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Considerações Iniciais

A intenção deste trabalho é apresentar uma breve analogia entre as estruturas


da Língua Portuguesa e da Lígua Brasileira de Sinais (Libras), demonstrando
suas principais diferenças. A maioria dos ouvintes apresenta dificuldade para
aprender a Libras, sobretudo, no que tange a estrutura gramatical desta língua.
Assim, para o ouvinte, ao aprender Libras, estamos diante de dois aspectos: os
sinais manuais e os sinais não manuais, como por exemplo, a interrogação e a
negação. De igual forma, na aquisição de uma língua e no desenvolvimento da
linguagem, abordaremos a importância da Língua de Sinais para o
desenvolvimento linguístico, cognitivo e afetivo da criança surda e de como é
importante que os ouvintes também aprendam esta língua.

Analogia com as principais diferenças entre a estrutura da Língua


Portuguesa e da Libras

Língua Portuguesa

- Língua antiga;
- língua escrita-oral-auditiva;
- a informação linguística é recebida pela audição e produzida pela fala;
- na língua oral, os elementos mínimos (fonemas) são produzidos de maneira
linear (horizontalmente e no tempo);
- articuladores primários são decorrentes da audição/fala;
- os movimentos do corpo e da face desempenham funções secundárias;

- possui marcação de gênero, ao ponto de ser redundante;


- as palavras complexas são, muitas vezes, formadas pela adição de um
prefixo ou sufixo a uma raiz.

Libras

- Língua razoavelmente nova;


- é visual-espacial (ou espaço-visual);
- a informação linguística é recebida pelos olhos e produzida pelas mãos;
- os elementos mínimos constituintes são processados simultaneamente;
- os articuladores primários são decorrentes das mãos;
- os movimentos do corpo e da face desempenham funções primordiais;
- não tem marcação de gênero;
- essas formas resultam, frequentemente, de incorporação, com processos não
concatenativos, em que uma raiz é enriquecida com vários movimentos e
contornos no espaço de sinalização.
Discussão

Para o ouvinte, considero que existam dificuldades naturais para o aprendizado


dos sinais manuais. No entanto, segundo Pedroso e Rocha (2013) a maior
dificuldade encontra-se para as expressões não-manuais, que incluem
interpretações dos significados, em forma de expressões corporais. A
justificativa se dá, pois, a Língua de Sinais utiliza as expressões faciais e
corporais para estabelecer tipos de frases, como as entonações na Língua
Portuguesa. Portanto, para frases em Libras na forma afirmativa ou
interrogativa, por exemplo, as expressões faciais e corporais farão parte de
uma interpretação, que são feitas ao mesmo tempo, com os sinais manuais.
Nas frases afirmativas as características das expressões faciais
correspondentes aos tipos de frase se expressam por meio de expressão facial
neutra ou ligeiro movimento com a cabeça para cima e para baixo. Por outro
lado, nas interrogativas as sobrancelhas estão franzidas, com ligeiro
movimento da cabeça para cima.

ssim, no desenvolvimento da criança surda, sob os aspectos linguísticos,


afetivos e cognitivos, é de fundamental importância a garantia de primeira
aquisição a Libras. Desta forma, o surdo será sujeito da linguagem, até mesmo
para o aprendizado mais adiante (normalmente a partir dos 5 anos) da Língua
Portuguesa, como segunda língua (abordagem bilíngue). Lamentavelmente, a
Língua Portuguesa vem sendo ministrada inadequadamente para surdos, de
maneira comum, sob um entendimento de que o Português, como “língua
materna”, e desconsiderando o processo de adequação às especificidades da
língua oral-auditiva x língua visual-espacial. Obviamente, um alto índice de
fracasso é observado, com consequências sociais graves, sobretudo, de
exclusão. Também há de se destacar a formação deficiente dos docentes, com
relação às metodologias e pedagogias específicas, no ensino de Libras e
Português, como segunda língua. Portanto, deve-se reconhecer que existam
duas realidades distintas no aprendizado de surdos e ouvintes.

Considerações Finais

Muito embora os surdos decodifiquem a Língua Portuguesa, verifica-se a


dificuldade de interpretação mais aprimorada, pois as práticas de letramento a
que os surdos foram submetidos não privilegiam a leitura, mas o oralismo. Por
fim, vale destacar que há urgente demanda para que os ouvintes também
aprendam a Língua de sinais, para que ocorra uma abordagem inclusiva, onde
a surdez da criança não é mais vista como patologia, e nem a criança surda
como um doente, mas um ser humano em formação, com identidade própria,
cultura e em desenvolvimento social.

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