Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SOU Público há vinte anos e afirmo sempre que sou verdadeiramente de carreira, pois comecei como
pediatra consultante, fui para um ambulatório de especialidades e, posteriormente, na esfera
municipal, participei na implantação dos Distritos de Saúde. Na Secretaria de Estado da Saúde, fiz parte da
equipe de implantação do Núcleo de Informações Hospitalares das unidades sob Administração Direta. Há um
ano e meio, fui convidada para compor a equipe da Coordenadoria de Gestão de Contratos de Serviços de
Saúde. E há seis meses, assumi o Núcleo de Gestão Econômico-Financeira, embora seja médica, especializada
em Pediatria e Epidemiologia de Serviços de Saúde.
A história das Organizações Sociais de Saúde no Estado de São hospital fosse uma referência para casos mais graves destas unidades.
Paulo começa em 1998, quando, cumprindo compromisso de Já na Zona Leste, no Hospital Itaim, isso não foi possível e o Hospital
campanha, o governador Mário Covas terminava a construção de dez trabalha com um pronto socorro com demanda espontânea.
hospitais no Estado, mais especificamente na Grande São Paulo, e o Definida a encomenda o contrato de gestão permite: incremento
desafio era como colocar em funcionamento esses hospitais. ou redução da produção assistencial, aumento da qualidade dos
Desenvolve-se, então, o projeto das Organizações Sociais de Saúde – serviços prestados e previsão de desembolso dos recursos financeiros,
OSS. controle das atividades desenvolvidas e a transparência na gestão dos
O projeto se consumou na Lei Complementar 846, de 1998, que recursos públicos.
define as bases do contrato de gestão, que é firmado entre a Secretaria Isso exige pontualidade, exatidão e confiabilidade dos dados
Estadual de Saúde e as instituições qualificadas como Organizações gerados, que precisam ser acompanhados, pois refletem o desempenho
Sociais. A Lei 846 define o que é uma Organização Social, quais são do hospital. Avaliação quantitativa e qualitativa contínuas, relação
os atributos que uma entidade deve ter para poder ser qualificada transparente e de confiança, qualificação e constante aprimoramento
como tal, quem a qualifica dentro da estrutura do Governo de Estado, de ambas as equipes – do hospital e da Secretaria – são pressupostos
e também já define o contrato de gestão como instrumento de gestão. básicos.
Após os primeiros anos de experiência com os contratos de Até um ano e meio atrás, a grande experiência da equipe da
gestão, sentiu-se a necessidade de trabalhar também com instituições Secretaria era com o acompanhamento da gestão de hospitais. Agora
filantrópicas ou universidades que ou não tinham interesse ou, por estamos aprendendo, adaptando instrumentos e criando novos para
conta de seus estatutos, não podiam se qualificar como Organizações o acompanhamento ambulatorial – que é uma nova vertente na
Sociais. Adota-se, então, o “convênio de parceria”, que é firmado entre Coordenadoria de Gestão.
a Secretaria de Estado da Saúde e instituições filantrópicas ou O pressuposto básico na Secretaria hoje é a integração do nível
universidades já conveniadas ao SUS. central e nível regional, mantendo contato constante com o prestador.
As entidades parceiras, hoje, na Secretaria de Estado, são vinte, Os elementos essenciais para a contratação são: planejamento
entre Organizações Sociais, Consórcios Municipais e Universidades, estratégico adequado e conhecimento das necessidades regionais. No
sendo distribuídas entre 27 contratos de gestão e 16 convênios, caso dos ambulatórios isolados, não vinculados administrativamente
totalizando 43 unidades. a uma unidade hospitalar, por exemplo, eles estão planejados para
O processo de contratação começa com uma encomenda ou atingir todas as regiões do Estado, sendo que o primeiro foi o de
projeto inicial, sendo que sempre enfatizamos que a Coordenadoria Votuporanga, no interior, que está fazendo um ano agora. O desafio
de Gestão de Contratos e Serviços de Saúde não faz essa encomenda. está sendo contemplar e incentivar o desenvolvimento e a integração
Esta – e aqui está o grande desafio – deve ser feita pelos municípios, regional.
junto com os Departamentos Regionais de Saúde, ou seja, levando Outros requisitos são: ter um parceiro capacitado e eficiente e
em conta o desenho regional e a necessidade real dos municípios. disponibilidade orçamentária. É necessário garantir o recurso que foi
A partir dessa encomenda definem-se as metas de contratação, contrato. Além disso, a definição de metas. É preciso um objetivo
que vão ser objeto de uma avaliação contínua. Essa encomenda inicial quantificado, que todo o planejamento seja traduzido em números,
se traduz depois num acompanhamento constante para redefinir e para poder estar contemplado no contrato de gestão.
adequar o perfil do serviço segundo as necessidades. A Secretaria trabalha com cinco linhas no contrato de gestão,
Constatamos que os primeiros hospitais a serem contratados, chamadas de linhas de contratação, para um hospital: as internações
hoje, já passaram por varias mudanças, por exemplo, o Itaim Paulista, – que são divididas para a grande maioria nas áreas de Clínica,
na Zona Leste, e o Hospital Geral de Pedreira, na Zona Sul, estão Cirurgia, Obstetrícia, Psiquiatria e Pediatria, a linha de hospital-dia,
completando dez anos agora. O Itaim Paulista nem tanto, ele continua de atividade ambulatorial, que engloba consultas e cirurgias
– muito pela necessidade da região – como um hospital regional e ambulatoriais, as urgências – que são as consultas de pronto socorro
geral, com pronto-socorro do tipo porta aberta, com demanda e o SADT externo, que é o que o hospital disponibiliza para outros
espontânea. O Hospital de Pedreira aumentou um pouco a sua serviços da região. Isso tudo é traduzido em metas físicas que são
complexidade mediante a necessidade regional. contempladas no contrato.
O contrato de gestão permite o planejamento dos serviços na O contrato é dividido em uma parte fixa, que representa 90%
sua inserção regional. Então, por exemplo, o Hospital Pirajussara, é do valor de custeio, que financia os custos fixos; e uma parte variável,
um hospital com pronto socorro de porta fechada, ou seja, com que representa 10% do valor de custeio, e é usada para incentivo à
demanda referenciada, pois na organização da região os próprios qualidade.
municípios deliberaram que seria mais efetivo que os mesmos Inicialmente, na parte variável, estimula-se a adoção de ações que
mantivessem os serviços de pronto-socorro e pronto atendimento e o se quer enfatizar. Tomemos como exemplo a questão das comissões.