talentos no ecossistema também suscita o desen-

volvimento de estratégias de atração de talentos para o território, oferecendo

oportunidades de crescimento profissional e pessoal. Estabelecer redes de co-

nexão com ex-alunos ou profissionais expatriados ou realocados favorece a

conexão com ecossistemas remotos e pode facilitar o retorno de talentos no

futuro.

40 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


6. Território

Um ecossistema se desenvolve em um território onde estão localiza-

das universidades, instituições, centros de tecnologia, empresas, empreende-

dores, incubadoras ou mercados, entre outros. Para tanto, é fundamental pre-

parar o território para atrair incorporadoras, incorporadoras de infraestrutura e

investidores.

Para iniciar o desenvolvimento de um território é necessário ter um

mapa urbano que detalhe os usos do solo e os volumes permitidos. O Plano

Urbano é um grande instrumento de transformação do território que permite

definir as atividades a realizar e por sua vez dita as regras do jogo urbano para

que incorporadores, investidores e construtores possam desenvolver edifícios

ao serviço do desenvolvimento económico e social.

Complementando o Plano Urbano, um território deve definir quais as

infraestruturas de que necessita para se desenvolver econômica e socialmente.

Água, energia, mobilidade, resíduos ou telecomunicações devem ser equipados

para a tipologia de cidadãos e empresas que irão se instalar no ecossistema.

Uma transformação urbana pode nascer do zero (transformação gre-

enfield) ou regenerar uma área pré-existente (transformação brownfield). Em

ambos os casos, é fundamental ter um mapa atualizado das edificações dis-

poníveis para poder ofertar às empresas ou empreendedores que ingressam no

ecossistema da inovação. Para o efeito, pode ser promovido um Marketplace of

Spaces para facilitar a inter-relação entre a oferta e a procura de espaços.

O território, além de ser a plataforma do ecossistema da inovação,

pode ser objeto de inovação. Para tal, o desenvolvimento de Living Labs permi-

te a implementação de pilotos para validação de produtos e/ou serviços com

clientes reais.

41
7. Setores

A especialização inteligente dos territórios implica a seleção de seto-

res priorizados e, por sua vez, das tecnologias necessárias para esses setores.

O desenvolvimento de uma Agenda Tecnológica para o ecossistema que for-

neça as tecnologias necessárias para a competitividade dos setores é funda-

mental. Para tanto, os Institutos de Pesquisa e Centros de Tecnologia deverão

disponibilizar as tecnologias de acordo com a Agenda Tecnológica acordada.

Ao mesmo tempo, a aglomeração das cadeias de valor de ciência,

tecnologia, negócios e mercado no mesmo território expressa o grau de espe-

cialização e, por sua vez, expressa o grau de agrupamento. Os clusters são ins-

trumentos fundamentais para o desenvolvimento dos territórios e contribuem

para a criação de massa crítica em ecossistemas inovadores.

Muitas vezes o trabalho conjunto dos agentes ecossistêmicos se tor-

na tangível no desenvolvimento de projetos onde empresas, centros de tecno-

logia e grupos de pesquisa trabalham juntos para desenvolver uma nova inova-

ção.

Será necessário articular universidades, empresas e o governo de um

mesmo território por meio de órgãos de governança que coordenem o conjunto

de ações que existem em um ecossistema de inovação.

A inovação é promovida por meio de hibridização. A promoção da

inovação intersetorial permite a transmissão de aplicações tecnológicas de

um setor para outro. A inter-relação de clusters deve ser um dos objetivos dos

ecossistemas de inovação.

42 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


8. Sociedade

A inovação não é apenas econômica, é e deve ser social. A promoção

de uma sociedade inovadora também deve ser objeto de trabalho do ecossiste-

ma. Começando pelos mais jovens, é fundamental desenvolver novas gerações

de jovens inovadores e empreendedores. Para isso, as vocações científicas e

tecnológicas dos meninos e meninas garantem talentos futuros para o ecos-

sistema. O papel das famílias no acompanhamento vocacional é fundamental.

As unidades familiares são plataformas de descoberta das crianças,

onde a participação dos pais na aprendizagem dos filhos estimula e fomenta

uma cultura empreendedora e inovadora.

A sociedade é também de idosos, cheia de experiência e muitas ve-

zes com disponibilidade temporária. A contribuição dos idosos na tutoria ou no

desenvolvimento de projetos sociais contribui para um ecossistema inovador

também na dimensão social.

A articulação das associações civis que desenvolvem atividades no

território, permite contribuir para uma sociedade vibrante e organizada como

uma hélice quádrupla na ligação com as universidades, empresas e o governo.

Para tanto, é imprescindível a criação de mecanismos de participação estáveis

que veiculem e estimulem as capacidades da sociedade civil organizada.

Para promover uma sociedade justa e inclusiva, o ecossistema da

inovação deve incorporar os desafios sociais como foco de sua atuação. Na

medida em que o ecossistema coloca as necessidades dos cidadãos em pri-

meiro lugar, ele promove soluções fornecidas por universidades, empresas e

administração.

43
9. Redes de Ambiente de Inovação

No mesmo estado ou nação, diferentes ecossistemas de inovação

podem se desenvolver. O compartilhamento de serviços gera economias de es-

cala e, por sua vez, a inter-relação entre os ecossistemas. Além disso, o com-

partilhamento de infraestrutura e tecnologia facilita o trabalho coletivo.

Compartilhar processos de inovação, como compartilhamento de de-

safios, chamadas para startups ou conexão com investidores, cria mais massa

crítica em ecossistemas de inovação e, por sua vez, homogeneíza as formas de

funcionamento dos ecossistemas, sendo mais compreensíveis pelos usuários

(empresas, empresários).

O desenvolvimento de uma Agenda Ecossistêmica Compartilhada ga-

rante o alinhamento dos agentes e a coordenação das atividades desenvolvidas

no território. É fundamental que um ecossistema seja dotado de mecanismos

de governança que articulem a contribuição dos agentes da quádrupla hélice.

10. Redes Internacionais

A conexão do ecossistema local com ecossistemas remotos é funda-

mental para o desenvolvimento de redes internacionais. Aproveitando as redes

acadêmicas, empresariais e governamentais já estabelecidas, acelera as cone-

xões internacionais e promove novos usos das redes existentes. Destacam-se

as redes de inovação desenvolvidas por Parques de Ciência e Tecnologia, Incu-

badoras, Aceleradoras e Living Labs.

A sensibilização e promoção de um Programa de Redes, no qual va-

lorizar as redes pré-existentes, desenvolve a função de Rede Internacional ao

serviço do ecossistema de inovação que se desenvolve.

44 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


1. INFORMAÇÃO
1. INFORMAÇÃO

1.1 One Stop Shop

Fonte: RAWPIXEL. Meeting with the boss. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/
photos/-zUg56LG0tY>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

O one stop shop ou one stop shopping é um modelo de empresa,

instituição ou organização que oferece uma grande variedade de produtos e

serviços aos seus clientes em um local unificado. Na sua origem, nos anos

de 1920, o conceito se aplicava a lojas que contemplavam em seu portfó-

45
lio uma ampla gama de produtos. Ao longo do tempo ocorreu uma evolução

no conceito, e serviços também foram incluídos nesses espaços (INVESTING

ANSWERS, 2018; INVESTOPEDIA, 2018).

No mundo dos ecossistemas de inovação, a porta de entrada única

(one stop shop) tem como função principal orientar o cliente para o ator condi-

zente com a sua necessidade. Sendo estes oriundos internamente do ecossis-

tema ou conectados a sua rede de parceiros. Empresas e empreendedores são

os principais clientes do one stop shop, já que o mesmo pode possuir variadas

necessidades, precisando se conectar com diferentes atores do ecossistema.

Motivação

O one stop shop tem como principal objetivo economizar tempo do

cliente ao juntar diversos serviços e produtos num mesmo local. Além de au-

xiliá-lo com maior efetividade e conectá-lo aos serviços e produtos mais con-

venientes. No setor público, pode ser utilizado para facilitar o acesso a servi-

ços de bem-estar para pessoas menos favorecidas financeiramente, promover

uma maior interação entre administradores e políticos e aumentar coordenação

entre os diversos setores (WETTENHALL; O’BRIEN; KIMBER, 1996; ONGARO,

2004).

Já se tratando de ecossistemas de inovação, o conceito é utilizado

para direcionar o empreendedor ao habitat de inovação que coincide com a sua

demanda ou ainda direcionar o empreendedor para o local ou organização que

contém a possível solução. Por exemplo: o empreendedor necessitado de in-

vestimento seria encaminhado a um edital de fomento ou conectado a uma rede

de investidores anjos.

46 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Case de inspiração

Quem desenvolve: PricewaterhouseCoopers (PWC) e governo da Austrália.


Como desenvolve: Com o objetivo de melhorar a prestação de serviços do
setor público para a população, o governo da Austrália resolveu criar um one

stop shop de serviços. Este one stop shop tem como objetivo permitir que ci-

dadãos tenham um único ponto de acesso a transações de informações e ser-

viços. Os principais elementos que um modelo como esses pretende entregar

são: velocidade, engajamento, ser responsivo, dar poder de escolha ao cliente,

passar valor que esse modelo tem e gerar uma ótima experiência (PWC, 2012).

Cumprir essas demandas está levando a modelos de prestação de serviços

centrados no cidadão. Estes modelos podem melhorar significativamente a

experiência do cliente, fornecendo resultados baseados nas necessidades, ex-

pectativas e preferências dos cidadãos. Este modelo de serviço pode melhorar

significativamente a experiência e os resultados do cliente por meio de níveis de

serviço aprimorados com um custo igual ou menor (PWC, 2012).

Quando desenvolve: 2012.


Onde desenvolve: Austrália.

Referências

INVESTOPEDIA. What is a ‘One-Stop Shop’. 2018. Disponível em: <https://www.


investopedia.com/terms/o/onestopshop.asp>. Acesso em: 30 de mai 2018.

INVESTING ANSWERS. One Stop Shop: What it is. 2018. Disponível: <http://www.
investinganswers.com/financial-dictionary/economics/one-stop-shop-526>.
Acesso em: 30 de mai 2018.

47
ONGARO, Edoardo. Process management in the public sector: the experience
of one-stop shops in Italy. International Journal of Public Sector Management,
Milão, v. 17, n. 2, p. 81-107, 2004.

PRICEWATERHOUSECOOPERS (PWC). Transforming the citizen experience One


Stop Shop for public services. 2012. Disponível: <https://www.pwc.com/gx/en/
government-public-sector-research/pdf/one-stop-shop-2016.pdf>. Acesso
em: 21 de ago 2018.

WETTENHALL, Roger Llewellyn; O’BRIEN, John; KIMBER, Megan. One-stop sho-


pping: Notes on the concept and Some Australian Initiatives. Centre for Resear-
ch in Public Sector Management, Canberra, 1996.

48 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


1.2 Comunicação

Fonte: RAWPIXEL. Coworkers reunion. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/pho-


tos/U-Xppa7Co68>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

A comunicação é um comportamento social fundamental na vida dos

animais, racionais e irracionais. É importante para formação e fortalecimento de

relações, para a sobrevivência e até para reprodução e perpetuação da espécie

(MCGREGOR, 2005). A comunicação permeia praticamente todos os aspectos

sociais importantes e para que ela ocorra são necessários pelo menos dois in-

49
divíduos, um sinalizador e um receptor (MCGREGOR; PEAKE, 2000). Assim, a

evolução e especialização da comunicação facilita a troca de informações entre

os agentes (BAHIA, 2008).

No meio empresarial, a comunicação é caracterizada como sendo

planejada e estratégica, com o objetivo de criar relacionamentos e conexões

entre empresas e setores, ou seja, externa e interna (CARDOSO, 2006). A comu-

nicação interna se verifica entre a organização e seu pessoal. Já a comunicação

externa é aquela que se estende a consumidores, clientes, fornecedores, parcei-

ros e o público atingido por todas as mídias (ALVESSON, 1996; BAHIA, 2008).

Os ecossistemas de inovação seguem uma linha de comunicação bastante se-

melhante com a citada. Estes criam redes de conexão entre os atores do ecos-

sistema, formando uma comunicação interna entre eles, gerando ou utilizando

inúmeras ferramentas para promover e informar sobre projetos, eventos, novi-

dades e etc. ao público externo ao ecossistema, realizando assim, a comunica-

ção externa.

Motivação

O princípio e objetivo de qualquer forma de comunicação é a trans-

missão de uma informação, pois esta é um aspecto fundamental da comunica-

ção (MCGREGOR, 2005; CARDOSO, 2006). A transmissão de informações pode

ser feita de variadas formas, umas mais eficazes que outras. Afunilando para a

comunicação empresarial, essa transmissão, com eficiência e objetividade, se

torna muito mais difícil e complexa. Além disso, a necessidade da comunicação

está sendo cada vez mais requisitada, visto que a responsabilidade das em-

presas e empresários para com a sociedade cresce com o tempo (ALVESSON,

1996; CARDOSO, 2006; BAHIA, 2008).

50 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


A comunicação interna e externa às instituições assume o papel de

auxiliar o empresário a se conectar com os seus funcionários e compreender

melhor o mercado ao qual está inserido (BAHIA, 2008). O mesmo acontece com

os ecossistemas de inovação, onde a criação de redes de contato entre os ato-

res internos e externos é importante para compartilhamento das informações

de todos e entre todos. Na conjuntura ideal as conexões dessas redes são bas-

tantes estreitas, o que torna o fluxo das informações mais fácil e rápido.

Case de inspiração

Quem desenvolve: Back in Motion.


Como desenvolve: A Back in Motion é uma empresa de serviços completos
de reabilitação, gestão de deficiências e serviços vocacionais em British Co-

lumbia, Canadá. A empresa foi eleita como um dos 30 melhores lugares para se

trabalhar do Canadá em 2005. Uma de suas culturas internas é a comunicação

transparente. A empresa baseia-se no trabalho em equipe e no alcance de me-

tas por meio de comunicação aberta e respeito pelos funcionários e clientes. A

equipe descreve isso como produtivo e profissional, divertido e amigável (IABC,

2018). A estratégia utilizada pela empresa é a comunicação “cara-a-cara”. Mes-

mo com diversas localidades, é prezado pelo compartilhamento de informações

pessoalmente, seja entre funcionários ou gerentes. Este tipo de comunicação

é realizado por meio de reuniões mensais e conversas diárias, menos formais,

entre a equipe. Os meios eletrônicos são utilizados como forma suplementar

aos meios pessoais (IABC, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Canadá.

51
Referências

ALVESSON, Mats. Communication, power and organization. Berlin: Walter de
Gruyter, 2013.

BAHIA, Juarez. Introdução à comunicação empresarial. Rio de Janeiro: Mauad


Editora, 2008.

CARDOSO, Onésimo de Oliveira. Comunicação empresarial versus comunicação


organizacional: novos desafios teóricos. Revista de Administração Pública, Rio
de Janeiro, v. 40, n. 6, p. 1123-1144, 2006.

INTERNATIONAL ASSOCIATION OF BUSINESS COMMUNICATORS (IABC). Small


Business Communication Practices Case Studies. 2018. Disponível em: <ht-
tps://goo.gl/mJKd1o>. Acesso em: 21 de ago 2018.

MCGREGOR, Peter K. (Ed.). Animal communication networks. Cambridge: Cam-


bridge University Press, 2005.

MCGREGOR, Peter K.; PEAKE, Tom M. Communication networks: social environ-


ments for receiving and signalling behaviour. Acta Ethologica, Newquay, v. 2, n.
2, p. 71-81, 2000.

52 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


1.3 Agenda

Fonte: FREESTOCK.ORG. Calendar schedule. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/


photos/hRVrvH9-dG0>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

Com o avanço das tecnologias o indivíduo tem a oportunidade, cada

vez mais, de assumir o controle da sua vida profissional, podendo escolher a

forma mais adequada de se atualizar, aprender e se conectar com outros pro-

fissionais. Uma das formas para se alcançar estes objetivos é encontrada por

meio da participação de eventos empresariais. Tais eventos têm caráter de ca-

pacitar e informar os profissionais, por meio da abordagem de temáticas rele-

53
vantes para cada área (WADA; CARNEIRO, 2010). Os eventos comumente são

divulgados e informados ao público por meio de uma agenda. O Dicionário de

Cambridge (2018) define agenda como uma lista de objetivos ou possíveis rea-

lizações futuras, e programa de conferências, convenções e congressos.

Motivação

Uma agenda ou um calendário de eventos é um diferencial na organização e di-

vulgação de um evento. Os eventos têm passado por grandes transformações,

de simples reuniões de grupos a grandes encontros, tornando-se um mercado

lucrativo. Um evento pode compreender diversas áreas da economia, sendo ne-

cessário planejamento, programação, execução e monitoramento. Além disso,

ter uma agenda que contemple as atividades do ecossistema gera diversos be-

nefícios não apenas para os empreendedores, interessados em geral, mas tam-

bém para a região promotora e comércio local, entre outros (CARDOSO; PINTO,

2016).

Case de inspiração

Quem desenvolve: Harvard Business School.


Como desenvolve: A Harvard Business School mapeia e torna público por
meio de uma agenda digital todos os eventos, feiras e congressos com a temá-

tica de empreendedorismo relacionado à universidade. A universidade dispo-

nibiliza as informações em seu site institucional https://entrepreneurship.hbs.

edu/Pages/calendar.aspx (HBS, 2018).

Quando desenvolve: Anualmente.


Onde desenvolve: Estados Unidos.

54 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Referências

CARDOSO, Danilo Pessoa; PINTO, Maria Márcia Matos. As redes sociais como
ferramentas de divulgação de eventos. FaSCi-Tech, São Caetano do Sul, v. 1, n.
5, p. 30-40, 2011.

CAMBRIDGE DICTIONARY. Agenda. 2018. Disponível em: <https://dictionary.


cambridge.org/pt/dicionario/ingles/agenda>. Acesso em: 27 de ago 2018.

HBS Harvard Business School. Entrepreneurship Calendar. Disponível em: <ht-


tps://entrepreneurship.hbs.edu/Pages/calendar.aspx>. Acesso em: 27 de ago
2018.

WADA, Elizabeth Kyoko; CARNEIRO, Natalie Arruda. As necessidades da geração


Y no cenário de eventos empresariais. Contribuciones a la Economia, [s.l.], v. 1,
n.5, p. 1-25, 2010.

55
1.4 Demonstração

Fonte: TEEMU PAANANEN. Conference. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/


photos/bzdhc5b3Bxs>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

A demonstração significa mostrar algo (LEXICO, 2020), por exemplo,

um novo produto ou um novo serviço que foi desenvolvido. No ecossistema de

inovação a demonstração pode ser entendida como um showroom de soluções

inovadoras. O Dicionário de Cambridge (2020) define um showroom como um

grande espaço na qual as pessoas são encorajadas a olhar os produtos que

estão à venda antes de comprá-los. Desse modo, a demonstração no ecos-

56 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


sistema de inovação serve como um local onde são exibidas soluções, protó-

tipos, produtos, serviços e projetos inovadores desenvolvidos por inovadores,

empresas ou instituições que desejam demonstrar suas soluções para todo o

ecossistema.

Motivação

A demonstração de inovações serve para divulgar as ações inovado-

ras que estão sendo realizadas no ecossistema de inovação. Para as startups,

a demonstração de seus projetos também tem o propósito de divulgar suas so-

luções para o mercado, atrair investimentos e conectar com possíveis clientes

(REVISTAPEGN, 2013). A demonstração de soluções inovadoras também serve

como um meio de aproximação entre os diferentes atores do ecossistema de

inovação, por exemplo, entre indústria e startups (DIOUM; GAYA, 2019).

Case de inspiração

Quem desenvolve: Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE)


Como desenvolve: O LinkLab Open Day é um evento promovido pelo progra-
ma de inovação aberta da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) cha-

mado LinkLab. No Open Day, as startups possuem a oportunidade de demons-

trar suas soluções para grandes corporações do mercado que fazem parte da

rede LinkLab. O objetivo é conectar startups com empresas de médio e grande

porte que precisam solucionar desafios. Além de apresentar seus projetos, as

startups também podem tirar dúvidas dos participantes (ACATE, 2019).

Quando desenvolve: Anualmente.


Onde desenvolve: Brasil.

57
Referências

ACATE. LINKLAB OPEN DAY. 2019. Disponível em: < https://www.acate.com.br/


agenda-de-eventos/linklab-open-day/ >. Acesso em: 29 de ago 2020.

CAMBRIDGE DICTIONARY. Showroom. 2020. Disponível em: < https://dictio-


nary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/showroom>. Acesso em:
29 de ago 2020.

DIOUM, L. C. P.; GAYA, I. PROGRAMA NACIONAL CONEXÃO STARTUP INDÚS-


TRIA: UM NOVO JEITO DE FAZER POLÍTICA PÚBLICA. In: CAVALCANTE, P. INO-
VAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS: SUPERANDO O MITO DA IDEIA. Brasília: Insti-
tuto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 2019. p. 213-226.

LEXICO. Demonstração. 2020. Disponível em: < https://www.lexico.pt/demons-


tracao/ >. Acesso em: 29 de ago 2020.

REVISTAPEGN. Showroom de startups é novidade na Feira do Empre-


endedor. Disponível em:< http://revistapegn.globo.com/Revista/Com-
mon/0,,EMI334206-17180,00-SHOWROOM+DE+STARTUPS+E+NOVIDA-
DE+NA+FEIRA+DO+EMPREENDEDOR.html >. Acesso em: 29 de ago 2020.

58 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


1.5 Networking

Fonte: PRISCILLA DU PREEZ. Team. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/


XkKCui44iM0>. Acesso em: 06 dez 2018

Conceito

O dicionário Oxford (2018) define networking como um grupo ou sis-

tema de pessoas interconectadas que trocam informações e contatos para fins

sociais e profissionais. Em concordância, Mitchell (1969), Swan et al. (1999) e

Scott (2017) estabelecem que networking é um processo de comunicação so-

cial que existe quando há o compartilhamento, físico ou digital, de informações

entre pessoas e comunidades, associações e conexões políticas, transações

59
econômicas entre empresas, relações geopolíticas nacionais e internacionais,

entre outros.

Se tratando de networking empresarial, Swan et al. (1999) ainda ci-

tam a existência de dois tipos de networking, o externo e o interno. O primeiro,

por exemplo, existe na troca de novas tecnologias, dados e informações entre

entidades. O autor ainda relata sobre a necessidade de diálogo interno sobre as

vantagens potenciais das informações adquiridas externamente.

Porter e Ketels (2003) afirmam que o networking interorganizacional

é fundamental para o desenvolvimento da capacidade inovadora dentro das

empresas. Este fenômeno, também pode ser observado em ecossistemas de

inovação, devido às conexões internas e externas, fortes e estreitas, proporcio-

nando um alto fluxo de informações entre os atores.

Motivação

Segundo Hansen (2000), Schweitzer (2017) e Scott (2017) o ne-

tworking se faz essencial para pessoas e empresas, já que o mesmo pode

promover apoio, parcerias, oportunidades, confiança da sociedade, sensação

de bem-estar e maiores chances de sucesso. Além disso, o networking é uma

oportunidade para encontrar inspiração profissional e descobrir novos negó-

cios ou projetos em desenvolvimento que podem ser perfeitos para o seu con-

junto de habilidades.

No âmbito dos ecossistemas de inovação a troca realizada por meio

do networking é importante para o desenvolvimento de uma rede de apoio. A

promoção do contato entre o detentor do problema e do solucionador é essen-

cial. Essa troca inclusive é incentivada pelos habitats de inovação, por exemplo,

por meio de eventos específicos.

60 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Case de inspiração

Quem desenvolve: The Innovation Hub.


Como desenvolve: Este é um centro de inovação sul-africano que dentre os
diversos serviços e tipos de apoio que oferece ao empreendedor, também dis-

ponibiliza eventos gratuitos para a promoção de networking. O objetivo destes

eventos é criar sinergia e construir redes que promovam a inovação e o empre-

endedorismo (THE INNOVATION HUB, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: África do Sul.

Referências

HANSEN, Morten; CHESBROUGH, Henry; NOHRIA, Nitin, SULL, Donald N. Ne-


tworked incubators. Harvard Business Review, Cambridge, v. 78, n. 5, p. 74-84,
2000.

MITCHELL, James Clyde. The concept and use of social networks. Manchester:
Manchester University Press, 1969.

OXFORD Dictionaries. Network Definition. 2018. Disponível em: <https://en.ox-


forddictionaries.com/definition/network>. Acesso em: 07 de jun 2018.

PORTER, Michael E.; KETELS, Christian. UK competitiveness: moving to the next


stage. [s.l.]: [s.n.], 2003.

SCHWEITZER, Sharon. The Importance and Value of Business Networking. 2017.


Disponível em: <https://www.huffingtonpost.com/entry/the-importance-an-
d-value-of-business-networking_us_5983209ae4b03d0624b0ac65>. Acesso
em: 09 de jun 2017.

61
SCOTT, John. Social network analysis. 4 ed. Londres: Sage, 2017.

SWAN, Jacky; NEWELL, Sue; SCARBROUGH, Harry; HISLOP, Donald. Knowledge


management and innovation: networks and networking. Journal of Knowledge
Management, Swindon, v. 3, n. 4 p. 262-275, 1999.

THE INNOVATION HUB. Space for Networking and Collaboration. 2018. Disponí-
vel em: <http://www.theinnovationhub.com/events-conferencing/networking>.
Acesso em: 10 de jun 2018.

62 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


2. INOVAÇÃO
2. INOVAÇÃO

2.1 Inspiração

Fonte: BRUCE MARS. Creating. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/hE-


8Mog4qK4Y>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

A criatividade ou o pensamento criativo carrega consigo a pro-

posta da inovação. Situações simples como quebra-cabeças ou ideias e

inovações que mudam o mundo, precisam passar por um processo criativo

(STERNBERG, 1999; WEISBERG, 2006). Entretanto, segundo Ward (1994), o

63
conhecimento das pessoas é estruturado a partir de relações entre ideias pre-

viamente adquiridas, tornando um limitante para a solução de problemas. Ou

seja, para criatividade e inovação acontecerem é necessária a inspiração.

A inspiração vem do consumo de diversos conteúdos e da vivência

de diferentes experiências. Okada (2017) relata que na história da arte, diversos

artistas inspiraram-se em obras de outros autores para criar os seus próprios

trabalhos. Para que os conteúdos possam ser consumidos ou até tenham co-

nhecimento das pessoas, faz-se necessária uma comunicação visual ou oral.

Em empresas, Manini e Caldas (2017) asseguram que a comunicação

é o processo responsável pela dinâmica de inovação. Em adição, Allen (1997)

define o conceito de “comunicação para inspiração”, que tem como objetivo

criar o conhecimento por meio da comunicação entre pessoas que trabalham

em diferentes setores e projetos. A mesma lógica é seguida pelos ecossistemas

de inovação. Os atores criam conhecimento sobre novas tecnologias, talentos,

atores para fazer parcerias, por meio de newsletter, capacitações, congressos,

reuniões, etc.

Motivação

A criatividade se faz importante por diversas razões. Antes de tudo,

o mundo atual é recheado de produtos criativos, feitos por mentes criativas

(WEISBERG, 2006). No design thinking, por exemplo, a criatividade e a inspi-

ração trabalham juntas. Na fase de inspiração é quando se identifica o prob-

lema e suas possíveis formas de solucioná-lo, gerando insights por meio da

observação das pessoas frente ao problema identificado (BONINI, 2011).

Allen e Henn (2007) afirmam que em organizações que utilizam

soluções criativas, a comunicação para inspiração é fundamental. E por ser

64 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


transdisciplinar e transfuncional, ela possibilita a relação de diversas ideias,

levando a criatividade. Nos ecossistemas de inovação, a apresentação e troca

de novas tecnologias, ferramentas, talentos e conhecimentos é essencial para

aumentar a sabedoria dos atores, a fim de estimular a criatividade, solucionar

problemas e gerar inovações.

Case de inspiração

Quem desenvolve: Embraer.


Como desenvolve: A empresa estimula a cultura de inovação. Se utiliza da co-

municação entre os todos os setores, mais especificamente da comunicação

para a inspiração. É por ter acesso a essa comunicação que um determinado

funcionário passa a raciocinar sobre possíveis soluções e inovar. E essa partic-

ipação do funcionário se dá por alguns meios, um deles sendo o Desafio Inno-

va. Este desafio é feito quando surge um problema na empresa e, por meio da

comunicação deste problema para todos os setores da empresa é que todos os

funcionários podem participar. A partir de seu desenvolvimento os funcionários

podem receber prêmios ou até serem promovidos (MANINI; CALDAS, 2017).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Brasil.

Referências

ALLEN, Thomas J. Managing the flow of technology: Technology transfer and


the dissemination of technological information within the R and D organization.
Cambridge: MIT Press, 1984.

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66 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


2.2 Proteção

Fonte: SEAN POLLOCK. Buildings. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/


PhYq704ffdA>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

A propriedade intelectual é uma categoria de “posse” que inclui cria-

ções intangíveis do de pessoas ou empresas e abrange principalmente direi-

tos autorais, patentes e marcas registradas (WIPO, 2004). Trabalhos artísticos

como música e literatura, bem como algumas descobertas, invenções, palavras,

frases, símbolos e desenhos, também podem ser protegidos (GOLDSTEIN, 2002;

WORLD TRADE ORGANIZATION, 2018).

67
Como termo legal, ela engloba vários tipos de propriedade intan-

gíveis. Essa proteção refere-se ao produto final, como também ao processo,

envolvendo conhecimentos e técnicas. Estes também têm valor de mercado

(LONG, 1991; MAY, SELL, 2006).

Motivação

O principal objetivo das leis de propriedade intelectual é incentivar a

criação de uma variedade de bens intelectuais. Para conseguir isso, elas con-

cedem às pessoas e empresas direitos de propriedade sobre as informações

e bens intelectuais que foram criadas geralmente por um período limitado de

tempo. Como são passíveis de obtenção de lucro, a concessão gera um incenti-

vo econômico para fomentar as criações. Esses incentivos econômicos devem

estimular a inovação e contribuir para o progresso tecnológico dos países (FE-

DERICO, 1929; WIPO, 2004; FALVEY; FOSTER; MEMEDOVIC, 2006).

Empresas que se propõe a desenvolver uma nova tecnologia, me-

lhorar performance de produtos existentes ou tornar o processo mais barato,

se deparam com competidores de mercado tentando imitar suas inovações de

sucesso (HELPMAN, 1992). A proteção de produtos, serviços, conhecimentos,

invenções e inovações se dá para a prevenção dessas imitações.

Para as startups e pequenas empresas a proteção das suas criações

é um fator crítico. Já que são negócios com pouco poder monetário, produção

e venda reduzida e menos conhecidas, elas ficam mais vulneráveis a imitações

de grandes empresas. Por conta disso, é necessário que a rede do ecossistema

de inovação seja forte para dar suporte na proteção. Por sua vez, as leis devem

auxiliar empresas de pequeno porte à criação de propriedades intelectuais para

suas criações. O mesmo é válido para grandes empresas sendo inclusive um

respaldo legal para a produção e comercialização de bens e serviços.

68 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Case de inspiração

Quem desenvolve: Amazon.


Como desenvolve: A Amazon recebeu uma patente da tecnologia de um (1)
clique em 28 de setembro de 1999 (EPO, 2018). Também conhecida como “one-

-click buying”, a tecnologia permite que os clientes façam uma compra on-line

em um único clique, sem precisar inserir manualmente informações de cobran-

ça e envio toda vez que comprar um produto. Em vez disso, um clique usa um

endereço de faturamento, um cartão de crédito ou outras informações de pa-

gamento que são mantidas em arquivo na conta do usuário (AMAZON, 2018).

Entretanto a patente teve seu fim no ano de 2017 (BUSINESS INSIDER, 2018).

Quando desenvolve: 1999 a 2017.


Onde desenvolve: Estados Unidos.

Referências

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MAY, Christopher; SELL, Susan K. Intellectual property rights: a critical history.


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em: 18 de jul 2018

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nível em: <https://www.wto.org/english/tratop_e/trips_e/intel1_e.htm>. Acesso
em: 18 jul. 2018

70 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


2.3 Incubação de empresas

Fonte: LYCS LYCS. Working space. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/


U2BI3GMnSSE>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

Ao longo do desenvolvimento crescente de inovações feitas por em-

preendedores, os habitats de inovações foram criados a fim de dar suporte nes-

sa jornada. Os habitats de inovação são ambientes propícios para o compar-

tilhamento de informações e geração de conhecimento para inovações. Além

disso, permitem minimizar os riscos e maximizar os resultados associados

71
aos negócios (TEIXEIRA et al., 2016). Destacam-se como principais habitats de

inovação presentes no mundo: os parques tecnológicos, as incubadoras, e as

aceleradoras.

As incubadoras são entidades que auxiliam empreendimentos e em-

preendedores em fases iniciais, além de fornecer as condições e facilidades

necessárias para o surgimento de novas empresas. Elas oferecem suporte

por meio da disponibilização de espaço e serviços que possam consolidar a

ação empreendedora. Ademais, fazem o papel de conectar os empreendedores

ao mercado, clientes e parceiros (BERGEK; NORRMAN, 2008; MIAN; LAMINE;

FAYOLLE, 2016).

O amparo feito pelas incubadoras é realizado por meio de um pro-

cesso pensado e arquitetado previamente, para que o sucesso das empresas

seja de menor risco. O processo de incubação guia-se por etapas sequenciais

especificadas que aumentam a taxa de desenvolvimento do empreendimento

no decorrer do processo de incubação (ALMEIDA, 2015). Os programas de in-

cubação são aplicados por um período de tempo. A permanência de empresas

em uma incubadora se dá em períodos entre 24 meses a 36 meses (MEDEIROS;

ATAS, 1995), tendo em vista as especificidades e os resultados do instrumento

de monitoramento e avaliação da empresa.

Logo, as incubadoras são ambientes que oferecem instalações, ser-

viços de apoio administrativo, conhecimento de mercado, de tecnologias e seus

aspectos legais às empresas que estão em fase de desenvolvimento e cresci-

mento (MEDEIROS; ATAS, 1995; LESÁKOVA, 2012). Por conta do papel significa-

tivo que exercem, as incubadoras devem estar conectadas ao ecossistema de

inovação para ligar as empresas incubadas às suas redes e conduzi-las para o

sucesso.

72 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Motivação

O surgimento do empreendedor, conhecido como a pessoa que assu-

me riscos e começa algo novo, produz inovação em diversas áreas e criam suas

próprias empresas, levou ao aparecimento dos habitats de inovação.

As incubadoras de empresas surgem quando um grande número de

pessoas começa a formar empresas sem o conhecimento necessário ou até

mesmo sem o modelo de negócio validado. Dessa forma, o papel que uma in-

cubadora desempenha se faz importante já que ela se torna um espaço para

troca de experiências, com o intuito de consolidar estratégias e conectar os

empreendimentos com o mercado (COOPER, 1985; GRIMALDI; GRANDI, 2005).

Para Phillips (2002) as incubadoras de empresas oferecem outros

tipos de serviços. As incubadoras vinculadas a universidade, por exemplo,

também podem disponibilizar, aos incubados, diferenciais na infraestrutura. Os

diferenciais encontrados em incubadoras universitárias são: acesso a labora-

tórios de tecnologia avançada, equipamentos, auditórios, salas de reuniões, e

também outros recursos, tais como professores, funcionários, alunos e bibliote-

cas. Se as incubadoras apresentam gestão própria, sem intervenção de univer-

sidades, a ativação do ecossistema de inovação e recursos próprios permitem

que os benefícios sejam alcançados. As ações em rede reforçam a ideia de que

os ecossistemas de inovação precisam ter conexões estreitas e bem estabele-

cidas.

Case de inspiração

Quem desenvolve: T-Hub.


Como desenvolve: A T-Hub é uma parceria público-privada entre o governo

73
de Telangana (estado indiano), três dos principais institutos acadêmicos da Ín-

dia e o setor privado. A incubadora está na interseção dos setores de startup,

acadêmicos, corporativos, de pesquisa e governamentais. A T-Hub atrai as me-

lhores startups e organizações empresariais de todo o mundo para a capital do

estado, Hyderabad. Para seu processo de incubação, trabalha com uma rede de

parceiros para ajudar empreendedores a lançar e dimensionar empresas inova-

doras. Além disso, prepara equipes inovadoras e organizações com as habilida-

des de empreendedorismo necessárias para o sucesso, usando metodologias

que transcendem a aprendizagem tradicional. Durante a incubação, conecta,

educa e promove todas as partes interessadas relacionadas ao empreendedo-

rismo em Hyderabad e Telangana, incluindo startups, investidores, incubadoras

e aceleradoras, centros de pesquisa, etc. Com isso facilita conexões mais rá-

pidas entre talento, ideias e capital (JANAYALA, 2016; T-HUB, 2018; T-BRIDGE,

2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Índia.

Referências

ALMEIDA, Pricila Santana de. Proposta de critérios para avaliação do ciclo de


maturidade das empresas incubadas, a partir do modelo cerne: um estudo na
incubadora tecnológica de Curitiba (INTEC). 2015. 171f. Dissertação (Mestrado
em Engenharia de Produção) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2015.

BERGEK, Anna; NORRMAN, Charlotte. Incubator best practice: a framework. Te-


chnovation, Linköping, v. 28, n. 1-2, p. 20-28, 2008.

COOPER, Arnold C. The role of incubator organizations in the founding of grow-


th-oriented firms. Journal of Business Venturing, West Lafayette, v. 1, n. 1, p.
75-86, 1985.

74 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


GRIMALDI, Rosa; GRANDI, Alessandro. Business incubators and new venture
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experiência brasileira. Revista de Administração da Universidade de São Paulo,
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tion: An overview of the state of knowledge. Technovation, Nova Iorque, v. 50,
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TEIXEIRA, Clarissa Stefani; EHLERS, Ana Cristina da Silva Tavares; ABDALA, Lu-
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Florianópolis: Perse, 2016. Disponível em: <http://via.ufsc.br/download-habi-
tats-deinovacao/>. Acesso em: 06 de set 2018.

75
2.4 Transferência de Tecnologia

Fonte: DEBIÈVE, Alexandre. Motherboard. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/


photos/FO7JIlwjOtU>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

Transferência de tecnologia é o termo utilizado para a transferên-

cia de conhecimento técnico ou científico (pesquisas científicas), geralmente

gerado em universidades, para o mercado. Ou seja, este processo serve como

forma de tornar disponível para indivíduos, empresas ou governos habilidades,

conhecimentos, tecnologias, métodos de manufatura, tipos de manufatura e

76 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


outras facilidades. Além disso, esse processo tem como objetivo assegurar que

o desenvolvimento científico e tecnológico seja acessível para uma gama maior

de usuários que podem desenvolver e explorar a tecnologia em novos produ-

tos, processos aplicações, materiais e serviços (SOUDER; NASHAR; PADMANA-

BHAN, 1990; GROSSE, 1996; FRIEDMAN; SILBERMAN, 2003; AUTM, 2018).

A transferência de tecnologia pode ser categorizada como vertical ou

horizontal. Se o processo passar da pesquisa básica para a aplicada ou para o

desenvolvimento, ou seja, dentro da mesma área é uma transferência vertical.

Se o uso de uma tecnologia passa de uma área para aplicação em outra área,

então é caracterizada uma transferência horizontal (MANSFIELD, 1975; GROS-

SE, 1996).

Motivação

A transferência de tecnologia é geradora de diversos benefícios. Para

as empresas, o ganho é o aumento de lucro, conhecimento sobre o mercado

e inovação em tecnologias (CONTRACTOR, 1989). Em universidades, Freidman

e Silberman (2003) narram que gestores de universidades citam a transferên-

cia de tecnologia como evidência da crescente contribuição das universidades

para a economia (difusão tecnológica mais rápida para o público e melhoria do

desenvolvimento econômico local/regional).

Os benefícios finais da transferência de tecnologia são públicos, já

que os produtos, processos, metodologias e conhecimentos que foram desen-

volvidos em universidades chegam ao mercado (AUTM, 2018). Entre os outros

benefícios da transferência de tecnologia para instituições acadêmicas estão

os efeitos positivos no currículo e uma ferramenta de marketing para atrair es-

tudantes, corpo docente e apoio adicional de pesquisa industrial (FRIEDMAN;

77
SILBERMAN, 2003). Além disso, o papel que a universidade desempenha é cada

vez mais importante já que há transição de uma economia baseada na manufa-

tura para uma economia baseada no conhecimento (AUTM, 2018).

Case de inspiração

Quem desenvolve: Associação de Gerentes de Tecnologia Universitária


(AUTM).

Como desenvolve: A comunidade da AUTM é composta por mais de 3.200


membros que trabalham em mais de 800 universidades, centros de pesquisa,

hospitais, empresas e organizações governamentais em todo o mundo. A AUTM

se esforça para educar, promover e inspirar profissionais, ao longo de suas car-

reiras. Também apoia o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas para que

posteriormente haja a transferência de tecnologia. Além disso, fornece, aos

membros, várias ferramentas que podem ser utilizadas impactar outras pesso-

as sobre vários assuntos ligados a transferência de tecnologia (ASSOCIATION

OF UNIVERSITY TECHNOLOGY MANAGERS, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Estados Unidos.

Referências

ASSOCIATION OF UNIVERSITY TECHNOLOGY MANAGERS (AUTM). About Tech-


nology Transfer. Disponível em: <https://www.autm.net/autm-info/about-tech-
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78 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


CONTRACTOR, Farok J. Inter-firm technology transfers and the theory of mul-
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21-48, 1989.

FRIEDMAN, Joseph; SILBERMAN, Jonathan. University technology transfer:


do incentives, management, and location matter? The Journal of Technology
Transfer, Dordrecht, v. 28, n. 1, p. 17-30, 2003.

GROSSE, Robert. International technology transfer in services. Journal of Inter-


national Business Studies, East Lansing, v. 27, n. 4, p. 781-800, 1996.

MANSFIELD, Edwin. International technology transfer: forms, resource require-


ments, and policies. The American Economic Review, Pittsburgh, v. 65, n. 2, p.
372-376, 1975.

SOUDER, Wm E.; NASHAR, Ahmed S.; PADMANABHAN, Venkatesh. A guide to


the best technology-transfer practices. The Journal of Technology Transfer,
[s.l.], v. 15, n. 1-2, p. 5-16, 1990.

79
2.5 Inovação Aberta

Fonte: SHEA, Kari. Halogen bulbs. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/


QfAX7_xjxm4>. Acesso em: 06 dez 2018

Conceito

A maioria das inovações falha e quem não inova morre. No mundo de

hoje, onde a mudança é constante, a tarefa de gerenciar a inovação é vital para

as empresas. Há situações em que empresas não se despertam para o mundo e

enrijecem seus modelos de negócio, apenas gerando a inovação fechada. Ches-

brough (2006a) afirma que este modelo não é mais sustentável e vê uma nova

abordagem para a inovação, que ele chama de inovação aberta.

80 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


O termo inovação aberta é uma referência à crescente aceitação de

grandes empresas à cooperação externa em um mundo complexo. O termo foi

cunhado em particular por Henry Chesbrough, professor adjunto e diretor do

Centro de Inovação Aberta da Haas School of Business na Universidade da Ca-

lifórnia em seu livro Open Innovation: o novo imperativo para criar e lucrar com a

tecnologia (2006) (WEST; VANHAVERBEKE; CHESBROUGH, 2006a; CHESBROU-

GH, 2006b). Assim, a inovação aberta vem sendo considerada como um para-

digma que pressupõe que as empresas podem e devem usar ideias externas,

bem como internas, e caminhos internos e externos para o mercado, à medida

que as empresas buscam o avanço de sua tecnologia (CHESBROUGH, 2006a).

Chesbrough (2006b) afirma que as empresas não podem confiar in-

teiramente em suas pesquisas internas. O mundo possui um conhecimento for-

te e amplamente distribuído. Por isso é importante o fortalecimento das redes

e estreitamento de relações com habitats geradores de conhecimento como

universidades e institutos de pesquisa.

Motivação

Nos dias atuais, os limites entre uma empresa e seu ambiente tor-

naram-se mais permeáveis, graças a maior facilidade de comunicação. As

inovações podem facilmente transferir para dentro e para fora, entre empre-

sas e consumidores criativos, resultando em impactos ao nível do consumi-

dor, da empresa, de uma indústria e da sociedade (BORGES, 2017). Chesbrou-

gh (2006a) apresenta que alguns dos princípios da inovação aberta levam em

conta que: i) uma empresa nunca terá todas as pessoas inteligentes (talentos),

então deve-se trabalhar com pessoas inteligentes de dentro e de fora da empre-

sa; ii) a pesquisa e desenvolvimento externa e interna tem seu valor e; iii) saber

81
aproveitar o melhor das ideias internas e externas trará maior sucesso. Esses

princípios mostram o quanto a inovação aberta é importante para a evolução de

uma empresa.

Além disso, unir forças com parceiros externos geralmente facilita o

acesso da empresa à necessidade de informações, já que o contato direto com

distribuidores e clientes pode apresentar uma fonte de informações mais confi-

ável do que a pesquisa de mercado convencional (MOTZEK, 2006; CHESBROU-

GH, 2007).

A inovação aberta pode ampliar a capacidade de uma empresa para

a geração de informações sobre soluções, devido a recursos adicionais de co-

nhecimento e criatividade fornecidos por terceiros. Como resultado geral, a

inovação aberta permite que as empresas reduzam o risco associado a investi-

mentos em atividades de inovação (MOTZEK, 2006).

Case de inspiração

Quem desenvolve: FIAT.


Como desenvolve: O centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da Fiat no
Brasil vem projetando automóveis e avançando tecnologicamente desde 2003.

Para o Salão Internacional do Automóvel de 2010, evento que ocorre a cada

dois anos em São Paulo, a Fiat resolveu apresentar um carro inovador, não só

no conceito, mas também no processo de P&D. A empresa organizou o projeto

colaborativo Fiat Mio, que contava com a colaboração dos consumidores como

sendo codesenvolvedores. A partir de uma plataforma online (fiatmio.cc), os in-

ternautas poderiam dar ideias para a criação do carro do futuro. Um dos pilares

para o desenvolvimento desse produto é a cocriação entre os consumidores

e a Fiat. As ideias postadas eram avaliadas e, com base em estudos de viabi-

82 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


lidade técnica, eram transformadas em um componente do automóvel pelos

engenheiros e designers. São os consumidores que tomam todas as decisões

sobre o que o carro deve ou não conter, quais as tecnologias envolvidas, como

é o design, entre outras definições (BUENO; BALESTRIN, 2012).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Brasil.

Referências

BOGERS, Marcel; ZOBEL, Ann-Kristin; AFUAH, Allan; ALMIRALL, Esteve;


BRUNSWICKER, Sabine; DAHLANDER, Linus; FREDERIKSEN, Lars; GAWER, An-
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MASTRA, Cristina; SIMS, Jonathan; TER WAL, Anne L. J. The open innovation
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2017.

BUENO, Bruna; BALESTRIN, Alsones. Inovação colaborativa: uma abordagem


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CHESBROUGH, Henry W. Open innovation: The New Imperative For Creating and
Profiting From Technology. Boston: Harvard Business Press, 2006a.

CHESBROUGH, Henry W. The era of open innovation. Managing Innovation and


Change, Londres, v. 127, n. 3, p. 34-41, 2006b.

CHESBROUGH, Henry W. Why companies should have open business models.


MIT Sloan Management Review, Cambridge, v. 48, n. 2, p. 22-29, 2007.

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- An Exploratory Study on User Innovators. Saarbrücken: [s.n.], 2006.

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n.1, p. 285-307, 2006.

84 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


3. INTERNACIONAL
3. INTERNACIONAL

3.1 Posicionamento Internacional

Fonte: GLENN, Kyle. Globe, table, world and travel. Disponível em: <https://images.unsplash.
com/photo-1521295121783-8a321d551ad2?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&
auto=format&fit=crop&w=1050&q=80>. Acesso em: 05 dez. 2018.

Conceito

Ao abrir suas fronteiras para o comércio e investimentos estran-

geiros os países se tornam globais. A globalização é um processo que pos-

sibilita o contato múltiplo entre empresas, cidades e países, estabelecendo

85
uma troca e comunicação por meio de redes e elos, financeiros ou culturais

(DAMIANI, 2006; GORODNICHENKO; SVEJNAR; TERRELL, 2008). De acordo com

Lastres et al. (1998), o rápido processo de globalização tem permitido tanto

a realização de pesquisas em escala mundial quanto à difusão acelerada das

tecnologias e conhecimentos gerados.

Se tratando de empresas, a característica mais latente da globaliza-

ção está em estabelecer diferença entre os mercados, definindo o posiciona-

mento internacional mais adequado para a entidade no destino de interesse,

possibilitando alcançar e administrar uma carteira de clientes internacional e

expandir suas oportunidades e trocas (SERRALVO; FURRIER, 2004). Uma mar-

ca pode estar posicionada de forma adequada no mercado interno, todavia um

novo posicionamento é imprescindível para atuar no mercado externo. Assim, é

preciso se adaptar aos concorrentes, clientes e oportunidades do país de inte-

resse (IKEDA; GARRÁN, 2013).

O conceito de posicionamento é comumente utilizado na área de

marketing quando uma empresa quer se diferenciar no mercado. O posiciona-

mento de mercado é uma estratégia que define a abordagem que a companhia

deve atuar de acordo com o mercado foco. Desta forma, para se diferenciar

perante os concorrentes é necessário conhecer a realidade do mercado e se

reestruturar perante a essa realidade (GREENLEY, 1989).

Motivação

A globalização traz novas oportunidades, mas também pressões

para as empresas, principalmente as de economias emergentes. Para obter um

posicionamento internacional competitivo é necessário inovar, tanto no mer-

cado interno quanto no externo já que a concorrência de ambos os mercados

86 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


está passando pelo mesmo processo. (GORODNICHENKO; SVEJNAR; TERRELL,

2008). Segundo Lastres e Cassiolato (2000) a inovação e o conhecimento são

importantes ferramentas que definem a competitividade em um processo de

globalização. O acelerado crescimento da competitividade internacional e a ne-

cessidade de introduzir em seus produtos os avanços tecnológicos, têm levado

as empresas a focar seus esforços no desenvolvimento da capacidade de ino-

var.

No exterior as empresas precisam lidar com clientes e fornecedores

diferentes, aprender a competir em novos mercados, desenvolver novos conhe-

cimentos e alavancar o conhecimento já existente, melhorando seu desempe-

nho tanto no seu mercado local quanto no de destino (GAUBINGER, et al., 2015).

No âmbito dos habitats de inovação o posicionamento internacional é feito com

o objetivo de estabelecer novas oportunidades, compreender o mercado inter-

nacional bem como a concorrência, além de monitorar os diversos setores eco-

nômicos.

Case de inspiração

Quem desenvolve: La Salle Technova.


Como desenvolve: La Salle, mediante a International Association of Science
Parks and Areas of Innovation (IASP), tem se posicionado internacionalmente

como um Parque de Inovação Tecnológica e Empresarial (LA SALLE TECHNOVA,

2020).

Quando desenvolve: Mediante a participação em congressos internacionais.


Onde desenvolve: Em mais de 50 ecossistemas.

87
Referências

GAUBINGER, Kurt; RABI, Michael; SWAN, Scott; WERANI, Thomas. Globalization


and Innovation. Springer, Berlin, Heidelberg, v. 1, n. 2, p. 259-281, 2015.

GORODNICHENKO, Yuriy; SVEJNAR, Jan; TERRELL, Katherine. Globalization and


innovation in emerging markets. National Bureau of Economic Research, Mas-
sachusetts, v. 2, n. 2, p. 194-226, 2008.

LASTRES, Helena Maria Martins; CASSIOLATO, José Eduardo. Sistemas de ino-


vação: políticas e perspectivas. Parcerias Estratégicas, Brasília, v. 5, n. 8, p.237-
255, 2000.

LA SALLE TECHNOVA. 2020. Disponível em: <http://technovabarcelona.org/


en>. Acesso em: 30 de ago 2020.

88 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


3.2 Atração de Investimentos

Fonte: ROY, Christine. U.S dollar banknote with map. 2018. Disponível em: <https://images.
unsplash.com/photo-1502920514313-52581002a659?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJhcHBfaWQiOj
EyMDd9&auto=format&fit=crop&w=1047&q=80>. Acesso em: 05 dez. 2018.

Conceito

Em um mundo cada vez mais conectado a movimentação internacio-

nal entre países, de pessoas, mercadorias e valores, cresce constantemente. A

abertura de fronteiras é uma realidade latente e, as economias mundiais pro-

curam meios de atrair investimentos advindos do exterior. Dentre as diversas

89
modalidades de investimentos, os de capital estrangeiro se constituem como

importantes apoiadores para o desenvolvimento econômico em um mundo glo-

balizado (HASTREITER, 2012).

O conceito de investimento pode ser definido como a utilização de re-

cursos por um período de tempo com a intenção de gerar retorno de benefícios

no futuro. O investimento no âmbito empresarial foca no lucro. Para realizar um

investimento é necessária uma expectativa de recuperação dos valores inves-

tidos com um valor adicional. Este é aspecto que mais interessa o investidor

já que o mesmo assume riscos ao investir (MARQUES, 1998; REILLY; NORTON,

2008).

O investimento é classificado como estrangeiro quando realizado por

pessoas ou instituições de outra nação. Na verdade, o trânsito de capital de

um país para o outro é que permite essa classificação (HASTREITER, 2012).

Como qualquer outro tipo de investimento, existe o risco de não obter o retorno

desejado. Além disso, investir fora do seu país de origem é ainda mais arriscado

por fatores econômicos, políticos e sociais. A exemplo dessas questões, cita-se

que a atração de investimento estrangeiro está relacionada tanto a economia

quanto com a situação política do país. Logo, uma nação que passa por dificul-

dades econômicas e instabilidade política tende a receber menos investimentos

de capital exterior, quando comparada a uma que tenha situação estável, possi-

bilitando maiores garantias para o investidor (SCHNEIDER; FREY, 1985).

Motivação

O investimento estrangeiro contribui positivamente para o desenvol-

vimento do país ao qual foi atraído, não somente por conta do capital investido,

mas também pela carga de informações e influências que o capital pode trazer.

90 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Como por exemplo, pode ser citada a transferência de tecnologias, habilidades

gerenciais e de marketing, experiência organizacional, inovação em produtos

entre outros. Essa modalidade de investimento não é só de interesse das em-

presas, é também do estado já que aumenta a riqueza do país, assim como

o nível de atividade econômica e bem-estar das instituições. Outra vantagem

comumente atrelada ao investimento estrangeiro é a conexão da empresa hos-

pedeira com o mercado mundial, levando a novas oportunidades tecnológicas e

assim a uma maior concorrência (SEID, 2018).

No âmbito da inovação, os autores Pirlogeanu e Bulău (2017) ressal-

tam que a disponibilidade de capital humano inovador é um fator decisivo para

atração de investimento estrangeiro. Multinacionais interessadas em pesquisa

e desenvolvimento de produtos tendem a investir em países onde a oferta deste

tipo de capital humano capacitado, capaz de inovar, é mais alta.

Case de inspiração

Quem desenvolve: Governo da China.


Como desenvolve: Por meio da política Open Door (portas abertas) a China
findou a proibição de negócios e investimentos estrangeiros no país. O inves-

timento estrangeiro passou a ser visto como um meio de introduzir tecnologia

moderna e estimular o crescimento das exportações. Sendo assim uma série

de políticas de incentivos foi idealizada e posta em prática para atrair capital

advindo do exterior (HEAD; RIES, 1996).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: China.

91
Referências

HASTREITER, Michele Alessandra. Investimentos Estrangeiros Direitos no Bra-


sil-Um Panorama do Cenário Normativo Nacional e Internacional. Universitas e
Direito, Curitiba, v.1, n.1, p. 464-482, 2012.

HEAD, Keith; RIES, John. Inter-city competition for foreign investment: static and
dynamic effects of China’s incentive areas. Journal of Urban Economics, [s.l.], v.
40, n. 1, p. 38-60, 1996.

MARQUES, Albertino. Concepção e análise de projectos de investimento. 4 ed.


Lisboa: Edições Sílabo, 1998.

PIRLOGEANU, Dan; BULĂU, Vlad. Distribution at the level of development re-


gions of foreign direct investment: Determinants and causes of disparities. Re-
vista Economica, Curitiba, v. 69, n. 6, p. 75-89, 2017.

REILLY, Frank; NORTON, Edgar. Investimentos. São Paulo: Cengage Learning,


p.3, 2008.

SEID, Sherif. Global regulation of foreign direct investment. London: Routledge,


2018.

SCHNEIDER, Friedrich; FREY, Bruno. Economic and political determinants of fo-


reign direct investment. World Development, Londres, v. 13, n. 2, p. 161-175,
1985.

92 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


3.3 Landing Empresarial (Soft Landing)

Fonte: STOE, Iller. Landing Airplane. 2018. Disponível em: <https://images.un-


splash.com/photo-1503944251010-cbf290919d9d?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJh-
cHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=1000&q=80>. Acesso em: 05 dez. 2018.

Conceito

O desejo de ampliar suas operações, entrar em um mercado estran-

geiro e se tornar internacional é recorrente no mundo empresarial. Para não ter

nenhuma surpresa na entrada ao novo mercado é necessário se preparar com

antecedência, buscar informações, ter conhecimento dos procedimentos legais,

93
das práticas de negócios locais, do tamanho do investimento a ser feito entre

outros. Tudo para reduzir os riscos da expansão (NATERA, 2018).

Para atrair e auxiliar o empreendedor estrangeiro na sua expansão,

muitos ambientes de inovação e empreendedorismo disponibilizam ao empre-

endedor consultórios, incubadoras ou aceleradoras com foco nesse tipo de pro-

jeto. As práticas são chamadas de soft landing e consistem basicamente em

ajudar a empresa ou empreendedor a começar a trabalhar em uma economia

que não é a sua e assim expandir seu negócio em outro país. É um trabalho

de facilitação e atração de investimento estrangeiro, inclui diversos tipos de

serviços como ajuda para resolver obstáculos burocráticos, bem como toda a

informação e consultoria técnica para empresa se instalar no novo país (FER-

NÁNDEZ; JIMÉNEZ, 2011).

Motivação

Os serviços oferecidos pelo soft landing empresarial variam muito de

local para local, podendo oferecer desde suprimentos básicos até infraestrutura

física, como espaço físico apropriado em um local estratégico e uma rede de

contatos com pessoas e empresas de interesse. Também é uma característi-

ca desse modelo auxiliar a empresa recém instalada a captar capital humano,

tarefa que pode ser facilitada pela proximidade que estes ambientes têm com

as universidades, parques tecnológicos e centros de inovação (FERNÁNDEZ; JI-

MÉNEZ, 2011; FERNÁNDEZ; JIMÉNEZ; CUADRADO, 2015).

O soft landing empresarial é uma estratégia para alcançar objetivos

mais amplos, ao promover novas atividades e negócios, desenvolver o tecido

produtivo do local e transformar a política regional e social do mesmo. Os servi-

ços são apresentados como instrumento de fortalecimento econômico, geran-

94 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


do empregos e ajudando a superar as dificuldades do entorno, bem como ga-

rantir a sobrevivência das empresas que se instalarão (FERNÁNDEZ; JIMÉNEZ,

2011).

Case de inspiração

Quem desenvolve: Vale do Silício.


Como desenvolve: Por meio de um modelo chamado US Market Access Cen-
ter, foi criado em 1995 e une serviços de consultoria, incubação e aceleração

para auxiliar empresas de diversos países e setores a expandirem seus negó-

cios e se instalarem no mercado norte-americano (MENCIN; ERIKSON, 2009).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Estados Unidos.

Referências

FERNÁNDEZ, Maria Teresa Fernández; JIMÉNEZ, Francisco José Blanco. Incu-


bación de empresas y soft landing empresarial en los países socios mediterrá-
neos. Economía, [s.l.], n. 861, p. 161, 2011.

FERNÁNDEZ, Maria Teresa Fernández; JIMÉNEZ, Francisco José Blanco; CUA-


DRADO, Juan Roura. Business incubation: innovative services in an entrepre-
neurship ecosystem. The Service Industries Journal, Oxford, v. 35, n. 14, p. 783-
800, 2015.

MENCIN, Omar; ERIKSON, Chuck. Silicon Valley’s US Market Access Center: the
incubator as a soft landing zone. The International Journal of Entrepreneurship
and Innovation, Londres, v. 10, n. 3, p. 233-241, 2009.

95
NATERA, Clara. 4 ventajas del soft landing empresarial. 2018. Disponível em:
<https://www.negocios-internacionales.net/2017/07/13/4-ventajas-del-soft-
-landing-empresarial/>. Acesso em: 18 de jul 2018.

96 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


3.4 Plano de Internacionalização

Fonte: MIN, Kaung Myat. Country flags. 2018. Disponível em:


<https://images.unsplash.com/photo-1525534240745-6b6f65e8a25f?ixlib=rb-1.2.1&ix-
id=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=1490&q=80>. Acesso em: 05 dez.
2018.

Conceito

A abertura comercial e financeira das economias e o advento das

tecnologias da informação intensificaram o processo de globalização nas últi-

mas décadas, aumentando a concorrência em nível internacional. Este aumento

fez com que as empresas procurassem novas formas de crescer e expandir

97
o mercado. Sendo assim, um plano de internacionalização é uma ferramenta

estratégica para aumentar a participação no mercado internacional e consecu-

tivamente à competitividade entre as empresas (SZAPIRO; ANDRADE, 2001).

Um plano de internacionalização é importante no processo de tornar

uma empresa internacional já que desenvolve soluções concretas e abrangen-

tes, estimulando e informando as partes interessadas. Um plano de interna-

cionalização estruturado fornece direção, compromisso e define os objetivos

particulares de internacionalização da instituição (CHILDRESS, 2009). Childress

(2009) ainda identifica em seu estudo cinco benefícios e funções dos planos

de internacionalização, são eles: i) roteiro para a internacionalização, ii) veículo

para desenvolver buy-in (aquisição de empresas em outro país), iii) mecanismo

para explicar o significado e metas de internacionalização, iv) meio de colabo-

ração interempresarial, e v) ferramenta para angariação de fundos.

Motivação

O processo de internacionalização é historicamente mais frequen-

te em empresas de países desenvolvidos, onde geralmente as entidades são

maiores e tem mais recursos para esse tipo de investimento. Porém, com a

intensa globalização e a evolução das relações comerciais entre países, a aber-

tura dos mercados se tornou cada vez mais recorrente, aumentando o nível de

concorrência e desenvolvimento exigidos, facilitando a internacionalização de

empresas e diversificando os setores. Entrar em um mercado exterior, aumen-

tar o número de negócios internacionais significa para o empresário diminuir a

dependência das vendas do mercado interno e alcançar maior competitividade

(HEXSEL, 2003; ROSA; RHODEN, 2007).

98 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Case de inspiração

Quem desenvolve: Marcopolo.


Como desenvolve: O plano de internacionalização da Marcopolo faz parte
de uma estratégia de crescimento da companhia com o objetivo de ampliar sua

representação em mercados externos, aumentando suas vendas. Fatores como

custo-benefício foram rigorosamente analisados para a elaboração do proces-

so de internacionalização com o objetivo de auxiliar nos investimentos (ROSA;

RHODEN, 2007).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Países da América Latina, África e Europa.

Referências

CHILDRESS, Lisa. Internationalization plans for higher education institutions.


Journal of studies in international education, Nova Iorque, v. 13, n. 3, p. 289-309,
2009.

HEXSEL, A. O entendimento do sucesso internacional da Marcopolo: uma visão


com base em recursos. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE
PÓSGRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 27., 2003, Atibaia. Anais...
Atibaia: EnANPAD, 2003. p. 1-16.

SZAPIRO, Marina; ANDRADE, Mauro. Internacionalização de Arranjos e Siste-


mas MPME. In: LASTRES, Helena et al. Interagir para Competir: Promoção de
Arranjos Produtivos e Inovativos no Brasil. Brasília: SEBRAE/FINEP/CNPq, 2002.
p.225-248.

99
ROSA, Patrícia Rodrigues da; RHODEN, Marisa Ignez dos Santos. Internacionali-
zação de uma empresa brasileira: um estudo de caso. REAd: Revista Eletrônica
de Administração. Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 685-703, 2007.

100 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


3.5 Missões Internacionais

Fonte: BALI, Artem. Small Globe. 2018. Disponível em: <https://images.unsplash.com/


photo-1525852472390-9b774301077c?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto
=format&fit=crop&w=1050&q=80>. Acesso em: 05 dez. 2018.

Conceito

Um dos maiores desafios dos altos executivos é fomentar a criação

de medidas específicas para a internacionalização das empresas. Uma das for-

mas de alcançar esse objetivo é a realização de programas de desenvolvimento

de novas competências que estabeleçam investimentos em socialização, por

101
meio de viagens e missões internacionais, aprendizado de idiomas, documen-

tação e burocracia, possibilitando a transferência do conhecimento empresarial

(PRAHALAD, 1999). Engelham e Fracasso (2013) corroboram a importância de

se incentivar a participação de empresas em redes de relacionamentos e ne-

tworking internacional por meio da participação de eventos e missões interna-

cionais, atraindo investimentos estrangeiros.

Motivação

Novos e dinâmicos modelos de negócios empresariais surgiram vi-

sando o desenvolvimento e a manutenção da competitividade no meio empre-

endedor diante de um cenário de mudanças aceleradas. Neste ínterim tanto as

grandes empresas quanto as menores apresentam necessidade de buscar no-

vas formas de modernização tecnológica e gerencial, bem como permitir a tro-

ca de experiências e conhecimentos para se destacar perante a concorrência.

Sendo assim, uma das formas de alavancar estratégias de internacionalização,

atrair investimentos estrangeiros produtivos e promover intercâmbio tecnoló-

gico é incentivar ações de promoção comercial como participação de feiras e

missões internacionais (WEGNER et al., 2004; ENGELMAN; FRACASSO, 2013).

Case de inspiração

Quem desenvolve: Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das


Empresas Inovadoras (ANPEI).

Como desenvolve: A associação promove missões internacionais com o ob-


jetivo de aproximar parceiros em inovação do Brasil com os de outros países,

102 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


incentivando processos de transferência ou licenciamento de tecnologias para

a promoção de trabalhos colaborativos. Cada missão promovida pela ANPEI é

desenhada visando as necessidades dos associados e disponibilidade do país

que será visitado (ANPEI, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Brasil.

Referência

ANPEI Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas


Inovadoras. Missões Internacionais. 2018. Disponível em: <http://anpei.org.br/
internacional/missoes-internacionais/>. Acesso em: 06 de set 2018.

ENGELMAN, Raquel; FRACASSO, Edi Madalena. Contribuição das incubadoras


tecnológicas na internacionalização das empresas incubadas. Revista de Ad-
ministração - RAUSP, São Paulo, v. 48, n. 1, p.165-178, 2013.

PRAHALAD, Coimbatore Krishnarao. Reexame de competências. HSM Manage-


ment, São Paulo, v. 17, p. 40-46, 1999.

WEGNER, Douglas; COSTENARO, Alessandra; SCHMITT, Claudia Lunkes; WITT-


MANN, Milton Luiz. Fatores críticos para a formação de clusters e redes de em-
presas: um estudo exploratório. VII SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO–SEME-
AD. VII, Anais... São Paulo: USP, 2004.

103
4. INVESTIMENTO
4. INVESTIMENTO

4.1 Crédito

Fonte: RAWPIXEL. Flatlay photography of calculator between stack of banknote and click
pen. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/5IiH_UVYdp0>. Acesso em: 06
dez 2018.

Conceito

Crédito é a relação de confiança que permite que uma parte for-

neça dinheiro ou recursos a outra (OXFORD, 2018). Normalmente, essa con-

cessão de dinheiro, recurso ou qualquer outro bem, é devolvida em uma

data posterior e com um valor igual ou superior ao inicial. O credor (aquele

104 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


que concede o bem) só destina a um tomador (aquele que recebe o bem) pois

confia nos instrumentos de análise de crédito que tornaram o tomador um can-

didato para receber o crédito (FINLAY, 2009; FINLAY, 2010; LOGEMANN, 2012).

De maneira geral, as instituições credoras mais conhecidas do mundo são os

bancos. Entretanto, existem diversas outras maneiras de se obter crédito, sendo

que cada país tem as suas (FINLAY, 2010).

Motivação

O crédito, pela sua função, traz benefícios a economia do país que a

utiliza com prevalência (COHEN, 2007; LOGEMANN, 2012). De acordo com Fin-

lay (2009), países que o crédito foi e é utilizado amplamente, como os Estados

Unidos e o Reino Unido, tiveram um crescimento econômico mais elevado em

comparação a outros países de primeiro mundo que não fazem tanto provei-

to. De uma perspectiva econômica, o crédito permite que bens e serviços se-

jam adquiridos quando a economia não vai tão bem (FINLAY, 2009; SIMKOVIC,

2016).

Duas funções importantes do crédito são: promover o consumo indi-

vidual e familiar, e estimular a produção e o desenvolvimento de grandes indús-

trias. O crédito permite as famílias adquirir itens de forma antecipada para as

quais suas poupanças não seriam suficientes. Por conta disso, o crédito esti-

mula o crescimento do consumo (FINLAY, 2009; SIMKOVIC, 2016). Além disso,

ele pode significar flexibilidade e escolha, já que permite às empresas comprar

itens essenciais, expandir suas linhas de produção ou até pagar os gastos em

meses de baixas vendas, se ficarem sem fundos. Os recursos permitem flexibi-

lidade no planejamento orçamentário, já que despesas em uma semana ou mês

podem ser compensadas com a renda em outro (FINLAY, 2009).

105
Simkovic (2016) afirma que o crédito funciona como um capô de car-

ro, ou seja, absorve o impacto de riscos inesperados. Entretanto, o crédito pode,

também, ser usado como forma de investimento, onde o credor empresta o di-

nheiro para um empreendedor ou uma empresa para que ela expanda. Para o

mundo das startups e empresas de pequeno porte, o crédito é uma ferramenta

essencial. Ele pode servir como uma sobrevida para aquelas empresas que ti-

veram algum tipo de prejuízo, como também é conveniente para empresas que

desejam expandir de alguma forma. Nestes casos, é importante que o ecossis-

tema de inovação tenha relação com instituições credoras e que a legislação

gere suporte e incentivo para a aquisição desse crédito.

Case de inspiração

Quem desenvolve: A Administração de Pequenas Empresas.


Como desenvolve: A Administração de Pequenas Empresas (SBA) é uma
agência do governo dos Estados Unidos que presta apoio a empresários e

pequenas empresas. Desde a sua fundação em 30 de julho de 1953, já dis-

tribuiu milhões de empréstimos, garantias de empréstimo, contratos, sessões

de aconselhamento e outras formas de assistência a pequenas empresas. A

missão da Administração de Pequenas Empresas é “manter e fortalecer a eco-

nomia do país, permitindo o estabelecimento e viabilidade de pequenas empre-

sas e ajudando na recuperação econômica das comunidades após desastres”

(SMALL BUSINESS ADMINISTRATION, 2018a). A SBA fornece às pequenas em-

presas uma série de financiamentos, desde as menores necessidades de micro

empréstimos, até um capital substancial. A agência não empresta dinheiro di-

retamente para proprietários de pequenas empresas. Em vez disso, estabelece

diretrizes para empréstimos feitos por seus financiadores parceiros, organiza-

106 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


ções de desenvolvimento comunitário e instituições de micro empréstimos. O

SBA reduz o risco para os credores e facilita o acesso ao capital. Isso torna

mais fácil para as pequenas empresas obter empréstimos (SMALL BUSINESS

ADMINISTRATION, 2018b).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Estados Unidos.

Referências

COHEN, Maurie J. Consumer credit, household financial management, and sus-


tainable consumption. International Journal of Consumer Studies, Newark, v.
31, n. 1, p. 57-65, 2007.

FINLAY, Steven. Consumer credit fundamentals. 2 ed. Basingstoke: Palgrave


Macmillan, 2009.

FINLAY, Steven. The management of consumer credit: theory and practice. 2 ed.
Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2010.

LOGEMANN, Jan (Ed.). The development of consumer credit in global perspec-


tive: business, regulation, and culture. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2012.

OXFORD Dictionaries. Definition of Credit. 2018. Disponível em: <https://en.ox-


forddictionaries.com/definition/credit>. Acesso em: 26 de jul 2018.

SIMKOVIC, Michael. What Can We Learn from Credit Markets? In: AMERICAN
LAW INSTITUTE’S 93RD ANNUAL MEETING, 93., 2016, Washington D.C.
Anais... Washington D.C.: American law institute, 2016. p. 1-6.

107
SMALL BUSINESS ADMINISTRATION. What We Do. 2018a. Disponível em: <ht-
tps://www.sba.gov/about-sba/what-we-do>. Acesso em: 06 de set 2018.

SMALL BUSINESS ADMINISTRATION. The SBA helps small businesses get lo-
ans. 2018b. Disponível em: <https://www.sba.gov/funding-programs/loans>.
Acesso em: 06 de set 2018.

108 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


4.2 Investimento

Fonte: RAWPIXEL. Group of people talking about chart paper. 2018. Disponível em: <https://
unsplash.com/photos/HcZXiWL_piM>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

Em geral, investir é alocar dinheiro (ou às vezes outro recurso, como

tempo) na expectativa de algum benefício no futuro. O retorno pode consistir

em ganhos de capital ou receita de investimento, incluindo dividendos, juros,

aluguéis, ou uma combinação desses (REILLY; BROWN, 2002; FEIBEL, 2003).

109
No mercado de startups e inovação é comum os investidores serem

chamados de investidores anjo. O investidor anjo é uma pessoa com experiên-

cia de mercado, pois é ou já foi um empresário/empreendedor que obteve su-

cesso e acumulou recursos suficientes para alocar uma parte do seu patrimô-

nio para investir em novas empresas. Entretanto, as práticas de investimentos

não se associam apenas ao recurso financeiro. Nestas, são feitas orientações

e mentorias a fim de apoiar a empresa (PROWSE, 1998; MORRISSETTE, 2007;

SHANE, 2012; ANJOS DO BRASIL, 2018; ENTREPRENEUR, 2018).

Morrissette (2007) e Shane (2012) afirmam que não existem só os

anjos como forma de investimento para startups, existem também os amigos

e familiares do empreendedor, investidores institucionais, como capitalistas de

risco e bancos, credores comerciais e uma série de outras entidades fornecem

capital para empresas privadas. Entretanto, Morrissette (2007) ainda afirma que

é importante dizer que os anjos dão suporte (financeiro e conhecimento) nas

fases iniciais do negócio, enquanto os outros só dariam tal suporte em fases

mais avançadas do negócio.

Além dos investidores anjos, existem também os ventures capitals

(capital de risco). O capital de risco, assim como os investidores anjo, é um

tipo de capital privado. Serve como uma forma de financiamento/investimento

fornecido por empresas ou fundos para pequenas empresas emergentes em

estágio inicial que são consideradas como tendo alto potencial de crescimento

ou que demonstraram alto crescimento. Pode-se dizer que, em geral são star-

tups (MANN, 1988; SAHLMAN, 1990).

Motivação

Os investidores geralmente esperam retornos mais altos de inves-

110 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


timentos mais arriscados. Os ativos financeiros variam de investimentos de

baixo risco e baixo retorno, como títulos públicos de alto grau, até aqueles com

maior risco e maior recompensa, como os investimentos em ações dos merca-

dos emergentes (BAIN, 1996; FEIBEL, 2003). Pelo lado da empresa, o investi-

mento servirá como forma de expandir sua produção de alguma forma, seja au-

mentando seu espaço, número de funcionários ou número de máquinas. Além

disso, os investimentos terão um grande impacto positivo para a sociedade por

meio da geração de oportunidades de trabalho e de renda (ANJOS DO BRASIL,

2018).

Para as startups, os investidores vão servir de suporte para a empre-

sa que está se iniciando. Muitas empresas que recebem investimentos anjo já

têm alguma receita, mas precisam de algum dinheiro para levar a empresa ao

próximo nível. Um investidor anjo pode, também, se tornar um importante men-

tor (ENTREPRENEUR, 2018).

Case de inspiração

Quem desenvolve: Investidores anjo do Reino Unido.


Como desenvolve: Em um contexto europeu, o mercado britânico de busi-
ness angels é visto como um dos mais maduros e amplamente pesquisados.

Em termos de retorno, 35% dos investimentos produziram retornos entre um e

cinco vezes do investimento inicial, enquanto 9% produziram retornos de múlti-

plos de dez vezes ou mais. O retorno médio, no entanto, foi de 2,2 vezes o inves-

timento em 3,6 anos e uma taxa interna aproximada de retorno de 22% bruto. O

mercado de anjos do Reino Unido cresceu em 2009/2010 e, apesar das preo-

cupações recessivas, continua a mostrar sinais de crescimento. Em 2013, essa

dinâmica continuou acontecendo no Reino Unido, já que os investidores anjos

111
foram nomeados por dois terços dos empreendedores de tecnologia como for-

ma de financiamento. Em 2015, os investimentos anjo aumentaram em todo o

Reino Unido, com o número médio de investimentos feitos pelos anjos em cinco,

comparado a 2,5 em 2009. O mesmo relatório também encontrou um aumen-

to de investidores anjo fazendo investimentos de impacto, com 25% dos anjos

dizendo que fez um investimento de impacto em 2014 (UK BUSINESS ANGELS

ASSOCIATION, 2015).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Reino Unido.

Referências

ANJOS DO BRASIL. O que é um investidor-anjo. Disponível em: <http://www.


anjosdobrasil.net/o-que-eacute-um-investidor-anjo.html>. Acesso em: 28 de
jul 2018.

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1996.

ENTREPRENEUR. Getting Started With Angel Investing. Disponível em: <https://


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FEIBEL, Bruce J. Investment performance measurement. Nova Iorque: John


Wiley & Sons, 2003.

MANN, Bruce Alan. Venture Capital: law, business strategies, and investment
planning. The Business Lawyer, Chicago, v. 44, n. 1, pp. 223-225, 1988.

MORRISSETTE, Stephen G. A profile of angel investors. The Journal of Private


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112 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


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nizations. Journal of Financial Economics, Nova Iorque, v. 27, n. 2, p. 473-521,
1990.

SHANE, Scott. The importance of angel investing in financing the growth of en-
trepreneurial ventures. The Quarterly Journal of Finance, Los Angeles, v. 2, n. 02,
p. 1-42, 2012.

UK BUSINESS ANGELS ASSOCIATION. A Nation of Angels (2015) - The main


findings. Disponível em: <https://www.ukbaa.org.uk/news/nation-angels-
-2015-main-findings/>. Acesso em: 28 de jul 2018.

113
4.3 Aval e Garantias

Fonte: CYTONN PHOTOGRAPHY. Person writing on white paper. 2018. Disponível em:
<https://unsplash.com/photos/GJao3ZTX9gU>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

No direito contratual, uma garantia tem vários significados, mas ge-

ralmente significa uma promessa ou uma segurança que é fornecida de uma

parte à outra parte de que fatos ou condições específicas são verdadeiras ou

114 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


ocorrerão (PRIMACK, 2009; HOGG, 2011; DICIO, 2018; OXFORD, 2018). Esta

garantia pode ser aplicada se essa promessa não for verdadeira ou seguida.

Embora uma garantia seja, na sua forma mais simples, um elemento de um

contrato, algumas garantias são executadas com um produto para que um fa-

bricante faça a garantia a um consumidor com o qual o fabricante não tem

relação contratual direta (HOGG, 2011).

No caso de ecossistemas de inovação, os atores que criam suportes

e auxílios, sendo eles financeiros ou legislativos, devem dar garantias sobre os

riscos econômicos aos atores criadores da inovação, startups ou talentos. Os

atores garantidores podem ser o estado, bancos, órgãos de fomento, etc.

Motivação

Assim como o conceito traz, uma garantia tem como objetivo forne-

cer o cumprimento de termos de um contrato ou até termos implícitos. Muitas

vezes é usado para dar garantias de que um produto é como prometido ou que

existirão auxílios e/ou subsídios para que os objetivos sejam cumpridos (PRI-

MACK, 2009).

Empresas de pequeno porte precisam de garantias para conseguir

ganhar mercado, crescer e competir com as empresas grandes. Portanto, os

ecossistemas de inovação precisam estar bem conectados para facilitar a ob-

tenção de financiamento por startups e empreendedores, cujas empresas mui-

tas vezes ainda não têm faturamento ou ativos.

115
Case de inspiração

Quem desenvolve: Innovation Norway.


Como desenvolve: Como parte do novo foco do governo em indústrias cul-
turais e criativas, o governo norueguês está procurando identificar bons em-

preendedores e empresas com potencial de crescimento dentro dessas indús-

trias. O objetivo é liberar capital privado para investimento, mitigando o risco

no negócio. A Innovation Norway oferece uma gama de empréstimos, subsídios

e garantias para empresas de todos os setores em todo o país (INNOVATION

NORWAY, 2018). As garantias são dadas a empresários e empresas em cresci-

mento que estão tendo problemas para obter crédito operacional devido a um

alto risco. A Innovation Norway ajuda a melhorar as oportunidades de financia-

mento para empresas em tal situação por meio de acordos entre os bancos e as

empresas (INNOVATION NORWAY, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Noruega.

Referências

DICIO. Significado de Garantia. 2018. Disponível em: <https://www.dicio.com.


br/garantia/>. Acesso em: 31 de jul 2018.

HOGG, Martin. Promises and contract law: comparative perspectives. Cambrid-


ge: Cambridge University Press, 2011.

OXFORD Dictionaries. Definition of Warranty. 2018. Disponível em: <https://


en.oxforddictionaries.com/definition/warranty>. Acesso em: 31 de jul 2018.

116 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


PRIMACK, Marc. A. Representations, Warranties and Covenants: Back to the Ba-
sics in Contracts. 2009. Disponível em: <https://goo.gl/kEriH4>. Acesso em: 31
de jul 2018.

INNOVATION NORWAY. Loans and Guarantees. 2018. Disponível em: <https://


www.innovasjonnorge.no/en/start-page/our-services/cultural-and-creative-
-industries/loans-and-guarantees/>. Acesso em: 13 de set 2018.

117
4.4 Merge and Acquisition

Fonte: RAWPIXEL. Two man doing shake hands. 2018. Disponível em: <https://unsplash.
com/photos/xDE_p0EXpc8>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

No Direito, o termo “Merge and Acquisition” é uma parte de uma ope-

ração societária, sendo “Merge” a fusão e “Acquisition” a incorporação. As ope-

rações societárias são as modificações na estrutura, no tipo ou composição

de uma sociedade empresária. Elas podem ser de quatro maneiras: a transfor-

118 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


mação, a incorporação, a fusão e a cisão. Nos casos de fusão e incorporação,

ambas operações são transações nas quais a propriedade de empresas, outras

organizações empresariais ou suas unidades operacionais são transferidas ou

consolidadas com outras entidades. De um ponto de vista comercial e econô-

mico, essas transações geralmente resultam na consolidação de ativos e pas-

sivos sob uma entidade (INVESTOPEDIA, 2018; WOHLNER, 2018).

A fusão é a operação societária em que duas ou mais sociedades co-

merciais juntam seus patrimônios a fim de formarem uma nova sociedade. Com

isso, elas deixam de existir individualmente. Já a incorporação é a operação que

uma pessoa jurídica (empresa) absorve o patrimônio de outra, tendo como con-

sequência a extinção da adquirida e continuidade da primeira (INVESTOPEDIA,

2018; WOHLNER, 2018).

Motivação

Independentemente de sua categoria ou estrutura, todas as fusões e

aquisições têm um objetivo comum: elas são todas destinadas a criar sinergias

que tornam o valor das empresas combinadas maior do que a soma das duas

partes. O sucesso de uma fusão ou aquisição depende se essa sinergia é alcan-

çada (INVESTOPEDIA, 2018).

Um dos efeitos da incorporação é o aumento do capital da incorpora-

dora. Outro efeito da incorporação é o aumento da eficácia de atuação da socie-

dade no mercado, logo, reduzindo os custos e aumentando os lucros. Na fusão,

já que os sócios buscam somarem seus recursos patrimoniais e empresariais,

os objetivos podem ser: a racionalização da produção, a adoção dos progressos

tecnológicos, a reorganização das estruturas e a maior facilidade em evitar a

concorrência (WOHLNER, 2018).

119
Hudson (1994) e Phillips e Zhadanov (2012) argumentam que um

mercado que possui, ativamente, aquisições e incorporações de pequenas em-

presas, incentiva a inovação. Eles também acrescentam que as grandes em-

presas podem terceirizar o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D)

para pequenas empresas e depois adquirir aquelas que inovam com sucesso,

ao invés de produzir P&D internamente.

Case de inspiração

Quem desenvolve: Google.


Como desenvolve: O potencial de aquisição proporciona incentivos mais
fortes para pequenas empresas. Um exemplo é o Google. O Google fez 48 aqui-

sições de empresas pequenas em 2010 (EFRATI, 2011). Até 2015, foram mais

60 aquisições, totalizando 108 aquisições nos seis anos após a oferta pública

inicial (IPO). No início de sua vida, o Google comprou três mecanismos de busca

menores para seus ativos e patentes de tecnologia. Cada uma dessas empresas

operava mecanismos de pesquisa com recursos adicionais que o Google incor-

porou em seus recursos de pesquisa on-line (PHILLIPS; ZHADANOV, 2012). A

empresa não descontinuou essa estratégia e busca, ainda, pequenas empresas

e startups que podem ser fontes de novas tecnologias, talentos e investimento

(EFRATI, 2011; HOF, 2013).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Mundo.

120 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Referências

EFRATI, Amir. Google Cranks Up M&A Machine. 2011. Disponível em: <https://
goo.gl/pkb7DP>. Acesso em: 01 de ago 2018.

HOF, Robert. Attention Startups: Here’s How To Get Acqui-Hired By Google,


Yahoo Or Twitter. 2013. Disponível em: <https://goo.gl/YjMtKR>. Acesso em:
01 de ago 2018.

HUDSON, Bradford T. Innovation through acquisition. Cornell Hotel and Restau-


rant Administration Quarterly, Ithaca, v. 35, n. 3, p. 82-87, 1994.

INVESTOPEDIA. Mergers and Acquisitions - M&A. Disponível em: <https://www.


investopedia.com/terms/m/mergersandacquisitions.asp>. Acesso em: 01 de
ago 2018.

PHILLIPS, Gordon M.; ZHDANOV, Alexei. R&D and the Incentives from Merger
and Acquisition Activity. The Review of Financial Studies, Oxford, v. 26, n. 1, p.
34-78, 2012.

WOHLNER, Roger. Mergers and Acquisitions: Definition. Disponível em: <https://


www.investopedia.com/university/mergers/mergers1.asp>. Acesso em: 01 de
ago 2018.

121
4.5 Investment Marketplace

Fonte: RAWPIXEL. Person drawing flow chart. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/
photos/jBxLJt-fEvs>. Acesso em: 06 dez 2018

Conceito

Investir, conforme já abordado no tópico “Investimento”, é dispor uma

quantia de dinheiro a fim de um benefício no futuro. O retorno deste investimen-

to pode trazer ganhos de dinheiro, incluindo dividendos, juros, aluguéis, ou uma

combinação dos dois (REILLY; BROWN, 2002; FEIBEL, 2003). No mundo da ino-

122 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


vação, como normalmente se trata de empresas pequenas e com alta escala-

bilidade, os tipos de investimento mais comuns são os venture capitals (capital

de risco) e investidores anjos (SAHLMAN, 1990; PROWSE, 1998; MORRISSETTE,

2007).

Por conta do universo de investidores, os centros de inovação e

outros habitats de inovação podem realizar eventos mensais, semestrais ou

anuais para o encontro dos investidores com as startups e empresas que es-

tão dando seus primeiros passos. Esta prática, pode ser realizada de diversas

formas, apresentando-se pitchs ou conversações informais. Por conta da ex-

posição das empresas e empreendedores que ocorre para os investidores, os

eventos podem ser chamados de investment marketplace.

Motivação

Como os investidores esperam retornos altos dos seus investimentos

e as empresas veem este aporte financeiro como uma forma de expandir sua

produção, os encontros se fazem necessários (BAIN, 1996; FEIBEL, 2003). Para

as startups, os investimentos têm uma importância ainda maior, porque vão

servir de suporte para a empresa que está se iniciando (ENTREPRENEUR, 2018).

Então, os eventos de investment marketplace servirão como vitrine, conexão e

possível aporte de investidores para os negócios conectados ao ecossistema

de inovação.

Case de inspiração

Quem desenvolve: Rede de Investidore Anjos SC.

123
Como desenvolve: A Rede de Investidores Anjo SC (RIA) é uma iniciativa que
visa atrair e conectar investidores anjo de Santa Catarina e aproximá-los de

empreendedores que buscam apoio para seus projetos de base tecnológica.

No primeiro ano, 35 investidores se juntaram à RIA e foram realizados quatro

fóruns em que 16 startups apresentaram seus modelos de negócio em busca

de recursos. O valor médio investido nestas startups foi de R$ 220 mil (ACATE,

2018; SC INOVA, 2018).

Quando desenvolve: Periodicamente.


Onde desenvolve: Brasil.

Referências

ACATE. RIA - Rede de Investidores Anjo SC. 2018. Disponível em: <https://www.
acate.com.br/node/76052>. Acesso em: 13 de set 2018.

BAIN, William. Investment performance measurement. Cambridge: Woodhead,


1996.

ENTREPRENEUR. Getting Started With Angel Investing. Disponível em: <https://


www.entrepreneur.com/article/52742>. Acesso em: 03 de ago 2018.

FEIBEL, Bruce J. Investment performance measurement. Nova Iorque: John


Wiley & Sons, 2003.

MORRISSETTE, Stephen G. A profile of angel investors. The Journal of Private


Equity, [s.l.], v. 10, n. 3, p. 52-66, 2007.

PROWSE, Stephen. Angel investors and the market for angel investments. Jour-
nal of Banking & Finance, [s.l.], v. 22, n. 6-8, p. 785-792, 1998.

124 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


REILLY, Frank K.; BROWN, Keith C. Investment analysis and portfolio manage-
ment. 10 ed. Texas: Cengage Learning, 2011.

SAHLMAN, William A. The structure and governance of venture-capital orga-


nizations. Journal of Financial Economics, Nova Iorque, v. 27, n. 2, p. 473-521,
1990.

SC INOVA. Como a Rede de Investidores Anjo, em um ano, se consolidou em


SC. 2018. Disponível em: <https://goo.gl/cSM4jX>. Acesso em: 13 de set 2018.

125
5. TALENTO
5. TALENTO

5.1 Orientação

Fonte: FEWINGS, Nick. Go right. 2018. Disponível em:


<https://images.unsplash.com/photo-1525011268546-bf3f9b007f6a?ixlib=rb-1.2.1&ix-
id=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=1050&q=80>. Acesso em: 05 dez.
2018.

Conceito

O ambiente de trabalho é tão importante quanto o indivíduo no

processo de escolha de um emprego, bem como o meio sociocultural ao

qual o mesmo está inserido. Nessa perspectiva, como ferramenta de auxílio

se encontra a orientação profissional, que foi concebida, inicialmente, com

uma prática de tornar a indústria mais eficiente por meio da detecção e

126 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


orientação de talentos com futuros trabalhadores (SPARTA, 2003; MELO-SILVA;

LASSANCE; SOARES, 2004).

Delgado e Albá (2001) definem a orientação profissional como um

processo contínuo com o objetivo de preparar o indivíduo de forma a ser efi-

ciente e qualificado no futuro emprego, contemplando seus objetivos individu-

ais e sociais já que ao mesmo tempo que resulta no desenvolvimento pessoal,

faz com que o mesmo contribua mais para a sociedade. Os mesmos autores

ainda estabelecem que este tipo de orientação significa ajuda e não imposição.

Neste sentido Melo-Silva, Lassance e Soares (2004) enfatizam que as pessoas

fazem suas escolhas pensando apenas no seu contexto, sem necessariamente

o auxílio de orientação profissional. Na visão dos orientadores, a disponibilida-

de de serviços de orientação profissional é essencial para o desenvolvimento

da carreira pessoal e profissional do indivíduo, bem como a do meio ao qual ele

está inserido.

Motivação

As mudanças no mercado mundial sofreram intenso aumento com

a aceleração da internacionalização da economia. Assim, principalmente após

os anos 90, maior atenção vem sendo dada ao campo da orientação profissio-

nal. Em decorrência de tais mudanças, cada vez mais é necessário entender as

necessidades humanas e sociais dos indivíduos e como elas influenciam no

desenvolvimento e processo de escolha profissional (ALMEIDA; MELO-SILVA,

2006). De forma geral, a orientação do indivíduo para sua carreira irá impactar

diretamente as escolhas profissionais e a condução dos negócios. Assim, uma

das formas de minimizar os riscos dos negócios e potencializar os resultados

presente em ecossistemas de inovação, se associa a forma com que pessoas e

empreendedores são orientados.

127
Case de inspiração

Quem desenvolve: Universidade de São Paulo (USP).


Como desenvolve: Presta serviços de orientação profissional gratuitos, por
meio de uma Clínica-Escola onde alunos da 4ª e 5ª fase do curso de psicologia

fornecem serviços que compreendem avaliação psicológica, aconselhamento e

orientação profissional (ALMEIDA; MELO-SILVA, 2006).

Quando desenvolve: Anualmente.


Onde desenvolve: Brasil.

Referências

ALMEIDA, Fabiana Hilário de; MELO-SILVA, Lucy Leal. Avaliação de um serviço


de orientação profissional: a perspectiva de ex-usuários. Revista Brasileira de
Orientação Profissional, Florianópolis, v. 7, n. 2, p. 81-102, 2006.

DELGADO, Basilia Collazo; ALBÁ, María Puentes. La Orientación en la activi-


dad pedagógica: el maestro, un orientador? Cuba: Editorial Pueblo y Educación,
2001.

MELO-SILVA, Lucy Leal; LASSANCE, Maria Célia Pacheco; SOARES, Dulce Hele-
na Penna. A orientação profissional no contexto da educação e trabalho. Revis-
ta Brasileira de Orientação Profissional, Florianópolis, v. 5, n. 2, p. 31-52, 2004.

SPARTA, Mônica. O desenvolvimento da orientação profissional no Brasil. Re-


vista Brasileira de Orientação Profissional, Florianópolis, v. 4, n. 1-2, p. 1-11,
2003.

128 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


5.2 Formação

Fonte: JESHOOTS. Teacher. 2018. Disponível em:


<https://images.unsplash.com/photo-1509869175650-a1d97972541a?ixlib=rb-1.2.1&ix-
id=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=1050&q=80>. Acesso em: 05 dez.
2018.

Conceito

Como exemplificado em tópicos anteriores, a sociedade globalizada

está em constante mudança. Esse processo de transformação para uma so-

ciedade do conhecimento tem exigido mudanças nos sistemas educacionais,

impondo desafios que transcendem a abordagem linear na formação de pro-

129
fissionais. É necessária atitude de abertura à mudança, considerando uma re-

flexão que aborda a criatividade e a inovação como fatores determinantes na

formação do trabalhador. Assim, são esses fatores que estimam o valor do ca-

pital humano perante a instituição contratante. Neste contexto, só a educação

é capaz de preparar os indivíduos para enfrentar os desafios da nova sociedade

moderna. Esse tipo de educação tem a missão de treinar o indivíduo para o

mundo do trabalho, gerando capital humano adequado para as entidades (DA

SILVA; DA CUNHA, 2002; HERNÁNDEZ; PÉREZ; LUNA, 2015).

Criatividade e inovação são habilidades necessárias para todo pro-

fissional, sendo assim, tais aspectos devem ser incentivados e desenvolvidos

pelo ensino técnico, superior e toda instituição formadora de profissionais. O

objetivo principal é o de capacitar capital humano, capaz de gerar ideias, ser

criativo, inovador e resolver problemas, se destacando no mercado de trabalho

(HERNÁNDEZ; PÉREZ; LUNA, 2015).

Motivação

O novo cenário estabelecido no século XXI com o avanço da globali-

zação e da chamada sociedade do conhecimento trouxe inúmeras transforma-

ções em todos os setores. O progresso tecnológico e da informação é evidente.

Desta forma, com o cenário de mudança, o conceito de emprego é substituído

pelo de trabalho e a permanência no mesmo passa a estar relacionada com

a qualificação do indivíduo. Portanto, o trabalhador para se destacar deve ser

capacitado, criativo, crítico e pensante, com capacidade de se adaptar cada vez

mais as novas mudanças. Assim, o diploma universitário deixa de significar ne-

cessariamente a garantia de emprego. Sendo, portanto, o profissional valoriza-

do também de acordo com a sua habilidade de se relacionar, assumir liderança

e tomar decisão (DA SILVA; DA CUNHA, 2002).

130 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Case de inspiração

Quem desenvolve: Governo de Portugal.


Como desenvolve: Pela criação de políticas públicas e dos Centros de No-
vas Oportunidades (CNO), entidades cujo objetivo é ser uma “porta de entrada”

para jovens e adultos a partir dos 18 anos de idade, sem ou com qualificação

profissional insuficiente perante o mercado de trabalho. A partir das ações os

jovens são capacitados e encaminhados a partir de seu perfil e expectativas. Os

centros são uma aposta do governo em gerar desenvolvimento e crescimento

econômico por meio da qualificação da população. Em 2010 o país já contava

com 454 CNO’s (TÁVORA; VAZ; COIMBRA, 2012).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Portugal.

Referências

DA SILVA, Edna Lúcia; DA CUNHA, Miriam Vieira. A formação profissional no


século XXI: desafios e dilemas. Ciência da informação, Brasília, v. 31, n. 3, p.
77-82, 2002.

HERNÁNDEZ, Isabel Artega; PÉREZ, Juan Carlos Alvarado; LUNA, Sara María.
Creatividad e innovación: competencias genéricas o transversales en la forma-
ción profesional. Revista Virtual Universidad Católica del Norte, Medellin, v. 1, n.
44, p. 135-151, 2015.

TÁVORA, Antónia; VAZ, Henrique; COIMBRA, Joaquim. As crises da educação e


formação de adultos em Portugal. Saber & Educar, Porto, v. 1, n. 17, p. 28-40,
2012.

131
5.3 Talent Marketplace

Fonte: RAWPIXEL. Job. 2018. Disponível em: <https://images.unsplash.com/pho-


to-1535554467849-ca1305c79fc8?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=for-
mat&fit=crop&w=1073&q=80>. Acesso em: 05 dez. 2018.

Conceito

As organizações globais estão em buscas de novos talentos. São

muitas as empresas que compreendem o valor competitivo de pessoas talen-

tosas e estão dispostas a gastar tempo e recurso para identificar e recrutar

estes indivíduos. No entanto, são poucas as que dão a devida atenção para os

132 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


talentos internos. E, é neste cenário que surge o talent marketplace. No com-

plexo mundo corporativo, que envolve milhares de profissionais e gestores, a

melhor abordagem é formalizar o mercado de talentos, que é criado para ligar o

interesse dos indivíduos com os interesses da empresa (BRYAN; JOYCE; WEISS,

2006; SAXENA, 2013).

Um mercado de talentos é uma estratégia de desenvolvimento e

treinamento de funcionários dentro de uma organização com o objetivo de

capacitar e valorizar o indivíduo. As atividades realizadas dentro de um talent

marketplace são feitas para aproveitar e vincular pessoas com habilidades es-

pecíficas (por exemplo, o gerenciamento de projetos em um campo particular)

com a tarefa mais adequada aos mesmos. Seja dentro de uma unidade orga-

nizacional específica ou em toda a empresa, para explorar atribuições variando

de projetos de curto prazo a projetos operacionais de longa duração (BRYAN;

JOYCE, 2005).

Motivação

As organizações devem investir em seus mercados de talentos para

garantir que homens e mulheres talentosas que procuram novos empregos se

conectem aos gerentes que buscam talentos. As empresas devem definir o

mercado de talentos especificando padrões e funções, validando as qualifica-

ções dos candidatos, determinando como os gerentes recebem as avaliações

de desempenho dos candidatos a emprego, e assim por diante. Os mercados de

talentos são mais apropriados para grandes empresas, com setores e divisões

mais complexas, sendo que uma proporção significativa de seus funcionários

deve estar envolvida nestes setores. As áreas em que esses tipos de ação são

mais comumente encontrados são as de: design de produto, engenharia de sof-

tware e marketing (BRYAN; JOYCE, 2007).

133
Case de inspiração

Quem desenvolve: ALCOA S.A.


Como desenvolve: Por meio de um programa interno chamado “Novos En-
genheiros” a proposta busca não só reter os talentos já existentes na empre-

sa, mas também atrair, engajar e desenvolver engenheiros recém-formados,

criando um banco de talentos interno. Assim, o projeto tem a intenção de gerar

maior atratividade e evitar a dependência de profissionais externos relaciona-

dos a alta perda de funcionários para concorrentes. O programa tem um ano e

meio de duração e desenvolve atividades que vão desde treinamentos formais,

desenvolvimento de projetos de benchmarking, programa de mentoring a até o

direcionamento de carreira do jovem profissional (WALKER; FERREIRA, 2012).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Estados Unidos.

Referências

BRYAN, Lowell; JOYCE, Claudia. The 21st-century organization. The McKinsey


Quarterly, Nova Iorque, v. 3, p. 21-29, 2005.

BRYAN, Lowell; JOYCE, Claudia; WEISS, Leigh. Making a market in talent. Grow-
th, [s.l.], v. 34, n. 3, p. 51-66, 2006.

BRYAN, Lowell; JOYCE, Claudia. Better strategy through organizational design.


McKinsey Quarterly, Nova Iorque, v. 2, n. 07, p. 21-29, 2007.

SAXENA, Parul. Talent management: a strategic perspective. Anveshanam–A


National Journal of Management, Greater Noida, v. 1, n. 1, p. 49-55, 2013.

134 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


WALKER, Elisa Crestana; FERREIRA, Marcos Aurélio de Araujo. Contribuições
dos Motivadores de RH na Gestão e Retenção de Talentos: um estudo sobre
jovens engenheiros na Alcoa. Revista de Carreiras e Pessoas, São Paulo, v. 2, n.
1, p. 40-71, 2012.

135
5.4 Desenvolvimento

Fonte: RAWPIXEL. Development. 2018. Disponível em:


<https://images.unsplash.com/photo-1520328925293-b3f5fa2076ec?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJh-
cHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=825&q=80>. Acesso em: 05 dez. 2018.

Conceito

A união das experiências universitárias junto do ambiente de traba-

lho tem papel importante na formação de profissionais. Assim, universidades

promovem os estágios por meio de programas de incentivo por entender a va-

liosa experiência prática dos mesmos. Os programas de estágio proporcionam

136 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


benefícios significativos aos alunos em termos de preparação e prospecção de

carreira e renda já que muitas empresas reconhecem o estagiário como futura

fonte de oportunidade para o trabalho. Assim, neste cenário, as organizações

e universidades também se beneficiam com as práticas de estágio já que te-

rão alunos e funcionários com experiência qualificada (GAULT; REDINGTON;

SCHLAGER, 2000; TOVEY, 2001).

Um dos objetivos dos estágios é atender as demandas de formação

prática requeridas pelas instituições de educação. Também são importantes

meios de inserção profissional progressiva, incentivando as universidades a

aumentarem sua prática. Estágios realizados no início do curso tendem a estar

mais relacionados com a familiarização do curso e suas atividades. Já os está-

gios realizados nas fases finais têm maior caráter de inserção ao meio profis-

sional e mercado de trabalho (OLIVEIRA, 2009).

As experiências que um estágio durante a formação acadêmica pode

proporcionar são significativas já que o estudante tem a oportunidade de apli-

car à teoria da sala de aula a prática, e vice-versa, quando um projeto do traba-

lho pode ser replicado na sala de aula. As condições do ambiente de trabalho

podem ajudar os alunos a identificar suas próprias forças, interesses e habilida-

des, além de ajudá-los a tomar decisões a respeito da sua educação, bem como

sua carreira após a formatura (TOVEY, 2001).

Motivação

Os programas de estágio podem fornecer uma experiência de traba-

lho valiosa, promover senso de profissionalismo e até mesmo resultar em uma

futura contratação para o estudante. Grandes empresas veem um enorme valor

neste tipo de programa já que por meio de um baixo custo pode-se gerar so-

137
luções, novas ideias e uma base de talentos que podem se tornar futuros em-

pregados (CANNON; ARNOLD, 1998). Autores como Knouse e Fontenot (2008)

corroboram indicando que um dos principais benefícios aos estudantes que

participam de estágios é que os mesmos têm mais vantagem no mercado de

trabalho, já que adquiriram mais experiência ao longo da formação acadêmica,

e assim, possuem mais oportunidades, além de serem contratados mais rapi-

damente.

Case de inspiração

Quem desenvolve: The Ohio State University.


Como desenvolve: O Programa de estágios da Ohio State University oferece
uma oportunidade para os alunos aplicarem o aprendizado da sala de aula em

desafios de negócios, enfrentando experiências de uma economia globalizada.

O programa oferece uma disciplina semestral e uma experiência de trabalho de

12 semanas, que proporciona aos estagiários a chance de trabalhar com em-

presas reais que exportam produtos reais (MEHTA, 2017).

Quando desenvolve: Semestralmente.


Onde desenvolve: Estados Unidos.

Referências

CANNON, J. Andrew; ARNOLD, Mark J. Student expectations of collegiate inter-


nship programs in business: A 10-year update. Journal of Education for Busi-
ness, [s.l.], v. 73, n. 4, p. 202-205, 1998.

GAULT, Jack; REDINGTON, John; SCHLAGER, Tammy. Undergraduate business

138 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


internships and career success: Are they related? Journal of Marketing Educa-
tion, Denver, v. 22, n. 1, p. 45-53, 2000.

KNOUSE, Stephen B.; FONTENOT, Gwen. Benefits of the business college inter-
nship: A research review. Journal of Employment Counseling, Norfolk, v. 45, n.
2, p. 61-66, 2008.

MEHTA, Vattsa. Ohio Export Internship Program. 2017. Disponível em: <https://
kb.osu.edu/bitstream/handle/1811/81506/1/STEP_Reporting_Back_Poster.
pdf>. Acesso em: 20 de ago 2018.

OLIVEIRA, Sidnei Rocha de. Estágios para Universitários: representações e im-


plicações na inserção profissional dos jovens brasileiros e franceses. 2009.
397f. Tese (Doutorado em Administração) - Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre, 2009.

TOVEY, Janice. Building connections between industry and university: Imple-


menting an internship program at a regional university. Technical Communica-
tion Quarterly, Philadelphia, v. 10, n. 2, p. 225-239, 2001.

139
5.5 Atração e Retorno

Fonte: GOUW, Tim. Job Interview. 2018. Disponível em:


<https://images.unsplash.com/photo-1459499362902-55a20553e082?ixlib=rb-1.2.1&ixid=ey-
JhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=1049&q=80>. Acesso em: 05 dez. 2018.

Conceito

Recurso humano é todo o capital humano sob o controle de uma or-

ganização por meio de relação de emprego direta. Já as práticas de recursos

humanos são as atividades de gestão voltadas para a administração deste ca-

pital, bem como a garantia de que se está cumprindo seus objetivos. Capital

140 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


humano talentoso é cada vez mais citado como o principal fator de vantagem

competitiva entre grandes organizações. Ademais, essa tendência no âmbito

dos negócios está relacionada com as mudanças ocorridas e com a crescente

necessidade de profissionais serem globais com habilidades empreendedoras,

capazes de operar em diferentes culturas, estruturas e mercados. Em paralelo,

com o desenvolvimento de uma cultura competitiva acirrada, tem se tornado

cada vez mais difícil atrair e reter funcionários talentosos, refletindo no desem-

penho das organizações, que já enfrentam escassez deste tipo de recurso (WRI-

GHT; MCMAHAN; MCWILLIAMS, 1994; HILTROP, 1999).

Além da atração e da retenção, outra preocupação recorrente no mun-

do dos negócios é o retorno de capital humano ao seu local de origem. Saxenian

(2005) comenta sobre o êxodo da primeira geração de talentos que deixaram

seus respectivos países, principalmente economias emergentes como China e

Índia, atraídos pela indústria de alta tecnologia dos Estados Unidos. Todavia, o

autor estabelece o surgimento do chamado “fluxo reverso de conhecimento”

que nos últimos anos têm se observado pelo retorno destes talentos a seus

países, promovendo uma mobilidade cerebral, criando redes internacionais e

aplicando o conhecimento adquirido nos anos no exterior (SAXENIAN, 2005)

Motivação

Leon (2005) relaciona a atração do capital humano internacional

como catalisador de desenvolvimento econômico para as indústrias e con-

sequentemente para o país. Porém é necessário considerar as necessidades

desses indivíduos e assim, fazê-los permanecer. São diversas as táticas para

atrair e reter talentos nas organizações. Como exemplo, citam-se os progra-

mas de remuneração, com salários acima da média e recompensas. Entretanto,

141
observa-se que benefícios variados são fortemente relacionados com atração

e retenção de funcionários. Todavia, cada vez mais as empresas têm preocupa-

ção com outras formas de promover a contratação e a estada destes talentos.

Orientações fidedignas a respeito da vaga, oportunidades de desenvolvimento

de carreiras, trabalhos desafiadores e autonomia no desenvolvimento de proje-

tos são algumas ferramentas que podem ser utilizadas pelas organizações para

a atração e retenção de talentos (HILTROP, 1999).

Case de Inspiração

Quem desenvolve: Galp Energia.


Como desenvolve: Por meio do Galp Generation, localizada em Portugal, um
rigoroso programa trainee criado para desafiar, cativar e atrair os melhores do

setor de energia. Uma equipe de profissionais identifica e avalia os candidatos

com maior potencial e, ao decorrer do programa, os mesmos participam de di-

versos desafios cujo objetivo é selecionar e qualificar potenciais talentos para

a empresa e assim possibilitar a construção de uma carreira (MADEIRA, 2013).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Portugal.

Referências

HILTROP, Jean-Marie. The quest for the best: human resource practices to at-
tract and retain talent. European Management Journal, Berlim, v. 17, n. 4, p. 422-
430, 1999.

LEON, Nick. Attract and connect: the 22@ Barcelona innovation district and the

142 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


internationalisation of Barcelona business. Innovation, Santa Lúcia, v. 10, n. 2-3,
p. 235-246, 2008.

MADEIRA, João Diogo Jorge. Atração, desenvolvimento e retenção de talentos:


programa de trainees, Galp energia. 2013. Disponível em: <https://repositorio.
iscte-iul.pt/handle/10071/6433>. Acesso em: 15 de ago 2018.

SAXENIAN, AnnaLee. From brain drain to brain circulation: Transnational


communities and regional upgrading in India and China. Studies in Comparative
International Development, Nova Iorque, v. 40, n. 2, p. 35-61, 2005.

WRIGHT, Patrick; MCMAHAN, Gary; MCWILLIAMS, Abagail. Human resources


and sustained competitive advantage: a resource-based perspective. Interna-
tional Journal of Human Resource Management, Bedford, v. 5, n. 2, p. 301-326,
1994.

143
6. TERRITÓRIO
6. TERRITÓRIO

6.1 Mapa Urbanístico

Fonte: WILSON, Ryan. Aerial photography of city during daytime. 2018. Disponível em:
<https://unsplash.com/photos/HkF6feHrGBE>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

Um mapa é uma representação simbólica que enfatiza os rela-

cionamentos entre elementos de algum espaço, como objetos, regiões ou

temas, podendo este espaço ser de cidade, país, continente (COSGROVE,

144 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


1999; KNAAP, 2017; ICSM, 2018; OXFORD, 2018). Embora mais comumente

usados para representar algo geograficamente, os mapas podem representar

qualquer espaço, real ou imaginado, sem levar em conta o contexto ou a escala,

como no mapeamento do cérebro, mapeamento de DNA ou mapeamento de

topologia de rede de computadores. Estes mapas, com informações específi-

cas ou que querem passar uma informação mais detalhada, são chamados de

mapas temáticos (ICSM, 2018).

No caso de mapas urbanísticos para ecossistemas de inovação, são

mapas que apresentem as oportunidades para a implementação empresarial e

de grandes projetos dentro da área de influência do ecossistema. Os dois prin-

cipais atores que se encarregam de levantar os dados, alimentar e gerenciar

este mapa, são o município ou estado em cooperação com outros ambientes

de inovação, como por exemplo, o centro de inovação ou ainda os parques, pois

estes têm maior competência de fazê-lo. Esse mapa fica disponível online, em

uma plataforma para que todos possam ter acesso às informações.

Motivação

O mapa urbanístico para ecossistema de inovação traria consigo a formação de

novos negócios, por mostrar, em um mapa único e disponível online, as possí-

veis oportunidades disponíveis no mercado. Ferreiro (2014) diz que sempre há

novas oportunidades surgindo, e parte do talento em gestão está em identificar

quais são as melhores oportunidades que correspondem aos negócios da em-

presa. Portanto, um mapeamento das oportunidades de negócios auxiliaria na

identificação delas e em qual investir.

145
Case de inspiração

Quem desenvolve: MPGM – Plan 22@Barcelona.


Como desenvolve: A Modificação do Plano Geral Metropolitano de Barcelona
definiu os usos do solo do distrito de inovação 22@, bem como os encargos e

benefícios dos proprietários. O Plano 22@Barcelona definiu a transformação de

200 hectares em 4.000.000 metros quadrados, combinando espaços para viver

e trabalhar na economia do conhecimento.

Quando desenvolve: 2000-2020.


Onde desenvolve: Barcelona.

Referências

COSGROVE, Denis. Mappings. Londres: Reaktion Books, 1999.

FERRERO, Eleonora. An effective way to map business opportunities. 2014. Dis-


ponível em: <https://goo.gl/pe5zzU>. Acesso em: 08 de ago 2018.

THE INTERGOVERNMENTAL COMMITTEE ON SURVEYING AND MAPPING


(ICSM). Thematic Maps. 2018a. Disponível em: <https://goo.gl/j5m39L>. Aces-
so em: 08 de ago 2018.

THE INTERGOVERNMENTAL COMMITTEE ON SURVEYING AND MAPPING


(ICSM). What is a Map? 2018b. Disponível em: <https://goo.gl/8eX3uk>. Acesso
em: 08 de ago 2018.

KNAAP, Elijah; KNAAP, Gerrit-jan; LIU, Chao. Mapping Opportunity: A Critical As-
sessment. Maryland: National Center For Smart Growth, 2012. (37). Disponível
em: <http://smartgrowth.umd.edu/assets/images/oppmap/opportunity_ma-
pping_eli_gerrit_chao.pdf>. Acesso em: 08 de ago 2018.

146 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


KNAAP, Elijah. The cartography of opportunity: Spatial data science for equitable
urban policy. Housing Policy Debate, Blacksburg, v. 27, n. 6, p. 913-940, 2017.

OXFORD, Dictionaries. Definition of Map. 2018. Disponível em: <https://en.ox-


forddictionaries.com/definition/map>. Acesso em: 07 de ago 2018.

REECE, Jason. The geography of opportunity: review of opportunity mapping re-


search initiatives. Columbus: Kirwan Institute, 2008.

147
6.2 Mapa de Infraestruturas

Fonte: MOUNTFORD, Juan Cruz. time-lapse photography of city buildings and road. 2018. Dis-
ponível em: <https://unsplash.com/photos/HcZXiWL_piM>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

Os mapas são meios digitais ou analógicos que representam de for-

ma simbólica a superfície da terra, de uma região da terra ou até mesmo de

corpos celestes (COSGROVE, 1999; ICSM, 2018a; OXFORD, 2018b). O conteúdo

separa-se em dois grupos principais de mapas: mapas topográficos (mapas,

cartas náuticas, etc) e mapas temáticos (ICSM, 2018b).

148 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


As infraestruturas são as instalações e sistemas fundamentais que

atendem a um país, cidade ou outra área, incluindo os serviços e instalações

necessários para que sua economia funcione. A infraestrutura, apesar das inú-

meras categorias, em geral é composta de estradas, pontes, túneis, abasteci-

mento de água, esgotos, redes elétricas, telecomunicações, etc (BUHR, 2003;

OXFORD, 2018b). Portanto, juntando os dois conceitos em um só, cria-se o

mapa de infraestruturas.

O mapa de infraestruturas nada mais é que um mapa apresentando

as informações de infraestrutura disponível em determinado local. Este mapa

leva em conta o planejamento urbano da região, pois é o planejamento urbano

que determina o processo técnico voltado para o projeto do uso da terra e do

ambiente construído (KAISER, 1995; MCGILL, 2018).

Motivação

O planejamento urbano é responsável pelo planejamento do ambien-

te construído, incluindo o ar, a água e a infraestrutura que entra e sai de áre-

as urbanas, como redes de transporte, comunicações e distribuição (TAYLOR,

1998). O alto grau de infraestrutura traz benefícios para a economia, reduzindo

os custos de produção e, assim, aumentando a produtividade. Além disso, traz

vantagens a todas as casas e negócios existentes na região (ASCHAUER, 1989;

ALBALA‐BERTRAND, 2004). Portanto, um planejamento urbano, aliado a um in-

vestimento em infraestrutura e um mapa de fácil acesso das infraestruturas

existentes traz um crescimento mais assertivo e acelerado ao setor empresarial

e demais hélices do ecossistema.

149
Case de inspiração

Quem desenvolve: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Como desenvolve: O IBGE é um instituto público da administração federal
brasileira. Ele existe desde de 1934 com o objetivo de ser um centro nacional de

estatística. Hoje, o IBGE tem atribuições ligadas às geociências e estatísticas

sociais, demográficas e econômicas, o que inclui realizar censos (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2018a). Uma de suas práticas foi

realizar o mapeamento de diversas infraestruturas do país. Alguns exemplos

são: infraestrutura de transportes, logística de energia, saneamento, entre ou-

tras (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2018b). Esses da-

dos podem ser utilizados para saber onde está disponível a maior concentração

de infraestruturas, a fim de abrir uma nova empresa ou até saber onde viver.

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Brasil.

Referências

ALBALA BERTRAND, José M.; MAMATZAKIS, Emmanuel C. The impact of public


infrastructure on the productivity of the Chilean economy. Review of Develop-
ment Economics, Brighton, v. 8, n. 2, p. 266-278, 2004.

ASCHAUER, David Alan. Is public expenditure productive? Journal of Monetary


Economics, Rochester, v. 23, n. 2, p. 177-200, 1989.

BUHR, Walter. What is infrastructure? Siegen: Volkswirtschaftliche Diskussions-


beiträge, 2003.

COSGROVE, Denis. Mappings. Londres: Reaktion Books, 1999.

150 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). O IBGE. 2018a.
Disponível em: <https://goo.gl/oShCc5>. Acesso em: 09 de ago 2018.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Mapas: infra-


estrutura e logística. 2018b. Disponível em: <https://goo.gl/ombh7x>. Acesso
em: 09 de ago 2018.

THE INTERGOVERNMENTAL COMMITTEE ON SURVEYING AND MAPPING


(ICSM). Thematic Maps. 2018a. Disponível em: <https://goo.gl/j5m39L>. Aces-
so em: 07 de ago 2018.

THE INTERGOVERNMENTAL COMMITTEE ON SURVEYING AND MAPPING


(ICSM). What is a Map? 2018b. Disponível em: <https://goo.gl/8eX3uk>. Acesso
em: 07 de ago 2018.

KAISER, Edward; GODSCHALK, David; CHAPIN, Stuart. Urban land use planning.
Urbana: University of Illinois Press, 1995.

MCGILL, School of Urban Planning. About urban planning. 2018. Disponível em:
<https://mcgill.ca/urbanplanning/planning>. Acesso em: 09 de ago 2018.

OXFORD Dictionaries. Definition of Infrastructure. 2018a. Disponível em: <ht-


tps://en.oxforddictionaries.com/definition/infrastructure>. Acesso em: 09 de
ago 2018.

OXFORD Dictionaries. Definition of Map. 2018b. Disponível em: <https://en.ox-


forddictionaries.com/definition/map>. Acesso em: 09 de ago 2018.

TAYLOR, Nigel. Urban planning theory since 1945. Londres: Sage, 1998.

151
6.3 Mapa de Edifícios Disponíveis

Fonte: ALVIS, Thor. Brown and black city landscape 3D map. 2018. Disponível em: <https://un-
splash.com/photos/MAwW2lhmEJA>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

Um mapa é uma representação simbólica que enfatiza os relacio-

namentos entre elementos de algum espaço, como objetos, regiões ou temas,

podendo este espaço ser de cidade, país, continente (COSGROVE, 1999; ICSM,

2018a; OXFORD, 2018b). Mapas com informações específicas ou que querem

152 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


passar uma informação mais detalhada, são chamados de mapas temáticos

(ICSM, 2018b).

Um edifício, ou prédio, é uma estrutura com um telhado e paredes

permanentemente em pé em um lugar, como uma casa ou fábrica e que tem a

finalidade de abrigar atividades humanas (OXFORD, 2018a). Os edifícios pos-

suem diversos tamanhos, formas e funções, sendo estas funções divididas em:

residencial e comercial. Os edifícios residenciais atendem a diversas necessi-

dades da sociedade como proteção contra intempéries, segurança, espaço vital,

privacidade, para guardar pertences. Os comerciais têm praticamente as mes-

mas funções que os residenciais. Entretanto, estes são usados exclusivamente

para fins comerciais e fornecem um espaço de trabalho em vez de um espaço

vital (GELTNER, 2006; INVESTOPEDIA, 2018).

Para que pessoas e empresas se alojem em algum edifício ou um

segmento do edifício (apartamento ou sala comercial) é necessário que este

esteja desocupado, ou seja, esteja disponível para a ocupação. A união dos dois

conceitos citados forma uma ferramenta: o mapa de edifícios disponíveis. O

mapa de edifícios disponíveis é um mapa apresentando edifícios ou parte dos

edifícios disponível no local determinado. Para o ecossistema, é relevante pois

demonstra as oportunidades de instalação de novos empreendimentos, por

exemplo.

Motivação

O mapa de edifícios disponíveis (ou parte deles) é de serventia públi-

ca, porque pessoas físicas e pessoas jurídicas têm acesso a esse mapa a fim

de procurar um espaço para se estabelecer. Em um cenário ideal e específico,

as empresas procuram lugares disponíveis para se instalarem e os funcionários

153
desta empresa podem procurar moradias próximas por meio do mesmo mapa.

Além disso, esta iniciativa ajuda a movimentar todo o mercado imobiliário do

local.

Case de inspiração

Quem desenvolve: Commercial Real Estate.


Como desenvolve: A Commercial Real Estate é um mapa desenvolvido em
parcerias com diversas empresas internacionais. Entretanto, ele tem atuação

principal na Austrália. Envolvendo diversas categorias, o mapa mostra espaços

comerciais livres, empresas a venda, franquias e até coworkings com espaço

(COMMERCIAL REAL ESTATE, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Austrália.

Referências

COMMERCIAL REAL ESTATE. 2018. Disponível em: <https://www.commercial-


realestate.com.au/>. Acesso em: 14 de ago 2018.

COSGROVE, Denis. Mappings. Londres: Reaktion Books, 1999.

GELTNER, David. Commercial real estate. A Companion to Urban Economics, p.


211-227, 2006.

THE INTERGOVERNMENTAL COMMITTEE ON SURVEYING AND MAPPING


(ICSM). What is a Map? 2018. Disponível em: <https://goo.gl/8eX3uk>. Acesso
em: 07 de ago 2018.

154 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


THE INTERGOVERNMENTAL COMMITTEE ON SURVEYING AND MAPPING
(ICSM). Thematic Maps. 2018. Disponível em: <https://goo.gl/j5m39L>. Acesso
em: 07 de ago 2018.

INVESTOPEDIA. Commercial Real Estate. 2018. Disponível em: <https://www.


investopedia.com/terms/c/commercialrealestate.asp>. Acesso em: 14 de ago
2018.

OXFORD Dictionaries. Definition of Building. 2018a. Disponível em: <https://


en.oxforddictionaries.com/definition/building>. Acesso em: 14 de ago 2018.

OXFORD Dictionaries. Definition of Map. 2018b. Disponível em: <https://en.ox-


forddictionaries.com/definition/map>. Acesso em: 07 de ago 2018.

155
6.4 Marketplace de Espaços

Fonte: SCHNOBRICH, John. Three person pointing the silver laptop computer. 2018. Disponível
em: <https://unsplash.com/photos/2FPjlAyMQTA>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

Pessoas precisam de espaços seja para se estabelecer, viver, crescer,

trabalhar, etc. Em se tratando de empresas, elas precisam de espaços para se

fixar, hospedar seus funcionários, colocar seus objetos de trabalhos, etc. Estes

locais podem ter diversos tamanhos, formas e funções, sendo estas funções

156 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


divididas em: residencial e comercial. Os residenciais são mais focados nas

pessoas e atendem a diversas necessidades da sociedade como proteção con-

tra intempéries, segurança, espaço vital, privacidade, para guardar pertences.

Os comerciais têm praticamente as mesmas funções que os residenciais, en-

tretanto estes são usados exclusivamente para fins comerciais e fornecem um

espaço de trabalho em vez de um espaço vital (GELTNER, 2006; INVESTOPEDIA,

2018).

Marketplace, diferente da descrição atual que se tem, é um local onde

as pessoas se reúnem para a compra e venda de produtos ou bens, geralmente

sendo um espaço aberto (OXFORD, 2018). O marketplace de espaços atualmen-

te é o online marketplace. Este último é um tipo de site de comércio eletrônico

no qual as informações sobre produtos ou serviços são fornecidas por tercei-

ros, enquanto as transações são processadas pelo operador do mercado (ALBA

et al., 1997; DUKES; LIU, 2015; KESTENBAUM, 2017).

Para que pessoas e empresas possam se estabelecer em algum es-

paço é necessária informação suficiente para a tomada de decisão. Além disso,

há necessidade de conhecimento para que empresas saibam o que há de de-

socupado nos espaços. É fundamental saber quais os locais disponíveis, em

quais áreas, quanto custam, o que possuem e qual a estrutura é primordial para

a atração de empreendimentos. Desta forma, um marketplace de espaços para

este público é uma solução eficaz.

Motivação

Os consumidores estão usando cada vez mais a internet para ava-

liar informações sobre produtos e fazer compras. Seguindo essa tendência, os

marketplaces online começaram a surgir e se desenvolver com muita velocida-

157
de, como o Mercado Livre, o eBay e o Amazon (DUKES, LIU, 2015; KESTENBAUM,

2017). Além disso, trazem o que os consumidores querem e uma variedades de

produtos. Na sociedade do conhecimento, é muito mais provável que consu-

midores baixem um aplicativo que ofereça uma gama de produtos mais ampla.

Esse é um dos principais recursos de um mercado (KESTENBAUM, 2017). O

marketplace de espaços tem a proposta de mostrar os lugares disponíveis e

suas informações para as empresas e pessoas poderem se instalar.

Case de inspiração

Quem desenvolve: Commercial Real Estate Exchange, Inc. (CREXi).


Como desenvolve: A CREXi é empresa que desenvolveu a plataforma de tec-
nologia dedicada a apoiar a indústria de venda e aluguel de imóveis comerciais.

Desde o lançamento em 2016, o CREXi se tornou rapidamente o marketplace

mais ativo do setor, e a plataforma ajudou compradores, vendedores e corre-

tores a realizar negócios em mais de 90.000 listagens comerciais, totalizando

mais de US $ 450 bilhões em valor de propriedade. A CREXi cresceu para mais

de 50 funcionários e está sediada em Marina Del Rey, Califórnia (CREXi, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Estados Unidos.

Referências

ALBA, Joseph; LYNCH, John; WEITZ, Barton; JANISZEWSKI, Chris; LUTZ, Richard;
SAWYER, Alan; WOOD, Stacy. Interactive home shopping: consumer, retailer, and
manufacturer incentives to participate in electronic marketplaces. The Journal
of Marketing, [s.l.], v. 61, n. 3, p. 38-53, 1997.

158 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


COMMERCIAL REAL ESTATE EXCHANGE, INC. (CREXi). About us. 2018. Disponí-
vel em: <https://www.crexi.com/web/about-us/>. Acesso em: 09 de nov 2018.

GELTNER, David. Commercial real estate. In: A Companion to Urban Economics.


Malden: Blackwell Plublishing. p. 211-227, 2006.

DUKES, Anthony; LIU, Lin. Online shopping intermediaries: The strategic design
of search environments. Management Science, Catonsville, v. 62, n. 4, p. 1064-
1077, 2015.

KESTENBAUM, Richard. What are online marketplaces and what is their future?
2017. Disponível em: <https://goo.gl/LuTFrB>. Acesso em: 16 de ago 2018.

INVESTOPEDIA. Commercial Real Estate. 2018. Disponível em: <https://www.


investopedia.com/terms/c/commercialrealestate.asp>. Acesso em: 14 de ago
2018

OXFORD Dictionaries. Definition of Marketplace. 2018. Disponível em: <https://


en.oxforddictionaries.com/definition/building>. Acesso em: 16 de ago 2018.

159
6.5 Living Lab

Fonte: REYES, Alvaro. Two men using computer and laptop. 2018. Disponível em: <https://un-
splash.com/photos/fSWOVc3e06w>. Acesso em: 06 dez 2018

Conceito

Em meados de 2003 o professor da universidade americana Massa-

chusetts Institute of Technology (MIT), Willian Mitchell, introduziu o conceito de

Living Lab para o mundo (GALLI, 2010). Existem diversas formas de se definir

um Living Lab, entretanto todas abordam que um Living Lab é um habitat de

160 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


inovação aberta onde empresas privadas, pessoas, academia e setor público

colaboram no desenvolvimento e validação de soluções (PALLOT, 2010; ALMI-

RALL; WAREHAM, 2011; MAZZUCO; TEIXEIRA, 2017). Os produtos e serviços

são testados em um contexto real, como, por exemplo, a própria cidade. Quanto

à inovação aberta, considera-se toda forma de incorporação de conhecimen-

tos externos à uma empresa para o desenvolvimento de um produto ou serviço

(CHESBROUGH, 2003). Assim, os desafios são colocados e os testes em am-

biente real podem ser desenvolvidos para se ter desta forma a validação das

soluções.

Motivação

Os principais objetivos consistem em explorar novas ideias e con-

ceitos, experimentar novos artefatos e avaliar cenários inovadores que possam

ser transformados em inovações de sucesso (PALLOT, 2010). Nem sempre a

validação interna dentro das empresas é o suficiente. Por essa razão, elas re-

correm aos Living Labs. O Living Lab é um meio para empresas e indivíduos

que desejam validar os seus produtos e serviços com o público alvo antes do

lançamento no mercado. Ele atua, principalmente, na lacuna existente entre a

pesquisa fundamental e a comercialização dessas soluções (ALMIRALL; WA-

REHAM, 2008; ALMIRALL; WAREHAM, 2011).

Case de inspiração

Quem desenvolve: European Network of Living Labs (EnoLL).


Como desenvolve: A European Network of Living Labs (EnoLL) foi fundada

161
em novembro de 2006 com intuito de organizar e promover o compartilhamento

de informações. Uma federação internacional é composta por Living Labs não

só na Europa, mas também no Brasil, África do Sul, Moçambique, China, Taiwan

e outros. Desde o início da EnoLL em 2006, 409 Living Labs foram reconhecidos.

Entre eles, atualmente apenas 150 são membros ativos da rede EnoLL. (EURO-

PEAN NETWORK OF LIVING LABS, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Internacionalmente.

Referências

ALMIRALL, Esteve; WAREHAM, Jonathan. Living labs and open innovation: Ro-
les and applicability. eJOV: The Electronic Journal for Virtual Organization & Ne-
tworks, [s.l.], v. 10, n, 1, p. 22-46, 2008.

ALMIRALL, Esteve; WAREHAM, Jonathan. Living Labs: arbiters of mid-and grou-


nd-level innovation. Technology Analysis & Strategic Management, [s.l.], v. 23,
n. 1, p. 87-102, 2011.

CHESBROUGH, Henry William. Open Innovation: the new imperative for creating
and profiting from technology. Boston: Harvard Business Press, 2003.

EUROPEAN NETWORK OF LIVING LABS (EnoLL). About Us. 2018. Disponível em:
<https://enoll.org/about-us/>. Acesso em: 14 de ago 2018.

GALLI, Luca. In Memorian: Willian Mitchell. 2010. Disponível em: <http://blog.


lgalli.com/inmemoriam-william-mitchell/>. Acesso em: 14 de ago 2018.

MAZZUCO, Eduardo; TEIXEIRA, Clarissa Stefani. Living Labs: Intermediários da


Inovação. REAVI-Revista Eletrônica do Alto Vale do Itajaí, Florianópolis, v. 6, n.
9, p. 87-97, 2017.

162 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


PALLOT, Marc; TROUSSE, Brigitte; SENACH, Bernard; SCAPIN, Dominique. Living
lab research landscape: From user centred design and user experience towards
user cocreation. HAL archives-ouvertes, Paris, v.1, n.1, p. 1-11, 2010.

163
7. SETORES
7. SETORES

7.1 Agenda Tecnológica

Fonte: RAWPIXEL. Calendar. 2018. Disponível em:


<https://images.unsplash.com/photo-1529910173308-89b53ef12f55?ixlib=rb-1.2.1&ix-
id=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=1069&q=80>. Acesso em: 05 dez.
2018.

Conceito

Uma agenda pode ser compreendida como uma lista de objetivos

ou possíveis realizações futuras. Assim, se refere a assuntos que precisam

ser tratados (CAMBRIDGE DICTIONARY, 2020). Uma agenda decisória é um

164 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


conjunto de problemas, demandas, assuntos que os que governam selecionam

e classificam como objetos sobre os quais decidem que vão atuar (DAGNINO,

2007). Por sua vez, a definição de determinadas tecnologias que irão fazer parte

de uma agenda comum é chamada de agenda tecnológica (BASSI; SILVA; LEIS,

2012).

Motivação

A definição de uma agenda tecnológica permite aos decisores uma

tomada de decisão inteligente por meio da priorização de tecnologias que es-

tão localizadas em setores estratégicos de atuação. Pode ser utilizada como

um instrumento político para elaboração de projetos específicos que visam o

desenvolvimento tecnológico e a promoção da inovação em temas relevantes

e estratégicos para o governo evitando esforços dispendiosos em áreas não

prioritárias (BASSI; SILVA; LEIS, 2012; ABIMO, 2014).

Case de inspiração

Quem desenvolve: Comissão Europeia.


Como desenvolve: A Comissão Europeia por meio do programa de Espe-
cialização Inteligente definiu uma agenda tecnológica chamada Key Enabling

Technologies (KETs), em tradução livre, Tecnologias Facilitadoras Essenciais.

Segundo a Comissão Europeia (2020) as KETs são essenciais para o reforço da

capacidade da Europa de renovação e inovação industrial. As KETs sustentam a

competitividade global da economia europeia; são um meio de enfrentar gran-

des desafios sociais; facilitam um caminho para novos produtos e serviços que

165
levam ao crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. As tecnologias que

fazem parte da agenda são: nanotecnologia; micro e nano eletrônica, incluindo

semicondutores; materiais avançados; fotônica; biotecnologia industrial; e, sis-

temas de manufatura avançada.

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: União Europeia.

Referências

ABIMO. 4º CIMES debate sobre a agenda tecnológica setorial. 2014. Disponível


em: <https://abimo.org.br/noticias/4o-cimes-debate-sobre-a-agenda-tecno-
logica-setorial/>. Acesso em: 29 de ago 2020.

BASSI, N. S. S.; SILVA, C. L.; LEIS, F. L. A definição da agenda de pesquisa em


ciência,Tecnologia e Inovação no Brasil: o caso da Embrapa e da Fiocruz.
[Anais…]. In: IX JORNADAS LATINOAMERICANAS DE ESTUDIOS SOCIALES DE
LA CIENCIA Y LA TECNOLOGÍA, Ciudad de México, 2012.

CAMBRIDGE DICTIONARY. Agenda. 2020. Disponível em: <https://dictionary.


cambridge.org/pt/dicionario/ingles/agenda>. Acesso em: 29 de ago 2020.

DAGNINO, R. AS PERSPECTIVAS DA POLÍTICA DE C&T. Ciência e Cultura, v. 59,


n. 4, 2007.

166 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


7.2 Clusters

Fonte: GALLOWAY, Callum. Pairs buildings. 2018. Disponível em:


<https://images.unsplash.com/photo-1493439735625-188c61ec0cdc?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJh-
cHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=1050&q=80>. Acesso em: 05 dez. 2018.

Conceito

O pensamento tradicional sobre gestão de inovação se concentra

quase exclusivamente nos fatores internos, as capacidade e processos dentro

das empresas para criar e comercializar tecnologia. A importância desses fato-

res é inegável, porém, o ambiente externo é no mínimo tão importante quanto.

167
A localização geográfica de uma empresa é um dos exemplos, já que

as empresas precisam constantemente ampliar suas redes de contato e apoio

para desenvolver e comercializar inovação no mesmo ambiente de outras em-

presas (PORTER; STERN, 2001). É nesse contexto que surge o conceito de clus-

ter, uma concentração de empresas que prosperam por causa de sua interação,

seja por meio de concorrência ou cooperação, seja por servirem como fornece-

dores ou clientes na cadeia de valor (PADMORE; GIBSON, 1998).

Para Porter (1998) clusters são concentrações geográficas tanto

de organizações quanto de instituições de um determinado setor que abran-

gem uma rede de indústrias inter-relacionadas bem como outras entidades

importantes para a existência de um fator competitivo. Estas concentrações

comumente incluem uma série de benefícios que vão além da proximidade de

empresas do mesmo setor, como fornecedores específicos, recursos humanos

capacitados, recursos financeiros, provedores de serviço e infraestrutura espe-

cializada. Muitas vezes estes locais incluem também órgãos governamentais,

associações comerciais e universidades para o desenvolvimento de projetos

como as empresas, bem como prestar apoio às mesmas.

Cluster é um aglomerado econômico constituído por empresas insta-

ladas em um mesmo local, apoiadas por outras que disponibilizam de serviços

e produtos além de instituições que oferecem profissionais qualificados. Todas

essas entidades interagem entre si, tornando o ambiente mais propício para

negócios e as empresas mais competitivas. O objetivo de um cluster é a am-

pliação da capacidade produtiva e a promoção do desenvolvimento econômico,

ambiental e social da região (NETO LOPES, 1998; HADDAD et al. 1999).

168 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Motivação

Estar em um cluster é muito mais vantajoso para uma empresa do

que se concentrar em uma indústria individual, já que estes aglomerados ofe-

recem vantagens potenciais tanto na percepção da necessidade de inovação

quanto na de oportunidades. Uma empresa instalada dentro de um cluster pode

obter mais rapidamente novos componentes, serviços, maquinários dentre ou-

tros elementos necessários para desenvolver inovações. Fornecedores e par-

ceiros locais podem e se envolvem no processo de inovação. Essas relações de

interação são mais facilmente encontradas e acessadas em cluster, facilitando

assim os processos das empresas instaladas (PORTER, 2001).

Case de inspiração

Quem desenvolve: 22@Barcelona.


Como desenvolve: O distrito criou cinco clusters urbanos, são eles: mídia,
tecnologia da informação e comunicação, tecnologias médicas, energia e de-

sign. O objetivo foi aproximar tanto geograficamente quanto incentivar a cola-

boração das empresas de cada setor. O distrito criou uma série de programas

transversais para facilitar essa aproximação como: uma política exclusiva para

os clusters, marketing, serviços para as empresas, incubadoras, programa de

internacionalização dentre outros (AJUNTAMENT DE BARCELONA, 2009).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Espanha.

169
Referências

AJUNTAMENT DE BARCELONA. 22@ Barcelona, el distrito de la innovació.


2009. Disponível em: <https://bcnroc.ajuntament.barcelona.cat/jspui/bitstre-
am/11703/86908/1/3214.pdf>. Acesso em: 25 de ago 2018.

HADDAD, Paulo. A competitividade do agronegócio e o desenvolvimento regio-


nal no Brasil: estudo de clusters. Brasília: CNPQ/Embrapa, 1999. Disponível em:
<https://www.bdpa.cnptia.embrapa.br/consulta/busca?b=ad&id=293456&bi-
blioteca=CPACT&busca=autoria:%22%22&qFacets=autoria:%22%22&sort=&pa-
ginacao=t&paginaAtual=357>. Acesso em: 25 de ago 2018.

LOPES NETO, A. O que é o cluster? Fortaleza: Instituto de Planejamento do Ce-


ará, 1998.

PADMORE, T.; GIBSON, H. Modelling systems of innovation: a framework for in-


dustrial cluster analysis in regions. Research policy, [s.l.], v. 26, n. 6, p. 625-641,
1998.

PORTER, Michael Eugene. Clusters and the new economics of competition. Bos-
ton: Harvard Business Review, 1998.

PORTER, Michael Eugene; STERN, Scott. Location matters. MIT Sloan Manage-
ment Review, Cambridge, v. 42, n. 4, p. 28-36, 2001.

170 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


7.3 Projetos

Fonte: RAWPIXEL. Projects. 2018. Disponível em:


<https://images.unsplash.com/photo-1519893578517-3252b77e8fdf?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJh-
cHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=1049&q=80>. Acesso em: 05 dez. 2018.

Conceito

A humanidade tem experimentado uma dinâmica de mudanças,

transformações e uso de tecnologias cada vez mais rápido e intenso. Essa

dinâmica tem acontecido também no ambiente organizacional. O mundo dos

negócios demanda evoluções, exigindo ações imediatas e inovadoras dos em-

171
preendedores para acompanhar o mercado (RUSSO; SBRAGIA, 2007). O concei-

to de projeto abrange diversos fatores como a individualidade, sendo que cada

projeto é singular (ALBERTIN, 2001; SABBAG, 2017).

As estratégias das organizações são convertidas em projetos a se-

rem realizados, não somente com a mudança do seu portfólio de produtos, mas

também como tática de reposicionamento de mercado ou ainda quando deseja

obter vantagem competitiva. Os projetos cooperativos, entre setores de uma

mesma organização e entre organizações, aumentam as chances de sucesso,

bem como a compartilhamento de recursos (ALBERTIN, 2001; SABBAG, 2017).

Motivação

Para desempenhar as mudanças necessárias e se manterem com-

petitivas, as organizações geralmente desenvolvem projetos, diferentemente

das operações que tem como característica principal serem contínuas e repe-

titivas. Os projetos são temporários e únicos, visando o desenvolvimento de

um novo produto, serviço ou alguma mudança operacional (KERZNER, 1995).

Há projetos espalhados entre os diversos setores das organizações, inclusive

projetos desenvolvidos entre os setores em caráter cooperativo, quanto mais

empreendedora a organização maior e mais ambiciosa será o número de proje-

tos desenvolvidos na mesma. O desenvolvimento de projetos está diretamente

interligado com a capacidade empreendedora da empresa e com a sua compe-

titividade perante o mercado (SABBAG, 2017).

172 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Case de inspiração

Quem desenvolve: BASF.


Como desenvolve: Em projeto específico, no início dos anos 2000 a multina-
cional alemã BASF por meio da subsidiária brasileira Suvinil buscava formas de

reduzir seus custos de produção. Para isso iniciou o projeto PET, que utiliza ma-

terial plástico reciclável da própria empresa e de fornecedores para produzir um

de seus produtos, a resina alquídica. A empresa foi pioneira na produção de re-

sina alquídica usando material reciclável (GIOVANNINI; KRUGLIANSKAS, 2008).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Brasil.

Referências

ALBERTIN, Alberto Luiz. Valor estratégico dos projetos de tecnologia de infor-


mação. Revista de Administração de Empresas, v. 41, n. 3, p. 42-50, 2001.

GIOVANNINI, Fabrizio; KRUGLIANSKAS, Isak. Critical success factors for the


creation of an innovative sustainable recycling project: a case study. Revista de
Administração Contemporânea, v. 12, n. 4, p. 931-951, 2008.

RUSSO, Rosária de Fátima Segger Macri; SBRAGIA, Roberto. Tendência empre-


endedora do gerente: uma análise de sua relevância para o sucesso de projetos
inovadores. Gestão & Produção, v. 14, n. 3, p. 581-593, 2007.

SABBAG, Paulo Yazigi. Gerenciamento de projetos e empreendedorismo. São


Paulo: Editora Saraiva, 2017.

173
7.4 Governança

Fonte: RAWPIXEL. Unit. 2018. Disponível em:


<https://images.unsplash.com/photo-1521189510502-3dbdb40d8bc0?ixlib=rb-1.2.1&ixid=ey-
JhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=1049&q=80>. Acesso em: 06 dez. 2018.

Conceito

O conceito de governança é bem amplo, sendo utilizado tanto pela

esfera pública (DINIZ, 1995) quanto pelos setores privados (GONÇALVES, 2005).

Porém, com uma perspectiva mais ampla, governança é uma ferramenta, um

conjunto de mecanismos e processos que instituições utilizam para articular

174 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


seus interesses, internamente ou externamente interagindo com outros agentes

(HERNÁNDEZ, 2005).

Para conseguir inovar é necessário envolver e interagir com diversos

agentes. O conceito de inovação está direcionado ao conceito de competitivi-

dade quando se fala do progresso e desenvolvimento de um país, bem como

no sucesso e crescimento de organizações, desenvolvimento e oferta de novos

produtos e incentivo ao empreendedorismo. Um dos modelos de interação que

ao mesmo tempo estimula e integra diversos agentes no processo de inova-

ção é o modelo da tríplice hélice. Quando aplicado dentro das organizações,

o modelo da tríplice hélice busca potencializar as estratégias de negócios dos

envolvidos, aprimorar produtos e conquistar vantagem competitiva. Este mo-

delo é caracterizado pelas múltiplas interações entre as hélices, universidade,

governo e empresa com o objetivo de estimular a inovação entre as mesmas

(ETZKOWITZ, 2009; PAULA et al., 2013). De forma mais contemporânea já se

fala em outras hélices do ecossistema e para sua organização e operação são

necessárias ações de governança.

Motivação

A partir da revolução tecnológica da informação e sistemas de co-

municação, a proximidade aumentou entre as instituições, formando redes e

fóruns que elaboram e debatem novos paradigmas de relacionamento entre os

âmbitos locais, nacionais e globais (ETZKOWITZ, 2005; SOUZA et al., 2018). A

organização dessas redes e forúns perpassa a necessidade de uma orquestra-

ção ou ainda de uma governança que permite que esforços sejam maximizados

em um movimento colaborativo de diversos e diferentes atores.

175
Case de inspiração

Quem desenvolve: Ciudad del Saber.


Como desenvolve: O ambiente da Ciudad del Saber conta com a presença
de agentes da tríplice hélice, sendo 32 instituições acadêmicas representando

a universidade, sedes do Ministério da Educação e Ministério de Relações Ex-

teriores representando a hélice governamental e diversas empresas privadas

instaladas representando âmbito organizacional. As três hélices interagem e

produzem sinergia por meio do desenvolvimento de projetos comuns (SOUZA et

al., 2018) fazendo assim a governança de ações de diversos setores.

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Panamá.

Referências

DINIZ, Eli. Governabilidade, democracia e reforma do Estado: os desafios da


construção de uma nova ordem no Brasil dos anos 90. Estado e Sociedade,
Brasília, v.38, n.3, p.385-416, 1995.

ETZKOWITZ, Henry. Reconstrução Criativa: hélice tripla e inovação regional. Re-


vista Inteligência Empresarial, [s.l.], v. 2, n. 23, p. 2-13, 2005.

ETZKOWITZ, Henry. Hélice tríplice: universidade-indústria-governo inovação


em movimento. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009.

GONÇALVES, Alcindo. O conceito de governança. In: XIV ENCONTRO NACIONAL


DO CONPEDI, 14., Anais... 2005. Disponível em: <https://social.stoa.usp.br/arti-
cles/0016/1432/GovernanA_a100913.pdf>. Acesso em: 29 de ago 2018.

176 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


HERNÁNDEZ, Rafael Grasa. Instituciones para una cooperación al desarrollo de
calidad: aclaraciones y propuestas iniciales. Revista CIDOB D’afers Internacio-
nals, Bracelona, v. 1, n.72, p. 85-95, 2005.

PAULA, Roberta Manfron de; FERREIRA, Marco Flávio; SILVA, José Sérgio da;
FARIA; Matheus Machado de. Aplicação do modelo hélice tríplice para incenti-
var o processo de inovação: a experiência da empresa Prática Produtos S/A. In:
CONGRESSO LATINO-IBERO-AMERICANA DE GESTÃO DE TECNOLOGIA. Anais...
2013. Disponível em: <http://www.altec2013.org/programme_pdf/1236.pdf>.
Acesso em: 25 de ago 2018.

SOUZA, João Vitor Tibincovski de; GASPAR, Jadhi Vincki; RAMOS, Danielle Nu-
nes; TEIXEIRA, Clarissa Stefani. Cidade do conhecimento: análise do case do
Panamá com a Ciudad del Saber. Revista Produção em Foco, Joinville, v. 8, n.
1, p. 60-74, 2018.

177
7.5 Intersetorial

Fonte: SNAPS, Banter. Japan. 2018. Disponível em:


<https://images.unsplash.com/photo-1490974490321-81ee04915455?ixlib=rb-1.2.1&ixid=ey-
JhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=634&q=80>. Disponível em:

Conceito

A inovação é atribuída como ferramenta essencial no desenvolvimen-

to de um país e é crescente o número de empresas que utilizam a inovação para

elevar seu grau de competitividade e sobreviver em um mercado em constante

mudança. Para buscar essa maior vantagem competitiva, as organizações têm

178 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


procurado se relacionar com outros atores, incluindo outras empresas, com o

objetivo de alcançar objetivos comuns (KATO et al., 2009).

Nas últimas décadas, colaborações intersetoriais tornaram-se um

veículo amplamente adotado pelas empresas e também pela sociedade para

trabalhar em conjunto. Esse tipo de parceria tem se tornado cada vez mais co-

muns em áreas como educação, saúde, meio ambiente, desenvolvimento co-

munitário e econômico, artes e segurança pública, também podendo ocorrer

entre os três principais setores institucionais da sociedade, governo, empresas

e setor civil. As colaborações intersetoriais promovem o compartilhamento de

responsabilidades e ganhos (ARANGUREN; MAGRO; NAVARRO, 2011).

Googins e Rochlin (2000) estabelecem que o termo intersetorial é a

combinação de setores que facilitam o desenvolvimento de ideias inovadoras

para novos produtos e serviços. Sendo assim, a cooperação transetorial (ou

colaboração entre clusters) é um dos mecanismos utilizados entre organiza-

ções para gerar ideias e novas aplicações inovadoras, resultando em soluções

integradas.

Motivação

A sociedade contemporânea sofre constante dinamismo, provocando

diversas mudanças no cenário organizacional e exigindo que as organizações

se adaptem. As organizações precisam diminuir as fronteiras empresariais e

interagirem entre si para manter competitividade e agir estrategicamente no

ambiente de negócios. Nesse sentido, as parcerias intersetoriais são meca-

nismos utilizados por empresas para maximizar seus objetivos, contribuindo e

acelerando o processo inovador na busca de aumentar o desenvolvimento cien-

tífico e tecnológico entre as empresas (KATO et al., 2009; ARANGUREN; MAGRO;

NAVARRO, 2011).

179
Case de inspiração

Quem desenvolve: Honda e GM (Chevrolet).


Como desenvolve: Por meio de uma joint venture cujo objetivo é unir recur-
sos e tecnologias para co-desenvolver uma nova bateria para carros elétricos.

As duas empresas uniram suas equipes de desenvolvimento e compartilharam

propriedade intelectual sobre células de combustível de hidrogênio para cria-

rem uma solução comercial mais acessível de bateria. Além disso, irão investir

igualmente $85 milhões de dólares ao longo do projeto e criar cerca de 100

novos empregos (ELSEVIER, 2017).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Estados Unidos.

Referências

ARANGUREN, Mari Jose; MAGRO, Edurne; NAVARRO, Mikel. Smart specialisation


strategies: the case of the Basque country. Basque Institute of Competitiveness,
v. 1, n. 7, p. 1-24, 2011.

ELSEVIER. General Motors and Honda to set up joint fuel cell system production
in Michigan. Fuel Cells Bulletin, [s.l.]. v. 17, n. 2. P. 8-9, 2017. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S146428591730086X>.
Acesso em: 16 de ago 2018.

GOOGINS, Bradley; ROCHLIN, Steven. Creating the partnership society: unders-


tanding the rhetoric and reality of cross‐sectoral partnerships. Business and
Society Review, Waltham, v. 105, n. 1, p. 127-144, 2000.

180 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


KATO, Erika Mayumi; GOBARA, Caio; ROSSONI, Luciano; CUNHA, Sieglinde Kin-
dl da. Padrões de cooperação tecnológica entre setores na indústria brasileira:
uma análise quantitativa dos dados da pintec 2001-2003. RAI-Revista de Admi-
nistração e Inovação, [s.l.], v. 5, n. 3, p. 126-140, 2009.

181
8. SOCIEDADE
8. SOCIEDADE

8.1 Novas Gerações

Fonte: KOLODA, Vasily. Group of fresh graduates students throwing their academic hat in
the air. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/8CqDvPuo_kI>. Acesso em: 06
dez 2018.

Conceito

Uma geração é representada pelas pessoas que nasceram e vive-

ram mais ou menos na mesma época, consideradas coletivamente. Alguns

182 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


autores registram que uma geração dura, em média, 30 anos (PARRY; URWIN,

2011; OXFORD, 2018). As gerações sociais são todo o conjunto de pessoas

nascidas no mesmo período e que compartilham experiências culturais seme-

lhantes. A ideia de uma geração social, no sentido em que é usada hoje, ganhou

força no século XIX (TOURINE, 1952; ROBERT, 1979).

A partir do final do século XIX as gerações foram sendo classificadas

a partir das características e acontecimentos da época em que viveram (RO-

BERT, 1979). Desde 1883, já existiram as gerações: Geração Perdida, Geração

Grandiosa, Geração Silenciosa, Baby Boomers, Geração X, Geração Y e, uma das

mais famosas e a mais atual, a Geração Z. A Geração Z é representada pelas

pessoas nascidas entre 1990 e 2010 e é caracterizada por ser muito conecta-

da às tecnologias digitais, compartilhamento digital de arquivos e à internet

(PRENSKY, 2001; TURNER, 2015; FERNÁNDEZ-CRUZ; FERNÁNDEZ-DÍAZ, 2016).

Nenhuma geração demonstrou um nível de proficiência ou conforto com a tec-

nologia em uma idade tão precoce quanto a Geração Z (PRENSKY, 2001; TUR-

NER, 2015). O impacto da tecnologia sobre esta e as gerações subsequentes,

tanto positivas como negativas, será importante para elas (PALLEY, 2012). Por-

tanto o estímulo ao melhor uso das tecnologias e estímulo de criatividade por

meio da incorporação de conteúdos ligados a tecnologia e ao empreendedoris-

mo, em escolas por exemplo, faz com que a Geração Z seja melhor aproveitada

e tenha maior conexão com o mundo do empreendedorismo.

Motivação

Toronto (2009) e Bers (2010) mostram o quanto o avanço tecnológico

auxiliou e auxilia na facilidade de se obter informações. Toronto (2009) também

ressaltou como a inundação de informações e recursos alterou a forma como

183
as pessoas conduzem negócios, mantêm contatos, se relacionam como seres

humanos e acessam informações de maneira rápida e eficiente. Bers (2010)

levanta o ponto que os computadores podem ser usados de maneiras positivas

como fornecer uma oportunidade para conhecer novas pessoas, manter conta-

to com familiares e amigos em todo o mundo, aprender coisas novas, conhecer

novas tecnologias, etc.

Turner (2015) concorda que as tecnologias são um ponto importante

para se conectar com as pessoas da Geração Z. Entretanto, salienta que é im-

portante tomar cuidado para nunca deixar de estimular o aprendizado por meio

das mesmas. Os professores estão usando recursos tecnológicos para me-

lhorar as experiências de aprendizado em sala de aula (XIAOQING; YUANKUN;

XIAOFENG, 2013). Assim, estão estimulando o aprendizado dos jovens da Ge-

ração Z e conectando-os com o mundo em que se sentem mais confortáveis e

possuem mais domínio.

Case de inspiração

Quem desenvolve: Governo do município de Odder na Dinamarca.


Como desenvolve: Os tablets são usados por professores, alunos e diretores
de escolas em Odder, município na Dinamarca, pois todas as escolas da re-

gião acreditam que um ambiente aberto, tolerante e criativo é necessário para

o aprendizado. O governo disponibiliza estrutura tecnológica, em quase todas

as salas de aula, para alunos de seis a 16 anos. No ano de 2012 o governo do

município elaborou uma estratégia para as escolas públicas em que o objetivo

era criar ambientes de aprendizagem variados e desafiadores por meio de ferra-

mentas digitais no ensino. As escolas locais queriam encontrar uma maneira de

acompanhar os desenvolvimentos da sociedade em constante mudança. Eles

184 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


escolheram fazer isso introduzindo o mundo digital na sala de aula (BATEMAN,

2013; JAHNKE; NORQVIST; OLSSON, 2013).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Dinamarca.

Referências

BATEMAN, Kayleigh. Case study: how technology has transformed education in


Denmark. 2013. Disponível em: <https://goo.gl/E4iTj5>. Acesso em: 23 de ago
2018.

FERNÁNDEZ-CRUZ, Francisco-José; FERNÁNDEZ-DÍAZ, Mª-José. Los docen-


tes de la Generación Z y sus competencias digitales. Comunicar, [s.l.], v. 24, n.
46, p. 97-105, 2016.

JAHNKE, Isa; NORQVIST, Lars; OLSSON, Andreas. New Ways of Teaching Using
Media Tablets: Lessons learned from Odder. Umeå: Umeå University, 2013

OXFORD, Dictionaries. Definition of Generation. 2018. Disponível em: <https://


en.oxforddictionaries.com/definition/generation>. Acesso em: 22 de ago 2018.

PALLEY, Will. Gen Z: Digital in their DNA. New York: JWT Intelligence, 2012.

PARRY, Emma; URWIN, Peter. Generational differences in work values: a review


of theory and evidence. International Journal of Management Reviews, [s.l.], v.
13, n. 1, p. 79-96, 2011.

PRENSKY, Marc. Digital natives, digital immigrants part 1. On the Horizon, [s.l.],
v. 9, n. 5, p. 1-6, 2001.

185
WOHL, Robert. The generation of 1914. Boston: Harvard University Press. 1979.

TOURAINE, Alan. Essays on the sociology of knowledge. L’Année sociologique,


[s.l.], v.1, n. 6, p. 251-256, 1952.

TURNER, Anthony. Generation Z: technology and social interest. The Journal of


Individual Psychology, [s.l.], v. 71, n. 2, p. 103-113, 2015.

XIAOQING, Gu; YUANKUN, Zhu; XIAOFENG, Guo. Meeting the” Digital Natives”:
understanding the acceptance of technology in classrooms. Journal of Educa-
tional Technology & Society, [s.l.], v. 16, n. 1, p. 392-402, 2013.

186 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


8.2 Famílias

Fonte: DUMMER, Alexander. Two babies and woman sitting on sofa while holding baby and
watching on tablet. 2018. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/UH-xs-FizTk>. Acesso
em: 06 dez 2018.

Conceito

No contexto da sociedade, uma família é um grupo de pessoas re-

lacionadas tanto por sangue quanto pela afinidade, ou seja, pelo casamento

ou outro relacionamento. Assim, determinam-se como os membros da família

imediata, geralmente, os cônjuges, pais, irmãos, irmãs, filhos e filhas (SHYAM;

187
KHAN, 2009; OXFORD, 2018). Uma das funções primárias da família envolve

fornecer uma estrutura para a formação de indivíduos, biologicamente e so-

cialmente falando (SCHNEIDER, 1984). Portanto, na maioria das sociedades,

a família é a principal instituição para a formação e orientação das crianças,

moldando e lapidando as mesmas para adentrarem na sociedade e se tornarem

independentes (MURDOCK, 1965; SHYAM; KHAN, 2009; RUSSON, 2010). Assim,

os atores do ecossistema podem criar programas de orientação dirigidos aos

pais de jovens e crianças com potenciais inovadores e empreendedores, a fim

de que tenham capacidade para dar suporte ao desenvolvimento de seus filhos.

Desta forma, no futuro haverá uma geração de inovadores e empreendedores

mais preparados do que as já conhecidas.

Motivação

Os pais, no olhar das crianças, são os representantes que conduzem

a formação dos fatores emocional e de personalidade, além de trazerem saúde,

felicidade e gerarem um olhar positivo sobre o mundo (SHYAM; KHAN, 2009).

A partir disso, a proximidade entre pais e filhos é importante para o futuro das

crianças, podendo servir como incentivo para a carreira que querem seguir. En-

tão, os programas de orientação para pais, disponibilizados pelo ecossistema

de inovação, faz com que as famílias se envolvam no contexto da inovação e do

empreendedorismo e no próprio espaço de apoio como os habitats de inovação.

Isso deve gerar uma maior conexão entre pais e filhos, revertendo em maior

engajamento e motivação para os jovens empreendedores.

188 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Case de inspiração

Quem desenvolve: Rede de Bibliotecas da Fundação EPM.


Como desenvolve: Medellín é exemplo nas áreas de educação e cultura. Em
2006, a partir de um acordo, o governo metropolitano permitiu a criação da Rede

de Bibliotecas da Fundação Empresas Públicas de Medellín (EPM). Essa rede é

responsável pelo início de uma grande parceria que criou bibliotecas e reuniu as

já existentes em um grupo de mais de 115 bibliotecas públicas na província de

Antioquia, sendo 33 só na cidade de Medellín. Além disso, possui um conjunto

de serviços, conteúdos digitais e eventos sociais que favorecem a apropriação

social do conhecimento, a alfabetização e a inclusão digital, para as comunida-

des e famílias (RED DE BIBLIOTECAS, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Colômbia.

Referências

HERBERT, Martin; HOLLIN, Clive R. Clinical child psychology: social learning, de-
velopment and behaviour. New York: Wiley, 1991.

MURDOCK, George Peter. Social structure. New York: Free Press, 1965.

OXFORD Dictionaries. Definition of Family. 2018. Disponível em: <https://en.ox-


forddictionaries.com/definition/family>. Acesso em: 27 de ago 2018.

RED DE BIBLIOTECAS. Quién somos. 2018. Disponível em: <http://reddebiblio-


tecas.org.co/quienes-somos>. Acesso em: 14 de set 2018.

189
RUSSON, John. Human experience: philosophy, neurosis, and the elements of
everyday life. New York: SUNY Press, 2010.

SCHNEIDER, David Murray. A Critique of the study of kinship. Ann Arbor: The
University of Michigan Press, 1984.

SHYAM, Radhey; KHAN, Azizuddin. Clinical child psychology. New Delhi: Gyan
Publishing House, 2009.

190 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


8.3 Terceira Idade

Fonte: VESA, Val. Two man playing chess in shallow focus lens. 2018. Disponível em: <https://
unsplash.com/photos/P0F_zH39qhs>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

A exclusão digital ou divisão digital é uma desigualdade econômica

e social no que diz respeito ao acesso, utilização ou impacto das tecnologias

da informação e comunicação (TIC). Essa divisão, geralmente relacionada a

indivíduos, acontece por conta da diferença entre níveis socioeconômicos ou

categorias demográficas, como a idade, por exemplo (HARGITTAI, 2003; MOS-

191
SBERGER; TOLBERT; STANSBURY, 2003). Bez, Pasqualotti e Passerino (2006)

afirmam que a tecnologia atinge com diferente intensidade dentro de uma famí-

lia, sendo assim os mais velhos tendem a ficar mais excluídos digitalmente por

conta da dificuldade de manuseio.

Barbosa, Cheiran, Vieira (2008) e Franco (2015) afirmam que é funda-

mental o fornecimento de cursos de inclusão digital para que a distância entre

aqueles que dominam a tecnologia e os que a desconhecem diminua. Isso faz

com que a parcela da população com menor domínio da tecnologia possa se

sentir mais incluída socialmente e realizar tarefas de forma digital (BEZ; PAS-

QUALOTTI; PASSERINO, 2006). Essa função pode ser expandida também a in-

corporação das práticas de habitats de inovação ou ainda por empresas, por

estarem ligados fortemente com tecnologia e inovação.

Motivação

Conforme apresentado por Hilbert (2014), a divisão digital tem ficado

cada vez menor, ou seja, a taxa de desigualdade tem caído aos poucos. Entre-

tanto, o problema ainda não foi resolvido. Pessoas com menos instrução digital

ou até mesmo sem acesso às tecnologias digitais ficam desprivilegiadas de

informações, conhecimentos e comunicação (HARGITTAI, 2003; MOSSBERGER;

TOLBERT; STANSBURY, 2003; BEZ; PASQUALOTTI; PASSERINO, 2006; FRANCO,

2015).

Franco (2015) mostrou que a inclusão digital das pessoas de terceira

idade traz benefícios para a vida das mesmas. Idosos adquirirem confiança,

auto estima, conhecimento e maior facilidade de acesso às informações. Bez,

Pasqualotti e Passerino (2006) e Franco (2015) ainda salientam que o aces-

so da terceira idade no meio digital possibilita a manutenção de seus papéis

192 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


sociais, aumenta a sua autonomia, cria acesso a uma sociedade dinâmica e

complexa e mantém a mente ativa.

Por isso, o ecossistema de inovação, por meio de seus diversos ato-

res, pode abrir programas que envolvam a terceira idade. Os programas ensi-

nam sobre tecnologia, inovação, serviços que podem ser feitos pela internet e,

como consequência, incluem digitalmente os mais idosos. Além de todos os

benefícios citados, estes programas podem envolver a participação de jovens e

crianças para que se crie uma maior conexão entre as gerações.

Case de inspiração

Quem desenvolve: Feevale no Brasil.


Como desenvolve: A universidade Feevale já possui programas com a tercei-
ra idade desde abril de 1993, a fim de gerar a participação cidadã da população

idosa e trazer maior qualidade de vida. Entretanto, a universidade identificou

a necessidade de iniciar um programa para ensinar informática básica e que

se consolidou em 1997. A proposta inicial foi evoluindo para a construção de

um projeto que envolve, também, os interesses dos idosos (BEZ; PASQUALOT-

TI; PASSERINO, 2006). O curso visa proporcionar um tratamento diferenciado

para aqueles que têm pouco conhecimento de informática. A proposta aborda

conhecimentos sobre o ensino do que é o computador e ensino de Windows.

Nas ações podem ser encontradas práticas para a criação de apresentações

animadas, acessar e navegar na internet, fazer pesquisas e downloads, entrar

em salas de bate-papo, visitar lojas virtuais e utilizar recursos comuns disponi-

bilizados pela internet para trabalho ou lazer (FEEVALE, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Brasil.

193
Referências

BARBOSA, Angelo Alexandre Marcelino; CHEIRAN, Jean Felipe Patikowski; VIEI-


RA, Maristela Compagnoni. Inclusão digital na terceira idade: avaliação de usa-
bilidade em sites de cadastro de correio eletrônico. RENOTE, [s.l.], v. 6, n. 1, p.
1-10, 2008.

BEZ, Maria Rosangela; PASQUALOTTI, Paulo Roberto; PASSERINO, Liliana Ma-


ria. Inclusão digital da terceira idade no centro Universitário Feevale. Anais do
Simpósio Brasileiro de Informática na Educação-SBIE, Brasília, p. 61-70. 2006.

FEEVALE. Informática para Melhor Idade. 2018. Disponível em: <https://www.


feevale.br/cursos-e-eventos/informatica-para-melhor-idade>. Acesso em: 28
de ago 2018.

FRANCO, Juliana Aparecida; DE SOUZA, Dércia Antunes. Inclusão Digital para


pessoas de terceira idade: A importância do acesso à informação. In: XII SIM-
PÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 12., Anais... 2015.

HARGITTAI, Eszter. The digital divide and what to do about it. New economy
handbook. San Diego: Elselvier, p. 821-839, 2003.

HILBERT, Martin. Technological information inequality as an incessantly moving


target: The redistribution of information and communication capacities between
1986 and 2010. Journal of the Association for Information Science and Techno-
logy, [s.l.], v. 65, n. 4, p. 821-835, 2014.

MOSSBERGER, Karen; TOLBERT, Caroline; STANSBURY, Mary. Virtual inequality:


beyond the digital divide. Washington: Georgetown University Press, 2003.

194 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


8.4 Associações e Atividades

Fonte: RAWPIXEL. Group of people wearing blue shirt taking groupie. 2018. Disponível em:
<https://unsplash.com/photos/SK74m0d1vxs>. Acesso em: 06 dez 2018.

Conceito

Uma organização ou associação sem fins lucrativos dedica-se, geral-

mente, para promover uma causa social específica e, normalmente, usando seu

excedente de receitas para atingir seu objetivo final. Eles podem operar em am-

bientes religiosos, científicos, de pesquisa, educacionais e até de inovação (CI-

CONTE; JACOB, 2011). As associações que pretendem ter algum envolvimento

195
com a inovação realizam a inovação social. As inovações sociais envolvem

novas estratégias, conceitos, ideias e organizações que visam atender às ne-

cessidades sociais resultantes das condições de trabalho, educação, desenvol-

vimento comunitário e saúde (MULGAN, 2006; MULGAN et al., 2007; MOULAERT,

2013). E, para facilitar a conexão entre os atores devem haver nós, conectando

diversos atores do ecossistema para que as inovações sociais sejam divulga-

das e as necessidades da sociedade sejam ouvidas.

Motivação

De acordo com Murray, Caulier-Grice e Mulgan (2010) as ferramentas

políticas do governo e as soluções de mercado não se mostraram adequadas

para resolver os problemas sociais. Acrescentam ainda que o mercado, por si

só, carece de incentivos e modelos apropriados para resolver muitos desses

problemas. Afirmam também que a sociedade civil em conjunto com institui-

ções de doação são os locais mais comuns de inovação social - em campa-

nhas, movimentos sociais, organizações não-governamentais (ONGs) e asso-

ciações.

Case de inspiração

Quem desenvolve: Social Good Brasil (SGB).


Como desenvolve: O Social Good Brasil tem como objetivo promover solu-
ções para problemas sociais por meio de tecnologias exponenciais. Este projeto

se dá por meio de programas, eventos e capacitações para protagonistas so-

ciais, empreendedores e organizações impulsionarem o impacto social de suas

196 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


ações, negócios e projetos para uma escala exponencial. Um dos destaques do

SGB é o evento que acontece anualmente para promover a inovação social, o

Social Good Brasil Festival ou SGB Festival (SOCIAL GOOD BRASIL, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Brasil.

Referências

CICONTE, Barbara L.; JACOB, Jeanne. Fundraising basics: a complete guide. Su-
dbury: Jones & Bartlett Publishers, 2011.

MOULAERT, Frank (Ed.). The international handbook on social innovation: col-


lective action, social learning and transdisciplinary research. Northhampton:E-
dward Elgar Publishing, 2013.

MULGAN, Geoff. The process of social innovation. MIT Press, [s.l.], v. 1, n. 2, p.


145-162, 2006.

MULGAN, Geoff; TUCKER, Simon; ALI, Rushanara; SANDERS, Ben. Social inno-
vation: what it is, why it matters and how it can be accelerated. Oxford: The
Basingstoke Press, 2007.

MURRAY, Robin; CAULIER-GRICE, Julie; MULGAN, Geoff. The open book of social
innovation. London: National endowment for science, technology and the art,
2010.

SOCIAL GOOD BRASIL (SGB). Social Good Brasil. 2018. Disponível em: <https://
socialgoodbrasil.org.br/>. Acesso em: 29 de ago 2018.

197
8.5 Vertente Social

Fonte: COLLAMER, Matt. Man holding card with seeking human kindness text. 2018. Disponível
em: <https://unsplash.com/photos/8UG90AYPDW4>. Acesso em: 06 dez 2018

Conceito

Uma questão social é um problema que influencia um número con-

siderável de indivíduos dentro de uma sociedade. É uma união de fatores que

geram consequências que se estendem além do controle de um indivíduo. Os

tipos de questões sociais podem ser inúmeros, alguns exemplos são: saúde

pública, educação, desigualdade social, racismo, pobreza, fome, etc. E, esses

198 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


problemas também variam de acordo com cada país e cultura (QUORA, 2018;

STUDY.COM, 2018).

Uma boa prática para a sociedade é a elaboração de uma agenda

de desafios locais e regionais. Essa ação pode ser promovida por atores do

ecossistema. Os problemas podem ser levantados junto a sociedade e um mo-

vimento conjunto e colaborativo, por meio da inovação aberta pode ser utilizado

para a busca de solução viáveis.

Motivação

Esta ação entra como uma prática em prol da sociedade nos planos

de atividade do ecossistema de inovação. Os problemas internos de uma socie-

dade, que movimentam menos o mercado, podem gerar prejuízos na educação,

diminuir a qualidade de vida das pessoas e isso afeta diretamente a inovação.

Portanto, o ecossistema, em colaboração com governos locais, deve estimular

a resolução dos problemas sociais utilizando seu conhecimento sobre o ecos-

sistema e sobre tecnologia.

Case de inspiração

Quem desenvolve: Rede de Investidores Sociais (RIS).


Como desenvolve: A Rede de Investidores Sociais é um espaço social, uma
forma de organizar coletivamente várias pessoas para que todas tenham opor-

tunidade de contribuir com uma causa específica. Os integrantes de cada rede

formada decidem de forma colaborativa qual iniciativa e comunidade a ajudar

por meio da RIS. Além de decidir para onde vai o investimento social, os parti-

199
cipantes do círculo se tornam investidores, contribuindo mensalmente para a

rede (ICOM, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Brasil.

Referências

ICOM. Conheça Rede de Investidores Sociais – RIS. 2018. Disponível em:


<http://www.icomfloripa.org.br/ris/>. Acesso em: 14 de set 2018.

QUORA. What is “social issue”? 2018. Disponível em: <https://www.quora.com/


What-is-social-issue>. Acesso em: 31 de ago 2018.

STUDY.COM. Social Issues: Definition & Examples. 2018. Disponível em: <ht-
tps://study.com/academy/lesson/social-issues-definition-examples.html>.
Acesso em: 31 de ago 2018.

200 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


9. REDE DE AMBIENTES DE
9. REDE DE AMBIENTES DE INOVAÇÃO

INOVAÇÃO

9.1 Serviços Compartilhados

Fonte: RAWPIXEL. Communication. 2018. Disponível em:


<https://images.unsplash.com/photo-1534236874052-bef0ac071a50?ixlib=rb-1.2.1&ix-
id=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=1050&q=80>. Acesso em: 06 dez.
2018.

Conceito

A terminologia serviços compartilhados surgiu pela primeira vez

no setor privado, no final dos anos 80, quando grandes empresas começa-

201
ram a concentrar suas unidades de negócios de divisões organizacionais em

uma única unidade. A ênfase inicial era a redução de custo das operações, sen-

do que a unidade poderia focar exclusivamente na entrega do serviço no menor

tempo possível e ao menor custo (WALSH; MCGREGOR; LOWNDES; NEWTON,

2008).

Atualmente, o conceito de serviços compartilhados é definido como

a prática em que unidades de negócios de empresas e organizações compar-

tilham entre si uma série de serviços para se apoiarem, ao invés de ter essas

funções duplicadas dentro das suas organizações (QUINN; COOKE; KRIS, 2000).

De acordo com Ulrich (1995), existe também o conceito de centros de serviços

compartilhados, que normalmente integra serviços de uma mesma empresa,

padronizando os processos e serviços de determinadas unidade e centralizan-

do os trabalhos administrativos. Estes centros empregam especialistas em ad-

ministração para melhor gerenciar e controlar estes serviços.

Motivação

Segundo Bergeron (2002) unir as unidades de serviços da organiza-

ção, compartilhando seus recursos e conhecimentos, aumenta, desde que ha-

jam critérios de performance e gerenciamento adequados, o sucesso das suas

funções comerciais. Em um modelo de serviços compartilhados a produção ou

os serviços selecionados para serem compartilhados são concentrados, geo-

graficamente ou por meio de controle de comunicações e de processos, princi-

palmente quando se trata de serviços de tecnologia.

O compartilhamento de serviços, é um movimento mundial, tendo

surgido primeiro no âmbito das grandes empresas norte americanas nas áre-

as financeiras, de recursos humanos e tecnologia da informação. Atualmente

202 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


os serviços compartilhados tem ganhado espaço em outros setores, princi-

palmente nas áreas de mídia, telecomunicações e tecnologias no geral, sendo

utilizada como uma ferramenta para otimizar os recursos e integrar conheci-

mentos, processos e pessoas (DELOITTE, 2017).

Case de inspiração

Quem desenvolve: Regus.


Como desenvolve: A empresa Regus está presente em mais de 120 países e
tinha problemas com a padronização dos setores de contabilidade e finanças.

Assim, foi criado um Centro de Serviços Compartilhados em Manila, capital das

Filipinas, que ficou responsável em padronizar e concentrar os setores proble-

máticos. A princípio, o centro era para ser responsável apenas pelas filiais asiá-

ticas, porém com o sucesso do projeto atualmente mais de 500 pessoas traba-

lham no local, responsáveis por processos globais de finanças e contabilidade

da empresa (BACANI, 2013).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Filipinas.

Referências

BACANI, Cesar. Case Study: Creating a finance Shared Services Centre. 2013.
Disponível em: <https://www.cfoinnovation.com/case-study-creating-a-fi-
nance-shared-services-centre>. Acesso em: 30 de ago 2018.

BERGERON, Bryan. Essentials of shared services. Hoboken: John Wiley & Sons,
2002.

203
DELOITTE. Pesquisa Global de Serviços Compartilhados 2017. 2017. Disponível
em: <https://www2.deloitte.com/br/pt/pages/operations/articles/global-sha-
red-services-survey.html>. Acesso em: 30 de ago 2018.

QUINN, Barbara; COOKE, Robert; KRIS, Andrew. Shared services: mining for cor-
porate gold. London: Financial Times Prentice Hall, 2000.

ULRICH, Dave. Shared services: From vogue to value. People and Strategy, [s.l.],
v. 18, n. 3, p. 1-12, 1995.

WALSH, Peter; MCGREGOR‐LOWNDES, Myles; NEWTON, Cameron. Shared servi-


ces: Lessons from the public and private sectors for the nonprofit sector. Aus-
tralian Journal of Public Administration, [s.l.], v. 67, n. 2, p. 200-212, 2008.

204 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


9.2 Processos Compartilhados

Fonte: RAWPIXEL. Network. 2018. Disponível em: <https://images.unsplash.com/pho-


to-1520492943297-59dc5f2d0fe6?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=for-
mat&fit=crop&w=1057&q=80>. Acesso em: 06 dez. 2018.

Conceito

O mundo empresarial é constantemente impactado por mudanças do

ambiente externo. Essas mudanças demandam das empresas a capacidade de

adaptação para manter sua posição e sobreviver em um mercado competitivo.

Esse cenário de mudanças é chamado de sociedade do conhecimento (DRU-

CKER, 2017).

205
Assim, nesse contexto de adaptações, uma alternativa para as com-

panhias é compartilhar seus conhecimentos entre si. O compartilhamento de

informações entre atores de uma rede produz ganhos para todos os envolvi-

dos. O relacionamento visando a cooperação entre empresas se tornou ponto

central de uma nova forma organizacional. Além disso, os processos de com-

partilhamento de informações, conhecimento e recursos promovem interações

entre redes, e essas interações acabam por resultar no desenvolvimento de ino-

vações, novos conhecimentos e produtos para essas organizações (TOMAÉL,

2005).

Motivação

O compartilhamento de informação entre atores é benéfico pois, ao

compartilhar, os mesmos melhoram, utilizando também as informações que

passam a ter acesso. Essa troca reduz as incertezas e promove o crescimento

mútuo, já que cada ator envolvido vai desenvolver novas ações utilizando como

base as informações compartilhadas. Para assegurar que o compartilhamento

de processos e informações sejam realmente vantajosos é necessário que as

empresas tenham a capacidade de identificar pontos para o aperfeiçoamento

dessa relação, como a manutenção de padrões, e a interação e parcerias volta-

das para a disseminação e uso dos conhecimentos coletivos (TOMAÉL, 2005;

ALVES; BARBOSA, 2010).

Hammer (2001) ressalta que a dinamização dos processos compar-

tilhados com outras empresas é um passo para reduzir custos e propiciar agili-

dade e mais qualidade nas operações das empresas envolvidas. O autor afirma

ainda que as empresas precisam trabalhar associadas a seus parceiros na exe-

cução de projetos e na administração de processos, podendo assim alcançar

eficiência.

206 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


Case de inspiração

Quem desenvolve: PolyOne Corporation (Anteriormente Geon Company).


Como desenvolve: A companhia integrou os seus processos de compras a
dois de seus maiores fornecedores. Assim, todos são geridos como se fossem

um só, sem nenhum tipo de reserva em relação a empresa a que pertencem. As-

sim, o objetivo foi de diminuir os custos indiretos e erros. Após a integração dos

processos, os erros nos pedidos para compras caíram 8%, junto com o volume

dos estoques, que diminuiu em 15% (HAMMER, 2001).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Estados Unidos.

Referências

ALVES, Alessandra; BARBOSA, Ricardo Rodrigues. Influências e barreiras ao


compartilhamento da informação: uma perspectiva teórica. Ciência da Informa-
ção, [s.l.], v. 39, n. 2, p. 115-121, 2010.

DRUCKER, Peter. The age of discontinuity: guidelines to our changing society.


New York: Routledge, 2017.

HAMMER, Michael. The superefficient company. Harvard Business Review, Bos-


ton, v. 79, n. 8, p. 82-93, 2001.

TOMAÉL, Maria Inês. Redes de conhecimento: o compartilhamento da informa-


ção e do conhecimento em consórcio de exportação do setor moveleiro. 292f.
Tese (Doutorado em Ciência da Informação). Universidade Federal de Minas
Gerais, 2005.

207
9.3 Agenda Compartilhada

Fonte: QUICKORDER. Shared Calendar. 2018. Disponível em: <https://images.unsplash.com/


photo-1499083097717-a156f85f0516?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=form
at&fit=crop&w=1051&q=80>. Acesso em: 06 dez. 2018.

Conceito

As novas gerações estão presenciando um momento de transição do

ambiente econômico onde a gestão e o compartilhamento de conhecimento

exercem papel de importância como ferramenta para a competitividade das

empresas. Diferentemente do passado, onde localização geográfica, aces-

208 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


so mão de obra barata, recursos naturais e capital financeira tinham papéis

muito mais relevantes (TERRA, 2005), hoje o meio digital apresenta facilidades

que não impedem a execução de muitas das ações necessárias nas diferentes

organizações. Nesse cenário, novas ferramentas surgem para facilitar o com-

partilhamento de informações, como a agenda compartilhada por exemplo, que

permite agendar atividades e criar um repertório de arquivos sobre um determi-

nado tópico. Além disso, também permite a criação, manutenção e consultas de

arquivos e agendas pessoais, bem como a visualização e interação com outros

usuários (VIANA, 2003; BRITO; PEREIRA, 2004).

Motivação

Uma agenda compartilhada é utilizada para compartilhar compro-

missos e eventos entre usuários, é uma ferramenta colaborativa utilizada para

objetivos pessoais ou empresariais. Algumas das vantagens de utilizar uma

agenda compartilhada são: acesso a eventos e compromissos de terceiros,

manter informações armazenadas de forma organizada e centralizada e dis-

por de um sistema de negociação de horários para os usuários (IELPO; ROCHA,

2004).

Considerando a prática dos ecossistemas de inovação, ter agendas

compartilhadas entre diferentes atores e considerando as diferentes práticas e

ações em prol do movimento do empreendedorismo e da inovação é estratégia

para maximizar os resultados encontrados e incorporar um número maior de

pessoas com esforços conjugados.

209
Case de inspiração

Quem desenvolve: Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE).


Como desenvolve: A Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) possui
uma agenda de eventos em sua página na internet com eventos de todo o ecos-

sistema de inovação do Brasil. A agenda apresenta informações sobre o nome

do evento, tipo do evento (webinar, curso, palestra; etc.), local do evento (nome

da cidade ou online), descrição do evento e palestrantes. É possível ainda por

meio da agenda se inscrever nos eventos, assim como, filtrá-los por data e ca-

tegoria. Ainda, é permitido cadastrar um novo evento na agenda (ACATE, 2020).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Brasil.

Referências

ACATE. Eventos. 2020. Disponível em: <https://www.acate.com.br/agenda-de-


-eventos/>. Acesso: 30 de ago 2020.

IELPO, Daniel Neves; ROCHA, Fábio Rachid da. Agenda Compartilhada. 43f. Tra-
balho de Conclusão de Curso (Graduação em Informática) – Universidade Fe-
deral do Estado do Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: <http://bsi.uniriotec.br/
tcc/textos/200408IelpoRachid.pdf>. Acesso: 10 de set 2018.

TERRA, José Cláudio Cyrineu. Gestão do conhecimento: o grande desafio em-


presarial. 2005. Disponível em: <http://sinop.unemat.br/site_antigo/prof/fo-
to_p_downloads/fot_105186_c-gestao_do_conhecimento_o_gbande_desafio__
pdf.pdf>. Acesso em: 10 de set 2018.

210 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


VIANA, Luis Roberto Rodrigues. Agenda compartilhada: Modelagem e imple-
mentação. Trabalho de Conclusão de Curso. Centro de Informática, Universida-
de do Estado do Rio Janeiro, 2003.

211
9.4 Infraestrutura de TIC Compartilhada

Fonte: RAWPIXEL. Workplace, technology. 2018. Disponível em:


<https://images.unsplash.com/photo-1527067669193-6a36380de229?ixlib=rb-1.2.1&ixid=ey-
JhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=936&q=80>. Acesso em: 06 dez. 2018.

Conceito

Comunicação é um dos principais fatores do desenvolvimento da

sociedade. Neste contexto, a troca de informações por meio da tecnologia é

algo inédito, contribuindo para o avanço e evolução da comunicação bem como

das tecnologias de informação (CASTRO, 2014). A tecnologia da informação e

212 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


comunicação (TIC) tem uma longa história relacionada a indústria, como as te-

lecomunicações, música, cinema, rádio, televisão e como ferramenta de admi-

nistração. Porém, o conceito atual está mais próximo a fusão de tecnologias de

comunicação e processamento de dados (RØPKE; CHRISTENSEN, 2013).

A TIC está diretamente relacionada com as telecomunicações, inter-

net, e outras redes pelas quais informações são transmitidas, armazenadas e

entregues. Para acessar, se comunicar e trocar informações é necessária uma

infraestrutura composta por hardwares, softwares e redes globais, como a in-

ternet por exemplo (GUSLAIN, 2003).

Em ecossistemas de inovação o compartilhamento de infraestrutura

permite a maximização das ações e a redução dos custos entre os atores.

Motivação

A flexibilidade de utilização da TIC é ampla, podendo ser aplicada

em muitos produtos, sejam eles para o consumo do público em geral, ou mais

específicos como ferramentas administrativas para processamento de dados,

escrita e cálculos (RØPKE; CHRISTENSEN, 2013). A infraestrutura de TIC é uma

composição de fatores humanos, tecnológicos e metodologias baseadas em

recursos computacionais. A união desses fatores tem o objetivo de obter efici-

ência, eficácia e competitividade, facilitando o desenvolvimento da área na qual

for aplicada (SCHMEIL, 2013).

Case de inspiração

Quem desenvolve: CISCO.

213
Como desenvolve: A empresa CISCO desenvolveu uma tecnologia chamada
WebEx Telepresence que promete ser a próxima geração da videoconferência,

utilizando a telepresença. Segundo a empresa, essa tecnologia cria experiên-

cias pessoais imediatas para se realizar o que precisa, sem demora. A tele-

presença está disponível por meio da Cisco WebEx que funciona na nuvem. Os

usuários podem utilizar os terminais de telepresença da Cisco em questão de

minutos pela Internet, e também podem adicionar recursos de videochamada

aos computadores.

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Mundo.

Referências

BYGSTAD, Bendik; AANBY, Hans-Petter. ICT infrastructure for innovation: a case


study of the enterprise service bus approach. Information Systems Frontiers,
[s.l.], v. 12, n. 3, p. 257-265, 2010.

CASTRO, Jeremias. Tecnologia de informação e comunicação. 66f. 2014. Tra-


balho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Humanas do Instituto de
Humanidades e Letras) – Universidade da Integração Internacional da Luso-
fonia Afro-Brasileira. 2014. Disponível em: <http://www.repositorio.unilab.edu.
br:8080/xmlui/handle/123456789/172>. Acesso em: 29 de ago 2018.

SCHMEIL, Marcos Augusto. Saúde e tecnologia da informação e comunicação.


Fisioterapia em Movimento, [s.l], v. 26, n. 3, p. 477-478, 2013.

GUISLAIN, Pierre. Society in Latin America: Challenges financing the informa-


tion society in Latin America: Challenges and new models and new models.
Santiago, Chile: The World Bank. 2003. Disponível em: <http://www.worldbank.
org/ict/S>. Acesso em: 29 de ago 2018.

214 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


RØPKE, Inge; CHRISTENSEN, Toke Haunstrup. Energy impacts of ICT–Insights
from an everyday life perspective. Telematics and Informatics, [s.l.], v. 29, n. 4,
p. 348-361, 2012.

215
9.5 Governança

Fonte: RAWPIXEL. Workspace. 2018. Disponível em: <https://images.unsplash.com/pho-


to-1529302374944-90ecd276bdb8?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=for-
mat&fit=crop&w=1538&q=80>. Acesso em: 06 dez. 2018.

Conceito

O conceito de governança possui relação com outros conceitos como

o de governo. Já no contexto de organização, a governança corporativa está

associada ao estabelecimento de uma estrutura ética de tomada de decisão e

ação gerencial, baseadas na transparência, responsabilidade e funções pré-de-

216 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


finidas. Todavia, na literatura tanto prática quanto acadêmica, o termo gover-

nança é apresentado com diferentes significados e associado a outras termino-

logias (KLAKEGG et al., 2008; TOO; WEAVER, 2014; MULLER, 2017).

Uma subcategoria da governança corporativa, presente nas organi-

zações, tanto públicas quanto privadas, é a governança de projetos (MULLER,

2017) que, segundo Turner (2016), fornece a estrutura nas quais os objetivos

dos projetos da organização são definidos, bem com os meios para se alcançar

esses objetivos e seu controle e monitoramento. Já Pinto (2014), define gover-

nança de projetos como o uso de sistemas, estruturas de controle e processos

para alocar recursos e coordenar as atividades em um projeto. Sendo assim, o

desafio para as organizações é, portanto, reconciliar a sua gestão de projetos

com a sua estrutura de governança para que a gestão dos projetos esteja ali-

nhada com objetivos estratégicos da organização (TOO; WEAVER, 2014). Espe-

cificamente tratando dos ecossistemas, ter uma governança permite com que

as ações entre os atores sejam maximizadas.

Motivação

A governança é utilizada para definir objetivos, definir as formas de

alcançá-los e os meios de acompanhar e monitorar seus desempenhos (TUR-

NER, 2006). A mesma se faz necessária devido às restrições de tempo e de

recurso no desenvolvimento de projetos em grandes organizações. Assim a go-

vernança pode ser associada com tecnologia para facilitar a administração do

fluxo de informações auxiliando no controle de dados (SHAPIRA, 2000).

Esse tipo de governança ainda define e articula de forma clara fun-

ções estruturadas e responsabilidade dentro de um projeto, o que acaba facili-

tando a tomada de decisões. Tais pontos são muito importantes, principalmen-

217
te quando são encontradas dificuldades. A governança define quem serão os

impactados e como lidar com este impacto (ALIE, 2015).

Case de inspiração

Quem desenvolve: Pacto Alegre.


Como desenvolve: O Pacto Alegre é uma proposta de movimento de arti-
culação e eficiência na realização de projetos transformadores e com amplo

impacto para a cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, Brasil, ini-

ciado pela Aliança para Inovação e Prefeitura de Porto Alegre. O objetivo é criar

condições para que a cidade se transforme em um polo de inovação, atração

de investimentos e empreendedorismo. O convênio prevê o compartilhamento

de recursos e parcerias com o poder público e a iniciativa privada. A ideia é

unir forças da cidade, de todos os segmentos, em prol de uma agenda comum

(PACTO ALEGRE, 2020).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Porto Alegre, Brasil.

Referências

ALIE, Salina Sandra. Project Governance:# 1 Critical Success Factor. Philadel-


phia: Project Management Institute. 2015.

KLAKEGG, Ole Jonny; WILLIAMS, Terry; MAGNUSSEN, Ole Morten; GLASSPOOL,


Helene. Governance frameworks for public project development and estimation.
Project Management Journal, [s.l.], v. 39, n. 1, p. 27-42, 2008.

218 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


MULLER, Ralf. Project governance. London: Routledge, 2017.

PACTO ALEGRE. O QUE É. 2020. Disponível em: <https://pactoalegre.poa.br/in-


dex.php/o-que-e>. Acesso em: 30 de ago 2020.

PINTO, Jeffrey. Project management, governance, and the normalization of de-


viance. International Journal of Project Management, [s.l.],v. 32, n. 3, p. 376-387,
2014.

SHAPIRA, Zur. Governance in organizations: A cognitive perspective. Journal of


Management and Governance, [s.l.], v. 4, n. 1-2, p. 53-67, 2000.

TOO, Eric G.; WEAVER, Patrick. The management of project management: A con-
ceptual framework for project governance. International Journal of Project Ma-
nagement, [s.l.], v. 32, n. 8, p. 1382-1394, 2014.

TURNER, J. Rodney. Towards a theory of project management: The nature of the


project governance and project management. International Journal of project
management, [s.l.], v. 2, n. 24, p. 93-95, 2006.

219
10. Rede Internacional
10. REDE INTERNACIONAL

10.1 Redes Acadêmicas

Fonte: KOLODA, Vasily. Graduation. 2018. Disponível em: <https://images.unsplash.com/


photo-1523050854058-8df90110c9f1?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=f
ormat&fit=crop&w=1050&q=80>. Acesso em: 06 dez. 2018.

Conceito

Sempre presente nas análises da sociedade contemporânea, o

conceito de rede é utilizado de diversas formas, para definir o fluxo infor-

macional dentro da era globalizada, bem como novas formas de socializa-

220 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


ção (ENNE, 2004). A sociedade globalizada tem exigido, cada vez mais, pessoas

empreendedoras e capazes de gerenciar projetos, e para isso é necessário edu-

car as pessoas. A educação em geral, e em especial a educação superior, tem

a capacidade de formar empreendedores capazes de enfrentar os desafios do

mundo contemporâneo (ZOROB, 2012).

O conceito de Rede Acadêmica ou Universitária é definido como uma

estrutura organizacional que regula e une instituições acadêmicas e de fo-

mentos, sob acordos, para atingir objetivos comuns, desenvolver projetos em

conjunto e oferecer programas acadêmicos (ARANGO, 2010). As redes também

podem ser vistas como ferramenta para alavancar e reunir recursos para o fi-

nanciamento de pesquisa e outros fins (MORRISON; LYNCH; JOHNS, 2004).A

troca de experiências e a construção de conhecimento também podem ser cita-

das na existência de ações em rede.

Motivação

A globalização e o uso da tecnologia da informação e comunicação

quebraram apenas barreiras geográficas e econômicas em prol do desenvol-

vimento de redes internacionais, beneficiando todos os âmbitos da sociedade,

inclusive o universitário, criando e fortalecendo redes acadêmicas. As redes

acadêmicas permitem a globalização educacional por meio de transferência de

conhecimento, gerando mudanças no ambiente universitário e eliminando as

barreiras físicas, além de conectar a universidade com as empresas e com a

sociedade (ZOROB, 2012).

221
Case de inspiração

Quem desenvolve: RedCLARA.


Como desenvolve: A RedCLARA é uma rede que conecta todas as institui-
ções acadêmicas que integram as Redes Nacionais de Pesquisa e Educação de

cada país latino-americano. O objetivo da rede é que as instituições afiliadas se

comuniquem entre universidades, centros de pesquisa e comunidade científica

a nível mundial. As afiliadas se conectam por meio de uma rede de internet in-

dependente, altamente veloz e segura, permitindo a troca de dados acadêmicos

e a interação entre as instituições (REDCLARA, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: América Latina.

Referências

ARANGO, Diana Elvira Soto. Redes universitarias en colombia. Nueva concepci-


ón histórica para la universidad. Revista História de la Educación Latinoameri-
cana, [s.l.], v. 15, n. 10, p. 241-270, 2010.

ENNE, Ana Lúcia. Conceito de rede e as sociedades contemporâneas. Comuni-


cação & Informação, [s.l.], v. 7, n. 2, p. 264-273, 2004.

MORRISON, Alison; LYNCH, Paul; JOHNS, Nick. International tourism networks.


International Journal of Contemporary Hospitality Management, [s.l.], v. 16, n. 3,
p. 197-202, 2004.

REDCLARA. Que Diferencia a RedCLARA de otras redes. 2018. Disponível em:


<https://www.redclara.net/index.php/pt/red/redclara/que-diferencia-a-redcla-
ra-de-otras-redes>. Acesso em: 03 de ago 2018.

222 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


ZOROB, Sención Raquel Yvelice. Estrategia curricular para la formación de la
competencia de emprendimiento en negocio en redes universitarias. Pixel-Bit:
Revista de Medios y Educación, [s.l.], v. 12, n. 41, p. 149-161, 2012.

223
10.2 Redes Empresariais

Fonte: HUNTERS RACE. The boss. 2018. Disponível em: <https://images.unsplash.com/pho-


to-1507679799987-c73779587ccf?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fi
t=crop&w=1051&q=80>. Acesso em: 06 dez. 2018.

Conceito

Ser competitivo em mercados globais é uma necessidade visto princi-

palmente as mudanças das últimas décadas nos modelos de gestão e operação

das organizações. As empresas promoveram essas mudanças em suas fábri-

cas, em seus produtos e tornaram seus serviços globais, sempre integrando a

224 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


tecnologia a esses processos. Na história, a competição sempre foi vista como

uma empresa concorrendo com outras que eram consideradas suas concorren-

tes. Todavia, atualmente, em alguns setores, as empresas estão se organizando

em grupos, formando redes empresariais, para se apoiarem e competirem com

redes concorrentes (DUTRA; ZACCARELLI; SANTOS, 2008).

Uma rede empresarial é um conjunto de organizações engajadas em

conjunto cujo objetivo é desenvolver ações para serem mais competitivas. A

criação de redes organizacionais pressupõe a necessidade de conexão e inte-

ração entre as empresas participantes, fomentando a construção e os ganhos

coletivos, sendo necessária a confiança mútua e a colaboração de todos os

envolvidos (VALE; AMÂNCIO; LIMA, 2006).

Motivação

São diversas as motivações para a formação de redes empresariais.

Alguns exemplos são: o desenvolvimento de produtos mais complexos, apren-

dizagem organizacional, a disseminação de informação e, principalmente a tro-

ca de conhecimentos. A troca de conhecimentos, capacidades e recursos são

objetivos presentes nas redes empresariais, bem como a justificativa da criação

das mesmas (HÅKANSSON; SNEHOTA, 1989; DYER, 1996).

A cooperação entre as empresas é essencial pois passa a utilizar os

recursos das mesmas de forma mais eficiente e consequentemente a coope-

tição, competição aliada a cooperação, passa a ser uma tática eficaz. Os be-

nefícios das redes empresariais são muitos, os custos de desenvolvimento de

projetos são divididos entre as empresas, os prazos de entrega acabam sendo

menores já que há um maior número de pessoas envolvids e cada empresa

pode contribuir com seu conhecimento (BENGTSSON; KOCK, 2000).

225
Case de inspiração

Quem desenvolve: Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE).


Como desenvolve: A ACATE incentiva a criação de redes entre suas empre-
sas associadas, chamadas verticais, com propósito de conectar empresas,

startups, governos e academia que atuem em mercados semelhantes e com-

plementares, estimulando o associativismo, gerando valor e inovação para as

empresas, bem como para a sociedade. A ACATE conta com 14 verticais, nas

áreas de Agronegócios, Conectividade & Cloud, Construtech, Educação, Energia,

Fintech, Games, Governança & Sustentabilidade, IoT, Manufatura, Segurança,

Saúde e Varejo e Peopletech (ACATE, 2020).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Brasil.

Referências

ACATE ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE TECNOLOGIA. Verticais. 2020. Disponí-


vel em: <https://www.acate.com.br/verticais>. Acesso em: 01 de abr 2020.

BENGTSSON, Maria; KOCK, Sören. “Coopetition” in business Networks: to coo-


perate and compete simultaneously. Industrial Marketing Management, [s.l.], v.
29, n. 5, p. 411-426, 2000.

DYER, Jeffrey. Specialized supplier networks as a source of competitive advan-


tage: Evidence from the auto industry. Strategic Management Journal, [s.l.], v.
17, n. 4, p. 271-291, 1996.

226 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


DUTRA, Ivan de Souza; ZACCARELLI, Sérgio Baptista; SANTOS, Sílvio Aparecido
dos. As Redes Empresariais de Negócios e o seu Poder Competitivo: Raciona-
lidade Lógica ou Estratégica? Revista de Negócios, [s.l.], v. 13, n. 1, p. 11-27,
2008.

HÅKANSSON, Håkan; SNEHOTA, Ivan. No business is an island: The network


concept of business strategy. Scandinavian Journal of Management, [s.l.], v. 5,
n. 3, p. 187-200, 1989.

VALE, Gláucia Maria Vasconcellos; AMÂNCIO, Robson; LIMA, Juvêncio Braga de.
Criação e gestão de redes: uma estratégia competitiva para empresas e regiões.
Revista de Administração-RAUSP, [s.l.], v. 41, n. 2, p. 136-146, 2006.

227
10.3 Redes Institucionais

Fonte: TOWNER, John. La défense architecture. 2018. Disponível em: <https://images.unsplash.


com/photo-1472148083604-64f1084980b9?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto
=format&fit=crop&w=1050&q=80>. Acesso em: 06 dez. 2018.

Conceito

As redes têm tornado as relações entre instituições mais estreitas.

Isso gera uma troca de informações mais volumosa, consequentemente difun-

dindo o conhecimento (GIDDENS, 1994). Segundo Best (1990) os sistemas de

rede permitem a criação de mecanismos de governança dentro de um território,

228 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


facilitam processos de inovação e movimentam mercados e, por fim, proporcio-

nam o crescimento econômico.

No caso particular das redes institucionais, sua conformação geral-

mente tem como objetivo o fornecimento de bens públicos (planos estratégi-

cos, agendas de desenvolvimento, etc.). Nessa perspectiva, a criação de redes

institucionais constitui um meio para a resolução de problemas políticos, isto

é, casos de busca coletiva de objetivos ou de realização de propósitos comuns

(DIEZ; URTIZBEREA, 2015).

Por conta disso, os atores de um ecossistema de inovação podem

desempenhar um papel fundamental para diminuir os obstáculos e facilitar as

informações para todas as instituições. Para encaminhamento das informa-

ções, os atores precisam ser conhecimentos e estes podem estar mapeados em

plataformas que indiquem quem faz parte do ecossistema.

Motivação

Hénard, Diamond e Roseveare (2012) afirmam que diversos países

e instituições estão inseridos em redes globais com objetivo de troca de know

how e expertise, fazendo com que sejam criados novos programas e novos

métodos de ensino e pesquisa. A literatura sobre desenvolvimento econômi-

co também dá destaque ao papel dessas redes colaborativas na disseminação

de conhecimento e informação, salientando a eficiência positiva de estratégias

coletivas de aprendizagem sobre o potencial econômico do território (DIEZ; UR-

TIZBEREA, 2015; RAMOS; TEIXEIRA, 2018).

229
Case internacional

Quem desenvolve: Rede Iberoamericana de Investigação em Políticas de


Educação (RIAIPE).

Como desenvolve: A Rede Iberoamericana de Investigação em Políticas de


Educação foi criada a fim de coordenar as ações de um grupo de centros de

pesquisa na América Latina e Europa, para observar, analisar, avaliar e propor

políticas educacionais em favor da equidade e da coesão social na educação. A

Rede estabeleceu como objetivo geral o de reforçar (e coordenar) a investigação

realizada sobre os impactos da globalização nas políticas públicas de educa-

ção. Isso a partir da construção de um quadro teórico e analítico que permitisse

mapear e analisar as políticas públicas de educação das últimas décadas (TOR-

RES; ROMÃO; TEODORO, 2012).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: América Latina e Europa.

Referências

BEST, Michael. The new competition: institutions of industrial restructuring.


Boston: Harvard University Press, 1990.

DIEZ, José Ignacio; URTIZBEREA, Nicolás. Redes institucionales y desarrollo


económico en ciudades pequeñas: el caso de la localidad de Pigüé (Argentina).
EURE, Santiago, v. 41, n. 123, p. 263-287, 2015.

GIDDENS, Anthony. Beyond left and right: The future of radical politics. Palo
Alto: Stanford University Press, 1994.

230 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


HÉNARD, Fabrice; DIAMOND, Leslie; ROSEVEARE, Deborah. Approaches to inter-
nationalisation and their implications for strategic management and institutio-
nal practice. IMHE Institutional Management in Higher Education, [s.l.], v. 11, n.
12, 1-51, 2012.

RAMOS, Danielle Nunes; TEIXEIRA, Clarissa Stefani. Redes: alinhamento con-


ceitual. Florianópolis: Perse, 2018

TORRES, Carlos Alberto; ROMÃO, José Eustáquio; TEODORO, António. Redes


institucionais na América Latina: construindo as Ciências Sociais Contempo-
râneas e a Educação. Revista Lusófona de Educação, [s.l.], v. 1, n. 21, p. 13-32,
2012.

231
10.4 Redes de Parques e Incubadoras

Fonte: FRANCK IN JAPAN. Startup day. 2018. Disponível em:


<https://images.unsplash.com/photo-1523575166472-a83a0ed1d522?ixlib=rb-1.2.1&ixid=ey-
JhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto=format&fit=crop&w=975&q=80>. Acesso em: 06 dez. 2018.

Conceito

A competição tecnológica cada vez mais acirrada devido à globali-

zação obrigou as empresas a apostarem em conhecimento e investir em alta

tecnologia. Essa mudança inseriu cada vez mais a inovação no contexto em-

presarial para auxiliar as organizações a aumentar produtividade, diminuir cus-

232 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


tos, desenvolver produtos e adquirir vantagem competitiva. Sendo assim, cada

vez mais surgem redes de inovação entre organizações com o intuito de unir

conhecimentos e recursos (LANÇA, 2011). Uma rede de inovação é uma ação

conjunta e cooperada entre diversos atores internos e externos em benefício

comum (ROTHWELL, 1995). Esse agrupamento em rede acontece também nos

habitats de inovação (NUNES; PINTO; TEIXEIRA, 2017), como as incubadoras de

empresas e os parques por exemplo.

Motivação

Nas últimas décadas a economia mundial se transformou e se rees-

truturou e tais mudanças foram também incentivadas pela competição entre

organizações, setores e países. Esse cenário colocou a inovação como uma

das principais ferramentas de estratégia competitiva para as empresas, sendo

o acesso a conhecimento e informações científicas e tecnológica uma necessi-

dade latente. Como consequência dessa necessidade notou-se um aumento do

número de agrupamentos de colaboração e cooperação entre organizações, as

chamadas redes. Desta forma, a união de atores reflete diretamente na compe-

titividade das organizações, que se unem para acelerar seu progresso e trocar

conhecimento (LASTRES, 1995).

Case de inspiração

Quem desenvolve: Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empre-


endimentos Inovadores (ANPROTEC).

Como desenvolve: A Associação Nacional de Entidades Promotoras de Em-

233
preendimentos Inovadores (Anprotec) reúne cerca de 300 associados, entre in-

cubadoras de empresas, parques tecnológicos, aceleradoras, coworkings, ins-

tituições de ensino e pesquisa, órgãos públicos e outras entidades ligadas ao

empreendedorismo e à inovação. Líder do movimento no Brasil, a Associação

atua por meio da promoção de atividades de capacitação, articulação de políti-

cas públicas e geração e disseminação de conhecimentos (ANPROTEC, 2020).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: Brasil.

Referências

ANPROTEC. Sobre. 2020. Disponível em: <https://anprotec.org.br/site/sobre/>.


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235
10.5 Programa de Redes

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mat&fit=crop&w=1050&q=80>. Acesso em: 06 dez. 2018.

Conceito

Como primeiro passo para a produção de conhecimento existem as

pesquisas realizadas em universidades. O segundo, é a aplicação destas pes-

quisas e conhecimentos para a solução de problemas interdisciplinares (GI-

BBONS, 1994). O último passo, que engloba os anteriores, é a criação de redes

de inovação a fim de criar, difundir e utilizar todo o conhecimento gerado (CA-

236 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


RAYANNIS; CAMPBELL, 2006; CARAYANNIS; CAMPBELL, 2011).

As redes de inovação são infraestruturas reais ou virtuais que servem

para estimular diversas características relacionadas à inovação. Alguns bene-

fícios são: incentivar a criatividade, estimular a invenção e catalisar a inovação

em um contexto público e privado, podendo, também, estimular a parceria pú-

blico-privada (CARAYANNIS; ALEXANDER, 1999). As redes enfatizam interação,

conectividade e complementaridade mútua e reforço. Além disso, conectam

indivíduos, startups, universidades, centros de pesquisa, associações, corpo-

rações maduras e outras organizações que são alinhadas para o global e que

se destacam em inovação, experimentação e comercialização rápidas (ENGEL;

DEL-PALACIO, 2009; CARAYANNIS; CAMPBELL, 2011).

Em resumo, as redes de inovação são o centro do ecossistema de

inovação do século XXI onde pessoas, cultura e tecnologia se encontram e in-

teragem para catalisar a criatividade, acionar a invenção e acelerar a inovação

nas disciplinas científicas e tecnológicas, setores públicos e privados (CA-

RAYANNIS; GONZALEZ, 2003).

Motivação

As redes de inovação criam conexões de diversos tipos e intensidade

principalmente entre ambientes que favorecem a criação e desenvolvimento de

empreendimentos de alto potencial empreendedor. Com elas, também há uma

maior mobilidade de recursos (principalmente pessoas, capital e informação -

incluindo propriedade intelectual) e maior velocidade de desenvolvimento de

negócios. A partir da criação da cultura de mobilidade, surge uma afinidade pela

colaboração, ao desenvolvimento de relacionamentos fortes e duradouros (EN-

GEL; DEL-PALACIO, 2009).

237
Case de inspiração

Quem desenvolve: The Indus Entrepreneurs (TiE).


Como desenvolve: A TiE é uma empresa sem fins lucrativos dedicada a em-
preendedores em todos os setores, em todos os estágios, desde a incubação,

durante todo o ciclo de vida do empreendedor. Foi fundada em 1992 por em-

presários e profissionais de sucesso com raízes na região Indu para promover

a colaboração cultural e empresarial entre esse grupo de afinidade. Com um

alcance global e um foco local, os esforços da TiE estão em cinco programas

fundamentais, sendo i) mentoring, ii) networking, iii) education, iv) funding e v)

incubation (TIE GLOBAL, 2018). A TiE tornou-se uma organização multinacional

com mais de 15.000 membros em 2.800 filiais. Ela já é a maior organização

sem fins lucrativos e tem efeito de rede. A TiE conecta o ecossistema de empre-

endedores em estágio inicial, profissionais de empresas líderes, capital de ris-

co, investidores anjos, líderes de pensamento, entre outros. O slogan da rede é

“promover o empreendedorismo globalmente”, e traz, implicitamente, um papel

de programa de rede global (ENGEL, 2009; TIE GLOBAL, 2018).

Quando desenvolve: Sempre.


Onde desenvolve: 17 países.

Referências

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government-university-industry R&D partnerships: the power of complex, dy-
namic knowledge networks. The Journal of Technology Transfer, [s.l.], v. 24, n.
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tion: Accelerating the innovation process. Business Horizons, [s.l.], v. 52, n. 5, p.
493-503, 2009.

GIBBONS, Michael (Ed.). The new production of knowledge: the dynamics of


science and research in contemporary societies. Londres: Sage, 1994.

TIE GLOBAL. About. 2018. Disponível em: <https://tie.org/about/>. Acesso em:


11 de set 2018.

239
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO

O desenvolvimento de Ecossistemas Inovadores requer

um olhar holístico e abrangente baseado na contribuição dos Agentes

da Tríplice Hélice para a transformação urbana, econômica e social das

cidades e territórios onde se desenvolvem.

Este livro explicita 10 dimensões a serem consideradas com 5

subdimensões operacionais que permitem sistematizar todas as ativi-

dades necessárias ao desenvolvimento de um Ecossistema de Inovação.

Aqueles territórios que desejam ativar seu Ecossistema devem analisar

o estágio de desenvolvimento de cada um deles.

As funções de Informação, Inovação, Investimento, Internacio-

nalização, Setores, Territórios, Talento, Sociedade, Redes Locais e Redes

Internacionais devem ser desenvolvidas a partir das capacidades dos

agentes e, se for o caso, ser complementadas por novos agentes quando

não suficientemente desenvolvidos. O reconhecimento do “quem faz o

quê” como ponto de partida ajudará a identificar as funções já desenvol-

vidas e ao mesmo tempo identificar quais novas funções devem ser ini-

ciadas, quer a partir dos agentes pré-existentes, quer através da atração

de novos agentes.

Como resumo, podemos concluir:

1 - É necessário ativar todos os agentes do Ecossistema


Um ecossistema se desenvolve a partir da contribuição de

agentes do ecossistema. As Universidades, as Empresas e o Governo,

240 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


em conjunto com a Sociedade Civil organizada, devem contribuir desde as suas

capacidades instaladas e, por sua vez, desenvolver novas capacidades, para a

transformação de um território nas suas dimensões urbana, econômica e so-

cial.

2 - Não há futuro comum sem visão compartilhada


Não há projeto coletivo sem visão conjunta de seus agentes. Po-

der envolver os agentes ecossistêmicos para formular coletivamente a visão

do ecossistema, garantirá a cocriação de um projeto e o compromisso com o

seu desenvolvimento. Capacidades instaladas combinadas com oportunidades

identificadas garantirão uma visão forte e de longo prazo.

3 - Compreender as dimensões do Metamodelo


Ecossistemas são modelos complexos, tanto por suas funções,

quanto por seus mecanismos de governança. Uma compreensão coletiva das

funções de Informação, Inovação, Investimento, Internacionalização, Setores,

Territórios, Talento, Sociedade, Redes Locais e Redes Internacionais com suas

subdimensões operacionais, vai garantir um ecossistema pleno e consistente.

4 – Em direção a articulação do Ecossistema Local, Regional e Na-


cional
Os Ambientes de Inovação devem estar articulados garantindo a arti-

culação local, regional e nacional dos agentes que podem intervir em cada ter-

ritório. A articulação local garante que todos os agentes do ecossistema local

compartilhem visões, desafios e projetos de forma consensual. A identificação

de quais agentes nacionais e regionais podem intervir com suas políticas na

dimensão local, garante a soma de forças para a ativação de um Ecossistema

Inovador.

241
5 - Ecossistemas como centros de conexão internacional
No mundo existem centenas de Ecossistemas Inovadores que contri-

buem localmente para o desenvolvimento de seus territórios. Uma das dimen-

sões que tem a contribuir é a internacionalização. A Conexão de Ecossistemas

de Inovação locais entre eles, transforma os Ecossistemas em Polos Interna-

cionais para promover tanto a internacionalização de seus mercados, quanto a

mobilidade de talentos, tecnologia, financiamento. A formalização das relações

internacionais, promovendo os SuperClusters de Inovação, facilita e acelera o

crescimento internacional.

6 - Os ecossistemas de inovação evoluem


Ecossistemas de inovação podem ser formalizados ou espontâneos.

Em ambos os casos, eles evoluem à medida que seus agentes desenvolvem no-

vas funções ou estimulam outros agentes a desenvolvê-las. Saber em que fase

um ecossistema se encontra pode nos ajudar a estabelecer políticas e ações

desde o início ou lançamento até o crescimento ou maturidade.

7 - Da Gestão à Governança
A participação ativa dos agentes em um ecossistema requer coor-

denação estratégica e operacional. Ter mecanismos de coordenação entre os

agentes para promover projetos conjuntos e avaliar o andamento dos projetos

garante uma articulação do ecossistema. Por outro lado, a gestão das funções

operacionais requer coordenação técnica para garantir a gestão dos projetos.

8 - Rumo a um impacto urbano, econômico, social e ambiental


Um Ecossistema Inovador deve servir para o desenvolvimento ur-

bano, econômico e social. Na dimensão urbana é garantida a transformação

do território, na dimensão econômica a criação e desenvolvimento tanto de

242 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


negócios como de ocupação, na dimensão social é garantido o bem-estar e a

prosperidade dos cidadãos. Os ecossistemas que garantem uma abordagem

holística maximizarão suas contribuições, garantindo um crescimento inclusi-

vo, inteligente e sustentável.

9 - Ecossistemas especializados de forma inteligente


Os ecossistemas devem escolher em quais setores e tecnologias de-

sejam se especializar. A criação de massa crítica facilitará o reconhecimento da

Especialização Inteligente. Esta especialização exigirá que tanto geradores de

conhecimento (universidades e Centros de Tecnologia) e transformadores de

valor (empresas, empresários e investidores), bem como mercados especiali-

zados (consumidores ou compras públicas inovadoras) estejam alinhados na

forma de clusters.

10 - Centros de inovação como epicentros de ecossistemas de ino-


vação
Ecossistemas podem ser desenvolvidos a partir de capacidades ins-

taladas como Parques de Ciência e/ou Tecnologia ou combinando os agentes

da Tríplice Hélice. Em qualquer caso, é necessário estabelecer Centros como

Epicentros de Ecossistemas para implementar certas funções centralizadas

(como Informação), ou para organizar eventos e atividades que facilitem a inte-

ração e networking (como Inovação, Investimento ou Internacionalização).

243
Realização

Estação Conhecimento

244 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO: METAMODELO PARA ORQUESTRAÇÃO - VOLUME I


245

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