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Prof.

Leandro Dias
1. Processos de oxirredução (redox)
2. Células galvânicas (pilhas)
Uma célula eletroquímica consiste de dois condutores elétricos denominados
eletrodos, mergulhados em uma solução de eletrólitos selecionados de forma
adequada.
Para que uma corrente comece a fluir na célula é necessário:

❑ que os eletrodos estejam conectados externamente, através de um condutor


metálico;

❑ que as duas soluções de eletrólitos estejam em contato, permitindo o movimento


de íons entre elas;

❑ que uma reação de transferência de elétrons possa ocorrer em cada um dos


eletrodos.
https://www.youtube.com/watch?v=6d-yN-PKCGI

https://www.youtube.com/watch?v=u757x5rX38U
2.1. Representação esquemática de uma pilha
* A Pilha de Daniell
O funcionamento de uma pilha de Daniell é semelhante ao funcionamento
de uma pilha comum:
2.2. Potenciais Padrão

Potencial (E) de um eletrodo é uma grandeza, medida em volt (V),


que indica a tendência de ocorrer um processo de redução ou de oxidação.
O valor de E depende de alguns fatores, como: concentração da
solução, temperatura e pressão (para participantes gasosos). Por isso, a
IUPAC estabeleceu um estado-padrão:
Nesse estado-padrão, o símbolo de potencial de redução será εº e
será chamado de potencial-padrão (ou normal) de redução. Quanto
maior o valor de maior a tendência de ocorrer redução no eletrodo.

A medida do potencial de um eletrodo é feita em comparação com o


potencial do eletrodo de hidrogênio, que por convenção apresenta εº = 0.
2.3. O eletrodo padrão de hidrogênio
2.4. Espontaneidade

Para que um processo de oxirredução seja espontâneo, a


espécie com maior potencial de redução deve reduzir e a
espécie com menor potencial de redução deve oxidar. Observe o
esquema a seguir:
2.5. Diferença de potencial (ddp)

A força eletromotriz (fem), que corresponde a ∆εº de uma pilha, em


condições-padrão (isto é, com soluções 1 mol/L e a 25 °C) é a diferença entre o

εº do oxidante (catodo) e o εº do redutor (anodo).


Pode ser calculada pela expressão:

* para pilhas temos que ddp > 0, o que caracteriza o processo como espontâneo
2.6. Fatores que influenciam a ddp (f.e.m)

❑ natureza dos eletrodos

❑ concentração dos eletrólitos

❑ temperatura

❑ pressão (participantes gasosos)


a) Pilha seca (pilha de Leclanché)
A pilha seca comum,
que usamos atualmente, foi
inventada por George
Leclanché em 1865. Pilhas
desse tipo dão voltagem de
1,5 V, são relativamente
baratas e, por isso, são muito
usadas em lanternas,
aparelhos de som portáteis,
brinquedos, etc.

Um corte
esquemático dessas pilhas
mostra:
O pólo negativo é o zinco, que constitui o próprio corpo interno da pilha. O
pólo positivo é o MnO2, em pó, que está presente na pasta interna da pilha. Essa
pasta tem caráter ácido, devido à presença do NH4Cl. Note que a barra de grafite
funciona como pólo positivo apenas na condução de corrente elétrica.
b) Pilha alcalina

As pilhas alcalinas baseiam-se no mesmo esquema e, praticamente, nas


mesmas reações das pilhas secas comuns, apenas sendo trocado o eletrólito NH4Cl
(que é ácido) pelo KOH (que é alcalino) — daí o nome de pilhas alcalinas.
Em linhas gerais, suas reações são:
As pilhas alcalinas dão voltagem de 1,5 V, e
também não são recarregáveis. Comparando-as com
as pilhas secas comuns, as pilhas alcalinas duram
mais, mantêm a voltagem constante por mais tempo
e produzem cerca de 50% a mais de energia, porque
o KOH é melhor condutor eletrolítico e por isso a
resistência interna dessa pilha é menor.
c) Acumuladores (baterias)

O acumulador foi inventado pelo francês


Gaston Planté em 1860. É uma associação (daí o
nome bateria) de pilhas (ou elementos) ligadas
em série.
A bateria de 12 volts usada nos
automóveis, por exemplo, é formada por seis
compartimentos. Cada compartimento é uma
pilha (ou elemento) e produz uma fem de 2 volts
(a ligação dos seis elementos em série produz,
portanto, 6 x 2 volts = 12 volts). Cada pilha ou
elemento obedece ao seguinte esquema:
Durante o uso (descarga) da bateria, como acontece
quando damos partida no motor do automóvel, ocorrem as
seguintes reações:
d) Pilha de mercúrio
A pilha de mercúrio baseia-se nas seguintes reações, em meio alcalino
(KOH):

As pilhas de mercúrio não são recarregáveis; têm vida longa, boa capacidade
de armazenar energia e apresentam voltagem de 1,35 V, que se mantém constante
por longo tempo. São, em geral, construídas em tamanho diminuto — formato “botão”
(foto abaixo) — e, por isso, são empregadas em aparelhos pequenos, como
calculadoras portáteis, aparelhos de surdez, relógios de pulso, etc.
❑ Esquema de um pilha de mercúrio
e) Pilha de níquel-cádmio
A pilha de níquel-cádmio é baseada nas seguintes reações em meio alcalino (KOH):

Essas pilhas dão voltagem de 1,4 V, que se mantém constante até a descarga e, quando
fora de uso, demoram mais tempo para se descarregarem.
A grande vantagem é que elas podem ser recarregadas até 4.000 vezes, sendo, por isso,
empregadas em aparelhos elétricos sem fio, como câmeras de vídeo, barbeadores elétricos,
telefones sem fio, etc.
f) Pilha de íon-lítio
Este tipo de pilha usa, em vez de lítio metálico, apenas íons lítio, presentes no
eletrólito na forma de sais de lítio dissolvidos em solventes não aquosos.

Durante o processo de descarga, os íons lítio migram desde o interior do material que
compõe o ânodo até dentro do material do cátodo. Portanto, os materiais de eletrodos são
formados geralmente por compostos de estrutura aberta (denominados compostos de
intercalação), que permitem a entrada e saída de íons lítio.

No ânodo, o grafite é o material mais comumente usado porque, além de apresentar


estrutura lamelar, é capaz de intercalar reversivelmente os íons lítio entre suas camadas de
carbono sem alterar significativamente sua estrutura. O cátodo contém, geralmente, um óxido
de estrutura lamelar (LiCoO2, LiNiO2 etc.) ou espinel (LiMnO2), sendo o óxido de cobalto
litiado o material mais frequentemente usado pelos fabricantes de baterias de íons lítio. Dessa
forma, durante a descarga da bateria a reação que ocorre no ânodo é a oxidação do carbono
e a consequente liberação de íons lítio.
❑ Reação anódica:

❑ Reação catódica:

Reação global:
Neste tipo de pilha um par de eletrodos fornece um potencial de
circuito aberto no intervalo de 3,0 V a 3,5 V, a temperatura ambiente. As
principais características das baterias de íons lítio são bom desempenho e
segurança aos usuários. Além disso, o fato de empregarem materiais de baixa
densidade permite que sejam projetadas para terem menor massa, tamanho e
custo.

Tanto as baterias hidreto metálico/óxido de níquel como as


de íons lítio representam riscos ambientais muito menores do que as de
níquel/cádmio
g) Célula combustível
Uma célula de combustível é uma membrana de troca de prótons (MTP)
formada por dois eletrodos delgados e porosos, um ânodo e um cátodo, separados
por uma membrana de polímero eletrolítico que permite a passagem apenas de
prótons. Catalisadores revestem um lado de cada eletrodo.
Depois que o hidrogênio entra (1), o ânodo catalisador o divide em elétrons
e prótons (2). Os elétrons se deslocam, afastando-se para energizar um motor (3),
enquanto os prótons migram através da membrana (4) para o cátodo. Seu
catalisador combina os prótons com os elétrons que retornam e com o oxigênio do
ar, formando água (5).
A grande vantagem da célula de combustível é seu funcionamento contínuo e a
produção apenas de água, que não polui o meio ambiente (nas espaçonaves, essa água é
usada pela tripulação).
Outra vantagem é ser mais leve do que, por exemplo, as baterias de chumbo. Sua
principal desvantagem ainda é seu alto custo.
As reações envolvidas non processo são:
❑ Esquema de uma célula combustível
3. Formação do ferrugem

A corrosão é sempre uma deterioração dos metais provocada por


processos eletroquímicos (reações de oxirredução). O ferro, por exemplo,
enferruja porque se estabelece uma diferença de potencial (ddp) entre um
ponto e outro do objeto de ferro, como mostrado no esquema seguinte:
O ferro sempre contém pequenas quantidades de impurezas (incluindo-se outros
metais). Admite-se por isso que o ferro, de um lado, e as impurezas, de outro, funcionam
como dois pólos de uma pilha, possibilitando reações do tipo:

* O hidróxido de ferro(II) é praticamente insolúvel e na presença de mais água e gás oxigênio, pode ser
oxidado a hidróxido de ferro(III):
❑ a presença do ar e da umidade são fundamentais, pois fazem parte da reação
(sem água e oxigênio, o ferro não enferruja);
❑ a presença, no ar, de CO2, SO2 e outras substâncias ácidas acelera a corrosão,
pois deslocam a reação catódica para a direita (princípio de Le Chatelier); a
corrosão é também acelerada por várias bactérias que tornam mais ácido o meio;
❑ ambientes salinos, como ocorre no mar e em suas vizinhanças, aceleram a
formação da ferrugem, pois aumentam a condutividade elétrica entre os pólos da
pilha;
4) Metal (ânodo) de sacrifício

Para retardar a corrosão do ferro ou do aço em canalizações de água,


oleodutos, cascos de navios, tanques subterrâneos de combustíveis, etc. É
costume ligar, a essas estruturas, blocos de outro metal mais reativo do que o ferro,
como o magnésio, o zinco, etc. Tendo potencial de oxidação superior ao do ferro, o
magnésio, por exemplo, será corroído mais depressa, retardando assim a corrosão
do ferro ou do aço. Dizemos, nesse caso, que o magnésio funcionou como metal
de sacrifício.
PROTEÇÃO POR ÂNODO DE SACRIFÍCIO
Referências
- USBERCO, João; SALVADOR, Edgar. Química – Conecte. Vol. 1. 1ª ed. – São Paulo: Saraiva. 2014. –
Coleção Conecte.
- FELTRE, Ricardo. Química. Vol. 1. 6ª. ed. – São Paulo: Moderna. 2004.
- CISCATO, Carlos A.; PEREIRA, Luis F.; CHEMELLO, Emiliano. Química – Química Geral. Vol.1. 1ed –
São Paulo: Moderna, 2015.
- REIS, Martha. Química. Vol. 1. 1ª. ed. – São Paulo: Ática, 2013.
- BENVENUTTI, Edilson. Química Inorgânica: átomos, moléculas, líquidos e sólidos.2ª.ed. – Porto Alegre:
Editora UFRGS, 2206.
- http://www.quimica.ufpr.br/mparaujo/CQ092/Aula%2013%20-%20Revis%C3%A3o.pdf. Acesso em
26/10/2020.
- https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2873095/mod_resource/content/1/Cin%C3%A9tica%20qu%C3%
ADmica__material.pdf. Acesso em 31/10/2020.
- https://www.ufjf.br/quimica/files/2015/06/aula-15-quimica-fundamental-equil%c3%adbirio-
u%c3%admico.pdf. Acesso em 21/11/2020.

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