Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BRANDAO, Caius 'Da Fenomenologia Transcendental À Fenomenologia
BRANDAO, Caius 'Da Fenomenologia Transcendental À Fenomenologia
Da Fenomenologia
Transcendental à Fenomenologia
Existencial
Dezembro, 2009
3
Introdução
A Fenomenologia Transcendental
1
HUSSERL, E. A crise da humanidade européia e a filosofia. Ed. EDIPUCRS, Rio Grande do Sul: 1996.
2
Idem.
5
3
Idem.
6
4
HUSSERL, E. Conferência de Paris. Ed. Edições 70, Lisboa.
7
Fenomenologia Existencial
que é ser, compreendemos esse “é” sem estabelecermos a ele uma definição conceitual:
essa é uma compreensão vaga e mediana acerca do ser.
6
Dasein foi traduzido por Marcia Sá Cavalcante Schuback como “pre-sença”. Neste trabalho, todavia,
utilizaremos o termo em alemão.
9
analisar os entes reais, ela busca estabelecer a essência da realidade. O primado ôntico,
por sua vez, é estabelecido ao se reconhecer a ciência como uma atitude do homem.
Esta atitude é o modo de lidar ou de se comportar com o real, com a natureza. É
justamente isso que possibilita, ou faz surgir o ‘mundo’. Ademais, a questão do ser
apenas pode ser colocada a partir e com vistas aos entes. Assim se justifica o primado
ôntico da questão do ser. Temos, então, que o primado ontológico se refere ao ser,
enquanto que o primado ôntico, ao ente. Se, mais uma vez, o ser é sempre o ser de um
ente, então o primado ontológico do Dasein se dá em virtude de ter em seu próprio ser a
possibilidade de se perguntar sobre a compreensão do ser, ao passo que o primado
ôntico está relacionado ao fato de que Dasein é ele próprio um ente. Portanto, outra
confirmação do privilégio ôntico-ontológico da questão do ser se dá em virtude da
primazia ôntico-ontológica do Dasein.
Heidegger afirma que as ciências possuem o modo de ser do Dasein, mas este
ente privilegiado possui outros modos de ser diferentes da investigação científica e que
este não é o único possível.
O ser do Dasein, sendo, coloca em jogo o seu próprio ser. Para Heiddeger, é
sendo que Dasein se compreende em seu ser. Uma de suas características essenciais é
que, sendo, ele se abre e se manifesta no mundo por meio de seu próprio ser. Portanto, o
que pode dar sentido ao ser do homem é a sua própria existência, que se dá no modo de
compreensão do ser. Heidegger designa Dasein enquanto “pura expressão de ser”. Em
suas próprias palavras:
Heidegger nos chama a atenção para a mundaneidade do Dasein, ou seja, faz parte da
natureza deste ente existir no mundo. Logo, a interpretação que Dasein faz acerca do
seu próprio ser inclui a compreensão de mundo, bem como a compreensão do ser dos
entes neste mundo.
7
HEIDEGGER, M., Ser e tempo. Parte I. Introdução. Editora Vozes, 2005.
10
8
Idem.
9
Idem.
10
Idem.
11
elemento constitutivo do Dasein, ou seja, faz parte da natureza deste ente existir no
mundo. O papel de uma investigação analítica existencial é o de revelar a estrutura
categorial do Dasein, ou seja, a sua constituição específica de ser.
Uma diferença bastante significativa entre a Fenomenologia Transcendental e a
Fenomenologia reside nos seus objetos de investigação. Enquanto Husserl edifica a sua
fenomenologia sobre o Ego Transcendental, Heidegger desenvolve a sua ontologia
concreta interrogando o ente a quem ele chama de Dasein. Tanto o Ego Transcendental,
quanto o Dasein são os responsáveis pela constituição de mundo. Aqui vale ressaltar
que em ambos os casos, o mundo é constituído, na verdade, pela interação entre os egos
transcendentais (intersubjetividade), por um lado, e pela interação entre os daseins
(cultura), por outro lado.
Ainda é importante ressaltar a distinta natureza destes dois objetos de
investigação. A natureza do Ego Transcendental é a intencionalidade, que subsiste aos
diferentes níveis de redução fenomenológica. Com isso temos o seu caráter de
perseidade, ou seja, o Ego Transcendental existe independentemente da veracidade do
mundo exterior à consciência. O mesmo já não é verdade para o Dasein. Vimos acima
que este ente está cravado no mundo e que sua mundaneidade é um elemento
constitutivo do seu ser. Se pudermos atribuir uma natureza ao Dasein, ela teria que ser a
‘existência’, compreendida nos termos estritamente heideggerianos. Neste sentido,
apenas o ser humano (Dasein) tem existência e, como já vimos, é constitutivamente uma
existência no mundo. O mundo também é responsável pela constituição dos diversos
modos de ser do Dasein, na medida em que é a partir dele (do mundo) que o Dasein
compreende o seu próprio ser.
Heidegger também se distancia do mestre Husserl ao não conceber o ser humano
meramente como sujeito (ego) que se relaciona com objetos (a natureza, outros egos,
etc.). Hubert Dreyfus, Professor de Fenomenologia da Universidade de Berkeley, fez o
seguinte comentário num programa de entrevistas:
Conclusão
Livro:
HEIDEGGER, M., Ser e tempo. Parte I. Introdução. Editora Vozes, 2005.
Textos:
11
DREYFUS, H. Husserl, Heidegger and Modern Existentialism, disponível no link:
http://www.youtube.com/watch?v=aaGk6S1qhz0
15
Enciclopédia Online:
Phenomenology. Stanford Encyclopedia of Philosophy. Ed. Stanford University,
Stanford: 2003. Disponível no link:
http://plato.stanford.edu/entries/phenomenology/
Entrevista em Áudio-Visual:
DREYFUS, H. Husserl, Heidegger and Modern Existentialism, disponível no link:
http://www.youtube.com/watch?v=aaGk6S1qhz0