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Estar frente a frente com uma pessoa perturbada e em conflito, que está procurando e
esperando ajuda, sempre constituiu para mim um grande desafio. Por mais de vinte e
cinco anos venho tentando responder a esse tipo de desafio. Isso fez com que recorresse
a todos os elementos de minha formação profissional. Porém, mais do que tudo isto
significou um aprendizado contínuo a partir de minhas próprias experiências e daquela
de meus colegas do Centro de Aconselhamento, à medida que tentamos descobrir por
nós mesmos meios eficazes de trabalhar com pessoas perturbadas. Gradualmente,
desenvolvi uma maneira de trabalhar que se origina dessa experiência, e que pode ser
testada, refinada e remodelada por experiências e pesquisas adicionais.
A relação
Descobri que quanto mais conseguir ser genuíno na relação, mais útil esta será. Isso
significa que devo estar consciente de meus próprios sentimentos, ao invés de
apresentar uma fachada externa de uma atitude. Ser genuíno também envolve a
disposição para ser e expressar, em minhas palavras e em meu comportamento, os
vários sentimentos e atitudes que existem em mim. É somente dessa maneira que o
relacionamento pode ter realidade, e realidade parece ser profundamente importante
como uma primeira condição.
Como uma segunda condição, acho que quanto mais aceitação e apreço sinto com
relação a esse indivíduo, mais estarei criando uma relação que ele poderá utilizar.
Significa um respeito e apreço por ele como uma pessoa separada, um desejo de que ele
possua seus próprios sentimentos, independente de quão negativas ou positivas elas
sejam, ou de quanto elas possam contradizer outras atitudes que ele sustinha no passado.
Aceitação não significa muito até que esta envolva a compreensão. É somente à medida
que compreendo os sentimentos e pensamentos que parecem tão terríveis para você, ou
tão fracos, ou tão sentimentais, ou tão bizarros, é somente quando eu os vejo como você
os vê, e os aceito como a você, que você se sente realmente livre para explorar todos os
cantos recônditos e fendas assustadoras de sua experiência interior e frequentemente
enterrada.
Dessa forma, a relação que considerei útil é caracterizada por um tipo de transparência
de minha parte, onde meus sentimentos reais se mostram evidentes; por uma aceitação
desta outra pessoa como uma pessoa separada com valor por seu próprio mérito; e por
uma compreensão empática profunda que me possibilita ver seu mundo particular
através de seus olhos. Quando essas condições são alcançadas, torno-me uma
companhia para o meu cliente, acompanhando-o nessa busca assustadora de si mesmo,
onde ele agora se sente livre para ingressar, então eu acredito que a mudança e o
desenvolvimento pessoal construtivo ocorrerão invariavelmente e eu incluo a palavra
“invariavelmente” apenas após longa e cuidadosa consideração.
Os resultados
Minha hipótese é que nessa relação o indivíduo se organizará tanto no nível consciente
quanto naqueles mais profundos de sua personalidade de maneira a enfrentar sua vida
de uma forma mais construtiva, mais inteligente, assim como mais socializada e
satisfatória.
Nesse relacionamento, o indivíduo se torna mais integrado, mais efetivo. Ele muda a
percepção que tem de si mesmo, tornando-se mais realista em suas visões do eu. Torna-
se mais semelhante à pessoa que deseja ser. Ele se valoriza mais. Mostra-se mais
autoconfiante e autodirigido. Apresenta uma melhor compreensão de si mesmo,
tornando-se mais aberto à sua experiência, negando ou reprimindo menos a mesma.
Torna-se mais aceitador em suas atitudes com relação aos outros, vendo-os como mais
semelhantes a si mesmo. Em seu comportamento exibe mudanças similares. Mostra-se
menos frustrado pelo estresse, recuperando-se do mesmo mais rapidamente. Torna-se
mais maduro em seu comportamento cotidiano, sendo isto observado pelos amigos. É
menos defensivo, mais adaptativo, mais apto a enfrentar situações de forma criativa.