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Walmiro Ferreira Ramos Neto - BA: 3005721

Documentário: Travessia do Silêncio

O documentário “Travessia do Silêncio” traz questões bem atuais que geram bastantes
debates, pois fala sobre as diferentes identidades surdas e suas maneiras de interagirem
com o mundo seja por meio da oralização ou da língua de sinais. O documentário se constrói
por meio dos relatos de surdos e suas famílias, onde as mesmas contam as dificuldades
encontradas na criação dos filhos e diferentes modos de lidar com elas, auxiliando na
reflexão de que existem diferentes modos de ser na surdez.

O primeiro ponto de destaque do documentário é o implante coclear, que é uma técnica


cirúrgica onde colocam uma antena no canal auditivo devolvendo parte da audição aos
surdos. Essa técnica foi mostrada durante o relato de um casal que possuía dois filhos surdos
que desde pequenos já apresentavam o implante e estavam começando a desenvolver o
processo da oralização. Os pais relatam que quando o primeiro filho nasceu, nem mesmo os
pediatras notaram algo de diferente e isso mostra a dificuldade da percepção da surdez no
inicio da vida. A partir do depoimento dos pais é possível notar o quão difícil foi à aceitação
de ter um filho surdo, porém o problema não foi tão grande ao nascer sua segunda filha, que
também possuía tal deficiência, pois eles já sabiam como lidar com essa situação.

Outro tipo de diálogo discutido no documentário foi a libras, uma forma de comunicação
totalmente visual, que através de gestos sinalizados conseguem transmitir o significado das
palavras oralizadas para as pessoas que não ouvem. Ressaltando o uso da linguagem de
sinais, foram apresentados vários casos de surdos que preferiam se expressar por meio de
libras, como no caso de uma mulher que por ser filha de pais surdos aprendeu libras como
sua primeira língua e só foi oralizada quando começou a frequentar a escola.

Podemos observar em relação aos familiares que, em muitos casos, apresentam dificuldades
de aceitação a opinião dos surdos, como no caso da mãe de Pedro que no decorrer da
educação de seu filho fez uso de agressões físicas e verbais reprimindo o desejo de seu filho
em se comunicar através de libras. A pressão psicológica causada em Pedro foi tanta que
passou a rejeitar tudo advindo de sua cultura e por ter sido educado desta forma, não se
considera pertencente à comunidade surda.

A trajetória do surdo no Brasil ainda é muito difícil. Passa desde o preconceito dos pais com
a situação que é colocada, até mesmo para as dificuldades de encontrar escolas e locais nos
quais os surdos sejam aceitos e bem recebidos. Ainda são poucas as pessoas que conhecem
os sinais, e poucas são as instituições preparadas para receber e atender os surdos. Muitas
famílias ainda vêem a surdez como um sinal de fraqueza e tentam corrigir isso oralizando os
filhos, sem ao menos perguntar se este é o mundo no qual o filho quer viver. A pessoa surda
deve ser inserida na cultura dos surdos e não renegado por sua característica.

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