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Planejamento orçamentário: porque

você deve fazê-lo

Muitos gestores municipais, técnicos responsáveis pelo


planejamento financeiro das secretarias municipais e mesmos os
profissionais de ponta vivem às voltas com questões sobre como utilizar
os recursos da Assistência Social.

Posso comprar esse equipamento? Como posso contratar esse


prestador de serviço? Posso pagar esse profissional com esse recurso?
Ou ainda: vou comprar, alugar ou contratar, posso fazê-lo com qual
recurso? Como agilizar os procedimentos? Tenho recursos para utilizar?

Essas dúvidas e questionamentos estão presentes no cotidiano


dos responsáveis pela coordenação e execução da Assistência Social.
Muitas vezes, não ter clareza das respostas compromete as ações, atrasa
atividades, inviabiliza a execução dos programas. Sem falar do estresse
causado por demandas de urgência que temos que atender, sem saber
direito por onde começar. Muitas vezes não sabemos, com a rapidez que
a situação exige, se temos recursos ou qual recurso utilizar.

Outra situação bastante comum, não menos importante e


complexa, é a questão da responsabilidade pela execução propriamente
dita dos recursos. A legislação, artigo 24 da Lei Federal nº 12.435/2011,
garante que a coordenação do orçamento deve ser realizada pelo órgão
municipal coordenador da Assistência Social. No entanto, grande parte
dos municípios, ainda não possui estrutura e nem pessoal dentro nas
secretarias ou departamentos municipais de assistência social, para
realizar a gestão orçamentária dos Fundos.

A responsabilidade legal pela execução é do Gestor Municipal da


Assistência Social. No entanto, a situação acima descrita gera uma série
de dificuldades para efetivar a gestão financeira. Por vezes, o Gestor
pode até ter muita clareza sobre os critérios para a utilização dos
recursos e sobre suas responsabilidades enquanto Gestor. Mas, muitas
vezes têm que enfrentar a morosidade dos procedimentos e o
desconhecimento, por parte das Secretarias de Finanças, sobre as
especificidades da Assistência Social. Esse é mais um fator que gera
muito desgaste para o Gestor.

Faltam recursos ou dificuldades de gestão financeira?

As necessidades e demandas da assistência social são inúmeras e


complexas. Paradoxalmente, muitos gestores se veem às voltas com
significativos saldos parados. Recursos nas contas-correntes do Fundo
Municipal de Assistência Social (FMAS), sem utilização. E por outro lado,
falta de manutenção nos veículos e equipamentos públicos, falta de
materiais e equipamentos, falta de recursos humanos, ou ainda recursos
humanos não qualificados.

Grande parte desses problemas poderiam ser evitados. Com um


bom planejamento orçamentário, no mínimo, seriam melhores
enfrentados.

A gestão financeira requer atenção e investimento, mas os


resultados podem ser surpreendentes.

O desafio de planejar

Numa política jovem, como a da Assistência Social, planejar é sem


dúvida um grande desafio. Historicamente, a Assistência Social é
pontuada por ações isoladas e reativa às demandas sociais. Os órgãos
públicos responsáveis pela execução da política de assistência social, tem
pouca ou mesmo nenhuma cultura de planejamento. Gestores vivem sob
a intensa pressão das demandas políticas, administrativas e técnicas. O
imediatismo da execução dessa política pública, ainda é a nossa realidade
cotidiana.

Mas existe um outro fator que dificulta a elaboração de um bom


planejamento orçamentário. A utilização dos recursos da Assistência
Social é regida por um vasto conjunto de condições e normativas. Todas
elas derivadas das ações que devem ser executadas, das orientações
técnicas para execução dos serviços e dos programas socioassistenciais.
É necessário compreender não somente as regras de execução
dos recursos, como também ter em mente quais as ações estão previstas
nas normativas e que devem ser financiadas com esses recursos.
Portanto, o planejamento orçamentário começa muito antes de você
pensar em como gastar os recursos.

Além disso, é essencial compreender que o SUAS trouxe uma


nova lógica de financiamento para a Assistência Social.

O financiamento da Assistência Social

Desde a sua concepção, uma das premissas do SUAS é a de


garantir recursos para a execução dos serviços, programas, projetos e
benefícios socioassistenciais. Os entes federados, Municípios, Estados e
União, são responsáveis pelo financiamento das ações da Assistência
Social disposta na Lei Orgânica da Assistência Social. É o
cofinanciamento que garante a continuidade das ações. Portanto, as
ações e atividades já estão postas, bem como, os objetivos e seguranças
a serem afiançadas.

Cabe ao gestor identificar os recursos de cada serviço ou


programa e destiná-los às ações previstas na Tipificação ou nas
orientações técnicas dos programas.

A publicação da Portaria nº 113/2015 passou a garantir o repasse


dos recursos federais, aos Municípios e Estados, por meio de Blocos de
Financiamento. Essa Portaria trouxe maior flexibilidade para a utilização
dos recursos federais facilitando a transparência e o monitoramento da
execução dos recursos. Os recursos do Bloco de financiamento da
Proteção Social Básica, por exemplo, podem ser utilizados nos serviços
dessa proteção: PAIF, SCFV e Serviço de proteção social básica no
domicílio para pessoas com deficiência e idosas. Apesar dessa
flexibilização as dúvidas ainda persistem, dificultando a execução
orçamentária.

Leia também: O cofinanciamento das políticas de assistência


social

Planejamento financeiro

O planejamento financeiro é uma ferramenta essencial para uma


gestão financeira de sucesso. Promove segurança e transparência,
equalizando e otimizando demandas e recursos existentes.

A essa altura, você já deve estar, senão convencido, pelo menos


está pensando que, talvez, valha à pena perder tempo e planejar. Não é,
mesmo?

Se você ainda não está inteiramente convencido, vamos te dar


mais alguns bons motivos para considerar o planejamento orçamentário
uma das mais importantes ferramentas de gestão:

1. O processo de planejamento, desde que envolva as


equipes de referência, os responsáveis pela gestão financeira e
conselheiros, aumenta o entrosamento e articulação da sua
equipe;
2. Visibiliza as ações e facilita o alcance dos resultados;
3. Permite maior agilidade nos procedimentos para
execução;
4. Facilita a aprovação dos gastos pelo CMAS;
5. Permite o monitoramento das ações e dos recursos;
6. Evita e/ou contribui para diminuir os saldos
remanescentes e parados por muito tempo em conta-corrente;
7. Evita a suspensão do repasse dos recursos.
Conclusão

Investir um tempo para fazer um bom planejamento orçamentário


reverterá em economia de tempo e de recursos para a execução e
monitoramento das ações. É no processo de elaboração do planejamento
orçamentário que as principais dúvidas e dificuldades que citamos no
início desse texto, serão solucionadas.

Com o planejamento concluído e aprovado pelo CMAS em mãos,


o Gestor poderá publicizá-lo – inclusive utilizando recursos federais! Essa
providência contribui para garantir apoio e melhor desempenho. E, de
quebra, aliviar o stress do gestor e da equipe como um todo.

A elaboração de um bom planejamento orçamentário é o melhor


caminho para evitar que demandas importantes fiquem sem
atendimento, que sobrem recursos em conta ou faltem de uma fonte e
sobrem em outra. Caso você deseje se especializar na área, o GESUAS
está oferecendo um curso completo sobre prestação de contas e
orçamento público no SUAS.

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