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ESPE

Mini-Curso
Édipo e Estruturas
Clínicas
Helena Lima

Ferdinando Zapparoli

Aula 3 - 10 de novembro, 2021


• Freud utilizou o mito de Édipo para falar sobre a
constituição psíquica
• Processo de sentimentos INCONSCIENTES de amor e
ódio
• Introdução da linguagem, da nomeação dos
sentimentos e desejos
Édipo • Complexo de CASTRAÇÃO - limites
• Modo como cada sujeito lida com a linguagem, com a
castração, com os desejos: estrutura
1. Neuroses
2. Psicoses
3. Perversão
• “Embaraço técnico” no campo do inconsciente
• Balizas metapsicológicas que permitam circunscrever
certas entidades nosográficas estáveis
1. Aquelas suscetíveis de intervir na “elaboração do
diagnóstico”
A questão do 2. Aquelas suscetíveis de intervir no quadro da condução
diagnóstico da cura e da dinâmica que daí resulta
• Investigação do inconsciente
• Diagnóstico numa perspectiva estrutural
• Descritivo dinâmico e econômico das principais estruturas
psicopatológicas: Neuróticas (histérica, obsessiva),
psicóticas e a estrutura perversa
Diagnóstico em Psicanálise: especificidade

• Ambiguidade do problema do diagnóstico no campo da clínica psicanalítica: estabelecer


precocemente um diagnóstico para decidir quanto à condução da cura
• Enquanto a pertinência deste diagnóstico só receberá confirmação após um certo tempo
de tratamento
• Diagnóstico é um ato médico mobilizado por dois objetivos:
1. Observação: natureza de uma doença (etiologia)
2. Classificação: estado patológico do quadro (diagnóstico diferencial)
Escuta

• É a única técnica de investigação de que o analista dispõe


• Material clínico essencialmente verbal
• Dimensão do DIZER e do DITO que delimitará o campo da investigação clínica
Espaço da palavra

• Saturado de “mentira” e tem o imaginário como parasita


• É o lugar onde vem se exprimir o desdobramento fantasmático
• O sujeito dá testemunho da própria cegueira
• Não sabe realmente o que diz através do que enuncia, do ponto de vista da verdade do
seu desejo
• Daquilo que é da ordem do sintoma
• Avaliação do analista: essencialmente subjetiva, pois só se sustenta a partir do discurso do
paciente, e toma apoio na subjetividade do analista que escuta
• CAUSALIDADE PSÍQUICA
• Caráter imprevisível dos efeitos do inconsciente
• Relação entre diagnóstico e condução do tratamento: não é linear e não é lógica
• Analista precisa se apoiar em certos elementos estáveis na elaboração do diagnóstico e
na escolha da condução da cura que daí depende
• Perigo da Psicanálise Selvagem

Eixo central
Prudência

• Em relação ao diagnóstico
• Perigos de uma intervenção que se apoie na causalidade linear operando no campo
médico
• A interpretação ‘selvagem’ apoia-se numa racionalização causalista precipitada e fundada
num encaminhamento hipotético-dedutivo que não considera a distância que separa o
DIZER do DITO.
• Não pode se apoiar prontamente na identificação diagnóstica
Ato como tal
psicanalítico • Uma interpretação psicanalítica não pode se constituir, em
sua aplicação, como pura e simples consequência lógica de
um diagnóstico
• Dimensão potencial do diagnóstico
• O ato diagnóstico é um ato deliberadamente posto em suspenso e relegado a um devir
• Quase impossível determinar com segurança uma avaliação diagnóstica sem o apoio de
um certo tempo de análise, MAS...
• É preciso circunscrever, o mais rápido possível, uma POSIÇÃO DIAGNÓSTICA para
decidir quanto à orientação da cura
• Avaliação diagnóstica relegada ao devir de uma confirmação
• Tempo necessário à observação, anterior a qualquer decisão ou proposta de tratamento -
entrevistas preliminares

Freud
• Logo nas entrevistas preliminares
• Ponto fundamental que está implicado no
problema da avaliação diagnóstica - que se
deve circunscrever na ordem do “dizer” do
paciente, e não ao nível dos conteúdos da
ordem do seu “dito”
Importância da • Mobilização imperativa da ESCUTA
• Este único instrumento de discriminação
Associação Livre diagnóstica deve ter prioridade sobre o
saber nosográfico e as racionalizações
causalistas
• Maud Mannoni: “a primeira entrevista
com o psicanalista é mais reveladora nas
distorções do discurso que em seu próprio
conteúdo”
Ponto de partida

• Função paterna e as estruturas psíquicas


• Em função dos amores edipianos que se constitui, para todos, a entrada em cena de uma
estrutura psíquica - a “escolha” de sua própria neurose (Freud)
• Amores edipianos: desenvolvimento da relação que o sujeito trava com a função fálica, ou
seja, com a função paterna
• Essa relação é vetor de ordem, no sentido da organização, e é també vetor de desordem -
a estrutura psíquica apresenta a particularidade essencial de ser determinada uma vez por
todas
Desejo e falta

• Dinâmica edipiana: dialética do ser e do ter


• Momento que leva o sujeito, de uma posição em que está identificado com o falo da mãe
a uma outra posição onde, renunciando a esta identificação, aceitando, então a castração
simbólica, ele tende a se identificar, seja com o sujeito suposto não tê-lo, seja pelo
contrário, com aquele sujeito suposto tê-lo
• Essa operação se dá no decorrer desse processo de simbolização denominado por Lacan
como metáfora do Nome-do-Pai (NDP)
Momentos particulares

• Apostas do desejo mobilizadas pela relação com o falo mostram-se favoráveis à


cristalização de organizações estruturais
• Essas diversas estruturas são determinadas por um ou outro desses diferentes momentos
cruciais
• Organização das estruturas perversas, obsessivas, histéricas e psicóticas, das quais se
pode referenciar a posição, a partir de fatores favoráveis que intervêm nas interferências
dos desejos recíprocos da figura materna, da figura paterna, e da criança em relação ao
objeto fálico
Estruturação psíquica

• Constitui uma organização definitiva - questão espinhosa


• Uma coisa é ser irreversivelmente determinada, e OUTRA é...
• ... Ser a economia do seu funcionamento sujeita a variações
• Somos sempre, como sujeitos, efeitos do significantes
• É na intendência desses efeitos significantes que a estrutura trabalha e nós em nada a
dominamos - no máximo, podemos imaginariamente subscrever a ideia de termos nossa
pequena palavra a dizer nesse domínio
• “O eu não é o senhor em sua própria casa”
• Marcada pelos dois tempos fortes,
Organização representados pela dimensão do ser e a
dimensão do ter para com o falo
edipiana • Passagem do ser para o ter - inscrição da
criança na função fálica
Édipo

• Função fálica supõe 4 protagonistas: mãe, pai, criança e falo


• Falo: elemento central em torno do qual vêm gravitar os desejos dos 3 outros
• Lacan: para fazer Psicanálise, é preciso saber contar até 3
Elemento UM: o falo - referência única que permite ao sujeito regular seu desejo com
referência ao desejo do outro
Função fálica

• Momentos em que a economia do desejo da criança “telescopeia” a função fálica e aí se


negocia, na medida de uma inscrição
• Função fálica se caracteriza prioritariamente pela incidência que o significante fálico, no
decorrer da evolução edipiana, vai ter para a criança
• Do ponto de vista de estrutura: primeiro momento decisivo é o que se inicia, para a
criança, o questionamento da identificação fálica
• Vivência identificatória primordial onde a criança é radicalmente identificada como o
objeto único do desejo da mãe, o objeto do desejo do Outro, o seu falo
Função paterna

• Questionamento fundamental para a criança


• Não é a figura paterna “presença paterna”, mas como INSTÂNCIA MEDIADORA DO DESEJO
• Intrusão da figura do pai introduzirá na economia do desejo da criança, um certo modo de
vetorização que é o que se designa como função paterna, que nada mais é do que a
função fálica, com toda ressonância simbólica que supõe
Função fálica

• Só é operatória na medida em que vetoriza o desejo da criança em relação a uma


instância simbólica mediadora: o pai simbólico
• Distinção fundamental introduzida por Lacan: pai real, pai imaginário e pai simbólico
• Distinção crucial do ponto de vista de sua incidência na organização da estrutura do
sujeito
• Pai real = pai na realidade do seu ser, seja ou não o genitor
• O que intercede no Édipo é o pai IMAGINÁRIO
• Figura do pai tal como a criança tem interesse de perceber
na economia do seu desejo
• Tal como consegue uma representação a partir do discurso
que a mãe lhe sustenta
IMAGO • Distância circunscrita entre a dimensão do pai real e a
figura do pai imaginário: a consistência do pai simbólico
PATERNA ressalta ainda mais - sua intervenção estrutural na dialética
edipiana se especifica no fato único de ser PURAMENTE
SIGNIFICANTE, a que se resume fundamentalmente a
função paterna como tal
• Por que essa função paterna é estruturante, supõe sua
intervenção no registro da castração.
• O que para a criança é estruturante é que ela possa
fantasmar um pai, isto é, elaborar a figura de um pai
imaginário, a partir da qual ela investirá a dimensão de um
pai simbo’lico
• No caso em que o pai real é ausente o “designado
Pai inexistente”, nem assim deixa a função estruturante de ser
ainda potencialmente operatória, na medida em que esta
referência a um “outro” é significada no discurso materno
como uma instância mediadora do desejo do outro
Pai real, pai imaginário, pai simbólico

• Balizamento sem o qual a dimensão do complexo de Édipo permanece ininteligível e


refratária ao sentido e ao alcance do ato psicanalítico
• Em torno da dimensão do pai imaginário que a criança encontra o pai no Édipo, como
elemento perturbador, suscetível de repor em questão a certeza de sua identificação
fálica
• Função dos significantes: discurso materno deixa em suspenso o questionamento da
criança quanto ao objeto de desejo da mãe
• “Suspensão significante” diante do enigma da diferença entre os sexos
Ordem da castração

• O discurso da mãe é interrogado para além


• Enigma
• Significantes maternos revelam-se determinantes em mobilizar a criança para outro
espaço que não aquele do desejo imediato que ela negocia com a mãe
• Dinâmica desejante --- Estrutura
A estrutura neurótica

• Histeria - Caso Dora


• Alienação no desejo do outro
• Vinhetas clínicas
• Intervenções possíveis
• Manejo transferencial
• Diagnósticos diferenciais
Histeria
O Caso Dora revisitado
https://www.youtube.com/watch?v=ozn5DOhEllQ
Neurose obsessiva
https://www.youtube.com/watch?v=cPuEH-W1oJA
Fobias
O Caso do Pequeno Hans
https://www.youtube.com/watch?v=kcTgI27Mq1A
• Depressão
Neuroses da
• Medicalização
contemporaneidade
• Pandemia e suas sequelas
Histeria hoje

• Quadro importante - sintomas diversificados


• O que é um sintoma?

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