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A necessidade do cumprimento das obrigações empresariais e as

consequências para os legalmente impedidos

Autores: Carolina Soares Wan-Lume e Gabriela Fernandes de Melo

Sumário: Introdução; 1 Forma de inserção do direito empresarial nas relações


comerciais; 2 Empresa enquanto atividade organizada; 2.1 O regime jurídico;
2.2 Efeitos do Regime Jurídico; 3 Obrigações gerais do Empresário; 3.1
Registro na Junta Comercial; 3.2 Escrituração; 3.3 Levantamento de
contabilidade; 4 Os legalmente impedidos de exercer a atividade empresarial;
Conclusão.

RESUMO

A prática das atividades comerciais já se tornou imanente a sociedade em que


vivemos, mesmo antes de se consolidar o sistema capitalista as trocas de
objetos já eram bastante comuns, porém essa prática foi se intensificando,
modernizando e hoje é uma complexa teia de relação empresarial. O presente
artigo visa delimitar as sujeições às quais estão submetidos aqueles que
exercem a atividade empresarial, portanto será de grande importância definir
minuciosamente o que é e o que deve representar a figura do empresário para
a efetividade da empresa como fato jurídico; bem como analisar quais são as
fases que ele precisa cumprir que estão previstas na legislação e quais são as
consequências para aqueles que estão legalmente impedidos e suas devidas
causas. Com o objetivo de adentrar no universo do empresário individual,
analisar-se-á suas obrigações e impedimentos para a realização do exercício
da atividade empresarial, uma vez que se esclareçam quais são as pessoas
que não podem e a sua devida justificativa, pois muitas vezes possui vínculos
que prejudicam a ampla concorrência.

Palavras-chave: Empresário individual; Obrigações; Impedimentos;

INTRODUÇÃO

A complexidade que designa as relações comerciais atuais é fruto de


uma longa jornada da história do comércio, até que se chegou um momento
em que essas atividades precisaram passar pelas vistas de uma
regulamentação, este é o momento em que o Direito Empresarial começa a
atuar.

O Direito Empresarial se tornou bastante amplo devido à extensa forma


de desenvolvimento das atividades comerciais, assim foi preciso que muitos
estudos fossem feitos para dar uma harmonia ao comércio que é tão comum
nas sociedades.
Para delimitar o que será trabalhado aqui, ter-se-á a partir do
enquadramento do empresário individual e dentro deste haverá as pesquisas
sobre quais são as prerrogativas, deveres e direitos para que ele seja ativo e
legal na atividade empresarial. Seu regimento será apontado e quais
obrigações partem dele, sendo estas a inscrição na Junta Comercial, a
escrituração dos livros e o levantamento do balanço patrimonial, bem como
seus resultados.

O regime que disciplina o empresário é indispensável para garantir


segurança jurídica para a empresa e a atividade exercida através dela, isto
porque o legislador passa a ver a importância disto não só para o
funcionamento da empresa, mas que também há atuação no mundo jurídico e
econômico social, não se restringindo apenas ao estabelecimento empresarial.

A harmonia que as leis e o regime jurídico da empresa visam é para que


se consagrem na sociedade os direitos individuais, de forma que seja
respeitada a função social da propriedade e reconhecidos, pela Constituição
Federal, a capacidade e o direito que cada um tem de atuar na área comercial.
Porém, a legislação no momento que dá o direito ao cidadão, impõe suas
restrições dando impossibilidade de exercício empresarial para alguns
indivíduos que serão reconhecidos ao longo do estudo.

Depois que se faz um levantamento histórico da atividade empresarial e


da sua importância para a nossa sociedade, é preciso que se mostre a
empresa enquanto atividade organizada, seu regime jurídico e como são
produzidos seus efeitos na engrenagem do funcionamento do aparato
empresarial através da noção econômica dela.

Desta forma juntar-se-á o fator pessoal e o econômico da empresa para


que se analise o empresário individual em consonância com os seus direitos e
deveres, classificando o empresário com a responsabilidade de assumir os
riscos de sua empresa, já que esse organismo econômico é suscetível às
variações do mercado.

1 FORMA DE INSERÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL NAS RELAÇÕES


COMERCIAIS

A manutenção da atividade empresarial se determina através da


continuidade das produções de riquezas via práticas comerciais, a sociedade
reconhece que não mais é possível o exaurimento desta conduta, pois afetará
núcleos harmônicos e dependentes entre si, são estes econômicos e sociais.

Isto não se deu de forma rápida e prática, a necessidade do comércio foi


sendo arraigada ao longo dos séculos nas culturas que hoje se instalou o
sistema capitalista, que é hegemônico por sinal. Para que se analise a
importância da ordem econômica na ordem jurídica é preciso que se entenda o
que ela representa.

O comércio se adaptou tão bem ao dia a dia das pessoas, pois é


características delas a busca pelo bem estar, benefícios pessoais e aumento
de riquezas, atrelado à essas buscas algumas ciências se desenvolveram e
tecnologias foram sendo aprimoradas como as agrícolas, matemáticas e outras
que beneficiem o ser. Isto porque como afirma Gladston Mamede:

“O comércio e o mercado são fenômenos humanos


vitais: ideias e praticas que, a partir do momento em
que foram desenvolvidas, permitiram o estabelecimento
de um ciclo de prosperidade, fruto da superação da
dimensão egoística da existência dos grupos isolados,
superada pela dimensão universalista do intercâmbio,
com as múltiplas vantagens dele decorrentes,
permitindo não só a circulação de recursos necessários
para a subsistência mínima” (MAMEDE, 2010, p.2).

Num primeiro momento histórico, os homens buscavam sanar aquela


vontade imediata que no caso tinha como característica a extração vegetal e
animal, e o nomadismo. No curso da história, a ideia de propriedade veio à
tona e junto a ela o sedentarismo. Com a modernidade essas relações foram
se modificando e trouxe adaptações às necessidades dos indivíduos.

Tais adaptações são atualmente complexas demais para se deixarem


avulsas, ou seja, sem uma regulamentação. Os comerciantes passaram a se
preocupar com a sua segurança e viam necessidade de uma ordem, já
havendo previsão da ampla concorrência. Sobre a existência do Direito
Comercial, Mamede fala:

“Bulgarelli chama a atenção para o papel essencial


desempenhado pelas associações de comerciantes,
constituídas para resistir aos achaques de senhores
feudais, e que assumam um papel predominante na
nova ordem, transformando os Municípios em
verdadeiras confederações comerciais, a exemplo de
Gênova, Pisa, Florença e Veneza; foi esse o período
de formação de um Direito do Comércio; um conjunto
de normas ágeis que se contrapunham ao formalismo
das normas do Direito Canônico” (MAMEDE, 2010, p.
17).

Os comerciantes passaram a ter seus valores e costumes protegidos por


um estatuto que definia os direitos e solucionava os conflitos relacionados à
classe dentro do ordenamento jurídico, com isso, como afirma Mamede, houve
a criação de um ramo direito dentro do próprio Direito para dar suporte a um
fenômeno humano que é a mercancia.
2 EMPRESA ENQUANTO ATIVIDADE ORGANIZADA

O direito dos comerciantes fora colocado em prática com a criação do


Direito Empresarial, porém com algumas falhas que dificultavam a disciplina
jurídica quando necessário para que qualificasse a atividade comercializar e
seus representantes, com isso era uma delas o não esclarecimento sobre o
que era ato de comércio. A partir disso, Mamede aborda que:

“Com efeito, o Código Comercial (Lei 556, de 25 de


junho de 1850) não definira quem seria comerciante,
nem o que seria ato de comércio, deixando, portanto,
de dar balizas subjetivas ou objetivas para a
aplicabilidade de suas normas.” (MAMEDE, 2010, P.
24).

Para que melhorasse a funcionalidade, algumas normas foram editadas


para regulamentar o Código, mas com a dinamização da economia essas
definições se tornaram ineficientes. Com essa mudança é que se atenta para a
passagem da Teoria Objetiva para a Teoria Subjetiva, uma vez que vai dar um
olhar mais atento para as empresas. Rubens Requião trata desta mudança da
seguinte forma:
“Os economistas clássicos, no século passado, haviam
observado as organizações econômicas destinadas à
produção, tendo J. B. Say exaltado a figura do
empresário, mostrando que é ele “o eixo a um tempo
da produção e da repartição, aquele que adapta os
recursos sociais às necessidades sociais, e que
remunera os colaboradores da obra cujo chefe é”. Na
reação socialista dos reformadores, Saint-Simon
colocou no centro da sociedade a figura dos grandes
empresários. Desde então, a Economia Política passou
a considerar, com a relevância devida, o papel da
empresa, como organização dos fatores de produção.”
(REQUIÃO, p.40)

2.1 O Regime Jurídico

Uma empresa poderá ser explorada por uma pessoa física quando
aquele que pratica a atividade empresarial for o empresário individual e estará
submetido a normas que regulamentam sua prática, contudo a empresa que é
a atividade explorada deve ser fiel a um Regime Jurídico e, também, o
estabelecimento que é o instrumento utilizado por ele, o que está previsto no
art. 1142 do Código Civil. Este tipo de empresário individual não possui uma
certa relevância por parte dos doutrinadores, uma vez que a lei dá ensejo a
tratar mais em relação à pessoa jurídica.
A importância do regime jurídico se dá pelo fato de a empresa visar o
lucro e estar cumprindo um papel na sociedade que é a movimentação de
riquezas, por isso tem que responder a regras estabelecidas e organizadas
pelo “Registro de Empresas Mercantis e Afins”, este é disciplinado pela Lei
n. 8934/94 e pelo Dec. N. 1800/96. Quanto às Juntas Comerciais, Fabio Ulhoa
Coelho cita:
“Os órgãos do registro de empresas são em nível
federal, o Departamento Nacional do Registro de
Comércio – DNRC, e, em nível estadual, as Juntas
Comerciais. Ao primeiro cabem funções de disciplina,
supervisão e fiscalização do registro de empresas; às
Juntas, compete executá-lo.” (COELHO, 2012).

Portanto, os empresários precisam estar de acordo com as


determinações às práticas empresariais que dão ordem à nível nacional e
através das Juntas Comerciais, que estão presentes em todos os estados e
Distrito Federal, dão entrada no seu registro, assunto que será trabalhado mais
a frente.

2.2 Efeitos do Regime Jurídico

Para que a atividade empresarial se mantenha regular é preciso que ela


esteja em consonância com o seu regime jurídico, pois a empresa é
determinada como um fato jurídico que tem funcionalidade social, ou seja, suas
atividades geram efeitos por onde ela se relaciona.

É mister salientar que o Regime Jurídico protege a pessoa jurídica e


física, por isso se dá a importância das empresas se sujeitarem aos benefícios
que ele oferece quando organiza a prática mercantil e regulamenta, dando aos
próprios seus direitos e deveres.

Uma vez que Fabio Ulhoa Coelho discorre sobre a falta do registro na
Junta Comercial, que o empresário poderá responder por “sanção de natureza
fiscal e administrativa”. Portanto é possível analisar o Regime Jurídico com um
fator que dá validade a atividade do empresário, caracterizando a efetividade
jurídica de seus atos enquanto por parte da empresa.

3 OBRIGAÇÕES GERAIS DO EMPRESÁRIO

É válido afirmar que aos empresários é comum a sujeição a três


obrigações: o Registro de Empresa antes do início das atividades; a
escrituração regular dos livros obrigatórios e levantamentos de contabilidade
anuais.
De acordo com Fábio Ulhoa Coelho “a inobservância de cada uma
dessas obrigações não exclui o empresário do regime jurídico-comercial, mas
importa consequências diversas, que visam mais a estimular o cumprimento
dessas obrigações, que, propriamente, punir o empresário pelo
descumprimento”. Porém, não significa que estas consequências não possuam
caráter sancionador; em alguns casos podem até implicar em prática de crime.

As obrigações gerais dos empresários e os resultados da não


observância destas serão estudados ao longo deste item, dando a cada uma a
sua devida importância, assim como seus efeitos e exceções presentes,
enfatizando, também, as figuras do microempresário e empresário de pequeno
porte.

3.1 Registro de Empresa

A primeira das três obrigações do empresário é inscrever-se no Registro


de Empresa, antes do início do exercício de sua atividade. Transcrevendo o
artigo 967 – Código Civil – “é obrigatória a inscrição do empresário no Registro
Público de Empresas Mercantis na respectiva sede, antes do início de sua
atividade”. Em um contexto federal, o comerciante deve registrar-se no
Departamento Nacional do Registro do Comércio (órgão máximo do sistema); e
num contexto estadual, na Junta Comercial.

No âmbito das Juntas Comerciais, há os atos do registro de empresa,


que compreendem, conforme o artigo 32 da Lei 8.934/1994, “a matrícula e seu
cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais,
trapicheiros e administradores de armazéns gerais; o arquivamento; a
autenticação dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis
registradas e dos agentes auxiliares do comércio, na forma de leis próprias”.

Fábio Ulhoa Coelho diz que o registro no órgão próprio não é da


essência do conceito de empresário; entretanto o empresário não registrado
não pode usufruir os benefícios que o direito comercial libera em seu favor,
aplicando-se a eles algumas restrições como a ilegitimidade ativa para o
pedido de falência de seu devedor; ilegitimidade para requerer recuperação
judicial, visto que a lei elege a inscrição no Registro como condição para ter
acesso ao favor legal; e o empresário irregular não poderá ter seus livros
autenticados no Registro de Empresa.

3.2 Escrituração

A escrituração regular dos livros obrigatórios deve ser estabelecida pelo


empresário, não importando se este é pessoa física ou jurídica, ou quaisquer
que seja o seu ramo de atuação. Os livros empresariais podem ser obrigatórios
ou facultativos: ausentando-se os primeiros, há sanções; já a ausência destes
últimos não importa nenhuma consequência.
Consoante Ulhoa, os livros obrigatórios se subdividem em duas
categorias: os comuns e os especiais. Comuns são aqueles cuja escrituração é
imposta a todos os empresários, indistintamente, tendo como exemplo o
“Diário”; e os especiais são aqueles cuja escrituração é imposta a um
determinado grupo de empresários, podendo ser mencionado como exemplo o
livro “Regime de Duplicatas”, “Entrada e Saída de Mercadorias”, entre outros.

Para que haja regularidade na escrituração, são necessários dois


requisitos – intrínsecos e extrínsecos – a fim de produzir efeitos jurídicos. Os
intrínsecos estão previstos no artigo 1.183 do Código Civil, sendo este: “a
escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma
contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco,
nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transporte para as margens”;
os extrínsecos, no artigo 1.181: “salvo disposição especial de lei, os livros
obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser
autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis”.

Aos microempresários e empresários de pequeno porte não optantes


pelo Simples Nacional, é liberada a escrituração de livros obrigatórios; porém,
aqueles que optam pelo Simples Nacional são obrigados a manterem uma
escrituração simplificada dos livros “Caixa” e “Registro de Inventário”.

Havendo carência de algum requisito legal na escrituração, ou não


possuindo livro obrigatório, o empresário está sujeito a consequências nas
esferas civil e penal, como a não utilização da eficácia probatória concedida
aos livros empresariais pelo Código de Processo Civil; ou em casos de crime
falimentar.

3.3 Levantamento de Contabilidade

Fábio Ulhoa Coelho afirma que a obrigação de levantar, anualmente, o


balanço patrimonial – compreendendo todos os bens, créditos e débitos – e o
balanço de resultado econômico, demonstrando a conta dos lucros e perdas, é
imposta a todos os empresários, sendo pessoas físicas ou jurídicas.

O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um


sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração
uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva,
e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
(CC, art. 1.179)

“Além de afastar a conduta criminosa, o cumprimento


dessa obrigação traz benefícios ou evita prejuízos para
o empresário. Por exemplo: as sociedades anônimas
estão sujeitas a regime próprio sobre demonstrações
financeiras, que incluem o balanço patrimonial (LSA,
arts. 178 a 184) e o demonstrativo de resultados do
exercício (art. 187), e a ausência de seu levantamento
acarreta responsabilidade dos administradores (...).”
(COELHO, 2012).

4 OS LEGALMENTE IMPEDIDOS DE EXERCER A ATIVIDADE


EMPRESARIAL

Sabe-se que os requisitos para o exercício da atividade empresarial são


a capacidade e o não impedimento legal, conforme o artigo 972 do Código
Civil: “podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno
gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”.

Tal impedimento não está ligado à pessoa, mas há uma


incompatibilidade da atividade negocial em relação a determinadas situações
funcionais, que são: os agentes políticos, servidores públicos, os falidos, os
penalmente proibidos e os estrangeiros; todos serão abordados
individualmente ao logo deste item.

Segundo Ricardo Negrão, proibindo o exercício da atividade empresarial


a alguns agentes políticos, a lei pretende resguardar a liberdade e o status
político para o exercício pleno das suas funções. Por exemplo, no caso de
pedido de falência contra um agente político, ocorreriam reflexos sobre a
sociedade, pois seria inviável um falido administrar as coisas públicas.

Como exemplo, podemos citar o artigo 54, II, a, da Constituição Federal:

Os Deputados e Senadores não poderão desde a


posse: ser proprietários, controladores ou diretores de
empresa que goze de favor decorrente de contrato com
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer
função remunerada. (art. 54, CF)

Os servidores públicos são impedidos de forma que se evite que a


repartição pública seja uma extensão do estabelecimento comercial do servidor
de forma abusiva, objetivando um bom andamento do serviço público. Entre
eles, se encontram os militares e os funcionários públicos da Fazenda, no
âmbito de seus territórios.

Ainda, as pessoas declaradas falidas são impedidas de tal exercício nos


seguintes termos: “os falidos não processados ou condenados criminalmente
previsto da Lei Falimentar não podem exercer regularmente a atividade até
satisfeitas suas obrigações legais ou decorrido o prazo prescricional desta;
aqueles processados e condenados por crime previsto na Lei Falimentar, tendo
sido declarados inabilitados por força de sentença condenatória somente
poderão voltar a exercer suas atividades após o decurso de cinco anos da data
da extinção da punibilidade, podendo, contudo, obter antecipadamente sua
reabilitação penal”. (NEGRÃO, 2012)

Todavia, a Lei Falimentar não incrimina somente os empresários


individuais. De acordo com o artigo 179 desta, “na falência, na recuperação
judicial e na recuperação extrajudicial de sociedades, os seus sócios, diretores,
gerentes, administradores e conselheiros, de fato ou de direito, bem como o
administrador judicial, equiparam-se ao devedor falido para todos os efeitos
penais decorrentes desta Lei, na medida de sua culpabilidade”. De tal maneira,
estes também somente podem voltar ao exercício das suas atividades após
cinco anos do término das penas a que foram condenados, estando cumpridas
todas as obrigações civis.

Fazendo parte legalmente impedidos, também se encontram os


penalmente proibidos. Pelo Código Civil, no artigo 1011, § 1º, tem-se que “O
administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o
cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na
administração de seus próprios negócios. Não podem ser administradores,
além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede,
ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime
falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra
economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de
defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a
propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação”.

Os estrangeiros não estão inteiramente impedidos de tal exercício, estes


possuem alguns requisitos para que pratiquem a atividade em nosso país.
Entre eles, deve o estrangeiro obter visto de permanência no país, que difere
do visto de turismo; com este último, não lhe é permitido exercer a atividade
empresarial individual, no entanto não impede de constituir sociedade
empresarial no país ou dela participar, devendo esta última ser autorizada pelo
Poder Executivo para funcionar no Brasil. (NEGRÃO, 2012)

Há algumas vedações quanto ao exercício empresarial de estrangeiros


no Brasil, tais como: a atividade nas zonas de fronteiras, a exploração de
jazidas e minas e a constituição de empresa jornalística ou de radiodifusão
sonora e de imagens.

CONCLUSÃO

Ao longo deste artigo foi visto o exercício da atividade comercial desde


os seus primórdios até os dias de hoje, de acordo com suas adaptações,
mudanças e evoluções, exaltando a empresa enquanto atividade organizada,
as obrigações dos empresários e aqueles que são impedidos, de acordo com
as suas regras e individualidades.
Portanto, foi possível concluir no trabalho que há determinadas
consequências para aqueles empresários individuais que não cumprem as
obrigações do modo mais adequado, tais como restrições, sanções, problemas
nas esferas civil e penal, ou podem até mesmo ser acusados de práticas de
crime; assim como foram abordados os impedidos legalmente de exercer a
atividade empresarial e suas restrições.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva,


2012. V. 1

MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro. São Paulo, Atlas: 2012

NEGRAO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa. São Paulo:


Saraiva, 2012. V.1

REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2012.


V.1

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