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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
ISBN 978-65-80624-93-5
24-190314 CDD-658.4063
Índices para catálogo sistemático:
Quem somos
13
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ferramentas e exemplos práticos.
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Sumário
1. Boas-vindas 1
3. Case 5
4. Vantagens 8
5. Contexto Histórico 9
6. Conceitos 12
7. Passo a Passo 31
Figura 22 - A fita crepe apresenta um lado adesivo e outro não adesivo, enquanto a fita
dupla face conta com ambos os lados revestidos com adesivo. 41
Tabela 6 - Significado da palavra ‘SCAMPER’. 42
1. Boas-vindas
Bem-vindo(a) ao curso de Criatividade e Inovação da FM2S! A seguir, é possível
conferir o conteúdo que será apresentado durante o curso:
● Definição de Criatividade e Inovação;
● Vantagens de ser criativo;
● Contexto histórico;
● Conceitos essenciais para entender o pensamento criativo;
● O processo;
● Técnicas que estimulam a criatividade e exercícios práticos;
● Cases que irão exemplificar os tópicos principais.
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2. O que é Criatividade e Inovação?
Iremos iniciar o curso com uma frase do filósofo Chartier, a qual ilustra a
importância da Criatividade, sobretudo no ambiente profissional:
“Nada é mais perigoso do que uma ideia quando é a única que temos.”
- Émile-Auguste Chartier, filósofo
Esta frase ilustra de forma clara o conceito de Criatividade: gerar alternativas para
soluções, processos, produtos e situações que desejamos resolver no dia a dia. A
importância da Criatividade muitas vezes é subestimada, sendo entendida apenas como
a capacidade de 'criar algo novo', mas vai muito além disso. Trata-se de uma alternativa
para realizar algo diferente e, eventualmente, algo melhor.
Em nossa educação formal, somos instruídos a desenvolver o 'pensamento
convergente' em vez do 'pensamento criativo'. Durante o período escolar, aprendemos a
absorver informações durante a aula, visando a uma resposta correta durante a prova –
isso é o pensamento convergente, uma pergunta e uma resposta.
O 'pensamento criativo', por outro lado, nos incentiva a desenvolver inúmeras
respostas e, igualmente, a questionar a resposta considerada correta, ao contrário do
pensamento convergente. Assim, a Criatividade está sempre associada à criação de
alternativas.
Em situações de consultoria, nos deparamos com empresas que enfrentam
problemas no processo ou na produtividade. Por exemplo, um custo de processo ou
serviço muito elevado. O responsável, então, para analisar a situação, aplica um modelo
mental e chega a uma resposta para a causa do problema. Dependendo da área de
formação da pessoa, as conclusões podem variar, mas geralmente estão focadas em
encontrar uma única saída, seja ela relacionada a pessoas, máquinas, entre outros.
Ao aplicar o pensamento criativo, é possível perceber que as soluções podem se
complementar e que existem uma série de possibilidades a serem exploradas. Esse
aspecto da Criatividade não apenas amplia a capacidade de resolver problemas, mas
também envolve a habilidade de identificar problemas onde a maioria das pessoas não
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vê. Isso facilita a mudança e evolução, tornando a criatividade uma potencialidade e um
processo capaz de gerar objetos, produtos, serviços, relações, ideias, estratégias,
reflexões ou estilos.
Outras definições alternativas sobre o que é Criatividade:
● "O poder e a qualidade de criar em vez de imitar" - Merriam-Webster.
● "Mudar coisas é central para a liderança e mudar antes de todo mundo é
criatividade" - Antony Jay.
● "Um processo que resulta em algo novo, que é aceito como útil, atingível ou
satisfatório por outro grupo no mesmo instante no tempo" - Morris Stein.
E agora, o que seria a Inovação?
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maneira de produzir, ele conseguiu reduzir significativamente o custo de fabricação dos
automóveis.
Outro exemplo de Inovação é a criação do iPhone. Steve Jobs desenvolveu uma
forma alternativa e aprimorada de oferecer um produto já conhecido pelo público,
gerando valor e aumentando a demanda pelo item.
A Tabela abaixo apresenta uma comparação entre Criatividade e Inovação.
Criatividade Inovação
A Inovação é a implementação
A Criatividade é a capacidade de bem-sucedida dessas ideias para criar
gerar ideias novas e originais; valor.
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empresas se destaquem frente aos concorrentes e expandam sua presença no
mercado;
● A Inovação é fundamental para a sobrevivência e crescimento das empresas,
permitindo a criação de novos produtos e/ou serviços. A busca por Inovação é o
caminho para garantir a sustentabilidade e o crescimento das empresas diante
dos obstáculos do mercado.
3. Case
Douglas era dono de um food truck de hambúrgueres, direcionado principalmente
para festivais, festas, feiras e eventos diversos. Independentemente do local, ele
mantinha um cardápio restrito, composto por x-burguer, x-salada e x-bacon, cada um
acompanhado por uma porção de batatas fritas e refrigerante. O menu era bastante
tradicional. Por um longo período, essa abordagem foi eficaz: Douglas conseguia vender
bem, recebendo elogios e indicações positivas.
Entretanto, nos últimos festivais, Douglas percebeu que havia um número
significativo de pessoas que olhavam o cardápio e saíam. Não era uma quantidade
pequena, eram muitos. Conversou com Letícia, outra funcionária, e ela observou que as
vendas de batatas fritas avulsas também aumentaram. Apesar disso, eles continuaram
as vendas, e essa situação persistiu. Douglas começou a notar uma diminuição no
faturamento, gerando preocupação, mas ele considerou que poderia ser apenas uma
fase difícil. Afinal, todos gostam de um hambúrguer com batatas fritas. No entanto,
tornou-se evidente que, em alguns eventos, o hambúrguer dele não agradava a todos.
A gota d’água foi uma feira de artesanato ecológico no final do ano em sua
cidade. Douglas notou claramente que as pessoas nem sequer procuravam sua
barraquinha, indo diretamente para outra. O food truck que estava atraindo a atenção
vendia burritos e era todo verde. Incomodado com a situação, Douglas buscou o
estabelecimento nas redes sociais e percebeu que o branding era muito claro: a proposta
era vender comidas vegetarianas e naturais, com toda a marca construída em torno
desse conceito, especialmente enfatizando a sustentabilidade, um tema atual e muito
valorizado pelos consumidores. Foi então que ele entendeu que o público que evitava
consumir certas classes de alimentos acabava optando apenas por suas batatas fritas.
5
Depois de compreender que fazia sentido incluir esse público, tornou-se evidente
para Douglas que ele continuaria a ter dificuldades em alguns eventos se não
repensasse seu empreendimento. Focar apenas nos eventos onde a maioria das
pessoas come carne poderia garantir sucesso, mas sua agenda nunca ficaria completa
devido ao tamanho da cidade. Diante disso, ele se questionou: como abordar isso de
forma criativa? Douglas conduziu uma pesquisa e listou todos os elementos que afetam a
sustentabilidade do negócio, indo além do simples fato de não oferecer hambúrgueres
vegetarianos/veganos:
▪ O próprio food truck. rever a estética do container, sem focar tanto na carne;
▪ Embalagem;
▪ Canudos;
▪ Sacola para levar para viagem;
▪ Gás;
▪ Óleo usado para frituras;
▪ Hambúrguer de carne;
▪ Etc.
Para conceber soluções de forma criativa, Douglas decidiu utilizar a técnica do
desafio, começando a questionar o que ele considerava como certo em seu negócio: por
que ele opta por um food truck em vez de uma carroça? Por que as batatas fritas são
feitas com óleo? Por que um hambúrguer fica no meio do pão? Por que a embalagem do
hambúrguer é de papel? É claro que algumas ideias não eram muito aplicáveis, no
entanto, elas ajudavam a avançar na direção desejada e a abrir espaço para novas
ideias.
Então, a ficha caiu: ele já tinha comido peixe enrolado na folha de bananeira. Por
que não enrolar o hambúrguer na folha de bananeira?
A ideia era nova, mas Douglas ainda não sabia se era boa. Do lado positivo, ele
poderia se aproximar do público vegetariano, incluindo um hambúrguer de ervilha, por
exemplo, e a folha enfatizaria o branding e propósito do negócio. No entanto, do lado
negativo, ainda era necessário verificar a validade operacional: embora soubesse que a
folha de bananeira é rica em antioxidantes, ele não tinha certeza se transferia sabores ou
se era viável financeiramente. Dessa forma, ele começou a conduzir essas análises e
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percebeu que era possível. Seu foco estava claro para realizar testes e avaliar a
aceitação do público.
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Figura 1 - Aplicação do Double Diamond para o negócio do Douglas.
4. Vantagens
4.1 Vantagens para a empresa
Falar sobre as vantagens para a empresa torna-se até repetitivo, pois hoje a
Inovação é o motor que impulsiona as organizações e a economia. Soluções inovadoras
geram vantagem competitiva, permitindo a melhoria de processos através da fácil
identificação de falhas, o aumento da eficiência e a redução de custos. Além disso, a
Inovação possibilita o desenvolvimento de novos produtos e serviços que atendem às
necessidades dos clientes, proporcionando diferenciação no mercado, tornando a
empresa mais atraente para os clientes e aumentando sua participação no mercado
(como visto no exemplo do Case).
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4.2 Vantagens para o profissional
Dentre as vantagens para o profissional, está destacar-se no mercado de
trabalho, sendo reconhecido como uma pessoa que não fica no comum e traz ideias
inovadoras. Aplicar a Criatividade é fundamental para identificar e resolver problemas
complexos do cotidiano, especialmente quando o problema em análise possui uma série
de restrições, exigindo a geração de várias alternativas. Isso se conecta diretamente ao
aprimoramento do pensamento estratégico.
Compreender os processos criativos a partir de diferentes áreas do saber é
essencial para criar métodos de trabalho e propor melhorias. Organizar ideias de maneira
mais eficiente é parte integrante desse processo, permitindo uma abordagem mais
sistemática para identificar e aproveitar oportunidades.
5. Contexto Histórico
O contexto histórico está dividido em duas partes: a Perspectiva da Criatividade e
a Perspectiva da Inovação.
A Criatividade emerge muito antes da Inovação, percorrendo diferentes âmbitos
antes de alcançar o ambiente corporativo. Por outro lado, a Inovação tem seu início no
início do século XX e, atualmente, é um pilar essencial para a sobrevivência das
empresas.
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visão de Freud, a Criatividade era resultado de impulsos suprimidos e estava restrita a
artistas, escritores ou a outras atividades nas quais ela servisse como uma válvula de
escape para a expressão desses impulsos.
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● Era 2 - Centros de Pesquisa e Desenvolvimento
Caracterizada por estruturas organizadas focadas em invenções, envolvendo
equipes técnicas e desafios técnicos, essa era tinha como objetivo utilizar patentes como
barreiras para manter monopólios a longo prazo. Esses modelos foram adotados por
indústrias tecnológicas, farmacêuticas, químicas e outras áreas competitivas.
Exemplos marcantes dessa era incluem o PARC da Xerox e o Bell Labs da AT&T.
Ambos foram responsáveis por inovações significativas, como interface gráfica,
computador pessoal, programação orientada a objetos, impressão a laser e protocolo
Ethernet. Essa fase demandava investimentos pesados em Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D).
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independentes. Essa mudança de paradigma reflete uma abordagem mais holística e
colaborativa no processo inovativo.
6. Conceitos
6.1 A Importância da Inovação como Vantagem Competitiva
A Criatividade compartilha a mesma etimologia de "criar", mas é necessário
acrescentar a ideia de valor a ela. Uma pessoa pode criar uma bagunça, mas isso não
implica automaticamente que ela seja criativa.
Segundo Peter Drucker, toda empresa grande e bem-sucedida teve, em algum
momento, origens como um pequeno negócio baseado em uma ideia sobre como deveria
ser o futuro. No entanto, para que essa ideia se transforme em uma empresa
verdadeiramente bem-sucedida, ela precisa ser empreendedora, ou seja, ter potencial e
capacidade de gerar riqueza - um apelo prático.
Uma ideia precisa passar por testes rigorosos de praticabilidade para se tornar
um negócio bem-sucedido no futuro. Para isso, a ideia deve provar:
1. Validade operacional: ser possível de tornar realidade hoje;
2. Viabilidade econômica: ser capaz de produzir resultados econômicos;
3. Empenho pessoal: ser crível.
Esse teste contribui para evitar equívocos, garantindo que a ideia seja de
qualidade. Vale ressaltar que uma ideia de qualidade emerge da diversidade de ideias,
nunca surgindo como única opção.
Esse teste evidencia que a Inovação surge da Criatividade, mas é importante
notar que nem toda Criatividade leva à Inovação; profissionais inovadores demandam
tanto criatividade quanto pragmatismo. Essa constatação nos conduz a despertar a
criatividade empreendedora, onde a criação e implementação de ideias originais e
pertinentes resultam no surgimento de um novo empreendimento.
A Criatividade Empreendedora é fruto da interação entre indivíduos dotados de
conhecimento, criatividade e motivação, aliados a um ambiente que favoreça o
florescimento e amadurecimento das ideias.
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A Inovação pode se manifestar em diferentes aspectos, seja em processo,
produto ou comunicação, com o objetivo de alcançar diferenciação e destaque perante os
concorrentes.
Para promover a Inovação, as empresas necessitam de competências
estratégicas, tais como visão a longo prazo e antecipação de tendências, além de
competências organizacionais, como disposição para riscos e colaboração interna e
externa.
O ato de inovar, ao gerar e aplicar boas ideias, é fundamental para garantir a
sustentabilidade do negócio, proporcionando entregas de maior valor aos clientes.
Contudo, para atingir esse objetivo, é necessário definir por que se quer inovar, o que
pode incluir aprimorar a qualidade, explorar novos mercados com novos produtos ou não,
melhorar processos produtivos, incorporar a agenda ESG, entre outros.
Independentemente do propósito, a Inovação deve integrar-se à estratégia,
tornando-se um processo direcionado a objetivos de médio ou longo prazo.
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No que tange à classificação segundo o grau do impacto provocado, destacam-se
a Inovação Incremental e a Inovação Radical.
A Inovação Incremental consiste no aperfeiçoamento de práticas ou produtos já
existentes. A sucessão de inovações incrementais é conhecida como melhoria contínua.
Na imagem abaixo, é possível observar a evolução na forma de preparar café. Embora o
produto final permaneça o mesmo, as máquinas modernas atualmente tornam o
processo mais rápido e simples.
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No âmbito da classificação segundo o grau de controle que a empresa exerce
sobre o processo, destacam-se a Inovação Fechada e Aberta.
A Figura a seguir ilustra a representação da Inovação Fechada, que ocorre
inteiramente dentro da empresa. Esse modelo possui limites corporativos que orientam
as ideias até a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), culminando, por fim, na introdução
no mercado.
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A Figura a seguir apresenta um comparativo entre as características da Invenção,
Melhoria e Inovação, considerando a novidade da ideia e o resultado esperado.
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2. Implementar novos processos internos ou aprimorar os já existentes, visando
alcançar maior qualidade, agilidade e otimização dos recursos;
3. Reforçar a cultura organizacional, tornando-a mais inovadora e preparada para
atender às demandas do mercado.
Existem diversos modelos para realizar a Gestão da Inovação, sendo o Modelo
Linear um dos mais clássicos:
● Surgiu após a Segunda Guerra Mundial;
● Divide o processo em etapas sequenciais e bem definidas;
● Baseia-se no princípio de que a pesquisa científica é a fonte apropriada para
gerar novas tecnologias;
● Equipes em cada etapa podem ser independentes umas das outras.
A Figura a seguir representa o Modelo Linear, no qual todos os processos
ocorrem dentro da empresa de maneira formalizada.
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Figura 9 - Modelo Paralelo de Gestão da Inovação.
O controle da
Para obter lucro por meio Propriedade
As pessoas
de P&D, a empresa precisa Intelectual (PI) é
Inovação competentes
fazer descobertas, fundamental para evitar
Fechada trabalham para a
desenvolvê-las e que os concorrentes se
própria empresa.
comercializá-las. apropriem e lucrem
com nossas ideias.
O departamento de P&D de
A empresa pode lucrar
outra organização ou de
com outros usos de sua
A empresa precisa empresa parceira pode
propriedade
trabalhar com pessoas desenvolver inovações de
Inovação intelectual e adquirir PI
competentes, que valor significativo, e os
Aberta de outras, se
podem estar dentro e colaboradores envolvidos
necessário, para
fora da organização. no processo podem
alavancar os modelos
reivindicar parte da
de negócio.
propriedade que foi criada.
Fonte: adaptado de Gestão da Inovação, 2011, p. 52.
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6.4 Mitos e Verdades sobre Criatividade
O primeiro mito frequentemente mencionado, e talvez o mais difundido, é:
"Criatividade é um dom/privilégio de alguns." No entanto, essa afirmação não
corresponde à realidade, como já discutimos. A Criatividade é uma habilidade que pode
ser cultivada, desenvolvida e aprimorada.
1) Criatividade é um dom/privilégio de alguns:
● Um exemplo notável é o Velcro®, inventado pelo engenheiro suíço George de
Mestral, que se inspirou nas sementes de bardana;
● Ao estudar a estrutura das sementes, De Mestral concebeu um sistema de
fixação com ganchos e laços;
● O termo "velcro" combina as palavras "velours" (veludo) e "crochet" (gancho) em
francês.
Nesse caso, De Mestral demonstrou a habilidade de observar o comportamento
de uma semente específica e identificar uma aplicação alternativa para reproduzir esse
mecanismo biológico em situações cotidianas. Embora sua abordagem tenha sido
notavelmente criativa, é importante compreender que todos nós podemos aprimorar essa
habilidade, aprendendo a enxergar novas aplicações para elementos já existentes.
O segundo mito que abordamos é: "Criatividade é algo único."
2) Criatividade é algo único:
A Matriz Creatrix identifica estilos de Criatividade com base na motivação para a
criatividade e na disposição para assumir riscos. Em geral, a maioria das pessoas se
encontram nas zonas intermediárias da Matriz.
Estar localizado nos extremos da Matriz, nem sempre é algo bom, pois
percebemos que estão localizados o ‘Copiador’, o ‘Sonhador’ e o ‘Crítico’. Pessoas
‘Inovadoras’ não são comuns de encontrar e quase sempre elas se destacam muito em
suas áreas de trabalho.
19
Figura 10 - Matriz Creatrix.
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6.5 Percepção cognitiva da Criatividade
Para exemplificar esse tópico, apresentamos alguns exercícios para reflexão.
Interrompa o vídeo e tente elaborar as respostas.
● Teste de Reflexão Cognitiva:
1) Um taco e uma bola juntos custam $1,10 no total. O taco custa $1 a mais do que
a bola. Quanto custa a bola?
➔ 10 centavos?
➔ 5 centavos?
Ao responder rapidamente, a maioria das pessoas dirá que a bola custa 10
centavos. No entanto, a resposta correta é 5 centavos. Se a bola custa 5 centavos e o
taco custa $1 a mais, ele custará $1,05. Logo, o valor do conjunto será $1,10.
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O Pensamento Convergente, frequentemente, nos leva a fornecer respostas
rápidas e sem muita reflexão, por meio do raciocínio analítico, resultando em uma única
solução lógica (atividade predominante no hemisfério esquerdo do cérebro).
Em contrapartida, o Pensamento Divergente propõe diversas alternativas de
solução para um mesmo problema, sendo associado ao hemisfério direito do cérebro.
Existem técnicas que auxiliam no desenvolvimento desse tipo de pensamento,
tornando-o um hábito para a pessoa. Esse é um dos caminhos para aprimorar a
criatividade.
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Por outro lado, o Pensamento Lateral adota uma abordagem criativa e não
convencional para resolver problemas ou analisar situações. Ele desafia suposições e
restrições convencionais, explorando perspectivas distintas e surpreendentes. Ao
contrário do Pensamento Linear, o Pensamento Lateral busca soluções inovadoras,
quebrando padrões rígidos de pensamento e revelando respostas não óbvias à primeira
vista. Nesse contexto, destaca-se a importância do desenvolvimento do Pensamento
Lateral, que quase não é abordado durante nosso período escolar.
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Tabela 3 - Componentes que contribuem para ter uma mente criativa.
Internas Externas
Figura 13 - Símbolo representativo do Método Ingenious, mostrando a conexão entre os seis elementos.
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abordagens específicas que você pode aprimorar para liberar sua imaginação.
Isso inclui conectar e combinar ideias, reformular problemas e desafiar
suposições.
● Atitude: indivíduos que consideram a inteligência moldável expressam coisas
como "Quando as coisas ficam difíceis, eu me esforço mais" ou "Se eu cometer
um erro, tento aprender e entender." No entanto, aqueles que acreditam que sua
inteligência é fixa não aproveitam as oportunidades para aprender com seus
erros.
● Recursos: é importante observar que alguns dos recursos em seu ambiente são
fáceis de identificar, enquanto outros exigem exploração física ou mental. Cabe a
você reconhecer os recursos únicos em seu ambiente e adquirir o conhecimento
para utilizá-los. Infelizmente, em algumas partes do mundo, as pessoas não
reconhecem os ativos em seu ambiente. Elas estão tão focadas em tentar replicar
os ativos em outras partes do mundo que não enxergam o valor de seus próprios
recursos.
● Habitats: o espaço é um fator chave em cada um de nossos habitats, pois
comunica claramente o que você deve ou não deve estar fazendo. Se você vive e
trabalha em um ambiente estimulante, sua mente fica aberta a ideias frescas e
novas. No entanto, se o ambiente for monótono e restritivo, sua criatividade é
sufocada. Quando viajamos e mudamos o habitat, também auxilia muito no
processo de criação.
● Cultura: cada pessoa, família, escola e organização contribui para a cultura, e,
portanto, a cultura em qualquer comunidade é essencialmente a soma das
atitudes coletivas de todos que vivem ali. É por isso que a cultura está
diretamente relacionada à atitude. Se mesmo um pequeno número de indivíduos
mudar sua atitude, a cultura ambiente naturalmente se transforma. Considere
como as normas culturais em relação a jogar lixo no chão, reciclar latas e
garrafas, fumar cigarros e economizar energia têm mudado ao longo dos anos.
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6.7 Processo Criativo
Para abordarmos o Processo Criativo, é necessário iniciar discutindo o contexto
em que esse processo se desenvolve. Mel Rhodes concebeu o Modelo das Quatro
Dimensões da Criatividade (1961). Ele identificou que, para que o processo criativo
ocorra, a pessoa deve estar inserida no meio (ambiente) em que esse processo está
acontecendo. Sobretudo no contexto empresarial, é crucial compreender o contexto em
análise e a razão pela qual se busca alternativas para uma situação específica. Outra
dimensão relevante é a 'Pessoa', o indivíduo responsável por esse processo, em que
estão envolvidos o conhecimento e as atitudes dessa pessoa. Na dimensão 'Produto',
discutimos a solução propriamente dita.
Todas essas dimensões precisam ser consideradas para que a criatividade não
seja percebida como um momento genial, mas sim como um processo contínuo. Pessoas
diferentes, ao seguir um mesmo passo a passo, podem alcançar soluções diversas. O
mesmo princípio se aplica quando a metodologia é aplicada em ambientes diferentes.
Cada contexto proporcionará resultados distintos. Nesse sentido, considere estar inserido
em diferentes empresas ou, mesmo na mesma empresa, em situações de pressão
diferentes.
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1. Reconhecimento de insights: para que os insights ocorram, é preciso ter uma
visão clara do que pode ser melhorado e como. Nesse momento, mais importante
que as respostas são as perguntas. Como você irá modelar o problema?
2. Geração de alternativas: por exemplo, se você deseja otimizar um determinado
componente, quais são as possibilidades que você possui? Nessa etapa, as
técnicas de geração de ideias podem auxiliar muito.
3. Seleção de alternativas: é importante ressaltar que o processo criativo é muito
mais efetivo se realizado em conjunto, para que haja mais criticidade nessa etapa.
4. Se necessário, repetir as etapas 2 e 3.
5. Transferência das ideias para o mundo real: neste estágio, nasce o produto.
6. Aprendizado obtido do processo criativo.
Em linhas gerais, o Processo Criativo inicia-se com o reconhecimento dos insights
que desencadeiam a criatividade. Qual é o problema que você quer resolver? Qual é a
formatação do problema? Quais perguntas você fará para entender a questão? Verifique
se é útil responder a essas questões. Você estará gerando valor? Após analisar se suas
alternativas são indicadas, você as aplicará em algum produto; caso contrário, poderá
reiniciar o processo.
27
É evidente que essas etapas são genéricas e dependerão do tipo de organização
em que você está inserido. Por exemplo, se estiver envolvido no lançamento de um
medicamento pela indústria farmacêutica, haverá uma série de outros passos até
transferir as ideias para o mundo real.
Em qualquer Processo Criativo, a qualidade do resultado sempre dependerá da
qualidade da entrada. Além disso, entender a Criatividade como um processo pode:
● Evitar que você tome julgamentos precipitados e chegue a conclusões erradas;
● Auxiliar a verificar e questionar suas suposições;
● Proporcionar uma compreensão mais profunda das causas subjacentes do
problema - por que o problema existe?;
● Permitir identificar prioridades para direcionar seus esforços de maneira mais
precisa.
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● Equilíbrio da Criatividade nos Líderes: líderes criativos devem equilibrar sua
criatividade para evitar centralização excessiva;
● Cultura Participativa e Inovadora: a cultura liderada por líderes criativos deve
promover a participação e valorização de ideias, empoderando os colaboradores
a buscar soluções ousadas;
● Aprendizado com Fracassos e Sucessos: a capacidade de aprender com
fracassos e sucessos gera insights valiosos, orientando a inovação;
● Foco no Propósito: manter o foco no propósito da empresa guia a liderança e as
atividades, direcionando os esforços para objetivos claros.
O Modelo de Ekvall-Isaksen destaca nove dimensões para um ambiente
organizacional criativo:
1. Desafio: os colaboradores se sentem desafiados e emocionalmente envolvidos
no trabalho?
2. Liberdade: os colaboradores têm autonomia para decidir como realizar o
trabalho?
3. Tempo para Pensar: há tempo disponível para os colaboradores refletirem antes
de agir?
4. Apoio a Ideias: os colaboradores contam com recursos suficientes para
transformar novas ideias em realidade?
5. Confiança e Abertura: existe um ambiente seguro para os colaboradores
compartilharem pontos de vista diferentes?
6. Descontração e Bom Humor: os colaboradores se divertem durante o processo,
mantendo um equilíbrio entre descontração e seriedade?
7. Conflitos: os colaboradores se envolvem em conflitos interpessoais de maneira
construtiva?
8. Debates: os colaboradores participam de debates produtivos, evitando brigas
desnecessárias?
9. Disposição para Assumir Riscos: os colaboradores se sentem autorizados a
assumir riscos e experimentar?
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Assim, um ambiente criativo não se resume apenas ao espaço físico, mas reflete
uma postura geral. Empresas podem aprender muito sobre seus clientes em locais
diversos, não necessariamente no escritório. Aspectos físicos, como a disposição do
espaço, também desempenham um papel importante, favorecendo tanto ambientes
amplos quanto espaços isolados para concentração. A cultura da empresa em relação
aos erros é essencial, com algumas empresas, como a Four Seasons Hotels and
Resorts, chamando o erro de "bug", e a Pixar incentivando riscos gerenciados ao não
demitir pessoas que erram, promovendo um ambiente propício à criatividade.
30
Técnicas do Abordagem para explorar ideias a partir Geração e Movimentação
Pensamento Lateral de ângulos diferentes dos habituais. de Ideias
7. Passo a Passo
7.1 Passo 1 - Entender o Incômodo
Esse estágio é de suma importância, contudo, muitas vezes é negligenciado ou
abordado de forma apressada. Isso ocorre devido à aparente evidência do problema ou à
pressa em solucionar questões superficiais. Entretanto, a noção de obviedade varia
consideravelmente de pessoa para pessoa, sendo algo evidente para alguns e
completamente não evidente para outros. Os gestores, em especial, devem atentar para
essa subjetividade, sendo crucial que a equipe de criação trabalhe ativamente na
compreensão do cenário.
Desenvolver uma solução criativa sem uma compreensão aprofundada do
contexto do problema representa um risco significativo. A definição adequada do
problema desempenha um papel crucial ao orientar as etapas subsequentes, sendo
responsável por gerar insights, que são compreensões súbitas ao examinar o problema
de perspectivas diversas.
Essa definição inicial não apenas gera insights, mas também auxilia na
identificação de prioridades. É fundamental evitar conclusões preestabelecidas e buscar
consenso durante essa fase. Nunca se deve julgar algo como sendo muito fácil ou
direcionar a análise para um modelo mental específico.
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A utilização de evidências, incluindo dados e depoimentos, é vital para a análise,
destacando-se a importância de vídeos de clientes expressando problemas ou desejos.
Um exemplo ilustrativo seria a opinião de um colega sobre um restaurante. Apesar de
sua descrição, é necessário visitar o local pessoalmente para formar uma opinião própria.
Avançando para uma abordagem mais prática sobre como solidificar esse passo,
destacamos a aplicação da Técnica do 5W2H. Essa ferramenta possibilita a coleta de
informações e a análise do problema de uma perspectiva holística, sendo especialmente
útil quando o desafio em questão é abstrato ou ambíguo.
Na prática, são realizados os seguintes questionamentos com base no 5W2H:
What (O quê), Why (Por quê), Where (Onde), When (Quando), Who (Quem), How
(Como) e How Much (Quanto).
● What (O quê): Quais são os fatos? Qual é o meu objetivo? Onde quero chegar?
(Os objetivos podem ser reformulados conforme necessário.)
● Why (Por quê): Por que isso é um desafio? (A aplicação dos cinco porquês é
sugerida, explorando diversos níveis de questionamento.)
● Where (Onde): Onde posso resolver isso da melhor maneira? Onde está o
problema?
● When (Quando): Qual é a minha data limite?
● Who (Quem): Quem pode me auxiliar? Quem se beneficiará? Quem são os
afetados?
● How (Como): Como isso impacta as pessoas ou suas atividades? Como posso
tentar resolver?
● How Much (Quanto): Quanto isso vai me custar? Quanto isso me prejudica
atualmente?
32
7.1.1 Exemplo 5W2H
Nesta aula, examinaremos um exemplo de aplicação criativa da técnica 5W2H,
indo além das abordagens convencionais. Isso auxiliará na compreensão das restrições e
na avaliação do que será ou não útil.
Em uma indústria farmacêutica, William, gerente de Qualidade, deparou-se com
um problema recorrente: o chão da copa estava frequentemente sujo, e o processo de
descontaminação para acessar os laboratórios após o almoço demandava muito tempo
dos colaboradores. Mesmo com a constante limpeza da copa, as pegadas no chão
molhado persistiam, pois todos passavam por lá.
William optou por envolver a equipe de P&D, propondo um projeto para
desenvolver uma solução para o problema. Embora parecesse uma questão simples,
eles tinham em mente que a solução convencional, como um pano molhado, não seria
eficaz. Poderiam explorar desde a criação de um pano mais resistente até um produto de
limpeza mais eficiente.
Augusto, um membro da equipe de P&D, duvidava da viabilidade dessas
soluções, considerando o alto custo e a complexidade na execução. Recordando-se das
vezes em que derrubou café em sua casa, Augusto percebeu que, em tais situações,
utilizava papel toalha em vez de um pano, descartando-o após o uso.
Em uma reunião com William e a equipe, Augusto compartilhou sua percepção.
Juntos, entenderam que estavam abordando o problema de maneira equivocada: a
solução não envolvia a criação de um novo produto, mas sim o desenvolvimento de um
método inovador de limpeza. Isso proporcionaria uma solução rápida e eficaz, com custo
consideravelmente menor.
O modo como eles aplicaram o 5W2H está representado abaixo:
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Quando? momento em que as opções tradicionais não estavam
When
atendendo à demanda dos colaboradores por praticidade.
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em um momento posterior. O objetivo era evitar que os colegas desmerecessem
ideias uns dos outros;
● Exageros são bem-vindos: a liberdade para exagerar era incentivada, sabendo
que as ideias seriam refinadas posteriormente;
● Quanto mais ideias, melhor: a ênfase estava na quantidade, encorajando uma
ampla gama de pensamentos;
● Procure combinações e melhorias: Estimulava-se a busca por combinações
entre ideias e possíveis melhorias, promovendo um processo de refinamento.
Ao aplicar as mesmas quatro dimensões do Processo Criativo, podemos fornecer
algumas orientações que podem ser incorporadas ao Brainstorming.
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É recomendável utilizar ferramentas de apoio, como lousas, flipcharts ou
plataformas online, para facilitar o registro das ideias. Reconhecer a importância de
pausas entre as sessões e conceder um tempo de incubação são práticas essenciais
para permitir o desenvolvimento mais profundo das ideias no cérebro.
Uma estratégia eficaz do Brainstorming é escalonar a criação de ideias,
avançando gradualmente para envolver um grupo maior. Isso contribui para um fluxo
mais fluido e organizado no processo criativo.
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● O robô pode ensinar palavras em línguas estrangeiras;
● A criança pode interagir com o robô em jogos de lógica;
● O robô pode ter um projetor para contar histórias;
● O robô pode ser integrado com um aplicativo controlado pelos pais;
● O robô pode realizar simulações de situações, como viagens no tempo;
● A criança pode usar o robô como consulta, assistente virtual.
Ao dividir a equipe em pequenos grupos, surgiram as seguintes ideias:
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Os resultados tendem a ser mais eficazes quando as pessoas têm uma
compreensão mais aprofundada e contextualizada do problema.
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Figura 20 - Exemplo de “subtração” de componentes do walkman para o simples fone bluetooth.
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Figura 21 - Exemplo de Divisão do tablet, deixando o Kindle apenas com a função de leitura.
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Figura 22 - A fita crepe apresenta um lado adesivo e outro não adesivo, enquanto a fita dupla face conta com
ambos os lados revestidos com adesivo.
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● Contato direto dos minerais do esfoliante com a pele, aumentando o fator
nutritivo.
Viabilidade da Mudança:
● A mudança é considerada viável.
● A necessidade de testes adicionais é reconhecida para garantir eficácia e
segurança na implementação.
Esse estudo de caso destaca como a técnica SIT foi aplicada de maneira
específica e criativa, possibilitando a inovação no produto de esfoliante facial e
alinhando-o à nova estratégia da indústria de cosméticos para produtos de cuidados com
a pele natural.
Combine: E se juntássemos coisas novas para criar algo novo? Por exemplo: uma
C
caneta que possua passador de slides.
Adapt: Como podemos adaptar um produto que já existe? Como podemos tornar
A o processo mais flexível? Por exemplo: como poderíamos proceder para fazer
com que a caneta também passe slides?
Modify (also Magnify and Minify): Como posso modificar um produto para
M melhorar os resultados? Selecionar um componente daquele produto, que possa
ser modificado.
P Put to another use: Como podemos aplicar o produto para um uso diferente?
Reverse: O seu time poderia rearranjar ou mudar elementos para mudar os seus
R
resultados?
42
7.2.3.1 Exemplo SCAMPER
Roberto, analista de experiência do cliente em uma indústria que produz
embalagens plásticas diversificadas, desde aquelas destinadas a alimentos até
saquinhos para embalar roupas novas, enfrentava um desafio específico relacionado a
uma embalagem de bolachas wafer. A problemática consistia nas reclamações
frequentes sobre a murcha das bolachas após um certo período de tempo, mesmo
estando dentro do prazo de validade, resultando em uma perda de qualidade percebida
pelos clientes.
Diante dessa questão crítica que afetava a funcionalidade da embalagem,
Roberto percebeu a necessidade premente de repensar o design oferecido. Em
colaboração com os profissionais responsáveis pelo maquinário de produção das
embalagens e o setor de Pesquisa e Desenvolvimento, ele organizou uma reunião focada
na idealização de ideias, empregando a técnica SCAMPER. Contudo, antes de mergulhar
nesse processo criativo, conduziram uma breve investigação.
Roberto montou uma equipe composta por especialistas de diversas áreas,
visando identificar as causas do problema. A análise revelou a existência de
microfissuras no plástico, levando à degradação da qualidade das embalagens. Esse
cenário adverso estava associado à idade do material e a um processo de fabricação
obsoleto. Diante dessas constatações, eles aplicaram a Técnica SCAMPER.
Adapt: Como podemos adaptar um produto que já existe? Como podemos tornar
A
o processo mais flexível?
Modify (also Magnify and Minify): Como posso modificar um produto para
M
melhorar os resultados?
P Put to another use: Como podemos aplicar o produto para um uso diferente?
43
Reverse: O seu time poderia rearranjar ou mudar elementos para mudar os seus
R
resultados?
Pensar em outro uso (Put to another use): Permitir que o produto não perca o
P
sabor depois de aberta a embalagem.
44
anteriormente, esse tipo de pensamento pode ser impulsionado por várias técnicas. A
seguir, exploraremos algumas delas.
Treinamento de Foco
O Treinamento de Foco pode ser específico em termos de área ou propósito:
● Foco de área: concentra-se em onde desejamos gerar ideias criativas,
considerando o "o quê" da criatividade, não apenas o "porquê".
● Foco de propósito: determinamos o foco para atingir um objetivo particular, que
pode envolver a resolução de um problema, o alcance de uma meta, a
implementação de melhorias, entre outros.
Técnica do Desafio
Esta técnica consiste em observar características de um objeto ou processo e
desafiá-las. O desafio tem por objetivo buscar alternativas e não deve ser interpretado
como uma crítica ou um ataque. Ele é sempre baseado em algo já existente. Por
exemplo, questionar por que a asa da xícara de café é vertical.
Técnica do Triângulo do Conceito
Para aplicar a Técnica do Triângulo do Conceito, os passos são os seguintes:
1. Estabeleça um propósito claro (objetivo).
2. Identifique a primeira alternativa.
3. Extraia um conceito fundamental da alternativa (ponto de referência).
4. Explore outras alternativas potenciais.
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Técnica da Entrada Aleatória
Com frequência, mantemos nosso foco sempre na mesma linha de raciocínio.
Uma entrada aleatória proporciona a abertura de um caminho diferente, levando a
alternativas distintas.
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2. Conceito
Pensamentos adicionais:
● …não há cardápio. Você diz ao garçom como se sente e ele decide sua
refeição por você.
● …você não pode ver a comida que está comendo (está coberta).
Restaurantes assim, já existem.
● …um restaurante vegetariano, cuja comida está “disfarçada” de carne.
Você pode pensar em outras palavras aleatórias para fazer o exercício, por
exemplo, ‘carro’.
47
Figura 25 - Sequência de realização da técnica.
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É o momento de examinar a ideia sob diferentes perspectivas.
3. Os críticos: a partir de um plano de ação, é essencial identificar os possíveis
obstáculos. Aqui, prevalece o pensamento convergente.
● Quais são os potenciais problemas?
● O que está faltando?
● Por que poderíamos não ser capazes de aplicar essa ideia?
● Qual a lógica por trás dessa estratégia?
Finalmente, a ideia é avaliada para determinar sua viabilidade e se dispõe de um
plano de ação robusto.
49
○ Início e prazo: possível início na semana atual e conclusão na próxima;
○ Recursos necessários: participação do CEO e colaboração do
desenvolvedor do site;
○ Avaliação: a viabilidade financeira torna essa ideia interessante.
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○ Considerações críticas: logística complicada para projetos realizados de
modo híbrido ou online; gastos incompatíveis com os resultados
esperados.
● "Ao invés de um formulário, o cliente poderia conversar com um chatbot
que registra as respostas de maneira automática."
○ Considerações críticas: possíveis problemas de atendimento com a IA;
gastos não condizentes com os resultados esperados.
Resultados:
● Optaram pela ideia mais acessível - o vídeo de agradecimento do CEO;
● A efetividade do plano está sendo avaliada com base no número de respostas do
NPS e nas visualizações do vídeo.
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Além disso, estabelecer pontos fixos pode ser uma estratégia eficaz para gerar
alternativas tangíveis. Ao definir pontos específicos e desenvolver alternativas a partir
deles como base, abre-se espaço para a exploração de soluções criativas e inovadoras.
Essa flexibilidade e abertura para diferentes caminhos são essenciais para um processo
de análise que resulte em soluções verdadeiramente inovadoras e sustentáveis.
52
movimentar qualquer pensamento que venha à mente, extrair um conceito, princípio,
característica ou valor, focar na diferença em relação ao que havia inicialmente, visualizar
passo a passo e considerar aspectos positivos e circunstâncias especiais. Essa dinâmica
de movimentação contribui para a evolução e refinamento das ideias geradas durante o
processo criativo.
Chapéu dos sentimentos. Quem o usar deve dar vazão aos aspectos
irracionais, sem necessidade de justificá-los com dados. Recomenda-se
que seja o primeiro, para evitar que sentimentos entrem em conflito com
aspectos racionais;
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Chapéu da precaução. Quem o usar, deve ser pessimista e racional, com
juízo crítico. Deve ser usado com moderação para não podar a criatividade
e voltar ao status quo;
Chapéu do processo. Quem o usar, deve evitar que o debate saia de foco.
Geralmente, é usado pelo líder da reunião.
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2) Branco: Chapéu da neutralidade.
● “Se não investirmos em inovação, vamos ficar para trás. Fato é que
empresas que não inovam, morrem.”
● “Gente, calma, vai ficar tudo bem. Essa câmera nova da concorrente
vai demorar para sair.”
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● Passo 3 - Analisar as soluções propostas: o entendimento aprofundado do
projeto ocorre nesta fase, onde as soluções propostas são avaliadas em termos
de viabilidade, eficácia e alinhamento com os objetivos;
● Passo 4 - Direcionar para a ação: finalmente, o teste e o refinamento entram em
cena, direcionando o projeto para a implementação efetiva.
O nível de testes, refinamento e atenção dedicado dependerá significativamente
do grau de complexidade do projeto em questão. Obviamente, um novo sistema de
propulsão de aeronaves exigirá uma abordagem mais rigorosa.
Ao seguir o Roadmap, a parte de desenvolvimento e criatividade avança em
direção à ação efetiva. Vale ressaltar que o modelo abaixo é particularmente aplicável a
sistemas complexos, onde a integração e a implementação requerem uma abordagem
mais estruturada.
Uma ideia é apenas uma ideia até que se torne uma inovação por meio da ação.
Para transformá-la em realidade, é essencial incorporar um espírito empreendedor,
caracterizado pela tomada de iniciativa e pela construção de confiança ao longo do
processo. Um elemento crucial no ciclo de inovação é a fase de testes, e diversos
modelos se destacam para esse propósito:
● Protótipo: desenvolver um modelo inicial tangível da ideia, permitindo uma
visualização prática e a identificação de ajustes necessários;
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● Teste de usabilidade: realizar simulações controladas para avaliar a eficácia e a
experiência do usuário, permitindo refinamentos antes do lançamento;
● Piloto: implementar a ideia de forma limitada, em escala reduzida, para observar
seu desempenho real e identificar possíveis melhorias antes de uma
implementação mais ampla.
Esses modelos de teste fornecem uma abordagem estruturada para validar e
aprimorar a ideia, contribuindo para a transformação bem-sucedida de conceitos em
inovações concretas.
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As fases de descoberta e definição desempenham papéis cruciais na estratégia,
delineando o caminho a ser seguido nos testes. Por outro lado, desenvolver e entregar
compreendem a fase de execução da solução, utilizando todas as informações reunidas
nas etapas anteriores para testar.
1. Descobrir:
● Quem são os clientes e quais são as dores?
● Essa etapa representa a fase de pesquisa, exigindo empatia com o cliente;
● Caracteriza-se por uma imersão profunda nos negócios, processos e foco do
cliente;
● Métodos: Imersão, benchmark, pesquisa de campo, mapa de empatia.
2. Definir:
● Qual é a dor que será solucionada? Qual solução geraria mais valor?
● Após divergir nas possibilidades de dores e imergir no cliente, é o momento de
definir qual dor a ideia deve resolver, ou seja, convergir;
● Métodos: Business Model Canvas; slogan.
3. Desenvolver:
● Quais são as soluções possíveis?
● Este é o momento de idealizar de acordo com a proposta de valor definida na
etapa anterior;
● Incentiva a geração de ideias criativas;
● Métodos: todas as ferramentas apresentadas no passo 2.
4. Entregar:
● Qual é a solução mais eficaz?
● É a fase de compreender se a ideia possui validade operacional e faz sentido
para o cliente;
● Mesmo com a convergência para uma ideia, é importante que todos gerem
insights;
● Métodos: protótipo, teste de usabilidade, piloto.
A metodologia Double Diamond proporciona um guia claro, alternando entre
pensamento divergente e convergente. Ao destacar as fases de descoberta e definição
como estratégicas, e o desenvolvimento e entrega como executivas, a abordagem se
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revela robusta. A ênfase nas etapas de pesquisa, imersão e idealização destaca sua
eficácia na inovação. Em última análise, as fases de teste e entrega, utilizando métodos
como protótipos e testes de usabilidade, consolidam a transformação de ideias em
soluções tangíveis.
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Diante desse conjunto de ideias, era imperativo convergir para a realização de um
teste eficaz. A estratégia de Camilla consistia em encontrar uma solução simples e
econômica que, ao mesmo tempo, ampliasse a confiança do paciente, impactando
positivamente a adesão à telemedicina. Com esse objetivo em mente, ela optou por
conduzir um teste específico na área de dermatologia. Implementaram um sistema que
solicitava fotos, respeitando os padrões éticos médicos, para avaliação de condições
como alergias, pintas e manchas.
O propósito desse teste era verificar se os pacientes passariam a ter mais
confiança no uso da telemedicina, considerando a diversidade de perspectivas
proporcionadas pelos diferentes ângulos capturados nas imagens. Caso o teste fosse
bem-sucedido, abriria caminho para iniciativas mais arrojadas, como a integração de
Inteligência Artificial. Em caso de identificação de outros problemas, esse enfoque teria
permitido economia de tempo e recursos financeiros.
Consequentemente, a iniciativa inovadora revelou-se um êxito, refletido em um
significativo acréscimo de 15% na utilização da telemedicina. Adicionalmente,
constatou-se uma melhoria substancial na experiência do médico, proporcionada pela
disponibilidade de meios adicionais para avaliar o paciente. Esses resultados positivos,
ao impulsionar a confiança no serviço, viabilizaram a continuidade dos investimentos da
seguradora nesse segmento em expansão.
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ênfase exagerada na razão ou lógica podem limitar nossa capacidade criativa. Uma
atitude "tudo ou nada" também pode ser um entrave.
Por fim, os bloqueios emocionais, relacionados aos sentimentos e atitudes
individuais, apresentam desafios como o medo de errar, o apego à primeira ideia, a
rigidez de pensamento, o desejo de sucesso rápido, o amor à segurança e o receio de
desagradar superiores ou desconfiar dos colegas. Identificar e compreender esses
bloqueios é o primeiro passo para superá-los e liberar o potencial criativo.
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