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O princípio do processo de libertação e cura parte do desejo real de ser livre e curado - *ser livre, tomar

as rédeas da vida nas próprias mãos e as mãos, do ser humano, é a expressão maior da divindade, pois

ela é livre, é humana. Na natureza não há nenhum animal que tenha uma mão com a do homem, ou

seja, não é especializada em agarrar, voar, nadar, cavar, assim a mão do homem sob o domínio do “eu”

pode construir e destruir por livre escolha.*

Quando não há o desejo real e verdadeiro de libertação, permanecemos num estado de prisão mental,

somos “prisioneiros da mente” e nos tornamos incapazes de sair de nossa própria caverna de

pensamentos, sentimentos e emoções. *a liberdade do pensar é algo a ser conquistado pelo homem.

Todos pensam ser livres no pensar, mas o são. O livre pensar pressupõe a capacidade de sair da corrente

mental e poder observar os próprios pensamentos, pensar olhar um rio quando se está dentro dele é

ilusão. O “ego” nos presenteia com muitas ilusões para sobreviver, lícito, ninguém quer morrer. Porém,

quais correntes espirituais se interessam pela sobrevivência do ego e aprisionamento do homem dentro

da própria caverna da mente, salínica, destinada a morte e ao endurecimento? O Mito da Caverna de

Platão exemplifica muito bem a condição de ignorância em que vive o ser humano, aprisionados, pelos

sentidos e preconceitos, que impedem o conhecimento da verdade e liberdade.*

Inconscientemente nos aprisionamos em nós mesmos e colocamos a culpa no outro.

No entanto, este fato nos remete a uma dura reflexão:

Será que desejo ser realmente livre?

Será que esse processo de libertação e cura não me trará desconforto?

Não me seria então muito mais conveniente, deixar tudo como está? *e a síndrome de Gabriela é o mais

conveniente e cômodo. Assim como a melhor desculpa: “eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre

assim......Gabriela”.*

Quando nos afastamos daquilo que não nos faz bem, não significa covardia e sim uma grande

demonstração de força e decisão. *diferente da matéria que com o passar do tempo se desgasta e se

torna obsoleta, enferrujada, o ser humano a cada pulsar de tempo evolui, melhora, se remodela e ser

torna a sua melhor versão. Assim deveria.*


É preciso afastar-se das coisas ruins que te causam malefícios. *Jung se refere ao interior, o que não

serve mais ao propósito seja de autossubsistência, sobrevivência, orgulho, vaidade, desculpas infantis,

dogmas, verdades limitadoras.*

A maior demonstração de coragem é não deixar com que esses desconfortos mudem o curso de nossa

vida e nos desviem dos rumos de nossa estrada. *é comum querermos mudar e conseguirmos durante

um tempo (toda mudança de verniz é fácil). Porém, ao nos depararmos com alguma situação que

julgamos alheia aos nossos pré – conceitos, retornamos ao ponto ao qual conhecemos e dá segurança e

conforto. Talvez Jung chame isso de covardia.*

Você deve estar no controle da sua situação!

Segundo Carl Gustav Jung

_Só aquilo que somos realmente tem o poder de nos curar._

É hora do resgate!

É o momento de iniciar o processo de reconstrução do Eu, de assumir uma nova postura diante das

pessoas e principalmente diante de si mesmo. *enxergamos o mundo de acordo com o que somos. E se

nos posicionarmos diferente diante de nós mesmos a realidade externa muda.*

Afinal de contas, liberdade requer responsabilidade sobre si mesmo. E, responsabilidade é uma palavra

que causa espanto e ao mesmo tempo nos torna covardes diante de várias situações que nos envolvem

no percurso da vida.

Viver a vida é algo profundo.

Tudo o que é profundo causa vertigem. *no profundo e vasto há muito espaço para que sejam

preenchidos pelo Ego e pelo Eu, causa desconforto, medo, aversão. Diferente de nossa caverna, a qual

podemos preenche-la facilmente com nossa presença”.

É por isso que algumas pessoas são incapazes de viver a própria vida e com isso não evoluem, vivem a

vida presas em seu próprio casulo. *casulo um emaranhado de fio, folhas, matéria morta, limitadora de

espaço, impedidora da vasta visão, do toque, do ouvir com clareza, de se expressar por completo*.

O desconhecido é algo fascinante. Torna-se peça fundamental no processo de autoconhecimento.


Este é um processo doloroso.

O ser humano que ignora o conteúdo do misterioso passa pela vida sem ter experimentado

praticamente nada, deixando assim de descobrir coisas maravilhosas e também desagradáveis (afinal,

faz parte do processo, por isso torna-se doloroso) pelas quais nossos olhos não podem ver, nossos

ouvidos não podem ouvir e nossas mãos não podem tocar. *apenas deleitar-se ao que é cognoscível é

aprazível para a mente cartesiana, egóica, materialista, politizada. É no mergulho do escuro que se

revela as maravilhas do novo, da fé, da firmeza da volição.*

Jung, nos deixa um importante apontamento sobre essa temática:

_Aquilo a que você resiste, persiste._

JUNG, C.G., Estudos Alquímicos, Petrópolis: Vozes, 1990.

______ A Natureza da Psique. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.

______ Memórias, Sonhos e Reflexões. Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2016.

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