FISIOTERAPIA

RESPIRATÓRIA:
avaliação e treinamento
dos músculos respiratórios
SUMÁRIO

2. INTRODUÇÃO
9. CAPÍTULO 3
Benefícios do tratamento

4.
CAPÍTULO 1
Avaliação dos músculos
respiratórios
12. Sobre a pós-graduação
em Fisioterapia Artmed

6. CAPÍTULO 2
Treinamento dos músculos
respiratórios
+ INTRODUÇÃO 2
+Introdução
A fraqueza dos músculos respiratórios acomete entre 30% e 35% dos
pacientes com alguma doença respiratória. Segundo Yves de Souza,
doutor em Reabilitação Pulmonar pela Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ), a incidência é ainda maior em pessoas internadas
em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), como prova artigo publicado no
The New England Journal of Medicine.
O principal músculo respiratório é o diafragma, que responde por gerar
uma pressão negativa no tórax, induzindo a entrada de ar nos pulmões.
Além disso, dois grupamentos musculares (os intercostais e o peitoral
menor) realizam o tracionamento das costelas e permitem a expansão
da caixa torácica.
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O quadro clínico de fraqueza nos músculos respiratórios pode levar
a uma série de problemas. Entre eles, a diminuição do fluxo san-
guíneo destinado aos músculos periféricos, como o quadríceps. É
como se o diafragma roubasse sangue para compensar sua fragi-
lidade, contribuindo para o agravamento do nível de fadiga.
Neste e-book, você encontra informações sobre como diagnos-
ticar a fraqueza dos músculos respiratórios e como conduzir os
treinamentos a fim de fortalecer o diafragma. Além disso, fica por
dentro dos principais benefícios do tratamento, o que inclui casos
de Covid-19 e de melhora da performance atlética de indivíduos
saudáveis.
Boa leitura!
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CAPÍTULO 1
Avaliação dos músculos
respiratórios 4
+ Capítulo 1 | Avaliação dos
músculos respiratórios
O principal método de avaliação dos músculos respiratórios é a me-
dição da pressão inspiratória máxima (PImáx).
Como medir a pressão inspiratória máxima:
após expirar todo o ar dos pulmões, o paciente realiza a inspiração
pela boca com a maior força possível através um aparelho chama-
do de manovacuômetro. O paciente deve permanecer sentado, com
o tronco em um ângulo de 90 graus, com coxas e braços relaxados
na lateral do tronco. O nariz é obstruído por um clipe nasal.
Recomenda-se três repetições do teste sem que haja vazamentos
de ar. Ao final, é considerado para avaliação da pressão inspiratória
máxima apenas o maior valor alcançado. A PImáx é expressa em
centímetros de água (cmH20).
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O resultado é, então, comparado com valores preditos por
equações propostas após a avaliação de pessoas saudáveis.
A equação mais utilizada em escala mundial foi desenvolvida
pelo médico brasileiro José Alberto Neder, professor na Uni-
versidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Situações em que o paciente apresentar valor abaixo de 70%
do considerado ideal para seu sexo e faixa etária podem gerar
um diagnóstico de fraqueza muscular respiratória. Em casos
assim, é indicada a realização de treinamento dos músculos
respiratórios, como veremos em detalhes a seguir.
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CAPÍTULO 2
Treinamento dos músculos
respiratórios 6
+ Capítulo 2 | Treinamento dos músculos respiratórios
Após diagnosticar a força muscular respiratória, é chegada a
hora de iniciar o tratamento. Aqui, é importante destacar que
o treinamento dos músculos respiratórios funciona como o
de qualquer outro músculo. Ou seja, pelo seu uso repetitivo e
aumento de carga conforme houver ganho de força.
Powerbreathe: tecnologia mais recente, o aparelho se
vale de um sistema digital sensível para definir a carga impos-
ta durante a inspiração. Versões mais caras, inclusive, são ca-
pazes de medir a pressão inspiratória máxima.

Aqui, são indicados exercícios de inspiração com uma carga

abaixo da pressão inspiratória máxima do paciente. O tra-
tamento dura um período entre 8 e 12 semanas e emprega
dois aparelhos que dificultam a entrada de ar, conforme des-
critos abaixo:

Threshold: amplamente utilizado mundo afora, é o

O paciente deve utilizar um dos aparelhos para realizar inspira-
dispositivo mais antigo disponível no mercado. Baseia-se em
ções profundas, fortes e rápidas. O número de repetições é o
um sistema de molas e uma válvula unidirecional para gerar
mesmo, independente do equipamento empregado. Em geral,
resistência apenas durante a inspiração.
o protocolo recomendável é de 30 inspirações, duas vezes ao
dia.

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 ATENÇÃO
Cabe ao profissional de fisioterapia evitar que o paciente exerça um
nível superior a 6 na escala Borg de percepção do esforço – onde zero
representa esforço nenhum, e 10 o esforço máximo. Esforço superior
a 6 significa carga excedente ou frequência muito intensa de treina-
mento, o que pode prejudicar o tratamento.

Outra recomendação diz respeito à posição do paciente duran-

te o treinamento. A pessoa deve se manter sentada de maneira
confortável para evitar movimentos compensatórios do corpo,
como contrair o pescoço. Se houver alguma necessidade espe-
cial, é possível praticar em pé, mas nunca deitado.

“O segredo do sucesso desse tipo de tratamento está na estra-

tégia de prescrição. Após descobrir a potência máxima, man-
ter o treino periódico com uma carga entre 50% e 60% do total.
Conforme o paciente ganha força muscular, a carga pode ser
atualizada”, explica o médico Yves de Souza, professor na UERJ.

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CAPÍTULO 3
Benefícios do
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tratamento
+ Capítulo 3 | A avaliação e o treinamento da musculatura facilitam a respiração e diminuem
a fadiga – especialmente em casos de doenças respiratórias. A recuperação do
Benefícios do
bem-estar geral deixa o paciente apto a retomar normalmente suas atividades
tratamento
do dia a dia.

Em paralelo, há melhora no equilíbrio e no perfil de humor, o que pode ser obser-

vado pela diminuição dos níveis de depressão e ansiedade. “O fortalecimento
do diafragma faz com que os músculos periféricos deixem de ser prejudicados,
levando a um desempenho global melhor”, detalha Souza.

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 Destaque na pandemia

O tratamento é indicado na recuperação

da Covid-19. Isso porque a doença pode
levar a longos períodos de internação
em UTI com uso de ventilação mecâni-
ca. Durante essa etapa, a prescrição de
sedativos e bloqueadores musculares é
considerada extremamente desfavorá- Por fim, o treinamento dos músculos respiratórios pode ser aplicado
vel para a musculatura respiratória. no incremento da performance atlética em indivíduos saudáveis. Para
se ter uma ideia, recentemente, uma pesquisa acompanhou os resul-
tados dos exercícios de inspiração em corredores de 800 metros.

Após quatro semanas de exercícios (duas vezes ao dia e cinco dias por
semana), os atletas tiveram um aumento significativo da força muscu-
lar inspiratória. O fluxo sanguíneo do quadríceps para o diafragma caiu
de 20% para 9% durante as corridas. Em uma prova de 800 metros,
isso pode levar a um desempenho de até sete segundos mais rápido.

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