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Dificuldades e Principais Estratégias na Administração de Fármacos a Doentes Acamados

com dificuldades na Glutição

Existem doentes que se encontram incapacitados de ingerir formulações orais sólidas de


medicamentos, devido a dificuldades de deglutição.
Numa primeira abordagem a estas situações importa ser feita uma avaliação pelos profissionais
de saúde que acompanham o doente da dificuldade da glutição, especialmente dos medicamentos.
Nesta avaliação deve ser feita uma revisão dos medicamentos a tomar e da real necessidade da
terapêutica e a relação benefício-risco. Também é importante averiguar a existência de uma forma
farmacêutica mais adaptada, como uma formulação oral líquida, comprimidos efervescentes ou
formulações sublinguais ou bocais. Por último, deve-se tentar colocar a hipótese e disponibilidade
de uma via de administração diferente, como a transdérmica, injetável ou retal.
De forma a contornar essa limitação, muitas vezes os cuidadores, o próprio doente ou mesmo os
profissionais de saúde tendem a triturar os comprimidos ou abrir as cápsulas, misturando o
conteúdo com alimentos ou líquidos. Embora seja considerada a melhor forma de os doentes
poderem ter acesso aos medicamentos, esta prática pode ser prejudicial, uma vez que esta constitui
uma modificação da forma farmacêutica e conduz a alterações da velocidade e do grau de
absorção da substância ativa pelo organismo, provocando uma diminuição da eficácia e risco de
efeitos adversos. Assim é importante averiguar se o fármaco possui margem terapêutica estreita,
já que existe maior risco de sobredosagem ou aporte de doses subterapêuticas; ter em atenção se
o fármaco tem potencial teratogénico ou carcinogénico; assegurar que não se trata de uma
formulação de libertação modificada ou com revestimento entérico, cuja trituração/abertura
colocaria em risco a segurança do doente; averiguar se o revestimento do fármaco impede a sua
trituração.
Se possível deve-se optar por medicação de efeito prolongado, de modo a reduzir a frequência de
administração, evitar utilizar o mesmo dispositivo de trituração para a medicação de vários
doentes (para evitar cruzamentos de fármacos). Evitar a trituração simultânea de diversos
fármacos, para evitar incompatibilidade físico-quimica. A preparação de uma formulação
modificada deve ser logo administrada, para diminuir a possibilidade de degradação e minimizar
os riscos.

Dificuldades e Principais Estratégias na Administração de Fármacos a Doentes com Sonda


Nasogástrica

A administração de fármacos através de sonda nasogástrica implica, normalmente, a manipulação


da forma farmacêutica. Existem aspetos a considerar como a localização da sonda, o local de ação
do fármaco, compatibilidade e efeitos adversos. Métodos incorretos na administração podem
conduzir a obstrução da sonda, alterações do GI, diminuição da eficácia dos fármacos, aumento
dos efeitos adversos ou incompatibilidade entre os fármacos e a nutrição.
Na administração dos fármacos é necessário avaliar e ponderar se toda a terapêutica deve ser
mantida. Devem ser avaliadas formas alternativas de administração dos fármacos, nomeadamente
a transdérmica, sublingual, bucal, retal, injetável ou inalável. No entanto, na maior parte das vezes
a administração necessita de ser feita através da sonda. Nessas situações, pode ser necessário fazer
ajustes na dosagem ou na frequência de administração. É importante ter em atenção as substâncias
dos fármacos, principalmente naqueles que envolvem caraterísticas especiais de libertação, como
indicado em cima.
É indicado dar preferência a formulações líquidas, podendo ser adicionados espessantes, no caso
dos doentes a recusarem.
Se possível deve-se optar por medicação de efeito prolongado, de modo a reduzir a frequência de
administração, evitar utilizar o mesmo dispositivo de trituração para a medicação de vários
doentes (para evitar cruzamentos de fármacos). Evitar a trituração simultânea de diversos
fármacos, para evitar incompatibilidade físico-quimica. A preparação de uma formulação
modificada deve ser logo administrada, para diminuir a possibilidade de degradação e minimizar
os riscos.

Dificuldades e Principais Estratégias na Administração de Fármacos a Doentes que não


cumprem a medicação por esquecimento/saúde mental

Doentes que sofrem de alguma perturbação a nível mental ou de doenças que levam a
incapacidades de funcionamento executivo, nomeadamente doenças do foro demencial, muitas
vezes recusam ou esquecem-se de tomar a medicação. Nessas situações é importante ter pessoas
responsáveis pelo planeamento e gestão da terapêutica que o doente precisa de fazer e confirmar
se o doente realmente tomou a medicação, pois muitas vezes há a tendência de deitarem para o
lixo os comprimidos.
No caso de doentes que recusam a toma da medicação, a forma mais prática e mais utilizada é a
trituração dos fármacos e adicionar em líquidos ou alimentação pastosa do doente. Tal como
referido, é importante avaliar se a medicação feita pelo doente permite essa modificação, ou se é
preferível tentar formas alternativas, nomeadamente injetáveis. É importante optar por medicação
de efeito prolongado, de forma a minimizar a quantidade de administração.
Para além destas formas, é importante criar uma rotina no doente da toma da medicação, assim
como a necessidade da mesma.

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