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Adicionalmente, qualquer problema com sua turma/curso deve ser resolvido, em primeira
instância, pela secretaria de sua unidade. Caso você não tenha obtido, junto a sua
secretaria, as orientações e os esclarecimentos necessários, utilize o canal institucional da
Ouvidoria.
ouvidoria@fgv.br
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SUMÁRIO
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA
1.1 Ementa
Conceitos e fundamentos do Empreendedorismo. Diferentes abordagens para o
empreendedorismo. Tipos de empreendedorismo e estratégias para construir uma cultura
empreendedora. Modelos para a Inovação. Gestão da inovação e métricas. Ambidestria
organizacional. Inovação e processos de mudança. Modelos de negócio.
1.3 Competências
▪ aplicar as principais estratégias, modelos e ferramentas para inovar em ambientes
de incerteza e volatilidade;
▪ criar e transformar negócios com base em abordagens colaborativas; iterativas, e
que promovam a inovação com base no learning by doing;
▪ construir e analisar modelos de negócios;
▪ construir estratégias para promover a inovação e conduzir processos de mudança;
▪ construir soluções inovadoras a partir do conhecimento dos diferentes tipos de
inovação;
▪ construir e gerenciar redes de inovação.
1.5 Metodologia
Exposição teórica com apoio de filmes e slides. Estudos de casos, trabalhos em grupo
e debates.
A1 Prova individual 7
Osterwalder, A.; Pigneur, Y. Business Model Generation. [Digite o Local da Editora]: Editora
Alta Books, 2019.
KOTTER, John P. Liderando mudanças: transformando empresas com a força das emoções.
Alta Books Editora, 2017.
Nos últimos tempos as organizações estão olhando para a gestão empreendedora com
mais atenção. Vale ressaltar que um dos principais desafios organizacionais nas empresas
se refere à retenção de talentos e toda a sua base de experiência e conhecimento.
Verificou-se nos últimos anos um aumento da evasão do capital humano de organizações
que adotam modelos de gestão tradicionais, e que não oferecem um ambiente propício
para a inovação e o empreendedorismo. Como resultado, aumenta o índice de
colaboradores que trabalham dentro do horário estabelecido, e ao sair da empresa,
empreendem seu próprio negócio. Colocam, portanto, toda a sua energia criativa e
empreendedora para fora da empresa e, muitas vezes, criam empresas concorrentes com
o “know how” que adquiriram.
DE PARA
Os gerentes são a cabeça e planejam. Os Todos têm cabeça e corpo, que devem ser
trabalhadores são o corpo e apenas integrados.
executam.
Delegar é perder poder. Delegar é ganhar poder.
Um bom gerente deve ser antes de tudo um Um bom gerente tem habilidades técnicas,
bom técnico. humanas e conceituais.
Linha de produção. Células de trabalho.
Eficiência acima de tudo. Flexibilidade acima de tudo.
Impessoal e burocrática. Estrutura baseada em pessoas.
A empresa é uma máquina e as pessoas, as A empresa é um sistema dinâmico e orgânico.
engrenagens.
Estruturas funcionais de grande porte. Estruturas de unidades de negócio.
No mundo dos negócios, a abertura e a Abertura e franqueza são base do sucesso.
franqueza são secundárias.
A competição é a mola que move a empresa. A cooperação é a mola que move a empresa.
Só o topo da empresa deve conhecer as Todo pessoal-chave participa e conhece as
estratégias e metas. Segredo. estratégias e metas. Transparência.
Fonte: Desenvolvida pelos autores.
Pode-se notar que as mudanças foram muitas, e concluir que o sucesso de um negócio,
seja inovador ou não, depende de vários fatores e condições – tanto pessoais, como
ambientais - que o empreendedor deve levar em consideração antes de iniciá-lo. Define-
se empreendedor como uma pessoa motivada pela autorrealização, desejo de assumir
responsabilidades e independência, e que assume riscos e toma decisões sob ambiguidade.
Embora busque ter satisfação financeira, considera irresistível assumir novos desafios,
estando sempre propondo novas ideias, que são seguidas pela ação. Está sempre se
autoavaliando, se autocriticando e controlando seu comportamento em busca do
autodesenvolvimento. Para tornar-se um empreendedor de sucesso, é preciso reunir
imaginação, determinação, habilidade de organizar, liderar pessoas e de conhecer
tecnicamente etapas e processos.
"Um indivíduo que identifica oportunidades e para explorá-las toma iniciativa de reunir,
organizar ou administrar recursos na forma de uma empresa autônoma, assumindo uma
quantidade significativa de risco associado com a participação acionária nesta empresa,
comprometendo-se pessoalmente com o resultado".
Por que empreendedores são empreendedores? Será que existe alguma razão ou teoria
que ajudaria a compreender por que algumas pessoas têm sucesso e outras não? Será que
é mesmo possível estabelecer algum denominador comum entre os empreendedores que
tiveram êxito e os que fracassaram em sua jornada? A resposta para essa pergunta é SIM.
1. Quem eu sou?
2. O que sei fazer?
3. Quem eu conheço?
Essas questões são bem simples, mas, se respondidas honestamente, trarão à tona uma
complexidade muito rica e útil para os empreendedores, e essas perguntas podem e devem
ser feitas a qualquer momento da trajetória do empreendedor – e não somente no
momento de decisão sobre abrir ou não um novo negócio.
1
Schumpeter J. A. Business Cycles. New York, NY: McGraw-Hill, 1939
2
DRUCKER, Peter. Inovação e Espírito Empreendedor. São Paulo; Cengage Learning, 2016.
3
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda; AURÉLIO, Novo. Dicionário da língua portuguesa: século XXI. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
Vantagens do Effectuation
Enquanto o modelo convencional de fazer empreendedorismo se preocupa quase que
integralmente com os resultados externos do trabalho, o effectuation coloca o foco naquilo
que o empreendedor está fazendo no momento presente, ao invés de preocupar-se com
os resultados futuros daquela ação.
explicam seu impulso, mas também sua intolerância quanto a lhe dizerem o que fazer.
Embora estejam abertos a informações e ideias, elas já têm todas as ordens que podem
aguentar dadas por seus próprios imperativos internos. O impulso para realizar a visão
explica sua dedicação e disposição para realizar qualquer tarefa, não importando quão
trivial ela seja, se ela é necessária ao sucesso do intraempreendimento.
Desmistificando o empreendedorismo
De acordo com Torres, 20104, o empreendedor necessita estar atento para novas ideias,
negócios para isso em seu dia a dia há que estar receptivo para novas oportunidades. A
seguir, apresentam-se algumas possibilidades para a identificação das oportunidades:
4
TORRES, Maria Candida Sotelino; TORRES, Alexandre Pavan Torres, Projetos Integrados de Negócios, Rio de
Janeiro: FGV, 2010).
1. Empreendedor público;
2. Empreendedor corporativo;
3. Empreendedor cooperado;
4. Empreendedor inesperado;
5. Empreendedor informal.
6. Empreendedor do conhecimento;
7. Empreendedor normal;
8. Empreendedor serial;
9. Empreendedor herdeiro;
10. Empreendedor interno;
11. Empreendedor individual;
12. Empreendedor franqueado;
13. Empreendedor social;
14. Empreendedor digital.
A jornada empreendedora
A jornada empreendedora está longe de ser fácil e simples. O percurso de levar uma ideia
até o mercado de forma sustentável envolve uma série de habilidades comportamentais e
profissionais importantes.
No entanto existe um ponto crítico a ser considerado: não basta empreender, é necessário
desenvolver um negócio que tenha uma proposta de valor realmente diferenciada, isto é,
realmente inovadora.
uma atitude de busca de soluções melhores e de oportunidades que agreguem valor para
a sociedade.
Capacidade de inovar — para inovar, é preciso praticar, buscar novas maneiras de fazer o
existente, criar o hábito de imaginar soluções para o que ainda não tenha sido resolvido
ou cuja solução disponível seja insatisfatória. Outra condição para o empreendedor se
tornar inovador é a criação de condições para a experimentação, isto é, realizar pequenos
projetos — projetos-piloto — para testar suas ideias inovadoras, antes de transformá-las
em empreendimentos.
Ideias que deram certo em outros lugares — muitas ideias surgem em outros locais,
estados, países e, depois de testadas, tornam-se boas soluções. Os empreendedores
atentos mantêm-se informados para verificar quais as novidades que deram certo e
saberão avaliar se também existem perspectivas de sucesso em seu país, estado e cidade.
Estabelece metas
▪ Persegue objetivos desafiadores e importantes para si mesmo;
▪ Tem clara visão de longo prazo;
▪ Cria objetivos mensuráveis, com indicadores de resultado.
Planeja e monitora
▪ Enfrenta grandes desafios, agindo por etapas;
▪ Adequa rapidamente seus planos às variáveis de mercado;
▪ Acompanha os indicadores financeiro e leva-os em consideração no momento da
tomada de decisão.
Independência e autoconfiança
▪ Confia em suas próprias opiniões mais do que nas dos outros;
▪ É otimista e determinado, mesmo diante da oposição;
▪ Transmite confiança em sua própria capacidade.
Comprometimento
▪ Traz para si as responsabilidades do sucesso e do fracasso;
▪ Atua em conjunto com a sua equipe para atingir os resultados;
▪ Coloca o relacionamento com os clientes acima das necessidades de curto prazo.
Persistência
▪ Não desiste diante de obstáculos;
▪ Reavalia e insiste ou muda seus planos para superar objetivos;
▪ Esforça-se além da média para atingir seus objetivos.
Vive-se em uma economia na qual o conhecimento se tornou uma das mais importantes
fontes de vantagem competitiva sustentável. As empresas cujo principal fator de produção
é o conhecimento e seus subprodutos vão multiplicar-se mais e mais, independentemente
do ramo ou setor da economia no qual atuam, tornando, consequentemente, a gestão do
conhecimento e da inovação áreas de importância estratégica nas organizações.
Verifica-se, portanto, que é imprescindível que uma empresa esteja preparada para atuar
nestes ambientes em constante transformação e ser capaz de realizar mudanças internas
Caso a empresa adote metas e objetivos estratégicos focados na inovação e formule suas
estratégias visando promovê-la ao nível da organização, deverá contar com a estrutura,
sistemas, estilos de gestão, pessoas e valores organizacionais que sustentam seu processo
estratégico.
Vários estudos de casos evidenciam que aquelas organizações que possuem estas
características são mais inovadoras do que as que não as possuem, e sustenta que este
modelo pode ser utilizado para examinar a capacidade que a organização tem de sobreviver
e prosperar por meio da inovação.
A empresa deve possuir uma estrutura ágil e flexível, com uma visão sistêmica, agrupando
seus colaboradores de acordo com as respectivas habilidades e respeitando as
competências individuais na execução das atividades ou processos.
5
Traduzido em 2004 sob a responsabilidade da FINEP — Financiadora de Estudos e Projetos — das
edições originais em inglês e francês publicadas sob os títulos: The Measurement of Scientific and
Technological Activities — Proposed Guidelines for Collecting and Interpreting Technological Innovation
Data: Oslo Manual / La mesure des activités scientifiques et technologiques — Príncipes directeurs proposés
pour le recueil et l'interpretation des donnés sur l'innovation technologique: Manuel d'Oslo.
Este trabalho colaborativo entre a empresa e os clientes e/ou outros atores da rede de
valor, exige que a empresa os invista de empowerment, dando-lhes fácil acesso às fontes
de conhecimento necessários, além da oportunidade de dar feedback sobre os processos,
sistemas, produtos e serviços na medida em que estão sendo desenvolvidos. Certamente,
isto exige o questionamento de vários paradigmas que atualmente sustentam a relação da
empresa com seus clientes, fornecedores e concorrentes: uma nova visão na qual não se
negocia mais commodities, porém soluções para o mercado; visão esta que deverá ser
sustentada por uma maior transparência com relação às informações estratégicas e seu
compartilhamento.
Entende-se hoje que as pessoas são a principal fonte de inovação e renovação. O objetivo
principal do capital humano como sendo a inovação – sob a forma de novos produtos ou
serviços ou a melhoria nos processos de negócios. O Capital humano trata da capacidade
necessária para que os indivíduos ofereçam soluções aos clientes. A capacidade tecnológica
de uma empresa está, em parte, inserida em sua força de trabalho. Empregados
capacitados são considerados um recurso-chave de uma empresa inovadora. Sem
trabalhadores capacitados a empresa não conseguirá dominar novas tecnologias e, muito
menos, inovar.
No entanto, nem todas as habilidades contidas nas pessoas possuem igual valor para a
organização, e para gerenciar e desenvolver o capital humano, a empresa deve claramente
identificar quais pessoas possuem habilidades proprietárias e cujo conhecimento contribui
estrategicamente para a criação de valor pelo qual os clientes pagam. Assim, os talentos
deverão ser cuidadosa e rigorosamente selecionados, considerando as competências que
possuem alinhadas às competências essenciais que sustentam o negócio da organização,
sua capacidade empreendedora e comportamento inovador.
Para usar mais o que as pessoas sabem, as empresas precisam tornar explícito, em nível
organizacional, o conhecimento contido nos indivíduos, através de diversos processos
como o mapeamento do conhecimento organizacional e a criação de mapas de
competências. Para criar e desenvolver o capital humano é preciso estimular o trabalho
em equipes interdisciplinares e multifuncionais. A empresa deve, portanto, adotar modelos
de trabalho como círculos de qualidade e equipe/forças-tarefas paralelas de solução de
problemas e outros grupos operativos, além de implementar práticas de reconhecimento
e recompensa, que possam promover o compartilhamento do conhecimento e a
aprendizagem organizacional.
Em termos gerais, quando se aborda o tema da inovação, pode-se identificar até 20 tipos
diferentes de inovação. Neste trabalho, inovação é definida como um conjunto de
processos estratégicos relacionados ao desenvolvimento e renovação dos produtos,
processos, serviços, modelos de gestão e de negócios que a organização oferece ao
mercado, e as maneiras como o faz, de forma a obter vantagem competitiva.
O resultado dos processos de inovação deverá se traduzir em, pelo menos, um de cinco
tipos de iniciativas: (1) um novo produto ou serviço, (2) um novo processo organizacional,
(3) um novo processo de gestão organizacional, (4) uma nova abordagem de marketing
ou comercialização e (5) um novo modelo de negócios, ou ainda, a melhoria destes,
devendo, além disso, agregar um valor significativo tangível ou intangível quer para um
indivíduo, um grupo, uma organização, um mercado, ou mesmo, para a sociedade como
um todo.
6
SARKAR, Soumodip - Empreendedorismo e inovação,2007 ISBN: 978-972-592-209-5.
Desta forma, a inovação não compreende somente pesquisas básica e aplicada, mas inclui
o desenvolvimento de um produto/serviço, a produção, as atividades de marketing, a
comercialização e a distribuição destes, assim como, suas adaptações e melhorias na
produção e durante o processo de difusão.
Inovação de produto
Inovação em serviços
Apesar do relatório PINTEC 2014 (2016)10 não diferenciar entre inovação de produtos e de
serviços, sob a perspectiva da gestão da inovação em serviços é necessário contarmos
com uma definição diferenciada.
Inovação de processos
Quanto às inovações de processos, estes são descritos como uma “melhoria significativa
em um processo organizacional.” Esta definição também é complementada pela definição:
um processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado como envolvendo a
introdução de tecnologia de produção nova ou significativamente aperfeiçoada, assim
como, de métodos novos ou substancialmente aprimorados para a produção, manuseio e
entrega dos produtos. Segundo o relatório, o resultado da adoção de uma inovação em
7
OECD (2019). Review of the 1998 OECD Recommendation concerning effective action Against hard core cartels.
www.oecd.org/competition/cartels/
8
HIGGINS, James M. How Effective Innovative Companies Operate — Lessons from Japanese Strategy. New
Jersey.USA: John Wiley & Sons, 1995.
9
Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica 2003. © IBGE. 2005.
10
Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica 2014. © IBGE. 2016.
processo deve ser significativo em termos do nível de produto, de sua qualidade ou de seu
custo de produção e comercialização. Esta definição também é complementada que a
inovação de processos também trata de novas formas de relacionamentos para a prestação
de serviços.
Inovação em marketing
Diversos autores têm dado grande ênfase às inovações que se originam dos estudos acerca
das experiências de satisfação que os clientes buscam ao utilizar determinado produto e
serviço. O feedback do cliente torna-se uma ferramenta poderosa no desenvolvimento de
inovações. Por meio deste mecanismo, a empresa poderá verificar que tarefas o
consumidor busca no produto ou serviço; que resultados espera obter a partir destas
tarefas em diversas situações e circunstâncias; que tarefas de apoio ou correlatas ele
deseja de determinado produto ou serviço que utiliza, quais são seus critérios de avaliação
quanto à satisfação do uso do produto; e que restrições ou empecilhos existem na adoção
de determinado produto ou serviço pelo cliente.
Inovações em modelos de negócios são focadas na relação da empresa com o seu ambiente
de negócios, que se traduzem na reformulação dos modelos de negócios existentes a partir
de orientações estratégicas corporativas novas ou melhoradas, adotados pela organização
para desenvolver e comercializar seus produtos e/ou serviços. Assim, abarcam o
desenvolvimento de novos negócios que forneçam uma vantagem competitiva sustentável.
11
GOVINDARAJAN, Vijay; TRIMBLE, Chris Trimble. Os 10 Mandamentos da Inovação Estratégica. São Paulo:
Elsevier, 2006.
Ainda fundamentando-se nos conceitos apresentados pelo Manual de Oslo, uma empresa
inovadora é caracterizada enquanto uma empresa que, durante um determinado período
analisado, desenvolveu e implantou produtos e processos, modelos de gestão, de
marketing e de negócios, ou, ainda, uma combinação destes tecnologicamente novos ou
significativamente aprimorados.
A organização inovadora compreende que a inovação começa com uma ideia, e estimula e
orienta os esforços para transformar uma ideia num produto, processo, numa empresa ou
numa tecnologia. Ela mede as inovações não por sua importância científica ou tecnológica,
mas pelo que contribuem para o mercado e para o cliente. Considera a inovação social tão
importante quanto a inovação tecnológica.
fomentam a inovação dentro da organização devem ser objeto de análise e estudo no que
tange a capacidade de inovação de uma organização.
A teoria da inovação disruptiva, foi lançada por Clayton Christensen (2011)13, em seu livro
“O Dilema da Inovação” e defende a ideia de que as empresas já estabelecidas em um
mercado têm alta probabilidade de vencer os novos concorrentes quando a disputa se
baseia nas inovações progressivas e sustentáveis – ou seja, quando o alvo das melhorias
radicais ou incrementais são clientes exigentes e dispostos a pagar mais por produtos
melhores.
No entanto, essas mesmas empresas bem estabelecidas tendem a perder para novos
concorrentes que oferecem soluções disruptivas ou até mesmo produtos e serviços que
sejam mais convenientes e atendam às necessidades de clientes menos exigentes.
O gráfico da Figura 1 mostra dois tipos de melhoria, a linha verde representa a trajetória
das exigências dos clientes quanto ao desempenho dos produtos e serviços que adquirem,
e a linha cinza ilustra a trajetória de melhoria das empresas estabelecidas, mostrando
como os produtos e serviços são aprimorados ao longo do tempo, com base na evolução
tecnológica. Como o gráfico sugere, as necessidades de um cliente em relação a
determinado produto ou serviço tendem a se estabilizar com o decorrer do tempo.
12
Christensen, Clayton M., and Michael E. Raynor. The Innovator's Solution: Creating and Sustaining Successful
Growth. Boston: Harvard Business School Press, 2003.
13
Christensen, Clayton M. O dilema da inovação. São Paulo: M.Books, 2011.
Esses produtos ou serviços geram crescimento fora do mercado estabelecido, e sua entrada
geralmente não é percebida pelas empresas estabelecidas. Os clientes e usuários se
encantam com o produto ou serviço, sem se importar muito com as eventuais limitações.
Entre os exemplos clássicos, podemos citar o Skype, o Uber, o AirBnB, a Gol, dentre outros.
Na medida em que adquirem fatias sempre maiores do mercado, as empresas que
oferecem soluções com características disruptivas, investem nas melhorias de seus
produtos e serviços, criando disrupção nas cadeias de valor existentes e na oferta de seus
concorrentes já estabelecidos.
Em seu livro “A estratégia do oceano azul”, ´W. Chan Kim e Renée Mauborgne (2005)14,
14
Kim, W.; Mauborgne, R. A estratégia do oceano azul. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
De acordo com os autores, o universo dos negócios é formado por dois tipos distintos de
espaços de mercado: um é o oceano vermelho, o outro o oceano azul. O oceano
vermelho é representado por empresas existentes, que atuam em setores existentes.
Portanto, o mercado, suas fronteiras e suas regras estão definidos, e os produtos e serviços
oferecidos são conhecidos. Os setores são delimitados por modelos econômicos,
expectativas explícitas dos clientes e estruturas competitivas conhecidas por todos. Os
concorrentes, de forma geral, travam uma “batalha sangrenta” com o mesmo portfólio de
produtos e serviços. A execução é a habilidade mais valorizada.
Portanto, no oceano vermelho uma empresa tenta competir com seus concorrentes para
conquistar uma fatia maior da demanda existente. Na medida em que o mercado fica
saturado, as perspectivas de lucro e crescimento diminuem. Produtos e serviços tornam-se
gradativamente mais “comoditizados” e a concorrência, cada vez mais acirrada. Portanto,
empresas que nadam por este oceano têm suas margens de lucro reduzidas e expectativas
de crescimentos minimizadas.
Já o oceano azul representa todo setor que ainda não nasceu — um espaço de mercado
ainda não descoberto pela concorrência. Nele, a demanda é criada e não disputada. No
oceano azul, há oportunidade de crescimento, que é rentável e rápido. As empresas que
criam oceanos azuis criam demanda, em vez de disputá-la com a concorrência. Portanto,
abandonam os concorrentes ao proporcionar uma proposta de valor diferenciada para o
mercado, cliente ou usuário, e na medida em que buscam reduzir custos operacionais.
Há uma visão estratégica de que as regras de mercado podem ser mudadas e as fronteiras
de mercado podem ser expandidas. As regras ditadas pelo mercado não são vistas como
intransponíveis. A inovação, portanto, torna-se a habilidade mais valorizada.
Os autores consideram que empresas inovadoras baseiam suas estratégias com base no
modelo do oceano azul. A estratégia para o mercado moderno é buscar o inexplorado,
ampliar suas possibilidades e, consequentemente, potencializar seus lucros.
Porém, para alcançar este oceano azul as empresas devem deixar de brigar com seus
concorrentes, voltando sua estratégia de mercado para o desenvolvimento de uma nova
demanda para seus produtos e serviços. Inovação, praticidade e desejo passam a ser
palavras chaves deste processo. Para atingir tal estágio é necessário excelência de seu
produto ou serviço, que alie praticidade, conveniência, necessidade, e um alto custo-
benefício para o usuário. Desta forma, a empresa busca superar a concorrência em função
de um produto/serviço que lhe confira destaque e garanta seu acesso ao oceano azul de
oportunidades.
Há, de acordo com os autores, dois modos para criar oceanos azuis. Eventualmente, uma
empresa pode dar origem a todo um novo setor, como fez a eBay com a indústria de leilões
online. Mas, na maioria dos casos, um oceano azul é criado a partir de um vermelho
quando uma empresa altera as fronteiras de um setor existente. Com base na estratégia
do oceano azul, empresas de ramos tão diversos quanto Starbucks, Apple, Pfizer, Samsung
e até a brasileira Casas Bahia construíram seu sucesso comercial.
Os autores afirmam que as companhias precisam aprender a criar seu próprio oceano azul,
que nada mais é que um novo mercado, explorado somente por elas, pelo menos no início.
De acordo com suas palavras “A estratégia do oceano azul é contínua, dinâmica, você não
vai usar uma vez somente, porque o oceano azul, a partir de um momento, começa a se
transformar no vermelho, pois os outros começam a copiar”. Segundo eles, “as
organizações continuam investindo no oceano vermelho por medo, porque acham
arriscado. É preciso mudar isso, impulsionar a criatividade nas empresas. A mudança é
gradual, não é de uma hora para a outra”.
Os autores colocam algumas premissas básicas pelas quais estas empresas que adotam a
estratégia do oceano azul devem atuar no mercado:
Para os autores, um dos grandes erros das companhias é a concentração demasiada nos
clientes, deixando de lado aqueles que podem vir a formar uma nova clientela. “...não se
trata de não dar importância ao cliente, mas é preciso descobrir algo novo com os não-
clientes para depois apresentá-lo ao cliente, pois dessa forma você vai surpreendê-lo”.
Eles apontam as formas com a estratégia do oceano azul encara a relação com clientes e
não-clientes:
▪ montar pesquisas para não-clientes ou para aqueles que não gostam de sua
companhia, que adoram seus concorrentes;
▪ manter o foco nos não-clientes;
▪ descobrir o novo com os não-clientes e depois ofereça aos clientes; e
▪ fazer testes com clientes quando tiver uma ideia criativa.
Design Thinking
Para Tom Kelley, da premiada agência IDEO, os produtos devem ser feitos para o
consumidor, com métodos quase científicos. Trata-se do design thinking, movimento que
deve redesenhar o mundo dos negócios.
O design thinking é uma ferramenta que ajuda a empresa a pensar com a cabeça do
consumidor. As aspirações do cliente são, então, decifradas e traduzidas em um objeto
inovador, único. É como um design sob medida, não apenas pelo compromisso com a
estética, mas, principalmente, pela funcionalidade. A essência desse processo de criação
está em formular as perguntas certas. Para quem é esse produto? Quais são os
concorrentes? Que hábitos e necessidades podemos identificar nas pessoas para
diferenciar o portfólio? Todas essas questões podem ser resumidas em uma só sentença:
de que produto as pessoas precisam? As respostas ajudarão os fabricantes a elaborarem
uma estratégia eficaz de produção, distribuição e venda. O resultado deve seguir três
requisitos. Precisa ser desejável, tecnicamente possível e mercadologicamente viável.
O que mudou agora? A diferença é que as empresas aprenderam a decifrar os anseios dos
consumidores – e essa interpretação não depende mais da genialidade de empreendedores
como Henry Ford e Thomas Watson Jr. A novidade é o desenvolvimento de métodos quase
científicos, o que há de novo é o reconhecimento da complexidade do processo para se
chegar a uma solução simples. O design passou a exigir mais transpiração e menos
inspiração.
O papel da IDEO nesse processo foi fundamental. A agência americana desenvolveu, nos
últimos anos, uma metodologia de pesquisa que virou referência. Os novos pesquisadores
não se baseiam apenas em estudos de mercado e grupos de discussão. O que esses
profissionais fazem, principalmente, é observar de perto o cotidiano das pessoas. Na obra
“As 10 faces da inovação”, Kelley (2007)15, descreve os dez tipos de profissionais capazes
de estimular a criação em uma empresa. Há, por exemplo, o antropólogo, que vai a campo
conversar com a comunidade, e o polinizador, que aplica soluções já conhecidas em novos
contextos. São cargos que não existem com esses nomes em nenhuma empresa e que não
se enquadram plenamente em categorias já formalizadas, como gerente de projetos ou
diretor criativo – mas que, de alguma forma, deveriam estar presentes em qualquer
organização.
15
KELLEY, Tom. As 10 faces da Inovação. São Paulo: Elsevier,2007.
O design passou a exigir mais transpiração e menos inspiração e o produto final deve ser
desejável, possível de fazer e fácil de vender.
O capital intelectual pode ser relacionado a todo ativo intangível de uma organização, tendo
como principal mola mestra as pessoas, ativos intangíveis estes relacionados ao mercado,
fornecedores, parceiros, processos internos, infraestrutura tecnológica e educação, o que
pode ser traduzido como sendo a cadeia de valor de uma organização.
Segundo diversos outros autores (Tidd et al. (2005)17; Higgins (1995)18; Drucker(1993)19;
Almeida (2008)20; Stoeckicht & Soares (2009)21, a vantagem competitiva sustentável
ocorre quando a empresa consegue utilizar o conhecimento e suas competências
tecnológicas para que se traduzam em inovações em serviços, produtos, processos,
modelos administrativos e gestão, estratégias e iniciativas de comercialização, de forma a
alavancar o desempenho organizacional na consecução de seus objetivos estratégicos.
Esses autores enfatizam que o capital intelectual é ponto de partida para a capacidade de
inovação, e que são os ativos intangíveis de uma organização que valorizam e fornecem
credibilidade, e determinam sua capacidade de inovação e aprendizagem organizacional,
sendo, portanto, necessário que as empresas façam uma gestão estratégica de seu acervo
intelectual. Dentro deste contexto, verifica-se que a gestão da inovação a partir da gestão
estratégica do capital intelectual na empresa ampliada, se constitui em uma ferramenta
de grande importância para a capacidade de inovar.
16
STEWART, Thomas A. A riqueza do conhecimento: o capital intelectual e a organização do século XXI. Rio de
Janeiro: Campus, 2002.
17
Tidd, J., Bessant, J., &Pavitt, K. (2005). Managing Innovation: integrating technological, market and
organizational change. 4.ed. John Wiley& Sons, Ltd: Chicester.
18
HIGGINS, James M. How Effective Innovative Companies Operate — Lessons from Japanese Strategy. New
Jersey.USA: John Wiley & Sons, 1995
19
DRUCKER, Peter F. Sociedade Pós-Capitalista. São Paulo : Pioneira, 1993.
20
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo, SP: Loyola, 2008.
21
STOECKICHT , Ingrid Paola, SOARES, Carlos Alberto Pereira. A importância da gestão do capital social para o
desenvolvimento da
capacidade de inovar em empresas brasileiras . INGEPRO. 2010.
A taxonomia utilizada por grande parte dos teóricos e pesquisadores na área de gestão do
capital intelectual para representar estes elementos tem sido: capital humano, capital
estrutural (ou organizacional), capital de clientes (ou de relacionamento) e capital
ambiental. Estes quatro capitais são importantes fontes para a criação de valor e inovação
na organização, especialmente em ambientes em constante mudança.
Capital ambiental
22
McELROY, M. W. The New Knowledge Management: Complexity, Learning, and Sustainable Innovation.
Amsterdam: MCI/Butterworth-Heinemann, 2002.
Variáveis Variáveis
Sociais Tecnológicas
Competidores Clientes
Meios de Grupos de
Comunicação Interesses
Variáveis Variáveis
Econômicas Políticas
Segundo o autor, estes fatores não devem ser analisados isoladamente, considerando que
a empresa aprende e consegue ter uma melhor compreensão do ambiente, caso faça uma
análise cruzada da importância de cada um deles, ou seja, averigue em que medida a
existência ou inexistência de um dado fator provoca impacto nos demais.
23
PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva. São Paulo: Elsevier, 1989.
24
Tidd, J., Bessant, J., &Pavitt, K. (2005). Managing Innovation: integrating technological, market and
organizational change. 4.ed. John Wiley& Sons, Ltd: Chicester.
Drucker, desde 1996, defende que a inovação sistemática requer o monitoramento de sete
fontes para oportunidades inovadoras. Ele menciona que as primeiras quatro fontes estão
dentro da instituição, seja esta de caráter privada ou pública, do setor industrial ou de
serviços, estando assim, visíveis, principalmente para quem encontra-se dentro destes
setores. Ele cita estas quatro fontes como sendo:
1. mudanças demográficas;
2. mudanças em percepção, disposição e significado; e
3. conhecimento novo, tanto científico quanto não-científico.
Por fim, o autor alerta que as linhas que delimitam essas sete áreas de fontes de
oportunidades inovadoras são nebulosas e existe uma considerável sobreposição entre
elas, demandando do gestor uma análise criteriosa das reais oportunidades que delas
advêm.
Outra importante razão para que haja um monitoramento sistemático do ambiente no qual
a empresa está inserida, é que com o crescimento da gestão do conhecimento, as
empresas passaram a se preocupar com o que sabem, o que precisam saber, e com o que
a concorrência sabe.
25
DRUCKER, Peter F. O líder do futuro. São Paulo : Futura, 1996.
Para o autor, é fundamental realizar uma análise SWOT relacionada às ações de inovação
da concorrência; fazer um benchmarking de suas atividades na área de inovação;
determinar quais são as estratégias voltadas para a inovação que estão sendo adotadas e
a maneira como as implementam; e identificar seus sucessos, isto é, quais produtos,
serviços ou processos novos resultaram do processo de inovação do concorrente. Uma
análise dos possíveis subprodutos deve também ser realizada. Sinais de rápidos avanços
tecnológicos devem ser igualmente monitorados. A empresa deverá, então, realizar uma
análise das informações obtidas para identificar quais os pontos fracos existentes nas
estratégias de inovação da concorrência e verificar de que forma pode obter vantagem
competitiva.
O já citado Manual de Oslo constata que a propensão de uma empresa para inovar depende
das oportunidades tecnológicas que ela tem. As empresas diferem em sua capacidade de
reconhecer e explorar as oportunidades tecnológicas. Segundo o Manual, para que uma
empresa possa inovar precisa descobrir quais são essas oportunidades, estabelecer uma
estratégia apropriada, e ter a capacidade de transformar esses insumos em inovação,
fazendo-o mais rápido do que seus concorrentes. O Manual alerta que diversas
oportunidades tecnológicas não surgem por si só, mas são vislumbradas pela empresa para
atender determinado objetivo estratégico, tal como, atender determinada demanda de
mercado.
Capital estrutural
Também contempla a própria cultura organizacional, seus valores e seu modus operandi -
a forma como a empresa produz e realiza as coisas, isto é, suas rotinas.
Produtos e
Instituições Empregados Procedimentos,
Fornecedores
serviços,
Financeiras processos, rotinas
patentes,
Capital
A Organização
marcas, Estrutural Instalações /
Sindicatos
propriedade Acionistas e oBoard Governo
infra-
intelectual estrutura
Meios de Grupos de
Comunicação
Tecnologias Equipamentos
Interesses
Variáveis
Neste sentido, deve-se distinguir entre processos que se referem aos elementos estruturais
e aos elementos de infraestruturas. Os elementos estruturais abarcam, por exemplo, o
número de funcionários, localização, tamanho, tipos e capacidade dos recursos
tecnológicos disponíveis, os tipos de processos adotados em produção, marketing, gestão
organizacional e pós-venda, a rede de distribuição, dentre outros.
Capital de relacionamento
Empresas de qualquer porte adquirem uma propensão de fazer alianças e uma ampla
variedade de esquemas de colaboração tem se tornado uma norma em grande parte dos
setores. Assim, a partir de sua visão estratégica, a empresa deve identificar quais são os
relacionamentos-chave indispensáveis para o sucesso do negócio e estabelecer uma
estratégia de relacionamento para cada um deles, avaliando como estes podem agregar
valor ao próprio negócio.
Variáveis
Tecnológicas
colaboradores
Competidores clientes
Clientes
internos
Instituições
stakeholders Empregados Fornecedores
fornecedores
Financeiras Capital de
A Organização
Relacionamento
Clientes
Sindicatos Acionistas e oBoard Governo
parceiros
externos
Meios de de
Instituições Grupos de
Comunicação
pesquisa e concorrentes
Interesses
ensino Fonte: pró
26
TERRA, J.C.C.; Gestão do Conhecimento: o grande desafio empresarial – uma abordagem baseada no
aprendizado e na criatividade. São Paulo: Negócio Editora, 2000.
27
BUKOWITZ, W.R.; WILLIAMS, R.L. Manual de Gestão do Conhecimento.Tradução Carlos Alberto Silveira Netto
Soares. Porto Alegre. 2002
28
PRAHALAD, C.K. & RAMASWAMY, V. The Future of Competition: Harvard Business School Press, Boston,
Massachusetts, 2004
Para tanto, as empresas podem adotar várias formas de colaboração, tais como: alianças
estratégicas regionais, nacionais e internacionais, joint ventures, consórcios em pesquisa,
licenciamento, acordos cooperativos com os concorrentes que dispõem de tecnologias e
know-how complementares, terceirizações, alianças estratégicas com fornecedores ou
clientes, teias de fornecedores de soluções voltadas para atender determinada demanda
de mercado e, ainda, acordos feitos com universidades voltados para o desenvolvimento
de pesquisas e de aprendizagem.
Muitas alianças têm caráter temporário e seu nível de importância para o negócio muda
na medida em que as estruturas de determinado setor no qual a empresa está inserida se
modifica e evolui. Formar alianças, aprender como elas e se desfazer daquelas que não
são mais estratégicas ao negócio é uma habilidade organizacional em si.
Capital humano
Valores -
Competidores Clientes
Talentos
cultura
Meios de Grupos de
Comunicação
Competências Interesses
Comprometimento
Fonte: Schultz, T.W. Investment in Human Capital. USA: Free Press, 1971
29
SCHULTZ, T. W. Investment in Human Capital. USA: Free Press, 1971.
organizacional, pois o desenvolvimento do capital humano é visto mais como custo e não
um investimento que trará retorno para a empresa.
Stewart (1997)30, já afirmava que o capital humano é formado e empregado quando uma
maior parte do tempo e do talento das pessoas que trabalham em uma empresa é dedicada
a atividades que resultam em algum tipo de inovação. Diz que o capital humano cresce de
duas formas:
Assim, para libertar o capital humano que já existe na organização é necessário minimizar
tarefas burocráticas e automatizar tarefas repetitivas. O capital humano se dissipa com
facilidade e para evitar que isto aconteça é necessário gerenciá-lo de acordo com uma
estratégia e visão organizacional claramente definidas, de forma a transformá-lo em ações
que agreguem valor ao negócio da empresa.
As empresas inteligentes investem o menos possível nos trabalhos que os clientes não
valorizam e cujas habilidades dos funcionários podem ser facilmente substituídos ou
automatizados.
É importante assinalar que o capital humano, embora possa ser potencializado e utilizado
pela organização na consecução de seus objetivos, não é de propriedade da empresa.
Como Stewart (1997, p.90) diz “(...) podemos alugar as pessoas, mas não podemos
possuí-las.” Nas empresas baseadas em conhecimento, este capital é devidamente
valorizado e o seu compartilhamento é estimulado para que possa se multiplicar.
Capital social
Conforme a Teoria do Capital Social descrita por Putnam (2001)31 e Coleman (1990)32, o
capital social refere-se ao valor que os relacionamentos individuais intra e inter
organizacionais agregam à organização por meio da transferência e criação de
conhecimentos. A literatura sobre capital social define este capital como redes de
relacionamentos baseadas na confiança, cooperação e inovação que são desenvolvidas
pelos indivíduos dentro e fora da organização, facilitando o acesso à informação e
30
STEWART, Thomas A. A riqueza do conhecimento: o capital intelectual e a organização do século XXI. Rio de
Janeiro: Campus, 2002.
31
Putnam RD. Social Capital: Measurement and Consequences. Isuma: Canadian Journal of Policy Research.
2001;2 (Spring 2001) :41-51. Publisher's Version.
32
Coleman, J. S. 1990. Foundations of social theory. Cambridge, MA: Harvard University Press.
Tais redes podem adotar um caráter formal (determinadas pelos laços hierárquicos,
próprios do organograma formal), mas, sobretudo, são de natureza informal, envolvendo
laços horizontais (entre pares) e diagonais (entre colaboradores de distintas áreas e
stakeholders). Trata, portanto, das formas das interconexões entre as várias formas do
capital humano, criando um ativo intangível valioso das organizações: a redes humanas
de trabalho.
O capital social é tão importante como o capital estrutural e humano para alavancar a
capacidade de inovação e o crescimento de organização e, portanto, merece um lugar
diferenciado na taxonomia tradicional do capital intelectual. Diante da ausência de uma
ênfase diferenciada aos recursos e processos geradores de inovação, McElroy (2002)33
propõe uma taxonomia revisada dos modelos de capital intelectual de Edvinsson e Malone
(1997)34, e de Stewart (1997), de forma a incluir os conceitos de capital social e de capital
social para a inovação (Social Innovation Capital).
Conforme esse autor, existem duas principais escolas de pensamento contempladas pela
Teoria do Capital Social. A primeira trata de uma perspectiva de caráter “egocêntrico”, na
qual o capital social é circunscrito ao valor dos relacionamentos interpessoais que um
indivíduo tem com outro, com o objetivo de realizar tarefas organizacionais. A outra escola
apresenta um modelo “sociocêntrico”, no qual o capital social pertence aos indivíduos, mas
seu valor agregado encontra-se relacionado à posição que o indivíduo detém na estrutura
organizacional. McElroy defende a existência de uma terceira forma de capital social, o
capital social para a inovação (Social Innovation Capital - SIC), que se refere à maneira
pela qual um sistema social - a organização - se estrutura e se organiza para integrar, criar
e difundir novos conhecimentos.
33
McELROY, M. W. The New Knowledge Management: Complexity, Learning, and Sustainable Innovation.
Amsterdam: MCI/Butterworth-Heinemann, 2002.
34
EDVINSSON, L.; MALONE, M. S. Capital intelectual. São Paulo: Makron Books, 1997.
Como afirmam Thomas & Cross (2009)35, embora a maioria dos gestores reconheça que o
capital social trata de um ativo intangível estratégico para alavancar a capacidade de
inovação, poucas ações são implementadas no sentido de gerir este recurso para gerar
inovações.
35
CROSS, Rob ; THOMAS ,Robert J. Redes Sociais. São Paulo: Gente, 2009.
suas interações, pois estes trabalham juntos. Portanto, não basta que a empresa invista
em pessoas, sistemas e clientes separadamente.
A inovação realmente faz uma grande diferença para empresas de todos os tipos e
tamanhos. A explicação é bastante simples: se não mudarmos o que oferecemos ao mundo
(bens e serviços) e como os criamos e ofertamos, correremos o risco de sermos superados
por outros que o façam. Em última instância, é uma questão de sobrevivência, e a história
é bastante clara a esse respeito; a sobrevivência não é compulsória!
com grande dispêndio de capital. March (1991) ainda destaca que tais atividades
demandam estratégias, contextos e estrutura organizacional diferentes e ressalta que o
grande desafio, é alinhar a capacidade de uma organização explorar novos negócios, e, ao
mesmo tempo, valer-se das competências já existentes.
Pesquisadores sobre este tema têm observado diferentes formas com que as empresas
praticam a ambidestria. A primeira delas é chamada “separação estrutural”, onde existe a
36
Exploration and Exploitation in Organizational Learning. Author(s): James G. March Source: Organization
Science, Vol. 2, No. 1, Special Issue: Organizational Learning: Papers in Honor of (and by) James G. March
(1991), pp. 71-87
Deste modo, cada unidade tende a apresentar características mais condizentes aos seus
objetivos e ambientes onde estão inseridas de acordo com LAWRENCE e LORSCH (1967)39.
As unidades que desenvolvem exploration tendem a ser menores, mais flexíveis e
descentralizadas, opostamente às centradas em exploitation como apontam BENNER e
TUSHMAN (2003), e TUSHMAN e O'REILLY (1996).
Por fim, a abordagem do balanceamento temporal, como o próprio nome sugere, trata-se
de uma separação temporal entre fases de exploration e exploitation, que pode partir de
demandas externas, fatores situacionais, ou mesmo de acordo com a estratégia da
organização de JANSEN et al. (2005)43. Ainda segundo o autor, o comportamento das
organizações conforme explicado acima pode ser considerado dinâmico, no entanto, as
organizações podem apresentar uma configuração estática com o passar do tempo, com
predefinições das proporções de atividades e projetos dedicados exploration e exploitation,
por exemplo.
37
Ambidextrous organizations: Managing evolutionary and revolutionary change. Tushman, Michael L; O Reilly,
Charles A III. California Management Review; Summer 1996; 38, 4; ABI/INFORM Global
38
Exploitation, Exploration, and Process Management: The Productivity Dilemma Revisited. Mary J. Benner, M.
Tushman. Published 1 April 2003. Business Academy of Management Review
39
Lawrence, Paul R., and Jay W. Lorsch. “Differentiation and Integration in Complex Organizations.”
Administrative Science Quarterly, vol. 12, no. 1, [Sage Publications, Inc., Johnson Graduate School of
Management, Cornell University], 1967, pp. 1–47, https://doi.org/10.2307/2391211.
40
Organizational Ambidexterity: Antecedents, Outcomes, and Moderators. March 2008Journal of Management
34(3):375-409
41
RAISCH, Sebastian; BIRKINSHAW, Julian. Organizational ambidexterity: Antecedents, outcomes, and
moderators. Journal of management, [S.l.], v. 34, n. 3, p. 375-409, 2008.
42
RAISCH, Sebastian et al. Organizational ambidexterity: Balancing exploitation and exploration for sustained
performance. Organization Science, [S.l.], v. 20, n. 4, p. 685-695, 2009.
43
JANSEN, Justin JP; VAN DEN BOSCH, Frans AJ; VOLBERDA, Henk W. Exploratory innovation, exploitative
innovation, and ambidexterity: The impact of environmental and organizational antecedents. Schmalenbach
Business Review, [S.l.], v. 57, n. 4, p. 351-363,
2005.
É importante ressaltar que estes modelos de gestão se aplicam tanto às grandes e médias
empresas, assim como às startups que dispõem de recursos financeiros e humanos,
tecnológicos limitados. Tornam-se, desta maneira, importantes ferramentas de
competitividade tanto para a sobrevivência organizacional, assim como para a manutenção
de uma vantagem competitiva sustentável.
Segundo diversos autores, como Tidd et al. (1997)44; Higgins (1995)45; Stewart (1997 e
2002)46; Drucker (1995)47; Terra (2001)48; Peters (1987)49, a vantagem competitiva
sustentável, a longo prazo, ocorre quando a empresa consegue desenvolver sua
capacidade de inovar, isto é, quando a empresa utiliza o conhecimento e suas
competências tecnológicas para criar novos produtos, processos e serviços.
44
Tidd, J., Bessant, J., &Pavitt, K. (2005). Managing Innovation: integrating technological, market and
organizational change. 4.ed. John Wiley& Sons, Ltd: Chicester.
45
HIGGINS, James M. How Effective Innovative Companies Operate — Lessons from Japanese Strategy. New
Jersey.USA: John Wiley & Sons, 1995.
46
STEWART, Thomas A. A riqueza do conhecimento: o capital intelectual e a organização do século XXI. Rio de
Janeiro: Campus, 2002.
47
DRUCKER, Peter F. O líder do futuro. São Paulo : Futura, 1996.
48
TERRA, J.C.C.; Gestão do Conhecimento: o grande desafio empresarial – uma abordagem baseada no
aprendizado e na criatividade. São Paulo: Negócio Editora, 2000.
49
A DESIGN PERSPECTIVE ON POLICY IMPLEMENTATION: THE FALLACIES OF MISPLACED PRESCRIPTION.
Stephen H. Linder and B. Guy Peters. Review of Policy Research, 1987, vol. 6, issue 3, 459-475
estratégicas. Existe uma clara distinção entre criatividade e inovação, sendo a primeira a
capacidade de idealização, isto é, conceber novas ideias, e a segunda, a implementação
destas. Assim, criatividade é o conceito, e inovação, o processo de selecionar a ideia e
traduzi-la em realidade.
É fundamental compreender que a uma ideia criativa somente poderá redundar em uma
inovação, caso passe por um processo de gestão sistematicamente conduzido.
Para lidar com o desafio de inovar no setor de serviços os gestores devem se perguntar:
Que tipo de necessidades de clientes devemos identificar para orientar o desenvolvimento
da próxima geração de serviços nos setores de educação, saúde, transporte, segurança
etc.?
50
ULWICK, Anthony W. Jobs to be Done: Theory to Practice. USA: IDEA BITE PRESS, 2016.
De acordo com os cases citados pelos autores, estas empresas se caracterizam por uma
grande flexibilidade diante das adversidades de mercado, reconhecem a inovação como o
“impulso fundamental para o crescimento sustentável do lucro e da receita” e demonstram
uma atitude positiva no apoio à criatividade e à invenção.
O foco principal dos processos de inovação de empresas que adotam o modelo mais
avançado de gestão da inovação é criar valor junto aos acionistas e stakeholders, sejam
estes colaboradores diretos ou indiretos como funcionários, clientes, fornecedores,
distribuidores e, até mesmo, concorrentes, impulsionados pelas suas estratégias, recursos,
estrutura e infraestrutura organizacional e capacidade de aprendizagem.
Estas empresas criam e capturam novos valores de novas maneiras ao longo de toda sua
rede de valor, e fomentam o desenvolvimento de novos produtos, serviços, processos e
negócios, utilizando-se de todos os recursos existentes na empresa ampliada. Os recursos
51
JONASH, R.S.; SOMMERLATE, T. O valor da inovação: como as empresas mais avançadas atingem alto
desempenho e lucrativi. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
Os gestores conduzem os processos de inovação na empresa inteira para criar valor e estes
processos incluem o desenvolvimento de uma inovação desde a concepção de uma ideia
ainda crua até o momento em que o produto ou serviço chega ao cliente final, que participa
do processo por meio de feedback ativo. Assim, estas empresas desenvolvem inovações
conjuntamente com seus clientes, criando produtos e serviços de alto valor agregado, forte
fidelidade e patrimônio da marca. Desenvolvem inovações junto com seus funcionários,
utilizando fortes práticas de recrutamento, seleção e retenção, e oferecendo um ambiente
propício à inovação. Desenvolvem inovações junto com parceiros, através de alianças com
fornecedores e complementadores.
Verifica-se, portanto, um forte foco no capital humano como fonte de criação de novos
conhecimentos e inovações nestas empresas, que consideram que uma ideia nova pode
advir de qualquer pessoa, de qualquer lugar ao longo da rede de valor da organização, de
concorrentes ou de outros setores que podem estar adotando tecnologias em contextos
mercadológicos diferentes.
Operam por meio de equipes multifuncionais, compostas por clientes, fornecedores e, até
concorrentes. O compartilhamento do conhecimento e o aprendizado que resulta deste
compartilhamento, se tornam a força que inspira todos os participantes da empresa, dos
fornecedores aos usuários finais.
Com base nos mais recentes modelos de gestão de geração mais avançada conforme
descritos acima, os gestores brasileiros começam a olhar para a adoção de um modelo da
inovação altamente colaborativo, a inovação aberta ou “open innovation”. Este modelo
pressupõe que o conhecimento para promover inovações encontra-se em qualquer lugar
da rede de valor da organização e no mundo globalizado. Portanto, qualquer empresa que
quiser se tornar inovadora deverá abrir as portas de sua organização para ideias que
venham de fora; de centros de pesquisa, universidades, outras empresas, mesmo que
concorrentes.
O enfoque das empresas que adotam este modelo é mais voltado para o exterior,
especialmente no que tange a atuação de seu P&D. Buscam usar tecnologia externa para
alavancar o próprio processo interno de pesquisa e desenvolvimento, e identificam
oportunidades em outras empresas para que usem sua própria tecnologia no
desenvolvimento de seus negócios. Portanto, a área de P&D interno destas empresas muda
de foco: tornam-se laboratórios de inovação aberta, que identificam e buscam tecnologias
promissoras para aplicação interna, e elaboram uma arquitetura capaz de integrar
facilmente essas tecnologias em seus sistemas. As equipes do P&D tornam-se integradoras
de tecnologias que possam surgir de fornecedores, distribuidores, clientes e outros atores
de sua rede de valor.
Empresas que adotam este modelo valorizam as contribuições intelectuais das pessoas de
dentro e fora da organização; buscam essencialmente lançar produtos que sejam
rentáveis, licenciam patentes para terceiros, franqueiam a troca de conhecimentos e
incorporam tecnologias de outros, dividindo riscos e benefícios. Há, portanto, uma clara
preocupação com o conceito de promover a gestão da inovação por meio de processos
sustentáveis à longo prazo e não somente em lançar produtos originais.
Com base em uma gestão voltada para estimular a criatividade, ainda em 2004 a Braskem
lançou o “Programa de Inovação Braskem”, passando a adotar o conceito de inovação
aberta. Este programa trata de um banco de ideias aberto a sugestões de todos os cantos,
de dentro e fora da empresa, que se utiliza de um software criado para auxiliar na avaliação
das propostas.
Parcerias semelhantes tendem a ser realizadas com países desenvolvidos como a Suécia,
Estados Unidos, Inglaterra e Austrália), sendo raramente fechados com países emergentes
como o Brasil.
Empresas internacionais como a Procter & Gamble, IBM, Novartis, Lilly, Boeing, Dupont,
Apple tornaram a inovação aberta parte de sua estratégia de inovação, abastecendo-se de
novidades no mercado de ideias criado pela globalização dos recursos tecnológicos e
científicos.
A P&G, rompendo com uma cultura de autossuficiência, explora mercados de P&D on-line,
lançando mão de uma rede mundial de milhões de pesquisadores de alto nível e outros
intermediários para buscar e adquirir tecnologias e ideias de inventores independentes.
No caso da P&G a conexão com a rede externa pode se dar de três formas diferentes,
adotadas simultaneamente. A empresa divulga em seu site de inovação aberta, como a
Innocentive o NineSigma, informações sobre suas necessidades técnicas e científicas e
aguarda respostas; posta pedidos de maneira anônima, oferecendo recompensas
financeiras, ou ainda utiliza sua própria rede de fornecedores.
como Natura, Basf, IBM e até a NASA lançaram seus portais de projetos de inovação
aberta.
direção empresarial, mas uma empresa não é constituída apenas pelo mercado, e sim por
uma série de atividades integradas.
1. Novidade na empresa ou no mercado (não precisa ser nova para o mundo). Deve-
se pensar em algo novo nos negócios, que gere resultados positivos para empresa,
no mercado em que atua;
2. Planejada de forma sistemática e intencional;
3. Conhecer o problema e ter novas ideias, selecionar a ideia mais viável e
implementá-la em sua empresa pelo funil da inovação;
4. Pode-se inovar em vários aspectos diferentes, simultaneamente ou não (existem
vários tipos de inovação);
5. Utilizar design thinking.
E, obviamente, a paixão por mudar pode não estar concentrada em criar valor comercial,
mas sim em melhorar condições ou potencializar mudanças na esfera social mais ampla,
Ter boas ideias é o que os seres humanos fazem de melhor. Essa capacidade é parte do
equipamento padrão dos nossos cérebros! Mas levar essas ideias adiante não é tão simples,
e a maioria das novas ideias fracassa. É preciso uma mistura especial de energia, insight,
fé e determinação para fazer essa aposta, além de bom senso para saber quando parar de
bater a cabeça contra a parede e pular para outra. É importante lembrar uma questão
importante: muitos novos empreendimentos dão errado, mas são os empreendimentos
que fracassam, não as pessoas que os criaram.
Se estrada do empreendedor individual pode ser acidentada, com um alto risco de passar
por buracos no asfalto, esbarrar em barreiras e até derrapar para fora da pista, a situação
não é mais fácil para as grandes empresas tradicionais. A ideia é perturbadora, mas a
maioria das empresas tem uma expectativa de vida significativamente menor que a de um
ser humano. Até as maiores empresas podem demonstrar sinais preocupantes de
vulnerabilidade, e as estatísticas de mortalidade das empresas de menor porte são
horríveis.
Muitas pequenas e médias empresas vão à falência porque não veem ou não reconhecem
a necessidade de mudança. Elas são introspectivas, ocupadas demais em apagar seus
próprios incêndios e lidar com a crise atual para se preocuparem com as nuvens negras no
horizonte. Mesmo que falem com outros sobre assuntos mais amplos, esse contato fica
normalmente restrito a pessoas de sua própria rede ou àqueles com perspectivas
semelhantes, como fornecedores de bens e serviços ou clientes imediatos.
O problema é que, quando chegam a entender que é preciso mudar, já é tarde demais. E
isso não se restringe a pequenas empresas. Nem tamanho nem sucesso tecnológico
anterior garantem segurança. Vejamos o caso da IBM: uma empresa gigantesca que pode
ser considerada responsável pelo estabelecimento de fundamentos da indústria de
tecnologia da informação, que conseguiu dominar a arquitetura de hardware e software e
a forma como os computadores eram comercializados. Entretanto, tal capacidade pode, às
vezes, tornar-se um obstáculo para a detecção da necessidade de mudanças, como
comprovou-se quando, no início dos anos 1990, a empresa reagiu devagar demais contra
a ameaça de tecnologias de rede, quase desaparecendo nesse processo. Milhares de
empregos e bilhões de dólares foram perdidos, e outros dez anos foram necessários para
restaurar o preço das suas ações ao patamar anterior, voltando aos altos níveis com que
seus investidores estavam acostumados. Um problema para empresas de sucesso ocorre
quando os mesmos elementos que as ajudaram a ter sucesso, as suas competências
fundamentais ou “core competencies”, não as deixam enxergar ou aceitar a necessidade
de mudança.
1. Estabelecimento de metas;
2. Busca de oportunidades e iniciativa;
3. Busca de informações;
4. Persuasão e rede de contatos;
5. Exigência de qualidade e eficiência;
6. Planejamento e monitoramento sistemáticos;
7. Comprometimento
8. Persistência;
9. Disposição para correr riscos calculados, e
10. Independência e autoconfiança.
A inovação não acontece por acaso. Ela é motivada pelo empreendedorismo. Essa mistura
poderosa de energia, visão, paixão, comprometimento, bom senso e aceitação de riscos é
a força motriz por trás do processo de inovação. Ela é a mesma quer estejamos falando
de um novo empreendimento individual ou de um grupo tentando renovar os produtos ou
serviços de uma organização estabelecida.
Esse processo básico não ocorre no vácuo. Também sabemos que ele é altamente
influenciado por inúmeros fatores. Em especial, a inovação requer:
A inovação pode assumir diferentes formas, mas podemos reduzi-la a quatro direções de
mudança:
Qualquer organização pode ter sorte uma vez, mas a verdadeira habilidade de gestão da
inovação reside na capacidade de repetir o feito. Assim, se realmente queremos gerenciar
o processo de inovação, devemos nos fazer as seguintes perguntas:
2.5 Conclusão
É sempre desafiador empreender e inovar, porém isso está acessível a todas as pessoas
mediante conhecimento técnico, disposição e perseverança.