desenvolve historicamente a partir das sociedades pré-capitalistas se aproveitando de muitas das relações existentes anteriormente. A submissão histórica da mulher ao gênero masculino, com origens nos fins da sociedade comunal e no surgimento da propriedade privada, é apropriada pelos capitalistas nesse novo modo produtivo que emerge sendo funcional à sua dominação. A burguesia aprendendo com a história das classes dominantes passadas utiliza da máxima romana “dividir para conquistar”, e insufla conflitos internos na sociedade, cria divisões artificiais no interior da sociedade para desse modo poder dominar mais facilmente e exercer sua hegemonia. A submissão da mulher se apresenta sob essa óptica na sociedade contemporânea. É muito funcional aos capitalistas modernos que metade dos seres humanos pertençam à uma categoria inferior pois desse modo estão justificados os baixos salários pagos às mulheres, justifica-se que estas se encontrem nos postos de trabalho mais precário, como as que fazem o trabalho de limpeza, as empregas domésticas, as que se encontram no trabalho terceirizado, naturaliza-se assim o desemprego das mulheres, rebaixa-se o salário geral dos trabalhadores, enquanto milhares se sentem obrigadas a se prostituir para ter algum sustento, é tornado natural também uma certa essência feminina que a condicionaria ao trabalho doméstico, dessa forma pode-se relegar as mulheres à cumprir as funções domésticas da casa sem receber nenhum salário, assim uma função essencial à reprodução da vida dos trabalhadores(que é o trabalho domestico) e conseqüentemente essencial à reprodução do próprio sistema capitalista é exercida de graça por milhares de mulheres, o que as impede de poder trabalhar e de participar com igualdade na vida publica como os homens, enquanto as que conseguem um trabalho são obrigadas a exercer uma dupla jornada de trabalho (o emprego e o trabalho doméstico). A divisão social de homens e mulheres impede a unidade e camaradagem destes em uma ação revolucionaria que busque construir uma nova sociedade emancipada, a rivalidade entre homens e mulheres é estimulada, tal ocorreu na época da introdução das mulheres no trabalho industrial onde se constituiu um anti-feminismo proletário que era contrário à participação das mulheres no mundo do trabalho pois trabalhavam por menos e rebaixavam o nível geral dos salários. A divisão social entre homens e mulheres portanto é funcional a ordem capitalista e facilita sua dominação. Somente uma ação revolucionaria - baseada na hegemonia do proletariado - onde as próprias mulheres sejam protagonistas e em aliança com outros setores, como negros, LGBTs, pobres urbanos, pequena burguesia progressista - é que é capaz de por fim às formas capitalista de propriedade e às relações delas decorrentes (sendo a submissão das mulheres uma delas). Porém não basta o fim da propriedade privada para que imediatamente desapareçam as relações e preconceitos capitalistas, é necessário que o ser humano se auto-construa democraticamente e vá superando as formas capitalistas nessa auto-construção. A experiência dos bolcheviques nos primeiros anos da revolução russa nos é muito instrutivo a respeito do caminho a ser percorrido para a emancipação da mulher. Nessa atmosfera revolucionária, era debatido ardentemente as formas que tomaria a sociedade socialista do futuro, nesse sentido também foram debatidas as questões da emancipação da mulher e do fim que levaria a família. A visão bolchevique previa que para que as mulheres pudessem alcançar igualdade real com os homens, estas precisam ser libertas das obrigações do trabalho domestico, o que seria possível através de lavanderias públicas, creches e restaurantes públicos, ou seja o plano era passar para a esfera pública o trabalho doméstico privado, essa era a condição essencial para libertação das mulheres. Outras condições preconizadas pelos bolcheviques para emancipação da mulher eram que esta tivesse direito a trabalhar e receber um salário igual a de um trabalhador do sexo masculino tivesse direito de se divorciar quando quisesse (o que foi garantido pela legislação da família de 1918) e também o definhamento da família era algo teorizado pelos revolucionários no primeiros anos da revolução. O sociólogo S. Ia. Vol’fson escreveu em 1929 “a família será enviada ao museu de antiguidades para que descanse ao lado da roca de fiar, do machado de bronze, da carruagem a cavalo e do motor a vapor e do telefone com fio.”